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Durante esta semana, uma banda musical composta por dez reeducandos do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case), localizado no município de Abreu e Lima, realizará apresentações natalinas em hospitais e unidades socioeducativas do Grande Recife. O grupo promete emocionar o público mais uma vez, após o sucesso de apresentações anteriores.

“Esse projeto leva uma mensagem muito bonita, mostrando que a socioeducação, por meio da arte e da cultura, é possível”, descreveu o agente socioeducativo Artur Silva, que além de idealizador e maestro, assume o vocal e o teclado do conjunto. Com repertório variado, os adolescentes se revezam em instrumentos percussivos como zabumba, triângulo, ganzá e pandeirola.

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A maratona de shows já inicia nesta segunda-feira (16). A partir das 11h, a Banda Liberdade participa de um evento no Hospital Miguel Arraes, em Paulista. Já na terça-feira (17), a celebração está prevista para às 9h, no Hospital dos Servidores do Estado (HSE), no bairro do Espinheiro. Ambas apresentações são abertas ao público. "A ideia é iniciar com uma apresentação em um espaço determinado e, em seguida, passar pelos corredores, levando alegria aos pacientes”, explicou Artur Silva.

Após as apresentações públicas, mais duas exibições estão marcadas em unidades da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase). A primeira ocorre na quarta-feira (18), às 10h, na unidade originária do projeto (Case). Enquanto a Casa de Semiliberdade (Casem) Santa Luzia, recebe a Banda Liberdade às 10h, desta quinta-feira (19).

Criada em 2016, a Banda Liberdade conseguiu lançar seu primeiro CD, em outubro deste ano. O álbum é composto por 12 releituras de músicas de artistas brasileiros.

Fabson Lemos, apelidado de 'Cebola', foi ovacionado no campeonato de futebol do Presídio de Igarassu. Foto: Júlio Gomes/LeiaJáImagens

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É contraditório respirar liberdade dentro do sistema prisional. Por todos os lados, grades, cadeados e muros determinam o limite exato entre o universo carcerário e o mundo que há além da contenção. Porém, por alguns instantes, Fabson Lemos, 39, sentiu-se liberto, mesmo dentro da cadeia. Correu, sorriu, vibrou. Abraçou amigos. Recebeu uma leve brisa no corpo. Ouviu seu nome sendo exaltado em gritos de outros detentos, o colocando em um patamar de estrela. A democracia do futebol permitiu que homens encarcerados se vissem livres.

Fabson está privado de liberdade há oito anos. Cumpre pena no Presídio de Igarassu, na Região Metropolitana do Recife, onde vivenciou uma experiência para carregar na memória, nessa quarta-feira (11). O reeducando disputou a final do campeonato de futebol da unidade prisional, que neste ano chega a sua terceira edição. Barro vermelho, laterais estreitas. Terra batida, traves franzinas. O campo acanhado foi o palco da disputa cujo objetivo, literalmente, não foram as medalhas e troféus. De acordo com os detentos, o simples fato de correrem atrás de uma bola vale mais que uma premiação; na cadeia, qualquer distração é bem vinda.

“O futebol é primordial em termos de ressocialização. Fico lisonjeado em sentir o calor dessa massa. O campeão hoje é um só: o Presídio de Igarassu. O coração fica a mais de mil, desde ontem ninguém dorme. A cadeia parou para assistir esta final. Os detentos não falam outra coisa: comentam a decisão, falam do futebol limpo. Essa cadeia é um exemplo”, relata Lemos ao LeiaJá, momentos antes de jogar a partida decisiva da competição. Ele é integrante da Juventus, do Pavilhão H do PIG, que encarou o time do Real Madrid, formado por detentos do Pavilhão G.

Ligeiro no campo e nas palavras. Jeferson Santos Pereira, de 22 anos, discursa rapidamente antes de a bola rolar. Habilidoso nas quatro linhas, o reeducando herdou o talento dos tempos de liberdade, época em que passou por categorias de base de diferentes times de Pernambuco. Na cadeia, contudo, ele é apenas mais um detento, uma vez que sua capacidade futebolística não o faz superior em relação aos demais homens. Prevalece o respeito aos companheiros de cadeia. “Minha vida lá fora era complicada, mas, com fé em Deus, estava vencendo. Quando vim para Recife sofri influência, minha cabeça também não estava boa. Hoje estou preso. Este futebol aqui representa muitas coisas. Só eu sei o que passei no Cotel, tive muitos apertos, desgosto da vida. Graças a Deus, vim para Igarassu e a situação começou a ficar um pouco melhor”, desabafa o jovem.

Rivalidades do mundo do crime são descartadas no momento da partida. Entre os próprios presidiários havia o entendimento de que a ordem precisava ser preservada para que novos eventos esportivos sejam realizados na cadeia. “Já é a terceira liga e nós estamos acostumados. O respeito é mútuo e se tiver inimigo é na rua. Aqui, a magia do futebol transforma isso: o retorno é a tranquilidade. A rivalidade é no futebol”, afirma o diretor do PIG, Charles Belarmino.

Charles Belarmino, diretor do PIG, argumenta que o futebol é um instrumentos de recuperação social. Fotos: Júlio Gomes/LeiaJáImagens

A competição teve início em julho deste ano e seguiu com o formato de pontos corridos. Ao todo, 12 times, de diferentes pavilhões, entraram na disputa, cada um com dez jogadores. Até a decisão, 74 partidas foram disputadas.

O PIG tem capacidade para 426 homens. No entanto, assim como em outros presídios, existe lotação: a unidade possui mais de 4 mil reeducandos. “Todos estão aptos a jogar, independente de habilidade. Cada representante dos pavilhões faz sua equipe e coloca os times para jogar”, explica o supervisor de segurança do Presídio de Igarassu, Eronildo Santos.

Ao final da partida, a Juventus venceu o Real Madrid por 4x1. O placar, porém, não foi o mais importante. A cadeia comemorou o futebol e reviveu, mesmo que por alguns instantes, o que a liberdade pode oferecer. Com o apito derradeiro, a arbitragem apontou o campeão; cabe agora ao juiz decidir quem seguirá trancado ou retornará ao convívio social.

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Detentos do regime semiaberto ajudam na limpeza da praia de Barra de Jangada, em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife (RMR), na manhã desta quarta-feira (23). O óleo atingiu a praia nesta madrugada. A Ilha do Amor, em Jaboatão dos Guararapes, também foi alcançada pela substância.

