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A Petrobras demitiu o engenheiro José Orlando Azevedo, ex-presidente da Petrobras America entre 2008 e 2012, período em que a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, foi questionada judicialmente pela estatal. A refinaria era controlada pela subsidiária. Azevedo é primo do ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, e ocupava atualmente o cargo de diretor comercial da Transportadora Associada de Gás (TAG).

Azevedo estava à frente da subsidária durante o processo que resultou no pagamento de US$ 820 milhões pela Petrobras para aquisição da refinaria de Pasadena. Funcionário de carreira, ele foi indicado ao cargo pelo primo, mas foi substituído em 2012, logo após a posse da atual presidente da estatal, Graça Foster. Desde então, ele ocupava a diretoria da subsidiária de gás. A demissão foi definida na última quinta-feira, em reunião da diretoria da empresa, e revelada pelo jornal O Globo deste sábado.

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Em nota, a Petrobras confirmou a demissão, considerada "rotineira". "A substituição do Sr. José Orlando Azevedo foi uma mudança de caráter gerencial rotineira. Junto com essa substituição, na mesma pauta, foram aprovadas mais oito alterações e reconduções", diz o comunicado.

Esta é a segunda demissão na diretoria das subsidiárias da Petrobras em duas semanas. No dia 21 de março, Nestor Cerveró, diretor da área internacional da estatal na época da compra da refinaria de Pasadena, também foi exonerado do cargo de diretor financeiro da BR Distribuidora, que ocupava desde 2012. Ele também havia sido afastado da área internacional da Petrobras pela por Graça Foster em 2012.

Cerveró é apontado como articulador da aquisição da refinaria de Pasadena e autor do "resumo executivo" apresentado ao Conselho de Administração da Petrobras, em 2006, para embasar a avaliação da compra. A presidente Dilma Rousseff classificou o relatório como "falho" e "incompleto" ao justificar o seu aval à compra da refinaria que custou, ao todo, US$ 1,2 bilhão à estatal.

A compra da refinaria está sendo investigada pela Polícia Federal, Ministério Público Federal, pelo Tribunal de Contas da União há pelo menos um ano. A Petrobras, entretanto, só abriu auditoria interna para apurar as denúncias na última segunda-feira, dois anos após as primeiras denúncias de irregularidades no negócio. Outro articulador da aquisição, o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, está preso desde o dia 20 de março. Ele foi citado nas investigações da operação Lava Jato, da Polícia Federal, suspeito de receber propina em um esquema que desviou R$ 10 bilhões.

O Conselho de Administração da Petrobrás tratou no mínimo cinco vezes da compra da refinaria de Pasadena (EUA), conforme mostram atas de reunião entre 2006 e 2012, mas levou pelo menos 21 meses entre tomar conhecimento sobre supostos problemas no contrato e a abertura de uma investigação interna para apurar o caso.

As atas de números 1.268, 1.301, 1.303, 1.320 e 1.368 mostram que a presidente Dilma Rousseff - ministra da Casa Civil no período em que foi conselheira da Petrobrás - participou das quatro primeiras reuniões da lista, sempre como chefe do colegiado. A última foi em 2009. Dilma deixou a presidência do conselho em 2010, quando disputou a eleição ao Planalto.

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A atual presidente da Petrobrás, Graça Foster, participou da quinta reunião, em 13 de junho de 2012, três meses após assumir o comando da empresa. Nesse dia, foi discutida a omissão de falhas no acordo de compra da primeira metade da refinaria, como a cláusula que assegurava rentabilidade de 6,9% à belga Astra Oil em condições especiais. A afirmação é do conselheiro Silvio Sinedino, que estava presente na reunião.

"Pedi que fosse apurado quem tinha enganado o conselho. Mas nada foi feito na época, mesmo porque não era ano eleitoral", disse. "Nessa reunião, veio à tona a existência da cláusula de rentabilidade e que ela não havia sido apresentada anteriormente ao conselho."

A Petrobrás só abriu investigação interna sobre a compra da refinaria nesta semana, quando a presidente Graça Foster disse ter sido surpreendida pela existência de um comitê de proprietários de Pasadena, em que a estatal era representada pelo então diretor Paulo Roberto Costa, preso neste mês pela Polícia Federal na Operação Lava Jato.

A menção à existência das falhas do contrato de Pasadena não foi registrada na ata de junho de 2012. Estavam nessa reunião o ministro da Fazenda e atual presidente do conselho, Guido Mantega; a ministra do Planejamento, Mirian Belchior; e os conselheiros Francisco Albuquerque, Jorge Gerdau, Josué Gomes da Silva, Luciano Coutinho, Sergio Quintella e Sinedino, além de Graça Foster.

Abstenção. Representante dos trabalhadores, Sinedino foi o único a se abster na votação sobre o acordo de US$ 820,5 milhões para a Petrobrás encerrar disputas judiciais com a Astra e adquirir a segunda metade da planta, conforme a ata 1.368. A primeira metade havia custado US$ 360 milhões em 2006.

Sinedino disse que se absteve porque havia uma decisão de primeira instância sobre o caso favorável à Petrobrás, o que dava chances de vitória à estatal na Justiça. Segundo ele, não se tinha na época dimensão do prejuízo da empresa, já que o valor de compra da refinaria pela Astra, em 2005, foi omitido do Conselho de Administração.

Esse montante, de US$ 42,5 milhões, foi revelado um mês depois, em 11 de julho de 2012, pelo Broadcast, serviço de tempo real da Agência Estado, com base em documentos do mercado financeiro europeu. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo

A compra da refinaria de Pasadena foi tratada no conselho de administração da Petrobras pelo menos cinco vezes, segundo atas de reunião entre 2006 e 2012 (1.268, 1.301, 1.303, 1.320 e 1.368). A presidente Dilma Rousseff estava presente nas quatro primeiras, sendo a última em 2009. Dilma deixou a presidência do conselho em 2010, ano em que concorreu à eleição. A atual presidente da Petrobras, Graça Foster, participou da quinta reunião, em 13 de junho de 2012, três meses depois de assumir a presidência da empresa. Documentos e relatos mostram que há pelo menos 21 meses as suspeitas no contrato são conhecidas no conselho, e mesmo assim não foi feita investigação interna.

