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Um dia depois de a Câmara dos Deputados aprovar projeto que criminaliza o abuso de autoridade, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, disse nesta quinta-feira, 15, que quem exerce o poder tende a cometer "abuso" e é por isso que se precisa de "remédio" desse tipo.

O texto aprovado pelos parlamentares define os crimes de abuso de autoridade cometidos por servidores públicos, militares, membros dos poderes Legislativo, Executivo, Judiciário, do Ministério Público e dos tribunais ou conselhos de contas. A proposta lista uma série de ações que poderão ser consideradas crimes com penas previstas que vão de prisão de três meses até 4 anos, dependendo do delito, além de perda do cargo e inabilitação por até cinco anos para os reincidentes.

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A medida é considerada uma reação da classe política às operações recentes contra corrupção, como a Lava Jato.

"Eu não vi a última versão, mas a ideia é condizente com o equilíbrio das funções do estado de direito. Quem exerce o poder tende a dele abusar e é por isso que precisa ter remédio desse tipo. A velha lei de abuso de autoridade existente é de 1965, foi elaborada após o golpe de 64, na época se entendeu um instrumento importante", comentou Gilmar Mendes, ao falar com jornalistas antes de participar da sessão plenária desta tarde.

Para Gilmar Mendes, não há prejuízos com a aprovação da medida.

"Não vejo, tem que examinar porque o texto passou por sucessivas alterações. Acompanhei a versão da Câmara para o Senado, mas depois houve alterações. Mas em suma a reclamação é geral porque inexistia nos últimos tempos qualquer freio. Estado de Direito é aquele que ninguém é soberano. É fundamental ter essa visão. Na medida que alguém está se achando soberano, acima de tudo, isso não é Estado de Direito", completou Gilmar Mendes.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, é a favor de vetos no projeto de lei sobre abuso de autoridade aprovado no Congresso Nacional e enviado para sanção do presidente Jair Bolsonaro.

O ministro disse, em resposta a questionamentos da imprensa sobre a aprovação da matéria, que o projeto será examinado pelo governo e que "precisa ser bem analisado para verificar se não pode prejudicar a atuação regular de juízes, procuradores e policiais".

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Moro afirmou também que "ninguém é a favor de abusos" e "o exame ainda será feito com o cuidado e o respeito necessários ao Congresso".

A interlocutores, o ministro disse que o principal problema é gerar um ambiente de incerteza na aplicação ou execução da lei.

Um ponto específico considerado por ele problemático é que, pelas novas regras, se um policial fizer uma avaliação errada quanto à necessidade de algemas, poderá responder a processo. O PSL também é crítico deste trecho, que seria uma forma de criminalizar a atividade policial.

O Supremo Tribunal Federal já abriu um inquérito no ano passado para investigar suposto abuso de autoridade no uso de algemas no transporte do ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral, preso pela Lava Jato carioca.

O presidente Jair Bolsonaro terá 15 dias para sancionar ou vetar o projeto de lei.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública, normalmente, é ouvido pela Presidência diante de projetos que afetam essas áreas.

O posicionamento do MJSP, no entanto, não foi seguido pelo presidente Jair Bolsonaro na edição dos diferentes decretos sobre posse e porte de armas de fogo.

O texto aprovado ontem à noite pela Câmara, que já tinha passado pelo Senado, foi criticado por Moro em um jantar ontem à noite que contou com a presença do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Conforme mostrou a Coluna do Estadão, em conversas reservadas, o ex-juiz da Lava Jato disse que acompanhou a votação pela TV e que a redação do projeto estava ruim em alguns trechos. Além da crítica ao texto, disse que o presidente terá de vetar alguns itens.

O jantar foi na casa do deputado federal João Roma (PRB-BA) e teve a presença de deputados e do presidente do DEM, ACM Neto.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse hoje (15) não acreditar em uma possível “judicialização” do projeto de lei de abuso de autoridade, aprovado na quarta-feira (14) à noite em votação simbólica no plenário da Casa. O texto engloba atos cometidos por servidores públicos e membros dos três Poderes da República, do Ministério Público, dos tribunais e conselhos de contas e das Forças Armadas.

Perguntado sobre questionamentos e críticas da classe jurídica ao projeto de lei, Maia afirmou que o texto foi discutido com servidores de todos os Poderes. “Eu conversei com a associação dos juízes e só tem um artigo para a associação de juízes que tem problema, o artigo 43, que é a questão da prerrogativa dos advogados. O presidente da República pode sancionar ou pode vetar. Mas eu não vi ninguém questionando o texto como um todo”, acrescentou o parlamentar.