Os 50 presos que participam da ação cumprem pena na Penitenciária Agroindustrial São João (Paisj), em Itamaracá, na RMR. A ideia de utilizar reeducandos foi baseada em ação semelhante realizada em Alagoas.

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De acordo com o coronel Lamartine Barbosa, representante da Defesa Civil de Pernambuco, os presos recolheram bastante material em uma área de pedras em que ainda não havia equipes de coleta. “Trazemos a eles uma ação de cidadania que não só ajuda o meio ambiente e ajuda o poder público a enfrentar esse desastre, mas fortalece o senso de cidadania nessas pessoas, traz aquela ideia de se sentir útil”, diz Barbosa.

Os detentos trabalham com Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e fazem pausas regulares para descanso. Para o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, a participação dos presos é um bom exemplo para quebrar preconceitos na sociedade.

“Essa é uma forma de homenageá-los. Não podemos excluir aqueles que estão privados de liberdade. Eles querem oportunidade”, resume o secretário. O trabalho de coleta resultará em redução de pena dos reeducandos. Uma segunda equipe foi montada e atuará na quinta-feira (24) em caso de necessidade.

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Mais de 900 jovens da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) estão  tendo a oportunidade de aprender com os aulões oferecidos pela Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco (SEE), que buscam preparar os alunos para as provas de supletivo, bem como a do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja). Número de inscritos nos aulões deste ano é 49% maior do que em 2018.

Os aulões estão sendo realizados em 11 escolas socioeducativas do Estado de Pernambuco. De acordo com a Funase, foram inscritos 904 adolescentes para os aulões desta edição. O número é considerado recorde em comparação a do ano passado, cujo total de jovens avaliados foi de 605 estudantes. 

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“Nunca tivemos tantos estudantes inscritos nas avaliações externas como neste ano. Por isso, reforçamos o número de preparatórios, levando-os para todas as unidades de internação, que contam com estruturas anexas de escolas da rede pública estadual. Atribuímos esse aumento do número de inscrições a um esforço conjunto, a um trabalho da Funase, que mobilizou os estudantes e mostrou a importância de eles fazerem essas provas para avançarem nos estudos. Temos percebido um interesse muito grande dos próprios alunos”, ressaltou Hugo Regis, chefe de unidade de Educação no Sistema Socioeducativo da SEE.

Os aulões são voltados para jovens a partir de 15 anos de idade, que não concluíram o ensino fundamental, e a partir de 18 anos que não terminaram o ensino médio. As provas do supletivo para os reeducandos serão aplicadas no dia 7 de outubro. A prova do Encceja está prevista para os dias 8 e 9 de outubro. Já o Enem será aplicado em 10 e 11 de dezembro. As provas são aplicadas em diferentes datas para pessoas privadas de liberdade.

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A 20ª edição da Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte) conta com a presença de reeducandos do regime aberto nos preparativos do espaço que vai abrigar os quase 600 estandes. Eles dão suporte aos serviços de hidráulica, elétrica e pintura no pavilhão com aproximadamente 20.000 metros quadrados. Enquanto isso, outro grupo do regime semiaberto e fechado prepara as peças de sua autoria para expor no evento.

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A participação dos apenados se dá graças aos convênios entre o Patronato Penitenciário, órgão da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), com a Empetur, e da Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) com a AD Diper. “Os números mostram que estamos avançando no setor de empregabilidade. As empresas estão se sensibilizando e percebendo que, além dos benefícios financeiros que recebem, a prática social que exercem é fundamental para a redução da criminalidade no estado” explica o secretário Pedro Eurico.

As peças que serão expostas na maior feira de artesanato da América Latina vêm de unidades da Região Metropolitana do Recife (RMR) e do interior do estado, como: a Penitenciária Agro Industrial São João (PAISJ), em Itamaracá; Presídio de Igarassu (PIG); Penitenciária Dr. Ênio Pessoa Guerra (PDEPG), em Limoeiro;  Centro de Ressocialização do Agreste (CRA), em Canhotinho;  e Penitenciária Juiz Plácido de Souza (PJPS), em Caruaru. 

São esculturas, peças de xadrez, brinquedos educativos, quadros, entre outros artesanatos em madeira, produzidos pelos reeducandos do regime semiaberto e fechado. O estande da Seres na Fenearte é o 414.

Da assessoria

Seis reeducandos do regime aberto e livramento condicional concluíram na manhã desta quarta (10), a requalificação de nichos religiosos no Sítio Histórico de Olinda. Também conhecidos como Passos de Olinda, esses nichos são pequenas capelas centenárias que abrem às portas para a Procissão dos Passos, que vai recriar o Calvário de Jesus nesta quinta (11) e sexta (12). O trabalho dos cumpridores é uma parceria entre a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH) e a Prefeitura de Olinda.

Com vistas na reinserção social dos apenados e na recuperação das estruturas históricas de Olinda, os reeducandos fizeram a limpeza, conserto e pintura e a iluminação dos nichos. Eles cumprem carga horária de oito horas diárias e têm contrato regido pela Lei de Execuções Penais. O Patronato Penitenciário, órgão vinculado à SJDH, acompanha e oferece aporte psicológico, jurídico e encaminham os apenados para vagas de trabalho.

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No trabalho, os nichos da Ribeira, Alto da Sé, Quatro Cantos, 27 de Janeiro e 13 de Maio foram revitalizados. As edificações foram construídas entre os séculos 18 e início do século 19 e ficarão abertas até o domingo de Páscoa.

“Além de voltar para sociedade de forma honesta, estou tendo a honra de trabalhar e lugares históricos como estes. Também faz parte da ressocialização ter acesso à cultura”, contou o reeducando Leandro Paz, 39.

Segundo o superintendente do Patronato Penitenciário, Josafá Reis, na Cidade Patrimônio já são mais de 100 reeducandos trabalhando. “Mantemos um convênio com a Prefeitura de Olinda que já conta com 136 egressos do sistema prisional. Eles atuam na varrição, capinação, conserto e manutenção das vias urbanas de Olinda”, destaca Reis. 

Da assessoria

Uma das polêmicas promessas no início do mandato do prefeito de Olinda, Lupércio (SD), está sendo cumprida: ampliar a parceria com a capital pernambucana que leva reeducandos para cumprir pena alternativa na Cidade Alta. Atualmente, os convênios realizados garantem atividade para 823 apenados. Desse número, 30 presos do regime aberto, atendidos pelo Patronato Penitenciário de Pernambuco, trabalham no município recolhendo cerca de três mil sacos de 200 litros de lixo na praia e na avenida da orla. 