Na reunião de 2012 foram discutidas as omissões em relação a falhas no acordo de compra da primeira metade da refinaria, a exemplo da cláusula que assegurava rentabilidade de 6,9% à belga Astra em condições especiais. A afirmação é do conselheiro Silvio Sinedino, presente à reunião. "Pedi então que fosse apurado quem tinha enganado o conselho. Mas nada foi feito na época, mesmo por que não era ano eleitoral", disse. "Nessa reunião veio à tona a existência da cláusula de rentabilidade e que ela não havia sido apresentada anteriormente ao conselho", disse.

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Segundo a ata 1.368, o representante dos trabalhadores no conselho foi o único a se abster na votação sobre o acordo de US$ 820,5 milhões para a Petrobras encerrar disputas judiciais com a Astra e adquirir a segunda metade da planta. A primeira metade havia sido comprada em 2006 por US$ 360 milhões. Sinedino disse que se absteve pois havia uma decisão favorável sobre o caso na Justiça em primeira instância que dava chances de vitória à estatal. Não se tinha, na época da reunião, disse, dimensão de prejuízo da estatal, já que o valor de compra da refinaria pela belga Astra, em 2005, foi omitido do conselho de administração. O valor de US$ 42,5 milhões foi revelado apenas um mês depois, em 11 de julho de 2012, pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real, após investigação própria.

A existência das falhas do contrato não foi registrada na ata. A existência delas também foi negada ao Broadcast um mês depois, quando a reportagem indagou a empresa sobre a possibilidade de erros no contrato. "Nós não identificamos falha no contrato", disse, via assessoria de imprensa, em 11 de julho de 2012. O Broadcast detalhou as falhas no contrato, como a cláusula de rentabilidade, a opção de venda pelos belgas ("put option") e irregularidades no estoque, em maio de 2013.

A Petrobras só abriu investigação interna na semana passada, quando a presidente Graça Foster diz ter sido surpreendida com a existência de um comitê de proprietários de Pasadena, em que a Petrobras era representada pelo então diretor da estatal, Paulo Roberto Costa, preso neste mês pela Polícia Federal na operação Lava Jato.

Estavam presentes na reunião de junho de 2012 o ministro da Fazenda e presidente do conselho, Guido Mantega; a presidente da Petrobras, Graça Foster; a ministra do Planejamento Mirian Belchior; e os conselheiros Francisco Albuquerque, Jorge Gerdau, Josué Gomes da Silva, Luciano Coutinho, Sergio Quintella e Sinedino.

1ª reunião - A ata (1.268) da primeira das cinco reuniões, em 2006, corrobora nota de Dilma sobre a proposta da compra de metade da refinaria ter sido apresentada pelo diretor da área Internacional, Nestor Cerveró. "Por solicitação do conselheiro e presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli de Azevedo, o diretor Internacional, Nestor Cuñat Cerveró, relatou ao conselho a matéria de referência, já apreciada pela diretoria executiva (ata D.E. 4.567, item 27, de 2-2-2006)", disse a ata, sem entrar em grandes detalhes sobre o tema. Estavam nesta reunião os então ministros Antonio Palocci e Jaques Wagner e os demais conselheiros Claudio Haddad, Fabio Barbosa e Glauber Vieira. A aquisição de 50% da planta foi aprovada.

A reunião seguinte aconteceu em 3 de março de 2008, quando a Astra decidiu exercer seu direito de vender sua metade do negócio (put option). A ata sobre "aquisição dos remanescentes 50% de participação da refinaria de Pasadena" é sucinta. Mostra que, em vez de Nestor, Gabrielli levou o gerente executivo de Internacional Américas, África e Eurásia, Samir Passos Awad, para relatar "ao conselho a matéria de referência".

Segundo nota da presidência do último dia 19, apenas "nessa oportunidade, o Conselho tomou conhecimento da existência das referidas cláusulas e, portanto, que a autorização para a compra dos primeiros 50% havia sido feita com base em informações incompletas". O conselho resolve "determinar a reapresentação da matéria com informações complementares".

Ata 1.303 - A terceira reunião acontece dois meses depois, em 12 de maio de 2008, e tampouco há decisão. O conselho resolve "transferir a decisão para a próxima reunião". Estavam presentes além de Dilma, os conselheiros Arthur Sendas, Fabio Barbosa, Francisco Albuquerque, Guido Mantega, Jorge Gerdau, Luciano Coutinho, Silas Rondeau e Gabrielli.

Em 30 de julho de 2009, sob a presidência de Dilma, o conselho de administração decide "dar prosseguimento ao contencioso". O conselho, presidido por Guido Mantega, decide aprovar o acordo e encerrar disputas judiciais. O valor de US$ 820,5 milhões pagos não é citado. Sinedino se abstém. Votam a favor Mantega, Graça Miriam Belchior, Francisco Albuquerque, Jorge Gerdau, Josué Gomes da Silva, Luciano Coutinho e Sergio Quintella.

A avaliação prévia da situação comercial e financeira da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), para orientar sua compra pela Petrobras, foi feita em prazo de cerca de 20 dias, segundo documento confidencial da própria estatal, datado de 31 de janeiro de 2006. Um procedimento padrão de "due diligence" (como o mercado chama a auditoria realizada para avaliar questões jurídicas, operacionais e financeiras em processos de fusões e aquisições) levaria de dois a três meses para ser concluído.

O documento foi revelado nesta sexta-feira (28), pelo jornal O Globo. Em um dos anexos do documento, uma consultoria contratada pela estatal pouco antes da compra, a BDO Seidman, de Los Angeles (EUA), disse que, em razão do "tempo limitado", a estatal deveria buscar sua própria avaliação de dados.

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A Petrobras comprou a refinaria da trading belga Astra Oil em 2006. Após litígio com o sócio e disputa judicial, a estatal foi obrigada a comprar a totalidade do negócio em 2012, pagando US$ 1,18 bilhão por toda a operação, que oito anos antes fora adquirida por US$ 42,5 milhões pelos belgas, como revelou o Broadcast, serviço de notícia em tempo real da Agência Estado, em julho de 2012.

Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff confirmou, em nota ao jornal O Estado de S. Paulo, que aprovou o negócio quando era presidente do conselho de administração da Petrobras, mas alegou que a decisão foi tomada com base em "resumo executivo" falho, preparado pelo então diretor da Área Internacional da estatal, Nestor Cerveró.

O documento obtido pelo Globo mostra que, após a coleta de documentos e reuniões com diretores financeiros da Astra, a Petrobras teve de fazer nova avaliação em apenas cinco dias. Assinado por gerentes da área tributária e jurídica da estatal, o texto ainda recomendou a criação de uma cláusula responsabilizando a Astra por qualquer tributo devido em decorrência da reestruturação, para se eximir de possíveis passivos.

O governador de Pernambuco e presidenciável Eduardo Campos (PSB) condenou nesta sexta-feira (28) a "atitude infantil" do governo federal de tentar tirar o foco da CPI da Petrobras, adicionando outras questões a serem esclarecidas e que atingem o PSDB e o PSB - o cartel de trens e metrô de São Paulo e obras de Suape em Pernambuco. "Não podemos de forma nenhuma admitir uma atitude que cheira até a infantilidade, de tentar fazer um processo de defesa que parece quase uma confissão de culpa, quando, em vez de responder com objetividade e tranquilidade um assunto, tenta puxar outros assuntos", afirmou ele.

"Se cabe esclarecimentos sobre outros assuntos que eles sejam dados por quem de direito". Para ele, as decisões sobre objeto da CPI devem ser tomadas pelo Congresso Nacional, com total independência. "Todos os gestores municipais e estaduais devem estar abertos a favorecer o controle social, os esclarecimentos à sociedade, aos organismos de controle".

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"Mas, agora, neste momento, a sociedade quer saber o que há com a Petrobras, como nós brasileiros vamos ajudar a Petrobras a melhorar", disse. "É isso, não é um debate eleitoral, investigue aquilo se não investigo aquilo outro. Que se investigue tudo, com a maior tranquilidade do mundo", disse. "Em hora nenhuma isso deve ser colocado como um cabo de aço eleitoral ou político", complementou o governador. "É uma questão objetiva: nós temos uma empresa, a maior brasileira, que nos últimos três anos perdeu a metade do seu patrimônio, multiplicou sua dívida por quatro e tem um conjunto de circunstâncias que levaram o parlamento a tomar uma decisão por sua investigação". Acrescentou não caber nenhum tipo de pré-julgamento porque as investigações estão em curso.

A seu ver, a sociedade não vai deixar que se tire o foco da Petrobras. "A sociedade brasileira merece, tem o direito de ser esclarecida sobre o que houve na Petrobras", defendeu. "Não quer dizer que todas as pessoas que trabalham na Petrobras têm culpa ou todos que dirigiram a Petrobras têm culpa, mas alguém errou e a gente precisa blindar a empresa de novos erros no futuro", disse. "E se porventura alguém errou com dolo, com culpa, tem de pagar porque se trata de uma empresa pública importante para o desenvolvimento brasileiro".

O pré-candidato à presidência da república deu entrevista depois de assinar seis decretos para criação de áreas de conservação de caatinga e mata atlântica, em um evento no Palácio do Campo das Princesas, quando o secretário estadual do Meio Ambiente, Sérgio Xavier (PV) fez um balanço das ações da secretaria criada no segundo governo Campos.

O governador relembrou que a CPI da Petrobras "surgiu em função de movimentos do próprio governo, quando a presidência da republica, respondendo a uma nota do jornal O Estado de S. Paulo diz que fez um negócio numa refinaria (Pasadena, na California) e não teria feito se soubesse o que estava nos documentos que não chegaram à reunião do conselho de administração". Depois disso, apesar dos pedidos, o governo não enviou imediatamente ao Congresso Nacional as pessoas que poderiam esclarecer o assunto.

O pré-candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves (MG), criticou nesta quinta-feira o fato de a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, desconhecer a existência de um comitê interno da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), que se sobrepunha ao Conselho de Administração da estatal. "Eu acho que ela está se contaminando um pouco pelas versões de cima: eu não sabia", disse Aécio, em entrevista no Senado.

A revelação da existência do Conselho foi feita por Graça Foster em entrevista ao jornal O Globo publicada ontem. O tucano disse não considerar adequado que a presidente da Petrobras, por quem tem um "enorme respeito pessoal", "dê uma desculpa como essa". "Isso assusta a todos. Para mim, pessoalmente, ela ainda era ou é um dos pilares para que este assalto aos cofres da Petrobras seja ainda maior", afirmou.

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Aécio Neves disse que Graça Foster é "uma mulher de bem, mas perdeu a capacidade de comandar". "Acho que as forças que estão no seu entorno são tão poderosas e mandam tanto que se chegou ao cúmulo de ter um comitê que ela própria desconhecia e decidindo o destino de milhões e milhões de dólares da companhia", destacou.

Hoje, reportagem da Folha de S. Paulo revela que há mais de sete anos a Petrobras sabia da existência o comitê misterioso que Graça Foster diz não conhecer. A gestão da estatal está sob pressão desde a semana passada depois que o jornal O Estado de S. Paulo revelou que a presidente Dilma Rousseff, quando presidia o Conselho de Administração da Petrobras, votou a favor da compra de parte da refinaria de Pasadena com base em um resumo juridicamente "falho".

Em 2012, a estatal concluiu a compra da refinaria e pagou ao todo US$ 1,18 bilhão por Pasadena, que, sete anos antes, havia sido negociada por US$ 42,5 milhões à ex-sócia belga. A oposição anunciou ontem ter recolhido assinaturas para pedir no Congresso a criação de uma CPI para investigar irregularidades na estatal.

O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes, disse nesta quinta-feira que o caso Pasadena deve ser analisado nos próximos dias. "É trabalho que o tribunal está verificando. Deve ser relatado nos próximos dias", disse Nardes numa referência à transação comercial que envolveu a compra da refinaria em Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobras. O caso é relatado pelo ministro José Jorge. Ele tem a prerrogativa de definir quando apresentará seu parecer, mas Nardes adiantou que isso não vai passar do primeiro semestre.

