O Talibã anunciou que libertará neste domingo (12) um primeiro grupo de prisioneiros, no âmbito de uma difícil troca com as autoridades afegãs, um grande avanço depois que os insurgentes abandonaram as negociações com Cabul na semana passada.
O anúncio ocorre em meio ao medo do fracasso das negociações de troca de prisioneiros, considerados essenciais para a paz.
"Hoje [domingo] serão libertados vinte prisioneiros do governo de Cabul", anunciou o porta-voz do Talibã, Suhail Shaheen, no Twitter. Ele explicou que o grupo será entregue a representantes da Cruz Vermelha na cidade de Kandahar.
O anúncio ocorre após a libertação de vários prisioneiros talibãs pelo governo afegão e depois que o chefe das forças americanas e da OTAN no Afeganistão se reuniu com líderes insurgentes para negociar a redução da violência no país.
Washington assinou um acordo histórico com o Talibã em fevereiro, prometendo a retirada das tropas americanas e estrangeiras do Afeganistão nos próximos meses, sob a condição de que os insurgentes acabem com a violência e comecem a negociar com o governo afegão.
O acordo também obriga as autoridades de Cabul, que não são signatárias do texto, a libertar 5.000 talibãs, e os insurgentes, por sua vez, a libertar 1.000 prisioneiros.
A troca deveria ter acontecido em 10 de março para o início das negociações, mas foi marcada por problemas e desavenças.
Cabul assegurou que o Talibã queria a libertação de 15 de seus "principais comandantes", enquanto os insurgentes acusaram as autoridades afegãs de desperdiçarem seu tempo.
Um pequeno grupo de representantes do Talibã se reuniu com o governo para negociar um programa completo de troca de prisioneiros na semana passada, mas abandonou as negociações quando o governo ofereceu uma libertação gradual de detentos.
O Talibã alertou que sua decisão de libertar um grupo de prisioneiros não significa que as negociações com Cabul estejam recomeçando.
"Não, o processo não voltou, mas é um passo de boa vontade [por parte do Talibã] para acelerar o processo de troca de prisioneiros", disse à AFP o porta-voz dos insurgentes, Zabihullah Mujahid.
Por sua parte, Javid Faisal, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional do Afeganistão, criticou os insurgentes por não terem iniciado o processo mais cedo, dizendo que é necessário reduzir a violência entre ambas as partes e um subsequente cessar-fogo.
"Eles também teriam que preparar uma reunião frente a frente com a República Islâmica do Afeganistão", disse Faisal.
Os insurgentes intensificaram seus ataques às forças de segurança afegãs em todo o país em áreas controladas pelo governo e acusam as forças americanas de ajudar o governo afegão com aviões que causam mortes de civis.