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Os bancos tradicionais não assistem parados ao ganho de poder das corretoras e dos bancos digitais. O Credit Suisse, tradicionalmente focado nos investidores mais abastados, investiu na plataforma Modalmais, que acaba de abrir seu capital. O Santander anunciou a compra do controle da Toro Investimentos, e o Bradesco repaginou a Ágora, para reforçar sua plataforma 100% focada em pessoas físicas. Já o Itaú, que está se desfazendo de sua participação na XP, também tem se mexido para reforçar sua plataforma. Se no passado os bancos tinham no "menu" apenas produtos da casa, agora já têm uma prateleira diversificada.

No mercado, apesar de as rivais estarem se movimentando, o BTG é visto o único com mais poder de fogo para engatilhar maior concorrência à XP e conseguiu armar uma estratégia para atrair os grandes escritórios de agentes de investimento, oferecendo a compra de uma fatia minoritária e ajuda para a empresa a se tornar corretora, modelo que atendia a uma demanda dos sócios desse segmento.

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Dona da liderança desse mercado, a XP também tem reagido. Fez propostas de sociedade a escritórios de agentes autônomos que querem virar corretora, reagindo a movimentos do BTG sobre seus parceiros. A XP afirma, porém, que, quando um escritório sai de sua base, apenas 20% dos recursos sob gestão migram com ele.

O diretor executivo de gente, gestão e estratégia da XP, Gabriel Leal, afirma que a trajetória da XP escancarou o valor desse mercado e é natural que essa visibilidade traga maior competição. "Nós começamos de fato esse mercado e ele ainda tem oportunidades enormes. A concentração nos grandes bancos diminuiu, mas ainda é de cerca de 80%", comenta. Para fazer frente à competição crescente, uma das ofensivas tem sido a de agregar produtos bancários aos clientes, como conta digital e cartões. "A ideia é ter uma instituição financeira completa."

Máquina de aquisições

Depois de fechar dez aquisições para fortalecer sua plataforma de investimento e captar mais R$ 3 bilhões em uma oferta de ações, a terceira em um ano, o BTG Pactual seguirá analisando oportunidades no mercado para crescer, mas os grandes movimentos já ocorreram, segundo o sócio da instituição financeira Marcelo Flora, responsável pela plataforma do BTG.

"Estamos olhando muita coisa, temos um pipeline muito forte, mas a gente tende, naturalmente, a ser mais seletivo", explica Flora. Além de ter atraído grandes escritórios de agentes autônomos antes plugados à XP, há duas semanas o banco fechou a compra da Universa, dona da casa de análise Empiricus e da gestora Vitreo.

Para o executivo, o potencial do mercado de investimento ainda está no início. "Conseguimos entender o tamanho da oportunidade para morder um pedaço dessa pizza", diz Flora, lembrando que o banco investiu R$ 1 bilhão em tecnologia para aproveitar o boom do mercado. "Acho que conseguimos entender que havia uma mudança macro, uma mudança de placas tectônicas que por um conjunto de razões poderia tornar nosso ambiente de negócios mais favorável."

Apetite

Mesmo que a disputa mais notória entre XP e BTG tenha estado no centro das atenções, outras plataformas surgem com novas propostas. Nesse grupo está a sim;paul, lançada em dezembro. A ideia, segundo João Silveira, cofundador e presidente da empresa, foi trazer algo diferente ao mercado, com mais transparência na remuneração do cliente e uma relação mais vantajosa para os assessores de investimento, frisa o executivo, que é ex-presidente da PAR Corretora de Seguros e da Wiz Soluções.

No modelo da empresa, a receita gerada para a plataforma pelo consultor é transformada em pontos que podem ser trocados por ações da companhia em um evento de liquidez, nas mesmas condições dos controladores. Tal evento de liquidez pode ser, por exemplo, uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). "Estamos no início de uma revolução do mercado financeiro", afirma Silveira.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O BTG Pactual anunciou nesta segunda-feira (31) a compra de 100% do Grupo Universa, conglomerado que reúne as empresas Empiricus, Vitreo, Money Times, Seu Dinheiro e Real Valor, em negócio que faz parte da estratégia de expansão do BTG Pactual no segmento de varejo de investimentos. Pela compra, o banco fará o pagamento de R$ 440 milhões à vista e R$ 250 milhões em units do BTG Pactual, ambos mediante a conclusão da transação. Adicionalmente, poderá haver o pagamento de valores financeiros no período de 4 anos, a depender do atingimento de metas operacionais e financeiras. O movimento foi antecipado pelo Estadão/Broadcast.

Em nota divulgada à imprensa, o banco destaca que com o negócio, o banco avança em sua consolidação como uma das principais instituições da indústria de investimentos de varejo no Brasil. A Universa, por sua vez, ganha musculatura para ampliar sua atuação junto ao investidor pessoa física, mantendo a independência editorial e de criação de produtos.

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Faz parte do acordo, para garantir a independência editorial e de lançamentos de produtos pela Empiricus e Vitreo, a manutenção das operações da Universa separadamente às do BTG Pactual. O contrato assinado, porém, prevê a exploração de sinergias operacionais e estratégicas.

Para o BTG Pactual, a aquisição visa atender às novas demandas do mercado de investimentos brasileiros, que tem passado por intensas transformações com o crescimento expressivo do número de investidores e o desenvolvimento de novas soluções para atender esse público.

Em nota, o sócio responsável pelo BTG Pactual digital, Marcelo Flora, destaca que o negócio é resultado de um relacionamento de longo prazo e construído com base no respeito e na admiração mútua. Segundo ele, no entanto, somente recentemente as instituições começaram a falar sobre parcerias e outras alternativas mais concretas.

"Para os clientes e funcionários da Empiricus e da Vitreo, nada muda em termos práticos. Ao contrário, agora há mais benefícios para eles, com apoio institucional, de capital e tecnologia", explicou na nota o estrategista-chefe da Empiricus, Felipe Miranda.

Já Caio Mesquita, CEO da casa de análise, este é um grande impulso ao modelo 3.0 de investimentos. "Com o suporte do BTG Pactual, poderemos fazer muito mais pelo nosso cliente e oferecer mais oportunidades de crescimento aos nossos funcionários", que soma hoje 425 mil clientes. Já a Vitreo, contabiliza R$ 11 bilhões sob custódia, volume que cresce num ritmo de aproximadamente 4% ao mês.

"Com o BTG Pactual, seremos capazes de fazer tudo o que sempre quisemos. Estou 100% convencido de que a combinação Empiricus e Vitreo, com apoio do BTG Pactual, oferece a melhor alternativa ao investidor pessoa física brasileiro", reforçou Miranda. Ele, Mesquita e Rodolfo Amstalden, sócios-fundadores da Empiricus, e George Wachsmann, CIO da Vitreo, seguirão no comando da operação e passam também a integrar o quadro societário do BTG Pactual quando a operação for concluída.

A conclusão e o fechamento da Operação estão sujeitos à verificação de determinadas condições precedentes, incluindo a obtenção de todas as aprovações regulatórias necessárias para a consolidação do controle acionário, inclusive do Banco Central do Brasil.

Logo após traçar planos agressivos de crescimento para seu banco de investimento, a XP já colocou à frente uma nova meta: atingir a liderança desse mercado, tradicionalmente ocupado por grandes bancos, entre os locais e estrangeiros. Depois de alçar as primeiras colocações nas operações entre renda fixa e variável em poucos anos de atuação nesse mercado, consolidando essa posição na onda de aberturas de capital em 2020, a nova meta é chegar até o próximo ano ao topo do ranking das operações de fusões e aquisições. Nesse segmento sua presença ainda é discreta. Se conquistar o posto, a corretora de Guilherme Benchimol se posicionará como o maior banco de investimento do País.