Após participar da cerimônia de assinatura de acordos de cooperação técnica para utilização do "Sistema Eletrônico de Envio de Documentos Legislativos", no Senado, Augusto Nardes disse ter conversado pessoalmente com a presidente da Petrobras, Graça Foster, no ano passado. "Ela confirmou e temos dados, especialmente em relação à questão de Pasadena, de que havia sido feita uma compra por R$ 42 milhões e depois ter sido pago próximo de R$ 1,2 bilhão", relatou o ministro. Conforme revelou o jornal O Estado de S. Paulo, a presidente Dilma Rousseff votou à favor da transação. Na época, ela era ministra-chefe da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobrás.

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O ministro disse que o tribunal já tinha conhecimento de cláusulas desfavoráveis à estatal que a presidente Dilma Rousseff alegava desconhecer. "Pode ser que alguma das partes não tenha tido conhecimento. Mas um conselho, quando se reúne, tem que tomar decisão de forma coletiva e aprofundar as decisões. Eu espero que isso sirva de exemplo para que não aconteça mais", ressaltou. "Com certeza, o prejuízo para sociedade brasileira foi bastante significativo", acrescentou.

A primeira das cláusulas é a Put Option, que manda uma das partes da sociedade a comprar a outra em caso de desacordo entre os sócios. A segunda, a Marlim, garantia à sócia da Petrobras um lucro de 6,9% ao ano mesmo que as condições de mercado fossem adversas.

Nardes também colocou o TCU à disposição do Congresso e da possível Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras para quaisquer esclarecimentos sobre as investigações em curso. "O tribunal está à disposição para a CPI. Se for necessário colocar técnicos, auditores nossos, estaremos aqui para colaborar com a democracia brasileira", destacou.

A Polícia Federal descobriu que uma empresa de "consultoria" controlada pelo doleiro Alberto Youssef, alvo da Operação Lava Jato, movimentou quase R$ 90 milhões entre 2009 e 2013. A suspeita é de que parte desses valores foi utilizada para pagamento de propinas para agentes públicos corrompidos por Youssef. O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa é apontado como um desses agentes públicos. A PF acredita que Costa tenha recebido propina quando integrava a direção da estatal e atuava na construção da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco.

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, que também é um dos protagonistas da polêmica compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, está preso preventivamente no Parará sob suspeita de corrupção passiva. A descoberta do fluxo do caixa do doleiro ocorreu após análise da quebra de sigilo bancário da MO Consultoria e Laudos Estatísticos, que Youssef criou para captar valores de "clientes" empresários, segundo a PF.

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A Lava Jato foi desencadeada há 10 dias para desmontar um esquema de lavagem de dinheiro que atingiu o montante de R$ 10 bilhões. A apuração mostra as digitais de Youssef em negócios sob suspeita também no Ministério da Saúde, além da Petrobrás.

Histórico. Youssef é um antigo conhecido da Justiça Federal. Nos anos 1990 ele foi protagonista do escândalo Banestado, evasão de US$ 30 bilhões. Na ocasião, ele fez delação premiada e contou parte do que sabia.

A Lava Jato o flagrou em ação novamente. A suspeita de pagamento de propinas ao ex-diretor da Petrobras inclui um presente: o doleiro deu a Costa uma Land Rover Evoque de R$ 250 mil. As "comissões" para Costa e outros suspeitos podem ter chegado a quase R$ 8 milhões.

A PF interceptou uma planilha de pagamentos de "comissões" que somam R$ 7.950.294,23 com indicação, no campo fornecedor, das siglas MO e GFD. Segundo a PF, a GFD Investimentos e a MO Consultoria "são empresas controladas por Youssef, que as colocou em nome de pessoas interpostas e são por ele utilizadas para ocultação de patrimônio e movimentação financeira relacionada às operações de câmbio no mercado negro".

A planilha também cita a sigla CNCC, que a PF acredita ser Consócio Nacional Camargo Corrêa, que atua nas obras da refinaria de Abreu e Lima. A defesa do doleiro não foi localizada ontem pelo Estado. O advogado Fernando Fernandes, que defende o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, nega que seu cliente tenha recebido propina e diz que as suspeitas são "injustas". A Camargo Corrêa tem refutado as suspeitas de propina na obra da Abreu e Lima. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Dois anos após as primeiras denúncias de irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, a Petrobras decidiu instaurar uma comissão para apurar o caso. A estatal informou nesta quarta-feira que abriu as investigações somente na última segunda-feira, dia 24. A decisão foi tomada após a descoberta de que haveria um comitê paralelo ao Conselho de Administração da Petrobras, exclusivo para deliberações sobre a refinaria.

Também pesou para a abertura da investigação o comunicado da presidente Dilma Rousseff confirmando que deu aval à compra da refinaria, em 2006. Em resposta ao jornal O Estado de S. Paulo, na última quarta-feira, a presidente afirmou que a aprovação foi baseada em um relatório "falho" feito pela diretoria da empresa.

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A existência de um comitê paralelo e com poderes superiores à administração da estatal foi revelada pela própria presidente da Petrobras, Graça Foster, em entrevista ao jornal O Globo. "Eu descobri ontem (segunda). Não sabia que existia um comitê de proprietários de Pasadena no qual Paulo Roberto era representante da Petrobras. Esse comitê era acima do board (conselho)."

Paulo Roberto Costa é ex-diretor de Refino e Abastecimento e teria atuado, junto com o ex-diretor da área internacional, Nestor Cerveró, na articulação para compra da refinaria. Cerveró foi exonerado da diretoria da BR Distribuidora na última sexta-feira. Costa foi preso na última quinta-feira pela Polícia Federal.

O executivo é acusado de ligação com um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisa que movimentou cerca de R$ 10 bilhões. Ele também é suspeito de beneficiar empreiteiras em contratos fraudulentos para construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

Além de Paulo Roberto, também faria parte do comitê paralelo um executivo da empresa belga Astra. A companhia adquiriu a refinaria de Pasadena em 2005 por US$ 42,5 milhões. Um ano depois, vendeu metade da planta para a Petrobras por US$ 360 milhões. Em 2012, após quatro anos de processos judiciais, a estatal foi obrigada a comprar a outra metade, totalizando US$ 1,18 bilhão.

