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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta quinta-feira, 20, na transmissão semanal ao vivo nas redes sociais, que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 continua um "vexame". "Recebi informações de que Pazuello (ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello) foi muito bem, mas a CPI continua um vexame", afirmou. Para o presidente, a CPI é um circo.

Pazuello continuou nesta quinta-feira (21) o depoimento que começou nesta quarta-feira (20) à CPI e que teve que ser interrompido após ele passar mal.

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Bolsonaro disse que a comissão parlamentar não quer investigar desvios de recursos. "Querem falar sobre aquele negócio que o pessoal usa para combater a malária; não vou falar o nome para não cair a live", afirmou, ao evitar citar a cloroquina. Para o presidente, o Brasil é o país da hipocrisia a começar pela CPI. "Eu tinha vontade de voltar a ser deputado para eu falar o que quiser." Ele disse também, sem citar o nome, que o relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), é um "vexame".

O presidente chegou a citar o vídeo antigo em que governadores citam a cloroquina contra o coronavírus. "Vi o vídeo que o senador lá de Rondônia, Marcos Rogério, colocou onde vários governadores, entre eles o filho do Renan (Renan Filho) e o filho do Jader (Helder Barbalho), o comunistão, comunista gordo Flávio Dino, falou da cloroquina", disse.

O presidente declarou que voltou a tomar cloroquina há poucos dias após ter se sentido mal e que chegou a fazer exames da covid-19, que, de acordo com ele, deram negativo. "Qual é o problema? Eu vou esperar sentir falta de ar para ir ao hospital? Vai ser entubado", questionou ao defender novamente o uso do remédio sem eficácia comprovada contra o novo coronavírus. "Quem não apresenta alternativa é um canalha", repetiu. Segundo o presidente, a esquerda não toma cloroquina porque o remédio "vai matar o verme que eles são".

Ao lembrar o embate entre o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e Renan Calheiros na semana passada, o presidente disse que o filho intitulou "muito bem" o parlamentar alagoano. Flávio havia chamado Renan de "vagabundo" e foi xingado da mesma forma pelo colega. "O coletivo daquilo que o Flávio acusou é conhecido como súcia, conjunto de pessoas desocupadas, que não têm o que fazer", disse.

Sobre as vacinas, Bolsonaro disse que levaram a sério quando afirmou que o vacinado poderia virar jacaré e se queixou não existir mais "figura de linguagem".

O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello reafirmou à CPI da Pandemia nesta quinta-feira (20) que o presidente Jair Bolsonaro não interferiu na gestão da pandemia enquanto ele esteve à frente da pasta. Segundo Pazuello, manifestações públicas do presidente sobre medidas sanitárias ou compra de vacinas eram  feitas “de improviso” e não devem ser interpretadas como ordens.

"Nós sabemos como é o nosso presidente. Ele fala de pronto o que vem na cabeça, como ele pensa. E algumas coisas precisam ser corrigidas depois. Algumas coisas precisam ser reconversadas".

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No primeiro dia da sua audiência, Pazuello havia sido questionado sobre um pronunciamento de Bolsonaro contra a aquisição da vacina chinesa CoronaVac. O ex-ministro voltou ao tema nesta quinta e disse que o fato se tratou de uma “posição de internet” do presidente, mas não houve pressão sobre o ministério.

O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) discordou dessa avaliação. Para ele, o presidente tem ingerência sobre seus ministros mesmo quando se manifesta informalmente. Contarato lembrou que, depois da crítica de Bolsonaro à vacina, o Ministério da Saúde cancelou a intenção de compra que havia anunciado.

"O senhor [Pazuello] fala: “Vou adquirir 46 milhões de doses do Instituto Butantan”. No outro dia, numa live, o presidente fala: "Não vai adquirir". O senhor fala: "Manda quem pode, obedece quem tem juízo". O presidente tem o poder de ordenar os ministros de Estado. Então, ele fez isso", argumentou Contarato.

A senadora Zenaide Maia (Pros-RN) disse que Bolsonaro “desautorizou” Pazuello no episódio da CoronaVac, e ressaltou que essa tem sido uma prática comum do presidente. Para ela, as ações públicas de Bolsonaro contradizem os esforços do Ministério da Saúde.

"O presidente se comunica com a população pelas redes sociais. Ele tem uma influência grande. O senhor não insistiu em grandes campanhas de prevenção por quê? Como o senhor ia fazer isso? O senhor fazia campanha aqui, e o presidente da República ia para lá aglomerar, incentivar a aglomeração e a não usar máscara", disse Zenaide.

A senadora Leila Barros (PSB-DF) quis saber se o presidente pode ter influenciado o uso e a distribuição de cloroquina, um dos medicamentos usados no “tratamento precoce” contra a covid-19. Para ela, o próprio Ministério da Saúde evitou ter diretrizes claras contra a prática.

"Por meio de nota técnica do ministério sob a sua condução, [o senhor] tratou do assunto, se não recomendando diretamente, reforçando a autonomia do médico em receitar esses medicamentos. O senhor realmente acredita que a recomendação frequente e ostensiva do uso do remédio pelo presidente não teve qualquer impacto?".

Ao responder à senadora, Pazuello voltou a dizer que a atuação do ministério na sua gestão era autônoma, mas admitiu que, no caso dos medicamentos, áreas da pasta podem ter agido sem a sua autorização.

"Eu não fiz e não faria e não deixei fazer. Se aconteceu dentro de um outro nível do ministério que não estava sob a minha mão naquele momento, isso foi sem a minha autorização. Agora, eu não concordo com isso. Eu não comprei nenhum grama de hidroxicloroquina".

