Pernambuco começou a receber, nesta segunda-feira (2), os médicos brasileiros inscritos no Programa Mais Médicos. Nesta primeira etapa, 62 candidatos irão atender a população de 33 municípios do Estado, sendo 12 para o Recife. Eles vão atuar em unidades de saúde que atualmente não possui profissionais.
Pela manhã, os médicos foram recepcionados pelo secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, e pelo secretário municipal, Jailson Correia. No período da tarde o grupo vai visitar a Unidade de Saúde da Família (USF) Ilha de Santa Terezinha, no bairro de Santo Amaro, área central do Recife.
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De acordo com Jailson Correia, a capital pernambucana tem historicamente uma certa dificuldade de fixação de profissionais de saúde. E foi na tentativa de reverter esse quadro que o município recorreu ao projeto do Ministério da Saúde. “Temos atualmente 40 postos sem médico. Um total de 120 mil recifenses, o que representa cerca de 8% da população local, não tem acesso ao profissional de saúde”, afirmou.
Segundo o secretário Jarbas Barbosa, essa dificuldade não é exclusivamente do Recife. O programa ainda possui 700 municípios inscritos que não foram escolhidos por nenhum profissional. “Nos próximos dias estamos recebendo candidatos brasileiros e estrangeiros que serão relocados para essas localidades, que na maioria das vezes são mais carentes”, discursou.
A recém-formada Marcela Couto, de 25 anos, veio do interior do Mato Grosso do Sul para atuar na capital de Pernambuco. A partir desta terça-feira (3), ela passa a integrar o quadro de uma USF de Coqueiral, Zona Oeste do Recife. “Minha intenção sempre foi trabalhar as questões primárias e agora terei a oportunidade de melhorar as condições do local onde vou ficar”, complementou.
Sobre a questão dos médicos estrangeiros, Marcela conta que acha válida a iniciativa, mas é a favor do revalida. Temos que respeitar esses profissionais. Mas essa estratégia é complicada. Fica claro que existe um jogo político e que não é só uma boa intenção de melhorar”, criticou.
O médico Luiz Alves Sobrinho, 62, também integra o quadro de candidatos do Recife. Ele é pernambucano, mora há 40 anos na capital e conhece de perto as dificuldades das áreas mais pobres. “Já atuei em algumas comunidades e sei da importância de oferecer tratamento nesses postos”, concluiu.
Brasil - De acordo com Jarbas Barbosa, o Programa Mais Médicos é dividido em três etapas. A primeira está relacionada ao aumento do número de vagas e de escolas de medicina. A segunda se refere à ampliação do número de vagas de residência. “O quadro atual do Brasil é bastante complicado. Temos 15 mil médicos e 12 mil vagas de residência. A proposta é igualar esses números”, explicou. Por fim, o projeto está buscando a fixação dos profissionais em postos das periferias e do interior.
Em todo o país, 1.096 médicos brasileiros se cadastraram e serão distribuídos em 454 municípios e 16 distritos sanitários indígenas. Esses profissionais atuarão por três anos, recebendo bolsa mensal de R$ 10 mil custeada pelo Ministério da Saúde.
Durante a passagem pelo Recife, Barbosa comentou sobre as possíveis substituições de médicos por candidatos do projeto. “O nome do programa é Mais Médicos e não troca de médicos. Os municípios que tentarem burlar serão desligados e auditados pelo Ministério”, finalizou.