O caso está sendo investigado há pelo menos um ano pela PF, pelo Ministério Público Federal, pelo Tribunal de Contas da União e pela Corregedoria Geral da União. As denúncias foram reveladas pelo Broadcast, serviço de informação em tempo real da Agência Estado.

Investigações

De acordo com a Petrobras, em 45 dias serão apresentados à diretoria os primeiros resultados da investigação. Em nota, a companhia informa que "vem colaborando com todos os órgãos públicos, fornecendo informações sobre o processo de compra da refinaria de Pasadena, a fim de contribuir com as respectivas apurações".

A empresa havia aberto, até então, apenas uma apuração administrativa, sem caráter punitivo. Na entrevista, Graça Foster afirma que foi surpreendida pela existência do comitê paralelo e por isso resolveu abrir a comissão interna. "Não ficará pedra sobre pedra", disse a executiva. "Não aceito que me venha um comitê que eu não saiba. E isso não aceito de jeito nenhum". A declaração de Graça sobre o órgão paralelo amenizaria a responsabilidade do Conselho de Administração pelo aval à compra da refinaria. Na época da aquisição, em 2006, o colegiado era comandando por Dilma Rousseff, então ministra de Minas e Energia.

Dilma afirmou que o conselho não tinha conhecimento das cláusulas desfavoráveis à Petrobras, conhecidas como `Put Option' e `Marlim'. A primeira obriga uma das sócias a adquirir toda a refinaria em caso de conflito. Já a cláusula Marlim garante uma taxa de retorno de 6,9% à sócia belga mesmo em caso de prejuízo nas operações. Somente em março e abril de 2008 esses detalhes foram levados ao conselho de administração, ainda sob comando de Dilma. O colegiado, então, decidiu questionar o negócio em uma arbitragem internacional. Segundo Graça Foster, o comitê paralelo deixou de existir naquele ano.

Indicação

Funcionária de carreira da Petrobras, Graça foi indicada à presidência da estatal por Dilma Rousseff. Logo após assumir o cargo, em 2012, Paulo Roberto Costa deixou a estatal. Outros diretores também foram afastados e parte dos negócios foi revista. A refinaria de Pasadena é uma subsidiária da Petrobras Americas, com escritório em Houston. A sede fiscal, no entanto, é em Delaware - um paraíso fiscal considerado por técnicos da Comissão de Valores Mobiliário (CVM) mais fechado do que as Ilhas Cayman.

O Broadcast pediu à estatal a documentação com os balanços de Pasadena e da Petrobras Americas via lei de acesso à informação, com o detalhamento sobre custos, investimentos e resultados. A Petrobras informou que, como as sedes estão no exterior, não há obrigatoriedade de a Petrobras responder à solicitação.

O ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli contradisse na tarde desta quarta-feira (26) a atual presidente da estatal, Graça Foster. Por meio de sua assessoria de imprensa, Gabrielli, hoje secretário de Planejamento da Bahia, disse que "não era desconhecida" a informação de que havia um comitê para gerir a refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), e que sua criação constava no acordo de acionistas celebrado para a unidade.

Graça havia dito, em entrevista ao jornal O Globo, ter sido surpreendida ao saber da existência do comitê. O ex-presidente da empresa, porém, não quis dar mais detalhes sobre a negociação e disse que quem deve esclarecer dúvidas sobre a administração da estatal é sua atual direção.

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A defesa do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, entrou nesta terça-feira (25) com novo pedido de habeas corpus junto ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (Rio Grande do Sul) sob o argumento de que sua prisão é "ilegal". Costa está preso em Curitiba desde a semana passada.

O advogado Fernando Fernandes considera a prisão de Paulo Roberto ilegal "porque foi fundamentada em ilações e incentivada por oportunismos políticos, aos quais não cabe defesa". Ele sustenta ainda: "Paulo Roberto serviu à Petrobras e ao País durante 35 anos e seu patrimônio vem de sua longa carreira profissional e de sua empresa depois de aposentado."

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Segundo o advogado, o ex-diretor da Petrobras "não patrocinou nem arrecadou valores para qualquer campanha política e também não recebeu qualquer valor enquanto esteve na Petrobras". Além do recurso junto ao TRF4, Fernando Fernandes irá impetrar novo habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça.

Um grupo de senadores "independentes" entrou nesta terça-feira com uma representação contra a presidente Dilma Rousseff na Procuradoria-Geral da República (PGR). Eles pedem que o procurador-geral, Rodrigo Janot, investigue a compra, pela Petrobras, de uma refinaria em Pasadena, Texas (EUA).

O jornal O Estado de S. Paulo revelou, semana passada, que Dilma, na época ministra da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobras, votou a favor da transação com base em um resumo que ela própria classificou como "falho" e "incompleto". No requerimento apresentado, os parlamentares citam trechos da reportagem do jornal e alegam que a operação resultou em um prejuízo de aproximadamente R$ 1 bilhão.

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Os senadores argumentam ser necessário avaliar se Dilma votou favoravelmente à compra por omissão ou se o processo de venda da refinaria foi conduzido irregularmente. "Como presidente do Conselho de Administração, frisa-se que a senhora Dilma Rousseff tinha acesso a todos os documentos relativos à compra, cabendo a ela o dever de vigilância sobre os atos tomados pelo colegiado", consta no texto da representação entregue a Janot.

Um dos integrantes do grupo, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), disse haver a possibilidade de a presidente ter cometido crime de prevaricação, que consiste em "retardar, deixar de praticar ou praticar indevidamente ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal". Segundo ele, o procurador-geral da República prometeu dar celeridade e objetividade à apuração.

Também foram ao Ministério Público os senadores Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), Cristovam Buarque (PDT-DF), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Pedro Taques (PDT-MT), Pedro Simon (PMDB-RS), Randolfe Rodrigues (Psol-AP) e Ana Amélia (PP-RS).

Antes de se dirigirem à PGR, o grupo conseguiu aprovar nas Comissões de Meio Ambiente, Fiscalização e Controle (CMA) e a de Assuntos Econômicos (CAE) convites ao ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, e à presidente da Petrobras, Graça Foster, para esclarecerem as denúncias de compra da refinaria de Pasadena em audiência pública conjunta. Na tarde de hoje, parlamentares da oposição da Câmara e do Senado se reúnem para discutir a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a operação.

