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A 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou na tarde desta terça-feira, 24, o julgamento de mandado de segurança no qual ex-dirigentes da Petrobras questionam o bloqueio de bens imposto pelo Tribunal de Contas da União (TCU) ao grupo considerado responsável pelo prejuízo de US$ 792 milhões pela compra da refinaria de Pasadena. Pedem a liberação do congelamento patrimonial o ex-presidente da estatal Sérgio Gabrielli, os ex-diretores Nestor Cerveró e Renato Duque - os dois últimos presos pela Operação Lava Jato -, além de Almir Barbassa, Guilherme Estrella, Luís Carlos Moreira Silva e Renato Bertani.

Em agosto, o ministro Gilmar Mendes negou em decisão de caráter liminar (provisório) o pedido dos ex-gestores da estatal para derrubar a determinação do TCU. A alegação da defesa dos executivos é que a decisão do TCU determinou a indisponibilidade de bens sem observância do devido processo legal e da ampla defesa.

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O advogado dos executivos, Carlos Roberto Siqueira Castro, argumentou no STF que não há presença dos requisitos necessários para decretar na indisponibilidade de bens. "Qual em síntese a argumentação primacial da deliberação do TCU? É de que teria ocorrido no caso 'condutas altamente reprováveis'. São esses os requisitos justificadores da decretação liminar da indisponibilidade patrimonial? Evidente que não", sustentou o advogado. "A letra da lei é clara que indisponibilidade de bens poderá ser decretada quando o gestor público puder retardar ou dificultar a realização de auditoria ou inspeção e, além disso, puder causar novos danos ao erário ou inviabilizar o seu ressarcimento. Nada disso ocorreu no presente caso", completou Siqueira Castro.

Neste momento, o ministro relator, Gilmar Mendes, inicia seu voto. Também fazia parte do grupo que pede a liberação dos bens o executivo Carlos Borromeu, que foi retirado do caso pelo ministro Gilmar Mendes pois o TCU posteriormente decidiu afastá-lo da medida de congelamento patrimonial.

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, delator da Operação Lava Jato, admitiu nesta sexta feira, 13, que não foi o único dirigente da estatal que recebeu propinas para não atrapalhar a compra da Refinaria de Pasadena, nos EUA. Em depoimento à Justiça Federal, Costa disse que US$ 1,5 milhão lhe foi passado pelo lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, apontado com operador do PMDB na estatal petrolífera.

O juiz Sérgio Moro, que conduz todas ações da Lava Jato, perguntou a ele se Fernando Baiano lhe disse se outros diretores também receberam propina por Pasadena. "Ele (Baiano) não falou, mas, se eu recebi, outros receberam. Por que só eu receberia?" Renato Duque, por meio de sua defesa, tem reiterado que jamais recebeu propinas.

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Costa afirmou também que não era o único dirigente da estatal que recebeu "vantagens indevidas" do cartel empreiteiras. Costa afirmou que 2% sobre o valor dos contratos de sua área eram desviados para a o PT, via Diretoria de Serviços da estatal. O partido, segundo ele, captava 3% de outras diretorias.

Delator da Lava Jato, Costa foi ouvido na Justiça Federal em Curitiba como testemunha de acusação de dois réus, o ex-diretor de Internacional, Nestor Cerveró, e o lobista Fernando Antônio Falcão Soares, o Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção da Petrobras. Ele reafirmou todos os termos de sua delação premiada, esmiuçando os porcentuais sobre contratos do cartel para cada área da estatal e para agremiações políticas.

Segundo Costa, 1% era destinado para a sua diretoria, Abastecimento. Desse 1%, um total de 60% ia para o PP, partido que o indicou para o cargo. O ex-diretor de Abastecimento confirmou que recebeu propina de US$ 1,5 milhão na compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

O juiz Moro perguntou. "Essa aquisição foi pela sua diretoria?" Costa respondeu. "Não, a minha diretoria se restringia a atividades no Brasil. Como a refinaria fica no exterior, (a compra) foi conduzida pela Diretoria Internacional. O Nestor Cerveró era o diretor na ocasião."

O juiz perguntou ao delator porque ele recebeu o dinheiro de propina. "Fui procurado no final de 2005 pelo Fernando Soares (Fernando Baiano), ele me falou que era importante que essa refinaria fosse adquirida. Se foi um bom negócio naquele momento ou não, na minha visão como técnico, independente de qualquer desvio de dinheiro, no momento foi um bom negócio para a Petrobras. Ele falou: 'Paulo, é bom que seja aprovado, se você não criar nenhum problema aí no colegiado você recebe 1,5 milhão'". De dólares ou reais?, questionou o juiz. "De dólares", respondeu Costa.

O Tribunal de Contas da União vai fiscalizar a elaboração, pela nova cúpula da Petrobras, de balanço com o cálculo das perdas provocadas pelo esquema de corrupção na estatal. A abertura de uma auditoria foi aprovada na quarta-feira.

Carta apresentada em reunião do Conselho de Administração da estatal, em 27 de janeiro, indicou a necessidade de baixa de R$ 88,6 bilhões nos ativos da empresa. A divulgação do número desagradou ao Planalto e foi considerada um dos motivos da demissão da ex-presidente Graça Foster e de cinco diretores. O número não foi incluído no demonstrativo referente ao terceiro trimestre de 2014. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O Tribunal de Contas da União vai avaliar proposta de responsabilização da presidente Dilma Rousseff e de outros ex-integrantes do Conselho de Administração da Petrobras no prejuízo de US$ 792 milhões pela compra da refinaria de Pasadena (EUA), iniciada em 2006. O ministro André Luís de Carvalho formalizou, em documento a ser distribuído aos demais colegas de corte, proposta para que o papel do conselho seja julgado em plenário.

Ao Estado, o ministro justificou que, se houve culpa de ex-diretores da companhia, alvos de um processo no tribunal e de bloqueio de bens, ela também é aplicável a membros do conselho. "Estou usando o mesmo argumento que eles (os demais ministros) usaram para incluir a diretoria. Se o conselho aprovou a compra daquela monta, com aquele prejuízo, examinando um resumo de duas páginas, ele foi negligente, é claro", disse. No documento, o ministro sugere também que a Petrobrás envie eventuais vídeos e áudios das reuniões do conselho, além de entrevistas com funcionários que presenciaram esses encontros. Questionada sobre a existência de gravações, a estatal não se pronunciou até a conclusão desta edição.