Simone Tebet (MDB-MS) e Rogério Carvalho (PT-SE) afirmaram acreditar que Pazuello foi à CPI para assumir responsabilidades “que não são [dele]”. Eles lembraram ao ex-ministro que ele pode ter que responder sozinho ao Ministério Público, e pediram que ele relatasse “a verdade” em relação às decisões tomadas no governo.

Pazuello respondeu que as suas decisões foram embasadas pelas demais instâncias do ministério e que suas responsabilidades foram compartilhadas com estados e municípios, e voltou a afirmar que não foi pressionado pelo Planalto.

"Cada setor, cada ministério, tem suas responsabilidades. No que tange ao Ministério da Saúde e ao SUS [Sistema Único de Saúde], eu posso afiançar que não tive pressão do presidente Bolsonaro para tomar esta ou aquela decisão".

O senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO) fez eco à avaliação de que a responsabilização não deve recair sobre uma única pessoa, seja ela o ex-ministro ou o presidente Jair Bolsonaro. Vanderlan afirmou que Pazuello distribuiu “tudo o que foi pedido” à pasta pelos parlamentares.

"A responsabilidade pelas mortes dos mais de 440 mil brasileiros não é de uma só pessoa, como estão querendo imputar. É de todos nós, que, às vezes, falhamos em aprovar uma lei que nós tentamos [aprovar]. É do Congresso Nacional, de prefeitos, de governadores, é do Judiciário. As falhas foram de todos".

A senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) lembrou que a CPI também tem por objeto investigar as ações de estados e municípios com dinheiro federal. Ela pediu que Pazuello ajudasse nessa tarefa indicando gestores de unidades federativas que tenham prejudicado a ação do ministério por falta de colaboração.

"Nós já sabemos que a competência da gestão da pandemia é concorrente. Por óbvio, a responsabilidade também. Quem não colaborou com o governo federal? Quais estados e municípios não atuaram de forma condizente com o que o senhor defendeu? Por favor, dê nome aos bois".

O ex-ministro respondeu que a falta de informações que deveriam ser prestadas pelos estados por meio do e-SUS (sistema que estrutura a atenção básica) era “recorrente”, e se comprometeu a enviar uma análise detalhada para a CPI.

*Da Agência Senado

 

O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello atribuiu ao presidente Jair Bolsonaro a decisão de não aprovar um pedido de intervenção na saúde pública do Amazonas durante a crise da falta de oxigênio, em janeiro. Em depoimento à CPI da Covid nesta quinta-feira, 20, o general afirmou que o chefe do Executivo estava presente na reunião ministerial que negou a providência.

É a primeira vez que Pazuello liga o chefe do Executivo a uma das medidas do governo mais questionadas na gestão da crise sanitária. Nas demais declarações prestadas ontem e nesta quinta, o ex-ministro, general do Exército, buscou blindar Bolsonaro e negar interferências do presidente em temas como a compra de vacinas e a recomendação de cloroquina.

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A intervenção federal foi solicitada pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM), em 15 de janeiro. Na época, o esgotamento do estoque de oxigênio medicinal levou o sistema de saúde regional a um colapso. Pacientes com a covid-19 morreram por falta do insumo, fundamental nos casos moderados e graves.

"Na reunião ministerial, o governador foi chamado, apresentou sua posição e houve uma decisão nessa reunião de que não seria feita a intervenção", disse Pazuello, sem especificar a data do encontro. "O presidente da República estava presente. A decisão foi tomada nessa reunião", completou.

Segundo o ex-ministro, o governador do Estado, Wilson Lima (PSC), foi ouvido na reunião, alegou que tinha condições de liderar o enfrentamento à crise e o governo Bolsonaro tomou a decisão de não intervir.

Lima é aliado do presidente. No mês passado, homenageou Bolsonaro com o título de cidadão honorário do Amazonas. A cerimônia também funcionou como desagravo a Pazuello, que teve o trabalho na crise do oxigênio elogiado na ocasião.

Inicialmente, a Advocacia-Geral da União (AGU) informou que a pasta da Saúde tomou ciência da falta de oxigênio em Manaus em 8 de janeiro. Pazuello, porém, alegou à CPI que ficou sabendo pelas autoridades sanitárias do Amazonas apenas dois dias depois, no dia 10, quando a situação já era grave.

Há, ainda, um documento no qual o ex-secretário executivo do Ministério da Saúde Élcio Franco admite que Pazuello soube da crise no abastecimento de oxigênio no Amazonas em 7 de janeiro, em conversa por telefone com o secretário estadual de Saúde, Marcellus Campêlo. A nota assinada por Franco foi uma resposta ao requerimento de informações enviado pelo deputado José Ricardo (PT-AM).

"Está claro que nós identificamos essa fragilidade à época, fizemos o que deveríamos fazer como representantes do povo do Amazonas. Pedimos e assumimos perante a opinião pública e perante a Nação a responsabilidade do pedido. Nós pedimos intervenção na saúde pública do Amazonas para salvar vidas. O governo não quis fazê-lo", afirmou Eduardo Braga.

Na quarta-feira, 19, na primeira parte do depoimento de Pazuello, houve desentendimento entre ele e Eduardo Braga após o ex-ministro alegar que os estoques de oxigênio só ficaram negativos por três dias.