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Segundo o texto aprovado ontem que seguirá para a sanção do presidente Jair Bolsonaro, no Estatuto da Advocacia passa a ser crime, punido com detenção de 3 meses a 1 ano, violar direito ou prerrogativa de advogado como a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho e sigilo de comunicação com seus clientes.

“Todos os três Poderes, se o presidente sancionar [o projeto], terão regras de abuso. A lei de abuso não é um problema para aqueles que não passam da linha do seu papel institucional”, afirmou Maia, após dar a palestra “Um Olhar sobre o Brasil: Política e Democracia” para alunos do centro universitário UniCeub.

Reação das associações

As principais associações de juízes e procuradores brasileiros reagiram à aprovação do projeto de lei de abuso de autoridade.

Uma das principais críticas de entidades como a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) e a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) é o fato de o projeto ter sido aprovado em regime de urgência na Câmara após passar mais de dois anos parado.

Para ambas as associações, a amplitude do texto que segue para sanção coloca em xeque a independência do Judiciário, ao intimidar a atuação da magistratura. Elas prometem mobilizar a opinião pública em prol do veto presidencial e planejam encaminhar à Casa Civil pareceres técnicos para embasar o veto.

Tanto Ajufe como AMB e também a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) disseram que, em caso de sanção, devem abrir uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI) no Supremo Tribunal Federal (STF) contra dispositivos da lei.

 

Coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Paraná, o procurador Deltan Dallagnol criticou o projeto de lei que versa sobre o abuso de autoridade. Em publicação no Twitter, Dallagnol questionou o itens da proposta que prevê punição com pena de um a quatro anos de prisão para o juiz que deixar substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou conceder liberdade provisória, quando manifestamente cabível. 

“Se isso é crime, deveria ser igualmente crime soltar preso ou deixar de decretar a prisão quando esta é necessária”, salientou Dallagnol. 

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“Do modo como está, juízes que prenderem poderosos agirão debaixo da preocupação de serem punidos quando um tribunal deles discordar. E Direito não é matemática”, emendou o procurador. 

Além de juízes, membros do Legislativo; do Executivo; do Ministério Público; e dos tribunais ou conselhos de contas;  servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas podem ser punidas pela proposta aprovada na Câmara e enviada para sanção presidencial. 

De acordo com a Câmara, as condutas somente serão crime se praticadas com a finalidade específica de prejudicar outra pessoa ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, assim como por mero capricho ou satisfação pessoal.

Parlamentares e internautas iniciaram uma campanha para que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) vete pontos do projeto de lei que versa sobre abuso de autoridade. A matéria foi aprovada pela Câmara dos Deputados nessa quarta-feira (14) e seguiu para a sanção presidencial. 

No Twitter, por exemplo, a hashtag Veta Bolsonaro é a mais mencionada no Brasil na manhã desta quinta-feira (15). Termo já foi citado quase 80 mil vezes no intuito de pressionar Bolsonaro a não deixar que pontos da matéria vire lei. 

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Entre os deputados, Carla Zambelli (PSL-SP) disse esperar que o povo impulsione o presidente a não deixar passar itens da proposta. Já a deputada Dayane Pimentel (PSL-BA) ressaltou que "o Congresso não representou o povo brasileiro, mas confio em nosso Presidente Bolsonaro. Creio que ainda mudaremos essa decisão". 

Além disso, parlamentares da chamada bancada da bala procuraram o Palácio do Planalto já na manhã de hoje para que sejam vetados principalmente os projetos que atingissem a atividade policial. 

Pelo projeto de lei, poderá ser considerado abuso de autoridade obter provas por meios ilícitos; executar mandado de busca e apreensão em imóvel, mobilizando veículos, pessoal ou armamento de forma ostensiva, para expor o investigado a vexame; impedir encontro reservado entre um preso e seu advogado; e decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado sem intimação prévia de comparecimento ao juízo.

O plenário da Câmara dos Deputados concluiu nessa quarta-feira (14) a votação do Projeto de Lei 7.596/17, que define os crimes de abuso de autoridade. O texto engloba atos cometidos por servidores públicos e membros dos três Poderes da República, do Ministério Público, dos tribunais e conselhos de contas e das Forças Armadas. 

Após o texto-base base ser aprovado em votação simbólica, os parlamentares rejeitaram todos os destaques ao texto apresentado pelo relator Ricardo Barros (PP-PR). Como não houve alteração, a matéria segue para sanção presidencial

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Aprovado no Senado em junho, o texto prevê a criação do crime de caixa 2, de compra de votos e o aumento de pena para o crime de corrupção, tornando a prática hedionda em alguns casos. Atualmente considerada crime eleitoral e não penal, com penalidade inferior à aplicada a outros crimes e passível de prescrição no prazo de um mandato, a prática de caixa 2 em campanha eleitoral poderá ser tipificada como crime.