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O TCU apontou em julho de 2014 prejuízo de US$ 792 milhões em Pasadena. A corte decidiu que 14 ex-dirigentes da Petrobrás responderão a um processo que visa a confirmar responsabilidades por danos ao erário - dez deles tiveram bens bloqueados. O tribunal não incluiu ex-conselheiros entre os implicados, aceitando o argumento de que deram aval ao negócio sem conhecer cláusulas prejudiciais.

Parte dos ministros considera uma mudança de posição. O cenário mudou com a Operação Lava Jato, que apura esquema de corrupção na Petrobras. Os ex-diretores Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró responsabilizaram o conselho e classificaram como "erro" excluir o conselho de responsabilidade. Costa, delator da Lava Jato, disse que recebeu US$ 1,5 milhão para não se opor à compra da refinaria.

Em 2006, Dilma era ministra da Casa Civil e presidente do colegiado quando a Petrobrás aprovou a compra de parte da refinaria. Em março do ano passado, Dilma afirmou que só votou a favor da compra porque se baseou num parecer "falho", do então diretor Internacional Nestor Cerveró. Além de Dilma, empresários e ex-ministros também integravam o conselho. Eles também usam a mesma justificativa da presidente. A proposta de Carvalho será enviada à área técnica do TCU, a quem cabe elaborar parecer sobre o caso. O tribunal discutirá se abre um processo novo ou se inclui a investigação em um processo já existente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ex-gerente de Engenharia da Petrobras Pedro Barusco afirmou em sua delação premiada que o ex-diretor de Serviço Renato Duque - acusado de arrecadar propina para o PT no esquema de corrupção na estatal petrolífera desbaratado pela Operação Lava Jato - pediu ao representante da multinacional SBM Julio Faerman a quantia de US$ 300 mil a título de "reforço de campanha durante as eleições de 2010".

"Provavelmente atendendo pedido de João Vaccari Neto, o que foi contabilizado à época como pagamento destinado ao Partido dos Trabalhadores", afirmou Barusco, sobre os pagamentos de propina da SBM, empresa envolvida no mais emblemático escândalo da Petrobras - a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

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Braço direito do ex-diretor de Serviços - nome indicado pelo PT na Petrobrás -, Barusco afirmou que recebeu entre 1998 e 2010 US$ 22 milhões em propina por conta de contratos entre a Petrobras e a SBM. O delator detalhou as contas por onde esse dinheiro passou, sendo guardado na Suíça.

O delator apontou que a SBM pagou propina em contrato de plataforma do pré-sal. "No ano de 2007 foi firmado contrato entre a SBM e a Petrobras para fornecimento de um FPSO chamado P-57, cujo valor do contrato foi de R$ 1,25 bilhão, período em que já ocupava o cargo de gerente-executivo de Engenharia, tendo recebido 1% sobre o valor do contrato a titulo de propina, paga por Julio Faerman período 2007 até outubro de 2010."

No momento em que o governo discute dispensar a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, o Tribunal de Contas da União (TCU) definiu que vai retomar a discussão sobre o possível bloqueio dos bens da executiva pela participação na compra da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA).

O jornal O Estado de S. Paulo apurou que o novo relator do caso na corte, ministro Vital do Rêgo, vai pautar o processo para julgamento na quarta-feira da semana que vem (dia 11).

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O tribunal apontou prejuízo de US$ 792,3 milhões na aquisição da refinaria, feita em duas etapas, entre 2006 e 2012. Em julho, os ministros decidiram decretar a indisponibilidade do patrimônio de 11 diretores e ex-diretores da companhia para resguardar eventual ressarcimento aos cofres públicos.

O julgamento sobre o bloqueio dos bens de Graça foi iniciado em agosto, mas suspenso por um pedido de vista do ministro Aroldo Cedraz. Ela é questionada por ter participado, junto com outros executivos, da decisão de adiar o cumprimento de uma sentença arbitral que mandava a Petrobras comprar, em 2009, parte dos ativos da refinaria, em cumprimento a uma cláusula contratual.

Esses ativos só foram adquiridos em 2012, no desenrolar de um processo judicial, o que, para técnicos do tribunal, gerou perdas de US$ 92 milhões.

Por ora, são cinco votos contra o bloqueio de bens de Graça e dois a favor. Até a conclusão do julgamento, os ministros podem mudar de ideia a respeito, o que é, no entanto, improvável. Vital do Rêgo não deve votar no caso, pois ele assumiu a vaga do relator do processo, ministro José Jorge, que já apresentou sua posição.

O ex-diretor da área de Internacional da Petrobras Nestor Cerveró vai apontar "negligência, violação do dever de diligência e precipitação desnecessária" do Conselho de Administração da estatal na compra da Refinaria de Pasadena - mais emblemático escândalo da estatal petrolífera, que teria gerado um prejuízo de US$ 792 milhões. A presidente Dilma Rousseff presidia o Conselho da estatal petrolífera na época da compra, 2006.

A informação é de um parecer jurídico particular contratado por Cerveró no ano passado. O documento, feito com base em informações do contratante a respeito do negócio, foi entregue nesta sexta-feira, 16, à Justiça Federal, nos autos da Lava Jato.

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Os advogados de Cerveró sustentam que o cliente não pode ser responsabilizado individualmente pela decisão de compra de Pasadena e eventuais ilegalidades. Do ponto de vista administrativo, a peça de defesa atribui culpa ao Conselho de Administração, que além de Dilma era integrado pelo ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli e pelo ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci.

"Fica claro que o Conselho de Administração não observou as normas internas, imperativas, da Petrobras que regiam tais tipos de aquisições, o que demonstra uma violação do dever de diligência, uma vez que resta claro que seus membros não procederam com o devido zelo, agindo de forma negligente", informa o parecer do escritório Saddy Advogados, do Rio, concluído em novembro de 2014.

O parecer fala em "grave falha" do Conselho de Administração e cita a aprovação de compra "com base apenas no "Resumo Executivo", como uma desconformidade com as regras internas da petrolífera.

