O PSD formalizou, nesta quarta-feira (25), em sua primeira convenção nacional, o apoio à reeleição da presidenta Dilma Rousseff e do vice-presidente Michel Temer (PMDB). A aliança foi aprovada por mais de 94% dos 114 votos de convencionais, durante encontro que ocorreu no auditório da Câmara dos Deputados, em Brasília. Um dos mais novos partidos do país, o PSD tem pouco mais de dois anos de criação.
Mantendo o discurso em defesa por uma campanha eleitoral pacífica, adotado em resposta às críticas de partidos de oposição, Dilma agradeceu o apoio e destacou uma série de motivos para “se alegrar” com a aliança. “Fico feliz de ter ao meu lado um partido que é uma das mais promissoras novidades da política, pela sobriedade, moderação e disposição construtiva, um partido que coloca e busca ampliar consensos, produzir entendimento e buscar novas soluções no momento em que alguns pregam apenas o ódio e confronto”, afirmou.
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Acompanhada pelos ministros Ricardo Berzoini, de Relações Institucionais, Aloizio Mercadante, chefe da Casa Civil, e Afif Domingos, da Micro e Pequena Empresa, que é membro do partido, a presidenta defendeu uma das principais bandeiras do PSD, voltadas para os pequenos empreendedores que ainda estão na informalidade. “Formalizar é garantir uma cidadania que até agora não tiveram. Esses pequenos batalhadores representam 90% de todas as empresas do país, e é bom dizer que são as que mais empregam, por isso, nossa obrigação é descomplicar o nascimento e crescimento desses batalhadores que vão conquistar posições para enfrentar o desafio de sobreviver”, afirmou Dilma.
Segundo a presidenta, os micro e pequenos empresários brasileiros estão entre os mais prejudicados pela burocracia no país. “Por isso, foi a partir deles que começamos a construir o processo de desburocratização. Começa aí, mas tem que se estender para todas as esferas da sociedade”, disse ela. Dilma destacou ainda os resultados do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e a necessidade de mais investimentos em educação como forma de assegurar a ascensão de classes econômicas e avançar em novas áreas de conhecimento e formação de profissionais.
O presidente nacional do PSD, o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, lembrou que este é o primeiro apoio oficializado pela legenda e, ao ler o Manifesto à Nação Brasileira, destacou pontos comuns entre o governo Dilma e as propostas do PSD.
“Há dois programas que o PSD [em que] está alinhado [com o governo], que são o MEI [Microempreendedor Individual] e o Pronatec, que é uma iniciativa inclusiva que qualifica o trabalhador e insere jovens no mercado de trabalho com o primeiro emprego.”
Kassab alertou que é preciso ampliar investimentos em educação e saúde e disse que o PSD vai buscar sempre consenso para construir propostas ao lado do governo. “Somos parceiros da presidenta na ascensão de classes, no estímulo ao trabalho, na conquista de moradias. Não nos intimidamos com o tamanho dos obstáculos. Somos aliados e batalharemos juntos pelo Brasil que projetamos e que construíremos juntos. Pelo Brasil, com o Brasil, e lado a lado de todos os brasileiros”, completou.
Emocionada, a prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera, que falou pelos prefeitos do partido, elogiou o atual governo e afirmou que, desde Lula, a cidade conseguiu solucionar problemas como o da enchente de 2011, que inundou inúmeras casas no bairro de Vila Virgínia. “Muitos [governantes] começam [a ajudar], mas poucos terminam”, afirmou.
Dárcy destacou também que o PSD foi o primeiro partido a divulgar publicamente o apoio à reeleição de Dilma. “É um partido jovem, que tem dois anos, mas maduro o suficiente para saber que time que está ganhando temos que continuar ajudando”, afirmou, ao destacar que Kassab sofreu forte pressão dentro e fora do partido para que mudasse a aliança.
Durante a convenção, uma enfermeira que estava na plateia apelou à presidenta para ajudar na aprovação do projeto que regulamenta a jornada de 30 horas semanais para profissionais da área. “Dilma, nós apoiamos você. Apoie-nos”, pediu a enfermeira, que não foi identificada. O projeto já foi aprovado no Senado e nas comissões da Câmara, mas ainda não foi incluído na pauta de votação do plenário da Casa.
Apesar do resultado da votação nacional, nos estados, o apoio à Dilma não é consenso. As alianças estaduais estão sendo definidas independentemente. Kassab minimizou divergências, mas lamentou a falta de uma regra que uniformize o posicionamento das legendas. “Infelizmente, no Brasil, não temos uma legislação partidária que verticalize as decisões. Sou a favor da verticalização. Não tendo [a verticalização], as circunstâncias locais prevalecem em relação à circunstância nacional para todos os partidos”, disse ele.
São Paulo é um dos exemplos de indefinição. Kassab defende uma candidatura própria do PSD na capital paulista e confirmou hoje que o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles declarou a intenção de concorrer ao cargo de governador.
Segundo Kassab, a decisão só será tomada na convenção estadual, marcada para o próximo dia 30. Na legenda, há linhas que defendem apoio ao PSDB ou ao PMDB em São Paulo. Otimista, o ex-prefeito disse que o PSD deve reforçar sua bancada no Congresso a partir do próximo ano, com eleição de 50 deputados federais.