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Após conseguir a liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) está convocando voluntários para um estudo com canabidiol. A substância, motivo de polêmica no Brasil por ser proveniente da maconha, teria a capacidade de agir no cérebro e interferir no sono.

Pessoas na faixa de 18 a 50 anos, que não usem medicamentos nem tenham distúrbio de sono, estão sendo chamadas pela faculdade para participar da pesquisa. O objetivo do estudo é saber como a substância age no cérebro e se é capaz de fazer com que a pessoa durma melhor. Por isso, serão escolhidos 40 voluntários que precisarão passar duas noites no Hospital das Clínicas de Ribeirão.

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Pesquisas desenvolvidas em outros países já indicam a eficácia do canabidiol no tratamento da insônia, assim como outros trabalhos realizados na própria USP.

Segundo o professor José Alexandre de Souza Crippa, que é orientador da pesquisa, testes em animais e até mesmo em alguns humanos mostraram que o canabidiol pode ter um benefício muito grande para tratar dos distúrbios do sono. Ele explica que as medicações que são usadas hoje no tratamento causam problemas como a dependência, algo que não ocorre com a nova substância.

Para Crippa, esta pode ser uma nova opção também para tratar Parkinson, ansiedade e psicose, entre outras doenças. Ele acredita que o fato de a novidade vir da erva causa uma confusão que acaba dificultando a legalização do uso. "Pensam que estão liberando a maconha, mas este é apenas um dos 400 compostos que estão nela."

Para o pesquisador, o fato de Estados Unidos e países da Europa já terem liberado o canabidiol é sinal de que o Brasil deveria seguir o mesmo caminho. A Anvisa já autorizou neste ano 37 pacientes com problemas diversos a adquirir o remédio, que é importado. Crippa acredita que a liberação no País talvez aconteça ainda neste ano.

Exigências

Hoje, para conseguir o canabidiol é preciso, além do laudo médico, enviar outros documentos para análise da Anvisa. Para pesquisas também não é fácil conseguir a licença, mas neste caso já foi autorizado o uso em testes. A psicóloga Ila Marques Porto Linares será a responsável pelo trabalho.

A pesquisa "Efeitos da administração de canabidiol no ciclo do sono, vigília em pacientes saudáveis" vai examinar as pessoas que serão submetidas a exames enquanto dormem. Em uma das noites no hospital, os voluntários tomarão o canabidiol e, na outra, um placebo, tendo em ambas o sono mapeado para se descobrir como a substância age no cérebro. O estudo deve ser concluído em 2015.

Quem quiser participar precisa morar em Ribeirão Preto e preencher o questionário no endereço: https://pt.surveymonkey.com/s/6FRYWCM.

JOÃO PESSOA (PB) - Parentes e amigos das 16 pessoas que sofrem com crises frequentes de epilepsia de difícil controle foram às ruas de João Pessoa, neste domingo (17), em uma caminhada intitulada “Gotas pela Vida Libera Anvisa”. O objetivo é fazer com que a importação de Canabidiol seja legalizada.

A substância, segundo os familiares, é essencial no tratamento e fez com que a ocorrência de espasmos diários caísse de 30 para três. Canabidiol é derivada da maconha e, por este motivo, não está liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil.

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De acordo com a organização do movimento, espera-se que saia, nesta segunda-feira (18), uma liminar a pedido do Ministério Público Federal na Paraíba (MPF-PB) favorável a ação pública que pretende impor a Anvisa a reclassificação.

Os pacientes estão utilizando o medicamento através da importação ilegal. Além de lutar pela liberação, os pais ainda pedem o fornecimento gratuito através do Sistema Único de Saúde (SUS).

 

No início do mês, o MPF-PB ingressou com uma ação civil pública contra a União e a Anvisa para que se abstenham de destruir, devolver, reter e impedir a compra e obtenção. A substância está presente na maconha, mas não produz os efeitos da planta, como euforia, despersonalização, distorção sensorial.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já autorizou, desde abril, 37 pedidos de importação de medicamentos a base de canabidiol (CBD), uma das substâncias presentes na maconha. No total, foram feitas 59 solicitações. As demais estão em análise ou com pendências na documentação.

