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A Associação Mensa Brasil, representante brasileira da global Mensa Internacional, a entidade voltada para o alto Quociente de Inteligência (QI) do mundo, divulgou uma nova pesquisa que mostra que o Brasil ultrapassou a marca de 500 crianças e adolescentes super inteligentes identificados.

Dados da organização mostram que os 534 jovens identificados estão, em sua maioria, em São Paulo, com 199 superinteligentes. O Rio de Janeiro fica em segundo lugar com 64 crianças e adolescentes, enquanto Minas Gerais fica em terceiro com 59.

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A região Norte possui 14 menores de idade com altas capacidades intelectuais, o Centro-Oeste possui 43 e o Nordeste tem 47. Já o Sul possui 90. O Sudeste lidera o ranking com o total de 337 jovens superinteligentes identificados.

No total de identificados de todas as idades, o Brasil já possui mais de 2,6 mil pessoas com alto QI. Um dos mais novos identificados pela Mensa Brasil tem apenas 3 anos de idade. Uma pessoa pode ser associada da organização após realizar laudos de  testes de inteligência, feitos por profissionais credenciados.

“Temos uma das maiores populações do planeta. Cerca de 2% dos habitantes do Brasil podem apresentar sinais de altas habilidades, com um QI muito acima da média. Porém, ainda não há um mapeamento abrangente destes indivíduos”, afirma Rodrigo Sauaia, presidente da Mensa Brasil.

Alguns sinais de QI alto nas crianças e adolescentes são, segundo a Mensa Brasil:

- Raciocínio rápido para resolver problemas.

- Boa memória de longo prazo; capta as informações e as recupera com facilidade quando necessário.

- Boa memória operacional; capta e processa diferentes tipos de informações ao mesmo tempo.

- Capacidade de diferenciar sons e visualizar detalhes em imagens com muita facilidade.

- Rápida curva de aprendizado; apresentando habilidades avançadas para a sua idade cronológica.

- Vocabulário avançado para a sua idade;

- Alfabetização precoce;

- Excelente desempenho em uma ou mais disciplinas em comparação a seus pares;

- Grande interesse por um assunto e especial dedicação a ele;

- Alto grau de curiosidade;

- Criatividade;

- Habilidade para adaptar ou modificar ideias;

- Facilidade em fazer observações perspicazes;

- Persistência ao buscar um objetivo;

- Comportamento que requer pouca orientação do professor;

- Liderança e autoconfiança.

Crianças superdotadas possuem capacidade de aprender muito acima do comum para sua idade. Elas aprendem sozinhas, de maneira mais rápida e com menos explicações. E não apresentam apenas habilidade acadêmica, mas também nas atividades que envolvem criatividade, nas artes e nos esportes. Mas como saber se o seu filho é uma criança com altas habilidades?

Especialistas apontam que o primeiro passo é observar se ele aprende as coisas sozinho e se o desenvolvimento está acima da média das outras crianças. Existem diversos outros sinais. Depois dessa verificação, é importante conversar com os professores e também com os pediatras para colher a opinião de profissionais. A partir dessa troca de informações, o passo seguinte é procurar um neuropsicólogo, responsável pela avaliação para superdotação.

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Especialistas recomendam que os superdotados sejam diagnosticados ainda na primeira infância. O teste SonR (não verbal) pode ser aplicado aos 2 anos e 6 meses. O Wisc, mais completo, é indicado acima de 6 anos.

"Quando mais precoce o diagnóstico, mais cedo essas crianças serão atendidas e terão menos sofrimento", diz Damião Silva, neuropsicólogo e especialista em altas habilidades e superdotação.

A Associação Mensa Brasil, entidade que representa a Mensa Internacional, principal organização de alto QI do mundo, passou a receber diagnósticos de crianças com 2 anos e 6 meses a partir do mês de maio.