"Este tipo de deliberação deve estar instruído da decisão da Diretoria Executiva, das manifestações da área técnica ou do Comitê competente e do parecer jurídico", afirma o parecer. "Assim, descumpriu o procedimento que deveria ser realizado."

A presidente Dilma, em março do ano passado, argumentou que a decisão do Conselho decorreu de um parecer falho apresentado pelo então diretor de Internacional, Cerveró, ao justificar a aprovação da compra da refinaria.

"O fato de a aquisição ter sido deliberada com base num relato feito 'por Cerveró' não retira a responsabilidade de todo o Conselho", aponta o documento entregue pelo ex-diretor como defesa nos autos da Lava Jato. "Haja vista a expressão do valor envolvido na operação, todo Conselho deveria ter se louvado em dados muito mais elaborados e convincentes em vez de, negligentemente, em um Resumo Executivo e Apresentação em Power Point elaborados por Cerveró."

O parecer aponta a compra de Pasadena como um bom negócio, no entender do ex-diretor, que nega qualquer irregularidade ou recebimento de vantagens no caso. Preso desde terça-feira na sede da PF, em Curitiba, ele já prestou depoimento sobre as acusações de recebimento de propina na compra de navios-sonda, mas não sobre Pasadena. Um novo depoimento deve ser marcado para ele falar do caso.

Precipitação

No parecer que entregou à Justiça, o documento fala em "precipitação desnecessária" ao citar a aprovação da compra pelo Conselho.

"É também de se causar estranheza o fato do Conselho de Administração ter deliberado sobre a aquisição de Pasadena no dia seguinte da reunião semanal da Diretoria Executiva, ocorrida no dia 02 de fevereiro de 2006."

Por dever, o Conselho deveria ter pedido mais prazo para analisar os documentos, aponta o parecer. "Foi, portanto, precipitada a inclusão na pauta de tema de tamanha importância na reunião do dia seguinte.

Deveriam, os conselheiros, ter adiado tal deliberação para a reunião posterior. Como não o fizeram, atuaram em desrespeito ao dever de diligência."

Dilma

Para Cerveró, o caso "ganhou repercussão nacional quando a mídia divulgou que, na época, quem presidia o Conselho de Administração da estatal, que deu aval à operação, era a atual Presidente da República, Dilma Vana Rousseff". E que seu nome, "passou a ficar em evidência quando, segundo a nota da Presidência da República" houve omissão de cláusulas "no Resumo Executivo apresentado por Cerveró".

O Tribunal de Contas da União não descarta a possibilidade de chamar para esclarecimentos e até uma eventual responsabilização dos membros que compunham o Conselho de Administração da Petrobrás em 2006 - entre eles a hoje presidente da República, Dilma Rousseff.

Em nota encaminhada na segunda-feira,19, ao jornal O Estado de S. Paulo, o tribunal argumenta que o acórdão em que são relatados indícios de irregularidades na aquisição da refinaria de Pasadena, com potencial prejuízo de U$ 792 milhões, é preliminar e sem decisão definitiva. "É importante esclarecer que o processo ainda não foi julgado no mérito, e que não é possível afirmar que foi desconsiderada a responsabilidade do conselho de administração da Petrobrás", diz a nota.

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Segundo o tribunal, "por prudência", neste primeiro momento, optou-se por chamar para apresentar defesa os diretores da empresa. O órgão afirma, porém, que a depender dos argumentos a serem trazidos por eles, "não está descartada a possibilidade de o conselho de administração ser chamado aos autos."

A reportagem tentou contato com os membros do conselho na formação de 2006, mas não obteve respostas. Em declarações públicas feitas por eles desde que o caso veio à tona, em março passado, todos defendem o negócio. A presidente Dilma Rousseff diz que apoiou baseada em documento incompleto e juridicamente falho, responsabilizando a diretoria Internacional da estatal, dirigida na época por Nestor Cerveró.

O hoje ministro da Defesa, Jaques Wagner, afirmou na ocasião que os conselheiros confiaram nos responsáveis pela confecção do contrato e, com foi apresentado, decidiu por unanimidade que a compra era importante. O hoje executivo da Abril Mídia, Fábio Barbosa, disse que o negócio estava alinhado com o plano estratégico vigente para a empresa e que o valor da operação estava dentro dos parâmetros de mercado. Jorge Gerdau Johannpeter afirmou que avaliações técnicas apontavam para a validade do negócio. Claudio Haddad disse que o conselho dispunha de informações fundamentadas para a aprovação da compra. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em defesa apresentada ao Tribunal de Contas da União, o ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli pede para ser excluído, junto com outros dez ex-integrantes da Diretoria Executiva da estatal, do processo que determinou o bloqueio de bens dos executivos responsáveis pela compra da refinaria de Pasadena, nos EUA.

Caso o pedido não seja aceito, solicita que o Conselho de Administração que autorizou o negócio em 2006 seja responsabilizado pelo prejuízo da compra e tenha o mesmo tratamento dos ex-diretores: todos precisam ser ouvidos no processo e ter o patrimônio congelado.

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Dilma Rousseff era presidente do Conselho de Administração da estatal à época. O argumento da hoje presidente da República para ter aprovado o negócio é que o conselho se baseou em um resumo técnico "falho" e "incompleto" a respeito do negócio.

Em decisão preliminar de julho do ano passado, o tribunal isentou o Conselho de Administração. Na segunda-feira, 19, em resposta ao jornal O Estado de S. Paulo, o TCU não descartou a possibilidade de arrolar Dilma e os demais ex-conselheiros no processo sobre a compra da refinaria.

Segundo concluiu o tribunal, o prejuízo da Petrobrás com o negócio foi de US$ 792 milhões. A defesa de Gabrielli argumenta que o Conselho de Administração teve tanta ou mais responsabilidade do que a Diretoria Executiva na compra da refinaria.

Justificativa

No texto de 64 páginas, entregue no dia 5 de dezembro, Gabrielli diz que não se sustenta a justificativa de Dilma de que o relatório de Néstor Cerveró - então diretor de Internacional - era falho por omitir que o contrato tinha as cláusulas Marlim (que garantia rentabilidade mínima de 6,9% à Astra Oil, parceira da Petrobrás na refinaria) e Put Option (que obrigava a Petrobrás a comprar a parte da sócia se houvesse divergência de gestão).