Em entrevista concedida ao LeiaJá, o prefeito falou mais detalhadamente sobre o projeto, ressaltou a importância de trazer esses homens e mulheres de volta à sociedade, bem como contou que não há tido nenhum tipo de queixa, embora assumiu que ainda existe um certo preconceito. “Preconceito a gente sabe que existe e nunca vai deixar de existir, mas graças a Deus a gente não tem tido aquela coisa de alguém chegar ao ponto de se exceder nos seus preconceitos. Existe por parte de uma ou de outra pessoa, mas é uma situação isolada”. 

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Lupércio garante que tem fiscalizado de perto o trabalho dos reeducandos e que percebe neles muita disposição. “Eu, particularmente, posso dar o testemunho: estou muito satisfeito com o trabalho deles. Essa é uma oportunidade para quem quer verdadeiramente ressocializar. Disposição eles têm e, dificilmente, você vê algum que fica se escorando, vemos neles o desejo realmente de voltar à sociedade. Eu não tenho dúvida da importância desse trabalho e tão somente fazer uma reflexão: quem nunca errou? Então, todos merecem uma oportunidade e está na mão deles a oportunidade”.

“A gente vê as pessoas na orla fazendo suas caminhadas e eles trabalhando e respeitando as pessoas que estão ali caminhando. Eu, particularmente, não tenho tido queixas por parte de nenhuma das pessoas que tem feito as suas caminhadas. Cito os que trabalham na orla, como exemplo, porque são as mesmas pessoas ali no dia a dia. Temos lidado muito bem também com as reeducandas, que é em um número menor, mas também temos mulheres trabalhando", detalhou.

O prefeito contou que quando assumiu a gestão teve a preocupação de ampliar o trabalho, mas também de profissionalizar os presos com capacitações nas áreas que teriam mais habilidade como eletricista, encanador, pedreiros, pintor e áreas afins. Hoje reeducandos também são aproveitados para realizares serviços em secretarias diversas que estejam precisando, por exemplo, de alguma demanda. “Graças a Deus, as coisas vem acontecendo. Eles também ajudam na capinação e nos serviços das praças também”. 

Ele ressaltou que a parceria com o Governo de Pernambuco, através da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, com a prefeitura tem feito toda a diferença. Com a união, os reeducandos também desenvolvem um importante trabalho na PE-15, no limite do município de Paulista até o limite do Recife. 

“Quem pega a PE-15 percebe que tem um matagal. Um mato muito alto que dá até para uma pessoa se esconder. E, graças a Deus, estamos fazendo um trabalho com eles na BR, que já tem dado uma visibilidade muito boa para as pessoas que vem de vários municípios. Quem vem de Igarassu, por exemplo, já está percebendo o que está acontecendo na PE-15, iremos chegar até o limite do Recife mantendo a limpeza da mesma”, declarou.

 O trabalho é desenvolvido na rodovia por 40 reeducandos do sistema prisional. A iniciativa prevê a desobstrução de canaletas e galerias, capinação das margens da pista e remoção de entulhos. Cabe à Prefeitura de Olinda a doação dos fardamentos do pessoal envolvido no serviço, liberação de ferramentas e monitoramento da execução do trabalho. Já o Estado assume o pagamento de uma ajuda de custo para os apenados. Para três dias trabalhados, o preso reduz um na pena. 

Segundo Lupércio, o projeto “Pinte Seu Patrimônio”, que tem como objetivo incentivar os moradores a pintarem as fachadas de suas casas tornando a cidade mais atrativa para os olindenses e turistas também conta com a ajuda dos presos. No programa, o poder público entra com a mão de obra e o morador com os materiais. “Eles passam por uma capacitação com os profissionais responsáveis e o trabalho é supervisionado pela secretaria, engenheiros e arquitetos. As pessoas na cidade alta tem tido uma aceitação muito boa tanto é que já tem pessoas que já deixaram nome e endereço para seguir uma ordem para a pintura dos imóveis”, disse. 

“Novos Horizontes com Justiça”. Assim foi batizado um projeto que promete ofertar cursos profissionalizantes a pessoas privadas de liberdade. Fruto de uma parceria entre a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH) e a Justiça Federal em Pernambuco, a ação deve beneficiar 1.620 reenducandos dos sistemas fechado e semiaberto, oriundos de mais de 20 presídios do Estado.

Os cursos serão conduzidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). O projeto será financiado pela Justiça Federal, que investirá R$ 198 mil, enquanto que a Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) ficou com a responsabilidade de viabilizar os cursos conforme as demandas do mercado de trabalho de cada região.

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“Parcerias que envolvam educação e profissionalização são fundamentais no processo de ressocialização. Todo preso tem prazo de validade e quanto mais qualificado ele sair das prisões, menores serão os índices de reincidência. Ganham os presos e a sociedade”, argumenta o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, conforme informações da assessoria de imprensa.  

Os cursos contam com cargas horárias que variam de 20 a 30 horas. Entre as opções estão artesanato, pintura, cozinha, corte e costura, estética e beleza, aplicação de películas automotivas e injeção eletrônica de motocicletas. Segundo a Seres, as aulas deverão iniciar em outubro deste ano. 

 “A parceria também irá incrementar o nosso Banco de Talentos já que serão mais reeducandos capacitados que poderão ser direcionados ao mercado de trabalho”, diz o gerente de Educação e Qualificação Profissionalizante da Seres, Edvany Oliveira.

De acordo com a Seres, mais de 700 reenducandos receberam capacitação em Pernambuco neste ano. A cada 12 horas de qualificação, o detento diminui um dia da sua pena.

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Cerca de 1.620 reeducandos das 23 unidades prisionais de Pernambuco vão receber cursos de qualificação a partir de outubro. Detentos do sistema fechado e semiaberto serão os beneficiados pelo projeto “Novos Horizontes com Justiça”, criado através de uma parceria entre a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), por meio da Executiva de Ressocialização (Seres), e a 36ª Vara da Justiça Federal/PE. O termo de responsabilidade foi assinado nesta segunda-feira (10). Serão oferecidas capacitações em artesanato, pintura, cozinha, corte e costura, estética e beleza, aplicação de películas automotivas, injeção eletrônica de motocicletas, entre outras.

Os cursos serão ministrados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). O investimento de aproximadamente R$ 198 mil foi disponibilizado pelo judiciário federal. “A Justiça Federal tem a disponibilidade de recursos financeiros provenientes da execução das penas de prestação pecuniária, então houve a possibilidade financeira que permitiu que um projeto de relevância para o estado pudesse ser aceito por nós. Há uma questão social muito importante que é saber que essas pessoas vão sair da unidade prisional, que essa saída ocorra com a possibilidade de empreender para que não voltem para a criminalidade que é o caminho que elas conhecem”, explica a juíza Carolina Malta.