De acordo com a agência, o prazo médio para a liberação da importação, após a solicitação, é de uma semana.

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Embora o componente seja proibido no Brasil, estudos têm mostrado a eficácia dele no tratamento de quadros graves de convulsão e outras doenças raras. A substância é aprovada nos Estados Unidos e em alguns países da Europa.

A importação do canabidiol pode ser autorizada pela Anvisa por meio de uma solicitação excepcional de importação para uso pessoal. Para isso, a pessoa deve apresentar prescrição e laudo médicos e um termo de responsabilidade.

Em maio, a diretoria da Anvisa chegou a discutir a liberação da importação da substância, mas o debate foi adiado após um dos diretores pedir vistas do processo. Não há previsão de quando a discussão será retomada.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) deve aprovar em setembro uma resolução que abre caminho para que médicos prescrevam canabidiol, uma das substâncias presentes na maconha, para tratamento de seus pacientes. Uma equipe de pesquisadores que estuda o tema deve entregar até o fim do mês um relatório sobre o assunto. A resolução deverá ser votada em seguida.

Em junho, o CFM já havia divulgado uma nota sobre o assunto. Na ocasião, o colegiado afirmara defender a pesquisa com produto, desde que feita de acordo com orientações dos comitês de ética. "Seguimos os passos da prudência", afirmou o conselheiro Emmanuel Fortes. A posição mais flexível é resultado de apresentações feitas por pesquisadores que estudam o tema.

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"Os resultados são impressionantes. Além disso, temos de levar em consideração o drama vivido pelas famílias", disse ele. A discussão sobre o uso terapêutico do canabidiol, um componente da maconha que não tem efeito psicoativo, veio à tona depois de campanhas feitas por familiares de pessoas que sofrem crises repetidas de convulsão.

A importação do remédio, que é liberados nos Estados Unidos, somente pode ser feita mediante autorização especial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Há dois meses, a Anvisa discutiu a retirada do canabidiol da lista de substâncias de uso proscrito no País, mas sem conclusão final. "Acreditamos que a decisão possa ser um passo para a decisão da Anvisa", disse o conselheiro.

No relatório que a equipe de especialistas prepara para o CFM, informou, devem constar informações como a indicação do medicamento, as doses consideradas seguras, pesquisas cuja realização é recomendada e outras que já podem ser descartadas.

Atualmente, para obter a autorização especial da Anvisa, familiares devem juntar uma requisição de médicos. Profissionais sentem-se, no entanto, intimidados, diante do fato de o remédio constar na lista de substâncias proscritas. Fortes afirmou que o CFM não tem intenção de adotar nenhuma medida restritiva contra esses profissionais. "Esse é um drama vivido por familiares. Eles fazem a recomendação que, numa outra etapa, é ou não aprovada pela Anvisa."

JOÃO PESSOA (PB) - O Ministério Público Federal na Paraíba quer a liberação de um medicamento à base de maconha para tratamento de convulsões. O MPF ingressou, nesta quinta-feira (31), com uma ação civil pública contra a União e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O estado tem hoje 16 pacientes que precisam do Canabidiol, substância proibida no Brasil. Eles têm entre dois e 21 anos de idade e chegam a ter até cem crises epilépticas por semana, mesmo sendo tratadas com medicamentos liberados no país.

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Segundo o Ministério, a situação dos pacientes é urgente. Mesmo tendo a prescrição médica específica para uso do Canabidiol, falta o termo de responsabilidade assinado por um médico, documento exigido pela Anvisa, mas que a classe médica não fornece aos pacientes porque se trata de medicamento de uso proscrito.

O MPF quer que a União e a Anvisa se abstenham de destruir, devolver, reter e impedir a compra e obtenção. A substância está presente na maconha, mas não produz os efeitos da planta, como euforia, despersonalização, distorção sensorial.

Os 16 pacientes paraibanos utilizam altas dosagens de medicações, o que provoca efeitos colaterais, a exemplo de comprometimento das funções hepáticas e renais, perda de visão, fraqueza muscular, entre outros.

