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O medo da Covid-19 culminou na busca pela cura milagrosa e fez certos medicamentos sumirem das farmácias. Embora ainda não exista vacina ou tratamento comprovado cientificamente que seja eficaz contra a infecção, a sensação de incapacidade por parte da população intensificou a cultura da automedicação.

A docente do departamento de Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Sueli Moreira, alerta sobre as consequências de tomar remédios sem prescrição ou acompanhamento. Além dos efeitos adversos, "os sintomas podem ser mascarados, levando à confusão nos diagnósticos e retardando a definição correta do tratamento", explica.

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O consumo indiscriminado também pode gerar outras doenças e agravar o quadro clínico, como a especialista exemplifica: "o uso de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) pode levar a complicações renais [...] no caso de antibióticos temos sérios riscos como a piora da infecção, que favorece a resistência bacteriana”.

 Outra questão a ser considerada são as interações entre substâncias, ou seja, a mistura de remédios. "Alguns medicamentos podem interferir na ação de outros e implicar em alterações de exames", esclarece. O conselheiro do Conselho Federal de Farmácia e chefe do departamento de farmácia do Hospital das Clínicas do Recife, Arimatea Filho, também fez um alerta para o consumo sem acompanhamento médico.

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O próprio armazenamento inadequado pode trazer danos. Fora o risco de trocar os medicamentos e tomá-los fora da validade, crianças e idosos podem fazer uso por engano. "O medicamento pode representar um risco baixo para o adulto, mas para o idoso o mesmo medicamento pode ter relação de risco X benefício desfavorável", complementou.

Sem certeza da beneficie, hidroxicloroquina foi estocada

Incentivados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), antes mesmo do protocolo apresentado nesta quarta-feira (20), algumas pessoas já estocavam caixas de hidroxicloroquina em casa sem saber que podem ser vítimas de uma arritmia cardíaca.

Mesmo sem a eficácia comprovada contra a Covid-19, outras duas substâncias entraram no rol das supostas curas da doença. Assim, o antibiótico azitromicina e o antiparasita ivermectina tornaram-se escassos devido ao aumento da procura. Tal cenário dificultou ainda mais a condição dos pacientes que cumpriam tratamento com as substâncias sob recomendação médica.

"Pacientes que respondem bem ao tratamento vivem com poucos sintomas e são acompanhados frequentemente por reumatologistas, que avaliam os riscos", especificou Moreira sobre a prescrição da hidroxicloroquina. O remédio é recomendado contra o Lupus Eritematoso Sistêmico e, a interrupção do tratamento pode resultar na piora renal e de sintomas como a artrite. Em um quadro mais grave, o paciente luta pela vida após ser internado na UTI, concluiu.

O Instituto Superior de Saúde (ISS) da Itália fez um alerta neste domingo (29) sobre os riscos da automedicação, especialmente, durante a pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2). Segundo a entidade, em nenhum caso, é justificável o uso de remédios sem o aval médico.

"Todos os medicamentos têm efeitos colaterais mais ou menos graves e a automedicação traz riscos ainda mais graves quando usa-se remédios não autorizados. No caso de compras online, então, tais riscos se multiplicam porque esses medicamentos podem ser falsificados", disse a diretora do Centro Nacional de Pesquisa e Avaliação Clínica de Medicamentos do ISS, Patrizia Popoli.

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A preocupação aumentou no caso da Covid-19 porque muitas pessoas, por conta de suas angústias pessoas, começaram a fazer uma verdadeira "caça" a remédios supostamente efetivos para combater a doença com base em artigos que leram na internet.

Segundo a especialista, "é preciso deixar claro que no momento não existe qualquer remédio que tenha indicação terapêutica à prevenção ou ao tratamento da Covid-19". Por conta da atual situação de emergência, "alguns remédios conhecidos para tratamento de outras doenças podem ser usados no caso de pacientes da Covid-19, mas tal tratamento - que se baseia no conhecimento incompleto que temos agora e é justificável só porque há falta de alternativas - pode ocorrer apenas com a prescrição médica".

Popoli ainda destaca que a Agência Italiana de Remédios (Aifa) "está simplificando e acelerando os procedimentos de experimentação clínica e, hoje, já estão autorizados diversos estudos com o objetivo de verificar a eficácia e a segurança de diversas moléculas". 