De acordo com a defesa de Gabrielli, o Conselho tinha "obrigação de fazer uma avaliação criteriosa" de todos elementos do contrato antes de autorizar a compra, e contava com "os mesmos elementos fornecidos pelas mesmas pessoas" com os quais a Diretoria tomou a decisão.

Diferença

Conforme o documento assinado pelo advogado Antonio Perilo Teixeira, ao contrário de outras empresas nas quais as funções dos conselhos se limitam a planejamento e estratégia, o estatuto da Petrobrás confere ao Conselho de Administração poderes executivos. "Esse fato é demonstrado na própria aquisição de Pasadena, tendo visto que a Diretoria havia aprovado sugestão de Cerveró de adquirir a segunda metade da Astra mas essa posição foi rejeitada pelo Conselho", diz o texto.

É com base no estatuto que Gabrielli pede que os integrantes do Conselho também sejam responsabilizados. "Caso este tribunal entenda que não é possível afastar a responsabilidade dos integrantes da Diretoria Executiva, que sejam então chamados para manifestar-se todos integrantes envolvidos na aprovação dos contratos, incluindo os membros do Conselho de Administração."

Ao final, a defesa de Gabrielli sustenta que caso o TCU se negue a excluir a Diretoria Executiva do processo, "que os integrantes do Conselho de Administração sejam citados para integrar a lide, tendo seus bens bloqueados em igualdade de condições com os atuais requeridos".

No documento, a defesa cita Dilma explicitamente ao lembrar da primeira conclusão do TCU. "Essa posição (de que os conselheiros são responsáveis), que implicaria a oitiva da Presidenta da República e de outras altas autoridades do atual governo, recém reeleito, foi descartada."

Além de Dilma, faziam parte do Conselho o atual ministro da Defesa, Jaques Wagner, o ex-presidente do PT e da Petrobrás José Eduardo Dutra, o ex-ministro Antonio Palocci, o atual presidente da Abril Mídia, Fábio Barbosa; o economista Cláudio Haddad, presidente do Insper, os empresários Jorge Gerdau e Arthur Sendas (falecido) e o ex-comandante do Exército Gleuber Viana.

Em julho do ano passado, logo após o TCU dar sua decisão preliminar, Cerveró e Ildo Sauer, ex-diretor da área de Gás e Energia, também tentaram responsabilizar o Conselho. Cerveró encontra-se atualmente preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Ele é acusado pela Operação Lava Jato de receber propina em contratos da Petrobrás.

'Erro médico'

No documento de sua defesa, Gabrielli aproveita para defender a compra de Pasadena. Diz que os lucros já cobriram os gastos, contesta os critérios e números apontados pelo TCU e diz que em momento algum foi demonstrado dolo ou culpa da direção da Petrobrás. Para fins legais, o ex-presidente da estatal compara o negócio a um erro médico, "no qual a relação com o paciente é de meio e não de fim". Para Gabrielli, a compra de Pasadena "não foi, certamente, a maior barganha realizada pela Petrobrás, mas tampouco foi a maior venda da Astra". Gabrielli aproveita para provocar a desafeta Graça Foster, atual presidente da estatal, dizendo que a Petrobrás não forneceu uma série de documentos que poderia ajudá-lo na defesa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro da Controladoria Geral da União (CGU), Valdir Simão, determinou que os técnicos da instituição reavaliem os cálculos a respeito dos prejuízos da Petrobras na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. As explicações deverão ser encaminhadas nesta quinta-feira, 8, ao Tribunal de Contas da União (TCU).

"Pedi para rever o cálculo, ver se está correto, se tem algum problema. A área técnica entende que está correto e nós vamos apresentar a metodologia", afirmou Valdir Simão. No último dia 29, o presidente do TCU, Aroldo Cedraz, cobrou da CGU informações sobre o cálculo de US$ 659 milhões de prejuízo na compra da refinaria, uma vez que auditoria do tribunal apontou montante superior, de US$ 792 milhões.

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O ministro foi evasivo sobre a decisão que irá adotar: a manutenção dos cálculos da CGU ou a aceitação dos valores apresentados pelo TCU. "A ideia é que a gente consiga uma convergência no método para conforto de ambos os órgãos. Não posso falar qual cálculo será revisto porque a área técnica ainda está elaborando a resposta ao tribunal".

Para o ministro, a divergência de valores ocorreu em razão de os técnicos das duas instituições terem utilizado metodologias distintas. "É muito importante que, havendo divergência, a metodologia de apuração seja acordada, de entendimento comum. Por mais qualificação que tenha a CGU, pode haver entendimento divergente em outro órgão. Pretendemos fazer com que essa metodologia seja acordada com outros órgãos de controle", afirmou.

O ministro também apontou outro impasse, desta vez com a Petrobras. O imbróglio ocorreu após a estatal divulgar, no final do ano passado, lista com 23 empresas citadas na operação Lava Jato da Polícia Federal, que deverão ser "temporariamente impedidas de serem contratadas e de participar de licitações da estatal".

A CGU, órgão de controle interno do governo federal, tem entre as suas atribuições a abertura de processos punitivos contra empresas envolvidas em corrupção. Das 23 empresas, oito estão na mira da CGU. "Esse é um ponto que estamos discutindo. Parte das empresas já tinha processo de responsabilização instaurado aqui na controladoria. A corregedoria da CGU está conversando com a Petrobras para saber qual será o encaminhamento. Não pode haver dois processos para apurar o mesmo fato", ressaltou.

O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Aroldo Cedraz, deu cinco dias corridos de prazo para que a Controladoria-Geral da União (CGU), órgão de controle interno do governo federal, explique por que apontou um prejuízo US$ 133 milhões menor na compra da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), do que o indicado por auditoria da corte de contas.

Em ofício enviado nesta terça-feira, 30, o ministro questiona o fato de a CGU ter calculado em US$ 659 milhões a quantia a ser restituída aos cofres públicos, em vez de US$ 792 milhões, como indicou o TCU em relatório julgado em julho. Segundo o tribunal, o objetivo é entender como os técnicos da controladoria fizeram as contas do dano ao erário e quais são os motivos da divergência.