O ex-ministro da Saúde e general Eduardo Pazuello afirmou, durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, que é sócio em empresas do ramo de transporte e logística herdadas do pai. A resposta foi dada a pergunta foi elaborada pelo senador Jorge Kajuru (Pode-GO) e lida na comissão pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL), uma vez que Kajuru está ausente por compromissos médicos.

Pazuello descartou ligações diretas das companhias em licitações da União. "Que eu saiba, relações com o governo federal, só se for Petrobras, transporte de petróleo, esse tipo de coisa. Agora, contratação do governo federal, não. A empresa é de transportes. Meu pai começou uma empresa que já tem mais de 70 anos", afirmou o ex-ministro.

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Na sequência, o líder do DEM na Casa, o senador Marcos Rogério (RO), ironizou o questionamento. "Vossa excelência Renan Calheiros não quer investigar corrupção e agora vejo que mudou de posição. Isso é muito bom, mas o que tem a ver com o objeto da CPI?", disse ao lembrar demanda de parlamentares governistas para que sejam apuradas denúncias contra Estados e municípios no uso de recursos repassados pelo governo federal.

Em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello repetiu a fala desta quarta-feira (19) e disse, nesta quinta-feira (20), que o presidente Jair Bolsonaro nunca falou pessoalmente com ele sobre não comprar a Coronavac, vacina contra Covid-19 produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a empresa chinesa Sinovac. Pazuello também negou que o presidente tenha interferido na compra do imunizante.

O ex-ministro disse que o contrato com o Instituto Butantan para aquisição de vacinas foi assinado assim que a legislação permitiu. Ele afirmou que uma carta de intenção para compra da vacina foi elaborada em outubro e o contrato foi assinado em janeiro, após a sanção de medida provisória que autorizava a aquisição do imunizante.

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Sobre o "eu mando, ele obedece", uma fala do presidente Jair Bolsonaro em um vídeo feito com o então ministro Pazuello em outubro do ano passado, Pazuello afirmou que se tratava apenas de uma "posição de internet", que não tinha nada a ver com contratos da Coronavac. O vídeo tem sido apontado pelos senadores da CPI como uma prova de que Pazuello não teria comando total do Ministério da Saúde, e apenas atenderia às demandas do presidente, tendo inclusive atrasado a compra de vacinas do país chinês devido a questões políticas.

Apesar das falas do ex-ministro, no ano passado o presidente da República disse, na sua página do Facebook, que não compraria 46 milhões de doses da Coronavac. O comentário ocorreu no dia seguinte ao anúncio da compra do imunizante feito pelo Ministério da Saúde.

O ex-ministro também disse que não se reuniu com empresários para tratar de compra de vacinas durante o período que administrou a pasta da Saúde. "Posso ter recebido um CEO, posso ter recebido alguém que também é um empresário, mas para cortesia de tomar um café", afirmou o ex-ministro.

Em resposta ao senador Jorginho Mello (PL-SC), aliado do governo Bolsonaro, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello afirmou que a "missão de prover recursos para Estados e municípios" foi cumprida pelo Executivo federal. Segundo ele, em transferências fundo a fundo, os entes subnacionais receberam, em 2020, R$ 112 bilhões, e mais R$ 40 bilhões em 2021.

De acordo com Pazuello, na lei orçamentária de 2020, o Ministério da Saúde tinha à disposição R$ 133,9 bilhões, e que pelas medidas provisórias de crédito extraordinário, editadas com amparo no orçamento de guerra, foram adicionados ao orçamento mais R$ 64,2 bilhões. "Isso nos dá a dimensão do tamanho da quantidade de recursos", afirmou o ex-ministro.

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A exibição de um vídeo pelo senador Marcos Rogério (DEM-RO) em que governadores falam sobre o uso da cloroquina esquentou o clima da sessão de depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello à CPI da Covid. Governista, Marcos Rogério quis argumentar que o presidente Jair Bolsonaro não seria o único a defender a utilização do medicamento.

Ao comentar sobre o vídeo, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSB-AM), afirmou que as declarações dos governadores foram feitas no início do ano passado e que, desde então, a ciência evoluiu, mostrando que a cloroquina não tem eficácia comprovada para tratar a Covid-19.

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Apoiado pelo filho do presidente e senador Flávio Bolsonaro, Marcos Rogério protagonizou bate-boca com o presidente da CPI e o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL). Ao responder às alegações de Marcos Rogério de que a narrativa da comissão é de acusar Bolsonaro, Aziz rebateu afirmando que ninguém "acusou" o presidente, já que teria ficado "claro" que as decisões pela não compra de vacinas da Covid-19 partiu de Pazuello, por exemplo.

A alfinetada de Aziz foi feita no contexto das declarações dadas pelo ex-ministro ontem, que negou, apesar de declarações públicas de Bolsonaro, que o presidente teria interferido nas negociações da Coronavac.

No vídeo apresentado por Marcos Rogério figuravam os governadores de São Paulo, João Doria (PSDB), do Piauí, Wellington Dias (PT), do Maranhão, Flavio Dino (PCdoB), do Pará, Helder Barbalho (MDB), além do governador de Alagoas e filho do relator da CPI, Renan Filho (MDB).

"Uma coisa que evoluiu com rapidez muito grande é a ciência. Isso aí (declarações exibidas no vídeo apresentado por Marcos Rogério) foi em março de 2020. Se eu tivesse contraído Covid-19 em março de 2020 eu tomaria cloroquina. A ciência evoluiu", respondeu Aziz.