Pelo projeto de lei, poderá ser considerado abuso de autoridade obter provas por meios ilícitos; executar mandado de busca e apreensão em imóvel, mobilizando veículos, pessoal ou armamento de forma ostensiva, para expor o investigado a vexame; impedir encontro reservado entre um preso e seu advogado; e decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado sem intimação prévia de comparecimento ao juízo. 

No total, a proposta apresenta 37 ações que poderão ser consideradas abuso de autoridade, quando praticadas com a finalidade específica de prejudicar alguém ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro. 

Os partidos PSL, Novo e Cidadania defendiam que a proposta fosse debatida por mais tempo na Câmara e apresentaram, cada um, um destaque para ser debatido e votado em plenário. Se algum fosse aprovado, o texto voltaria para o Senado.

Todos os destaques apresentados por estes partidos foram rejeitados, como o que pretendia excluir dispositivo no qual são listados efeitos da condenação, como indenização por dano, inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública por 1 a 5 anos, apresentado pelo PSL,  e o que queria excluir do texto o artigo que tipifica como abuso de autoridade o uso de algemas em preso quando não houver resistência à prisão ou ameaça de fuga, apresentado pelo Podemos.

O PT apresentou, nesta sexta-feira (26), uma notícia-crime contra o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. No documento enviado para a Procuradoria Geral da República (PGR), a sigla afirma que o ex-juiz cometeu “os crimes de violação do sigilo funcional e supressão de documentos”, além de “abuso de autoridade”. 

O partido avaliou que os atos dos quais acusa o auxiliar do presidente Jair Bolsonaro aconteceram porque ele acessou as informações do inquérito da Polícia Federal (PF), que resultou na operação Spoofing, sobre o hackeamento dos celulares de autoridades dos Três Poderes, entre elas o próprio Moro. 

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A peça é assinada pela presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (RS), pelo deputado Paulo Pimenta (RS) e o senador Humberto Costa (PE). No documento, eles pedem a prisão e o afastamento de Sárgio Moro do cargo. Na petição, os líderes do partido alegam que que o ministro informou aos alvos do hackeamento que tiveram os celulares invadidos e demonstrou o desejo de que as conversas envolvendo ele seriam destruídas.

"Inicialmente, cumpre destacar o espantoso fato de o Ministro da Justiça ter acesso a dados de uma investigação sigilosa recém-instaurada pela Polícia Federal", ressalta um dos trechos.

Segundo os autores, Moro disse sobre a pretensão de destruir o material hackeado ao presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Otávio Noronha, que revelou, em nota, o desejo do ministro. 

A PF, por sua vez, esclareceu, em nota à imprensa, que a operação Spoofing “não tem como objeto a análise das mensagens supostamente subtraídas de celulares de invadidos”. A polícia afirmou que o conteúdo do material deve ser preservado e que caberá a Justiça definir o destino das conversas.

Mesmo considerando que a proposta teve avanços, o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Fábio George Cruz da Nóbrega, criticou o projeto de lei que pune o abuso de autoridade praticado por juízes e membros do Ministério Público. O texto foi aprovado no Senado e voltou para a Câmara dos Deputados.

Um dos pontos criticados pela ANPR foi o item conhecido como "lei da mordaça". De acordo com a proposta, procuradores não podem "expressar, por qualquer meio de comunicação, juízo de valor indevido sobre procedimento ou processo" em andamento. "Essa é uma grande preocupação nossa. Os membros da magistratura e do Ministério Público não podem ser impedidos de se manifestar, de responder à imprensa, de dizer o que estão fazendo dos casos concretos. Isso dificulta nossa atuação", declarou Nóbrega após reunião com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

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Os excessos, afirmou, devem ser punidos pelos conselhos a que estão subordinados as categorias. O "juízo de valor indevido", declarou, é um termo subjetivo. "Isso é um termo extremamente subjetivo, os nossos colegas podem ter receio de participar de entrevistas públicas."

O Senado aprovou um projeto que criminaliza o abuso de autoridade praticado por juízes e procuradores. No mesmo dia, a proposta passou pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Como veio da Câmara e foi alterado, o texto volta para análise dos deputados federais. A versão básica foi aprovada por 48 votos contra 24 no plenário.

O movimento ganhou rapidez após a divulgação de supostas mensagens entre o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e o coordenador da Lava Jato no Ministério Público Federal do Paraná, Deltan Dallagnol, durante a operação. Depois da reportagem do site The Intercepet Brasil, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), pediu à presidente da CCJ, Simone Tebet (MDB-MS), que colocasse a proposta em votação. Alcolumbre criticou publicamente o conteúdo do suposto diálogo de Moro com Dallagnol.