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No documento, Cedraz pede à CGU que informe as providências já tomadas sobre o negócio. Além disso, solicita que o órgão explique porque determinou à Petrobras medidas com vistas ao ressarcimento, sendo que o TCU já abriu um processo com esse objetivo. O prazo para a resposta se encerra na segunda-feira.

O TCU responsabilizou em julho 11 ex-executivos da Petrobras como responsáveis pelos prejuízos de Pasadena e determinou o bloqueio de bens de todos eles. Em votação, o tribunal abriu uma tomada de contas especial (TCE) para a possível restituição dos valores. Por um erro da corte, o envolvimento da presidente da estatal, Graça Foster, que era diretora da companhia numa das fases do negócio, não foi analisado.

A votação sobre a participação de Graça na compra e o possível bloqueio de seus bens foi interrompida em agosto por um pedido de vistas de Cedraz, que não devolveu o processo ao plenário até hoje. Ele tomou posse como presidente este mês e, por isso, não vai mais participar de julgamentos. O futuro do processo, portanto, será agora decidido por outro ministro.

Em sua auditoria, concluída este mês, a CGU determinou a abertura de processos administrativos contra 22 pessoas pelo prejuízo, entre elas o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli e os ex-diretores Paulo Roberto Costa e Renato Duque. Os dois últimos são alvos da Operação Lava Jato, que apura esquema de corrupção na estatal.

Nesta terça a CGU informou não ter recebido o ofício. "Não há, no momento, condições de manifestação da controladoria. Assim que o documento for recebido, a CGU irá analisá-lo e tomará as providências necessárias para atender ao pedido do TCU", informou, em nota.

A Controladoria-Geral da União (CGU) informou nesta quarta-feira, 17, que houve prejuízo de US$ 659,4 milhões na compra de Pasadena, uma refinaria localizada no Texas (EUA) e adquirida pela Petrobras. Segundo comunicado da instituição, o relatório de auditoria foi concluído ontem e diz que operação ocorreu por um valor "superior àquele considerado justo, se levado em conta o estado em que Pasadena se encontrava à época".

Em nota, a CGU explicou que com base no relatório, o ministro-chefe Jorge Hage determinou a instauração de processos administrativos sancionadores em desfavor de 22 pessoas. Estão listados ex-dirigentes, empregados e ex-empregados da Petrobras, incluindo os já identificados pela Comissão Interna da Apuração (CIA) da estatal. "Entre os que podem, ao final dos processo, vir a ser responsabilizados, estão o ex-presidente José Sérgio Gabrielli e os ex-diretores Nestor Cerveró, Paulo Roberto Costa, Renato Duque e Jorge Zelada", informou o órgão.

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O relatório de auditoria foi encaminhado nessa terça-feira, 16, à Petrobras e à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras. A CGU recomendou que a estatal possa adotar as providências necessárias no sentido de buscar, judicial ou extrajudicialmente, o ressarcimento do dano de US$ 659,4 milhões apontado pela CGU.

A CGU explicou ainda que a compra da refinaria foi feita em duas fases: os primeiros 50%, em 2006, e os 50% remanescentes, em 2008. "Em relação à primeira metade, o relatório da Controladoria concluiu que a aquisição foi amparada em Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica (EVTE), feito pela estatal, que não considerou todas as premissas aplicáveis ao negócio; essas, se consideradas, resultariam na redução do valor máximo aceitável para a compra", argumentou.

No pagamento dos 50% iniciais, a CGU identificou que a argumentação usada para a aceitação de um valor superestimado foi fundamentada na potencial rentabilidade da refinaria e não no valor dos ativos no estado em que se encontravam. "Outro ponto observado pela equipe da Controladoria foi que a Petrobras, na condição de compradora, deveria e poderia ter buscado, nas negociações, entre os diversos cenários montados pela consultoria Muse Stancil, o que mais a favorecesse e não o pior deles, como ocorreu", disse a nota da CGU.

O Relatório da CGU registra que a avaliação feita pela Muse Stancil sequer foi informada no documento que deu suporte à decisão. O referido documento informou que a avaliação dos ativos fora feita pelo Citigroup, em sua Fairness Opinion, o que não foi confirmado pelas evidências apuradas pela equipe de auditoria.

O órgão de auditoria do governo constatou ainda que os contratos que formalizaram a operação continham cláusulas que, quando "conjugadas ao direito de venda conferido à Astra (put option), tornavam a relação negocial desvantajosa para a estatal brasileira". "O relatório aponta a existência de cláusulas contratuais favoráveis à Astra, sem compensar de forma justa a Petrobras, e sem dividir os riscos do negócio de forma equânime", apontou o documento da CGU. O órgão ainda afirmou que a equipe da CGU encontrou "forte indício de manobra" para forçar a aquisição.

O relatório da auditoria interna sobre irregularidades na Refinaria de Pasadena, comprada pela Petrobras nos Estados Unidos, foi analisado e aprovado pelo conselho da estatal. Dele constam sugestões de punição a pessoas suspeitas de envolvimento, conforme adiantou nesta quinta-feira (27) Sérgio Quintella, membro do conselho.

Quintella não deu mais informações sobre as propostas de punição, nomes de suspeitos ou número de punidos. "É uma lista. Se é grande ou não, não vou dizer". Segundo ele, os relatórios das auditorias sobre irregularidades na Refinaria de Abreu e Lima (Rnest) e no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) serão apresentados ao conselho da estatal no próximo dia 12. "Além da Rnest e do Comperj, outros relatórios serão apresentados. Entretanto, esses são os que mais chamam a atenção, assinalou o conselheiro.

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Sérgio Quintella elogiou a criação de uma direção de governança na empresa, ressaltando que a proposta foi aprovada por unanimidade pelo conselho. Acrescentou que o ocupante do cargo será contratado no mercado e que a estatal regulamentará as atribuições da diretoria em 90 dias. "A Petrobras tem um sistema de governança muito sofisticado. O que a diretoria fará, espero, é acompanhar a governança. É uma empresa grande, com um número enorme de funcionários", observou.