Em depoimento à CPI da Covid, o ex-ministro Eduardo Pazuello atribuiu à empresa White Martins e ao governo do Amazonas a responsabilidade pela crise de desabastecimento de oxigênio no início do ano em Manaus. Voltando a se eximir de culpa no episódio, Pazuello afirmou que a White Martins, fornecedora de oxigênio, teria responsabilidade porque não colocou de "forma clara, desde o início" que estaria consumindo a reserva estratégica do produto.

Já sobre o governo estadual, o ex-ministro alegou que a preocupação com o acompanhamento do oxigênio não era "foco" da secretária de Saúde.

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"No plano de contingência apresentado a nós, não foi apresentada nenhuma medida de oxigênio", afirmou o ex-ministro. "A White Martins já vinha consumindo reserva estratégica e não fez essa posição de forma clara desde o início. Não tem como isentarmos essa posição, primeira responsabilidade. E se secretária de Saúde tivesse acompanhado de perto teria descoberto que estava sendo consumida a reserva estratégica. Vejo duas responsabilidades muito claras, começa na empresa que consome e não se posiciona de forma clara", disse ele.

Em seguida, o senador Eduardo Braga (MDB-AM) defendeu que a empresa não teria culpa, porque a demanda por oxigênio na ocasião aumentou em nível não esperado.

Apesar de ter dito no minuto anterior que havia responsabilidade da White Martins no caso, Pazuello então concordou com o senador.

A partir daí, afirmou que a "responsabilidade clara" era da Secretária de Estado do Amazonas. "Da nossa parte fomos muito proativos", alegou o ex-ministro.

Em depoimento à CPI da Covid, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello voltou a dizer que é favorável a medidas preventivas contra a Covid, mas foi confrontado em seguida com o episódio em que entrou num shopping em Manaus sem máscara, em desrespeito a recomendações sanitárias de combate à pandemia. O general foi fotografado sem o equipamento de proteção e o caso ganhou repercussão no Twitter, e foi relembrado pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM).

Pazuello tentou justificar o caso, afirmando que, no momento em que foi fotografado, estava a caminho de um quiosque para comprar uma nova máscara.

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Segundo a versão do ex-ministro, ele levou o equipamento ao shopping, mas que a máscara teria ficado inutilizável ao ser "pisada" dentro do carro.

"Tem imagens da minha chegada, o shopping de Manaus tem entrada lateral, fui levar minha filha, claro que fui de máscara, ela ficou dentro do carro, pisada, ficou inutilizada, e na porta falei estou sem mascara, tem como comprar? Ela falou nesse quiosque em frente, oito metros até quiosque, fui fotografado", afirmou Pazuello.

Antes de responder a Eduardo Braga, o ex-ministro buscou se defender das críticas feitas na quarta pela cúpula da CPI, de que Pazuello dissimulou durante o depoimento e faltou com a verdade. "Compromisso de dizer a verdade está muito além da CPI. Sou oficial general, e não posso faltar à verdade", disse ele.

No início dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito da (CPI) Covid, nesta quinta-feira (20), o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e o senador e médico Otto Alencar (PSD-BA) conversaram sobre o episódio da quarta-feira (19), quando, durante um intervalo dos trabalhos da comissão, Pazuello passou mal e foi atendido pelo senador. O ex-ministro esclareceu que não teria sido este o motivo para a suspensão de sua oitiva que continua nesta quinta-feira.

Pazuello agradeceu o atendimento de Otto Alencar, que, segundo ele, foi "muito atencioso" em ajudá-lo.

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O senador, por sua vez, aproveitou a oportunidade para brincar com o ex-ministro. "Eu fiz a consulta pelo [Sistema Único de Saúde] SUS, não precisa me pagar nada", disse o médico.

A CPI da Covid abriu, na manhã desta quinta-feira (20), a sessão em que ouve, pelo segundo dia, o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Iniciado na quarta-feira (19), o depoimento até o momento foi marcado por uma tentativa do general em blindar o presidente da República, Jair Bolsonaro. Pazuello distorceu fatos sobre a condução da crise sanitária pelo governo, disse inverdades ao negar a ordem de Bolsonaro para cancelar a compra da vacina Coronavac e foi desmentido pelo Tribunal de Contas da União (TCU) ao afirmar que havia restrições da Corte à compra de imunizantes da Pfizer

Até o momento, as declarações de Pazuello não agradaram o relator Renan Calheiros (MDB-AL).

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Nem ele nem o presidente, Omar Aziz (PSD-AM), e o vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), se mostraram satisfeitos com as respostas, e contestaram a veracidade das informações prestadas a exemplo do depoimento do ex-secretário de Comunicação do governo Bolsonaro e empresário Fabio Wajngarten.

Assista ao vivo a oitiva:

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O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello soube do colapso no abastecimento de oxigênio no Amazonas na noite de 7 de janeiro, em uma conversa por telefone com o secretário de Saúde do Estado, Marcellus Campêlo. É o que consta de uma nota técnica assinada pelo ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Élcio Franco e enviada à Câmara dos Deputados como resposta a um requerimento de informações.

"Esclareço que, na noite de 7 de janeiro de 2021, este ministério tomou ciência de problemas relacionados ao abastecimento de oxigênio da rede de saúde do Amazonas. Tratou-se de uma conversa informal entre o secretário de Saúde do Estado do Amazonas e o ministro da Saúde (...), por telefone, apenas e tão somente para solicitar apoio no transporte de 350 cilindros de oxigênio de Belém para Manaus", escreveu Franco em resposta a um requerimento de informação feito pelo deputado José Ricardo (PT-AM).

