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O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse nesta quarta-feira que o debate sobre as urnas eletrônicas e a possibilidade de voto impresso no Brasil está "muito polarizado" e pediu calma e paciência para o Congresso decidir sobre o tema. "Nós estamos perdendo tempo, energia, muitas vezes gerando atritos entre instituições democráticas que são necessárias para o equilíbrio do Brasil de maneira que não trará benefício nenhum, então nós temos que ter nesse momento calma", disse pela manhã em entrevista ao Jornal Gente da Rádio Bandeirantes.

O voto impresso virou uma das principais bandeiras do presidente Jair Bolsonaro e tem gerado conflito entre os Poderes, já que Bolsonaro tem atacado a democracia, instituições e autoridades e colocado em suspeição a realização das eleições no ano que vem caso a medida não seja implementada no Brasil.

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Lira disse que já existe desde 2015 no Senado uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) sobre o tema aprovada pela Câmara, e jogou a decisão para os senadores. "Nós temos que ter paciência e esperar que as Casas Legislativas se pronunciem. Se a Câmara vai ter que votar as duas (propostas) para que fique as duas paradas no Senado, ou se o foco teria que ser: Senado, decida se vota ou não uma PEC que está aí há seis anos, porque se não votar uma PEC que está lá em 2015, não vai votar uma que vai aprovar em 2021", afirmou, em referência à PEC apresentada este ano, de autoria da deputada Bia Kicis (PSL-DF) e que prevê a impressão da cédulas, conforme quer Bolsonaro.

Durante a entrevista, o presidente da Câmara falou em favor do sistema atual, mas não deixou de apoiar, em parte, o pleito de Bolsonaro. "Neste sistema, foram seis eleições. Eu não tenho nenhum fato relevante que eu possa falar que houve fraude nas urnas eletrônicas, eu não posso desconfiar de um sistema que eu fui eleito. Mas a discussão é, se não há falha, se não há problema, por que ficar discutindo essa versão? Por que essa versão cresce? o Brasil é feito com problemas de versão", destacou.

Mas completou com a defesa de alguma auditagem das urnas: "se não há problema, não há porque nós não chegarmos numa situação de termos uma auditagem seja lá de que maneira for, de forma mais transparente, para que não se tenha uma eleição, independente do que seja eleito, contestada.

A Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (3) a convocação do ministro da Defesa, Walter Braga Netto. Os parlamentares querem explicações sobre supostas afirmações feitas a interlocutores condicionando a realização de eleições em 2022 à adoção do voto impresso.

A convocação do ministro foi sugerida pelo deputado Rogério Correia (PT-MG). “A ameaça vem acompanhada de diversas manifestações no mesmo sentido do presidente da República, que acusa a existência de fraudes nas eleições por meio de urnas eletrônicas, ainda que todas as eleições até então não tenham demonstrado qualquer fragilidade, fraude ou risco de comprometimento dos resultados”, disse o deputado.

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A comissão ainda não marcou data para ouvir o ministro, mas como ele foi convocado é obrigado a comparecer.

Assunto em discussão

O voto impresso está sendo discutido na Câmara por uma comissão especial. O parecer do relator, deputado Filipe Barros (PSL-PR), apresentado à PEC 135/19 exige a adoção de um tipo de urna eletrônica que permita a impressão do registro do voto.

Esse registro será uma espécie de cédula em papel, a ser depositada em recipiente indevassável, assegurada a conferência pelo eleitor, mas sem qualquer contato manual.

O parecer deve ser votado na quinta.

*Da Agência Câmara de Notícias

 

O presidente Jair Bolsonaro voltou a colocar em dúvida, nesta manhã de terça-feira a eleição de 2022, ao reiterar a apoiadores que não serão admitidas "eleições duvidosas" no ano que vem. Ontem, o presidente, que vinha ameaçando a realização do pleito, tentou mudar o discurso ao afirmar que sem o voto impresso não teríamos eleições "democráticas", nesta manhã, contudo, ele voltou a ser mais enfático ao questionar o pleito.

"Teremos eleições no ano que vem, mas eleições limpas, democráticas, e confiáveis", disse o chefe do Executivo, em um recado ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso. E repetiu: "O Brasil vai ter eleições no ano que vem, eleições limpas, democráticas."

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'Povo armado'

Em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, ele fez insinuações ao sugerir reação popular nas ruas e dizer que o "povo tem que estar armado"."Todas as ditaduras precederam a campanha de desarmamento, comigo é diferente, o povo de bem tem que estar armado, a exemplo do povo americano, para que exatamente, protótipo de ditadores não queiram fazer valer a sua vontade", disse o presidente.

Em meio a críticas ao presidente do TSE e ataques ao sistema eleitoral, o mandatário citou a seguinte passagem bíblica: "nada temeis, nem mesmo a morte, a não ser a morte espiritual, que é eterna". Em conversas anteriores com apoiadores no chamado "cercadinho", Bolsonaro já havia feito apelos velados para que sua base de apoio orgânica se opusesse nas ruas às instituições diante de eventual recusa à implementação do voto impresso. "Meu exército são vocês", disse em outra ocasião. "Jurei dar minha vida pela pátria, no caso de uma ameaça externa ou interna. E o Brasil está sendo agredido internamente", disse hoje a seus simpatizantes.

O presidente afirmou que não aceitaria intimidações, e que manteria seu direito de cidadão de liberdade de expressão. Segundo o presidente, o Brasil está mudando, com um elogio a sua própria gestão. "Hoje o Brasil mudou, tem presidente que respeita militares, família, é leal a seu povo" afirmou "não haverá retrocesso".

O presidente Jair Bolsonaro aproveitou o encontro matinal com seus apoiadores, na frente do Palácio do Alvorada, nesta manhã de terça-feira, para responder as duras críticas que recebeu ontem do Judiciário, especificamente do ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luis Roberto Barroso. "Barroso presta um desserviço à população brasileira", destacou, voltando a insistir na instituição do voto impresso no País. "Volto a pedir voto impresso, o Brasil está sendo agredido internamente", emendou.

Nas críticas ao presidente do TSE, o mandatário voltou a associar o magistrado à defesa da pedofilia, falando algo que já foi desmentido, de que ele defende a redução da maioridade para estupro de vulneráveis e que isso beira a defesa da pedofilia. Aos apoiadores, Bolsonaro voltou a apresentar suas próprias estatísticas para dizer que as urnas eletrônicas não são confiáveis e disse se eles confiavam mais "em relatório da Polícia Federal ou no Barroso."

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Bolsonaro disse que "joga dentro das regras constitucionais" e Barroso não. Ontem, os ministros do TSE votaram, por unanimidade, a favor da instauração de inquérito administrativo e envio de notícia-crime ao Supremo contra o presidente pelas declarações infundadas de irregularidades no sistema eleitoral e ameaça à realização das eleições.

Palavra 'sem valor'

Em posse de dois relatórios da Polícia Federal sobre as urnas, Bolsonaro declarou que, se o presidente do TSE continuar "insensível" a seus apelos contra o sistema eleitoral, e o povo desejar, haverá um movimento na Avenida Paulista, em São Paulo, para mandar um "último recado" ao ministro. "Senhor Barroso, sua palavra não vale absolutamente nada. Está a serviço de quem?", questionou.