Da Ansa

A atriz da Rede Globo, Klara Castanho, assustou os seguidores ao aparecer com o rosto todo inchado. Na última segunda-feira (13), Klara usou o seu perfil oficial do Instagram para alertar os fãs sobre os perigos da automedicação. Nos registros, a artista contou que teve uma forte reação alérgica a um anti-inflamatório e acabou ficando com várias manchas no corpo e com o rosto inchado.

"Quando eu era mais nova, eu já tinha tido uma alergia a um anti-inflamatório. Ontem, minha garganta começou a inflamar e fui comprar um anti-inflamatório genérico. Tomei normalmente à tarde, à noite e hoje de manhã. Quando acordei, metade do meu rosto estava inchado", relembrou ela.

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E continuou: "Mostrei para a minha mãe e achei que não era nada demais. Achei que tinha sido reação de algum produto que eu passei na pele. Fui ao médico. Tive uma grande reação alérgica, meu corpo inteiro".

Klara aproveitou para fazer o alerta: "Quero deixar um aviso: não se mediquem sozinhos. Não costumo fazer isso, mas eu estava fora de casa, minha garganta começou a doer muito. Já estou melhor, estou ótima, mas vamos tomar cuidado!", contou ela, acalmando os mais de dois milhões de seguidores.

A automedicação é um hábito comum a 77% dos brasileiros, segundo uma pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF). Quase metade da população, ou seja, 47%, faz uso de medicamentos sem prescrição médica ao menos uma vez por mês e 25% o faz todos os dias ou pelo menos uma vez por semana.

O estudo aponta que as mulheres são a parcela da população que mais usa medicamento por conta própria, com registro de 53%. Familiares e amigos são os principais influenciadores na escolha dos medicamentos usados sem prescrição e representam cerca de 25%.

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O uso de medicamentos sem a avaliação de um profissional de saúde pode trazer consequências, como sensibilização do organismo, surgimento de alergias e irritações, desordens fisiológicas metabólicas e hormonais e redução do efeito de fármacos importantes como antibióticos, criando a resistência bacteriana.

De acordo com o farmacêutico Rafael Ferreira, a automedicação pode ainda retardar ou mascarar a detecção de patologias mais severas. "Ao aliviar sintomas como a dor, o usuário pode camuflar uma doença mais séria. As dores no corpo ou na cabeça, irritações na pele, acidez estomacal, constipação ou até mesmo intestino solto podem ser alguns dos sintomas iniciais de muitas doenças graves. Ao camuflar os primeiros sinais, a pessoa faz com que a patologia seja diagnosticada tardiamente e em estados mais severos", alerta.

O hábito de usar diversos medicamentos ao mesmo tempo e sem prescrição também pode fazer com que o tratamento não tenha o resultado esperado. "Misturar medicamentos faz com que eles interajam entre si, podendo causar alteração no seu efeito protetor, ou seja, um antibiótico pode ser neutralizado e não conseguir combater as bactérias e com isso levar a um agravo da doença", explica o farmacêutico. "O uso de fármacos de forma inapropriada também pode comprometer algumas intervenções clínica, por exemplo, o uso errôneo de ácido acetilsalicílico, um analgésico muito comum, pode favorecer processos de sangramentos e atrapalhar intervenções invasivas", acrescenta.

Segundo Ferreira, o hábito que os brasileiros têm de se automedicar é antigo e também pode ser explicado pelas propagandas, que elevam o consumo. "Antigamente, existia uma problemática com o atendimento médico, que era muito demorado e a medicação era escassa, então esse costume vem de outras gerações, que procuravam por soluções imediatas para os problemas", afirma. "A evolução populacional e do conhecimento medicamentoso fez desnecessário esse tipo de hábito, que deve cair no abandono para o bem da população. Por isso é importante conscientizar as pessoas que medicamentos são somente indicados para tratamento de doenças e não para banalidades, pois o tratamento errado de hoje e sem orientação pode se transformar na doença de amanhã", pondera.