É importante diagnosticar um superdotado para evitar problemas de inadequação na escola. Em geral, essas crianças precisam de estímulos constantes, pois têm grande necessidade de aprender. Depois de fazer um exercício a lição em 5 minutos - quanto todos precisam de meia hora -, ele precisa de novas tarefas para avançar. Se isso não acontece, eles podem se sentir frustrados, ansiosos ou apresentar dificuldade de socialização.

De acordo com o Censo Escolar de 2020, há cerca de 24.424 estudantes com perfil de altas habilidades ou superdotação no País. Os dados são subnotificados, pois esses casos são aqueles que fizeram a avaliação neuropsicológica para superdotação.

No Brasil, não existe um mapeamento oficial. A identificação depende da parceria entre a escola e os pais. E os especialistas alertam: a superdotação é uma condição neuroatípica genética, ou seja, um funcionamento diferente do cérebro. Superdotação não é doença. O aluno é direcionado para a Educação Especial para desenvolver suas potencialidades com direitos previstos na Constituição e na Lei de Diretrizes e Bases (LDB). Veja abaixo alguns comportamentos típicos das crianças superdotadas:

Preste atenção

- Olhe se seu filho aprende de um mais jeito fácil e rápido em relação às outras crianças;

- Preste atenção se ele está sempre bem-informado, inclusive em áreas não comuns;

- Não avalie só o desempenho acadêmico, mas as artes (dança, desenho, teatro ou música) e coordenação psicomotora (esportes);

- Superdotados aprendem sozinhos e resistem à repetição e atividades rotineiras;

Fique atento se ele expressa ideias e reações de forma argumentativa, explicando o que pensa, com vasto vocabulário;

- Importante: crianças com QI acima da média se envolvem com as coisas do seu interesse de maneira natural e mostram alto poder de concentração nessas atividades;

- Superdotados são crianças mais céticas e inquisitivas - sempre perguntam "por quê"?

- Não se esqueça: crianças superdotadas são crianças, ou seja, elas precisam brincar!

Converse com a escola e com o pediatra de sua confiança;

Fique atento à idade: os primeiros testes podem ser feitos com 2 anos e 6 meses.

Um dos sustos que a consultora jurídica Aline Barros, de 39 anos, teve com os filhos gêmeos, Filipe e Lorenzo, aconteceu quando eles leram as placas de trânsito e de publicidade no caminho para a casa da avó quando tinham 2 anos. O espanto aumentou quando aprenderam inglês vendo desenhos animados e começaram a aprender árabe ouvindo músicas no celular. Hoje, aos 6, os dois leem histórias para os coleguinhas em uma escola municipal de Ermelino Matarazzo, zona leste, mas reclamam da falta de lição. O QI de Lorenzo é 150 e o de Filipe, 144, enquanto a média dos brasileiros gira entre 90 e 110.

Embora causem espanto e admiração ao fazer cálculos complexos e aprender vários idiomas quando estão saindo das fraldas, crianças superdotadas enfrentam dificuldades na escola, o primeiro contato com crianças fora do lar. Pais reclamam que faltam recursos extras para explorar o potencial dos filhos. Especialistas apontam despreparo dos professores, que não observam o lado emocional atrás dos talentos.

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É difícil até comprovar a superdotação, pois o exame é caro. Existem habilidades que não são captadas pelos testes de inteligência, como as artísticas e corporais. Por isso, os superdotados - e suas famílias - sofrem.

Com 3 anos, Filippo já falava inglês também por causa dos desenhos animados. Uma série de testes apontou QI de 134 aos 4 anos e meio e uma idade cognitiva de 7 anos e 2 meses. Quando começou a ir para a escola, aos três anos, ele voltava chorando.

A mãe, a jornalista Roberta Castro, de 41 anos, descobriu que ele fazia a atividade em cinco minutos e queria brincar no parquinho, pois não tinha mais tarefa. "É o problema que existe em 90% das escolas que não entendem o que é superdotação", diz a mãe. Hoje, numa escola mais preparada para a inclusão, ele está feliz.