Ele voltou a se apoiar em suposto cálculo estatístico para sustentar versão segundo a qual houve fraude nas eleições municipais de São Paulo e afirmou que as eleições de 2022 estão sobre suspeição por existirem dúvidas quanto à legitimidade do pleito. "Por que ele (Barroso) quer que a somatória de dúvidas permaneça entre nós? Não serão admitidas eleições duvidosas no ano que vem", declarou.

Bolsonaro se mostrou bastante insatisfeito com Barroso, e dedicou toda a sua conversa com apoiadores nesta manhã a criticar o ministro. Bolsonaro argumentou que a briga com o presidente do TSE não era para mostrar "quem é mais macho", mas que ele não abria mão de demonstrar quem respeitava a Constituição, coisa que acusou o ministro de não fazer.

O chefe do Executivo tentou diminuir o impacto de suas críticas ao ministro afirmando que elas não eram direcionadas ao TSE ou ao STF, mas apenas contra Barroso. "O ministro Barroso presta um desserviço à nação brasileira, cooptando agora gente de dentro do Supremo, querendo trazer para si, ou dentro do TSE, como se fosse uma briga minha contra o TSE ou contra o Supremo, não é. É contra o ministro do Supremo que é também presidente do Tribunal Superior Eleitoral querendo impor a sua vontade".

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, refutou declarações e ataques do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao Judiciário. Na mesma linha do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, Barroso disse que ameaça à realização das eleições é conduta antidemocrática e que há "coisas erradas acontecendo no País" às quais todos precisam estar atentos.

Durante discurso de abertura dos trabalhos do TSE para o segundo semestre, Barroso, apesar de não mencionar o nome de Bolsonaro em nenhum momento, disse que trata com a indiferença possível os ataques pessoais. Na manhã desta segunda-feira, 2, Bolsonaro voltou a criticar o magistrado a apoiadores, disse que ele é defensor das drogas, do aborto e que gostaria de facilitar a manipulação das eleições.

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"As referências pessoais a mim tratei com a indiferença possível. Eu escolhi para a minha vida ser um agente do processo civilizatório e empurrar a história na direção certa. Se eu parar para bater boca, eu me igualo a tudo que quero transformar. Vivo para o bem e para fazer um País melhor e maior. Ódio, mentira, agressividade, grosseria, ameaças, insultos são derrotas do espírito. O universo me deu a bênção de não cultivar estes sentimentos e atitudes", disse Barroso. "Obsessão por mim não faz qualquer sentido e, sobretudo, não é correspondida", completou.

Segundo Barroso, o País superou "ciclos de atraso institucional" apesar de "retardatários" que gostariam de voltar ao passado. "Uma das manifestações do autoritarismo no mundo contemporâneo é precisamente o ataque às instituições, inclusive às instituições eleitorais que garantem processo legítimo de condução aos mais elevados cargos da República", disse o magistrado.

O ministro também afirmou que outras democracias do mundo se encontram sob pressão e criticou os líderes populares que, eleitos pelo voto popular, desconstroem pilares da democracia. Segundo Barroso, o projeto democrático é o da soberania popular e eleições livres.

No início da sessão, Barroso prestou solidariedade às vítimas da covid-19 no País. De acordo com o Consórcio de Imprensa, o Brasil registra até esta segunda-feira 557.359 mortes em decorrência da doença.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a defender o voto impresso e atacar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, nesta segunda-feira (2). "Porque um não quer eleições democráticas, nós temos que abaixar a cabeça? Estão com medo de quê?", disse em discurso em cerimônia de lançamento do programa Água nas Escolas.

Cerca de uma hora antes de o chefe do Executivo reforçar seus ataques ao sistema eleitoral, o presidente do STF, Luiz Fux, havia rebatido declarações que colocavam em dúvida a legitimidade do voto eletrônico. "Harmonia e independência entre os Poderes não implicam impunidade de atos que exorbitem o necessário respeito às instituições", declarou Fux em meio à crise institucional que envolve os Poderes.

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"Os Poderes em geral atuam independentes e harmônicos, sem que haja superpoderes entre aqueles instituídos pela ordem constitucional. Permanecemos atentos aos ataques de inverdades à honra dos cidadãos que se dedicam à causa pública. Atitudes desse jaez deslegitimam veladamente as instituições do País; ferem não apenas biografias individuais, mas corroem sorrateiramente os valores democráticos consolidados ao longo de séculos pelo suor e pelo sangue dos brasileiros que viveram em prol da construção da democracia de nosso país".

Bolsonaro acusa Barroso de interferir no Legislativo para convencer parlamentares a se oporem à PEC do voto impresso, de autoria da deputada federal Bia Kicis (PSL-DF). Baseado naquilo a que se refere como "fortes indícios de fraude", ele disse chamou de farsa as eleições sem mecanismo de contagem pública e afirmou que o pleito será marcado por suspeição, caso não haja implementação da mudança proposta pelo projeto da parlamentar.

"O que leva à conclusão de uma prova são os indícios. Queremos uma farsa no ano que vem ou uma eleição marcada por suspeição? Quem vai analisar o recurso em última instância? Exatamente os que tiraram o cara da cadeia", disse o presidente, que também colocou em xeque a legitimidade dos resultados das eleições para a Prefeitura de São Paulo.

No discurso de reabertura das atividades do Judiciário, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, reagiu aos ataques dos últimos dias desferidos pelo presidente Jair Bolsonaro e, em tom contundente, disse que "os juízes precisam vislumbrar o momento adequado para erguer a voz diante de eventuais ameaças". Fux não citou o nome de Bolsonaro, mas o recado foi claro quando ele cobrou respeito às instituições e afirmou que a manutenção da democracia exige permanente vigilância.

"Harmonia e independência entre os poderes não implicam impunidade de atos que exorbitem o necessário respeito às instituições", afirmou Fux, nesta segunda-feira, 2. A intervenção de Fux ocorre num momento de crise institucional entre os Poderes, na esteira de acusações de Bolsonaro contra a urna eletrônica e ameaças golpistas de que não haverá eleições se não houver voto impresso.

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O presidente do STF vinha sendo cobrado a se posicionar diante das ameaças golpistas de autoridades do governo federal. Como antecipou o Estadão, Fux se dedicou nos últimos dias a redigir o discurso lido na tarde de hoje. Em resposta, o ministro sinalizou que punições aos excessos não estão fora do escopo da Corte: "Nós, do Supremo Tribunal Federal, ainda quando nossas atuações tenham que ser severas, jamais abdicaremos os nossos deveres e responsabilidades".

"Os Poderes em geral atuam independentes e harmônicos, sem que haja superpoderes entre aqueles instituídos pela ordem constitucional", afirmou. "Permanecemos atentos aos ataques de inverdades à honra dos cidadãos que se dedicam à causa pública. Atitudes desse jaez deslegitimam veladamente as instituições do país; ferem não apenas biografias individuais, mas corroem sorrateiramente os valores democráticos consolidados ao longo de séculos pelo suor e pelo sangue dos brasileiros que viveram em prol da construção da democracia de nosso país".

Sem citar nominalmente o presidente da República, Jair Bolsonaro, e o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, a mensagem de Fux foi entregue de forma clara aos destinatários, que também inclui os comandantes das Forças Armadas. Como revelou o Estadão, o general que chefia a pasta da Defesa mandou um interlocutor avisar aos Poderes que os militares não estariam dispostos a permitir a realização de eleições em 2022 se não fosse aprovado o voto impresso. O recado chegou ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que cobrou de Bolsonaro respeito à democracia. O parlamentar alagoano ainda teria dito que não está disposto a pactuar com rupturas institucionais.