O uso indevido de medicamentos, sem ajuda de um profissional, é muito frequente, mas prejudicial à saúde. A professora e coordenadora do curso de Farmácia da UNAMA - Universidade da Amazônia, farmacêutica Marcella Almeida, alerta sobre os riscos da automedicação e orienta sobre o caso de venda indevida de remédios controlados. “A venda não autorizada de medicamentos controlados é considerada um tráfico de drogas”, disse Marcella Almeida. 

A maneira correta de adquirir remédios é com prescrição médica. O uso sem a receita médica, adverte Marcella, é um risco para a saúde das pessoas. “Isso acontece continuamente dentro das farmácias. Muitos medicamentos hoje, no Brasil, são vendidos sem receita, até mesmo aqueles que precisam de receita médica, isso é uma prática que infelizmente ocorre no nosso país.”

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Para entender melhor sobre o assunto, o LeiaJá entrevistou Marcella Almeida. Siga a entrevista na íntegra.

LeiaJá - Que cuidados as pessoas precisam ter ao comprar medicamentos?

Marcela Almeida  - O primeiro cuidado que devemos ter é comprar em um local com orientação do médico ou farmacêutico. Quando vamos fazer a automedicação, aqueles remédios para sintomas comuns como a dor de cabeça, a febre, a gripe e o resfriado, que estão tendo agora nessa época do ano, a gente precisa sempre ter a orientação dos farmacêuticos porque ele irá indicar um medicamento correto. O ideal é sempre buscar a ajuda deste profissional para fazer o uso do medicamento correto.

LeiaJá - O uso de medicamentos sem receita é um risco para as pessoas?

Marcela Almeida  - Isso acontece continuamente dentro das farmácias. Muitos dos medicamentos vendidos hoje no Brasil são vendidos sem receita, até mesmo aqueles que precisam de receita médica, isso é uma prática que infelizmente ocorre no nosso país. O ideal é que sempre se tenha orientação. O profissional farmacêutico precisa estar presente para tirar dúvidas de como se deve usar o medicamento, como armazenar, e principalmente, no final da medicação, como você deve descartar.

LeiaJá - Qual o papel do farmacêutico? De que forma ele contribui para a indicação de medicamentos?

Marcela Almeida  - Hoje, o papel do farmacêutico tem uma nova cara. Além de ter a capacitação para indicar e orientar sobre a medicação, ele também está habilitado para fazer outros serviços, como orientação da glicemia, da pressão arterial, o que o paciente pode associar com outros medicamentos. Nas grandes redes de farmácias ainda observamos esse papel do farmacêutico. Já nas farmácias menores, em que o farmacêutico geralmente é dono, a gente não vê essa práatica com tanta rotina, mas existe.

LeiaJá - É frequente as pessoas procurarem a ajuda de um farmacêutico para usarem determinados medicamentos em vez de procurar um médico?

Marcela Almeida  - Existem algumas situações que fazem a população procurar diretamente o profissional farmacêutico. Uma muito comum é o acesso da população aos serviços de saúde, principalmente quando eles utilizam o serviço público, pelas dificuldades e filas. Por nós termos farmácias em cada esquina e sempre ter a presença do farmacêutico, isso faz com que eles nos procurem para indicar medicamentos, ainda mais quando são para pequenos males como dor de cabeça, diarreia, problemas dermatológicos. Eles geralmente nos procuram pela facilidade de ter um profissional farmacêutico sempre perto e muito mais acessível. Hoje nós temos respaldadas pela legislação as consultas farmacêuticas. Foi o que o nosso Conselho Federal de Farmácia conseguiu em uma luta de anos, para regulamentar uma prática que já fazíamos informalmente. Porém, essa consulta farmacêutica sempre estará relacionada aos medicamentos e não a diagnosticar uma doença.

LeiaJá - A senhora acha que as pessoas precisam ser mais informadas sobre o risco de se automedicarem?

Marcela Almeida  - Com toda certeza. Apesar de a gente já ter várias propagandas, inclusive do Ministério da Saúde, quem acompanha nas redes sociais verifica que uma vez ou outra tem umas chamadas em relação à automedicação. Mas isso é uma prática cultural do país. A gente se automedica e ainda indica para o vizinho, o pai, a mãe. Se a automedicação for orientada por um farmacêutico, ela é segura; mas se for por pessoas leigas, isso traz um sério risco à saúde. A maioria dos registros por intoxicação é por medicamentos, está registrado no banco de dados do Ministério da Saúde, e umas das primeiras causas de internação de crianças e idosos. A automedicação precisa ser levada a sério e a população precisa ser informada.    