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As vagas foram distrubuídas pela Seres de acordo com as oportunidades do mercado e a realidade de cada região. As cargas horárias variam entre 20 e 30 horas. “Parcerias que envolvam educação e profissionalização são fundamentais no processo de ressocialização. Todo preso tem prazo de validade e quanto mais qualificado ele sair das prisões, menores serão os índices de reincidência. Ganham os presos e a sociedade”, destaca o secretário Pedro Eurico. 

Também nesta tarde foi apresentado à Justiça Federal um novo projeto intitulado “Liberdade pela Leitura”, direcionado ao Projeto Remição de Pena pela Leitura, já implantado nas 23 unidades prisionais de Pernambuco. Orçado em R$ 116 mil, o projeto prevê a aquisição de livros, com parecer positivo para a remição, cartilha de orientações e materiais necessários à avaliação do projeto.

Cerca de 35 reeducandos do sistema prisional começaram nesta terça-feira (4) um trabalho de manutenção da rodovia PE-15, em Olinda, no Grande Recife. Entre as ações, estão a capinação das margens da pista, a desobstrução de canaletas e galerias, pintura de meio-fio e remoção de entulhos. Os trabalhos devem durar até dezembro.

A equipe recebeu o uniforme completo, devidamente identificado, além de equipamentos de proteção como luvas e botas. “Oferecemos a capacitação necessária, incluindo o treinamento para a operação com máquinas. Trata-se de uma proposta de baixo custo e bastante positiva, representando ganhos para todos”, afirmou o secretário de Infraestrutura de Olinda, Marconi Madruga. 

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Os reeducandos, que fazem parte do regime aberto, vão receber remuneração e devem cumprir uma jornada de 40 horas semanais, atuando de terça-feira a sábado, no horário das 7h30 às 16h30. Eles terão uma hora de intervalo para o almoço e contarão com o vale para o transporte. 


Nesta quarta-feira (2), a Secretaria Executiva de Patrimônio de Olinda, na Região Metropolitana do Recife (RMR), recebeu uma equipe de zeladoria com 20 novos reeducandos do sistema prisional de Pernambuco. O grupo atuará principalmente na área do Sítio Histórico de Olinda.

Durante o programa de zeladoria,  todos participam de qualificação profissional com aulas e palestras educativas. São aprendidas técnicas como uso de tinta cal, argamassa e cimento.

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Entre os novos membros existem pintores, carpinteiros, marceneiros, eletricistas e encanadores. A iniciativa conta com a parceria do Governo do Estado. 

Cerca de 23 reeducandos do Presídio de Igarassu, Região Metropolitana do Recife (RMR), realizarão o sonho de casamento, que será feito de forma coletiva na unidade prisional. A cerimônia acontece na manhã desta sexta-feira (23), por volta das 10h, no espaço ecumênico da unidade, com a celebração de um pastor da igreja evangélica Assembleia de Deus.

Os noivos terão direito ainda a buffet e à presença de quatro familiares por reeducando. Segundo a assessoria da Secretaria Executiva de Ressocialização, essa não é a primeira vez que a unidade realiza esses casamentos coletivos. "No ano passado realizamos o casamento coletivo de 14 pessoas", informa a assessoria.

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Para conseguir se casar no presídio, o interesse e o pedido têm que partir do reeducando. A partir daí a secretaria se responsabiliza por organizar o evento, ficando inerente a noiva a responsabilidade de conseguir o vestido e o bolo do. A assessoria confirma também que existem ações dessa natureza no interior do Estado.

 

A cerimônia é uma realização em parceria da Defensoria Pública de Pernambuco, Secretaria Executiva de Ressocialização e o Cartório de Registro Civil de Itapissuma.

 

Em meio a grades e muros sólidos, tons coloridos embelezam as paredes de um pavilhão. Cores fortes, assim como as maquiagens que reavivam a autoestima do corpo e da alma. O clima tenso, em muitos momentos, cede espaço à esperança de sentir e viver a liberdade de novo, junto ao povo do lado de fora da prisão. Neste mesmo pavilhão, reenducandos pagam pelos crimes cometidos, mas não se sentem presos para discutir seus direitos e pedir respeito. Autodeclarados homossexuais, detentos vivem em um espaço exclusivo para o público LGBT; com uma representatividade além de uma simples estrutura física, a área reservada simboliza um marco, segundo os reeducandos, no sistema carcerário pernambucano. 

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Dos 22 anos de *Karina, seis são de reclusão. Feriu as regras da sociedade e, conforme o próprio discurso, paga merecidamente pelos erros cometidos. Há três anos, acompanhou o início da política LGBT no Presídio de Igarassu (PIG) – penitenciária masculina -, na Região Metropolitana do Recife, onde foi construído um pavilhão direcionado a homossexuais. Karina é homossexual e afirma que o pavilhão resultou em inúmeros benefícios, sendo o principal deles a diminuição da violência contra presidiários gays. 

“Posso falar pelo antes e pelo presente. No início foi construída só a estrutura física, mas faltavam oportunidades de estudo e trabalho. Os direitos não eram iguais e antes desta gestão éramos discriminados porque somos homossexuais. Pelo simples fato de sermos gays, perdíamos a razão. Era um inferno este lugar, às vezes a gente apanhava, algumas meninas que já saíram do presídio sofreram até agressões físicas e sexuais! Mas nesta nova gestão, ganhamos a chance de fazer cursos e trabalhar, porque um dia poderemos voltar para a rua e não queremos cometer crime. Hoje, não sofremos violência, temos a nossa privacidade. Os outros presos nos respeitam”, relata Karina, em entrevista ao LeiaJá.

Karina reitera que ela e suas companheiras de prisão precisam ser respeitadas pelas escolhas de gênero. Por outro lado, de acordo com ela, a opção sexual não pode impedir punição quando alguém infringir as normas do presídio. “Nós erramos na sociedade, mas agora estamos pagando pelos erros. E aqui dentro da unidade prisional, o respeito começa por nós. Sabemos que alguns homens são homofóbicos, mas aqui não existe mais isso; a gente sofria perseguição, conspiração, mas o PIG tem combatido tudo isso. Quando nós do pavilhão LGBT erramos, precisamos pagar”, comenta a reeducanda.