Em discurso afinado com o do presidente da Câmara, Fux afirmou que a manutenção da democracia exige vigilância permanente e pressupostos indissociáveis à estabilidade das instituições. "Numa sociedade democrática, momentos de crise nos convidam a fortalecer - e não deslegitimar - a confiança da sociedade nas instituições. Afinal, no contexto atual, após trinta anos de consolidação democrática, o povo brasileiro jamais aceitaria que qualquer crise, por mais severa, fosse solucionada mediante mecanismos fora dos limites da Constituição", afirmou.

Na quinta-feira, 30, porém, o presidente Jair Bolsonaro voltou a subir o tom contra as instituições e a ameaçar a estabilidade democrática. O político realizou uma transmissão ao vivo que prometia ser o desfecho do tumulto histórico de ilações de fraude eleitoral. Bolsonaro, porém, entregou aos espectadores duas horas de notícias falsas, vídeos datados e fora de contextos e análises enviesadas sobre o processo de auditagem das urnas.

"É de sabença que o relacionamento entre os Poderes pressupõe atuação dentro dos limites constitucionais, com freios e contrapesos recíprocos, porém com atuação harmônica e alinhamento entre si em prol da materialização dos valores constitucionais", afirmou. "O regime democrático necessita ser reiteradamente cultivado e reforçado, com civilidade, respeito às instituições e àqueles que se dedicam à causa pública. Ausentes essas deferências constitucionais, as democracias tendem a ruir".

O Plenário do Supremo Tribunal Federal realiza sessão na tarde desta segunda-feira, 2, marcando a abertura dos trabalhos do segundo semestre na Corte. Os ministros vão discutir casos sobre questões trabalhistas, mas a atenção se volta para o tradicional discurso de retomada dos julgamentos feito presidente Luiz Fux, uma vez que o chefe do Judiciário deve enviar recados ao Palácio do Planalto, diante das sucessivas ameaças à realização das eleições em 2022.

Como mostrou o Estadão, Fux prepara uma resposta à tentativa de intimidação do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, que mandou um interlocutor avisar aos Poderes que não haveria eleições de 2022 se não fosse aprovado o voto impresso. A sessão é transmitida ao vivo, a partir das 15 horas, pela TV Justiça, pela Rádio Justiça e pelo canal do STF no YouTube.

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O presidente do Supremo deve discursar em defesa da democracia, destacando que os Poderes não podem extrapolar o seu papel no Estado de Direito. Fux vem sendo pressionado a se manifestar sobre as ameaças golpistas que agora também partem da Esplanada dos Ministérios.

Com o fim do recesso judiciário, marcado por decisões envolvendo a CPI da Covid, o STF retoma as sessões por videconferência tendo pela frente uma pauta julgamentos que tratam desde temas como a figura do juiz de garantias e a prescrição dos crimes de injúria até a forma de depoimento do presidente Jair Bolsonaro no inquérito sobre suposta tentativa de interferência política na Polícia Federal.

CONFIRA ABAIXO TODOS OS TEMAS PAUTADOS PARA JULGAMENTO DESTA SEGUNDA:

Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 323

Relator: ministro Gilmar Mendes

Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenen) x Tribunal Superior do Trabalho (TST)

Os ministros vão discutir se as cláusulas normativas dos acordos coletivos ou convenções coletivas integram os contratos individuais de trabalho ou se somente podem ser modificados ou suprimidos por meio de novo acordo ou convenção coletiva. O recurso questiona interpretação da Justiça do Trabalho no sentido da incorporação das cláusulas coletivas ao contrato de trabalho individual. O ministro relator deferiu liminar determinando a suspensão de todos os processos em curso e dos efeitos de decisões já proferidas que versem sobre a ultratividade de normas de acordos e de convenções coletivas e das execuções já iniciadas.

Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 381

Relator: ministro Gilmar Mendes

Autora: Confederação Nacional do Transporte (CNT) x Tribunal Superior do Trabalho (TST)

A ADPF tem por objeto decisões do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e de Tribunais Regionais do Trabalho que declararam inválidos dispositivos de convenções coletivas pactuadas entre transportadoras e motoristas, bem como condenaram empregadores ao pagamento de horas extras e de horas trabalhadas em dias de descanso, em situações ocorridas antes da vigência da Lei nº 12.619/2012, que disciplinou os direitos e deveres dos motoristas profissionais.

O relator, ministro Gilmar Mendes, concedeu medida cautelar para suspender todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a aplicação do artigo 62, inciso I, da CLT aos motoristas profissionais externos do setor de transporte de cargas.

Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 1121633 - Repercussão geral

Relator: ministro Gilmar Mendes

Mineração Serra Grande S.A x Adenir Gomes da Silva

O recurso discute a validade de norma coletiva de trabalho que suprimiu direitos relativos às chamadas horas in itinere, tempo gasto pelo trabalhador em seu deslocamento entre casa e trabalho. A empresa sustenta que ao negar validade à cláusula 8ª do acordo coletivo de trabalho, o TST "ultrapassou o princípio constitucional da prevalência da negociação coletiva, contido no artigo 7º, inciso XXVI da Constituição Federal.

Recurso Extraordinário 922144 - Repercussão geral

Relator: ministro Luís Roberto Barroso

Anna Elisa Surerus x Município de Juiz de Fora (MG)

O recurso trata da compatibilidade da garantia da justa e prévia indenização em dinheiro com o regime constitucional de precatórios. O Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJ-MG) não verificou situação determinante do pagamento da indenização imediatamente após o trânsito em julgado de decisão, pois a respectiva quantia não se insere na situação prevista no artigo 100 da Constituição Federal. A recorrente sustenta ofensa ao seu direito líquido e certo de ser indenizada de imediato pela desapropriação de seu imóvel pelo Poder Público.

Além das manifestações pelo voto impresso no país, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contou com a mobilização nas redes sociais de contas robôs, que fizeram postagens em prol de mudanças no formato das urnas. A hashtag #brasilpelovotoauditavel foi usada pelo menos 2.582 vezes desde o domingo (2), segundo a plataforma Bot Sentinel, que rastreia contas não autênticas.

Bolsonaristas também utilizaram outras hashtags como #hojevaisergigante, #bolsonaropresidenteate2026 e #votoimpressoauditavelja. Foram mais de três mil mensagens usadas por contas não autênticas, sendo a maior mobilização de robôs por bolsonaristas no ano. 

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Os perfis identificados pela plataforma Bot Sentinel podem ser de contas que funcionam de forma automatizada ou usuários que administram várias contas ao mesmo tempo, com o objetivo de parecer se tratar de um grupo maior.

Documento assinado nesta segunda-feira (2) por todos os ex-presidentes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desde a Constituição Federal de 1988, além do atual presidente, ministro Luís Roberto Barroso, e dos futuros presidentes, ministro Edson Fachin e Alexandre de Moraes, reforça a segurança do processo eletrônico de votação brasileiro.

Conforme destacaram no documento, “eleições livres, seguras e limpas são da essência da democracia. No Brasil, o Congresso Nacional, por meio de legislação própria, e o TSE, como organizador das eleições, conseguiram eliminar um passado de fraudes eleitorais que marcaram a história do Brasil, no Império e na República”.