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O relator do texto, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), fez uma série de flexibilizações após se reunir com representantes do Ministério Público e da magistratura, o que agradou - ainda que não integralmente - entidades ligadas a essas categorias. "O que fizemos aqui foi um amadurecimento do texto para torná-lo o mais equilibrado possível. O que não se pode é deixar de punir o abuso de autoridade", disse o relator, defendendo que "excessos" na atuação do Ministério Público e da magistratura sejam punidos. Ele negou que a votação seja uma reação à divulgação do caso envolvendo o ministro Sergio Moro.

Pontuando que o endurecimento na lei não pode retroagir para casos anteriores, Pacheco admitiu que episódios semelhantes aos de Moro e Dallagnol podem ser punidos após a lei. "Não há essa perspectiva, não há essa possibilidade. Evidentemente que, quando se fala de abuso de autoridade, se fala de relação de juiz e promotor, podem as pessoas quererem considerar que há uma conexão e, eventualmente, há mesmo", declarou.

O projeto classifica como abuso de autoridade condutas praticadas por procuradores e juízes "com a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal." A proposta estabelece uma ressalta afirmando que a divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura, por si só, abuso de autoridade. O item tenta afastar o chamado "crime de hermenêutica". A punição prevista é uma detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Pela proposta, qualquer cidadão poderá comunicar à autoridade competente a prática de ato que configure abuso de autoridade por parte de magistrado ou procurador.

Parlamentares favoráveis ao projeto ressaltaram que o foco é punir excessos. "O foco do crime de abuso de poder é o mau juiz, o mau integrante do Ministério Público, aqueles que abusam do poder, que diminuem a instituição a que pertencem, que cometem crime", discursou Marcos Rogério (DEM-RO).

Polêmicas

Um dos pontos polêmicos é o item que foi batizado como "lei da mordaça". De acordo com a proposta, juízes não podem expressar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos e em obras técnicas ou no exercício do magistério.

No caso dos membros do Ministério Público, a regra foi suavizada para, no lugar de "opinião", "juízo de valor indevido sobre procedimento ou processo em andamento". Os procuradores, neste caso, teriam de se restringir a se manifestar com o "dever de informação e publicidade", além de se limitar a fazer críticas nos autos, em obras técnicas ou em aulas.

Além disso, o projeto classifica como abuso de autoridade atitudes de juízes e procuradores "com evidente motivação político-partidária". A palavra "evidente" foi incluída nesta quarta-feira, 26, na CCJ. Outra flexibilização feita pelo relator foi retirar da previsão de crime de abuso para as duas categorias "ser patentemente desidioso no cumprimento de suas atribuições" e "proceder de modo incompatível com a dignidade e o decoro do cargo".

Pacheco também retirou da proposta a possibilidade de a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ou organizações da sociedade civil constituídas há mais de um ano, que contenham em seus estatutos a finalidade defesa de direitos humanos ou liberdades civis, entraram com queixa subsidiária na Justiça no caso de o Ministério Público não intentar a ação.

O relator decidiu deixar de fora autoridades dos Tribunais de Contas e dos Ministérios Públicos de Contas, como queriam alguns senadores. Pacheco justificou que esses são órgãos administrativos desprovidos de jurisdição, o que não justificaria o enquadramento proposto no projeto. O líder do Podemos no Senado, Alvaro Dias (PR), criticou o relatório. "Por que oferecemos munição para atirarem contra nós numa hora em que se invertem, sim, prioridades?", questionou.

Anticorrupção

No mesmo projeto, o Senado decidiu recuperar uma proposta do pacote que ficou conhecido como "10 medidas contra a corrupção" e criminalizar o caixa dois eleitoral. A proposta também torna crime a compra de votos.

O texto pune com reclusão, de dois a cinco anos, e multa "arrecadar, receber ou gastar o candidato, o administrador financeiro ou quem de fato exerça essa função, ou quem atuar em nome do candidato ou partido, recursos, valores, bens ou serviços estimáveis em dinheiro, paralelamente à contabilidade exigida pela lei eleitoral". A mudança não valeria para crimes eventualmente cometidos antes da lei entrar em vigor.

Nos casos em que o caixa dois seja proveniente de crime (como corrupção, narcotráfico ou contrabando), a pena aumentaria de um a dois terços. Da mesma forma, a mudança não valeria para crimes eventualmente cometidos antes da lei entrar em vigor. Além disso, o projeto pune com reclusão, de um a quadro anos, e multa "negociar ou propor a negociação o eleitor, com candidato ou seu representante, em troca de dinheiro, dádiva ou qualquer outra vantagem, para dar voto.