LeiaJá - Nos dias de hoje, vemos casos de suicídios através da automedicação. Se alguém chegar a uma farmácia para comprar várias medicações tarja preta, o profissional tem como identificar? De que forma?

Marcela Almeida  - Existe, sim, essa possiblidade. Quando a pessoa tem a intenção de utilizar medicamentos com o intuito de suicídio ela sempre vai buscar uma grande quantidade de medicamentos ou medicamentos mais fortes, que são os de tarja preta ou controlados, mas somente o farmacêutico pode vender. Nem o balconista pode vender e tem que ter a receita médica, o que inibe a venda desses tipos de medicamentos. Porém, se a pessoa já faz a utilização desses medicamentos, existe um grande risco de ela usar o próprio medicamento do tratamento, como pacientes que têm depressão ou ansiedade. Por isso a grande importância desse profissional estar sempre junto nas farmácias, orientando.

LeiaJá - Referente às farmácias clandestinas, já se ouviu algum caso de venda de remédios controlados de forma indevida?

Marcela Almeida  - Em relação aos medicamentos controlados, as farmácias precisam de uma autorização da Vigilância e o Conselho precisa estar respaldado. Em Belém, a nossa fiscalização é muito atuante nesse papel. Temos fiscalização frequente e isso vem se expandindo no Pará inteiro, graças à ação do nosso Conselho. A venda não autorizada de medicamentos controlados é considerada um tráfico de drogas.

LeiaJá - São grandes os problemas com medicamentos?

Marcela Almeida  - Sim, muitos, principalmente em pessoas que têm uma doença de base, como os hipertensos, os asmáticos, os diabéticos, que já fazem a utilização de uma determinada medicação e acabam, pela automedicação, tomando outros. E esses trazendo novos problemas ou agravando o problema que o paciente já tem. Essas informações dos medicamentos são mapeadas para que assim a gente possa ter uma noção de quais os problemas estão acontecendo dentro da população.

Por Suellen Cristo.

 

No Brasil, 79% das pessoas com mais de 16 anos admitem tomar remédios sem prescrição médica. O porcentual é o maior desde que a pesquisa começou a ser feita pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ). Em 2014, 76,2% diziam automedicar-se e em 2016, 72%. O imediatismo e o maior acesso à internet estão entre os motivos para o aumento, de acordo com os coordenadores do estudo.

"O brasileiro está na correria do dia a dia, e o smartphone leva as pessoas a pular etapas. Em vez de passar em um médico, vão diretamente à internet e fazem o autodiagnóstico, sem falar com ninguém", afirma o farmacêutico clínico Ismael Rosa, pesquisador do ICTQ, entidade de pesquisa e pós-graduação na área de Farmácia.

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Coordenador do levantamento, Rosa destaca que as pessoas têm recebido um grande volume de informação pelas redes sociais e, muitas vezes, as seguem sem saber se elas estão corretas. Também buscam referências com amigos e parentes, se afastando dos médicos.

"As pessoas buscam a validação social e procuram conversar com quem já teve a experiência, mas cada indivíduo tem a sua particularidade. O principal objetivo do estudo é alertar que a automedicação está crescendo e mostrar que existem profissionais da saúde para fazer (esse atendimento). Uma pessoa não pode ser médico ou farmacêutico de si mesma."

O levantamento foi feito em setembro, com 2.126 pessoas a partir dos 16 anos, em 129 municípios das cinco regiões do País.De acordo com a pesquisa, dor de cabeça, febre, resfriado e dores musculares estão entre os principais sintomas que levam o brasileiro a se medicar.

O maior porcentual de automedicação foi observado entre adultos de 25 a 34 anos: 91%. É o caso da assistente financeira Michele Soares, de 34 anos. Mãe de duas crianças, de 2 e 11, ela também medica os filhos. "Se é um sintoma comum, como uma eventual dor de cabeça ou um resfriado, tomo algum analgésico. Meu filho é alérgico e, como sei os sintomas e o tipo de medicação que ele toma, já vejo o que ele precisa e dou o remédio. Mas se eu ou os meus filhos tivermos uma febre persistente, algo mais intenso ou fora do comum, claro, procuro atendimento médico."