Especialista em superdotação, criatividade e expertise há 40 anos, a neuropsicopedagoga Olzeni Ribeiro afirma que essa é uma questão pública de saúde mental, pois pode levar a distúrbios de ansiedade, traços depressivos e dificuldade de socialização. "Os superdotados já sabem ler, mas as outras crianças nem falam direito. Com isso, eles se sentem como um ET. Temos um número expressivo de crianças em sofrimento", diz a especialista.

Os pais do aluno Gabriel, de 6 anos, de uma escola privada de Mato Grosso, que preferem não se identificar, receberam uma advertência: "O aluno tem realizado as atividades antes da explicação dos professores". Ficaram em choque.

Há também preconceito e bullying entre os colegas. "Os colegas acham que superdotados tiram 10 em tudo ou querem se exibir e menosprezar os outros. Eles só aprendem mais rápido, mas não são gênios", desabafou uma mãe nas redes sociais na quarta-feira, 10, em razão do Dia Internacional da Superdotação.

A busca pelo ensino adequado esbarra na falta de preparo dos professores. "Ainda não temos professores preparados. Não existe um curso de pós-graduação nessa área, por exemplo", explica Ada Toscanini, presidente da Associação Paulista de Altas Habilidades e Superdotação (Apahsd).

Essa é a mesma opinião da neuropsicopedagoga Mariana Casagrande. "É preciso lidar com o aluno do ponto de vista emocional, comportamental e cognitivo. São alunos que necessitam de material adaptado. Sem isso, ele fica com o estigma de chato". Olzeni identifica um componente cultural. "O professor ainda pensa que ele ensina e o aluno aprende. Não é fácil assimilar que um toquinho de 3 anos sabe as coisas. Ele não sabe o que fazer com aquela criança."

Testes cada vez mais precoces

Especialistas alertam que é preciso diagnosticar os superdotados na primeira infância. A Associação Mensa Brasil, entidade que representa a Mensa Internacional, principal organização de alto QI do mundo, passou a receber diagnósticos de crianças com 2 anos e 6 meses a partir do mês de maio.

"Nos últimos dois anos, nós formamos um cadastro de 180 famílias que aguardavam essa antecipação para apresentar os laudos", afirma Carlos Eduardo Fonseca, vice-presidente da Mensa. Pertencer à instituição facilita a obtenção de bolsas de estudos em escolas especializadas e intensifica o contato com outros superdotados.

A entidade tem 2.014 associados, 58 menores de idade. Para fazer parte da Mensa, é preciso percentil 98, ou seja, um QI superior a 98% da população. Os gêmeos do início do texto receberam nesta terça-feira, 9, a aprovação para ingressar na entidade. "Estou muito feliz. Minha grande angústia é encontrar uma boa escola. Eles têm grande vontade de aprender e perguntam 'por que' o dia todo", diz Aline.

Mas não é fácil conseguir o laudo de excepcionalidade. Não existem testes no Sistema Único de Saúde (SUS). Em geral, os convênios médicos não cobrem as avaliações. Universidades e ONGs oferecem os testes, mas as filas de espera são de seis meses.

A saída é desembolsar entre R$ 2 mil e R$ 4 mil, o que exige malabarismos das famílias. A assistente financeira Caroline Rovira, de 30 anos, pediu a ajuda da mãe para conferir se o filho Arthur era superdotado. Elas pagaram R$ 1.300 em dez sessões que comprovaram QI 134 e idade mental de 9 anos - ele tem 7.

Mas não parou aí. Professores da EMEF 8 de Maio, em Itaquera, zona leste, onde o menino estuda, informaram que também era necessária uma avaliação multidisciplinar para acessar a sala de recursos. A mãe, então, recorreu à Associação Paulista de Altas Habilidades e Superdotação (Apahsd), conseguiu desconto e pagou R$ 600.

Depois de quatro meses, Caroline conseguiu a liberação para uso da sala com um professor especializado. Arthur aprendeu a ler e escrever sozinho antes dos 6 anos. Quando termina a lição de casa, o menino olha as planilhas do programa Microsoft Excel feitas pela mãe e já consegue ajudá-la.