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A resposta ao questionamento do deputado chegou à Câmara no dia 16 de março. "Ainda pela noite, o ministro da Saúde coordenou, pessoalmente, o apoio com o ministro da Defesa e com o Comando Conjunto Amazônia para o transporte aéreo de 150 cilindros de oxigênio, totalizando 1.275m3 de Belém para Manaus, com entrega no dia 8 de janeiro, e de mais 200 cilindros para entrega no dia 10 de janeiro", informou o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, exonerado do cargo no fim de março.

Franco disse ainda que, em 9 de janeiro deste ano, o Relatório Diário da Força Nacional do SUS foi enviado para o coordenador do Centro de Operações de Emergência do Ministério da Saúde, às 9h54, com dados do dia anterior. "Foi mudado o foco da reunião, pois foi relatado um colapso dos hospitais e falta da rede de oxigênio. Existe um problema na rede de gás do município, que prejudica a pressurização de oxigênio nos hospitais", afirma um trecho do documento.

Em depoimento à CPI da Covid, nesta quarta-feira, Pazuello disse, no entanto, que foi informado sobre a falta de oxigênio em Manaus apenas na noite do dia 10 de janeiro.

"No dia 8 de janeiro, seis dias antes, nós já tínhamos iniciado o transporte aéreo de oxigênio para Manaus. Eu tomei conhecimento de riscos em Manaus no dia 10, à noite, numa reunião com o governador e o secretário de Saúde, quando eles me passaram as suas preocupações que estavam com problema logístico sério com a empresa White Martins", afirmou Pazeullo à CPI.

O ministro também contradisse documento enviado pela Advocacia-Geral da União (AGU) ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em sua manifestação, a AGU relatou que o Ministério da Saúde foi informado da crítica situação do esvaziamento de estoque de oxigênio em Manaus em 8 de janeiro, por meio de e-mail enviado pela empresa fabricante do produto, a White Martins. Além disso, a primeira entrega de oxigênio teria ocorrido apenas no dia 12 de janeiro, conforme dados prestados ao Supremo.

Pazuello argumentou na CPI que não teve conhecimento do e-mail da White Martins. Afirmou, depois, que foi informado da situação em Manaus apenas no dia 10, em uma reunião com o governador do Amazonas, Wilson Lima, e com o secretário Marcellus Campêlo.

O ex-ministro da Saúde já havia mudado de versão sobre o mesmo assunto em depoimento à Polícia Federal. Na época, o Estadão mostrou que o general atribuiu a data de 8 de janeiro no documento da AGU a um "equívoco" de um funcionário do Ministério da Saúde. Existem, porém, declarações anteriores de Pazuello nas quais ele afirma que a pasta soube do e-mail da White Martins sobre a falta do insumo no dia 8.

"Pazuello diz na CPI que tomou ciência do problema relacionado ao abastecimento de oxigênio no Amazonas no dia 10 de janeiro, mas documento oficial do Ministério da Saúde prova que tomou ciência no dia 7 de janeiro. Nosso povo sofreu e gente morreu por esse atraso de reação", escreveu no Twitter o vice-presidente da Câmara, deputado Marcelo Ramos (PL-AM).

O ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, foi desmentido pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por declarações dadas nesta quarta-feira, 19, durante depoimento na CPI da Covid.

Mais cedo, ao ser questionado pelo relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), sobre a demora nas negociações com a Pfizer para compra das vacinas contra o novo coronavírus, o general disse que recebeu recomendação contrária de órgãos de controle, incluindo TCU, Advocacia Geral da União (AGU) e Controladoria Geral da União (CGU), para compra do imunizante.

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"Apesar de eu achar pouquíssima quantidade, 8,5 milhões de doses no primeiro semestre, nós seguimos em frente. Vamos assinar o memorando de entendimento. Mandamos para os órgãos de controle, a resposta foi: "Não assessoramos positivamente. Não deve ser assinado". CGU, AGU, todos os órgãos de controle, TCU. "Não deve ser assinado". E nós assinamos, mesmo com as orientações contrárias. Determinei que fosse assinado, porque se nós não assinássemos a Pfizer não entraria com os registros na Anvisa. Foi assinado contra as orientações da assessoria jurídica e controle externo, interno e externo, isso em dezembro", disse Pazuello.

Em nota divulgada na tarde de hoje, o TCU negou ter se oposto à aquisição das vacinas da Pfizer ou à contratação da empresa.

"Em relação ao depoimento do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, junto à CPI da Pandemia, o Tribunal de Contas da União (TCU) informa que, em nenhum momento, seus ministros se posicionaram de forma contrária à contratação da empresa Pfizer para o fornecimento de vacinas contra a Covid-19. O Tribunal também não desaconselhou a imediata contratação em razão de eventuais cláusulas contratuais", afirma a nota.

Na semana passada, o presidente da Pfizer da América Latina, Carlos Murillo, foi interrogado na comissão parlamentar e disse que o governo federal ignorou propostas da empresa durante três meses. A versão é a mesma dada pelo ex-secretário de Comunicação Social da Presidência Fábio Wajngarten. Pazuello, por sua vez, negou ter deixado as ofertas da farmacêutica sem resposta e disse que as negociações demoraram por discordâncias sobre cláusulas do contrato.