Segundo especialistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, a automedicação é um problema enfrentado por vários países e que deve ser combatido em casos de sintomas persistentes e uso de medicamentos que necessitam de prescrição médica. No entanto, a utilização responsável de remédios isentos de prescrição em situações pontuais, caracterizada como autocuidado, é uma conduta que pode ser adotada. "Há medicações que aliviam sintomas. Se não (houver a automedicação), as pessoas vão precisar ir para o médico para coisas que são pequenas", afirma Gustavo Gusso, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina da Família e Comunidade e professor de Clínica Geral da Universidade de São Paulo (USP).

Clínico e infectologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Paulo Olzon diz que é preciso ficar atento quando o sintoma fugir do habitual. "Quem está habituado a ter dor de cabeça toma um remédio e ela passa. Passa a ser importante quando são medicações mais tóxicas. Não dá para achar que tem um problema cardíaco e tomar remédio sem a prescrição."

Medo de médico

A professora Cleusa Maria de Almeida e Almeida, de 64 anos, tem lúpus (doença inflamatória autoimune) e faz acompanhamento semestral. Mesmo assim, recorre à automedicação. "Tenho medo de ir ao médico e descobrir algo muito ruim. Por isso, quando sinto alguma dor, acabo me automedicando. Já tomei até injeção por minha conta para evitar ir ao médico. Passei um bom tempo da minha vida em atendimento médico e hospitalar. Hoje, a minha doença está sob controle."

Analgésicos, anti-inflamatórios e antiácidos são os tipos de medicamentos que sempre tem em casa. "Quando sinto alguma dor forte nos dedos, na articulação, tomo anti-inflamatório de 12 em 12 horas, por quatro dias e, logo quando passa a dor, volto a fazer as minhas coisas", conta a professora.

Em 2006, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estabeleceu os critérios para que remédios possam ser comprados sem receita médica, como não ter potencial para causar dependência, não ter indicação para doenças graves e ser tomado por curto período de tempo.

Riscos

Sintomas aparentemente comuns podem esconder doenças mais graves. Quem faz o alerta é o cardiologia e clínico-geral Abrão José Cury Júnior, que trabalha no Hospital do Coração (HCor) e na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

"As pessoas têm dor na boca do estômago e tomam um antiácido, mas pode ser enfarte, pancreatite, gastrite e até tumor. Uma dor nas costas pode ser dor muscular, mas também um aneurisma. Ao tomar um analgésico, pode haver uma falsa melhora num primeiro momento, mas isso vai retardar o atendimento e pode ser grave. O uso abusivo de alguns medicamentos, como os anti-inflamatórios, pode causar lesões no rim."

Cury Júnior recomenda que os pacientes tomem apenas medicamentos que já foram prescritos e também que o médico seja consultado caso os sintomas persistam. Além disso, orienta que todos tenham um bom relacionamento com um profissional da área. "É importante ter um médico de confiança. As pessoas têm mecânicos, manicure e cabeleireiro de confiança, mas não têm um médico."

Para auxiliar os idosos, a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) realiza até esta sexta-feira (26) uma campanha para ajudá-los a organizar a rotina de medicação. A proposta é oferecer revisão medicamentosa em mais de mil estabelecimentos no País, avaliando não só medicamentos prescritos, mas também os tomados por conta própria, além de fitoterápicos e suplementos. A entidade destaca que, ao longo do ano, realiza ações de conscientização sobre questões relacionadas à saúde. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

De janeiro a agosto deste ano, o Centro de Assistência Toxicológica de Pernambuco (Ceatox-PE) registrou 588 casos de intoxicação por medicamentos. Em relação ao mesmo período do ano passado, quando 373 casos foram atendidos pela central telefônica do órgão, isso representa um aumento de 57%.

Também houve um aumento de 55% em ocorrências envolvendo exclusivamente crianças, de 0 a 9 anos, e adolescentes, de 10 a 19 anos. O número pulou de 223, em 2015, para 347, em 2016. “Os pais ou responsáveis precisam saber que deixar remédios em locais de fácil acesso, como criados-mudo ou balcão do banheiro, pode ser um sério risco para esse público, principalmente as crianças, que podem confundir com confeitos”, analisa a pediatra e coordenadora do Ceatox-PE, Lucineide Porto.