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Acrescentam que, desde 1996, quando houve a implantação do sistema de votação eletrônica, jamais se documentou qualquer episódio de fraude nas eleições. Nesse período, o TSE já foi presidido por 15 ministros do Supremo Tribunal Federal. Ao longo dos seus 25 anos de existência, a urna eletrônica passou por sucessivos processos de modernização e aprimoramento, contando com diversas camadas de segurança.

O documento lembra que as urnas eletrônicas são auditáveis em todas as etapas do processo, antes, durante e depois das eleições. Todos os passos, da elaboração do programa à divulgação dos resultados, podem ser acompanhados pelos partidos políticos, Procuradoria-Geral da República, Ordem dos Advogados do Brasil, Polícia Federal, universidades e outros que são especialmente convidados. É importante observar, ainda, que as urnas eletrônicas não entram em rede e não são passíveis de acesso remoto, por não estarem conectadas à internet.

Em relação ao voto impresso, os ministros e ex-ministros concordam que este não é um mecanismo adequado de auditoria a se somar aos já existentes por ser menos seguro do que o voto eletrônico, em razão dos riscos decorrentes da manipulação humana e da quebra de sigilo. Inclusive, muitos países que optaram por não adotar o voto puramente eletrônico tiveram experiências históricas diferentes das nossas, sem os problemas de fraude ocorridos no Brasil com o voto em papel. Em muitos outros, a existência de voto em papel não impediu as constantes alegações de fraude, como revelam episódios recentes.

“A contagem pública manual de cerca de 150 milhões de votos significará a volta ao tempo das mesas apuradoras, cenário das fraudes generalizadas que marcaram a história do Brasil”, advertem as autoridades.

Por fim, os ministros reforçam e garantem à sociedade brasileira a segurança, transparência e auditabilidade do sistema. Todos os ministros, juízes e servidores que compõem a Justiça Eleitoral continuam comprometidos com a democracia brasileira, com integridade, dedicação e responsabilidade.

Assinam o documento as seguintes autoridades: Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Rosa Weber, Luiz Fux, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Ricardo lewandoiwski, Marco Aurélio Mello, Ayres Britto, Carlos Velloso, Sepúlveda Pertence, Nelson Jobim, Ilmar Galvão, Sydney Sanches, Francisco Rezek e Néri da Silveira.

Da assessoria do TSE

Criticado por membros de outros Poderes e sem apresentar provas, o presidente Jair Bolsonaro voltou a afirmar neste domingo, 1º, que há indícios de fraude no sistema eletrônico de votação no Brasil. Em discurso por telefone a apoiadores do voto impresso em Brasília, ele repetiu que, sem eleições "limpas e democráticas", "não haverá eleição" em 2022.

Esta é a segunda vez em que Bolsonaro faz, publicamente, uma ameaça direta às eleições de 2022, colocando em dúvida a realização do pleito que pode definir seu substituto na Presidência da República.

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Em 8 de julho, Bolsonaro já havia afirmado que "ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições". Na ocasião, o comentário de Bolsonaro reverberou ameaças, feitas pelo ministro da Defesa, Walter Braga Netto, por meio de interlocutor, ao presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL). Como mostrou o Estadão, o recado de Braga era de que sem voto impresso e auditável não haveria eleições em 2022.

Nos últimos dias, Bolsonaro intensificou o discurso a favor do voto impresso. Na última quinta-feira, ele apresentou, durante transmissão ao vivo nas redes sociais, uma mistura de fake news, vídeos descontextualizados que circulam há anos na internet e análises enviesadas sobre números oficiais da apuração dos votos para atacar o atual sistema. Ao mesmo tempo, admitiu não ter provas, mas sim "indícios" de irregularidades.

Bolsonaro e seu grupo político defendem eleições com o uso de papel, como forma de garantir que não haja fraudes - embora o sistema eletrônico não tenha apresentado fraudes desde que foi lançado. Para a oposição e para analistas políticos, a estratégia busca abrir espaço para que Bolsonaro e seus apoiadores questionem uma eventual derrota na eleição presidencial de 2022.

Na fala por telefone aos manifestantes de Brasília neste domingo, Bolsonaro demonstrou desconforto em relação à disputa em 2022 - em especial, com a possibilidade de perder a corrida eleitoral para o PT, partido que vem liderando as pesquisas mais recentes.

De acordo com Bolsonaro, "algumas pessoas" do Planalto Central "querem a volta daqueles que saquearam o País há pouco tempo". O presidente, no entanto, não explicou quem são estas pessoas, nem citou nominalmente o PT, que ocupou a Presidência entre 2003 e 2016. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, tem liderado as pesquisas de intenção de voto.

Durante seu discurso, Bolsonaro também adotou um tom messiânico, citando Deus em alguns momentos. Ex-militar, ele afirmou que os apoiadores são seu "exército" e pregou união contra o comunismo e o socialismo - ideologias que nunca estiveram representadas na Presidência da República em nenhum momento da história brasileira.

"Nós juntos somos a expressão da democracia do Brasil. Minha lealdade ao povo brasileiro, meu temor a Deus, nossa união nos libertará da sombra do comunismo e do socialismo", disse.

Em vários momentos, Bolsonaro defendeu a "contagem pública" de votos. "Temos de ter a certeza de que, em quem você por ventura votar, o voto será computado para aquela pessoa", disse o presidente. "As eleições, últimas, estão recheadas de indícios fortíssimos de manipulação."

Estes "indícios fortíssimos" citados por Bolsonaro, no entanto, nunca se comprovaram. Desde que o sistema foi adotado no Brasil, na década de 1990, não existe um único caso comprovado de manipulação. E ao contrário do que é afirmado por Bolsonaro, o sistema é auditável.

A ideia do voto impresso está materializada na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 135/2019, de autoria da deputada Bia Kicis (PSL-DF), presente no ato de hoje de Brasília. A proposta está em comissão especial da Câmara, que retomará os trabalhos na próxima semana, após o recesso parlamentar. A tendência é de que PEC seja derrotada.

Passeio por Brasília

Apesar de ter apoiado as manifestações deste domingo em várias cidades do País, Bolsonaro não compareceu ao ato de Brasília. Ele saiu do Palácio da Alvorada durante a manhã, para um passeio, mas não passou pelos manifestantes reunidos na Esplanada dos Ministérios. O presidente apenas falou com os apoiadores por telefone, em mensagem veiculada pelo sistema de som. Em suas redes sociais, o presidente disse também ter falado com manifestantes de outras cidades do País. Às 16h, ele promete falar com apoiadores reunidos na Avenida Paulista.

Bolsonaro e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, deixaram o Palácio da Alvorada por volta das 10h30 em direção à Vila Equestre Equilíbrio, na região do Jardim Botânico de Brasília. No local, viram uma exposição de carros antigos.

Bolsonaro se manteve sem máscara, apesar de no Distrito Federal o uso do item de segurança ainda ser obrigatório. Michelle alternou momentos com e sem máscara. Ambos estiveram cercados por simpatizantes, também sem máscaras ou usando incorretamente o item de proteção, considerado por especialistas fundamental para evitar a propagação de variantes mais agressivas de covid-19. Cerca de 20 milhões de brasileiros já se contaminaram e 555,5 mil morreram até o momento, conforme o Consórcio de Imprensa. Por volta das 11h20, o comboio presidencial deixou o Jardim Botânico e retornou ao Alvorada.