Para Quintella, a medida é importante e sinaliza ao mercado a intenção de aprimorar a fiscalização. "Acho que é uma necessidade e já poderia ter sido feita há mais tempo. Infelizmente, está sendo feita agora. Acho que será benéfica, pois passa ao mercado a intenção clara da companhia em aprimorar procedimentos, conceitos, formas de fiscalização. É positivo", disse o conselheiro em evento na Fundação Getulio Vargas (FGV), onde participou do lançamento do Caderno de Energia da FGV, instituição da qual é vice-presidente.

O Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou a citação nominal de executivos da Petrobras no processo que apura irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, aprovado em julho pelos ministros da Corte administrativa. No relatório daquele mês ficou determinado o ressarcimento de US$ 792,3 milhões aos cofres da Petrobras, por prejuízos causados ao patrimônio da empresa pela aquisição da refinaria.

A Petrobras, então, entrou com embargos de declaração sobre este relatório questionando o pedido do relator, ministro José Jorge, de indisponibilidade dos bens de executivos da empresa na época da compra de Pasadena. Entre eles, ex-presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli; o ex-diretor da área Abastecimento, Paulo Roberto Costa; e o ex-diretor da área Internacional, Nestor Cerveró.

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O ministro determinou, agora, "diante do fato de os embargos atacarem somente a questão da indisponibilidade de bens", a autuação dos executivos será feita pela Secretaria de Controle Externo da Administração Indireta (Secex) do Rio de Janeiro. Eles devem prestar esclarecimentos ao órgão fluminense sobre Pasadena. "Vamos citar todos os envolvidos em Pasadena invés de esperar", afirmou.

Eles serão deverão apresentar defesa documental. A lista inclui o atual diretor Financeiro, Almir Guilherme Barbassa; o ex-diretor de Serviços, Renato de Souza Duque; o ex-diretor de Exploração e Produção; e o ex-diretor de Área de Gás e Energia, Guilherme de Oliveira Estrella. "Podemos continuar ouvindo eles sobre as irregularidades", disse Jorge.

Após seis meses de trabalhos e pelo menos dois adiamentos, a auditoria interna da Petrobras sobre a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, não chegou a qualquer conclusão sobre as irregularidades do negócio. A demora foi criticada por conselheiros da empresa na última reunião do Conselho de Administração, quando o conteúdo da delação do ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, foi discutido. Em seu depoimento, Costa revelou operar esquema para pagamento de comissões a partidos e políticos aliados do governo federal.

A delação entrou na pauta do colegiado no último dia 12 a pedido de um conselheiro minoritário, que questionou a atuação da Petrobras frente à cobrança de propina das empresas fornecedoras. Em resposta, segundo fontes, a companhia se limitou a informar que tem colaborado com as investigações oficiais e que segue com as apurações internas.

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A investigação sobre Pasadena foi aberta no dia 24 de março. À época, a auditoria foi aberta após a presidente da estatal, Graça Foster, dizer que desconhecia a existência de um comitê de proprietários na refinaria. Segundo a executiva, Paulo Roberto Costa representava a Petrobras no órgão com poderes acima do conselho de administração.

O prazo previsto para conclusão das apurações era de 45 dias, mas a estatal prorrogou a auditoria pelo menos duas vezes - em maio e em junho. Os adiamentos são autorizados pela própria Graça Foster sob a alegação de que era necessário ouvir mais testemunhas. Procurada durante toda a semana, a Petrobras não se pronunciou sobre a demora na conclusão das auditorias.

Em junho, ao justificar um novo adiamento da auditoria, a presidente Graça Foster disse que a estatal "não investiga". "A Petrobras não é polícia. A gente ouve as pessoas, vê os contratos, faz relatórios e tem obrigação de entregar aos órgãos de controle. Pasadena está em curso ainda, é complicado", disse em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

Em maio, conselheiros e direção da empresa já haviam divergido sobre as auditorias. O presidente do conselho, o ministro da Fazenda Guido Mantega, decidiu alterar a composição do Comitê de Auditoria, um órgão auxiliar ao conselho que ajuda no controle interno dos processos e finanças da empresa. Na ocasião, dois conselheiros independentes foram substituídos por integrantes ligados ao governo, como a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho.

Refinarias

Também não há conclusão sobre os contratos das obras do Comperj, no Rio de Janeiro, e da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, dois projetos tocados pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa. As auditorias foram abertas em abril. O ex-diretor confirmou que as empresas contratadas para as obras pagaram comissão de 3% a políticos da base aliada do governo, como PT, PMDB e PP, além de governadores dos estados beneficiados com as obras.

Outras duas comissões, para investigar denúncias envolvendo as empresas SBM Offshore e Ecoglobal. Na primeira, a estatal concluiu as investigações ao avaliar que não havia indícios de irregularidades no caso. A segunda auditoria resultou no cancelamento do contrato de R$ 443 milhões da Ecoglobal com a Petrobras por "violação de boa-fé" em relação à composição acionária da empresa.

A suspeita, levantada durante a Operação Lava Jato, da Polícia Federal, é que a Ecoglobal tinha vínculo indireto com Paulo Roberto Costa. Após o cancelamento do contrato, a empresa entrou com pedido de recuperação judicial. Em sua defesa, a Ecoglobal desmentiu a versão da Petrobrás e disse ter informado corretamente sua composição acionária. A empresa também afirmou ter sido usada como 'bode expiatório' pela estatal.

A investigação da polêmica compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobras esbarrou em limitações dos auditores do Tribunal de Contas da União (TCU). Em um relatório de fiscalização elaborado pelo órgão e obtido com exclusividade pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, os auditores admitem o problema e revelam motivos que atrapalharam as investigações do contrato envolvendo a Petrobras e a Astra Oil, que, segundo o TCU gerou um prejuízo de quase R$ 800 milhões aos cofres da estatal.

Entre eles, os auditores citam, em primeiro lugar, "a existência de muitos documentos em inglês técnico, entre eles diversos contratos e seus anexos, laudo arbitral, correspondências e negociações". Outro entrave seria o fato da operação ser regulada por uma legislação estrangeira. Além disso, falam ainda da "singularidade da operação examinada", por se tratar de uma unidade industrial de "relativa complexidade", sem similares no resto do mundo que permitiriam ao Tribunal comparar o valor de mercado de Pasadena com o de outras refinarias. Por fim, lembram que tiveram pouco tempo para preparar o relatório, "menos de 100 HDF (homens dias de fiscalização)".

