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A Petrobras confirmou nesta segunda-feira que, além dos cerca de US$ 1,249 bilhão gastos na aquisição da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, foram gastos também mais de US$ 685 milhões em "melhorias operacionais, manutenção, paradas programadas e SMS (segurança, meio ambiente e saúde)" no período entre 2006 e 2013. No total, foram gastos cerca de US$ 1,934 bilhão.

Segundo a estatal, os valores totais da compra foram de US$ 554 milhões relativos à PRSI (Pasadena Refining System Inc.), que compreende a planta de refino, mais US$ 341 milhões destinados à trading, empresa comercializadora de combustível e mais US$ 354 milhões com "demais gastos", que seriam relativos às custas judiciais da arbitragem envolvendo a Petrobras e a sócia belga, Astra Oil.

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Os valores foram divulgados em resposta a uma reportagem do jornal O Globo, questionando o montante total destinado ao polêmico negócio. Segundo o jornal, documentos internos da empresa indicam que, em 2009, avaliaram que "em qualquer cenário de continuidade da refinaria" seriam necessários mais US$ 275 milhões para as melhorias operacionais e de sustentabilidade na planta.

O ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli vai ser novamente convidado para explicar a parlamentares o que motivou a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. O convite a Gabrielli estava na pauta de três comissões permanentes da Casa. O que os deputados pretendem, segundo as declarações feitas hoje, é obter mais detalhes sobre o negócio já que o ex-dirigente fez novas declarações que foram publicadas em reportagens veiculadas no fim de semana. Gabrielli disse, por exemplo, que a presidenta Dilma Rousseff deveria arcar com suas responsabilidades no negócio.

O primeiro pedido de convite aprovado nesta quarta-feira (23) foi na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, que ouvirá Gabrielli em uma audiência conjunta com a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) da Câmara. Os deputados da CFFC que também decidiram enviar o convite, ainda vão ouvir, no próximo dia 30, a atual presidenta da Petrobras, Graça Foster, que oficializou sua presença.

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“Dilma disse que votaria contra a refinaria mas votou com base em resumo executivo [elaborado pelo ex-diretor da Área Internacional da estatal, Nestor Cerveró] que não tinha as duas cláusulas [Marlin e PutOption]. Gabrielli diz que cada um tem que assumir sua responsabilidade. Temos que esclarecer esses fatos”, defendeu  Vanderlei Macris (PSDB-SP).

Gabrielli também vai receber uma carta da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) que aprovou, por 18 votos a dois, um requerimento de convite a Gabrielli e o ex-diretor da Área Internacional da empresa, Nestor Cerveró. Cerveró é apontado como o responsável pelo resumo executivo que embasou a decisão sobre a compra da refinaria.

A CRE ainda pode analisar hoje o pedido para convocação do ministro Guido Mantega (Fazenda) e de Luís Inácio Lucena Adams, advogado-Geral da União, para que expliquem seus envolvimentos na confecção de ata de reunião do Conselho de Administração da Petrobras sobre a aquisição de Pasadena.

Além da Petobras, partidos de oposição conseguiram aprovar hoje a convocação pela CFFC do ministro da Secretaria da Aviação Civil, Wellington Moreira Franco, para explicar os problemas enfrentados pela população e pelo setor em função das obras dos aeroportos, o remanejamento dos voos para o período da copa e o cronograma atualizado das obras em andamento.

A Petrobras publicou nesta quinta-feira (17) anúncio de página inteira nos principais jornais do País com esclarecimentos sobre a compra da refinaria de Pasadena. O conteúdo é o mesmo de comunicado enviado às redações na véspera, baseado no depoimento da presidente Graça Foster no Senado. A estatal apresentou novos números para respaldar a compra de metade da refinaria em 2006, repetiu o discurso da presidente Dilma Rousseff de que cláusulas importantes do acordo foram omitidas na reunião de conselho que aprovou a aquisição e classificou o negócio de "um empreendimento de baixo retorno sobre o capital investido".

Em fevereiro passado, a estatal também publicou anúncios nos principais jornais destacando os recordes na produção do pré-sal. A publicação foi uma reação a críticas sobre declínio de produção e após reportagem do Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, mostrando que a estatal está produzindo um barril de água para cada um de petróleo na Bacia de Campos, principal do País.

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A Petrobras, que não costuma divulgar seus gastos com marketing, intensificou a presença na mídia desde o ano passado. A campanha é comandada pelo gerente executivo da Comunicação Institucional da Petrobras, Wilson Santarosa, ex-sindicalista da Central Única de Trabalhadores (CUT). A entidade, maior do setor de petróleo, é tida como alinhada politicamente com o PT desde o primeiro governo Luiz Inácio Lula da Silva.

Em maio do ano passado a Petrobras lançou uma megacampanha em várias mídias pela comemoração de seus 60 anos, completados em outubro passado. Em 14 de dezembro, já passado o aniversário da empresa, a campanha foi incrementada com o lançamento de um comercial destacando as realizações da estatal em 2013. A peça destaca a construção de um número recorde de plataformas no Brasil.

Com o tema "Gente. É o que inspira a gente" e "A melhor maneira de inspirar um país é construindo seu futuro", a campanha foi lançada em TV aberta e fechada em horário nobre, com peças também em rádio, revistas, jornais, internet e tablet. O lançamento contou com um evento na sede da estatal, com a presidente Graça Foster, e jornalistas de outros Estados, que tiveram os custos de viagem bancados pela companhia.

A presidente da Petrobras, Graça Foster, reconheceu, nesta terça-feira (15), a perda de US$ 530 milhões na compra da refinaria de Pasadena, no Texas, Estados Unidos. Em audiência no Senado, ela admitiu o prejuízo e afirmou que a operação foi um "mau negócio" e que o investimento feito pela estatal é de "difícil recuperação".

"Não há como reconhecer hoje ter sido um bom negócio. Isso é inquestionável do ponto de vista contábil. Pasadena é apenas um dos negócios da Petrobras. Um bom projeto no início e que se transformou num projeto de baixa probabilidade de retorno", afirmou.