O caminho para esse crescimento foi pavimentado no fim do ano passado, quando a XP adquiriu a butique de investimentos Riza, de Marco Gonçalves, velho conhecido do mercado de fusões e aquisições do Brasil. Antes de abrir sua própria consultoria, o executivo chefiou as áreas de fusões e aquisições do Credit Suisse e do BTG Pactual. Na prática, o negócio envolveu levar Gonçalves à XP, juntamente com sua carteira de operações e um time de 18 pessoas - o que na prática dobra a equipe destinada a essa área na XP.

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"Estamos com um 'pipeline' (carteira de transações) excepcional, mas posso ter um número cinco vezes maior com a capacidade de originação da XP. É isso o que quero aproveitar", afirma Gonçalves, conhecido como 'Marcão' no mercado, em sua primeira entrevista desde que uniu forças com a XP para comandar a área de M&A (fusões e aquisições, pela sigla do inglês).

Agora, já com uma posição consolidada no mercado de operações de captações das empresas, a busca será por sinergias dentro do banco de investimento, que podem ser grandes. A visão é que o cliente da XP que acaba de rechear o seu caixa após uma abertura de capital, por exemplo, mira crescimento e fazer uma aquisição é um dos caminhos mais certeiros. O trabalho, assim, é fazer com que a empresa que a XP assessorou para levantar recursos no mercado não busque outro banco na hora do crescimento via aquisições.

Além da Faria Lima

Com mais musculatura na área, a XP quer atender clientes de todos os tamanhos e não se dedicar somente às grandes transações. "Nossa intenção é atender as maiores empresas do Brasil, mas não só. A XP tem uma grande base de agentes autônomos, são oito mil espalhados em 600 escritórios pelo País e vamos utilizar isso para uma máquina de M&A para empresas médias. O Brasil é maior que a Faria Lima (polo financeiro paulista) e é preciso capilaridade", comenta o chefe do banco de investimento da XP, Pedro Mesquita.

O banco de investimento da XP já vem crescendo em ritmo acelerado. Nos nove primeiros meses do ano, conforme os últimos dados divulgados, a receita da área chegou a R$ 365 milhões, um aumento de 27,8% ante o visto um ano antes. Nas ofertas de ações em 2020, a XP esteve presente entre os coordenadores em 35 transações, sendo 16 IPOs. Foi líder de uma das maiores aberturas de capital do ano, a do Grupo Matheus, um dos maiores atacarejos do País. Segundo Mesquita, considerando a participação em número de transações, a XP se posiciona entre os três maiores bancos de investimento de País nesse nicho. Agora uma das rotas de crescimento virá também com o M&A, área que tem uma remuneração mais alta para o assessor financeiro.

Segundo dados da consultoria Dealogic, a XP está hoje em oitavo lugar no ranking dos bancos de investimento com atividade no Brasil, lista que considera o quanto cada instituição financeira ganhou em comissões, que é o porcentual de cada transação que o banco coordenador recebe como pagamento. Nos rankings da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) a XP aparece na frente de uma série de tipos de operações de mercado de capitais, como fundos imobiliários e Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs).

O braço de banco de investimento da XP foi criado em 2014. Sua estreia como coordenador de ofertas de ações em 2017, na operação da Movida, mas a presença mais recorrente foi notada em 2019. Agora, para 2021, a estimativa é ainda de maior presença, em um ano em que é esperado que o número operações seja recorde, com 100 ofertas, considerando os IPOs e as ofertas de empresas já listadas, estima Mesquita.

Também no mercado de operações de fusões e aquisições, a expectativa é de um grande volume. "Algumas empresas esperaram um pouco para ver que diretriz iriam tomar. Eu estou tendo reuniões todos os dias", comenta Gonçalves. "Veremos ainda muitas fusões de empresas que buscam sinergias para ficarem mais fortes. Em saúde, varejo, educação, vai ter muita transação."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Depois de perder para a Ânima a disputa pelos ativos da americana Laureate no Brasil - que incluíam a universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo -, o grupo Ser Educacional passou a buscar novos horizontes. O maior grupo educacional do Norte e Nordeste do País fechou, apenas em dezembro, três aquisições - e já tem outras na manga. "Queremos construir um ecossistema digital de ofertas educacionais, formado com marcas fortes regionais", afirmou o presidente da Ser Educacional, Jânyo Diniz, em entrevista ao Estadão.

A estratégia, agora, vai além do crescimento em medicina - área desejada pelo setor educacional, por causa do alto preço das mensalidades. A guinada digital da Ser, que ganhou velocidade e tom emergencial com a pandemia, será uma das principais vias de crescimento. Exemplo disso foi a aquisição de uma startup neste mês.

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Segundo Diniz, com os ativos da Laureate fora do baralho, a companhia prosseguiu com outras transações que já estavam na mesa. "Tínhamos outras alternativas engatilhadas. Tínhamos um pipeline de aquisições e parte começou a acontecer agora", conta.

Dono das marcas como Uninassau, Uninabuco, Univeritas, Unama e Uninorte, o grupo acaba de bater a marca de 200 mil alunos e já vem colhendo os frutos de sua vertente digital. Os cursos a distância, que ainda lidavam com um certo preconceito, venceram essa barreira com os alunos colocados em casa de forma mandatória na pandemia. E isso, é claro, acelerou a estratégia digital e projetos estão sendo antecipados. Para o próximo ano, a empresa colocou em seu planejamento estratégico R$ 150 milhões de investimento para a educação digital.

O primeiro desembolso desse plano acabou saindo no fim do ano: a startup mineira Beduka, plataforma que atua no mercado de apoio online para alunos que buscam ingressar no ensino superior, por meio de planos de estudos e simulados do Enem, por exemplo. "O portal tem mais de 800 mil visitantes únicos sem nunca ter tido publicidade", afirma Diniz.

Do dinheiro que será desembolsado ano que vem, a Ser já definiu que R$ 100 milhões serão destinados para a compra das Edtechs, como são chamadas as empresas de educação digital, caso da Beduka.

O plano de expansão contempla ainda a retomada da abertura de unidades e polos de ensino a distância, com cinco unidades digitais, que ofertarão cursos híbridos e 100% online e de 50 polos de ensino a distância, dedicados a oferta de cursos online. Os chamados câmpus digitais serão em shoppings centers, algo que, segundo a empresa, também garante a maior segurança para os estudantes.

"Os cursos serão híbridos. O mercado mudou e isso é algo irremediável", afirma Diniz. Se de um lado o alcance da companhia aumenta com a educação a cada dia mais digital, um dos efeitos colaterais é que a concorrência também cresce, deixando de ser apenas regional.

Mudança de estratégia

É uma clara alteração de rota para a companhia. Ao longo de 2020, o grupo desembolsou cerca de R$ 500 milhões para fazer cinco compras de ativos. Mas o principal foco foi o ensino presidencial: a companhia conseguiu dobrar as vagas do curso de medicina. O diretor de Relações com investidores da Ser, Rodrigo Alves, conta que, das compras, três foram de cursos de medicina em regiões que estão observando crescimento exponencial do agronegócio - o que vem provocando, em paralelo, aumento da demanda por esse tipo de profissional.

O Citi, em relatório, destaca a estratégia renovada da empresa para expandir o seu papel no ecossistema da educação por meio de cursos digitais flexíveis. "Em nossa opinião, a estratégia pode não apenas aumentar o mercado endereçável da empresa, mas também adicionar uma nova unidade de negócios de ativos leves com margens sólidas, retornos e geração de fluxo de caixa", diz o banco. "Concordamos que os planos ainda são relativamente incipientes e a execução não é um passeio no parque, mas continua sendo uma opção atraente", afirma o documento.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Superintendência do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) abriu duas frentes de investigação sobre aquisições de empresas de transportes de valor pela Prosegur. Os procedimentos administrativos foram abertos para apurar se operações envolvendo a compra de ativos da Sacel Serviço de Vigilância e da Transexcel Segurança e Transporte de Valores deveriam ter sido avisadas ao órgão antitruste.