Segundo *Priscila, que há cerca de três meses cumpre pena no PIG, o pavilhão LGBT é um espaço que contribui para o processo de ressocialização. Ela conta que já passou por outras cadeias, como o Complexo do Curado, no Recife. Nessas experiências, afirma que sofreu violência por ser homossexual. “Passei por alguns problemas, mas hoje, aqui em Igarassu, está tudo muito tranquilo. Aqui tem respeito, ninguém apronta com a gente”, fala a reeducanda de 28 anos.

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Seres garante inclusão

De acordo com diretor do Presídio de Igarassu, Charles Belarmino, nenhum presidiário, mesmo autodeclarado homossexual, é obrigado a cumprir pena no pavilhão LGBT; ele é orientado a viver nesse espaço, mas possui o direito de circular entre os demais presidiários. O gestor explica que, a partir do momento em que um reeducando homossexual chega à unidade, ele pode solicitar à direção ficar no espaço exclusivo. Os demais presos que não pertencem a esse grupo não podem viver no pavilhão LGBT.

“Existem alguns presos que passam por problemas em outros presídios e são enviados aqui para Igarassu, porque somos referência. Acolhemos esse pessoal, hoje estudam e trabalham aqui na unidade. No pavilhão tem acompanhamento médico e psicológico, existe todo um aparato. Muitos presos que chegam aqui não dizem que são homossexuais e, quando têm conhecimento sobre o pavilhão, pedem para ficar nele”, detalha. 

“Qualquer reeducando do pavilhão LGBT tem acesso aos outros espaços e são respeitados hoje em dia. Não existe homofobia aqui. Acolhemos o pessoal e praticamos a ressocialização”, complementa Belarmino. “Também são permitidas as visitas íntimas com namorados, maridos ou qualquer companheiro, assim como ocorrem as visitas íntimas dos demais presos”, finaliza. Ao todo, 16 detentos vivem no pavilhão LGBT do PIG. 

Segundo a psicóloga do Presídio de Igarassu, Sandra Alaíde Souza, o pavilhão LGBT e principalmente a disseminação do respeito entre a população carcerária contribuem para a valorização pessoal dos reeducandos. “A gente trata a população carcerária sem discriminação e assim eles se sentem mais aceitos. Você ser aceito pela sua sexualidade é difícil lá fora, imagine em um presídio? Aqui eles conseguem ser eles próprios, não precisam colocar máscaras, são respeitados em qualquer momento. Quando saem do pavilhão LGBT e vão para outros grupos eles não são discriminados e isso é muito bom”, comenta a psicóloga.

O secretário executivo Cícero Rodrigues, da Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) em Pernambuco, explica que a criação de pavilhões e celas para o público LGBT ocorreu em outras gestões. O motivo: as constantes agressões – físicas e sexuais - sofridas pelos reeducandos homossexuais em decorrência da violência cometida pelos demais presidiários. Segundo o gestor, após a política de combate à homofobia no sistema carcerário do Estado, os casos de agressão caíram consideravelmente; ainda não há um levantamento com números concretos, mas o gestor garante que o público LGBT hoje é tratado com mais respeito nos presídios do Estado.

“Têm diminuído (agressões), é evidente que a gente tem ainda alguns casos, porque a homofobia existe em todos os lugares. Mas em termos gerais, a violência contra o público LGBT caiu bastante, estamos trabalhando para inibir situações de violência. Além dos pavilhões e celas, o sistema realiza inúmeras palestras, sendo o público LGBT um dos assuntos, para que a população carcerária trate os companheiros normalmente. É um caminho que encontramos para diminuir o preconceito”, garante Rodrigues.

O gestor também reforça que a ideia não é segregar, justamente porque os reeducandos do pavilhão LGBT podem circular pelos outros setores das unidades prisionais. A proposta é fomentar a boa convivência e principalmente o respeito. De acordo com a Seres, existem cerca de 130 detentos autodeclarados homossexuais no sistema carcerário de Pernambuco e oito unidades prisionais possuem pavilhões ou celas exclusivas para os grupos LGBT. Cícero Rodrigues revelou, em entrevista ao LeiaJá, que o Estado pretende ampliar esses espaços.

“Nós temos um planejamento para que a gente possa colocar nas unidades prisionais mais pavilhões. A demanda surge a partir da situação que o reeducando se autodeclara; não adianta construir pavilhões sem os detentos homossexuais se autodeclararem, porque os espaços nas unidades prisionais são muito reduzidos. Qualquer unidade prisional poderá receber ter um pavilhão LGBT”, declara o secretário, que preferiu não cravar quais presídios estão mais próximos de receber os espaços exclusivos.

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--> Um novo olhar sobre a terceira idade no sistema carcerário 

Compartilhar momentos de felicidade em família, relembrar experiências marcantes ao lado dos amigos e presenciar a chegada dos netos com a certeza de que novas gerações darão continuidade a uma bela história de vida. Saber que conquistou sonhos e proporcionou alegria entre pessoas amadas, além de acreditar que a boa idade e os fios de cabelos brancos não podem representar o fim da linha. No sentindo amplo da palavra longevidade, essas ou quaisquer outras conquistas intensificam a saúde física e o bem estar de idosos que entenderam essa fase da vida como um momento ainda sujeito a novas vivências e cheio de possibilidades para novas contribuições.

Compreender a longevidade dessa maneira, no entanto, nem sempre é comum entre alguns idosos. Circunstâncias pessoais e sociais podem causar nas pessoas da terceira idade um pensamento de declínio e até mesmo de inutilidade. Um recorte específico e que expõe esse pensamento é o de idosos reclusos da sociedade. Por erros cometidos, perderam o direito de liberdade e passaram a enfrentar o crítico cenário do sistema carcerário brasileiro. Na cadeia, pagam pelos crimes cometidos e, diante de adversidades como superlotação e violência, praticamente desacreditaram que a terceira idade pode sim ser um momento de recomeço. Dentre os questionamentos, seria possível envelhecer de forma saudável, na forma mais ampla da expressão, atrás das grades? Uma ação idealizada em Pernambuco busca mudar o quadro dos que desacreditaram na força da longevidade.

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Um projeto realizado no Presídio de Igarassu (PIG), na Região Metropolitana do Recife, tenta amenizar os impactos da terceira idade diante das grades. Na prática, a ideia de longevidade passou a ser colocada em pauta com foco nos reeducandos idosos ou próximos de ingressar nessa faixa etária, com o objetivo de garantir saúde física e bem estar aos atendidos. Alguns deles estão próximos de retornar à sociedade e principalmente aos braços das famílias, mas outros foram esquecidos pelos entes queridos por diversos motivos e recebem uma atenção direcionada ao lado psicológico. Atividades físicas, consultas médicas, exames clínicos, terapia musical, futebol, aulas de artes marciais, trabalho, cursos profissionalizantes, entre outras ações passaram a integrar o dia a dia dos detentos.