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De acordo com Lucineide, também é preciso reforçar o alerta para não se medicar sem a orientação de um médico ou com o uso de uma dosagem errada. Os medicamentos ainda devem ser armazenados em locais altos ou em recipientes traçados. Outra recomendação é que os remédios permaneçam armazenados em suas embalagens originais.

Em caso de intoxicação, a população e os profissionais de saúde podem tirar dúvidas na central telefônica do Ceatox, no 0800 722 6001, que funciona 24 horas por dia. De acordo com a coordenadora do centro, não se deve forçar o vômito ou usar fórmulas caseiras para resolver a situação. 

Com informações da assessoria

Basta sentir algum tipo de dor que muitas pessoas recorrem aos remédios, ou melhor, aos paliativos que camuflam os sintomas das enfermidades. No entanto, esse gesto tão corriqueiro pode trazer mais malefícios que benefícios. Desde combinação inadequada - com um medicamento anulando o efeito de outro – até reações alérgicas e consequências mais graves como dependência e morte.

De acordo com a coordenadora da Assistência Farmacêutica do Hospital Esperança do Recife, Ana Alice Monteiro, cada paciente exige um atendimento específico e uma necessidade muito particular, por isso, o indicado é não se automedicar. “Cada paciente tem suas particularidades e um mesmo medicamento pode ser adequado para tratar um caso, mas não outro, a depender do histórico familiar e quadro clínico apresentado. Além disso, ainda há dosagens e períodos específicos para cada pessoa, que devem ser seguidos conforme prescrição médica” orienta.

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Além disso, a ingestão inapropriada de medicamentos pode ainda agravar uma doença. Como por exemplo, o uso abusivo de antibióticos, que pode facilitar o aumento da resistência de micro-organismos. Atualmente, essa classe de medicamentos tem venda controlada mediante retenção de via da receita médica. “Bactérias multirresistentes são agravantes de diversas doenças, como a tuberculose, por exemplo”, salienta a profissional.

A profissional também alertou que a prática citada pode gerar graves consequências, como contração dos vasos sanguíneos, retenção de sódio, aumento da pressão arterial e lesões hepáticas e renais.

OMS - Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), aproximadamente, 50% dos pacientes tomam medicamentos de forma incorreta. Com isso, também aumentam os casos de reações alérgicas com sintomas dos mais variados, desde prurido (coceira) e retenção de liquido até falta de ar e edema da glote. Já o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), da Fundação Oswaldo Cruz, alerta para outro perigo: medicamentos são a principal causa de intoxicação no Brasil, ficando à frente de produtos de limpeza, agrotóxicos e alimentos estragados. A causa lidera o ranking desde 1994.

Com informações da assessoria de imprensa

Um em cada 5 pacientes de 20 a 35 anos que apresentam problemas sexuais já se automedicou com algum tipo de estimulante - de remédios a fitoterápicos, como Ginkgo biloba e ginseng. Esse é o retrato obtido pelo Centro de Referência em Saúde do Homem, da Secretaria de Estado da Saúde, que fez o levantamento com 300 pacientes que procuram o ambulatório da capital paulista.

Segundo Joaquim Claro, médico-chefe do serviço de urologia do hospital, a pesquisa mostra a carência de atendimento especializado. "Deveria haver mais centros de referência para acolher esses pacientes", diz. O ambulatório foi inaugurado em 2008, dentro de um projeto que planejava criar pelo menos mais quatro centros no Estado, o que não ocorreu.

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Na opinião do médico, o porcentual apontado pelo estudo pode estar subdimensionado. Embora a amostra seja ampla - o centro atende pacientes de todo o Brasil -, a faixa de renda dos homens é geralmente baixa. E o preço de remédios para disfunção sexual é alto. Para Claro, numa pesquisa que considerasse toda a sociedade, o total de indivíduos que consomem sem prescrição esse tipo de remédio, entre eles Cialis e Viagra, seria maior - como ocorre nos Estados Unidos.

O médico lembra que esses remédios podem desencadear taquicardia, dores de cabeça e visão embaçada. Em associação com outros medicamentos, podem causar ainda hipertensão e enfarte. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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