A decisão do Cade se dá no âmbito de uma guerra que envolve trocas de acusações entre empresas e entidades que representam concorrentes no setor. De um lado, está a Tecban, - empresa de gestão de caixas de autoatendimento bancário fundada por seis bancos -, dona da TB Forte, que detém 7% do mercado. De outro, as gigantes Brink's, Prosegur e Protege, detentoras de 80% de um mercado que girou R$ 33 bilhões em 2018.

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Recentemente, o Cade também mandou as três gigantes do setor explicarem "aumentos de preços". Em agosto, o jornal O Estado de S. Paulo revelou que uma concorrente e parte da clientela de Protege, Brink's e Prosegur reclamam de suposto conluio.

Entidades de classe às quais estas companhias são filiadas antagonizam. As três gigantes do mercado pertencem à Associação Brasileira das Empresas de Transporte de Valores (ABTV). Já a rival TBForte, por exemplo, pertence à Associação Nacional de Segurança e Transporte de Valores.

Enquanto a Tecban faz sucessivas representações ao Cade acusando suas rivais de cartel, a ABTV apoia, no Congresso, um projeto de lei que, caso aprovado, proibirá empresas que têm os bancos como seus acionistas de atuarem no mercado de transporte de valores - automaticamente dizimando a TBForte.

Em artigo, o diretor-presidente da Associação Brasileira das Empresas de Transporte de Valores (ABTV), Ruben Schechter, afirmou que "os bancos apresentam resistência em permitir que o mercado de transporte de valores concorra livremente, de forma igualitária".

"Restringir a atuação dos bancos no controle de toda a cadeia de serviços significa defender o saudável desenvolvimento do setor de segurança privada", afirmou.

Também em artigo, o presidente da Associação Nacional de Segurança e Transporte de Valores, Gabriel Montenegro Damasceno, diz que o argumento é "falacioso". "As três gigantes do mercado de transporte de valores detêm 80% de share do mercado nacional. Como ao redor do mundo, este segmento vive um momento perigoso de concentração".

Ao órgão antitruste, o advogado José Del Chiaro, que defende a Tecban, relatou "aquisições sucessivas de empresas de menor porte por Prosegur, Brink's e Protege".

"Com exceção da Norsegel, adquirida em janeiro de 2005 pela Nordeste, todas as demais operações envolveram os três gigantes que compõem o quadro de dominância do segmento no Brasil: Prosegur, Brink's e Protege. Considerando que até a Nordeste também foi adquirida pela Prosegur (em março de 2012), nota-se um franco movimento de consolidação que se reflete em uma dinâmica concorrencial alarmante", afirmou, o defensor, que chega a expor uma "linha do tempo" de aquisições.

"Em um mercado oligopolizado e com indícios de condutas abusivas, faz-se relevante eliminar a concorrência da franja", afirmou ao Cade.

Debruçado sobre os requerimentos da TecBan, o Cade encontrou duas aquisições da Prosegur que merecem ser alvo de procedimento administrativo. Nas duas operações, o órgão notificou as empresas para que informem o faturamento de cada uma das partes no ano anterior à operação.

No caso da compra da Sacel, o Cade ainda questionou sobre quais foram os ativos envolvidos na operação; e sobre a estimativa da estrutura de oferta no estado de Sergipe com base no número de carros fortes, destacando as participações de mercado das partes envolvidas na operação.

Já sobre a compra da Transexcel, o órgão perguntou "se a operação consistiu em (1) fusão, (2) aquisição de controle, (3) aquisição de quotas/ações sem aquisição de controle, (4) consolidação de controle, (5) aquisição de ativos, (6) incorporação, (7) joint venture clássica, (8) joint venture concentracionista ou (9) outra forma de operação não coberta pelas alternativas anteriores, com a respectiva especificação".

Após a decisão, o advogado José Del Chiaro, que defende a Tecban, afirmou. "A máscara cai com a abertura, pelo CADE, de duas investigações para apurar aquisições não comunicadas ao órgão antitruste."

Defesa

Em nota, a Prosegur afirmou que "trata-se de mera diligência atrelada ao processo de análise de aquisição da Transvip e será devidamente respondido à autoridade".

O número total de fusões e aquisições no Brasil em 2015 caiu 16% em relação ao ano anterior, para 742, atingindo o menor nível desde 2009, segundo os dados mais recentes da consultoria PwC. Com a economia brasileira em crise e a forte valorização do dólar no ano passado, os estrangeiros lideraram as transações pela primeira vez em 15 anos.

Das 742 operações de fusões e aquisições anunciadas no ano passado, 218 tiveram seu valor divulgado, totalizando US$ 34,85 bilhões. Trata-se de uma queda de 68% na comparação com o volume das transações com valores anunciados em 2014. Foram sete grandes acordos superiores a US$ 1 bilhão e 51 com valores entre US$ 101 milhões a US$ 999 milhões. As demais aquisições foram de pequeno porte.

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No ano de 2015, os investidores estrangeiros estiveram presentes em 51% das transações, bem acima da participação do ano anterior, de 38%, e o maior nível desde 2000, quando chegou a 57%. As empresas de capital americano continuaram liderando o ranking de operações, seguidas das britânicas e das japonesas. "Os chineses têm aparecido bastante, mas eles são muito seletivos. Fazem grandes e poucas operações, em setores bem definidos, como o de infraestrutura", diz Rogério Gollo, sócio da PwC Brasil e líder da área de fusões e aquisições.

Para este ano, o executivo prevê nova queda na participação de empresas brasileiras nas aquisições e presença ainda maior de estrangeiros. "Com base nas consultas que nos fazem, estimo um aumento de 20% na participação de companhias de fora nas transações."

"As empresas estão esperando um cenário político e econômico mais claro e certa estabilidade do dólar. Se isso acontecer, as fusões e aquisições vão crescer. Mas se as condições piorarem, com acirramento da disputa política, com mais inflação e alta de juros, aí haverá nova queda", explica.

Entre os investidores financeiros, o apetite, segundo Gollo, tem sido menor, em função do risco cambial, já que normalmente esse tipo de fundo compra participações em empresas para revender em um prazo relativamente curto, de dois, três anos. Para as multinacionais que esperavam uma brecha para entrar ou se fortalecer no mercado brasileiro, o momento é particularmente interessante, diz o executivo. "Tivemos uma pequena janela entre 2008 e 2009 e antes disso só em 2002, 2003. Para quem planeja estar no Brasil, a hora é agora." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A nova realidade do ensino superior privado após as restrições no programa de financiamento do governo, o Fies, pode servir para estimular transações de fusão e aquisição no setor. Mais capitalizadas que concorrentes, as companhias de grande porte tendem a buscar crescimento e ganhos de escala por meio de compra de ativos ao longo do ano. As transações, porém, dependem da agilidade do Ministério da Educação, em meio ao ambiente de crise política, de dar sequência a processos envolvendo as empresas do setor.

De um lado, grandes grupos veem nas aquisições uma oportunidade para receita, sinergias de custos e ganhos de margem num momento em que a matrícula de novos estudantes não é mais tão forte quanto no auge do Fies. Ao mesmo tempo, donos de companhias de menor porte podem decidir pela venda ao sentirem o impacto da crise e das restrições no programa. "O ano deve ser bom para fusões e aquisições, com empresários precisando vender ativos e os interessados em comprar vendo preços mais baratos", diz Marina Prado, sócia da área de Fusões e Aquisições do Souza, Cescon, Barrieu & Flesch Advogados.

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"Quanto maior a escala, maiores são as chances de as companhias de ensino consolidarem as marcas no mercado. E isso é um caminho sem volta", afirma Wilson Risolia, da consultoria Falconi Educação. "O Brasil passa por um momento em que as fontes de financiamento para educação minguaram e grupos maiores têm mais chance do que os menores de passarem por isso", conclui.