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Em 2006, a petrolífera nacional pagou US$ 360 milhões por 50% da refinaria de Pasadena, um valor bem superior ao pago um ano antes pela belga Astra Oil pela refinaria inteira: US$ 42,5 milhões. Dois anos depois, um processo arbitral nos Estados Unidos a levou a adquirir os outros 50% por US$ 820 milhões, devido a um contrato assinado, segundo o qual, se houvesse desentendimento entre os sócios, a Petrobras seria obrigada a ficar com a outra metade.

Graça Foster observou, no entanto, que a refinaria atualmente opera com segurança e, nos três primeiros meses deste ano, apresentou resultado positivo, graças principalmente à melhor performance operacional.

Omissão

Segundo a presidente da Petrobras, quando decidiram fechar o negócio, os conselheiros não foram informados dessa cláusula que obrigava a compra dos outros 50% da refinaria.

"Não seguiu para o Conselho [Administrativo] o resumo executivo completo. Não havia menção a cláusulas importantes. Foi aprovada a compra de 50% de Pasadena, uma parceria com o grupo Astra, uma divisão de riscos. Esse foi o objeto do negócio", explicou - referindo-se às cláusulas que garantiam rentabilidade de 6,9% à sócia Astra Oil (cláusula Marlin) e à obrigação de compra da metade da sócia, em caso de discordância sobre investimentos (cláusula put option).

Balanço

Ao apresentar números da empresa, ela disse que a Petrobras teve 1% de aumento no lucro líquido de 2012 para 2013, ao passo que outras concorrentes como Exxon e Shell, registraram queda de 27% e 39%, respectivamente. "Elas perderam por causa da queda de produção, da queda de mercado e dos custos elevados. Aliás, esse é um grande problema de todos nós que atuamos no setor", afirmou.

Graça Foster disse que os níveis de investimento estão mantidos no mesmo patamar de outras gigantes do setor e a previsão de produção de 4,2 milhões barris de óleo por dia em 2020 está mantida.  

*Com informações da Agência Câmara

Relatório do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) recomenda que os responsáveis pela negociação de compra da refinaria de Pasadena sejam responsabilizados por eventuais perdas da estatal. O negócio, que contou com o aval da hoje presidente da República, Dilma Rousseff, foi iniciado em 2006 e concluído em 2012, após um longo litígio e gasto superior a US$ 1 bilhão.

O documento da procuradoria de contas, ao qual o Estado teve acesso, e que subsidiará a decisão dos ministros do tribunal, sugere que a alta cúpula da Petrobrás, "incluindo os membros do Conselho de Administração", responda "por dano aos cofres públicos, por ato antieconômico e por gestão temerária", caso sejam comprovadas irregularidades. Para o Ministério Público, as falhas dos gestores da Petrobrás na condução do negócio foram "acima do razoável".

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Em 2006, Dilma, que era chefe da Casa Civil do governo Luiz Inácio Lula da Silva, presidia o Conselho de Administração da Petrobrás. No mês passado, ao saber que o Estado publicaria uma reportagem que revelaria seu voto favorável, naquele ano, à compra de 50% da refinaria de Pasadena, no Texas, Estados Unidos, a presidente divulgou nota na qual afirmou só ter apoiado o negócio porque foi mal informada sobre as cláusulas do contrato.

Em 2008, ainda como presidente do Conselho de Administração, Dilma passou a ser contra o negócio e atuou para tentar barrar a compra de 100% da refinaria, algo que, em razão de custos judiciais, encareceu ainda mais a transação, que precisou ser concretizada.

Palavra final. O relatório final do TCU, que usará o trabalho da procuradoria de contas como base, deve sair em julho, mês em que a campanha eleitoral será iniciada. Em entrevista no mês passado, o relator do caso de Pasadena no tribunal, ministro José Jorge, afirmou: "Como a compra passou pelo Conselho de Administração e pela Diretoria, como regra geral do TCU, eles podem ser chamados a se explicar".

A procuradoria afirma que a Petrobrás foi "vítima" da "inabilidade de seus gestores em firmar acordos contratuais". Para o MP junto ao tribunal, da forma como o negócio foi fechado, o grupo belga Astra Oil adquiriu o direito "líquido e certo" de vender sua participação à Petrobrás, recebendo o valor fixado nos contratos. "Para ela (Astra Oil), tudo era possível, e, para a Petrobrás, ao que parece, restava acatar a decisão da sócia", afirma o relatório do Ministério Público de Contas.

Os auditores designados pelo ministro relator trabalham, ainda, com outra linha de responsabilização. A intenção dos técnicos é se basear no artigo 158 da Lei das S.A., que prevê punição aos gestores quando houver violação "ao dever de cuidado e diligência" ou "imprudência, negligência e imperícia". A legislação impõe que "o administrador da companhia deve empregar, no exercício de suas funções, o cuidado e diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração dos seus próprios negócios".

A Astra impôs várias condições à estatal para firmar a parceria, exatamente o contrário do que deveria ter ocorrido, afirmam os procuradores. "Ela estava fora do negócio e tinha o direito, se não a obrigação, de exigir garantias mínimas da futura sócia, sobretudo ante o preço que se dispôs a pagar", diz o documento. "O poder de decisão não minimizou os riscos do negócio para a estatal brasileira. Ao contrário, só os aumentou", completa o relatório.

Um dos pontos criticados no texto é o fato de a Petrobrás pagar duas vezes pelo combustível estocado na refinaria, já que arcou pela unidade com estoques inclusos e, posteriormente, pagou mais uma vez pelos estoques. Há "evidências consistentes", diz o texto, de que o valor dos produtos estocados não estava incluso nos US$ 360 milhões pela aquisição porque a Petrobrás nem sequer tinha conhecimento do volume e do valor dos estoques.

A análise da operação ainda critica a oposição da estatal de levar adiante uma batalha judicial para não cumprir as cláusulas contidas no contrato de compra da refinaria. Laudo da Justiça dos EUA confirmou o valor de US$ 466 milhões pelo restante da unidade e ainda obrigou a Petrobrás a desembolsar US$ 173 milhões por garantia bancária dos sócios, juros, honorários e despesas processuais, o que fez com que a conta aumentasse para US$ 639 milhões.

O documento afirma que há de se apurar por que a Petrobrás não cumpriu a decisão proferida em abril de 2009. "Ao que parece, essa postura levou a empresa a arcar com milhares de dólares referentes a juros e correção monetária." E mais uma vez pede a responsabilização do Conselho de Administração. "Caso se constate que não havia razões suficientes para o descumprimento da decisão arbitral, deve-se apurar a responsabilidade dos gestores e membros do Conselho de Administração."