Avanço de série: uma saída, mas não para todos

O conceito de altas habilidades/superdotação só passou a fazer parte da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que regulamenta a educação no País, em 2013. O advogado Denner Pereira da Silva, especialista no tema, explica que os superdotados têm direito a um plano educacional individualizado, sala de recursos no contraturno escolar com professor especializado e à aceleração de série.

"Algumas das dificuldades são a falta de conhecimento dos gestores escolares e a presença de leis locais com impeditivos contrários à Constituição", enumera.

Com dois filhos superdotados, a advogada e neurocientista Claudia Hakim se especializou em Direito Educacional para apoiar famílias de superdotados em ações judiciais. A autora do livro Superdotação e Dupla Excepcionalidade esclarece que nem todo superdotado preenche os requisitos para avanço de série.

"É uma tomada de decisão delicada porque envolve maturidade da criança, bom desempenho acadêmico em todas as disciplinas, não basta uma só, e QI acima de 130", explica.

No caso de Arthur, o avanço funcionou. Ele deveria estar na 2ª série, mas já foi acelerado para a 3ª. "Foi uma conquista. Eu e meu marido não queremos que ele avance muito por causa da diferença de idade, mas ele já fez até provas da 5ª série", diz Caroline.

"Não falta legislação. O que falta é a aplicação da lei. Algumas questões que poderiam ser resolvidas nas secretarias de Educação acabam sendo levadas para o Judiciário", avalia Hakim.

As redes sociais têm sido um canal cada vez mais importante para pedido de ajuda dos pais. Claudia Hakim coordena dois grupos no Facebook que somam 40 mil membros, enquanto o neuropsicólogo Damião Silva reúne quase 60 mil em duas contas no Instagram.

Roberta Castro criou um grupo de WhatsApp no qual profissionais tiram dúvidas de forma voluntária. Ele já conta com 164 famílias. "É uma conquista coletiva para ganhar visibilidade para essa causa. Passei por uma enorme angústia quando percebi que meu filho tinha possivelmente superdotação e não encontrava ninguém para me socorrer. A ideia do grupo veio daí."

O risco de não identificar casos de altas habilidades é perder talentos. Ou, como explica Damião Silva, levar a outros diagnósticos na vida adulta. "Adultos que não foram identificados como superdotados na infância podem amadurecer com outros diagnósticos, como transtorno de humor, depressão e ansiedade", opina.

Prefeitura diz oferecer atendimento especializado

A Prefeitura informa que o Atendimento Educacional Especializado (AEE) é oferecido por meio do Centro de Formação e Acompanhamento à Inclusão (CEFAI).

No caso dos gêmeos superdotados, a Prefeitura informa que "os estudantes são acompanhados de forma pedagógica, avaliados e não possuem indicação pela equipe especializada de necessidade de uso de Sala de Recurso Multifuncional".

O poder municipal diz ainda que "durante a Educação Infantil, as práticas pedagógicas se dão em contextos de aprendizagem e de forma inclusiva, proporcionadas pelo espaço físico da escola e das propostas pedagógicas planejadas pelos docentes e em consonância com o Currículo da Cidade - Educação Infantil".

A Prefeitura informa que o estudante da EMEF 8 de Maio faz uso do TEG (Transporte Escolar Gratuito) e Sala de Recursos desde a volta às aulas do segundo semestre. "O laudo não foi exigido por parte da escola, a criança foi avaliada pelos profissionais do CEFAI e houve indicação de uso da sala."

Questionado sobre o mapeamento e os programas de capacitação de superdotados, o Ministério da Educação não se posicionou.