Exemplo disso foi a recente aquisição, pela Anima Educação, da Sociedade Educacional de Santa Catarina (Sociesc), por R$ 150 milhões, além da assunção de uma dívida de R$ 30 milhões. O negócio resultará em sinergias já calculadas de R$ 17 milhões por ano, ao longo de cinco anos. Estas sinergias estão concentradas, principalmente, no modelo acadêmico, totalizando R$ 11,4 milhões ao ano.

Ao longo de 2015, mesmo em meio à crise no Fies, alguns negócios relevantes ocorreram no setor, como a venda da Uniasselvi pela Kroton, para os fundos Carlyle, BRL Trust Investimentos e Vinci Capital Gestora de Recursos, por R$ 1,1 bilhão e a recente compra do Ibmec pela norte-americana DeVry, por R$ 699 milhões. Apesar disso, incertezas nos programas do governo e a paralisia nas atividades rotineiras de regulação do setor prejudicaram a realização de mais transações. Foi o que aconteceu com a Anima Educação, que cancelou, depois de já anunciado ao mercado, um negócio de R$ 1,14 bilhão com a também norte-americana Whitney, após o encolhimento do financiamento estudantil.

Análise rápida

No ensino superior, o valor de um ativo depende muito de fatores que podem estar atrelados à aprovações dadas pelo Ministério da Educação, como abertura de novos polos de ensino a distância (EAD) ou autorização de novos cursos. Em 2015, esses processos acabaram prejudicados pela crise política e por três substituições de ministros à frente da pasta em um prazo de dez meses.

A sócia do escritório Lobo & de Rizzo Advogados, Luciana Pietro, afirma que essa estagnação regulatória fez algumas negociações andarem para trás. O número de transações no próximo ano, diz ela, depende de o MEC continuar a caminhar nessas ações do dia a dia. Neste sentido, a sinalização dos últimos meses é positiva. Apenas na semana que precedeu o Natal, o MEC credenciou mais de 400 novos polos de EAD para diferentes instituições.

Contornando o problema

Uma das saídas nas estratégias das grandes companhias tem sido a busca por aquisições de faculdades e universidades de notas elevadas no MEC. Em meio a uma menor disponibilidade de ativos de grande porte, mira-se redes regionais de tamanho médio e pequeno. A Estácio é um exemplo dessa estratégia. A companhia espera continuar adquirindo entre 10 a 15 mil novos alunos por ano com a compra de instituições de ensino pequenas e médias, disse o diretor Financeiro da empresa, Virgílio Gibbon.

Na Kroton, as aquisições também estão no foco, e, para a companhia, devem servir para diversificar os negócios e reduzir a exposição ao Fies. A empresa estuda a possibilidade de adquirir sistemas de ensino ou de comprar colégios, afirmou o vice-presidente Financeiro, Frederico Abreu.

"Os negócios recentes mostram que o setor está agitado e, ao longo de 2016, pode haver movimentos de fusão e aquisição", diz o analista Luis Gustavo Pereira, da Guide Investimentos. "Vemos empresas fortes em M&A, como a Kroton, preparadas para fazer aquisições", completa.

Os recursos para financiar essas aquisições vêm do caixa de alguns dos grupos de ensino, que, apesar de terem sofrido com o Fies, mantém alavancagem baixa. A Kroton deve reforçar o caixa com os recursos obtidos com a Uniasselvi - vendida por questões concorrenciais. Mesmo antes da conclusão da venda, a companhia tinha um endividamento de 0,3 vezes o Ebitda de 12 meses e deve passar a ter caixa líquido após a operação, destacam analistas. Já a Estácio, que também tem alavancagem abaixo de uma vez o Ebitda, captou recentemente R$ 187 milhões em emissão de debêntures para fazer frente a projetos de expansão e investimentos.

Outra expectativa é a da entrada de mais fundos de private equity no setor, especialmente na educação básica. "Embora seja um setor de consolidação mais complexa, temos recebido mais consultas nesse sentido, da parte de fundos interessados", diz Luciana.

Outros segmentos, como o de editoras, o de sistemas de ensino e o de tecnologias para educação, também podem ver um ritmo forte de fusões e aquisições, diz Marina, do Souza, Cescon, Barrieu & Flesch. São transações como a aquisição pela Somos Educação dos negócios de educação básica, técnica e superior do grupo Saraiva, em junho deste ano, ou a da compra da startup de tecnologia Studiare pela Kroton, em outubro.

Ao declarar, em Nova York, na semana passada, que "o Brasil está em liquidação", o empresário Abilio Diniz tornou pública uma afirmação que, há meses, ronda os escritórios de bancos, fundos de investimento e empresas brasileiras. Na descrição de alguns executivos do mercado financeiro, é como se o País tivesse se tornado, com a desvalorização do real, um imenso outlet: com negócios atrativos, que ficam ainda mais interessantes, para os gringos, ao converterem as moedas.

A pesquisa mensal da consultoria PwC sobre fusões e aquisições no País dá uma ideia desse movimento. Entre janeiro e setembro deste ano, embora o número de transações tenha caído 12% em relação ao mesmo período do ano passado, a participação de estrangeiros aumentou e, até o fim do ano, deve ultrapassar a de brasileiros em número de negócios. A diferença entre eles foi diminuindo ao longo do ano, até chegar, em setembro, a 50% de participação cada um. É a primeira vez que isso acontece desde que a consultoria começou a acompanhar as fusões e aquisições no Brasil, em 2002.

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"É uma nova onda de investimento estrangeiro chegando ao País", diz Rogério Gollo, sócio da PwC. "O último grande movimento desse tipo aconteceu entre 2008 e 2010, com a perspectiva de crescimento da economia brasileira."

Agora, os investidores se aproveitam do que alguns empresários nacionais têm chamado de "tempestade perfeita", do lado de cá: ao mesmo tempo em que a alta dos juros fez crescer a dívida das empresas, o desaquecimento da economia derrubou a demanda, fragilizando a operação de muitas companhias.

Um recorte feito pelo banco de investimentos Greenhill faz esse retrato. Em 2010, num grupo de 35 transações, 26% delas envolviam a venda de empresas com índice de alavancagem superior a três vezes o Ebtida (indicador que mostra o potencial de geração de caixa). Neste ano, em um total de 54 transações analisadas, 55% estavam nessas condições.

"Esse não é um nível de endividamento considerado saudável no mercado", diz Daniel Wainstein, presidente do Greenhill no Brasil. "O aumento desses níveis reduz o poder de negociação dos vendedores."

Na semana passada, a venda da divisão de cosméticos da Hypermarcas para a multinacional Coty, por R$ 3,8 bilhões, foi emblemática. A empresa brasileira queria se desfazer do negócio para zerar seu endividamento bilionário e recuperar o fôlego para investir na venda de medicamentos.

Fontes do setor ponderam, no entanto, que o preço de fechamento do negócio não foi uma barbada, já que a Coty pagou cerca de 20 vezes o Ebtida da divisão de consumo da Hypermarcas. "A entrada deles era considerada estratégica no País, que é um dos maiores consumidores de produtos de beleza do mundo, por isso pagaram um prêmio pelo negócio", disse uma fonte próxima à transação.

A Coty é apenas uma de várias multinacionais que voltaram a olhar com lupa o mercado brasileiro nos últimos meses. A mexicana Femsa, por exemplo, aproveitou o momento para fazer mais uma aquisição no País.

A divisão de logística do grupo, que também é distribuidor da Coca-Cola, acabou de anunciar acordo para a compra da paranaense Atlas Transportes. O valor não foi divulgado, mas o Estadão apurou que o negócio ficou em R$ 1,1 bilhão.

Ao mesmo tempo, o grupo americano de educação Devry, que já tem universidades no Nordeste, é um dos favoritas para comprar uma fatia da escola de negócios Ibmec, em São Paulo. As empresas não comentam o assunto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Brasil tem, neste momento, cerca de R$ 150 bilhões em ativos à venda, segundo cálculos feitos por bancos de investimentos, obtidos pelo Broadcast. Mas nem todos os negócios disponíveis no mercado mudarão de mãos tão fácil.