"A partir do momento em que o Estado recolhe uma pessoa para o cárcere por ter quebrado os pactos sociais, o reeducando precisa pagar pelo crime que cometeu e o Estado precisa cuidar desse processo de ressocialização. Nosso objetivo é incentivar que ele volte à sociedade como um cidadão de bem, com os valores éticos resgatados. A gente tenta dar um pouco de dignidade a esses reeducandos. Tem idoso com 15 anos de detenção e por isso procuramos fazer um acompanhamento de saúde, nutrição e psicológico, para mostrar a ele que, apesar da idade avançada, existe uma vida e um futuro pela frente, porque a idade não está no corpo da pessoa e sim na mente", destaca a supervisora administrativa do Presídio de Igarassu, Maria das Graças Alves.

De acordo com a supervisora, dos mais de 3 mil detentos do PIG, quase 40 são considerados idosos.  Há quase cinco meses, a unidade realizou uma triagem e identificou os reeducandos da terceira idade para dar início ao projeto que fortalece o sentido da longevidade. "Antes eles ficavam tristes nas celas, principalmente os que foram abandonados pela família, sem querer fazer nada. Alguns guardavam rancor, não queriam saber de nenhuma atividade. Nós fazíamos o convite, mas eles demoravam a aceitar. Depois que passaram a fazer nossas atividades, melhoraram bastante e passaram a acreditar que a ressocialização é possível", comenta Maria das Graças.

São quase sete anos entre os muros e grades do presídio. Antônio, 65, sofreu por viver longe da família e pela saudade dos tempos de liberdade. Tem ciência dos erros cometidos e não questiona a punição na cadeia. Por outro lado, em tom baixo revela o quanto foi difícil enfrentar a condição de idoso recluso e incrédulo quanto à possibilidade de uma nova vida mesmo na terceira idade. Faltava incentivo, sobravam ociosidade, sedentarismo e problemas de saúde. 

"É difícil, quando você está na cadeia pensa um monte de coisa ruim", diz o reeducando. O projeto do PIG tornou-se o escape de Antônio, “momento de paz” que, segundo ele, o faz esquecer até da vida encarcerado. Para alguns, as atividades podem até parecer algo simples, mas Antônio as consideram como uma chance de recomeço. "Hoje estou bem melhor, até de saúde. Tenho saudade da minha família, quero voltar para rua e tocar os negócios que sempre tive. Ainda dá para fazer algo de bom, mesmo velho", relata. No vídeo a seguir, assista outros relatos de reeducandos beneficiados pelo projeto.  

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Segundo a coordenadora de saúde da Secretaria Executiva de Ressocialização de Pernambuco (Seres), Gabriela Paixão, existe um planejamento estratégico que contribui para a manutenção da saúde dos reeducandos. "A unidade prisional conta com uma equipe multiprofissional composta por enfermeiros, médicos, odontólogos, assistência farmacêutica, fisioterapeuta, técnico de enfermagem, além de outros profissionais como psicólogos e assistentes sociais. Existe uma medicação específica para os hipertensos e diabéticos. Os idosos são acompanhados mensalmente e temos um olhar especial para quem precisa de uma alimentação adequada", explica a coordenadora. "A gente consegue fazer um atendimento de qualidade pelo trabalho em conjunto da equipe, passamos pelos pavilhões e identificamos os idosos que necessitam do atendimento", complementa.

Além dos benefícios para o estado físico dos reeducandos idosos, os profissionais envolvidos no projeto ainda destacam os ganhos psicológicos. Psicóloga do Presídio de Igarassu, Sandra Alaíde Souza explana que existe um "trauma" pela inserção no sistema carcerário e para diminuir esse impacto, as ações realizadas contribuem para o bem estar mental dos detentos.

"A gente tenta melhorar a qualidade de vida deles. A psicologia da saúde dá um apoio no sentido de poder escutar eles, entender a demanda emocional de cada um. Alguns, com o passar do tempo, se sentem esquecidos. Tentamos melhorar a parte cognitiva com instrumentos e dinâmicas de grupo, fazendo com que eles expressem o que sentem, principalmente neste momento de reclusão. O trauma acontece pelo indivíduo estar na cadeia e por isso tentamos resgatar o gosto pela expectativa de vida e pelo mundo lá fora", comenta a psicóloga. 

Um levantamento realizado pela Secretaria de Executiva de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco revelou um número pequeno de idosos nos presídios do Estado, em comparação com o quantitativo total de detentos: mais de 30 mil. Em entrevista ao LeiaJá, o secretário Eduardo Figueiredo informou que existem cerca de 380 idosos nas cadeias locais. Para o gestor, o projeto idealizado em Igarassu é considerado uma ação inicial para o atendimento da terceira idade no sistema carcerário e em breve haverá um anúncio concreto de ações que serão expandidas em outros presídios de Pernambuco.

"É importante haver uma política pública voltada à pessoa idosa. O cuidado é essencial em relação à saúde da mulher e do homem idoso, é preciso atentar para a prevenção de doenças. As atividades de ressocialização também são importantes, porque o idoso fica mais vulnerável pelo sentimento de estar fora do lar e da família. A família também é um ponto importante no processo de ressocialização e por isso fazemos um trabalho de assistência social para reforçar os vínculos com os familiares. O Presídio de Igarassu tem um trabalho experimental e que a gente precisa fortalecer. É um pontapé bem dado", diz o secretário.

"A nossa ideia é expandir essas atividades para outras unidades prisionais. Neste mês de setembro, haverá diálogo entre as instituições e a nossa intenção é que em outubro, quando completaremos mais um ano do Estatuto Idoso, a gente possa ter um plano de atendimento voltado para a pessoa idosa. Será um atendimento referenciado nos aspectos da assistência social, médicos e no despertar dos vínculos com os familiares. A visão da ressocialização precisa ser unificada com a proteção da pessoa idosa. Todo ambiente de privação de liberdade potencializa sentimentos e por isso esse ambiente precisa ter uma política especial, com o fortalecimento das áreas técnicas. Os profissionais da assistência social precisam ter um olhar que o reeducando idoso já carrega uma bagagem de sofrimento e nesta reta, a partir dos 60 anos, em que você está em confinamento, os sentimentos se potencializam", complementa o secretário Eduardo Figueiredo.   