O texto inclui ainda no rol dos crimes hediondos vantagem ou o prejuízo para a administração pública igual ou superior a dez mil salários mínimos vigentes à época do fato.

O Senado aprovou o texto de um projeto que criminaliza o abuso de autoridade praticado por juízes e procuradores, mas ainda votará separadamente um pedido que retira do texto os trechos que punem a atuação de membros da magistratura e do Ministério Público.

No mesmo dia, a proposta passou pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O texto básico - que também inclui a criminalização do caixa dois - foi aprovado no plenário por 48 votos contra 24. Na sequência, os senadores vão votar simbolicamente os itens referentes ao abuso de autoridade.

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O plenário do Senado começou a discutir o projeto que pune o abuso de autoridade praticado por juízes e membros do Ministério Público. O texto foi aprovado ainda nesta quarta-feira, 26, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, mesmo após flexibilizações, é alvo de críticas por investigadores e representantes de magistrados e procuradores.

O projeto classifica como abuso de autoridade condutas praticadas por procuradores e juízes "com a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal." A proposta estabelece uma ressalva ao afirmar que a divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura, por si só, abuso de autoridade. O item tenta afastar o chamado "crime de hermenêutica". A punição prevista é uma detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

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Pela proposta, qualquer cidadão poderá comunicar à autoridade competente a prática de ato que configure abuso de autoridade por parte de magistrado ou procurador. Além do abuso de autoridade, o projeto incluiu propostas do pacote contra corrupção elaborado pelo Ministério Público Federal. O projeto criminaliza o caixa dois eleitoral e a compra de votos.

O procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná, denunciou "pegadinhas" no projeto de abuso de autoridade que, segundo ele, "colocam em risco o combate à corrupção".

Nesta quarta-feira, 26, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou o projeto de lei da Câmara (PLC 27/2017) que prevê medidas contra a impunidade e a corrupção.

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O projeto tem origem no famoso "10 medidas contra a corrupção", que a força-tarefa da Lava Jato levou ao Congresso, em 2017, mas acabou desfigurado por parlamentares.

O projeto será submetido agora ao crivo do plenário do Senado.

O que incomoda Deltan é o texto que prevê sanções a magistrados e a promotores e procuradores por abuso de autoridade.

Ele postou em sua conta no Twitter: "IMPORTANTE: hoje o Senado vota projeto de abuso de autoridade com pegadinhas que colocam em risco o combate à corrupção. A luta contra a corrupção precisa do apoio dos senadores e dos brasileiros."

Deltan também fez um vídeo, em que aponta as preocupações suas, de sua classe e dos magistrados.

Na avaliação do procurador, se aprovado, o projeto "pode significar um obstáculo na luta contra a corrupção".

Ele esclareceu a seus seguidores. "Olá pessoal. Esse projeto é fruto daquelas 10 medidas contra a corrupção, mas em vez de avançar na luta contra a corrupção, depois de ter sido muito deturpado, se for aprovado vai significar um grande retrocesso."

O que o angustia mais: "A possibilidade de o investigado investigar e acusar o próprio investigador."

"Por isso somos contra esse projeto", prega. "Somos, sim, a favor de punição adequada do crime de abuso de autoridade, consistente, como aquela prevista no projeto de lei apresentado em 2017 no Senado, que não tem pegadinhas e que avança nesse sentido."

Deltan reiterou os objetivos da força-tarefa da Lava Jato. "Nós, da Lava Jato, queremos continuar prestando um bom serviço à sociedade brasileira."

Ele destacou o feito anunciado nesta terça, 25, em que o primeiro acordo global no âmbito da Lava Jato - envolvendo o Ministério Público Federal, a Advocacia-Geral da União, a Controladoria-Geral da União e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos - resultou na recuperação de R$ 819 milhões para a Petrobras.

A procuradora-geral, Raquel Dodge, se reuniu, nesta segunda-feira, 24, com dirigentes de associações do Ministério Público e do Judiciário para tratar do Projeto de Lei da Câmara (PLC) 27/2017 ("10 medidas contra a corrupção"). O objetivo foi discutir pontos do projeto que caracterizam como crime de abuso de autoridade infrações disciplinares cometidas por promotores de Justiça e procuradores da República - membros do Ministério Público - e juízes, além de tornar crime a violação de prerrogativas de advogados.

Segundo informações divulgadas pela Secretaria de Comunicação Social, "na avaliação da PGR e das associações, tais medidas, se aprovadas pelo Congresso, vão fortalecer o crime organizado, prejudicar o combate à corrupção e destruir o sistema penal acusatório".

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Na reunião, os representantes do Ministério Público e do Judiciário ressaltaram que a legislação já prevê punições aos integrantes dessas instituições que cometem infrações disciplinares.