Parte desses ativos foi colocado à venda para dar maior liquidez às empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato, que investiga corrupção na Petrobras. Outra parte de desinvestimentos reflete o movimento de encolhimento de alguns grupos, que buscam, em momentos de crise, focar em seus principais negócios e vender ativos considerados não estratégicos.

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"Nem todos os ativos colocados à venda por conta da Lava Jato serão vendidos. Apesar de estar barato, investidores estrangeiros ficam mais criteriosos em fechar negócios no Brasil, sobretudo quando envolvem companhias que são reguladas pelo governo, como é o caso de energia, por exemplo", disse uma fonte do mercado financeiro ao Estadão. "Mesmo assim, o setor de infraestrutura é o que mais deve receber aportes de capital internacional."

O maior plano de desinvestimento em andamento é o da Petrobras. A estatal tem em pauta um ambicioso plano de venda de ativos, com estimativa de levantar US$ 15,1 bilhões em 2015 e 2016. A expectativa do mercado é que, ao fim desse processo, a Petrobras voltará a ser uma empresa de produção e exploração de petróleo.

Dívida

A CSN, altamente endividada, é outra empresa que colocou ativos à venda para focar em seus principais negócios: siderurgia e mineração. Hoje, o grupo também atua em logística, energia e cimento. Fontes afirmaram que o Tecon (Terminal de Contêineres), em Sepetiba (RJ), já está em negociações avançadas.

A Usiminas é outra siderúrgica que planeja se desfazer de ativos para reduzir sua pesada dívida. Já a Vale vem reorganizando seu portfólio, com o intuito de manter os ativos mais geradores de caixa. Pesam contra as siderúrgicas e mineradoras o cenário adverso dos preços das commodities e excesso de produção global.

Outro setor com problema estrutural é o sucroalcooleiro. Endividadas, as usinas buscam sócios ou venda de controle para ganhar fôlego. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O cenário é perfeito para eles: empresários com a corda no pescoço, endividados, precisando de capital, e, por isso, mais suscetíveis a vender parte ou a totalidade de seus negócios. Para os fundos de private equity, que compram participação em empresas para vender no futuro com lucro, o momento é ideal. Hoje, a estimativa é de que eles tenham R$ 130 bilhões em recursos comprometidos para o Brasil e um número crescente de negociações em andamento.

No ano, segundo dados da consultoria PwC, a participação dos fundos de private equity chegou a 178 em setembro - mais do que os 170 do ano passado. Houve crescimento embora o número de transações, no geral, tenha diminuído de 640 para 565.

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Em julho, quando as tensões em Brasília se acentuaram, com impacto direto na economia, os fundos entraram em compasso de espera e seguraram o fechamento de alguns negócios. Agora, com um ambiente político mais calmo e o dólar rondando a casa dos R$ 3,80, a tendência, dizem executivos de bancos de investimento, é que as transações voltem a ser finalizadas.

"Ainda que não seja o item determinante, o câmbio tem um peso importante na decisão de investimento", diz o pesquisador do Núcleo de Estratégia e Negócios Internacionais da Fundação Dom Cabral, Sherban Leonardo Cretoiu.

Com alta volatilidade do dólar, os fundos adiaram investimentos, temendo perder dinheiro. "Agora, o horizonte está um pouco mais firme e a insegurança com a perda cambial é menor", disse o gestor de um fundo internacional. "Estou com quatro negócios em andamento e recebendo um volume maior de ligações de empresários dispostos a vender seus negócios."

Para Herbert Steinberg, sócio da consultoria Mesa Corporate Governance, dizer que o Brasil está barato em moeda estrangeira não está errado. "Mas afirmar que o investidor, quando olha País, analisa só o câmbio é incorreto."

A relação, lembra o consultor, é feita com base no Ebtida, indicador que mede o potencial de geração de caixa de uma empresa e serve de parâmetro na hora de definir seu preço de venda. "Muitas empresas (hoje à venda) estão com Ebtida entre 20% e 25% abaixo da meta estipulada. Isso significa fluxo de caixa deteriorado."

Segundo estimativas de bancos de investimento, cerca de R$ 150 bilhões de ativos estão à venda no País. Boa parte dessa cifra está relacionada a empresas envolvidas na Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

Segundo o sócio da consultoria independente BF Capital, Renato Sucupira, essas companhias estão sem crédito na praça e precisam fazer caixa para pagar financiamentos e possíveis multas que venham a ser aplicadas a elas. Na lista, estão a CAB Ambiental e a BR-153, da Galvão Engenharia, e a Invepar, que tem participação da OAS. A própria Petrobras já anunciou que pretende fazer um "desinvestimento" da ordem de R$ 15 bilhões (leia mais abaixo). "O problema é que hoje é o momento para se comprar Brasil. Mas não para se vender ativos", disse Herbert Steinberg.

A gestora de investimentos Advent é uma das que estão olhando o País com interesse nesse momento. Em setembro, o fundo anunciou a compra de 13% da Core Participações, um dos controladores do laboratório Fleury, e não descarta fechar novos negócios na área de saúde. Em março, comprou a Faculdade Serra da Gaúcha, marcando sua volta ao setor de educação, depois de lucrar no passado com a maior empresa do setor, a Kroton.

Segundo Patrice Etlin, presidente do Advent no Brasil, o fundo está olhando negócios resilientes como saúde, educação e tecnologia.

O momento, segundo o sócio da PwC, Rogério Gollo, é propício para os fundos por causa do ciclo de investimentos que eles costumam fazer nas empresas. Entre a compra e a venda, em geral, passam-se cinco anos. Depois desse período, a participação é vendida na Bolsa, por meio de uma oferta de ações ou para um sócio estratégico, que pode ser um concorrente ou uma multinacional. "Nessa corrida, as empresas estrangeiras costumam ser mais cautelosas do que os fundos de private equity", diz Gollo. "O interessante é que eles cheguem antes para vender para as múltis no futuro."

Neste momento, há um novo nicho de fundos de investimento se voltando para o mercado brasileiro. Conhecidos como "distress", esses fundos costumam olhar empresas que estejam prestes a entrar ou que já entraram em recuperação judicial. Entre os nomes que começaram a sondar o mercado com essa finalidade está a TCP Latan, que está montando uma carteira de R$ 40 milhões para investir em até seis empresas por meio da aquisição de debêntures conversíveis em ações.

Na avaliação do professor do Insper, Sérgio Lazzarini, todo esse movimento de entrada de capital estrangeiro no Brasil é positivo para a economia neste momento. "O ideal era que fossem feitos investimentos do zero, mas a chegada de multinacionais e fundos também é interessante para o País", diz. "Entre o fim dos anos 90 e o início de 2000, com as privatizações, a chegada de grupos estrangeiros provocou um rearranjo no setor produtivo." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A mudança inesperada nas regras de financiamento estudantil não diminuiu o apetite das instituições privadas de ensino por novas aquisições. Num espaço de 15 dias, duas compras foram anunciadas: primeiro, a Cruzeiro do Sul Educacional divulgou a aquisição de duas faculdades e um colégio no litoral Norte de São Paulo. Na terça-feira, 14, foi a vez de o fundo Advent - que fez história no ensino privado brasileiro ao investir na Kroton - anunciar que está de volta ao setor. A gestora americana pagou, segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo, cerca de R$ 100 milhões por 100% da Faculdade da Serra Gaúcha (FSG), de Caxias do Sul.

As incertezas regulatórias que, num primeiro momento, travaram as transações, agora dão impulso à conclusão dos negócios. "As empresas menores que estavam muito expostas ao programa federal de financiamento viraram presas fáceis para os grandes grupos", diz Carlos Monteiro, da consultoria CM, especializada em Educação, que espera o anúncio de novos negócios ainda no primeiro semestre.