Crise. A manifestação da presidente ao questionamento do Estado causou uma crise política, que acarretou na aprovação de uma CPI para investigar a estatal. Em meio ao caso de Pasadena, outras suspeitas recaíram sobre a Petrobrás. A principal envolve ligações do ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa com o doleiro Alberto Youssef.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A presidenta da Petrobras, Graça Foster, confirmou seu comparecimento na próxima terça-feira (15), às 10h, no Senado Federal para falar sobre as denúncias envolvendo a estatal do petróleo como a que trata da compra da Refinaria de Pasadena (EUA). Graça Foster comparecerá à audiência pública conjunta das comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e do Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle.

O presidente da CAE, senador Lindbergh Farias (PT-RJ), cuidou da organização da audiência, uma vez que Graça Foster, segundo ele, teria manifestado desejo de conversar com os senadores.  “Tomei a iniciativa de organizar a audiência depois de falar com a presidenta da Petrobras, que manifestou a vontade de conversar com aos senadores”, informou o senador.

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O Palácio do Planalto não vai comentar a informação de que, segundo telegramas do Wikileaks, a Casa Branca consultou Dilma Rousseff, a então ministra da Casa Civil e presidente do conselho da Petrobras, antes de autorizar a aquisição de um refinaria norte-americana em Pasadena pela estatal brasileira.

Telegramas confidenciais da diplomacia americana obtidas pelo grupo Wikileaks revelam reuniões e missões enviadas ao Brasil pela Casa Branca diante da possibilidade de a Petrobras comprar a refinaria nos Estados Unidos. Outro consultado, conforme o Wikileaks, foi o ex-diretor internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, epicentro da atual crise.

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Conforme informou o correspondente de O Estado de S. Paulo em Genebra, Jamil Chade, o governo dos Estados Unidos buscou garantias da parte de Dilma Rousseff em 2006 quando ela ainda era presidente do Conselho da Petrobras antes de dar o sinal verde para que a empresa brasileira comprasse uma refinaria em Pasadena.

Um dos telegramas de 12 de junho de 2006 é explícito em relação ao assunto já em seu título: "A Aquisição da Petrobras da Pasadena Refining Systems". O documento foi enviado pela embaixada americana em Brasília ao Departamento de Estado norte-americano e relata os encontros de ministros e delegações de Washington com autoridades nacionais, entre elas Dilma Rousseff.

Uma das preocupações se referia à atuação da Petrobras concorrendo contra interesses americanos na América Latina e tirando proveito justamente do fato de que governos da região começavam em 2006 a nacionalizar investimentos americanos. O temor era de que esses governos, uma vez recuperados os ativos de empresas americanas, repassariam os investimentos para a Petrobras.

A Petrobras informou neste domingo (6), que atingiu em março novo recorde mensal de processamento de petróleo nas suas refinarias. A carga média processada foi de 2.151 mil barris de petróleo por dia, representando um volume de 12 mil barris, superior ao recorde mensal anterior de 2.139 mil obtido em julho de 2013.

Também no mês passado, a estatal atingiu em suas refinarias recorde na produção de diesel e gasolina com baixo teor de enxofre. Foram produzidos 4 milhões de barris de diesel S-10 concentração de 10 partes por milhão (ppm) de enxofre, 20 milhões de barris de diesel S-500 (500 ppm de enxofre) e 14,8 milhões de barris de gasolina S-50 (50 ppm de enxofre).

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Na nota divulgada, a empresa também comunicou ter ultrapassado, pela primeira vez, a barreira dos 100 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural entregues ao mercado consumidor. No dia 26 de março, a empresa disponibilizou um total de 101,1 milhões de metros cúbicos do energético, volume recorde registrado até então. Desse total, 45,1 milhões de metros cúbicos foram destinados ao mercado termelétrico e 42,5 milhões de metros cúbicos ao mercado não termelétrico, do qual fazem parte indústrias, residências, veículos, sistemas de cogeração e outros. O restante - 13,5 milhões de metros cúbicos - foi entregue às unidades da Petrobrás.

Em março deste ano, a geração de energia elétrica nas usinas termelétricas da Petrobras foi de 5.000 MW. Considerando as usinas para as quais a Petrobras fornece gás natural, a geração chegou a 7.613 MW, representando cerca de 12% da demanda de energia elétrica do SIN - Sistema Interligado Nacional.

Fertilizantes

Por fim, a nota da estatal informa que a fábrica de fertilizantes da Bahia atingiu no último dia 31 de março a produção de 34.715 toneladas de ureia, recorde de produção mensal da série histórica da fábrica para o mês de março. Atingiu também a expressiva marca de 104.233 toneladas acumuladas no primeiro trimestre do ano.

A Polícia Federal vai ouvir o ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, como testemunha sobre o caso da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), negócio que está sob investigação por suspeita de superfaturamento. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que a disposição de contar sua versão sobre o assunto é que fez a PF decidir ouvi-lo nesta fase do inquérito em que estão sendo reunidos documentos sobre o caso.

Cerveró protocolou ontem na Polícia Federal, na Câmara e no Senado carta na qual se oferece para prestar esclarecimentos. "Estou à disposição para prestar os esclarecimentos que se fizerem necessários sobre minha participação, à época, como diretor internacional, bem como sobre toda a tramitação do processo aprovado pelo Conselho de Administração da Petrobras e, ainda, demais fatos que atestam a lisura do meu procedimento", escreveu o ex-diretor.

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O executivo foi acusado pela presidente Dilma Rousseff, em nota ao Estado, de ter encaminhado ao conselho de administração, na época presidido por ela, um resumo "técnica e juridicamente falho" sobre a refinaria de Pasadena, que balizou a aprovação do negócio pelo colegiado. A presidente Dilma complementou que se tivesse tido conhecimento de cláusulas do contrato que lhe foram "omitidas" pela diretoria de Cerveró, "seguramente não seriam aprovadas pelo conselho."

A manifestação da presidente foi em resposta a questionamento do Estado sobre seu voto favorável à compra da refinaria em 2006. Até então, se sabia apenas que o conselho havia aprovado a compra, mas a manifestação dos seus membros a respeito era mantida em sigilo. Havia a possibilidade de a presidente ter se manifestado contra, mas ter sido voto vencido, o que o jornal mostrou que não ocorreu.