Concordaram que é necessário aprimorar os procedimentos para tornar mais célere o julgamento desses casos pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mas não da forma como propõem o PLC 24/2017, "que acabará inibindo a atuação de promotores, procuradores e juízes".

Para o presidente da Frente Associativa da Magistratura e do Ministério Público (Frentas), Ângelo Fabiano Farias da Costa, a maior preocupação das entidades é que "o projeto criminaliza as prerrogativas funcionais atribuídas à juízes, procuradores e promotores pela Constituição Federal".

Na avaliação da PGR, as medidas propostas terão "um efeito paralisante sobre a atuação dessas autoridades no combate ao crime organizado e na apuração de irregularidades eleitorais".

Além disso, ao permitir que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) assuma a legitimidade da ação penal pública caso discorde de arquivamento promovido pelo Ministério Público - artigo 43-D -, "o projeto destrói o sistema penal acusatório brasileiro".

Segundo a Procuradoria, a base desse sistema está na separação clara das funções de acusação, defesa e julgamento, "o que garante maior imparcialidade e idoneidade ao processo judicial".

Para a Procuradoria, "permitir que a defesa assuma o papel de acusação representa uma quebra desse tripé definido pela Constituição Federal, que atribui ao Ministério Público o papel exclusivo para acusar e pedir o arquivamento de processos".

As associações decidiram elaborar uma nota pública que será encaminhada às lideranças do Senado apontando "os riscos que a aprovação do PLC traz para o combate à corrupção e ao crime organizado". O projeto deverá ser apreciado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado ainda nesta semana.

Participaram da reunião representantes da Frentas e das Associações dos Magistrados Brasileiros (AMB), dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), dos Procuradores da República (ANPR), do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (AMPDFT), do Ministério Público Militar (ANMPM), dos Procuradores do Trabalho (ANPT) e do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais (CNPG).

Todos se comprometeram a elaborar propostas "para a melhoria dos procedimentos hoje já previstos em lei para a análise e punição de infrações cometidas por membros do Ministério Público e do Judiciário".

Após uma tentativa de votar um projeto que pune o abuso de autoridade praticado por magistrados e membros do Ministério Público, o Senado deixou a votação para quarta-feira da semana que vem, dia 26. A proposta deve passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e depois pelo plenário.

Houve uma tentativa de levar a proposta para votação diretamente no plenário ainda nesta terça-feira, 18. Durante reunião de líderes com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), parlamentares afinaram um discurso para afastar o movimento do caso envolvendo a suposta troca de mensagens entre o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, com procuradores da Lava Jato. Moro vai ao Senado nesta quarta-feira, 19, para falar sobre o assunto.

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Além disso, senadores citaram a chamada "regra de ouro do Senado" determinando que todos os projetos passem por pelo menos uma comissão deliberativa desde o início da gestão Davi Alcolumbre.

Para diminuir as críticas em relação ao texto, senadores destacaram que, além de punir o abuso de autoridade, o projeto também criminaliza o caixa de dois de campanha eleitoral, a compra de votos e ainda define como crime hediondo atos praticados quando a vantagem ou o prejuízo para a administração pública for igual ou superior a dez mil salários mínimos.

"Abuso de autoridade não, pacote de dez medidas de combate à corrupção", comentou Alcolumbre quando questionado sobre o projeto.

A presidente da CCJ no Senado, Simone Tebet (MDB-MS), afirmou que o relator da matéria, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), vai ouvir representantes da magistratura e do Ministério Público para ajustar o texto. Ela estima haver "quase unanimidade" entre os senadores em torno da proposta.

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado começou a discutir um projeto que criminaliza o chamado abuso de autoridade praticado por magistrados e integrantes do Ministério Público - proposta que enfrenta resistência entre membros da Lava Jato. O líder do DEM, Rodrigo Pacheco (MG), protocolou um parecer sobre a proposta nesta quarta-feira, 12, e no mesmo dia o tema entrou na pauta do colegiado.

O movimento ocorre na semana em que foram divulgadas supostas mensagens trocadas entre o ex-juiz federal e atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e procuradores da Lava Jato durante a operação. Uma audiência com Moro foi agendada na CCJ do Senado para o próximo dia 19. A proposta se originou de um pacote de medidas contra corrupção elaborado pelo Ministério Público Federal, mas que foi desfigurado por deputados em 2016.

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O projeto pune com reclusão de seis meses a dois anos e multa condutas praticadas por autoridades ou agentes públicos "com a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal". Para se antecipar a críticas do Judiciário ao chamado "crime de hermenêutica", o relator colocou um dispositivo no texto determinando que a divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura, por si só, abuso de autoridade.