O ato pelo voto impresso e auditável, marcado pelos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, já reúne manifestantes na Praça da República em Brasília nesta manhã. Um dos presentes é o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo, que participa do protesto sem máscara de proteção, um item de segurança ainda obrigatório na capital federal durante a pandemia da Covid-19.

Manifestantes carregam faixas e cartazes a favor do voto impresso e auditável, uma bandeira do presidente Bolsonaro. O ato conta com a presença de três trios elétricos.

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Na última quinta-feira (29), Bolsonaro apresentou, durante transmissão ao vivo nas redes sociais, uma mistura de fake news, vídeos descontextualizados que circulam há anos na internet e análises enviesadas sobre números oficiais da apuração dos votos para atacar o atual sistema das urnas eletrônicas. Ao mesmo tempo, admitiu não ter provas, mas sim "indícios" de irregularidades.

Neste sábado, mesmo após as críticas recebidas pela disseminação de informações falsas sobre as urnas eletrônicas, Bolsonaro voltou a sustentar a necessidade de mudanças no atual sistema de votação. Durante evento com motociclistas em Presidente Prudente, no interior de São Paulo, ele defendeu "eleições limpas, da forma que o povo deseja". "Não aceitaremos uma farsa", acrescentou Bolsonaro a uma plateia de apoiadores, sem se aprofundar na questão do voto impresso.

Os atos pelo voto impresso estão previstos para ocorrer em todo o País neste domingo e o próprio presidente, na quinta-feira, convocou seus apoiadores a participarem do movimento.

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O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, deve usar o tradicional discurso de retomada dos julgamentos na Corte após o recesso do Judiciário, na segunda-feira (2), para enviar recados ao Palácio do Planalto, diante das sucessivas ameaças à realização das eleições em 2022. Desde a semana passada, Fux vem sendo pressionado a se manifestar e prepara uma "resposta". O pronunciamento do magistrado será sobre a importância da estabilidade democrática, destacando que os Poderes não podem extrapolar seu papel no estado de direito.

Como revelou o Estadão, o ministro da Defesa, Braga Netto, enviou um aviso ao presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), no último dia 8, por meio de importante interlocutor político. O general pediu para comunicar, a quem interessasse, que não haveria eleições em 2022 se não houvesse voto impresso e auditável. O presidente Jair Bolsonaro repetiu publicamente a ameaça naquele mesmo dia. "Ou fazemos eleições limpas ou não temos eleições", afirmou ele a apoiadores, na entrada do Palácio da Alvorada.

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Em transmissão ao vivo pelas redes sociais, anteontem, Bolsonaro rebateu críticas dando conta de que as Forças Armadas não devem se pronunciar sobre voto impresso por se tratar de uma questão política. Disse que militares devem, sim, se manifestar porque essas eleições têm a ver com a "soberania nacional".

Bolsonaro também insultou, mais uma vez, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, que defende o atual sistema de urna eletrônica. "É justo quem tirou Lula da cadeia, quem o tornou elegível, ser o mesmo que vai contar o voto numa sala secreta e escura no TSE?", perguntou ele, ao citar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que hoje lidera as pesquisas de intenção de voto. Ao contrário do que vinha anunciando, porém, o chefe do Executivo disse na live não ter provas de que as eleições de 2014 e 2018 foram fraudadas.

Fux chegou a afirmar, em conversas reservadas, que avaliava citar as Forças Armadas e Braga Netto em seu discurso. A declaração do magistrado também poderá ser mais "genérica", evitando despertar animosidade com o meio militar. Mesmo assim, a intenção é mostrar que o Supremo está comprometido com a democracia e não admitirá ruptura institucional.

Na próxima semana, Fux pretende chamar novamente Bolsonaro, Lira e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para uma conversa. O encontro deveria ter ocorrido no dia 14, mas foi desmarcado porque Bolsonaro precisou ser submetido a um tratamento médico de emergência, em São Paulo.

Homenagem

No auge da tensão política que envolve militares e o Judiciário, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) homenageou ontem as Forças Armadas por seu papel "a serviço da paz". Ex-interventor da Segurança no Rio, durante o governo de Michel Temer, Braga Netto recebeu uma placa elogiosa.

Em live promovida ontem pelo site Consultor Jurídico (Conjur), Lira disse que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) sobre o voto impresso não terá apoio para chegar ao plenário da Casa. "A questão do voto impresso está tramitando na comissão especial. O resultado da comissão impactará se esse assunto vem ao plenário ou não. Na minha visão, tudo indica que não", afirmou o presidente da Câmara na transmissão ao vivo, que também contou com a participação do ministro do Supremo Gilmar Mendes.

Ao destacar que o sistema de urna eletrônica vem sendo usado há 25 anos, Gilmar lembrou a "tradição" de fraudes cometidas no passado, quando o voto era manual, inclusive na apuração. "Então, vamos parar um pouco de conversa fiada", disse o magistrado.

A PEC do voto impresso será analisada pela comissão especial da Câmara no início de agosto. A tendência é de que a proposta, defendida por Bolsonaro e seus aliados, seja derrotada. "Não temos nenhum fato que diga respeito a uma fragilidade do sistema, no que diz respeito a fraudes. Mas também não vejo problema de, com moderação, sabermos que há um processo de auditagem e, de alguma forma consensuada, dar mais transparência a isso. Onde não há problema, nós temos que deixar ainda mais claro", argumentou Lira.

Embate

A crise entre o Palácio do Planalto e os demais poderes ganhou fôlego depois que Barroso e ministros do Supremo se reuniram com dirigentes de partidos para tentar demover as legendas da ideia de aprovar a PEC do voto impresso, uma mudança que custaria aos cofres públicos aproximadamente R$ 2 bilhões. "O discurso de que se eu perder houve fraude é um discurso de quem não aceita a democracia", afirmou Barroso, anteontem.

Gilmar foi na mesma linha durante a transmissão ao vivo organizada pelo Conjur. "Me parece que essa ideia de que sem voto impresso não podemos ter eleição, ou não vamos ter eleições confiáveis, na verdade esconde talvez algum tipo de intenção subjacente, uma intenção que não é boa", disse o ministro.

Nos bastidores, tanto ministros do Supremo como do TSE criticaram a live de Bolsonaro. Um deles o definiu como "moleque", que "desrespeita as instituições". A avaliação é a de que o presidente está criando tumulto para produzir uma justificativa, caso seja derrotado nas urnas, em 2022.

Mirando a corrida presidencial de 2022, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) chamou o atual chefe do Executivo, Jair Bolsonaro (sem partido), de “mentiroso mor da república”. A declaração foi feita nesta sexta-feira (30), um dia após Bolsonaro ter feito uma live alegando fraude nas eleições de 2018, mais uma vez sem apresentar provas.

"Enquanto outros governos trouxeram a corrupção para o centro do poder, o de Bolsonaro, além de mantê-la, colocou no seu eixo a mentira. Esta prática, que contamina todas suas ações e escalões, teve ontem um ritual supremo", disse o presidenciável em seu Twitter.

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Segundo Ciro, que continuamente critica a gestão bolsonarista, além de não cumprir com a promessa feita anteriormente de apresentar provas das supostas fraudes eleitorais, Bolsonaro ainda “soterrou qualquer possibilidade de uma modernização do sistema” de votação. Em maio deste ano, o pedetista chegou a defender a implementação do chamado voto impresso auditável.