Por meio do advogado, Cerveró afirmou hoje que a presidente Dilma Rousseff recebeu cópia de todo o processo envolvendo a refinaria de Pasadena 15 dias antes de ter votado favorável ao negócio, assim como os demais membros do conselho, versão que deve confirmar à PF e ao Congresso. A interlocutores, o ex-diretor afirmou que está disposto a confrontar a presidente da República em nome de sua carreira na Petrobras. Cerveró foi demitido da BR Distribuidora após a nota da presidente Dilma ao Estado.

A investigação da refinaria de Pasadena pela PF foi aberta no início de março, após a Câmara criar uma comissão externa para analisar negócios da empresa. A refinaria já era investigada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e Ministério Público após a revelação de que custou à Petrobras US$ 1,2 bilhão, quando havia sido comprada um ano antes pela empresa belga Astra Oil por US$ 42,5 milhões. Além da PF, Cerveró também será ouvido pela Câmara. A oposição tenta agendar o depoimento dele na Comissão de Fiscalização e Controle entre os dias 9 e 16 de abril, antes mesmo da instalação da CPI da Petrobras.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta quarta-feira, durante entrevista ao programa Bom Dia Ministro, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que o governo não teme qualquer investigação nas operações da Petrobras. A estatal, diz o ministro, já é fiscalizada o tempo todo, seja pelo Tribunal de Contas da União (TCU) seja por auditoria interna. "A Petrobras é uma empresa que todo tempo tem suas atividades analisadas, não só pelo seu conselho de administração, do qual faço parte".

"Então pode investigar, deve investigar. Nós somos favoráveis a isso e vamos ver que a empresa trabalha na mais alta regularidade", afirmou. Mantega disse que a estatal é uma das empresas mais importantes do mundo e a maior empresa brasileira. Também destacou que ela é uma grande produtora de petróleo e a que mais faz investimento no mundo, tirando as empresas chinesas.

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O ministro também defendeu a atuação do Conselho de Administração na análise da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. "Eu não estava no conselho de administração quando ela foi adquirida, mas tenho certeza de que o conselho de administração agiu corretamente nessa ocasião. O conselho é formado por pessoas da mais alta competência do setor público e privado. E, portanto, analisou a questão na época em que ela foi analisada com toda profundidade".

Mantega disse que não foi chamado pelo Congresso para prestar esclarecimentos sobre a operação. Segundo ele, a presidente da Petrobras, Graça Foster, foi chamada e, segundo o ministro, tem mais condições de esclarecer esse assunto. O ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, também deve ir ao Congresso falar sobre o assunto.

O ex-diretor internacional da Petrobras Nestor Cerveró se ofereceu, por meio de cartas, a prestar esclarecimentos no Congresso Nacional, na Polícia Federal e perante o Ministério Público sobre a compra da refinaria de Pasadena. Cerveró participou da negociação e foi apontado como autor do resumo executivo que balizou a aprovação da transação pelo Conselho de Administração da Petrobras em 2006. A estatal teve um prejuízo bilionário no negócio.

A compra, conforme revelou o jornal O Estado de S. Paulo, teve o voto favorável da presidente Dilma Rousseff, que comandava o Conselho. Ela disse que o resumo tinha "informações incompletas" e era "técnica e juridicamente falho". Cerveró foi exonerado da diretoria financeira da BR Distribuidora no dia 21 de março, após a repercussão negativa do caso, que leva agora o Congresso a debater a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para realizar a investigação.

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As cartas de Cerveró, ao que o Estado teve acesso, datam de 31 de março e são assinadas pelo ex-diretor e por seu advogado, Edson Ribeiro. Elas foram encaminhadas ao presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e ao diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello Coimbra. O protocolo foi feito nesta quarta-feira, dia 1º de abril.

As duas correspondências endereçadas ao Congresso tem igual teor: "Venho informar a Vossa Excelência que estou à disposição da Câmara dos Deputados para prestar os esclarecimentos que se fizerem necessários sobre minha participação, à época, como diretor internacional da aludida estatal, bem como sobre toda a tramitação do processo aprovado pelo Conselho de Administração da Petrobras e, ainda, demais fatos que atestam a lisura do meu procedimento", diz o ex-diretor. O tom é o mesmo nas encaminhadas à PF e ao MP. A estes órgãos, requer a designação de datas para oitivas.

O líder do PSDB na Câmara, Antonio Carlos Imbassahy (BA), disse que recebeu o advogado de Cerveró na tarde desta quarta-feira e ouviu dele a reiteração do desejo do cliente de prestar depoimento. Imbassahy observou que a Comissão de Fiscalização e Controle já fez um convite ao ex-diretor e incumbiu o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP) de levar cópia da carta para a sessão da comissão para que seja marcado o depoimento. "Ele vem há algum tempo mandando sinais e agora tem a carta. Espero que a comissão marque já para a próxima semana", disse o líder tucano.

A oposição acredita que o ex-diretor poderá levantar dúvidas sobre a versão de Dilma de que não conhecia as cláusulas que levaram ao prejuízo no negócio. A presidente diz que não faziam parte do resumo executivo as cláusulas que garantiam lucro mínimo à empresa belga Astra Oil, sócia na refinaria, e que obrigavam a Petrobras a comprar a parceira em caso de desavença comercial. Dilma afirmou ainda que caso essas informações tivessem sido recebidas, o negócio poderia ter outro desfecho no Conselho de Administração. A expectativa dos oposicionistas é de que o ex-diretor se defenda das acusações da presidente sustentando que ela teve acesso a todos os detalhes da compra.

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que vai investigar denúncias de corrupção na Petrobras será protocolada até esta quarta-feira (2). O anúncio foi feito pelos líderes da oposição, há pouco, após reunião realizada no Senado. Segundo o líder do Democratas na Câmara Federal, Mendonça Filho, a oposição já tem o apoio de 192 deputados, acima das 171 assinaturas mínimas necessárias para a instalação da CPI. A coleta de assinaturas, já iniciada, será intensificada durante almoço hoje (1º) com parlamentares da oposição.