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), informou que a estratégia do governo para esvaziar a tentativa de abertura de CPI sobre a Petrobras é levar os ministros ao Congresso para prestar todos os esclarecimentos possíveis. A presidente da Petrobras, Graça Foster, também irá ao Congresso dar informações aos parlamentares.

Humberto Costa ressaltou ainda que o tema sobre a compra da refinaria de Pasadena (EUA) já está sendo investigado pela Polícia Federal, Controladoria Geral da União e Tribunal de Contas da União. "Acima de tudo, vamos esclarecer os senadores e os deputados", afirmou Costa, acrescentando que "há muita especulação sobre o tema e as pessoas talvez não tenham tido as explicações sobre como, de fato, as coisas aconteceram". O líder lembrou ainda que, no ano passado, o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli foi à Comissão de Fiscalização, fez uma apresentação sobre esse tema e emendou: "na época, não houve, por parte da oposição, qualquer contestação naquele momento".

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Repetindo o discurso que tem sido apresentado pelo governo nos últimos dias, Humberto Costa disse que no momento da compra da refinaria de Pasadena, "do ponto de vista do mercado, naquele momento era uma proposta que interessava ao Brasil". Para ele, a empresa "deixou de ser uma proposta rentável por conta da crise, mas já está voltando novamente a ser rentável". E explicou: "tanto é que a Petrobras não considerou a refinaria no seu plano de desmobilização para elevar o seu caixa". As declarações de Costa foram dadas no Planalto, depois da reunião de líderes com a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti.

O presidente do DEM, senador José Agripino (RN), defendeu nesta segunda-feira (24) que uma possível Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as suspeitas de irregularidades na Petrobras ocorra antes das eleições de outubro. "Temos que produzir constatações rápidas. A sociedade está cobrando respostas", respondeu o senador ao ser questionado sobre a pressa em instalar a CPI.

Amanhã (25), deputados e senadores se reúnem para definir a estratégia a ser adotada frente às denúncias. A instalação de uma CPI é uma das hipóteses cogitadas. Ontem, essa possibilidade ganhou fôlego, após o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) ter mudado de ideia e defender que as investigações ocorram por meio de uma Comissão Parlamentar de Inquérito. Ainda falta, contudo, definir o formato - se ela será mista, com as duas Casa, apenas no Senado, ou somente na Câmara. "A CPI é a única forma rápida de averiguação de denúncias, capaz de quebrar sigilos, convocar autoridades para depoimentos e dar o retorno que a sociedade quer", ressaltou o presidente do DEM.

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A CPI tem um prazo de 90 dias para finalizar as investigações as quais se propõe, prorrogáveis por mais 90 dias. Assim, para que as averiguações sobre a compra pela Petrobras de uma refinaria em Pasadena, Texas, com aval da presidente Dilma Rousseff, sejam finalizadas antes das eleições, os parlamentares terão que correr para conseguir cumprir as normas regimentais até abril.

Para instalar a CPI, são necessárias assinaturas de 27 senadores e 171 deputados. Além disso, como há 12 pedidos de abertura de CPI por deputados, para que as investigações sobre a Petrobras vinguem ainda será necessário aprovar um requerimento para passá-la na frente.

Na semana passada, o jornal O Estado de S. Paulo publicou material mostrando que documentos até então inéditos revelavam que a presidente Dilma votou em 2006 favoravelmente à compra de 50% da polêmica refinaria de Pasadena. A petista era ministra da Casa Civil e comandava o Conselho de Administração da Petrobras. Na terça-feira, 19, ao justificar a decisão ao jornal, ela disse que só apoiou a medida porque recebeu "informações incompletas" de um parecer "técnica e juridicamente falho". Foi sua primeira manifestação pública sobre o tema.

O ministro José Jorge, relator no Tribunal de Contas da União (TCU) da compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), revelou nesta segunda-feira (24), em entrevista ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que o processo da Petrobras envolvendo a aquisição da unidade está incompleto. Segundo ele, há pelo menos seis meses ele tem conhecimento de falta de dados no processo.

Entretanto, José Jorge não soube informar se as informações que faltam dizem respeito às cláusulas contratuais que a presidente Dilma Rousseff, então ministra e presidente do Conselho de Administração da Petrobras, afirmou que não tinha a seu dispor quando aprovou, em 2006, a compra da refinaria. Em nota na semana passada, Dilma disse que, se soubesse da existência de duas cláusulas, não votaria a favor da operação.

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A primeira delas é a Put Option, que manda uma das partes da sociedade a comprar a outra em caso de desacordo entre os sócios. A segunda, a Marlim, garantia à sócia da Petrobras um lucro de 6,9% ao ano mesmo que as condições de mercado fossem adversas. Em 2012, a estatal concluiu a compra da refinaria e pagou ao todo US$ 1,18 bilhão por Pasadena, que, sete anos antes, havia sido negociada por US$ 42,5 milhões à ex-sócia belga Astra Oil.

O ministro disse que o TCU investiga duas questões: se a venda da refinaria foi boa ou ruim para os cofres públicos e se o Conselho de Administração da Petrobras foi bem informado quanto à operação. "Temos que saber se ele se decidiu com base em uma informação correta ou não", afirmou José Jorge. O processo envolvendo a venda da refinaria foi aberto em março de 2013 e, no momento, está na área técnica do tribunal. Segundo o relator, a previsão é que volte ao gabinete dele no final de abril. Só depois disso ele prepararia um voto para levar ao plenário.

José Jorge afirmou que não sabe se, a partir das declarações de Dilma, será preciso mais tempo para instruir o processo. Ele disse que os novos dados podem levar à mudança da instrução e a um aprofundamento do processo. Não há prazo, portanto, para o caso ser julgado pelo TCU.

Ex-ministro de Minas e Energia do governo FHC e ex-presidente do Conselho de Administração da Petrobras, o ministro disse que, na época que passou pela empresa, nenhum conselheiro da estatal era obrigado a decidir apenas com base no resumo. Foi o que Dilma alega ter feito no caso de Pasadena, aprovado por unanimidade do colegiado. Segundo ele, todo o processo de venda de uma refinaria fica à disposição dos conselheiros e, em caso de dúvida, qualquer integrante sempre pode pedir vista para analisar melhor o caso. "O normal é que, se não há dúvida, se decida com base no resumo executivo", afirmou.