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A diferença dessa nova onda de aquisições no setor é que os negócios tendem a ser menores e com valores mais modestos do que os que estavam sendo negociados. A aquisição da Advent divulgada ontem já dá sinais de que os preços caíram. O fundo americano pagou em média R$ 10 mil por aluno. Há um ano, o Grupo Anima desembolsou R$ 12 mil por estudante da São Judas. Enquanto, em 2013, a Laureate pagou R$ 14,7 mil por aluno da paulistana FMU e a Estácio, R$ 16,2 mil por estudante da Uniseb. "Isso já é reflexo das mudanças no Fies", diz Monteiro.

O impasse em torno do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) começou em dezembro do ano passado. Entre outras medidas, o governo reduziu o fluxo de pagamento dos financiamentos para oito parcelas no ano em vez de quinze e também limitou o reajuste de mensalidades para alunos que participam do programa.

Na semana passada, o presidente da Estácio, Rogério Melzi, disse que o horizonte da companhia para aquisições continua "fértil", já que com o impacto causado pelo Fies no caixa das empresas, "algumas delas viriam a sofrer".

Para os fundos de private equity, que compram participações em empresas para vender no futuro com lucro, o momento é estratégico, já que o setor e o País estão "na baixa", como dizem os executivos do setor. "Num cenário econômico mais desafiador temos de focar em setores resilientes", diz Patrick Ledoux, executivo da gestora britânica Actis, que investiu R$ 180 milhões na Cruzeiro do Sul em 2012.

Retorno

De volta ao mercado de Educação, o Advent também está em busca de oportunidades "na baixa". Segundo o diretor, Newton Maia, a gestora procura faculdades com mais de três mil alunos e já negocia com instituições em Minas Gerais e nas regiões Norte e Nordeste, com notas 4 e 5 - que são as mais altas na avaliação do Ministério da Educação (MEC). "As incertezas fizeram com que instituições que não consideravam fazer negócio passassem a considerar porque a situação ficou apertada com o Fies", afirma.

No ano passado, o Advent levantou um fundo de US$ 2,1 bilhão no exterior. A reportagem apurou que a gestora reservou R$ 500 milhões para empresas de Educação. Parte desse dinheiro foi investido na Faculdade da Serra Gaúcha (FSG), que tem cerca de 10 mil alunos, a maioria na cidade de Caxias do Sul. As negociações começaram há quase cinco meses, antes ainda das mudanças no Fies.

Os sócios da JK Capital, Daniel Damiani e Salomão Garson, assessoraram os fundadores da FSG, Orlando Chemello e Julio Stelzer, na venda da instituição. Segundo eles, as novas regras de financiamento afetaram pouco a negociação porque apenas 20% da receita da faculdade provém do Fies. "O perfil do aluno também é diferente e o impacto foi menor", disse Damiani.

Os donos vão deixar completamente o negócio de ensino superior, mas continuarão com um colégio e com o imóvel que está em construção para abrigar a sede do grupo em Caxias.

O executivo Adriano Pistore, que está à frente do negócio há três anos , será mantido no cargo pela Advent. A meta da gestora é fazer com que a instituição seja uma consolidadora na Região Sul e alcance a marca de 100 mil alunos. O entusiasmo do Advent com o setor de Educação está na experiência de sucesso que ela teve com a Kroton: investiu R$ 280 milhões, em 2009, e multiplicou por dez esse valor, segundo estimativas de mercado. Colaboraram Dayenne Sousa e Cátia Luz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As receitas dos bancos de investimentos que atuam no Brasil na assessoria de negócios com fusões e aquisições chegaram a US$ 365 milhões até novembro do ano passado, segundo dados da consultoria Dealogic. O levantamento mostra que os bancos brasileiros Itaú BBA e BTG Pactual são os mais agressivos. Na média, ganham quase US$ 1,1 milhão por operação - muito aquém da média do Deutsche Bank, por exemplo, que cobrou US$ 4,4 milhões por operação no ano passado. Os bancos americanos como JP Morgan e Goldman Sachs e o suíço Credit Suisse cobram, na média, US$ 1,8 milhão.

O executivo de um banco estrangeiro diz que a competição é tão acirrada que tem empurrado as taxas para patamares muito baixos. Nos Estados Unidos, segundo o executivo, os ganhos por operação são no mínimo de US$ 3 milhões a US$ 4 milhões.

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Os concorrentes dos bancos brasileiros dizem que a estratégia tem sido a de cobrar mesmo barato para ganhar os clientes e lucrar nas operações de crédito, que acabam fazendo parte do pacote em um processo de compra e venda de empresas.

Escritórios

Os escritórios de advocacia têm papel importante como assessores de operações de fusões e aquisições, geralmente trabalhando lado a lado com os bancos de investimentos. Segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo, porém, a remuneração dos escritórios não depende do tamanho da operação em questão, mas do trabalho que ela gera. "A cobrança é pela hora de trabalho, independentemente do tamanho da fusão", diz uma fonte de um grande escritório de São Paulo. "Quanto mais complicada a situação societária, melhor para nós."

Segundo um levantamento da consultoria americana Merger Market, o escritório Barbosa, Müssnich & Aragão foi o líder em aconselhamento de processos de fusões e aquisições no Brasil em 2014. Em segundo lugar veio outro escritório local, o Pinheiro Neto, seguido de Davis Polk & Wardwell. Os 30 acordos assessorados pelo Barbosa, Müssnich & Aragão somaram US$ 36,4 bilhões, enquanto os valores do segundo e terceiro colocados chegaram a US$ 21,8 bilhões e US$ 17,6 bilhões, respectivamente.

Em número de operações, no entanto, o líder foi o escritório Machado Meyer, com 40 fusões e aquisições no portfólio (as operações do escritório somaram US$ 15,5 bilhões, suficiente para a sexta posição em valores). Em número de acordos, o escritório Mattos Filho está na segunda posição (também com 40 operações, mas que somaram um valor menor, de US$ 12,9 bilhões), enquanto Pinheiro Neto e Barbosa, Müssnich & Aragão aparecem na terceira e quarta posições, respectivamente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Enquanto o mercado de ações ficou quase no zero a zero em 2014, fazendo com que o ano passado fosse o pior da última década, o negócio de fusões e aquisições teve o melhor ano da história no Brasil. Nem o calendário de Copa e a indefinição com as eleições presidenciais atrapalharam a decisão dos investidores de comprar ou dos empresários de colocar seus negócios à venda. Segundo levantamento da consultoria PwC, foram anunciadas 879 transações (8,2% mais do que em 2013), que movimentaram cifra superior a US$ 108 bilhões.

Em 2015, as fusões e aquisições devem repetir o ritmo. O jornal O Estado de S. Paulo entrevistou executivos de sete diferentes bancos de investimentos. Todos avaliam que o nível de negócios vai pelo menos ser mantido. Marcus Silberman, do Bank of America, diz que, neste momento, há mais diálogos sobre operações do que havia no início do ano passado. O diretor de um grande fundo de pensão confirma: "Em 2014, dava para limpar as gavetas no mês de janeiro, de tão parado."

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Alguns fatores explicam o entusiasmo dos bancos com as fusões e aquisições neste início de ano. Um deles está ligado à operação Lava Jato da Polícia Federal, que investiga contratos superfaturados com a Petrobrás: as construtoras envolvidas estão se desfazendo de ativos ou buscando consolidação em função de suas restrições de crédito. Completam o cenário as empresas de óleo e gás, o setor elétrico com dificuldades de financiamento, a baixa taxa de ocupação dos imóveis comerciais e o preço dos ativos locais na Bolsa. Além disso, o dólar valorizado frente ao real deixa as empresas mais baratas para os gringos.

Preço

Ainda assim, há desafios no curto prazo. Quem quiser fechar negócio neste ano terá de enfrentar um cenário macroeconômico mais difícil, com pressão inflacionária, juros altos e preços enfraquecidos de matéria-prima, diz o diretor do Goldman Sachs, Antonio Pereira. O ponto crucial dessa equação é que o investidor, ao olhar uma empresa, pensa no longo prazo e no patamar de preços dos ativos - que, neste momento, têm se mostrado atrativos no Brasil.