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O relatório, registrado sob o número 172/2013, é assinado pelos auditores Michel Afonso Assada Cohen e Jefferson Lima de Souza. O documento foi um dos utilizados pelo relator do processo, ministro José Jorge, para embasar o acórdão que exigiu o bloqueio dos bens dos diretores que participaram da negociação para a compra de Pasadena. O TCU, por meio de sua assessoria de imprensa, alega que alguns documentos só foram entregues pela Petrobras ao fim do período de execução do relatório, o que, segundo o Tribunal, ajuda a explicar as dificuldades dos auditores em analisar o caso. A investigação levantou documentos do período de 1º de janeiro de 2005, quando começaram as conversas entre a Petrobras e a Astra, até 1º de junho de 2013.

No próprio relatório, logo após admitirem as limitações das investigações, os auditores afirmam que as dificuldades apontadas por eles não chegam a inviabilizar as investigações, mas exigem do Tribunal mais tempo para a análise das informações. A assessoria, em resposta ao Broadcast, argumenta que todo o "processo é composto de diversas peças e documentos. O ofício de requisição 172/2013 foi uma das diligências realizadas, com o objetivo de esclarecer os fatos no âmbito da fiscalização". Mas informa também que esse relatório foi o principal documento elaborado para que o relator tomasse as decisões que fazem parte do acórdão, que até agora, foi a última decisão do TCU no processo. Ele pede explicações do caso aos ex-diretores e exime o conselho de administração de qualquer responsabilidade por possíveis prejuízos na compra da refinaria.

O relatório de fiscalização, obtido pelo Broadcast, passou por análises de técnicos da Petrobras que participaram das negociações para a compra de Pasadena. Os executivos não quiseram se identificar, mas, fizeram apontamentos no documento, identificando erros de conteúdo no trabalho dos auditores. Em vários pontos do texto, eles acrescentam comentários, em que trazem argumentos para contrariar as conclusões do TCU. Entre eles, o valor em real envolvido na fiscalização. O Tribunal traz o montante de R$ 2.425.454.550,00, que classifica como sendo um valor aproximado. Para chegar a esse número, utilizou taxas de câmbio relativas a datas que seriam as de pagamento pela Petrobras à Astra, que, no entanto, os executivos da Petrobras contestam como sendo as corretas.

O valor total de um possível prejuízo com a compra de Pasadena, em moeda brasileira, só será conhecido na data em que o TCU apontar os responsáveis pelas perdas. O Tribunal afirma que a legislação prevê que "o valor em moeda estrangeira seja convertido à moeda nacional na data em que o responsável toma ciência oficialmente do débito que lhe está sendo imputado, o que ainda não ocorreu, em função da necessidade de revisão do acórdão". Além disso, argumenta que qualquer discordância com as conclusões da auditoria ou com a sua metodologia poderá ser apresentada pela defesa dos ex-diretores da estatal.

O relatório de fiscalização do caso Pasadena traz ainda resposta da Petrobras ao questionamento sobre a inclusão da refinaria no plano de desinvestimento da empresa. A resposta da estatal foi que numa possível venda de Pasadena não seria considerado o seu valor de compra, mas as condições de mercado. A companhia buscaria obter o maior valor possível no cenário atual do mercado de refino nos EUA." Mas, em maio de 2013, quando respondeu ao TCU sobre o futuro da unidade, a estatal informou não pretender se desfazer da usina naquele momento.

A conclusão do documento de 40 páginas traz apenas recomendações para que a Petrobras aprimore o seu sistema de aquisições de ativos. E ressalta que a assinatura de contratos de intenção de compra pela diretoria da estatal sem a autorização do seu conselho de administração, como ocorreu em Pasadena, pode levar a penalidades. A assinatura de um contrato do tipo pelo ex-diretor da área Internacional, Nestor Cerveró, foi utilizada pela Astra na Justiça dos Estados Unidos contra a Petrobras. O advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, respondeu, no entanto, que "nem mesmo a Justiça dos Estados Unidos considerou o contrato relevante, por se tratar de uma carta de intenção de compra e não um compromisso firmado realmente".

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, considerou como "absolutamente dentro da normalidade" o corpo a corpo junto aos integrantes do Tribunal de Contas da União (TCU) dias antes do julgamento do processo contra a Petrobras no caso de Pasadena.

Em entrevista, Cardozo defendeu ainda a atuação do Advogado-Geral da União, Luís Inácio Adams, que também procurou os ministros do TCU na ocasião do julgamento e negou que o périplo tinha como objetivo pressionar por um resultado favorável à estatal.

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"No caso Petrobras, por exemplo, não se tratava de pressão. Dialogávamos apenas sobre a possibilidade de que tivéssemos mais tempo para que a própria Petrobras analisasse o voto do ministro relator do Tribunal de Contas, oferecendo subsídios para o julgamento. Era só isso. Ninguém queria pressionar por voto A, B, C ou D. Era apenas para permitir um maior tempo para que a empresa, uma das maiores do mundo e do Brasil, pudesse manifestar dados e fornecer subsídios para o julgamento", ressaltou Cardozo.

"Uma situação que atinge o patrimônio da Petrobras, num julgamento que atinge o patrimônio da União, o ministro da Justiça não tem que tratar dessas questões? O Advogado Geral da União também não? Ele que cuida da defesa da União nos processos? É uma situação que às vezes acho curiosa. Eu posso ir ao Supremo dialogar sobre as causas da União, na perceptiva de defesa da União junto aos ministros, posso ir ao STJ e frequentemente conversar com os deputados, mas não posso ir ao TCU?", ponderou o ministro.

Para Cardozo, a polêmica gerada em torno da abordagem feita junto aos ministros do TCU se deve ao momento de disputa eleitoral. "Quando você está em época das eleições, as coisas ficam muito epidérmicas e qualquer coisa parece fora do mundo, quando está absolutamente dentro da normalidade".

Cardozo também admitiu que procurou os integrantes do Tribunal de Contas em outras ocasiões e não apenas no julgamento do processo contra a Petrobras. Ele, entretanto, não deu detalhes das outras investidas, mas pontuou o episódio de elaboração do projeto de Lei da Copa do Mundo.