Os gêmeos Felipe e Mariana Bagni, de 17 anos, nunca tiveram uma aula de música na vida. Mas, em poucos meses, desenvolveram um robô capaz de ler partituras e tocar, na íntegra, o tema de Star Wars em um teclado. Para tanto, foram pesquisar na internet. Programar nem era tão difícil, já que a dupla adquiriu a habilidade ainda no ensino fundamental. Eles participam de um grupo seleto do Colégio Objetivo Integrado, na região central de São Paulo, que identifica, desde os anos iniciais, estudantes que tenham altas habilidades - também conhecida como superdotação.

Este tipo de ação de identificar e preparar alunos com altas habilidades ainda é uma rara exceção. Segundo avaliação de uma consultoria a pedido do Ministério da Educação (MEC), a qual o Estado teve acesso, o Brasil está muito longe de identificar quem são esses alunos. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) citados no documento, a estimativa mais conservadora aponta que 5% da população brasileira - ou 10 milhões de pessoas - são superdotados. O porcentual já foi confirmado, na prática, por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (mais informações na página A20). O Censo Escolar, porém, registrava até 2016 só 15,9 mil pessoas com altas habilidades na educação básica - a maioria (15,7 mil) em classes comuns, ante 244 em exclusivas. O País tem 48,8 milhões de estudantes.

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Mesmo quando os identifica, diz o relatório, o País tem um "grave problema de infraestrutura" para atendê-los. Faltam professores preparados e há "estrutura inadequada quanto ao tamanho, ventilação e iluminação", além da "impossibilidade de atendimento e de oferta de cursos de capacitação no turno noturno".

A análise foi encomendada pelo MEC em 2017 para avaliar as ações em todo o País dos Núcleos de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação (Naah/S), equipamentos públicos sob responsabilidades dos Estados, com apoio financeiro do governo federal. A proposta era criar um cadastro nacional desses alunos, finalizado no início deste ano, bem como oferecer formações para professores e equipamentos para as atividades.

Diferentes legislações tratam do atendimento para esses estudantes. A mais recente delas é uma alteração na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 2015, que inclui um artigo que obriga Estados, Distrito Federal e municípios a estabelecerem "diretrizes e procedimentos para identificação, cadastramento e atendimento, na educação básica e na superior, de alunos com altas habilidades ou superdotação".

Em São Paulo, por exemplo, uma resolução da Secretaria Estadual da Educação (SEE) prevê, desde 2012, "aprofundamento e/ou enriquecimento curricular" em horário de aula ou turno diverso, processo de "aceleração" dos estudos e também "possibilidade de matrícula em ano mais avançado". Apesar da determinação, no entanto, o estudo aponta que o mais comum é que os pais consigam avançar os estudos do filho apenas por meio de decisões judiciais.

Dificuldade. Na prática, a identificação, tanto na rede pública quanto na privada, ocorre quando um professor ou os pais desconfiam do comportamento do estudante e pedem uma avaliação. Foi o que ocorreu com o filho da pediatra Paula Sakae. "Ele aprendeu a ler com menos de 4 anos", conta. Aos 7 anos, o menino tinha atritos constantes com professores e colegas. "Cheguei a levá-lo a um psicólogo.

Foi só depois de diversas tentativas que a mãe encontrou, pela internet, a possibilidade de fazer um teste em uma entidade privada na zona sul da capital, a Associação Paulista para Altas Habilidades/Superdotação. Após o diagnóstico, o menino passou a ter encontros semanais com outras crianças também identificadas como superdotadas, para desenvolver habilidades de concentração e trabalho em grupo. "Uma minoria das escolas tem interesse em atender. Infelizmente o Brasil joga seus talentos no lixo."

Especialista em educação em altas habilidades na Unesp, Vera Capellini conta que a área ainda é nova no Brasil, mas que a literatura aponta que a falta de atendimento adequado pode levar a processos de bullying e até depressão. "O aluno não vê sentido em ficar na escola. Se a criança tem uma habilidade acima da média e nunca ninguém a observou, é muito provável que ela estacione e nunca venha a contribuir de maneira significativa para a sociedade."

Para a presidente da Associação Paulista Para Altas Habilidade/Superdotação, Ada Toscanini, os colégios têm dificuldade de ligar com as exceções. "Escolas, em geral, têm em mente uma educação massiva, mas não entendem os extremos."