"Este governo, que ampliou o sentido da corrupção, fazendo-a transbordar das órbitas política e financeira para a da corrupção da linguagem e dos significados, continua sua marcha de impunidade sem que o Congresso e o Judiciário acionem as ferramentas democráticas. Impeachment, já!", finalizou.

Conforme a reportagem do LeiaJá, o dispositivo central do sistema eleitoral no Brasil, a urna eletrônica, permite recontagem de votos, é rápida e passa por etapas de auditoria antes, durante e depois da eleição. Não há registro de fraudes desde a sua primeira utilização, em 1996.

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Em live prometida há semanas, e realizada nesta quinta-feira (29), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) apareceu ao lado de um suposto analista de inteligência chamado Eduardo, para apresentar provas de que houve fraudes nas eleições presidenciais de 2014 e 2018, apesar de ambas já terem sido negadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por mais de dez vezes. "Quero eleição no ano que vem, mas uma eleição limpa. Nossas urnas precisam de melhorias", afirmou Bolsonaro.

Apesar da apresentação de provas ter sido a principal chamada para o encontro ao vivo, se aproximando de uma hora de live, o chefe do Executivo admitiu "não possuir provas", mas "indícios fortes em aprofundamento de que houve fraude no sistema eleitoral". Bolsonaro também mostrou relatos de pessoas que tentaram votar em seu número na eleição presidencial de 2018 e foram impedidos pela urna, ao passo que pessoas que tentaram votar no então candidato do PT, Fernando Haddad, não enfrentaram problemas. "Ninguém falou que tentou votar no 13 e não conseguiu. Foi só no 17. Se fosse um erro, apareceria dos dois lados", continuou o presidente.

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O TSE esclareceu que, neste caso, as pessoas estavam tentando votar em um candidato a governador e não a presidente - o que inviabiliza o número "17" na urna.

Em outro momento, o presidente disse que só três países no mundo usam a urna eletrônica, entre eles o Butão. Sobre isso, o TSE esclarece que 23 países usam urnas com tecnologia eletrônica em suas eleições gerais. Outras 18 nações usam a urna em pleitos regionais. "Entre os países estão o Canadá, a Índia e a França, além dos Estados Unidos, que têm urnas eletrônicas em alguns estados", diz um trecho da checagem do TSE.

Em vários momentos da live, Bolsonaro disse que a apuração dos votos será feita "pelos mesmos que tornaram o ex-presidente Lula (PT) elegível e que o tiraram da cadeia", associando conduta criminosa e com favoritismos por parte da Justiça, no caso da judicialização dos votos. No entanto, a apuração dos votos é feita de forma pública, como explica o TSE.

Ainda alfinetando Luis Roberto Barroso, presidente do TSE, Bolsonaro relembrou a prisão de um hacker de 24 anos em março deste ano. O homem foi preso em Uberlândia, Minas Gerais, durante a Operação Deepwater, suspeito do maior vazamento de dados do Brasil. O caso envolveu os sistemas do Senado, Exército e TSE. "Ele não diz que os computadores dele são invioláveis?", perguntou Bolsonaro, reafirmando fragilidade do sistema eleitoral.

No entanto, o presidente confundiu a base interna de dados, em computadores físicos comuns, com a urna eletrônica, que é um computador independente, com software personalizado, auditável, e que não possui conexão à internet (nem Wi-Fi, nem ethernet), e nem conexão bluetooth.

Código fonte das urnas é auditável

Ainda durante a live, o suposto analista, Eduardo, mostrou um vídeo explicativo, com origem no YouTube, por parte de um também suposto desenvolvedor de sistemas chamado Jenderson, que mostra "como é possível fraudar o código fonte de uma urna eletrônica". No entanto, além de ignorar que o código fonte das urnas é aberto seis meses antes das eleições e pode ser invadido para testagem de segurança com antecedência, o homem também afirma fraudes em 2018, informação já desmentida pela Justiça Eleitoral.

Outro erro de Jenderson é não mostrar o código fonte com o qual trabalha, exibindo na tela apenas uma animação para provar o próprio argumento, sem mostrar como conseguiu estabelecer uma simulação comparativa entre seu sistema e o utilizado pelo TSE.

Nas últimas 24 horas, o nome de Zezé Di Camargo está entre os assuntos mais comentados do Twitter. Em um vídeo divulgado pela deputada federal Carla Zambelli, o cantor sertanejo aparece apoiando o presidente Jair Bolsonaro, a favor do voto impresso nas próximas eleições. O músico surge pedindo a participação das pessoas para uma manifestação sobre o voto auditável.

Zezé disse no conteúdo: "Apenas uma meia dúzia de pessoas que vão conferir se a máquina realmente computou seu voto como desejava. É muito estranho as pessoas não quererem isso. [...] Dia 1º de agosto vai ter uma manifestação no Brasil inteiro, para o povo mostrar, principalmente para o Congresso, que o povo quer o voto auditável sim. Eles ficam confundindo a cabeça de vocês, falando que é um retrocesso, que vai voltar lá atrás, não vai voltar nada".

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Após a publicação da parlamentar repercutir, o artista foi bombardeado. Recebendo apoio de um lado, Zezé Di Camargo foi criticado pela postura. "A convocação do Zezé Di Camargo para o ato pelo voto impresso é sintomática. Mostra que nem os bolsonaristas acreditam mais em apoio popular ao governo. Motociatas funcionam a base de gasolina free, sorteios e pão sem mortadela. Bolsonaro morreu, mas passa bem", detonou um dos internautas. O nome de Zezé foi parar nos trending topics.

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Especializado na área militar, o cientista político e professor aposentado da Unicamp Eliezer Rizzo de Oliveira vê se desenhar "um cenário de crise" na movimentação política das Forças Armadas em relação ao voto eletrônico nas eleições de 2022.

O exemplo é o da invasão do Capitólio por apoiadores de Donald Trump, inconformados com a vitória de Joe Biden, em janeiro - com peculiaridades brasileiras que aponta. Como a possível ação de "setores da sociedade armados e mobilizáveis", que, diante de uma derrota de Jair Bolsonaro, produzam um "cenário de extrema violência". "O protagonismo militar está em pleno ato."

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Segundo ele, ocorreu em 2018 uma conexão de interesses entre uma espécie de partido militar "de extração verde-oliva" e a candidatura de Bolsonaro ao Planalto. A seguir, trechos da entrevista.

Como o sr. analisa o episódio de ameaça às eleições de 2022 enviada pelo ministro da Defesa, Braga Netto, ao presidente da Câmara, Arthur Lira?

O episódio é nebuloso, já que o general Braga Netto o desmentiu e Lira não o teria confirmado, tampouco desmentido. No entanto, o deputado se inscreve entre as diversas personalidades que vieram a público para defender as eleições. Algumas criticaram duramente o general Braga Netto, com toda razão. E este também se manifestou: não teria formulado ameaça militar, não costuma mandar recados, mas falar diretamente com as autoridades políticas e - aqui o principal - ele se alinha ao voto impresso, que é o sonho autoritário de Bolsonaro. O ministro age como se fosse membro de um diretório nacional partidário. Sim, no caso, do partido verde-oliva que governa com Bolsonaro.

