O vereador e líder do governo na Câmara Municipal do Recife, Samuel Salazar (MDB), classificou como “equivocada” a Nota Técnica (N°10) elaborada pelo mandato do também vereador, Ivan Moraes (PSOL), sobre aspectos relacionados à desigualdade na cobertura vacinal do Recife.
Em nota, Salazar afirmou que “o estudo trata-se, na verdade, de um desserviço à sociedade e, sobretudo, ao esforço municipal em avançar o mais rápido possível no processo de imunização, buscando vacinar o maior número de pessoas na cidade frente ao avanço de novas variantes do coronavírus, em especial a Delta”. Ele disse ainda que o documento apresenta “resultados precipitados” e induz “parte da opinião pública ao erro de interpretação de dados sobre a vacinação no Recife”.
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O líder do governo criticou a metodologia empregada na construção da nota técnica publicada pelo mandato de Moraes, e apontou supostos erros no cálculo da letalidade da Covid-19 por bairro, ponto de destaque no levantamento.
“De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) é possível calcular a taxa de letalidade de duas formas diferentes – e que não estão contidas no documento. Uma é utilizando o número de óbitos em relação ao número de casos confirmados da doença e, segundo o Boletim Epidemiológico usado na NT, o índice seria de 3,47%, extremamente menor do que o publicado. O outro modo, ainda segundo a OMS, é utilizar o número de óbitos em relação ao número de recuperados mais o número de óbitos. Da mesma maneira, é possível observar que o Recife que a taxa de letalidade de 3,50%, novamente abaixo dos dados apresentados na nota técnica”, destacou Salazar.
Ele defendeu a gestão do prefeito João Campos (PSB), e se referiu ao plano de vacinação do Recife como “referência nacional, ao permitir que qualquer cidadão adulto apto a receber a vacina pode agendar o dia, horário e local para receber o imunizante, sem gerar aglomerações e filas nos postos de vacinação. Tudo isso é feito por meio da plataforma Conecta Recife”.
“No afã de querer desconstruir um programa que vem salvando vidas no Recife, em vez de somar esforço em buscar ampliar a cobertura vacinal de nossa população, o vereador Ivan Moraes perde, mais uma vez, a oportunidade de demonstrar seu espírito público e cobrar mais ações concretas ao Governo Federal, quem, de fato, administra o envio de doses de imunizantes para todos os estados e municípios do Brasil”, finalizou a nota.
O que diz Ivan Moraes?
Por meio de sua assessoria, o vereador Ivan Moraes afirmou que a Nota Técnica N° 10 foi feita com base em “informações oficiais, disponíveis tanto através da democracia ativa quanto através de pedido de acesso à informação”.
Moraes disse também que “se, por um lado, a escolha da Prefeitura do Recife por um processo digital de cadastro tem facilitado muito o processo de vacinação para quem tem acesso e familiaridade à Internet, há barreiras conjunturais gritantes e inequívocas que fazem com que boa parte de nossa população tenha dificuldades de completar seu ciclo de imunização”.
“Importante ressaltar que não somos apenas nós quem tem cobrado mais vacinação em áreas periféricas, em que se concentra grande parte da população negra da nossa cidade. Recentemente, acompanhamos demanda semelhante a partir de recomendação publicada de forma conjunta pelo Ministério Público de Pernambuco, Ministério Público Federal, Defensoria Pública de Pernambuco e Defensoria Pública da União cobrando maiores esforços de comunicação e também maior cobertura para o Distrito Sanitário V (Afogados, Areias, Barro, Bongi, Caçote, Coqueiral, Curado, Estância, Jardim São Paulo, Jiquiá, Mangueira, Mustardinha, Sancho, San Martin, Tejipió e Totó). A mesma cobrança tem sido feita pela campanha “Queremos a Periferia Viva: Vacina para Todos!”, liderada por integrantes da academia e militantes pelo direito à saúde”, frisou.
“Continuamos reconhecendo a importância do esforço da gestão e a qualidade técnica de suas gestoras. E continuaremos cobrando os necessários ajustes na estratégia municipal, cumprindo com nosso dever de fiscalizar o poder executivo, cobrando as medidas necessárias para que possamos superar de uma vez a crise sanitária causada por esta pandemia”, finalizou Ivan Moraes.
Confira, abaixo, o posicionamento dos parlamentares na íntegra:
Em resposta à matéria com o título “ Vereador faz estudo expondo desigualdade vacinal no Recife” o líder do governo e vereador do Recife Samuel Salazar (MDB) esclarece:
A análise realizada na nota técnica elaborada pelo mandato do vereador Ivan Moraes (PSOL) é equivocada devido a erros conceituais e conclusões sem fundamentos técnicos e metodológicos, apresentando resultados precipitados e induzindo parte da opinião pública ao erro de interpretação de dados sobre o processo de vacinação no Recife. O estudo trata-se, na verdade, de um desserviço à sociedade e, sobretudo, ao esforço municipal em avançar o mais rápido possível no processo de imunização, buscando vacinar o maior número de pessoas na cidade frente ao avanço de novas variantes do coronavírus, em especial a Delta.