Em nota, a SEE diz que "foi pioneira na implementação da educação especial" e a cada ano amplia o atendimento. O governo afirma que há capacitação de docentes e salas de recursos especializados no contraturno, além de um serviço itinerante em que o professor especialista vai à unidade ajudar um aluno. Apesar das ações apontadas, a rede relata, hoje, só 649 estudantes identificados com altas habilidades. O Estado tem uma rede de 3,5 milhões de alunos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Centro de Formação de Educadores Professor Paulo Freire, no bairro Madalena, Zona Oeste da capital recifense, recebe nestas quinta (17) e sexta-feira (17) o 1º Simpósio sobre Altas Habilidades do Recife e o 1º Encontro de Estudantes com Altas Habilidades de Pernambuco. O evento será realizado às 8h às 17h, sob a promoção da Secretaria Municipal de Educação.

O objetivo do evento é valorizar a inclusão social e educacional do estudante com altas habilidades/superdotação. A ação faz parte das formações para os educadores do Atendimento Educacional Especializado Recife (AEE) e busca capacitar os profissionais para a identificação e encaminhamento desses alunos.

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Com o tema "Valorizando as Inteligências para a Vida", o evento deverá contar com a presença de alunos com altas habilidades, pais, 300 professores da Rede Municipal de Ensino e 100 convidados da Rede Estadual e privada.

Nos encontros, haverá palestras da presidente do Conselho Brasileiro de Superdotação (Conbrasd), Susana Pérez, e da professora da Universidade de Brasília (UNB), Ângela Virgolim, que é doutora em Psicologia da Superdotação.

Enquanto os pais assistem às palestras, as crianças com altas habilidades participarão de oficinas de biodança, contação de história, raciocínio lógico e robótica educativa. Além disso, estão para acontecer mostras de caricatura, desenho, pintura, escultura, vídeo e arte digital.

De acordo com a Secretaria de Educação, a Prefeitura do Recife pretende reforçar a existência do Núcleo de Atividades de Altas Habilidades e Superdotação (NAAHS) da Rede Municipal, o único no Estado. O núcleo funciona na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), na Estrada do Arraial, nº 4.744, bairro de Casa Amarela. Atualmente o espaço atende 78 estudantes, com idades entre 3 e 16 anos.

Serviço

Quem tem crianças e adolescentes com altas habilidades/superdotação na família deve entrar em contato com o NAAHS pelo telefone 3355-6904, para marcação de uma avaliação diagnóstica do estudante. O atendimento ocorre de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.

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"Eu só gostaria de proporcionar o melhor para o meu filho, como uma boa instituição de ensino e orientação que atenda as suas necessidades. Muitas vezes, o observo pensativo e não sei o que fazer", desabafa Marinete de Souza, mãe de Gabriel da Silva, de 15 anos, estudante de escola estadual. O jovem detém altas habilidades, ou como denominam popularmente, é superdotado. Ainda de acordo com a genitora, Gabriel poderia ter mais assistência e incentivo. 

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Essa reflexão é um dos inúmeros dilemas relatados por dezenas de pais e responsáveis de crianças e adolescentes superdotados. Muitos não sabem lidar com a situação imposta pelos anseios da sociedade e da educação fornecida. Além dos filhos serem tidos como "diferentes", outros estigmas surgem na vida dos pequenos intelectuais, como preconceito, incompreensão, desenvolvimento precoce e até a perda da infância.

Quem pensa que essa angústia e insegurança são comuns apenas à rede pública de ensino, se engana. Escolas particulares também passam por sérios desafios para atender os alunos superdotados. De acordo com Nielson Bezerra, genitor de Victor Bezerra, de 9 anos, que possui alta habilidade e estuda em uma escola particular, há uma dificuldade dos educadores em receber e lidar com as especificidades dos estudantes.