O consultório com pacientes aboletados na antessala e uma secretária a conferir cartões de planos de saúde são cenas cotidianas na vida de William (nome fictício), um médico que há três anos protagoniza uma história clandestina de desafio à lei para trazer alívio a pessoas que, por causa de fortes dores, mal dormem ou trabalham. Enquanto a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não decide o destino do canabidiol, componente da maconha que integra a lista de substâncias proscritas do País, William prepara artesanalmente uma solução feita com o produto e a distribui gratuitamente para pacientes que não conseguem bons resultados com tratamentos tradicionais, sejam cirurgias ou medicamentos.

"Não foi fácil chegar a essa decisão", conta. "No início, achava que a proposta de terapia com o canabidiol era apenas uma estratégia dos interessados em liberar a maconha: seria apenas o primeiro passo", completa. Após analisar os estudos e diante do sofrimento de pacientes, narra, mudou de ideia. O Estado localizou o médico por meio de familiares de pessoas que sofrem de dores crônicas e o entrevistou por três horas em seu consultório, em um prédio comercial, no centro de uma grande capital. Por temer sanções da Justiça, o médico pediu que não fosse identificado.

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O canabidiol não tem efeito psicoativo e é apontado em estudos como alternativa também para tratamentos neurológicos, comportamentais, epilepsia grave e sintomas causados pela quimioterapia. Há espécies de plantas com menos de 1% de THC (a substância com efeitos psicotrópicos) e altos teores de canabidiol. O médico escolheu uma espécie com essas características, a Harle Tsu, para usar. No retorno de uma viagem ao exterior feita para estudar o canabidiol, ele trouxe sementes e as plantou em casa. Hoje, William extrai a substância ativa da planta, processa e, em uma terceira etapa, acrescenta glicerina.

A primeira pessoa a usar a solução de canabidiol preparada foi a sogra. "As fortes dores, provocadas por fibromialgia, foram controladas", relata. Desde então, 40 pacientes já se trataram com canabidiol. Desse grupo, 20 mantiveram a prática. "Por diversas razões, como insegurança ou intolerância, as outras pessoas abandonaram."

O médico oferece o medicamento a poucos pacientes. "Apenas para quem não responde a outras terapias e com quem tenho uma relação de confiança", diz. Com o tempo, o cultivo da planta foi passado para amigos. "É preciso dedicação, tempo. Não conseguia conciliar."

William nota que a solução causa efeitos colaterais, como dores de cabeça, náuseas ou diarreia, em algumas pessoas. Para tentar reduzir o problema, passou a dar a alguns pacientes o canabidiol para vaporização. A troca beneficiou Antonio, de 57 anos, licenciado por causa de uma doença degenerativa que atinge ossos e articulações. Por seis meses, ele usou a solução combinada com um derivado de morfina, que, sozinho, não aliviava as dores. "Ficava agitado, com dor de cabeça e dificuldade para dormir." Agora, faz vaporizações. "O alívio é imediato. É um sucesso e tanto."

Receita - William não vende o produto. "Não sei quanto investi na empreitada, com viagens e pesquisas, mas não quero ganhar dinheiro dessa forma." Admite que se arrisca - pode ter problemas legais -, mas pensa no futuro. "Penso em novas estratégias terapêuticas." A Anvisa analisa a mudança de classificação do produto. Seu uso e comercialização poderiam ser feitos sob controle. A discussão começou após familiares de crianças com epilepsia grave reivindicarem o direito de importar o produto. Nos EUA, o canabidiol é vendido como suplemento alimentar. O relator do processo, Renato Porto, é contra a mudança. Diz que não há canabidiol puro - todos teriam algum traço de THC.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) adiou a decisão sobre a retirada do canabidiol, uma substância derivada da maconha, da lista de substâncias proibidas no país, para permitir seu uso como medicamento. O diretor Jaime Oliveira pediu vistas do processo para se informar melhor sobre o assunto. Se aprovada a mudança de status, o canabidiol poderá ser usado a partir de prescrição médica.

Para o presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, a mudança de lista não teria efeitos, já que os medicamentos que trazem como componente o canabidiol não são compostos totalmente por essa substância. Ele ainda defende que a Anvisa pode autorizar o uso em casos específicos.