É preciso esclarecer que o Recife, sob a liderança do prefeito João Campos, desde o início estruturou um robusto plano de vacinação que é referência nacional, ao permitir que qualquer cidadão adulto apto a receber a vacina pode agendar o dia, horário e local para receber o imunizante, sem gerar aglomerações e filas nos postos de vacinação. Tudo isso é feito por meio da plataforma Conecta Recife. Esse esforço está sendo possível graças à decisão de aliar processos de transformação digital que está sendo implementada em toda gestão municipal aliada a abertura de postos para atendimentos exclusivos para vacinação, mantendo toda a estrutura municipal de Saúde em funcionamento para as demais demandas da população.
Além disso, o Recife vem seguindo orientações técnicas estabelecidas no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19, ao elencar os grupos prioritários para recebimento da vacina. Sendo assim, não corresponde à verdade que determinadas taxas de letalidade se devem a suposta priorização na vacinação de grupos populacionais e bairros, fazendo com que esse tipo de cobrança se mostre indevida e significaria o não cumprimento do plano nacional.
Uma análise mais aprofundada na nota técnica do vereador mostra que a taxa de letalidade apresentada foi calculada de maneira errônea, gerando taxas de letalidade extremamente altas, com valores acima de 100%, o que é conceitualmente impossível. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) é possível calcular a taxa de letalidade de duas formas diferentes – e que não estão contidas no documento. Uma é utilizando o número de óbitos em relação ao número de casos confirmados da doença e, segundo o Boletim Epidemiológico usado na NT, o índice seria de 3,47%, extremamente menor do que o publicado. O outro modo, ainda segundo a OMS, é utilizar o número de óbitos em relação ao número de recuperados mais o número de óbitos. Da mesma maneira, é possível observar que o Recife que a taxa de letalidade de 3,50%, novamente abaixo dos dados apresentados na nota técnica.
No afã de querer desconstruir um programa que vem salvando vidas no Recife, em vez de somar esforço em buscar ampliar a cobertura vacinal de nossa população, o vereador Ivan Moraes perde, mais uma vez, a oportunidade de demonstrar seu espírito público e cobrar mais ações concretas ao Governo Federal, quem, de fato, administra o envio de doses de imunizantes para todos os estados e municípios do Brasil.
Líder do Governo e Vereador do Recife Samuel Salazar (MDB)
Nota Oficial em resposta ao líder do governo na Câmara Municipal
Debruçado sobre informações oficiais, disponíveis tanto através da democracia ativa quanto através de pedido de acesso à informação, nosso mandato publicou esta semana a Nota Técnica 10, que mostra com dados, de forma objetiva, uma lacuna grave no sistema de vacinação na cidade do Recife. Se, por um lado, a escolha da Prefeitura do Recife por um processo digital de cadastro tem facilitado muito o processo de vacinação para quem tem acesso e familiaridade à Internet, há barreiras conjunturais gritantes e inequívocas que fazem com que boa parte de nossa população tenha dificuldades de completar seu ciclo de imunização.
Nossa pesquisa demonstra que, de fato, há uma distorção na distribuição de vacinas, causada por desigualdades históricas presentes na nossa sociedade. É fato inquestionável que a letalidade do vírus tem sido maior em áreas periféricas, como também demonstram diversos estudos realizados por diferentes sujeitos ao longo da pandemia. Como também é verdade que bairros de renda per capita mais elevada têm, via de regra, apresentado índices maiores de imunização que territórios mais pobres. É inútil brigar com os números.
Também é fato que boa parte dos postos de vacinação se encontram em regiões centrais e a posse de comprovante de residência continua sendo obrigatória, impondo ainda mais barreiras à população que sofre com a falta de transporte e de informação. Mais uma vez: contra os dados, não há argumentos.
Importante ressaltar que não somos apenas nós quem tem cobrado mais vacinação em áreas periféricas, em que se concentra grande parte da população negra da nossa cidade. Recentemente, acompanhamos demanda semelhante a partir de recomendação publicada de forma conjunta pelo Ministério Público de Pernambuco, Ministério Público Federal, Defensoria Pública de Pernambuco e Defensoria Pública da União cobrando maiores esforços de comunicação e também maior cobertura para o Distrito Sanitário V (Afogados, Areias, Barro, Bongi, Caçote, Coqueiral, Curado, Estância, Jardim São Paulo, Jiquiá, Mangueira, Mustardinha, Sancho, San Martin, Tejipió e Totó). A mesma cobrança tem sido feita pela campanha “Queremos a Periferia Viva: Vacina para Todos!”, liderada por integrantes da academia e militantes pelo direito à saúde.
É lamentável a postura do líder do governo na Câmara que, ao invés de receber a crítica pertinente e construtiva e utilizá-la no sentido de reforçar a evidente demanda pela universalização real da população, busca deslegitimar o esforço deste mandato para de forma técnica e propositiva contribuir para o objetivo comum que é fazer com que a vacinação de fato avance sem deixar ninguém para trás.
Importante ressaltar que o desrespeito ao nosso trabalho explícito na nota divulgada pela liderança do governo não traduz a relação respeitosa e republicana que este mandato tem para com a prefeitura do Recife e principalmente com a secretaria de Saúde.
Continuamos reconhecendo a importância do esforço da gestão e a qualidade técnica de suas gestoras. E continuaremos cobrando os necessários ajustes na estratégia municipal, cumprindo com nosso dever de fiscalizar o poder executivo, cobrando as medidas necessárias para que possamos superar de uma vez a crise sanitária causada por esta pandemia.
Ivan Moraes Filho, vereador do Recife pelo PSOL.