“Nem os professores e nem as escolas estão qualificados! Muitas dos profissionais sugerem que as crianças pulem etapas, mudando de série, por exemplo. Isso, querendo ou não alimenta um problema social, que afeta, indiscutivelmente, a criança”, opina o pai. Ele lembra também que só permitiu que o filho avançasse de turma apenas uma vez. "Ele é uma criança, acredito que deve conviver com estudantes da mesma faixa etária de idade. Desejo que o meu filho tenha uma vida normal”, comenta.

Bezerra, que é educador do Instituto Federal de Pernambuco, da cidade de Barreiros, no interior pernambucano, ainda declara que a maioria da população acredita que só há pontos positivos em ser precoce ou superdotado. Não é bem assim. O pai elenca várias dificuldades: “A pior coisa para mim foi ver o meu filho sem querer ir ao colégio. Sem gostar de frenquentar, sem ter interesse. Além disso, eles enfrentam os desafios do anseio, da competitividade e de intuitivamente querer assumir o controle da situação, por considerarem mais inteligentes”, lamenta o pai.

Segundo a coordenadora do Núcleo de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação (NAAH/S) - entidade que atende 78 estudantes superdotados, de 3 a 16 anos de escolas públicas e particulares -, Jussara Vieira, a formação dos educadores está ultrapassada. "Os professores devem estar preparados para receber alunos com várias especificidades. Estudantes com qualquer tipo de situação, como deficiência cognitiva ou física e os que possuem altas habilidades", ressalta.

Em entrevista ao Portal LeiaJá, a pedagoga e especialista em educação de alta habilidade, relatou quais as principais dificuldades dos estudantes. Assista ao vídeo abaixo:

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Durante a conversa, Jussara alertou os pais e docentes. “Antes de tudo, as crianças devem ter infância. Esse é a principal preocupação e preservação que os pais devem proporcionar aos filhos. Quanto aos professores, eles precisam reforçar de forma equilibrada as habiliadades de cada criança, além de trabalhar os ascpectos do conhecimento e diferenças", finaliza Jussara.

Convivendo com essa realidade, o estudante com estatura de adolescente e olhar intrínseco de um adulto, Gabriel da Silva, de 15 anos, fala com maturidade das séries que precisou pular, das perspectivas futuras e como ele enfrenta isso. “Na verdade já me acostumei a passar por várias turmas e a realizar atividades com mais agilidade que os colegas. Simplesmente as coisas foram acontecendo e hoje encaro tudo com mais maturidade e firmeza e penso em seguir a área de exatas”, explica o estudante, que atualmente está participando da Olimpíada Brasileira de Robótica, que será realizada no mês de agosto.

A tranquilidade do garoto não é a mesma da mãe. Marinete de Souza explica que se preocupa com as evolução do filho. “Esse ano ele termina o terceiro ano e sinceramente não sei o que fazer. O menino quer trabalhar, mas não pode, por causa da idade, quer fazer algum curso, mas não tenho condições. Sinto-me de mãos atadas!”, fala a genitora que ainda relembra quando e como tudo começou. “Meu filho começou a ler com um ano e quatro meses. O desenvolvimento dele sempre foi excelente, inclusive, em uma das vezes que fui buscá-lo na escola, ele estava dando aula. O governo deveria olhar mais para eles”, opina a mãe.

De acordo com a Secretaria de Educação e Esportes (SEE) de Pernambuco, o Estado dispõe de 500 instituições de ensino voltadas para atendimento de estudantes especiais, que abrangem alunos com deficiência especiais e de altas habilidades. Ainda conforme o órgão, a Secretaria detém 1.072 profissionais especializados nessa área. Conforme dados do ano de 2013, aa rede estadual registrou as matrículas de 25 alunos com altas habilidades. 

Segundo a SEE, convém ressaltar que os professores do ensino regular são orientados a estimular a pesquisa e o desenvolvimento cognitivo dos estudantes. Além disso, o educador precisa ser sensível e perceber de que maneira se manifesta o talento do estudante, e usar isso em favor do desenvolvimento do próprio aluno. Quanto à existência de um programa específico para os estudantes de altas habilidades, a Secretaria informou que esse tipo de projeto ainda não existe.  