LEIA A ÍNTEGRA DA MANIFESTAÇÃO DO TCU:

Em relação ao depoimento do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, junto à CPI da Pandemia, o Tribunal de Contas da União (TCU) informa que, em nenhum momento, seus ministros se posicionaram de forma contrária à contratação da empresa Pfizer para o fornecimento de vacinas contra a Covid-19. O Tribunal também não desaconselhou a imediata contratação em razão de eventuais cláusulas contratuais

O único posicionamento do TCU a respeito da contratação ocorreu por meio do Acórdão 534/2021-Plenário, de 17/3/2021, que apreciou consulta formulada pelo Ministério da Saúde, protocolada em 3/3/2021.

Em resposta a essa consulta, o Tribunal decidiu que: "considerando os riscos ainda desconhecidos e o grande desequilíbrio entre a situação de oferta e demanda, não há óbice jurídico, a partir da ampliação da autonomia contratual concedida pelas Leis 14.121/2021 e 14.124/2021, a que o Estado Brasileiro aceite eventual cláusula limitadora de responsabilidade contratual das empresas fornecedoras, se esta condição estiver sendo praticada nos negócios firmados com os diversos países e for requisito intransponível para a aquisição do produto, ressalvados os casos de dolo ou culpa grave do fornecedor e situações de ofensa à ordem pública."

O vice-presidente da CPI da Covid, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), apresentou nesta quarta-feira, 19, um requerimento para que os sigilos bancário e telefônico do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello sejam quebrados. O senador pediu que sejam compartilhados com a comissão todos os dados fiscais e telemáticos de Pazuello desde 2020.

Como justificativa, Randolfe cita o que chamou de "gravíssima revelação" feita na noite desta terça-feira, 18, pelo Jornal Nacional dando conta de que, durante a gestão do general no Ministério da Saúde, militares escolheram, sem licitação, empresas para reformar prédios antigos no Rio de Janeiro. "E, para isso, usaram a pandemia como justificativa para considerar as obras urgentes", observou o senador.

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Ainda não há data para o pedido ser analisado pelos integrantes da CPI. Há também pedidos de quebra de sigilo telefônico e bancário do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) - apontado como integrante de um núcleo de aconselhamento paralelo ao Ministério da Saúde para ações do governo que dizem respeito à pandemia - e de Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação, que auxiliou nas negociações para aquisição de vacinas da Pfizer.

Em depoimento à CPI da Covid no Senado, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello voltou a dizer que só foi informado sobre os problemas de fornecimento de oxigênio em Manaus no dia 10 de janeiro. No entanto, ao tentar fazer novamente um esclarecimento sobre o assunto, Pazuello lembrou que, no dia 7 de janeiro, o secretário de Saúde do Estado ligou para ele, em seu telefone pessoal, para pedir ajuda no transporte de cilindros de oxigênio de Belém para Manaus, que iriam para o interior do Amazonas. Apesar disso, o ex-ministro afirmou que somente no dia 10 foi colocado a ele de "forma clara" sobre a crise.

A condução de Pazuello do caso é alvo de um inquérito em andamento. O ex-ministro disse à CPI que ficou com medo de estar "fazendo demais", em referência ao fato de ter transferido seu gabinete para Manaus na ocasião. "Alguém pega seis secretários de saúde e embarca num avião para Manaus. Fiquei com medo de estar prevaricando, fazendo demais, não sabia nem o que eu ia encontrar em Manaus. E no dia 10 foi a primeira vez que secretário colocou de forma clara que havia problemas na logística e fornecimento de oxigênio para Manaus", disse Pazuello.

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O ex-ministro alegou ainda que seus "olhos estavam sobre Manaus" desde o dia 28 de dezembro. Segundo ele, após o secretário estadual ligar a ele no dia 7 para pedir ajuda no transporte de cilindros, ele contatou o Ministro da Defesa e pediu que o auxílio fosse prestado. Com isso, o transporte teria começado a ser feito no dia 8 de janeiro, de acordo com Pazuello. "Em momento algum, foi feita qualquer observação sobre colapso de oxigênio (antes do dia 10). No dia 8, determinei que fôssemos a Manaus, não pela falta de oxigênio, mas pelo colapso na rede de atendimento, embarcamos no dia 10 e fui direto para reunião", disse o ex-ministro.

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos -RJ), filho do presidente da República, Jair Bolsonaro, causou um novo tumulto na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19. O bate-boca começou após o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello ser questionado sobre uma afirmação feita por ele quando deixou a pasta, em março, quando disse que políticos estavam insatisfeitos com sua gestão por não terem recebido "pixulé".

Segundo Pazuello, quando falou em "pixulé", ele se referia a pequenos saldos de projetos que não foram aplicados, e que políticos poderiam realocar.

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De acordo com o ex-ministro, durante sua gestão, não houve esses recursos não aplicados. "Nós pegamos todos os saldos não aplicados, fizemos uma única portaria e investimentos na covid-19, no combate à covid-19", afirmou.

Em momento anterior ao interrogatório, Pazuello disse ainda que não tem conhecimento de ter havido "mau uso" da verba transferida pelo governo federal. "Que eu tenha conhecimento, não", declarou.

Com a insistência do relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), em saber se Pazuello se referia a alguém especificamente em sua crítica, Flávio Bolsonaro se manifestou na defesa do ex-ministro dizendo que Renan "está lembrando do Lula".

A afirmação causou um pequeno bate-boca entre o filho do presidente Bolsonaro e o senador Humberto Costa (PT-PE), que pediu a Flávio que tivesse respeito ao ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.

Após a discussão, a sessão voltou a ocorrer normalmente, com questionamentos do relator da comissão, que também indagou a Pazuello ao que ele atribuía sua demissão do Ministério da Saúde.