O voto eletrônico é realmente uma preocupação entre militares ou é uma chave que usam para interferir na política?

Imagino que haja militares a favor e contra o voto eletrônico. Mas não poderia dizer se eles associam suas posições às de seus comandantes militares. Bolsonaro, sim, tornou o voto impresso uma questão de condição para preservar a democracia: "sem voto impresso não haverá eleição". Como, se a eleição é determinação constitucional? Vai colocar tanques nas ruas? Os comandantes cumprirão tal ordem inconstitucional? Espero que não, que cumpram a Constituição. Os governadores cruzarão os braços? Desenha-se mais um cenário de crise, a exemplo da invasão do Capitólio por trumpistas. Se agregarmos setores da sociedade armados e mobilizáveis, chegamos a um cenário de extrema violência que sugere golpe militar para controlar o caos social.

O que explica que as Forças Armadas, que foram as "grandes mudas" da política brasileira, de 1985 a 2018, voltem a querer ter o velho protagonismo?

As Forças Armadas foram valorizadas, de certo modo, e conviveram com o processo de reparação das vítimas da violência repressiva da ditadura militar: Lei e Comissão de Pessoas Presas e Desaparecidas e Comissão da Anistia. O presidente Fernando Henrique Cardoso criou o Ministério da Defesa, contrariamente à vontade dos altos comandos militares. Mas estes se resignaram e não confrontaram o presidente. Foram adotados importantes documentos de Defesa Nacional - Política Nacional de Defesa, Estratégia Nacional de Defesa e Livro Branco de Defesa Nacional - com a participação das Forças e relativa participação de políticos e acadêmicos.

O que aconteceu, então?

O ponto de virada, a meu ver, foi a combinação de crise política dos governos de Lula - corrupção - e Dilma - Comissão Nacional da Verdade. A CNV decorreu de um pacto não formalizado, mas efetivo, entre o

governo Lula e os comandantes. Assim, a CNV devia investigar os crimes contra os direitos humanos cometidos pelo Estado e também por pessoas e grupos políticos da luta armada, sem restrições. A CNV cumpriu parcialmente sua finalidade legal, pois investigou exclusivamente os delitos contra os direitos humanos cometidos por agentes públicos ou em conexão com eles. E não respeitou a anistia, embora tenha suavizado posições no relatório final.

E quais as consequências?

Em suma, o militarismo latente entre militares, da ativa e da reserva, sobretudo de clubes e associações, e civis veio à tona. Generais da reserva ameaçaram com o protagonismo militar, eufemismo de intervenção militar. Ocorreu então uma conexão de interesses entre uma espécie de partido militar de extração verde-oliva e a iniciativa do deputado Jair Bolsonaro para ser candidato à Presidência. Ele se notabilizara pela agressiva atuação parlamentar como defensor dos interesses profissionais dos militares, ainda que confrontando regulamentos e gerando desconforto às instituições castrenses. Tratava-se agora de enfrentar o "socialismo", de impedir o retorno das esquerdas ao poder. Leia-se, de impedir Lula de ser candidato, daí a ameaça de intervenção militar do general Villas Bôas, em abril de 2018. Eleito Bolsonaro, uma das bandeiras deste governo civil com administração e domínio militares é precisamente impedir o retorno das esquerdas. E, se um candidato de esquerda, Lula ou outro, vier a ser eleito, será impedido por ação militar? Estaremos diante de um golpe de estilo clássico?

Esse movimento é iniciativa da liderança militar ou há um amplo consenso na tropa sobre a retomada do protagonismo político?

Comandantes de diversos níveis tornaram-se líderes políticos, os da reserva com toda liberdade. Assim, há sinais claros de uma intensa militância nos quartéis na direção do que apontei. Há generais que se incomodam com tal situação, pois identificam nela um perigo para o profissionalismo e o preparo militar para a defesa nacional. Porém, dada a situação atual, interessa a Bolsonaro a politização do meio militar, que lhe fornece uma base numerosa de eleitores.

O que explica tal processo?

A formação intelectual e profissional dos militares é fundada em valores conservadores no Brasil. Mas não necessariamente antidemocráticos. Bolsonaro levou os militares ao governo como prometera. Para preservá-los, compra-os com vantagens previdenciárias, recursos para a Defesa, acúmulo de vencimentos acima dos limites constitucionais, cargos e flexibilização absurda da permanência de militares em cargos civis. Quem participa desta militarização da administração tem motivo financeiro para se empenhar pela reeleição de Bolsonaro. Os quadros militares, tal como os quadros sindicais de Lula e Dilma ou intelectuais de FHC, exercem o poder de Estado. Ganham com isso, mas poderão perder. O desastre do Ministério da Saúde sob direção do general da ativa (Eduardo) Pazuello é evidência da militarização da administração, em confronto com a convicção no meio militar de que militares são administradores mais competentes do que civis. Até que aparece um esquema corruptor para desmentir.

Trata-se de um anacronismo, um desejo de volta ao passado de prestígio e força dos militares, ou vontade de mudar o futuro das Forças Armadas, transformando os militares novamente em atores políticos?

Uma capa superior das Forças Armadas, do Exército com todo destaque, é formada por atores políticos. Mas em outros níveis também. Alguns são intelectuais que elaboram interpretações sobre o passado, o presente e o futuro, defendendo o direito das Forças Armadas à intervenção militar, ainda que sem base legal.

Há um projeto de Brasil aí?

Identifico um projeto de Estado danoso: antissocial; autoritário; ultraliberal; promotor do armamento da população como uma espécie de segurança pública privada; negacionista da ciência e da educação pública; controlador do pensamento científico; confrontador da institucionalidade democrática, dos poderes da República, do voto, das eleições. Em Fascismo Eterno, Umberto Eco sugere que tais atitudes e perspectivas são "nebulosas fascistas", um namoro com o autoritarismo.

Quais poderão ser as consequências para as Forças de um eventual retorno do protagonismo militar na política?

O protagonismo militar está em pleno ato. A consequência inevitável é a politização dos mais diversos meios e instituições militares. Para contê-la, poderá ocorrer um acirramento da disciplina e do controle político nos quartéis.

E para o País?

Não bastaria afirmar que esta situação faz mal ao Brasil e representa um risco gravíssimo à democracia. Devemos ir além. Os candidatos à eleição presidencial de 2022 precisam firmar posição sobre o que pretendem fazer com as Forças Armadas, os militares, os policiais, a defesa nacional e a segurança pública. Não bastam palavras soltas ao ar. É fundamental a apresentação de programas com planos, métodos, metas. A saída da presente militarização da administração federal não será uma tarefa dos militares, mas dos políticos previdentes e com a participação necessária das Forças Armadas institucionais. Pois elas existem e cumprem suas funções no dia a dia. Em tempo, é fundamental que candidatos progressistas reafirmem a Lei da Anistia. Ignorá-la tem sido um erro das esquerdas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Dias após as principais autoridades do Judiciário e do Legislativo reagirem às revelações feitas pelo Estadão de que o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, ameaçou a realização do pleito em 2022, o presidente Jair Bolsonaro apelou novamente em favor do voto impresso e afirmou que "não dá para termos" eleições no formato atual, repetindo a ameaça. Bolsonaro também voltou a atacar o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso.