Os vendedores estão sob pressão, o que pode fazer com que negócios há muito esperados sejam finalmente concretizados. Um deles é a consolidação do setor de papel e celulose. "Toda vez que tem escassez de capital em algum setor é preciso tomar alguma decisão estratégica, seja consolidar ativos, fazer capitalização ou mesmo vender ativos. Isso está mais evidente no setor elétrico e de infraestrutura", diz Patrícia Moraes, que comanda o banco de investimentos do JP Morgan no Brasil.

Segundo ranking da consultoria Dealogic, o JP, no ano passado, ficou em quinto lugar no ranking dos bancos que estiveram à frente do maior volume de negócios anunciados. Mas Patrícia diz que, mesmo assim, os resultados do negócio para o banco cresceram entre 20% e 25%, quase compensando o fato de os lançamentos no mercado de ações terem ficado à deriva. Em 2014, foram feitos apenas dois lançamentos.

Compensação

Também no Itaú BBA, a redução dos negócios no mercado de ações foi quase toda compensada. Segundo o diretor Roderick Greenlees, esse foi o melhor ano de sua história em negócios de compra e venda de empresas. Foram 64 ao todo - dez anunciadas somente em dezembro. Pelo ranking da Dealogic, entretanto, o banco ficou em quarto lugar. Greenlees diz que isso se deve ao fato de cerca de 20 operações lideradas pelo banco não terem tido seu volume anunciado. Uma das mais importantes foi a fusão que a CSN promoveu entre Namisa e Mina de Pedra, em que o banco assessorou o grupo asiático sócio da Namisa.

Fica melhor no ranking quem participa das grandes operações do ano. Foram 22 acima de US$ 1 bilhão. A maior delas, segundo a PwC, foi a da GVT com a Telefônica, que movimentou US$ 9,7 bilhões. A segunda foi a venda dos ativos da Portugal Telecom para a francesa Altice - transação anunciada no fim de novembro e que ainda depende da aprovação dos acionistas da PT (a assembleia que tratará deste assunto está marcada para o dia 22). O terceiro maior negócio foi a fusão da própria PT com a Oi - o anúncio foi feito em outubro de 2013, mas concretizado com o processo de capitalização realizado em abril, quando os ativos da PT foram incorporados à Oi.

Os negócios envolvendo a supertele brasileira e a operadora portuguesa definiram o ranking dos bancos que mais ganharam com fusões e aquisições no ano passado. Foi assim que o Bradesco, por exemplo, ficou de fora e o Credit Suisse tomou a liderança do BTG Pactual. O Credit pediu à Dealogic que recontasse sua participação na operação da PT e passou o BTG, que é assessor da Oi.

Em quantidade, no entanto, o BTG saiu na frente, com o dobro de operações. O diretor Marco Gonçalves, enfatiza que algumas delas não tiveram valores anunciados. Mas, independentemente do ranking, ele está otimista com 2015, assim como seu concorrente, Fabio Mourão, do Credit. Ele lembra que há anos os investimentos estrangeiros diretos para o Brasil têm se mantido estáveis na faixa dos US$ 65 bilhões, o que atrai muito capital de fora. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O número de aquisições de empresas brasileiras por grupos de países desenvolvidos caiu para o nível mais baixo desde o segundo semestre de 2009, mostra pesquisa da consultoria KPMG. Nos seis primeiros meses deste ano, 42 grupos do País foram comprados por empresas de mercados desenvolvidos, ante 56 no mesmo período de 2013.

Já as empresas brasileiras não adquiriram nenhuma companhia de países desenvolvidos pela primeira vez desde o início da pesquisa, em 2005. No primeiro semestre do ano passado, o Brasil havia comprado oito grupos dos mercados europeu, norte-americano, japonês, ou da Oceania.

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O País, no entanto, continua a ser atrativo, garante o responsável pela área global de Transações e Reestruturação para Mercados de Alto Crescimento da KPMG, Cláudio Ramos. Ele destaca que considerando o total de fusões e aquisições finalizadas que envolveram empresas brasileiras, o número subiu de 159 no primeiro trimestre do ano passado para 193 em 2014.

No total global, a quantidade de aquisições de empresas em mercados em desenvolvimento recuou para o menor nível desde 2005, revela a pesquisa. O número de grupos comprados por companhias de países desenvolvidos caiu para 488 nos primeiros seis meses deste ano, ante 577 no mesmo período de 2013.

O mercado brasileiro foi palco de 76 operações de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) em agosto, considerando as transações anunciadas e concluídas, queda de 8,4% em relação ao observado ao mesmo mês do ano passado, de acordo com dados do Transactional Track Record (TRR), enviado com exclusividade ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.. Em valores as operações somam R$ 31,5 bilhões, ante R$ 9,16 bilhões em agosto de 2013.

Ainda de acordo com o TTR, de janeiro a agosto deste ano o número de transações envolvendo empresas brasileiras já soma 504 com um valor total movimentado de R$ 131,88 bilhões, ultrapassando assim o valor total registrado no ano passado (R$ 127 bilhões).

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Os fundos de private equity e venture capital representaram 13% e 15% respectivamente do total das transações em agosto no mercado brasileiro. O segmento de internet foi o mais ativo do mercado transacional, com 11 transações registradas neste mês de agosto, sendo que no acumulado do ano as empresas que atuam neste segmento foram as que mais atraíram investimentos de companhias estrangeiras, com 21 transações no total. O financeiro e de seguros veio em seguida com 10 operações, e o de tecnologia com 8 companhias.

Entre as transações de agosto, o TTR destaca a conclusão da venda, pela mineradora Vale, de 26,5% da Vale Logística Intergrada (VLI) para a Brookfield Brasil, subsidiária da Brookfield Asset Management. O valor total da transação foi de R$ 2 bilhões.

Os anúncios de fusões e aquisições, ofertas públicas de aquisições de ações (OPAs) e reestruturações societárias feitos no primeiro semestre deste ano somaram R$ 58,6 bilhões, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira, 06, pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Esse número, segundo a Anbima, representa um avanço de 14,7% em relação ao observado no mesmo período de 2013. Apesar do aumento, a Anbima destaca que esse é o segundo menor valor da série desde 2009.

Em número de transações, a primeira metade do ano foi palco de 44 operações, ante 76 observadas no ano passado. Em 2011 foram registradas 111 transações. Os fundos de private equity estiveram presentes, de forma direta ou indireta, em 13 dessas operações, movimentando R$ 10,7 bilhões no período analisado, sendo R$ 6,1 bilhões em investimentos.

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A Anbima frisou que as operações do semestre foram lideradas, em volume, pelo setor de transporte e logística, com 23,3% do total. Essa fatia, no entanto, foi inflada pela fusão da ALL com a Rumo Logística, que movimentou R$ 13,5 bilhões, a maior operação no intervalo analisado. Em seguida ficou o setor de alimentos e bebidas (19,4%) e financeiro (12,4%).

Em número de negócios, os destaques foram os setores de TI e Telecom, com uma participação de 13,5%, e de agronegócio, com 11,4% das operações.

A Anbima destacou também que, assim como observado no ano passado, os negócios entre empresas brasileiras responderam pela maior fatia, chegando a 54% em volume e 40,9% se computado o número de operações. Em volume, as aquisições de empresas brasileiras por estrangeiras ficaram com 34,6%. Em número de operações essa fatia ficou em 45,4%.

O valor médio dos negócios também apresentou crescimento no primeiro semestre deste ano. Segundo a Anbima, a participação de operações superiores a R$ 1 bilhão passou de 14,4% no primeiro semestre do ano passado para 29,5% em igual período deste ano.

Ranking

A Anbima também divulgou o ranking das instituições financeiras envolvidas no negócios. A líder no período em termos de anúncios realizados foi o Itaú BBA, à frente de 20 operações, seguido por BTG Pactual, Credit Suisse e Bradesco BBI. Tratando-se de fechamento de negócios no mesmo período, o BTG Pactual liderou, em volume das operações, e o Itaú BBA em número de operações.

