Chega tô meio receosa de escrever isso, mas eu acho que eu precisava fazer esse desabafo. É sempre muito perigoso falar em seriado popularzinho, desses que todo mundo normalmente ama, porque a cegueira meio que toma conta. Ver defeitos que é bom ninguém consegue. Tudo bem, eu entendo. Eu ainda vou voltar pra última temporada de True Blood; somos todos farinha do mesmo saco. Então, se você é um dos que amava esse seriado até o fim, eu só queria dizer: parabéns. Você é um fã perdidamente apaixonado. Cego, mas apaixonado (e provavelmente não vai querer ler esse texto até o fim).
Eu digo isso porque, pra mim, Dexter, cê já foi tarde! A gente se conheceu no seu auge e, consequentemente, eu acompanhei semanalmente sua decaída. Foi legal, foi bonito. Eu me lembro dos momentos de tensão, de eu já ter começado a te assistir com um spoiler mal contado que eu tinha ouvido por aí. Não tem nada pior do que spoiler pela metade, você não sabe quando ele vai vir, nem como, mas sabe que ele tá lá, na espreita. Eu sabia que ia morrer uma mulher importante da sua vida. E eu achava que era você quem ia matá-la! Ha! Porque você era o anti-herói! Aquele cara que fazia a gente filosofar: é mocinho ou é bandido aquele que mata serial killer? É errado? É certo? Mas ele tem um código! Ele tem uma pesquisa! Mas, mas… A gente tava do teu lado. Eu tava do teu lado.
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Lembra quando La Guerta dava em cima de você? Eu devia ter desconfiado que o pessoal não sabia desenvolver personagem ali, nera? Acho que durou uma temporada, se muito, e depois ela foi lá se envolver com Batista (melhor nem entrar nesse assunto). E quando aquele insuportável do Doakes te aperriava? Aaaaaaaaaafff! Eu teria matado ele e a louca piromaníaca! As coisas eram tão mais legais ali. Eu não me aguentava, cada episódio era uma tortura, um desespero, eu não sabia como você ia escapar, se alguém ia escapar! Claro, claro, eu tive que suportar aquele cubano no meio disso. Foi um lapso seu, eu sei que foi. Aí apareceu Trinity! O que era aquele vilão? Jesus amado! Que rival! Era tipo o icetruck killer, só que mais foda (ou tanto quanto)! Aquele finale foi perfeição, foi sim. E eu queria ter parado ali. Foi ali que encerrou minha maratona, seria lindo. Mas uma vez apaixonada, não dava pra parar, dava? Eu precisava saber como é que ia ser. Como peste tu ia ficar com um menino pequeno e duas chatices grandinhas pra cuidar!? Aaahh, Rita. Dexter só soube que te amava quando percebeu que os pirra eram um empata-serial killer daqueles! Né, Dex? Mas ninguém mais aguentava sermões teus, tu tava chata pacarai, visse? Dava nem pra ter pena (mentira, eu chorei).
Aí apareceu Lumen, num foi? Ali foi o primeiro romance atabacado e eu não sabia. Eu fui inocente. Eu até curtia a história, não vou mentir. Aí rolou um clima de paquera, uma conexão, você tava de luto, eu entendo. Eu perdoei. Ela foi embora. Passou, passou. Mas a tua vida não engrenou, né? Teve uma hora que rolou um suspense, quando Quinn até desconfiou de você, mas ele se esqueceu de tudo, porque amava Deb. E Deb? Ela teve umas ideias erradas, num teve? Aquilo ali foi o maior alerta vermelho de todos. Ali eu devia ter feito um “basta”. Nooossa, como aquilo me irritou! Eles tentaram consertar, fizeram um cliffhanger da descoberta dela na finale, mas nada apagava da minha mente aquele amor inexplicável e injustificável! Ainda bem que você não correspondeu, Dex. Ainda bem. Ela era sua irmã. Você sabia, eu sabia, o público sabia, só os escritores loucos por audiência não sabiam. Mas eles foram forçados a entender e voltaram atrás. Não que a alternativa tenha sido tão melhor, porque você apaixonado era a última coisa que eu queria. Muito menos por umazinha que ia voltar pra o arco da season finale. E que season finale bosta foi essa? Melhor a gente não debater sobre ela. Não faz bem pro coração lembrar de tanta chatice, tanta enrolação, tanto romance, tanto mimimi.
Eu senti a sua falta, sabia? O você serial killer. O justiceiro. O que não tem emoções, ou até tem, mas não sabe bem o que é; o que fica confuso, que não sabe lidar com as pessoas muito bem. O antagonista. O mocinho que não é mocinho, que não é vilão, que não pode se dar bem no fim, ou até pode, quem sabe? Mas que pelo menos você seguisse uma linha de raciocínio razoável, daquelas fodas, que surpreendem. Eu não queria você como a versão psicopata do Meu Malvado Favorito 2. Eu adoro Gru e o raio congelante, mas bora ver, né?
Foi triste esse teu fim. Com a morte que não foi morte, nessa vida Wolverina de ser. Essa foi a melhor história que conseguiram te dar? Nem pra te deixarem morrer dignamente? Nem Serial Killer tu era mais, o coitado. Acho que foi por isso que você decidiu ser ermitão, né? Não foi a morte de Deb, não foram todos os seus planos darem errado. Foi porque te transformaram nisso, num foi? Eu acho que foi. Agora eu entendi! Agora tudo fez sentido! Eu também não ia querer viver (ou morrer!) como o anti-herói que virou um tabacudo apaixonado. I feel you, bro.
Adeus, Dex. Foi bom – e foi péssimo – enquanto durou.