“Tem uma manifestação já clara na base do governo em partidos como PT, PMDB, PR de que apoiarão a criação da CPI. Temos firme convicção que até amanhã vamos coletar todas as assinaturas necessárias para CPI mista seja instalada. Fizemos, inclusive, uma radiografia envolvendo a votação que aprovou a criação da comissão externa relativa à SBM e o apoiamento que foi oferecido a CPI, subscrita pelos quatro líderes da oposição, e a gente tem ampla maioria para atingir o número de assinaturas até amanhã”, afirma Mendonça Filho.

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A comissão vai apurar, principalmente, suspeitas de superfaturamento na compra da refinaria de Pasadena (EUA), e as denúncias de desvios de recursos nas obras da refinaria de Abreu e Lima e de pagamento de propina pela empresa holandesa SBM Offshore a funcionários da Petrobras.   

“Há uma pressão social muito grande e os fatos são muito graves e relevantes. A sociedade não quer ver essa sujeira envolvendo a Petrobras sendo posta debaixo do tapete. E o Congresso vai cumprir sua função constitucional de fiscalizar o Executivo”, destaca.     

 

 

Presidente da Petrobras América entre 2007 e 2008, o engenheiro Alberto Guimarães se opôs à proposta da estatal de comprar 100% da refinaria de Pasadena. Ele também se mostrou preocupado com o valor oferecido para a sócia belga Astra Oil.

Sob o comando de José Sérgio Gabrielli, a Petrobras comprou 50% de Pasadena em 2006 por US$ 360 milhões e ofereceu US$ 700 milhões aos belgas para ficar com toda a refinaria em dezembro de 2007. Quem assinou a proposta foi o então diretor da área internacional, Nestor Cerveró. Em setembro, porém, o então presidente da Petrobras América, braço da estatal nos EUA, fez os alertas por e-mail aos executivos do Brasil.

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Guimarães havia assumido o cargo em 1.º de janeiro de 2007. Em outubro de 2008 ele acabou substituído por José Orlando Azevedo, primo de Gabrielli. Naquela época, a Petrobras e Astra Oil já haviam se desentendido e estavam em litígio. Azevedo ocupou o cargo até 2012, quando a estatal brasileira foi obrigada pela Justiça dos EUA a comprar os 50% da empresa belga, num negócio que superou US$ 1,2 bilhão.

Funcionário de carreira da estatal, o primo de Gabrielli foi afastado do cargo que vinha ocupando em uma subsidiária da Petrobras na quinta-feira passada, um dia após o jornal O Estado de S. Paulo revelar seu parentesco com o hoje ex-presidente da estatal.

Ordens

Trocas de e-mails reproduzidas em um dos processos do litígio revelam a oposição de Guimarães e sua resignação diante da orientação dada pela cúpula da Petrobras no Brasil. "Ordens são ordens", escreveu numa mensagem eletrônica de 28 de setembro de 2007.

Os documentos foram apresentados na ação que a Astra Oil iniciou em 1.º de julho de 2008 para exigir o cumprimento do acordo de US$ 700 milhões, assinado no dia 5 de dezembro de 2007 por Cerveró e Gilles Samyn, CEO da Transcor Astra, a empresa que controla a Astra Oil.

Documentos

Na ação em que buscava obrigar a Petrobras a cumprir o acordo de US$ 700 milhões, os advogados da Astra apresentaram uma série de trocas de e-mails entre dirigentes da Petrobras nos EUA e no Brasil. Com esses documentos, eles procuravam demonstrar que a negociação havia sido feita por executivos nos EUA sob orientação da cúpula da empresa no Brasil.

Segundo a Astra Oil, o documento final era um contrato acabado e executável. A Petrobras sustentava que ele era apenas um acordo preliminar, cujo cumprimento não poderia ser exigido judicialmente nos EUA.

É nesse contexto que as declarações de Guimarães aparecem, reproduzidas durante depoimento dos advogados da Astra. Neles, fica evidente a resistência do representante da estatal nos EUA às negociações e às orientações vindas do Brasil. Também é clara sua cautela ao pedir instruções por escrito para avançar nas conversas.

"Acho que é pouco provável que com esse preço e também pelo fato de que vamos ter que segurar o dinheiro em um ano tão bom que nós avancemos muito nessa negociação, mas ordens são ordens", escreveu Guimarães no e-mail de dia 28 de setembro de 2007, de acordo com transcrição do e-mail feita no depoimento dos advogados.

Obrigações

Quando fecham contratos e assumem obrigações futuras, as empresas listadas em Bolsa são obrigadas a fazer provisões para os pagamentos, o que diminuiu o seu lucro ou o capital para investimentos. A narrativa das mensagens de Guimarães apresentada pelo advogado da Astra, Gerald Novack, vai na mesma direção.

"O sr. Guimarães, em várias ocasiões, tem e-mails dele para o sr. Cerveró, nos quais ele diz ‘eu discordo disso. Eu não acho que o que você está fazendo é certo. Eu não acho que isso será bem-sucedido’. Mas então ele diz, ‘bem, ordens são ordens’ ou ‘eu vou obedecer a qualquer ordem que vocês me derem. Eu preciso de instruções’", disse Novack com suas próprias palavras, que não refletem necessariamente o teor exato das mensagens do então presidente da Petrobras América.

A estatal disse ontem que não se manifestaria sobre o assunto. Antes do veto do Conselho de Administração, em maio, a Petrobras agiu como se o acordo de US$ 700 milhões fosse definitivo. No dia 1.º de fevereiro de 2008, a estatal brasileira e a Astra apresentaram o documento para aprovação do Comitê de Investimentos Estrangeiros nos EUA, subordinado ao Departamento do Tesouro.

No processo, a estatal admitiu que submeteu o documento ao órgão regulador e que, na época, não alegou que seu caráter era não vinculante. Esse argumento só surgiu depois do veto do Conselho de Administração. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), se reúne nesta segunda-feira (31) com a equipe política do governo para traçar a estratégia sobre a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras. De acordo com o parlamentar, o governo vai tentar convencer os senadores, inclusive os signatários da CPI, de que as investigações em curso – feitas pelo Ministério Público, Tribunal de Contas da União, Controladoria-Geral da União, Polícia Federal e pela própria Petrobras – são suficientes para esclarecer denúncias sobre a estatal.