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Para as mães Katiele Fischer e Margarete Brito, que têm filhas de 5 e 6 anos que sofrem de doenças convulsivas, o assunto ainda não foi decidido por preconceito contra a substância, já que ela é extraída da maconha.

"O uso do CDB [o canabidiol] é uma questão de qualidade de vida", diz Katiele. Ela conta que a filha Ane, de 6 anos, sofre convulsões desde que tinha 45 dias de vida. "Ela chegava a sofrer 80 convulsões por semana, e com o medicamento zerou o número de episódios".

Katiele conseguiu autorização judicial para importar o medicamento, mas diz que centenas de mães com o mesmo problema e com as quais troca mensagens sobre a questão ainda não conseguiram a licença.

Pesquisadores têm apontado efeitos positivos no uso do canabidiol em pacientes com mal de Parkinson, ansiedade, esquizofrenia e alguns transtornos de sono, entre outras doenças. No entanto, a substância integra uma lista de substâncias proibidas no Brasil, compondo a Lista F2 da Portaria 344/1998 do Ministério da Saúde, que trata de psicotrópicos.

A área técnica da Anvisa recomendou que o canabidiol deixe de ser proibido e passe a ser controlado, pois não viu estudos que mostrem a substância como causadora de dependência e identificou pesquisas em fase avançada que indicam sua eficácia como medicamento para diversas doenças.

Pacientes esquizofrênicos enfim podem ser tratados. Isso porque, cientistas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, em São Paulo, estão investigando o uso de canabidiol contra a doença. A esquizofrenia é um mal que faz o ser humano se distanciar da realidade e há tempo não possui as causas conhecidas pelos estudiosos.

De acordo com informações da Agência Brasil, o canabidiol é considerada um canabinóide, uma vez que faz parte dos 80 componentes presentes na planta Cannabis sativa, conhecida popularmente como maconha. Porém, diferente do canabinóide Delta 9 – Tetrahidrocanabinol (THC), que é o responsável pelos efeitos típicos da planta – alucinógenos e estimulantes – o canabidiol não produz essas sensações.

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O professor titular de psiquiatria da Faculdade de Medicina de Ribeirão da Universidade de São Paulo (USP), Antonio Zuardi, explica que o canabidiol foi utilizado em inúmeros estudos, com a participação de animais e humanos. O educador, que também é coordenador do grupo responsável pela pesquisa, iniciou o estudo da substância no ano de 1976, por meio de um doutorado na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Desde então, essas pesquisas são feitas na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, onde estou desde 1982”,  conta o professor, em depoimento à Agência Brasil.

Uma das vantagens da substância, segundo o pesquisador, é que em relação ao medicamento já existente, ela apresenta baixa propensão a produzir efeitos colaterais indesejáveis. A substância também tem a tendência de apresentar sinais de eficácia na redução de sintomas psicóticos, bem como a utilização do canabidiol é analisada em outros quadros, tais como transtornos de ansiedade, doença de Parkinson, sono, abstinência de drogas e como anti-inflamatório.

Apesar de todas essas informações positivas, Zuardi faz um alerta. “Eles podem produzir sintomas psicóticos em indivíduos saudáveis e agravar os sintomas da esquizofrenia”, diz, também de acordo com a agência. Contudo, o THC é observado como um componente psicotomimético, porque produz sintomas semelhantes aos analisados nas psicoses. De acordo com a agência, o pesquisador explica que “o THC em doses elevadas produz esses sintomas, mas o mesmo não ocorre com o canabidiol. Por isso, ele é considerado não psicotomimético”.

Ainda segundo a Agência Brasil, Zuardi explana que a combinação do canabidiol com o THC é liberada em vários países para a utilização em pacientes que sofre com esclerose múltipla, com a função de diminuir a espasticidade (distúrbio motor caracterizado pelo aumento do tônus muscular). Todavia, para outras indicações como a esquizofrenia, há a necessidade de mais estudos para o desenvolvimento de um medicamento, e esse estudo serve para que os efeitos sejam comprovados. Segundo a agência, o pesquisador completa dizendo que “embora animadoras, as evidências ainda são insuficientes para que o canabidiol possa ser utilizado na clínica. Para isso, serão necessários estudos com número muito maior de pacientes”.

Com informações da Agência Brasil







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