José Jorge admitiu que pode ter ocorrido de Dilma ter decidido com base em um resumo que não esteja completo. "Isso pode ter acontecido, mas a gente ainda não tem conhecimento, o processo ainda está na área técnica", afirmou. "Eles já estavam examinando isso (a venda da refinaria) e podem examinar com mais detalhe", completou.

Ex-senador pelo PFL (atual DEM), o ministro não quis opinar sobre a possibilidade de criação de uma CPI para agilizar as investigações que envolvem a refinaria de Pasadena. "Não vou comentar, isso é coisa do Congresso. Isso é uma questão política e é o Congresso que tem que decidir", encerrou.

As crises envolvendo a Petrobras e o setor elétrico do País colocam na berlinda a imagem de boa gestora que a presidente Dilma Rousseff explora desde a época em que ocupava o ministério de seu padrinho político e antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. As duas áreas estão diretamente ligadas à sua passagem pelo governo federal como titular da pasta de Minas e Energia e da Casa Civil.

Seus opositores na corrida presidencial acreditam, agora, que terão uma forte arma contra a vantagem da petista nas pesquisas de intenção de voto - se a eleição fosse hoje, ela venceria Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) no primeiro turno.

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Na semana passada, o senador tucano foi o que mais tirou proveito político da crise na Petrobras. Em uma prévia do que pretende levar à campanha sobre o tema, discursou na tribuna do Senado e cobrou a responsabilidade de Dilma. "Desde que assumiu a Presidência a atual presidente, o prejuízo, a perda de valor de mercado, somadas Petrobras e Eletrobras, chega a cerca de US$ 100 bilhões. Essa é a gestão eficiente, é a condução dada por alguém que conhece dos assuntos?"

Conforme revelou o jornal O Estado de S. Paulo na quarta-feira passada, Dilma apoiou em 2006, quando era ministra da Casa Civil e comandava o Conselho de Administração da Petrobras, a compra de 50% de uma polêmica refinaria em Pasadena, nos EUA. O valor total do negócio ultrapassou US$ 1 bilhão, apesar de, poucos anos antes, a mesma refinaria ter sido comprada por uma empresa belga por US$ 42,5 milhões.

Ao tentar justificar sua decisão em nota oficial enviada ao jornal, a presidente disse que se baseou num parecer "falho" e "incompleto". Ressaltou ainda que, se soubesse das cláusulas que obrigariam a estatal a comprar os 100% da refinaria anos depois, nunca teria apoiado o negócio.

Executivos da Petrobras e até o ex-presidente da estatal Sérgio Gabrielli questionaram a presidente num ponto que tem tudo a ver com a capacidade de gestão: disseram que as cláusulas que Dilma afirmava desconhecer são comuns em contratos do gênero.

"Esse caso é demolidor. Ela (Dilma) é um personagem criada pelo marketing do PT. A história de boa gestora é uma ficção. Ela ultrapassou seu nível de competência e mostrou toda a sua mediocridade", afirmou o líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Antonio Imbassahy (BA).

Pelo Twitter, o governador de Pernambuco, Eduardo campos, pré-candidato do PSB, disse: "Não é à toa que a Petrobras vive, hoje, a maior crise desde sua fundação." Parceira de Campos no projeto presidencial, a ex-ministra Marina Silva também explorou o caso: "É inacreditável que (Dilma) tenha tomado uma decisão com base em informações incompletas e use isso para justificar o prejuízo", disse na sexta-feira.

"Esse caso da Petrobras tem de ser visto também dentro de um contexto do fracasso da política energética e a deixa ainda mais vulnerável, porque ela construiu essa imagem de gestora nessa área e deveria entender mais", disse o líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), vai apresentar na segunda-feira pedidos para convocar os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e da Advocacia-Geral da União, Luís Inácio Adams, para explicarem sobre advertências feitas na operação de compra pela Petrobras da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). Reportagem da revista Veja deste final de semana revela que em 2008 Adams, na época procurador-geral da Fazenda Nacional e subordinado a Mantega, teria advertido a então secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, sobre as cláusulas que causariam prejuízos à estatal na negociação.

O informe para Erenice, ex-braço direito de Dilma, foi feito por determinação de Mantega. Uma das advertências referia-se a uma das cláusulas que a atual presidente disse que não tinha conhecimento, segundo revelou o jornal O Estado de S. Paulo esta semana, quando aprovou a compra da refinaria. É a cláusula Marlim, que garantia à sócia da Petrobras um lucro de 6,9% ao ano mesmo que as condições de mercado fossem adversas. Mas nenhuma providência teria sido tomada. O líder do DEM quer levar os dois para a Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara.

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"Temos que questionar os ministros porque essa recomendação feita a Casa Civil, comandada à época pela presidente Dilma, não foi levada adiante. Tratava exatamente das cláusulas mais lesivas desse contrato absurdo que contraria totalmente os interesses da Petrobras", afirma o partido, em nota.

O líder do DEM disse ao Broadcast Político que é importante que Adams leve ao Congresso as "informações jurídicas" do caso. E Mantega, quais providências foram tomadas após a advertência, uma vez que o ministro da Fazenda é o atual presidente do Conselho de Administração da Petrobras.

O Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse neste sábado, 22, durante inauguração de uma estação esgoto em Campos do Jordão (SP), que não há necessidade de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito da Petrobras se for realizada uma boa investigação a respeito da compra da refinaria de Pasadena, no Estado norte-americano do Texas.

O governador é o terceiro líder de seu partido a se posicionar contrário à CPI, defendida pelo senador e provável candidato à Presidência da República Aécio Neves (PSDB).

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"Se houver uma boa investigação não precisa de CPI", disse Alckmin. "Sou favorável que se faça uma investigação pela Polícia Federal (PF) e por órgãos corregedores", completou. O governador paulista participa hoje do encerramento 58ª edição do Congresso Estadual de Municípios, realizado pela Associação Paulista de Municípios (APM), onde estará ao lado de Aécio.