“A realização da CPI agora seria somente para criar um palco político eleitoral não saudável, tendo a Petrobras como pretexto”, avalia. O senador acredita que o Congresso Nacional não teria meios para ir além das investigações em curso, pois iria começar do zero. “As instituições competentes já estão investigando.  Além disso, vale lembrar que muitos dos que são convocados em CPIs ficam em silêncio, pois recorrem ao Supremo, e que a quebra de sigilo (dos investigados) já deve ter sido feita pelo Ministério Público e pela Polícia Federal”, declarou. 

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Humberto reiterou que o ideal é não criar a CPI, mas, se o colegiado for instalado, outros temas, como as denúncias envolvendo o pagamento de propina a integrantes do governo do PSDB em São Paulo no caso Alstom, deverão entrar na pauta. 

“Se a oposição acha que os órgãos federais de investigação não fazem investigação adequada, nós governistas temos o direito de imaginar que esses mesmos órgãos não têm competência também sobre essas outras denúncias”, explicou. O senador afirmou que o governo não teme a CPI, “até porque já enfrentamos várias, inclusive a do Cachoeira, cuja intenção dos opositores era usar a comissão para atingir o governo”.

Com informações da Assessoria de Imprensa

A Petrobrás sempre esteve no centro dos debates políticos nas campanhas presidenciais brasileiras. Na era FHC, vários partidos de esquerda acusaram Fernando Henrique de desejar privatizar a Petrobrás. Na eleição de 2002 e 2006, ambas as disputas vencidas pelo PT, Lula trouxe a agenda da privatização da Petrobrás e colocou em saia justa os competidores José Serra e Geraldo Alkmin. Já em 2010, a presidente Dilma Rousseff foi eleita defendendo o fortalecimento da Petrobrás.

O debate sobre a Petrobrás realizado pela classe política não é sincero. Não existe, por exemplo, nenhum presidenciável que frise para a opinião pública que nas eras Lula e Dilma a Petrobrás foi utilizada para impedir o preço do aumento de combustíveis. Tal ação contraria a lógica do mercado, a qual é caracterizada pela liberalização de preços. Mas, certamente, agradaria os eleitores, pois estes não desejam, obviamente, pagar mais pela gasolina.

No debate sobre os campos do Pré-Sal, nenhum político condenou o governo Lula por propor ao Congresso Nacional que a Petrobrás tivesse participação obrigatória de 30% na exploração dos novos campos de petróleo e a justificativa era simples: aqueles que fossem contrários a esta proposta seria acusado de privatista. No entanto, nós sabemos que não são raros os atores políticos que defendem a privatização.

A luta pela construção da Refinaria em Pernambuco foi de todos – sociedade, imprensa e atores políticos. Nesta luta, ninguém ousou a fazer duas perguntas básicas: 1) Construir a Refinaria em Pernambuco é o melhor para as finanças da Petrobrás? 2) A construção da Refinaria obedece a estratégia de mercado traçada pela Estatal? Ao contrário. A emoção dos atores políticos foi entrelaçada com a da sociedade e todos defenderam junto ao governo Lula a construção da Refinaria em Pernambuco.

No momento a Petrobrás sofre com más notícias, inclusive os presidenciáveis da oposição defendem que seja realizada uma CPI. O PT não a deseja, por razões óbvias. E a imprensa cumpre o seu papel: noticia e solicita explicação aos envolvidos na disputa política. Entretanto, nenhum dos atores políticos envolvidos e nem a imprensa faz a pergunta necessária: o que desejamos para a Petrobrás?

A Petrobrás é uma empresa de economia mista e principalmente por este motivo, precisa ser transparente. Ela é também a responsável por regular os preços de combustíveis no Brasil. Então, ela contribui para o controle da inflação, mas inibe a livre concorrência, e, por consequência, passa a ser mal vista pelo mercado. A Petrobrás é uma empresa que recebe recursos da União quando necessário, mas também contribui, quando necessário, para a diminuição do déficit público. Portanto, o que se pretende fazer com a Petrobrás? Espero que os presidenciáveis respondam tal indagação o quanto antes.

Um dos principais gargalos na operação da Petrobras, a área de refino é também o centro denúncias de corrupção e irregularidades na execução de projetos de refinarias no País. Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), todos as quatro novas unidades previstas pela estatal apresentam irregularidades em sua execução, desde erros de planejamento, sobrepreço de insumos e equipamentos e superfaturamento. Os valores contestados pelo órgão nos projetos são da ordem de R$ 2,5 bilhões.

Sob o comando do então diretor da estatal Paulo Roberto Costa, a área participou da compra da refinaria de Pasadena. Costa foi preso duas semanas atrás sob suspeita de receber propina ao intermediar contratos irregulares que teriam beneficiado empreiteiras na refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, uma das quatro unidades em construção no Brasil.

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Orçada inicialmente em US$ 2 bilhões, a obra da Abreu e Lima pode chegar a US$ 20 bilhões, como admite a atual presidente da Petrobras, Graça Foster. Segundo ela, a experiência com a refinaria foi "um erro a não ser repetido". O orçamento é quase três vezes maior que outras refinarias de complexidade similar, construídas no exterior.

O TCU identificou a contratação de serviços às empreiteiras por valores acima da prática do mercado. Na última inspeção, em 2013, o órgão identificou superfaturamento de R$ 69 milhões em um dos contratos para compra de equipamentos.

Ao todo, os aditivos nos contratos somaram R$ 943 milhões e as empreiteiras ainda pleiteiam R$ 1 bilhão adicional. As divergências quanto aos valores são apontadas como uma das causas para a saída da parceira venezuelana PDVSA, que questionou publicamente os custos estimados pela Petrobras.

A Petrobras diz que até o julgamento definitivo do caso o "suposto sobrepreço residual" é garantido por apólices de seguro previstas no contrato. "Não havendo que se falar, por conseguinte, em risco de prejuízo para a companhia", afirma a estatal.

Costa também esteve à frente de projetos que, ainda no papel, já são alvo de denúncias de irregularidades no TCU. No Maranhão, a Premium I passou por obras de terraplanagem, iniciadas em 2010 ao custo de R$ 725 milhões. No ano passado, após mais de 13 aditivos, a obra teve valor revisado para cerca de R$ 1,5 bilhão, segundo o Ministério de Minas e Energia. Segundo relatório do TCU, a "gênese" dos aumentos nas refinarias seria a "decisão de iniciar-se uma obra desse porte sem um planejamento adequado, passível de toda sorte de modificações".