A saúde do idoso e o contexto penal

Segundo o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Carlos André Uehara, algumas doenças são consideradas frequentes entre a polução idosa. "As doenças crônicas não transmissíveis são as mais comuns na população idosa, entre elas a hipertensão arterial, o diabete e doença pulmonar obstrutiva crônica. Na população idosa privada de liberdade também há uma maior prevalência de doenças infecciosas, como a tuberculose, portadores de HIV e doenças sexualmente transmissíveis. Os cuidados recomendados são os mesmos da população geral, como hábitos saudáveis, com ingesta de dieta balanceada (carboidrato, proteína e fibras), preferencialmente alimentos não industrializados e atividade física regular. Também orientamos a cessação do tabagismo, uso de preservativo e a correta tomada das medicações", detalha o vice-presidente.

Para Carlos André, existem meios que facilitam a manutenção da saúde física e emocional do idoso, cuja responsabilidade também é dos familiares. Dessa forma, a pessoa na terceira idade pode conviver sob os benefícios da longevidade. "Devemos estimular a manutenção de sua independência, muitas famílias com a intenção de evitar acidentes e complicações limitam as atividades do idoso, fazendo com que ele fique restrito e com poucas atividades. Por mais que o idoso apresente dificuldades, devemos respeitar seu ritmo e limitações e estimulá-lo a realizar suas atividades rotineiras. Se houver necessidade, o idoso e seu cuidador devem receber orientações profissionais e passar por um programa de reabilitação. Orientar a família e o idoso é muito importante, se todos estiverem bem informados, a aceitação e a adesão ao tratamento são facilitadas. Se mesmo após todas as intervenções e orientações não ocorrer um acordo, o desejo do idoso deve ser respeitado", orienta.

 

"De modo geral, a população idosa sofre os mesmos problemas do restante da sociedade, com o agravante que nossos serviços de saúde não estão preparados para a transição demográfica e epidemiológica que está acontecendo. Os planos de saúde privados são mais caros para os idosos, por este motivo muitos fazem seu acompanhamento no Sistema Único de Saúde (SUS). O avanço nos cuidados à saúde e a disponibilidade de tratamento para muitas doenças que matavam possibilitaram o envelhecimento populacional. Dessa maneira, essa nova geração de idosos está mais atenta e aderente aos tratamentos disponíveis", opina o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.

Sobre o contexto penal nos presídios brasileiros dos reeducandos idosos, não existem ações específicas para esse público. “No entanto, a Coordenação-Geral de Promoção da Cidadania tem envidado esforços para elaboração da Política Nacional de Diversidades no Sistema Penal, que abarcará a população idosa no sistema prisional, considerando suas demandas específicas e as orientações quanto às ações e atuações diretas. A previsão para a conclusão do texto de proposta da política é o primeiro semestre de 2018”, diz a agente federal de execução penal Tatiana Leite.

Segundo Tatiana, o código penal brasileiro possui um direcionamento para a tomada de algumas decisões. “São reduzidos pela metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 anos, ou, na data da sentença, maior de 70 anos. A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de 70 anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão”, explica a agente. 

Como parte do cronograma de aulas práticas dos cursos de Gesseiro e Pedreiro, realizados pela Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), através do Patronato Penitenciário, um grupo de 30 reeducandos que cumpre pena no regime aberto e livramento condicional participa da reforma do prédio da ONG Desafio Jovem, no Bairro da Várzea. A atividade é uma parceria com a Associação Brasileira de Desenvolvimento Econômico e Social dos Municípios (ABDESM).

Os reeducandos realizam trabalhos de alvenaria, colocação de gesso, cerâmica, entre outras reformas com a finalidade de melhorar as condições de atendimento no espaço, que atua há 33 anos no Recife, com recuperação de dependentes químicos. Os serviços de pedreiro terminam nesta sexta-feira (1) e os de gesseiro seguem até a próxima terça-feira (5). "Oferecer trabalho e qualificação para esse público representa muito mais do que apenas um emprego. O maior reflexo chega diretamente à sociedade, na diminuição da reincidência e no comprometimento dos reeducandos com as novas atividades", afirma o secretário de justiça e direitos humanos, Pedro Eurico.

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No primeiro semestre deste ano, 934 reeducandos do regime aberto e livramento condicional participaram de cursos e palestras de qualificação através de parcerias do Patronato Penitenciário com empresas públicas e privadas. O Desafio Jovem fica localizado na Avenida Afonso Olindense, 46. Várzea.

Na última quarta-feira (30), foi assinado pelo secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, e o Executivo de Ressocialização, Cícero Rodrigues, o Termo de Cooperação Técnica com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). O documento dá aos detentos do Sistema Prisional de Pernambuco novas oportunidades de qualificação profissional, a partir de setembro.

“Para nós é muito importante porque entendemos que a ressocialização só é eficiente e só se realiza efetivamente se tivermos formação de mão de obra porque o reeducando deixando o sistema vai ter que se preparar para o mundo”, afirma o secretário Pedro Eurico. A ação beneficiará 760 detentos, sendo 340 do Senac e 420 do Senai, em diversos cursos profissionalizantes como formação de garçom, artesanato de sandálias, preparação de bolos e tortas clássicas, produção de derivados de leite/queijo, bombeiro hidráulico, cultivo de plantas medicinais e design de sobrancelhas.

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“Nós precisamos vencer essa situação através de um trabalho conjunto. O governo está disposto a promover a mudança e nós a colaborar”, informa o presidente regional do Senac, Josias Silva de Albuquerque. Os cursos do Senac ocorrerão na região Metropolitana do Recife e o Senai impulsionará a ressocialização nas unidades do Interior do Estado.

Com informações da assessoria de imprensa da Secretaria Executiva de Ressocialização

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A Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) iniciou chamado para cidadãos interessados em trabalhar como voluntários. De acordo com a instituição, os colaboradores desenvolverão, junto aos jovens reeducandos de Pernambuco, atividades educativas e de ressocialização. A seleção também conta com o apoio do Centro de Integração Empresa Escola (CIEE).

Uma das atividades realizadas entre os reeducandos é o curso de iniciação à informática. Ao todo, são 16 horas de qualificação que contempla atividades básicas como internet e conhecimento do Office. As aulas são realizadas na Biblioteca Pública Estadual (BPE), localizada no Recife. 