"Na quinta-feira vou demonstrar em três momentos a inconsistência das urnas, para ser educado. Não dá para termos eleições como está aí", disse Bolsonaro em conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada na tarde deste sábado (24). O presidente disse não ver democracia no que chamou de "eleições sujas", em referência ao sistema que hoje funciona no Brasil e o elegeu em 2018 presidente da República.

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Apesar das frequentes tentativas de Bolsonaro de pôr em dúvida a confiabilidade do sistema eleitoral, reportagem do Estadão mostra que a Polícia Federal não encontrou até o momento registros de investigações sobre fraudes envolvendo a urna eletrônica desde que o método de votação foi adotado, em 1996. O TSE também afirma não haver registro de fraude comprovada envolvendo a urna eletrônica desde que ela foi adotada.

"Então, eleições limpas, todos nós queremos. Eleições sujas, isso eu não chamo eleições, isso não é democracia. E nós estamos com bastante antecedência falando o que pode acontecer na frente, e o que nós podemos fazer para evitar", disse Bolsonaro. As declarações foram transmitidas pela rede social do filho do presidente e deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

Possível adversário de Bolsonaro no pleito de 2022, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também foi citado pelo chefe do Executivo neste sábado. Bolsonaro tentou justificar a anulação das condenações impostas ao petista como parte de um suposto plano para colocá-lo na cadeira de presidente, a partir de uma eleição fraudada.

"Vocês acham que alguém ia tirar um bandido da cadeia, ia torná-lo elegível, para não ser presidente, na fraude? Não tem que raciocinar, é isso", afirmou. "Geralmente quem frauda é quem está no governo, eu estou dando a chance para ele ganhar no primeiro turno com voto impresso. Ele é o primeiro a ser contra", disse Bolsonaro, citando a vantagem do petista em pesquisas eleitorais.

O presidente do TSE também voltou a ser alvo de Bolsonaro, que questionou o que Barroso teria feito ou "negociado" para que lideranças no Congresso se voltassem contra a PEC do voto impresso. "É inadmissível o ministro presidente do TSE, do Supremo, dentro do Congresso, não sei o que ele negociou, o que ele falou, porque rapidamente ele cativou grande parte dos líderes, se apaixonaram por ele, não sei o que ele ofereceu. E no dia seguinte trocaram os integrantes da comissão especial que analisa a PEC do voto impresso. Dá para desconfiar ou não dá?", disse Bolsonaro.

"Não façam isso por mim, minha vida aqui, não queiram. Mas pode ter certeza, que eu vou cumprir meu mandato até o último dia, só Deus me tira daqui", disse ainda Bolsonaro aos apoiadores, como já falou em outras oportunidades.

"O cara não gostar de mim (em referência a críticas que recebe), tudo bem, mas ser apaixonado pelo Lula? Desvios, roubalheira em tudo quanto é lugar. Um milagre eu estar aqui, dois, a vida e a eleição. E um terceiro, permanecer na cadeira. O que muita gente quer é o poder, a volta da impunidade e da corrupção. Será que não conseguem enxergar isso?", afirmou. "Querem me criticar, critiquem, até gente que se diz de direita, né? Tudo bem, se eu sair fora, você vai ficar com quem em 2022?", completou o presidente.

O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Velloso afirmou, em entrevista ao podcast “Supremo na semana” deste sábado (24), que a defesa do voto impresso mostra desconhecimento sobre o processo eleitoral.

“Há 25 anos a urna eletrônica é utilizada sem indício ou evidência de fraude. De maneira que eu penso que há um desconhecimento por parte de muitos. E esse desconhecimento pode gerar apoio a esse anúncio de voto impresso que não traz nenhum benefício. Ao contrário, nos faz retornar ao sistema antigo do voto de papel. Basta que se peça a conferência dos votos (eletrônicos) com os votos impressos para se restaurar a contagem manual de voto, aquilo que gerava mapismo (como era chamado o aproveitamento dos votos em branco), que gerava uma série de fraudes”, disse Velloso na conversa.

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O ministro, que se aposentou em 2006 aos 70 anos - posteriormente houve alteração na Constituição para alterar a idade máxima para 75 anos -, era presidente do Tribunal Superior Eleitoral quando as urnas foram idealizadas.

“É uma retórica política atrasada. Os parlamentares precisam tomar conhecimento do que é o processo eleitoral e de como ele se desenvolve. É, na verdade, um dos melhores processos em matéria eleitoral do mundo. E a Justiça Eleitoral foi criada no Brasil justamente para resolver o problema, para tornar legítimas as eleições e cada vez mais legítima, portanto, a democracia que praticamos, que é a democracia representativa”, destacou.

Velloso considerou positivos, ainda, os esforços do Tribunal Superior Eleitoral para explicar sobre o funcionamento do sistema e os mecanismos existentes de auditagem.

No podcast, o ministro elogiou ainda a atuação do STF durante a pandemia da Covid-19, em especial a decisão que confirmou a competência concorrente entre União, estados e municípios para medidas de proteção aos cidadãos.

Confira a entrevista completa aqui

Da assessoria do STF

O presidente Jair Bolsonaro, mesmo sem provas, voltou a falar contra a segurança das urnas eletrônicas e a atacar o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso. De acordo com o presidente, Barroso precisa apresentar uma justificativa melhor contra o voto impresso, além do custo de implementação do processo. "O dinheiro quem trata sou eu, não é ele. Agora, não vai faltar dinheiro para comprar maquininha para imprimir o voto do lado ali", disse Bolsonaro, que voltou a inflamar seus seguidores. "Nosso Exército, que são vocês, não vai aceitar o que aconteceu em outros países."

As conversas com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, sempre recheada de críticas a opositores, virou o principal palco de defesa do presidente ao voto impresso. Bolsonaro inclusive já fez declarações de que as eleições do ano que vem poderiam não ocorrer caso o tema não fosse aprovado na Câmara. A quem acompanha o presidente diariamente no cercadinho na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro tem afirmado que há uma articulação dentro do Supremo para que o seu principal adversário político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seja alçado à presidência através de uma fraude.

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O presidente também voltou a fazer críticas à oposição. "Não estamos livres ainda. A cobra está viva", afirmou o presidente.

Como mostrou o Broadcast Político/Estadão, a Comissão Especial da Câmara sobre o tema chegou a ter maioria de votos favoráveis para aprovar voto impresso, mas presidentes de partidos e ministros do STF agiram para trocar os integrantes da comissão e deixar o texto sem apoio suficiente.

No fim de junho, presidentes de 11 partidos fecharam um posicionamento contra o voto impresso. Os caciques das legendas, incluindo os da base do presidente Jair Bolsonaro no Congresso, decidiram derrubar a proposta discutida na Câmara e patrocinada pelo chefe do Planalto.

2022

Bolsonaro continuou colocando em dúvida sua participação no pleito de 2022. Sem partido, e com a popularidade em baixa, o presidente declarou que tem até março para decidir filiação e, até lá, decide seu futuro. O chefe do Executivo alegou que não poderia falar agora que é candidato porque isso infringe as regras eleitorais.

"Eu não posso falar que sou candidato agora que é crime eleitoral. E outra, se eu for falar em eleição eles vão vir em mim. Março tem sim como último mês de filiações, aí eu decido o futuro", disse. O presidente concluiu dizendo que disputar a presidência, "não é vida" para ele, mas é uma missão. (Colaboraram Camila Turtelli e Anne Warth)

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