Em relatório de 2013, o órgão destaca que, no Maranhão, "passados já cinco anos dos primeiros estudos, ainda não se tem um projeto completamente definido para a Premium I". Na unidade, há variação de até 96% entre as quantidades de insumo orçadas inicialmente e executadas na obra. O TCU encontrou também oito aditivos que movimentaram R$ 266 milhões.

No Ceará, onde está prevista a instalação da refinaria Premium II, as irregularidades foram identificadas ainda na elaboração dos estudos de viabilidade. No Complexo Petroquímico do Rio (Comperj), que projeta uma capacidade de 165 mil barris de petróleo por dia, o atraso nas obras já passa de dois anos. O TCU também encontrou na obra indícios de superfaturamento, sobrepreço e falhas no projeto, com prejuízos que passam de R$ 238 milhões.

Operação

Além do prejuízo, os atrasos e irregularidades nos projetos das refinarias têm impacto sobre a operação da Petrobras. As refinarias Premium foram assim chamadas pela sua capacidade de processamento e possibilidade de exportação dos derivados. Hoje, a área de refino é o maior gargalo para a expansão da produção de derivados de petróleo no País.

A presidente da Petrobras, Graça Foster, diz que as refinarias só saem do papel com parceiros. Principais candidatos são os chineses, mas ainda não há acordo. A demanda crescente por combustível levou a estatal no ano passado a operar com 99% de sua capacidade de refino. Para atender à demanda, tem ampliado anualmente suas importações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Petrobras pagou US$ 85,14 milhões à Astra Oil em fevereiro de 2007 para garantir à sua então sócia na refinaria e na trading de Pasadena um lucro mínimo com o negócio, atendendo à exigência do acordo de acionistas que as duas empresas haviam assinado no ano anterior. Com esse desembolso, o preço final que a estatal brasileira pagou pela operação do Texas sobe ainda mais - de US$ 1,18 bilhão para pelo menos US$ 1,265 bilhão.

O pagamento é confirmado em memorando da Astra à Receita Federal americana apresentado em um dos processos judiciais nos quais as duas empresas se enfrentaram. Com data de 19 de dezembro de 2008, ele tenta esclarecer dúvidas levantadas pelo auditor J. Clark Armitage sobre a natureza da transferência.

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Os advogados da Astra respondem que o desembolso é um "pagamento garantido", que deveria ser feito pela Petrobras à Astra quando a receita da empresa de trading que abastecia a refinaria de Pasadena ficasse abaixo de determinado patamar. Esse benefício seria pago por dois anos, no valor máximo de US$ 85,14 milhões em cada um deles, em um total de US$ 170,28 milhões.

Chamado de "alocação especial", esse dispositivo é distinto de outro que dava à sócia belga da Petrobras uma rentabilidade mínima líquida com o negócio de 6,9% ao ano, por um período de 15 anos. Esse item ficou conhecido como "cláusula de Marlim", porque foi justificado com o argumento de que se tratava de uma compensação à Astra pelo fato de a Petrobras poder refinar em Pasadena o óleo pesado que produzia no campo de Marlim, na Bacia de Campos, Rio de Janeiro.

O acordo de acionistas, no entanto, não prevê nenhuma contrapartida ou benefício para a Petrobras em troca da "alocação especial" que a estatal teria de pagar à Astra em 2007 e 2008, tendo como base os resultados da trading dos anos anteriores. O documento diz que o "pagamento garantido" de 2008 dependeria das receitas obtidas em 2007 - não está claro se ele chegou a ocorrer nem qual o seu valor.

A "cláusula de Marlim" e a "alocação especial" que gerou o pagamento de US$ 85,14 milhões estavam entre as condições que tinham o objetivo de favorecer a sócia belga e protegê-la de riscos associados à operação. Na prática, era uma garantia de lucro mínimo que seria bancada pela estatal mesmo na hipótese de a receita bruta com as operações da trading ser insuficiente para a realização dos pagamentos.

"A quantia dessa alocação especial deve reduzir o montante dos lucros (ou aumentar o montante das perdas) que seriam de outra maneira alocados à sócia Petrobras", diz trecho do item 4.3 do acordo de acionistas de setembro de 2006 que criou a trading de Pasadena, que era uma empresa distinta da refinaria.

No documento à Receita Federal americana, os advogados da Astra explicam que a estatal brasileira concordou em contribuir com "certas quantias" para o capital da trading, e que esses recursos seriam usados para os "pagamentos garantidos" que asseguravam à Astra a obtenção de lucro na operação independentemente do que acontecesse.

Mau negócio

A Petrobras comprou metade da refinaria de Pasadena em 2006 por US$ 360 milhões. O negócio foi aprovado pelo Conselho de Administração da estatal, à época comandado por Dilma Rousseff, então chefe da Casa Civil do governo Lula.

Em 2005, a Astra havia pago US$ 42,5 milhões pela empresa, na qual investiu US$ 84 milhões antes da entrada da estatal brasileira no negócio. Em razão de outra cláusula polêmica do contrato, a Petrobras foi obrigada a comprar os 100% da refinaria após uma longa disputa judicial.

Há duas semanas, Dilma afirmou ao Estado que só aprovou a compra da primeira metade da refinaria de Pasadena porque foi mal informada. Disse que o resumo técnico do negócio era "falho" e "incompleto".

O autor do resumo técnico criticado pela presidente foi Nestor Cerveró, então diretor da área internacional da Petrobras, Cerveró deixou o cargo em 2008, quando a estatal brasileira iniciou o litígio com a sócia belga. Foi alocado numa diretoria da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras responsável pelos postos de gasolina da estatal. Após a declaração pública de Dilma sobre as circunstâncias da aprovação do negócio pelo Conselho de Administração em 2006, Cerveró foi demitido da BR Distribuidora.

Defensores

Além dele, o ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli e o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa eram entusiastas da compra da refinaria. Costa era do "comitê de proprietários" de Pasadena, uma instância de poder da refinaria que a atual presidente da Petrobras, Graça Foster, disse desconhecer até a semana passada.