"Várias vezes fui ao TCU. às vezes em questões que dizem respeito ao Ministério da Justiça, às vezes em questões outras. Pouco antes de ir tratar da questão da Petrobras, tratei da questão da Copa do Mundo, que era uma questão que envolvia uma estrutura do Ministério da Justiça e do governo".

Corpo a corpo

 

No final do último mês de julho, integrantes do governo fizeram várias investidas juntos aos ministros do TCU, que na ocasião tinham colocado em pauta o processo sobre a compra da Refinaria de Pasadena pela Petrobras. Ao procurar os integrantes do Tribunal de Contas, Cardozo e Adams tentaram adiar o julgamento e convencê-los a livrar do processo a presidente Dilma Rousseff, presidente do Conselho Administrativo da estatal na época da compra de Pasadena.

O julgamento acabou ocorrendo no último dia 23 de julho, mas o TCU não incluiu a presidente Dilma na lista dos condenados a ressarcir os cofres públicos devido à suspeita de irregularidades na compra da refinaria norte-americana.

A presidente Dilma Rousseff disse no início da noite desta quarta-feira, 27, em entrevista concedida no Palácio da Alvorada, que "se fez justiça" no Tribunal de Contas da União (TCU) com a presidente da Petrobras, Graça Foster.

A maioria já foi formada no TCU para liberar Graça Foster do bloqueio patrimonial no processo que investiga a aquisição da refinaria de Pasadena, mas a decisão final do caso foi adiada pela terceira vez. O ministro Aroldo Cedraz pediu vista do processo.

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"Eu acho que se fez Justiça. Se a maioria do TCU decidiu (por não bloquear os bens), já se fez justiça. Era questão de justiça. Eu sempre declarei que a Graça Foster é uma pessoa íntegra, competente, capaz e uma pessoa extremamente dedicada. Fico feliz com essa informação", disse a presidente.

A maioria já foi formada no Tribunal de Contas da União (TCU) para liberar a presidente da Petrobras, Graça Foster, do bloqueio patrimonial no processo que investiga a aquisição da refinaria de Pasadena, mas a decisão final do caso foi adiada pela terceira vez. O resultado parcial do julgamento é de dois votos pela indisponibilidade de bens e cinco votos contrários. O último ministro a votar, contudo, Aroldo Cedraz, pediu vista do processo.

Cedraz sinalizou no sentido de seguir o entendimento de José Jorge, mas adiou a decisão com a justificativa de que precisaria se debruçar melhor sobre o caso. Ainda que ele vote com o relator, a maioria já entendeu que Graça não deve ter os bens indisponibilizados.

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A presidente da estatal não deverá ser incluída na medida cautelar de bloqueio de bens, aplicada a 11 dirigentes e ex-dirigentes da empresa envolvidos na aquisição da refinaria de Pasadena - entre eles José Sérgio Gabrielli, Nestor Cerveró, Almir Barbassa e Paulo Roberto da Costa.

Os ministros que já votaram, contudo, concordaram em incluir Graça e o ex-diretor Jorge Zelada no novo processo que irá apurar a culpa dos citados por um prejuízo estimado de US$ 792 milhões com a compra da refinaria norte-americana. Por um erro, os dois não haviam sido incluídos no processo em um primeiro momento. Apesar de entrarem no caso a partir de agora, eles não terão decretada a indisponibilidade de bens.

Votaram pelo bloqueio dos bens de Graça o relator do caso, ministro José Jorge, e o ministro Augusto Sherman. Os ministros Walton Alencar, Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro, Bruno Dantas e José Múcio foram contra o bloqueio patrimonial dos diretores envolvidos na decisão sobre a sentença arbitral - único ponto do processo em que Graça é incluída. Ontem, o Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, antecipou que a maioria do tribunal deveria liberar Graça do bloqueio.

O ministro José Jorge, relator do caso Pasadena no Tribunal de Contas da União, retomou o julgamento do caso em seu voto na tarde desta quarta-feira (27). Conforme o Broadcast , serviço da Agência Estado de notícias em tempo real, antecipou nesta terça (26), Jorge confirmou a doação de bens realizada pela presidente da estatal, Graça Foster, e manteve seu voto no sentido de pedir o bloqueio patrimonial da executiva. No entanto, até o momento, o resultado parcial do julgamento é de dois votos para liberar Graça do bloqueio contra um voto, de José Jorge.

Graça é incluída no processo por participar da diretoria que adiou o cumprimento da decisão arbitral nos EUA sobre a disputa contra a Astra Oil, antiga proprietária da refinaria. O ministro Walton Alencar abriu a divergência e pediu que ficassem excluídos do bloqueio os que participaram apenas desta fase da aquisição do bloqueio de bens. Concordou com Alencar, até o momento, o ministro Benjamin Zymler. No total, nove ministros devem votar.

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Alencar mencionou que "jamais houve pela Petrobras ajuizamento de ações visando desconstituir sentença arbitral" e considerou a esta fase como uma "decisão gerencial operada dentro dos critérios técnicos razoáveis". Pela sugestão de Alencar, Graça e Zelada seriam os únicos dirigentes citados no novo processo que irá correr no TCU que não terão o patrimônio bloqueado.

Doação

No plenário, o relator afirmou que a Petrobras encaminhou à Corte documentos que dão conta que a presidente da estatal promoveu doação de bens a parentes. A empresa asseverou que as operações de doação se iniciaram antes do acórdão embargado pela empresa - que inclui Graça no processo - e "antes mesmo da data de elaboração da instrução que apontava prejuízo resultado do descumprimento da sentença arbitral".

De acordo com a Petrobras, a doação realizada por Graça foi feita com o intuito de "evitar futuros conflitos entre herdeiros". O relator apontou que dois imóveis foram doados em maio de 2014 e um deles, em abril, destacando que a consumação das operações foi feita após a instalação do processo no TCU, que teve início em 2013.

Apesar de pedir o bloqueio de bens, o relator disse acreditar que as doações "não demandam adoção de medidas adicionais" neste momento. Jorge destacou que aqueles que tiverem os bens bloqueados poderão se manifestar no prazo de 15 dias.

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