Pazuello se limitou a responder: "Missão Cumprida."

Em depoimento à CPI da Covid no Senado, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello afirmou que só soube do risco de abastecimento de oxigênio em Manaus no dia 10 de janeiro à noite, em reunião com o governador do Estado e secretários. A data em que o Ministério foi informado sobre o problema no Amazonas faz parte de um imbróglio de versões.

A atuação do ex-ministro no caso é investigada em inquérito. Como revelou o Broadcast/Estadão, em depoimento à Polícia Federal em fevereiro, o ex-ministro mudou a versão do governo e disse que não soube do colapso no fornecimento de oxigênio no dia 8 de janeiro, como a Advocacia-Geral da União (AGU) havia informado ao Supremo Tribunal Federal (STF) anteriormente.

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Por outro lado, Pazuello também disse à CPI que no dia 8 de janeiro já se iniciou o transporte aéreo de oxigênio para Manaus. "Todas as ofertas de entrega de oxigênio, eu aceitei todas. Demanda da White Martins só entrou na lógica do que estava sendo feito", respondeu o ex-ministro sobre a demanda feita pela empresa, alegando ainda que demonstrou interesse no avião ofertado pelos Estados Unidos para transportar oxigênio. A sessão precisou ser suspensa enquanto o assunto era discutido, em razão de um bate-boca envolvendo o senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS) e o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM)

"Medidas possíveis a partir do dia 10 foram executadas para Manaus", disse Pazuello. "O assunto é muito profundo, claro que ações proativas precoces trazem resultados melhores. Em tese, qualquer coisa tratada com precocidade traz respostas melhores", respondeu Pazuello ao relator Renan Calheiros (MDB-AL), afirmando ainda que o senador estava fazendo "suposições" sobre a demora de reação do governo.

O clima na CPI ainda esquentou entre o ex-ministro e o senador Eduardo Braga, depois de Pazuello afirmar que foram apenas três dias de desabastecimento de oxigênio no Amazonas. "Em 4 ou 5 dias, já estávamos com nível de estoque restabelecidos. Tivemos três dias onde aconteceram as maiores dificuldades", afirmou.

Braga então rebateu ao ex-ministro dizendo que a crise de desabastecimento durou 20 dias, e não três. "Não faltou oxigênio no Amazonas em apenas três dias. Faltou oxigênio por mais de 20 dias. É só ver o número de mortos, é só ver o desespero das pessoas. Não é possível", afirmou o senador.

Na CPI da Covid, as respostas do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello sobre a negociação do governo brasileiro para a compra de vacinas da Pfizer culminaram em um bate-boca. O clima esquentou após Pazuello afirmar ao relator, Renan Calheiros (MDB-AL), que as propostas da Pfizer nunca teriam ficado sem resposta do Ministério da Saúde.

Segundo Pazuello, foram "inúmeras" vezes que a pasta falou com a farmacêutica. O ex-ministro argumentou que as negociações enfrentaram desafios em razão das cláusulas do contrato e questões logísticas, além do preço.

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"Essas discussões nos consumiram em setembro e outubro. De agosto a setembro estávamos discutindo com a Pfizer ininterruptamente", disse Pazuello. "A resposta à Pfizer é uma negociação. Eu estou falando de dezenas de reuniões e discussões. A resposta sempre foi: 'sim, queremos comprar', mas não posso comprar se você não flexibilizar tal medida, se não auxiliar na logística", afirmou o general na CPI.

O estranhamento com Renan se acirrou diante do questionamento de que o ministério teria deixado a farmacêutica por sete vezes sem resposta. "Não houve decisão de não responder a Pfizer. Presidente era informado o tempo todo sobre as minhas conduções, não só da Pfizer. Foi informado por mim em todo o processo que começou em julho até março, quando contratamos a Pfizer, pessoalmente por mim", afirmou Pazuello, que foi então perguntado por Renan se a Pfizer estaria mentindo. "Eu respondo por mim", disse o ex-ministro.

Pazuello disse ainda que as negociações aconteciam em nível administrativo, e que ministros não podem receber empresas para fazer esse tipo de tratativa. "O senhor deveria saber disso", dirigiu a Renan, o que provocou um repreensão a Pazuello pelos senadores da CPI.

"O senhor está dizendo que eu não respondi, eu respondi centenas de vezes. Respostas foram respondidas inúmeras vezes, queremos comprar a Pfizer, nunca fechamos a porta, o senhor me desculpe, acho que o senhor está conduzindo a conversa", afirmou o ex-ministro.

"Nos colocaram cinco cláusulas complicadíssimas, ativos brasileiros no exterior, isenção completa da responsabilidade por efeitos colaterais, referência do fórum para Nova York, pagamento adiantado, assinatura do presidente da República em contrato, não existirem multas quanto ao atraso de entrega. Para ouvir isso a primeira vez, eu achei muito estranho", disse Pazuello, afirmando ainda que a Pfizer cobrava US$ 10 pela dose e as negociações com outras farmacêuticas estavam em US$ 3,75.

O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), então pediu que Pazuello entregue à CPI os documentos das negociações com a farmacêutica, a fim de evitar uma acareação com representantes da empresa. O ex-ministro afirmou que essas comprovações serão apresentadas à comissão.