O ex-diretor de Abastecimento, que não estava mais na estatal, foi preso na semana passada sob suspeita de receber propina em contratos da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

Em meio à polêmica, a oposição no Congresso articula a criação de uma CPI a fim de investigar as várias suspeitas envolvendo a companhia petrolífera. O grupo já tem assinaturas para abrir a comissão no Senado.

Já Graça Foster, sucessora de Gabrielli, determinou a abertura de uma investigação interna na Petrobras para apurar todo o processo de compra de Pasadena. Os resultados da investigação serão apresentados em até 45 dias.

Pasadena era uma refinaria ultrapassada e sem capacidade para processar o óleo pesado produzido pela Petrobras. O objetivo da estatal era reformá-la para que ela pudesse refinar o óleo extraído da Bacia de Campos, em especial do campo de Marlim. Oito anos e pelo menos US$ 1,265 bilhão mais tarde, nenhum barril de Marlim foi refinado na empresa, que até agora não passou pelas reformas previstas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.|

A Petrobras informa que a Comissão Interna de Apuração, constituída em 13 de fevereiro para averiguar as denúncias de supostos pagamentos de suborno a empregados da companhia, envolvendo a empresa SBM Offshore, concluiu que, baseada nos trabalhos realizados e restrita à sua competência regulamentar, não encontrou fatos ou documentos que evidenciem pagamento de propina a empregados da Petrobras.

Em anúncio publicado nesta segunda-feira, 31, nos jornais, a empresa afirma ainda que durante os trabalhos da comissão interna foram prestados esclarecimentos à Controladoria Geral da União e ao Ministério Público Federal. "O relatório final da comissão interna de apuração da Petrobras será encaminhado à Controladoria Geral da União, ao Tribunal de Contas da União e ao Ministério Público Federal.

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Sobre a Refinaria de Pasadena, a estatal informa que constituiu em 24 de março outra comissão, coordenada pela auditoria interna, para apurar os processos de compra da refinaria localizada no Texas. O prazo previsto é de 45 dias para apresentar suas conclusões.

A empresa destaca que desde dezembro de 2012 vem atendendo aos órgãos públicos e aos órgãos de controle (Controladoria-Geral da União, Tribunal de Contas da União, Ministério Público, Comissão de Valores Mobiliários e Requerimentos de Informações de Parlamentares), fornecendo informações e documentos sobre o processo de compra da refinaria. "O relatório final da Comissão Interna de Apuração da Petrobras será encaminhado à Controladoria-Geral da União, ao Tribunal de Contas da União e ao Ministério Público Federal", afirma.

A venda da refinaria de Pasadena à Petrobrás foi comemorada pela Astra Oil, do barão belga Albert Frère, como "um triunfo financeiro acima de qualquer expectativa razoável". O grande negócio, no entanto, não foi a única aposta lucrativa do magnata de 87 anos em relação ao Brasil. Operações de empresas da área de energia ligadas ao homem que "na Bélgica, manda mais que o rei", segundo um dito popular do país, espalham-se por 12 Estados brasileiros e renderam, só em 2013, lucros próximos de R$ 1,73 bilhão.

O coração da rede ligada ao bilionário no Brasil é sua participação na gigante GDF-Suez. Frère detém 5,3% da empresa de energia, em sociedade com o governo da França - o Estado francês tem 35,9%. A GDF-Suez participa da construção da usina de Jirau, em Rondônia, em consórcio com Mitsui & Co. e Eletrobrás e conta com financiamentos da ordem de R$ 9,5 bilhões do BNDES. A GDF-Suez, por sua vez, detém 68,7% da Tractebel Energia, maior geradora privada de eletricidade do Brasil, que opera em dez Estados e controla nove hidrelétricas, quatro termelétricas, dez usinas complementares e está construindo outras duas eólicas.

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Outro ramo de atuação ligado a Frère é a exploração do pré-sal. A petrolífera Total, na qual o barão tem 4% de participação acionária por meio do grupo Bruxelles Lambert (GBL), conquistou no ano passado o direito de explorar o campo de Libra, em consórcio com Petrobras, Shell e as chinesas CNPC e CNOOC. A fatia da Total é de 20% do bloco. A companhia já explora, também, o poço de Xerelete, na Bacia de Campos.

A Iberdrola, empresa espanhola de energia na qual Albert Frère detém participação acionária de 0,6%, também atua no Brasil. Conforme noticiou a Agência Estado, a empresa pretende investir a maior parte de 9,6 bilhões (mais de R$ 29 bilhões) líquidos nos próximos três anos no Brasil, Reino Unido, México e Estados Unidos, enquanto a Espanha ficará com 15% do total. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ex-presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse neste sábado (29) que não tem nada para comentar sobre a demissão de seu primo, José Orlando Azevedo. "A Petrobras é que tem que falar", afirmou em evento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), na Bahia.

Ele disse que foi ao Senado e falou por três horas "para explicar as estratégias e as razões econômicas da operação". "Desmontei a falsidade da informação que está sendo veiculada insistentemente dos US$ 42 milhões, do preço inicial, do US$ 1,1 bilhão do preço da refinaria. Expliquei que o mercado naquele momento era outro".

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Gabrielli afirmou ainda que o preço da refinaria, em termos de ativo, foi de US$ 486 milhões. "Isso, a 100 mil barris por dia, corresponde a US$ 4.860 por barril. Desafio qualquer analista a dizer que este preço está acima do mercado, mesmo com a disputa judicial". "O custo de refinaria foi de US$ 486 milhões, o US$ 1,2 bilhão corresponde ao custo da matéria prima adquirido, as garantias bancárias e o processo judicial. Portanto, não é custo da refinaria", completou.

Ele argumentou ainda que é preciso ponderar que a refinaria está produzindo. "Se ela hoje produz 100 mil barris por dia, a US$ 100 dólares o barril, são US$ 10 milhões de faturamento diário. US$ 3,6 bilhões por ano de faturamento. Isso não conta?", pergunta. "A usina está dando lucro".

Ele se defende ainda dizendo que a "exacerbação das informações é claramente campanha eleitoral da oposição contra a presidente Dilma Rousseff". Perguntado se iria à CPI da Petrobras caso seja convocado, disse que sim. "Devo ser um dos poucos que vai enfrentar duas CPIs", finalizou.

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