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De acordo com a coordenadora de Programa Sociais e Pedagógicos do CIEE, Telma Muniz, o apoio dos voluntários e as atividades de capacitação ajudam os reeducandos a vislumbrarem um futuro longe do mundo do crime. “Por meio desse trabalho conseguimos mudar a realidade de vida desses adolescentes. O contato com conteúdos de formação e de preparação para o mundo do trabalho faz com que esses jovens em situação de vulnerabilidade comecem a despertar para as possibilidades de inserção no mercado de trabalho. Para isso temos o apoio grandioso dos nossos voluntários”, comentou Telma, conforme informações da assessoria de imprensa.

Os interessados no trabalho voluntário devem entrar em contato com o telefone (81) 3184-5449 ou pelo e-mail profissionalizacao@funase.pe.gov.br. Segundo a Funase, não é exigida formação profissional. As unidades da Fundação estão localizadas na Região Metropolitana do Recife e em alguns municípios do interior do Estado. 

    

Quando as grades abrem-se, as batidas da bola anunciam o futebol. É dia de praticar esportes, momento em que as divergências ficam de lado, brigas e conflitos são apagados. No piso liso ou no campo de barro alaranjado, os jogadores iniciam uma “partida” pela ressocialização, por mais utópica que ela pareça diante do problemático sistema carcerário brasileiro. Os times, no entanto, são descritos como pavilhões, em um campeonato que a taça, de fato, não é o mais importante. O que se busca é uma oportunidade de recuperação e de relembrar as épocas em que o futebol era disputado longe das grades.

No Presídio de Igarassu, Região Metropolitana do Recife, o futebol virou uma “arma” contra a ociosidade dos reeducandos. Além dele, outras modalidades esportivas e atividades de qualificação integram a programação da unidade prisional que, há pelo menos dois anos, não registra rebeliões, diferente de outros presídios pernambucanos. Cerca de três meses atrás, a direção da cadeia criou um campeonato de futebol entre detentos de diferentes pavilhões, no formato de pontos corridos e com jogos decisivos na fase final prevista para dezembro deste ano.

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Os times foram escolhidos via sorteio. No entanto, os representantes das equipes foram selecionados por apresentarem intimidade com o futebol. Eles ficaram com a responsabilidade de definir as posições de cada reeducando nos times, além de acompanhar a tabela de disputa. Parte das partidas é realizada em campo de barro, com cinco atletas na linha e um no gol, enquanto outros jogos ocorrem nas quadras de futsal, sendo quatro atletas e um goleiro.

“O sistema carcerário é carente. Então, qualquer coisa, por pequena que pareça, é muito grande para a gente. A ideia do campeonato partiu da direção, antes aqui não tinha. Já passei por outros presídios, são diferentes do PIG (Presídio de Igarassu). Aqui a gente joga sem confusão, não tem inimigo”, relata o reeducando Fabson Lemos, 36 anos.

Para Fabson, o futebol foi um meio de vida. Afirma ter atuado - quando estava em liberdade - como profissional em equipes do Nordeste, relembrando saudosamente da época em que compartilhava alegria vendo a bola rolar. “O que mais sinto falta é da resenha, das brincadeiras após os jogos. Era um meia que deixava os atacantes na cara do gol”, diz, de forma descontraída, em entrevista ao LeiaJá.

Integrante da mesma equipe de Fabson, o reeducando Flávio Duarte, 36 anos, também jogou futebol antes da prisão. Se diz bom atacante, rápido, daqueles jogadores que incomodam a defesa adversária. “Aqui, todo mundo gosta de bola. E com certeza temos bons jogadores, existem até outros que foram profissionais. Sou um atleta que não gosto de perder e com certeza procuro ajudar dentro de campo”, comenta Flávio.

De acordo com o diretor do Presídio de Igarassu, Charles Belarmino, o campeonato conta com 120 reeducandos distribuídos em dez times. As partidas são realizadas duas vezes por semana, com 15 minutos em cada tempo, sob a arbitragem de um colaborador – os jogadores respeitam a decisão do juiz, sem contestação -. O próprio Charles faz questão de participar de algumas partidas. “Sou apaixonado por futebol e tenho a confiança dos reeducandos. Aqui a gente tem uma série de atividades ocupando o tempo deles”, conta o diretor.

Na unidade prisional, existem cinco quadras e um campo. Com capacidade para 426 detentos, o Presídio de Igarassu conta hoje com mais de 3 mil reeducandos, sendo considerado uma cadeia de segurança máxima. Assista, a seguir, como é a disputa do campeonato realizado nas dependências de um presídio:

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Nesta quarta-feira (19) a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), através do Patronato Penitenciário, lançou um programa de qualificação profissional para reeducandos de Pernambuco. Serão realizados nove cursos, com um total de 2.025 vagas para reeducandos do regime aberto e livramento condicional. 

“Vamos trabalhar para fazer uma ponte entre vocês, que estão se preparando profissionalmente, e as empresas conveniadas com o Patronato para que haja a contratação do maior número de participantes possível, com a maior celeridade possível também”, pontuou o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico.

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Os cursos são de Mecânica de Moto, Pedreiro Geral, Pedreiro Revestidor, Doces e Salgados, Encanador, Eletricista Geral, Eletricista Predial, Pintura Predial e Gesseiro. A ação é uma parceria da SJDH com a Associação Brasileira de Desenvolvimento Econômico e Social dos Municípios (ABDESM). 

A ocasião também contou com uma aula inaugural do primeiro curso, o de Mecânica de Moto, para 100 reeducandos presentes. “Quando saímos do cárcere não temos muito apoio e o Patronato Penitenciário me deu a atenção e a oportunidade de retornar ao mercado de trabalho. O setor psicossocial também foi muito importante. Começar é difícil, mas recomeçar é mais ainda”, ressaltou uma das alunas que a identidade será preservada. 

De acordo com a Lei de Execução Penal, a assistência educacional do Estado visa proporcionar a instrução escolar e a formação profissional do reeducando. O ensino profissional deverá ser ministrado em nível de iniciação ou de aperfeiçoamento técnico. O Setor Educacional do Patronato Penitenciário ficará responsável pelo cadastramento, organização, acompanhamento e avaliação dos cursos.  

Socioeducandos fugiram, na manhã desta sexta-feira (30), do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de Abreu e Lima, segundo informações da assessoria de imprensa da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase).

De acordo com a comunicação do órgão, ainda não há números de quantos reeducandos fugiram nem de quantos já foram recapturados pela Polícia Militar. A contagem está sendo realizada e será divulgada ainda nesta sexta-feira.

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