Os líderes do PSL e do Cidadania no Senado protestaram contra a inclusão do projeto na CCJ afirmando que não foram chamados para nenhum acordo em torno de pautar a proposta. A presidente do colegiado, Simone Tebet (MDB-MS), alegou que havia um acordo de líderes e que assim foi possível incluir o tema na pauta da comissão, que originalmente não previa a discussão do abuso de autoridade.

A prisão do ex-presidente Michel Temer (MDB), na manhã desta quinta-feira (21), tem repercutido em todo o país. Aliado de primeira hora do emedebista e ex-deputado federal, Carlos Marun classificou a prisão como uma "abuso de autoridade" e "uma tentativa de atrapalhar o futuro do país. 

“Eu fiquei sabendo agora dessa notícia. Não sei, não vi o motivo. Vou ver que atitude tomar. É claro que não esperava isso. Eu, de pronto, posso dizer que essa prisão é mais um abuso de autoridade, certo? Não sei ainda as questões, mas posso lhe antecipar isso. É mais uma tentativa de atrapalhar o futuro do país. Essa é que é a verdade. Mas tenho certeza de que isso é um absurdo”, disparou Carlos Marun em entrevista ao site Antagonista.

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Marun foi ministro da Secretaria Geral da Presidência do governo de Michel Temer e defendeu ferrenhamente o ex-presidente durante a tramitação de pedido de abertura de inquérito no Congresso Nacional, enquanto Temer ainda estava na presidência, a partir de um pedido do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot. No arquivamento de uma das denúncias, inclusive, Marun apareceu em um vídeo ironizando ao cantar uma música de Benito de Paula, 'Tudo está no seu lugar'. 

O ex-presidente foi preso preventivamente pela Lava Jato do Rio de Janeiro. O mandado foi expedido pelo juiz Marcelo Bretas.

O Partido dos Trabalhadores (PT) reagiu à entrevista com o diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, publicada no jornal "O Estado de S. Paulo" neste domingo, 12. Em nota, a legenda criticou o que qualifica como "abuso de autoridade" e "violência jurídica" e afirmou que as declarações de Galloro são um retrato do sistema atual, que teria como objetivo evitar um novo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso pela Operação Lava Jato.

Na entrevista, a primeira desde que assumiu o cargo, há cinco meses, o diretor da corporação relata detalhes das negociações para prender o ex-presidente e cita que 30 policiais estavam prontos para invadir o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC caso Lula não se entregasse. Detalha também os bastidores da ordem do desembargador Rogério Favreto para soltar Lula e a contraordem do juiz Sérgio Moro em 8 de julho.

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"É um verdadeiro retrato do sistema podre a que estamos submetidos", diz a nota. "A ilegalidade da prisão de Lula e da revogação do habeas corpus concedido a ele naquele domingo (8 de julho) já haviam sido denunciadas pela comunidade jurídica. Mas é ainda mais escandalosa a desfaçatez de agentes do Judiciário e da Polícia Federal, ao expor em público sua conduta ilegal e as razões políticas que os moveram", afirma o documento.

O partido pede que a sociedade e as forças democráticas exijam do Conselho Nacional da Justiça, do Ministério da Justiça e do Senado pronunciamentos sobre o assunto. O documento diz ainda que a sigla não vai aceitar "passivamente a perseguição política e injusta" ao ex-presidente Lula.

O uso de algemas em caso de prisão em flagrante e na condução de presos não deverá ser considerado abuso de autoridade. É o que estabelece o Projeto de Lei do Senado 199/2018, do senador José Medeiros (Pode-MT). A proposta foi submetida à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), onde pode receber emendas até esta quinta-feira (3).

O texto modifica a Lei de Abuso de Autoridade (Lei 4.898/1965) ao explicitar a autorização de uso de algemas no cumprimento de mandado de prisão, na prisão em flagrante e na condução do preso para finalidades que exijam sua saída da unidade prisional. Medeiros justifica o projeto por considerar imprescindíveis as algemas “diante do risco concreto de o preso resistir à prisão, tentar evadir-se e de causar, com a eventual agressividade, lesão corporal no policial ou no agente penitenciário responsável por sua prisão ou condução”.

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O senador acrescenta que, além de não ser abusivo nem vexatório, o uso de algemas nesses casos constitui garantia da integridade física do próprio preso, que de outra forma poderia ser lesionado em caso de reação de policiais ou agentes penitenciários, ou “venha a agredir a si mesmo ou a outrem, situação bastante corriqueira em transporte de presos”.

*Agência Senado

Passada a votação que suspendeu a denúncia contra o presidente Michel Temer, a Câmara deve se debruçar sobre temas que podem afetar diretamente as investigações envolvendo políticos. O presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criou uma comissão especial para analisar projeto de lei que trata do abuso de autoridade, enquanto a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) deve pautar nas próximas semanas a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que acaba com o foro privilegiado.