Os volumes de fusões e aquisições no primeiro semestre atingiram 254 transações, um recuo de 15% em relação a igual período do ano passado. As operações totalizaram R$ 53,4 bilhões em receita, alta de 58%, de acordo com levantamento da Greenhill, empresa especializada em assessorar negócios, com base nos dados da Capital IQ, a pedido do jornal "O Estado de S. Paulo".

"Embora as operações tenham caído em volume, superam em valores, uma vez que as transações estão com valor mais alto", disse Daniel Wainstein, presidente da Greenhill no Brasil. Segundo ele, as transações superiores a R$ 500 milhões aumentaram significantemente o volume financeiro neste primeiro semestre. No período, 21 operações superaram R$ 500 milhões.

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Uma das grandes operações realizadas mês passado foi a venda da BR Towers, que pertencia à gestora GP Investiments, para a American Tower, uma transação de R$ 2,18 bilhões.

Fontes ouvidas pela reportagem acreditam que o número total de operações deverá recuar este ano, mas os valores devem ser superiores aos do ano passado. Em 2013, as transações de fusões e aquisições totalizaram 811 negócios, movimentando R$ 88 bilhões. "Tem investidor que prefere esperar o cenário eleitoral para tomar decisão", disse um executivo de um importante banco de investimento.

A Greenhill, que abriu seu escritório no Brasil em outubro passado, tem mais de 20 negócios em andamento. Na TozziniFreire, um dos principais escritórios de advocacia com foco em fusões e aquisições, há 67 operações no horizonte. "Esse mercado segue aquecido para nós", disse Marcela Ejnisman.

As operações envolvendo fundos de private equity continuam firme, movimento observado nos últimos três anos. No primeiro semestre teve um salto maior, sobretudo por causa do congelamento do mercado de capitais nos últimos meses.

Nos EUA, segundo a Greenhill, as operações envolvendo private equities se mostram mais estagnadas nos últimos anos. Do total das transações realizadas este ano no Brasil, 23,7% envolvem fundos de private equity. Nos EUA, 28,8%. No entanto, esse porcentual que tem se mantido nesses patamares desde 2012. "Existe uma percepção que o valor de empresas americanas está um pouco alto, impulsionado pela recente performance de mercado. Por outro lado, os investidores de private equity veem oportunidades globalmente e realocam seus fundos. No caso brasileiro, a percepção é que o valor não está assim tão alto e que as oportunidades de expansão são mais claras do que nos EUA."

Médias

Levantamento da consultoria Deloitte feito para o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, mostra que o número de operações com empresas de médio porte está crescendo e deve se acentuar no Brasil. Das 72 operações realizadas por empresas de private equity e venture capital entre janeiro e junho, 52 delas, ou 73%, envolveram companhias com faturamento abaixo de R$ 500 milhões.

Reinaldo Grasson, responsável pela área de corporate financial advisory da Deloitte, disse que boa parte das operações está nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, onde estrangeiros e fundos mostram interesse em analisar negócios. "Nessas regiões existem muitas empresas familiares e fechadas, onde há crescimento contínuo de renda e consumo, por consequência potencial de expansão para empresas que atuam nessas regiões". (Colaborou Cynthia Decloedt) As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O gigante da Internet Google prevê gastar até US$ 30 bilhões em aquisições de empresas e tecnologia fora dos Estados Unidos, segundo um documento dirigido aos agentes reguladores e consultado pela AFP nesta quarta-feira.

Nas respostas às perguntas da Comissão de Valores dos EUA, o grupo disse que a maior parte do valor que está sendo acumulado no exterior deverá ser, provavelmente, gasto em aquisições.

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O Google acrescentou que "é razoável prever" que serão necessários entre US$ 20 bilhões e US$ 30 bilhões de sua receita no exterior para a compra de empresas, ou de tecnologia nos próximos anos.

"Continuamos esperando o uso importante dos nossos lucros 'offshore' para as aquisições, já que nosso negócio global se expandiu para outras ofertas de produtos, como os dispositivos móveis, nas quais nossos concorrentes e sócios de negócios já não são principalmente as multinacionais com sede nos Estados Unidos", declarou o Google na carta datada de dezembro de 2013.

Essas aquisições seriam uma parte da estratégia global de crescimento, informou o Google, acrescentando que a tendência é que as ofertas aumentem de volume.

O analista do Vale do Silício Rob Enderle, do Enderle Group, não espera uma escalada de compras internacionais do Google no curto prazo. Ele disse acreditar que a empresa esteja guardando dinheiro no exterior para evitar a possibilidade de um golpe por impostos cobrados nos Estados Unidos.

"A verdadeira razão para as empresas reterem capital estrangeiro não é para comprar novas empresas, é para evitar os impostos", disse Enderle, lembrando que outros gigantes do setor, como Apple e Microsoft, encontram-se em posições parecidas.

No ano passado, o Google gastou cerca de US$ 1,4 bilhão em mais de 20 acordos estratégicos, incluindo a compra do aplicativo de geolocalização para celulares Waze, com sede em Israel, por US$ 1 bilhão.

O Google está acumulando dinheiro no exterior para ajudar a financiar aquisições que podem chegar a até US$ 30 bilhões. O plano foi apresentado ao público quando a Securities and Exchange Commission (SEC, a comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos) pressionou a empresa por mais detalhes sobre os planos para o dinheiro que a empresa acumula no exterior.

O Google revelou que de US$ 20 bilhões a US$ 30 bilhões estão reservados para a aquisição de empresas e direitos tecnológicos no exterior. A empresa não mencionou um cronograma para as compras nem possíveis alvos.

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De acordo com a carta enviada à SEC, o Google quase concluiu uma grande aquisição no exterior no fim do ano passado. A empresa informou que abandonou as negociações logo antes de enviar uma carta ao regulador em 20 de dezembro. Embora essa carta tenha cinco meses, ela só foi divulgada pela SEC ontem. O Google se recusou a comentar sobre a carta.

Durante a última década, o Google gastou cerca de US$ 27 bilhões em compras de outras empresas, principalmente nos EUA. A maior aquisição até o momento foi da Motorola Mobility, por US$ 12,4 bilhões.

Entre o valor reservado para compras no exterior, o Google pode gastar cerca de US$ 4 bilhões com escritórios e centros de dados, segundo a explicação enviada à SEC. Até o fim de março, o Google possuía US$ 34,5 bilhões em caixa no exterior. Outros US$ 25 bilhões estão nos EUA.

Recentemente, o Google, assim como outras grandes empresas de tecnologia, foi criticado por manter grandes quantidades de recursos no exterior para evitar os impostos nos EUA. Legisladores no Reino Unido e na França também fizeram uma reclamação semelhante, acusando o Google de evitar os impostos ao registrar a receita na Irlanda, onde os tributos são menores. A empresa afirma que todo o balanço está em linha com as leis ao redor do mundo. Fonte: Associated Press.

O governo da China aliviou as regras para que as empresas consigam completar aquisições no exterior. Sob as novas orientações, em vigor desde 8 de maio, apenas negócios avaliados em mais de US$ 1 bilhão precisarão da revisão completa pela Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC, na sigla em inglês).

Anteriormente, qualquer compra avaliada em mais de US$ 100 milhões precisava ser avaliada pela NDRC, em um processo que poderia demorar meses, segundo banqueiros. Essa possibilidade de longos atrasos criava incertezas durante as negociações de chineses com vendedores estrangeiros, colocando as ofertas da China em uma desvantagem competitiva contra outros países.

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Neste ano, já foi anunciado um valor recorde de US$ 34 bilhões em aquisições no exterior por empresas da China, segundo a provedora de dados Dealogic, de US$ 21 bilhões no mesmo período do ano passado. Fonte: Dow Jones Newswires.

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