Ontem, o ex-governador de São Paulo José Serra também se manifestou sobre o tema e disse que em ano eleitoral "não é recomendável instalar uma CPI". Já o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso teme que uma CPI em ano eleitoral acabe sendo partidarizada.

Indagado sobre o esforço que Aécio no Congresso Nacional para instalar a CPI na próxima terça-feira, Alckmin respondeu: "Este é um tema do Congresso Nacional", disse, logo antes de encerrar a entrevista coletiva.

O ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa tinha planos ambiciosos para ampliar suas atividades empresariais. Presidente da Costa Global e do Grupo Ref Brasil, ele já havia conseguido assinar um protocolo de intenções com o governo de Sergipe para construir uma refinaria privada de petróleo no Estado, em Carmópolis, numa negociação estimada em cerca de R$ 120 milhões.

Os fatos dos últimos dias, no entanto, enterram as pretensões de Costa em Sergipe. Primeiro, ele foi alvo da Operação Lava Jato da Polícia Federal. Os investigadores descobriram uma estreita relação dele com o doleiro Alberto Youssef, de quem chegou a ganhar uma Land Rover. Também acharam muito dinheiro em sua casa, no Rio de Janeiro. Foi preso sob suspeita de lavagem de dinheiro e tentativa de ocultar provas. Os federais relacionam Costa a um "plano de negócios com a Petrobrás", estatal da qual já foi diretor.

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A prisão anteontem acabou jogando luz à atuação de Costa em outro caso polêmico: a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA) pela Petrobrás. Em 2006, quando o Conselho de Administração da estatal aprovou o negócio sob o comando da hoje presidente Dilma Rousseff, Costa ainda estava na empresa e ajudou a elaborar o contrato. Ao lado de Nestor Cerveró, à época diretor da área internacional, ele preparou o "resumo técnico" considerado "falho" e "incompleto" por Dilma. A presidente disse que, se soubesse de algumas cláusulas omitidas nesse resumo, não teria aprovado a compra da refinaria de Pasadena.

Nos bastidores, Costa costumava ter grande desenvoltura no Congresso Nacional quando estava na estatal. Integrava a cota peemedebista na Petrobrás.

O projeto de Sergipe fazia parte de um plano maior, que incluía a construção de outras três minirrefinarias, todas privadas, ao longo da década. Os locais já estavam escolhidos. Além de Sergipe, seriam feitas também no Ceará, Alagoas e Espírito Santo. Costa chegou a comentar que já tinha se encontrado com o governador do Ceará, Cid Gomes, para tratar do assunto.

Em Sergipe, as operações já estavam muito mais adiantadas. O governador Jackson Barreto (PMDB) anunciou, com toda a pompa e circunstância, o superinvestimento privado no Estado, no dia 13 de janeiro. A refinaria ainda homenagearia o governador Marcelo Déda, petista que morreu de câncer em dezembro do ano passado.

A prisão de Costa, acusado de envolvimento no esquema de lavagem de recursos ilícitos, que pode chegar a R$ 10 bilhões, corta a negociação, segundo nota oficial da Secretaria de Estado do Desenvolvimento e Tecnologia de Sergipe. "A secretaria garante que não houve qualquer prejuízo para o Estado, uma vez que não foi realizada nenhuma concessão de incentivo, pois o processo ainda se encontra na fase protocolar de intenções e o projeto aguarda as definições da ANP e Petrobrás, indispensáveis a qualquer decisão governamental", afirma a pasta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Numa tentativa de minimizar o impacto dos desgastes do Palácio do Planalto com o episódio da compra pela Petrobras de uma refinaria em Pasadena, nos Estados Unidos, a cúpula do PT adotará como estratégia concentrar a crise apenas na Petrobras excluindo do debate a presidente Dilma Rousseff.

Um primeiro passo, que deverá servir de fio condutor para os próximos discursos dos petistas, será a divulgação nos próximos dias de uma resolução sobre a conjuntura do país. No documento, o PT não citará a presidente. "O partido não vai fazer um jogo do PSDB que quer colocar a presidente Dilma no centro do palco. O PT não vai entrar nesse jogo. O povo brasileiro quer discutir política no sentido mais amplo da palavra. Eles insistem no mesmo erro de 2006 e 2010, que é acreditar que essa via denuncista faz o partido crescer", afirmou o ex-presidente do PT, deputado federal Ricardo Berzoini (SP).

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O jornal O Estado de S. Paulo revelou na última quarta-feira que a presidente Dilma Rousseff justificou em nota oficial que só aprovou a compra de 50% da refinaria americana porque recebeu "informações incompletas" e uma "documentação falha". Se tivesse todos os dados, disse a petista na nota, "seguramente" a compra da refinaria não seria aprovada.

A polêmica foi alvo de discussão da reunião do Diretório Nacional realizada na quinta-feira, em Brasília. Após o encontro, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, também evitou dar qualquer declaração sobre o episódio envolvendo a Dilma. Embora a estratégia seja a de evitar trazer o Palácio do Planalto para o centro do debate, alguns petistas não escondem o mal-estar gerado pela resposta que Dilma deu ao jornal sobre o episódio. Isso porque, na avaliação de petistas, ela acabou por atribuir culpa à gestão passada da estatal, que tinha à frente o petista Sérgio Gabrielli.

"Não estou dizendo que é uma situação agradável. Não é. Mas é uma disputa política e dentro disso vamos tratar a situação como tal. Não podemos sair dessa realidade. Se houve uma inabilidade, o governo tem que saber se posicionar", afirmou o deputado federal José Mentor (SP) que participou de parte do encontro do Diretório Nacional.

Em privado, outro integrante da cúpula do PT revela ainda o descompasso gerado internamente no partido com o silêncio da equipe de governo após a divulgação a revelação feita pelo jornal. "Agora há pouco recebi duas mensagens perguntando o que era para falar sobre isso. Disse que não sabia. Tem que ver a linha do Planalto. Ela (Dilma) falou e ficou quieta. Tá todo mundo esperando ela", criticou o petista. A falta de uma iniciativa por parte do Planalto para estancar a crise também vem tirando o sono de alguns setores do partido. "Estamos preocupados com esse conjunto da obra, esse comportamento dela e do Palácio. Inabilidade total para tratar, tá ganhando força", disse outro petista que não quis se identificar.

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