Após deixar a proposta parada na Casa por quase seis meses, Maia assinou, na quinta-feira, o ato que cria a comissão especial que vai analisar o projeto que trata de abuso de autoridade. Pelo despacho, a proposta deverá tramitar com "prioridade", como exige o regimento interno da Câmara em caso de propostas que vêm do Senado.

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A comissão deverá ter 34 integrantes titulares e igual número de suplentes. As vagas são distribuídas proporcionalmente ao tamanho das bancadas das siglas. O presidente da Câmara negou que a instalação da comissão seja uma retaliação ao Judiciário. "A comissão foi um pedido de associações de juízes e procuradores para garantir o debate. O mesmo pedido foi feito e atendido no PL do teto (salarial)", afirmou.

Maia disse ter recebido a demanda da juíza Renata Gil, presidente da Associação dos Magistrados do Rio de Janeiro, e do procurador José Robalinho Cavalcanti, presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR).

A juíza confirmou o pedido a Maia. Segundo ela, há uma preocupação dos magistrados que eles não sejam devidamente ouvidos sobre o projeto. A reportagem não conseguiu contato com o presidente ANPR.

Maia ressaltou que havia um temor entre juízes e procuradores de que a urgência do projeto fosse aprovada e a proposta, votada diretamente no plenário da Câmara, sem passar pelas comissões. "Com a comissão, está garantido o debate", afirmou.

Foro privilegiado

O presidente da CCJ, deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), também vai liberar para a pauta a votação da admissibilidade da PEC que acaba com o foro privilegiado por prerrogativa de função em casos de crimes comuns. O relator Efraim Filho (DEM-PB) liberou a parecer há um mês. A proposta já foi aprovada no Senado e se passar pela CCJ, também será formada uma comissão especial por se tratar de mudança constitucional.

A PEC que restringe o foro especial valerá para crimes comuns cometidos por deputados, senadores, ministros de Estado, governadores, prefeitos, ministros de tribunais superiores, desembargadores, embaixadores, comandantes das Forças Armadas, integrantes de tribunais regionais federais, juízes federais, membros do Ministério Público, procurador-geral da República e membros dos conselhos de Justiça e do Ministério Público.

O foro permanecerá para presidente e vice-presidente da República, chefe do Judiciário e os presidentes da Câmara e do Senado.

Pacheco também quer colocar em votação outros temas polêmicos, como a PEC que dá autonomia funcional, administrativa e orçamentária à Polícia Federal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Bastante seguro e firme na resposta, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, disse, ao ser questionado durante entrevista coletiva no Recife, que não sentia “nenhum constrangimento” pela sua “ligação” com o senador Aécio Neves (PSDB), afastado das atividades legislativas após a divulgação de uma gravação na qual ele aparecia pedindo R$ 2 milhões a um dos donos da JBS, Joesley Batista, com o pretexto de que precisava de dinheiro para a sua defesa na Lava Jato. O magistrado desembarcou na capital pernambucana para participar de evento no LIDE Pernambuco sobre governabilidade no Brasil.  

A pergunta sobre a possível ligação entre Gilmar e o tucano deve-se ao fato de uma conversa entre os dois sobre supostas articulações para a tramitação do Projeto de Lei de abuso de autoridade. O registro foi feito pela Polícia Federal (PF). Sobre o assunto, o também presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) minimizou declarando que não há “nenhuma novidade” sobre o assunto.  

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Gilmar Mendes se defendeu destacando que “há muito tempo” defende a lei do abuso de autoridade. “[O Projeto de Lei] fez parte do meu projeto na presidência do Supremo. A lei foi feita na minha gestão e defendo publicamente no Senado Federal. O que acontece agora? Parece que há um pensamento totalitário. Qualquer definição de limites para o Ministério Público como polícia se tornou algo perigoso. Para quem? Para eles e aí dizem que há desobstrução de justiça, como se não pudesse se discutir uma nova lei de delação”, declarou. 

Ele também fez uma crítica sobre a legislação pontuando a necessidade de uma nova lei. “Uma nova lei de abuso de autoridade. Veja, a nossa lei de abuso de autoridade é de 1965. Ela está completamente ultrapassada e a conversa que eu mantive com os parlamentares não foi essa telefônica não, foi conversa pública no plenário do Senado sobre a necessidade de aprovação dessa lei. É urgente para evitar os abusos que se perpetuam”, disse.

Mais cedo, durante a palestra a uma plateia de empresários e políticos, Gilmar Mendes criticou a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) pelo fato de estar, segundo ele, "se omitindo" do assunto. 

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