Bolsonaro e Coronavac

No depoimento à CPI da Covid, Eduardo Pazuello tentou minimizar o episódio em que o presidente Jair Bolsonaro o desautorizou a comprar a Coronavac, em outubro do ano passado. Na ocasião, o ex-ministro chegou a anunciar o acordo com o Instituto Butantan para a compra de 100 milhões de doses. Pazuello alegou que aquele era um posicionamento "político" de Bolsonaro, direcionado a um "agente político de São Paulo" - o governador João Dória (PSDB) - mas que não houve repercussão prática nas negociações do imunizante com o Butantan.

"Uma postagem na internet não é ordem, ordem é direta, verbal ou por escrito. E não havia compra, só havia termo de intenção e ele foi mantido", disse. "O presidente não deu ordem para não comprar nada", afirmou o ex-ministro.

Confrontando pelo relator, Renan Calheiros, sobre o momento em que Bolsonaro o desautorizou publicamente, Pazuello disse que, a ele, nenhuma ordem foi dada. "Ele falou publicamente. Para o ministério ou para mim, nunca", disse, tentando blindar o presidente no episódio.

"O presidente fala como chefe de Estado, mas também como agente político, se pronuncia como agente político. Quando ele recebe posição de agente político de São Paulo, ele se posiciona como agente político também", tentou justificar Pazuello, que atribuiu a frase dita sobre Bolsonaro por ele na ocasião, "um manda, outro obedece", a um "jargão militar".

Em depoimento à CPI da Covid, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello afirmou que o presidente Jair Bolsonaro nunca lhe orientou a fazer nada diferente da forma como já estava atuando na gestão da Saúde. Pazuello defendeu também que as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) são apenas posições - e que quem decide a política a ser implantada no País é o Ministério da Saúde. "Somos soberanos", disse Pazuello nesta quarta-feira, para quem a organização "ia e vinha" em seus posicionamentos.

O ex-ministro da Saúde disse que não havia falta de convergência entre sua postura como titular da Saúde e o presidente Jair Bolsonaro. "As minhas posições não eram contrapostas pelo presidente, nunca foram contrapostas pelo presidente", disse em resposta aos questionamentos do relator, Renan Calheiros (MDB-AL). Segundo Pazuello, em nenhum momento Bolsonaro o desautorizou ou o orientou a fazer qualquer coisa que já não estava sendo feita pelo ministério.

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"Para colocar uma pedra nesse assunto. Presidente falou para mim e vários ministros: assunto de saúde quem trata é o ministro Pazuello. Nenhuma vez fui chamado para ser orientado pelo presidente de forma diferente, por aconselhamentos externos, nunca, nenhuma vez", respondeu Pazuello ao ser perguntando sobre um possível "aconselhamento paralelo" feito a Bolsonaro em assuntos da pandemia.

O general respondeu ainda que sempre defendeu medidas preventivas para enfrentamento da pandemia, como uso de máscara, limpeza das mãos e "afastamento social necessário". "Deveríamos fazer medidas de distanciamento sempre que possível", disse. "Não deixamos de nos pronunciar em todas as entrevistas, coletivas. Não podemos abrir não de medidas preventivas", afirmou Pazuello, ressaltando também que as medidas restritivas ficavam a cargo de decisão dos Estados e Municípios.

O ex-ministro disse ainda que nunca houve um direcionamento de isolamento uniforme para todo o Brasil - algo que inclusive ele afirmou ser contrário. Em âmbito nacional, o ministério atuava na distribuição de recursos e equipamentos, afirmou.

O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, afirmou que, após assumir o comando do Ministério da Saúde, com a saída do médico oncologista Nelson Teich do comando da Pasta, ele teve total autonomia para montar sua equipe.

Pazuello também comentou que sua relação com o presidente Jair Bolsonaro era de uma "amizade simples" sem ter proximidade maior com o mandatário, afirmando que sua indicação para atuar na Saúde teria sido feita por um grupo de oficiais generais que trabalham junto ao governo federal.

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Sobre as reuniões com o presidente para tratar de assuntos referentes à pasta, Pazuello afirmou que esses aconteciam menos do ele gostaria, dizendo que os encontros aconteciam, em média, uma vez a cada duas semanas. O ex-ministro também afirmou que o presidente nunca lhe deu ordem direta para nada, defendo que o Executivo nunca deu nenhuma ordem com relação ao tratamento precoce contra Covid-19.

Com relação às orientações do governo para o combate à pandemia, o general afirmou que era preciso de um dado comparativo para analisar qualquer questão, e com relação a pandemia, como tudo era "inédito", "não tem nem rápido nem demorado, nem bonito nem feio", afirmou, falando que foi necessário tempo para construir sua visão sobre a situação do País, e citando o caso de Manaus. Mas o general também afirmou que o planejamento "macro" do ministério estava pronto quando ele chegou a Saúde.

Sobre as contribuições de Bolsonaro com relação ao tema, Pazuello afirmou que as conversas com o presidente eram sempre de "altíssimo nível" para propor soluções. Segundo ele, também o presidente o orientou a não aceitar qualquer orientação que não viesse diretamente dele. "Ninguém vai falar em meu nome", afirmou Pazuello sobre Bolsonaro.

SUS

Durante o depoimento, Pazuello também tentou contextualizar uma frase em diz dia "não sabia nem o que era SUS" dita por ele assim que assumiu o comando da Saúde, em outubro, após ter administrado a pasta interinamente durante quatro meses. Segundo disse, ele conhecia o Sistema Único de Saúde de forma simples, assim como também não conhecia escolas particulares, devido à sua carreira militar, onde, segundo ele, sempre foi atendido por hospitais militares e estudou em colégios militares. O contexto daquela frase era "que surpresa espetacular", afirmou.

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