Em vez de gritos e aplausos em apoio aos competidores, a plateia de Os Incríveis - o Grande Desafio, novo game show do NatGeo, que estreia nesta segunda (11), às 22h30, faz sua torcida em silêncio. "Não pode ter barulho nem música, ou eles não conseguem se concentrar", explica o apresentador Cazé Peçanha.

Na competição, cujo formato foi criado pela Endemol - a mesma produtora do Big Brother - pessoas com capacidade mental acima da média para memorização, cálculos matemáticos e outras habilidades passam por provas para chegar à final. Os que passarem por todas as etapas vão brigar por um prêmio de R$ 100 mil. Apesar de não poder se manifestar verbalmente, o público tem papel fundamental no resultado, pois é quem aprova o concorrente para a fase seguinte.

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Diante do cérebro poderoso dos visitantes, Cazé jura não se sentir diminuído. "Eu me sinto inspirado. Eles são como um farol. A gente é capaz de desenvolver habilidades das quais não tem consciência", filosofa o apresentador, responsável por lançar os desafios.  Em uma das provas de cálculo, Cazé ficou intrigado com o método do participante. Para abrir uma porta eletrônica, ele tinha de descobrir uma senha, que poderia ser obtida somente se ele fizesse uma conta com um número de 32 dígitos.

"Nem sei como se fala esse número. Ele olhava a ficha e ficava mexendo os dedos, como se estivesse utilizando uma calculadora. Eu perguntei se ele estava realmente pensando em uma calculadora. A resposta foi: ‘Eu transformo cada número em uma paisagem. A cada um que eu elimino, eu ponho fogo (mentalmente)’. É fora da nossa realidade o jeito com que eles pensam. Fiquei boquiaberto."

Cazé não demora para pensar quando questionado sobre qual habilidade dos participantes gostaria de ter. "A memória", enumera. A capacidade de um dos competidores em guardar informações também impressionou o apresentador. "Um deles tinha lembranças da festa de aniversário de um ano", conta.

Entre as provas do programa está a do cubo mágico, em que o candidato ao prêmio tem de executá-la de olhos vendados. "Um deles disse que faria em 17 segundos", espanta-se Cazé. Em outro desafio, um cenário é montado dentro do estúdio e o participante tem poucos segundos para memorizá-lo. Na sequência, objetos são mudados de lugar discretamente, para que a pessoa não perceba.

Em uma das situações para exercitar a memória, um concorrente teve de memorizar cem capas de uma revista. Além de saber a ordem em que elas estavam, ele precisou saber a data de publicação, a manchete e a ilustração da capa de dez exemplares escolhidos aleatoriamente pela produção.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Nesta terça-feira (7), a Comissão de Educação participará de uma audiência pública com o tema “A Política de Educação Especial ao Aluno com Altas Habilidades/Superdotação". O encontro, com início às 14h, em Brasília, visa saber quantas crianças existem com altas habilidades/superdotação no Brasil, se elas são identificadas ou não, onde estão, entre outras questões.

De acordo com a Agência Câmara de Notícias, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 3% da população brasileira sejam superdotados. O Ministério da Educação (MEC) usa como instrumento legal de registro o Censo Escolar, porém, segundo a Agência, este não obriga o educando atendido na condição de aluno com necessidade educacional especial a se declarar como tal, daí a ausência de dados confiáveis.

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“Em relação aos alunos talentosos atendidos em programas específicos pela rede pública e particular, simplesmente falamos em um contingente de anônimos e em sua maioria negligenciados em suas necessidades específicas e desconhecidos pelas estatísticas oficiais”, comenta o deputado Nilmário Miranda (PT-MG), um dos autores do requerimento para a realização da audiência, conforme informações da Agência.

Com informações da Agência Câmara de Notícias











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