O plano de recuperação das oito distribuidoras do Grupo Rede que estão sob intervenção prevê um aporte de capital no montante de R$ 773 milhões, a ser feito a partir da entrada de um novo controlador na holding, conforme explica documento encaminhado pela companhia à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Segundo a proposta, após a entrada do novo investidor, a Rede Holding irá injetar os recursos nas distribuidoras, sendo R$ 150 milhões via aumentos de capital, R$ 437 milhões em quitação de mútuos e R$ 186 milhões na "reposição, por parte da Rede Holding, das aplicações das concessionárias que foram retidas pelo Banco Daycoval".
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"Tais recursos serão suficientes para que as concessionárias voltem à situação de adimplência com obrigações intrassetoriais; quitem imediatamente seus mútuos passivos (bem como recebam mútuos ativos); reduzam seus índices de alavancagem", diz o documento.
A Cemat, distribuidora de Mato Grosso, seria a empresa a receber a maior parcela dos recursos: R$ 205 milhões. Já as distribuidoras que atuam no interior paulista e paranaense - EEB, Caiuá, CNEE, EDEVP e CFLO - receberiam juntas cerca de R$ 460 milhões. A Celtins (TO) receberia R$ 50 milhões, enquanto a Enersul (MS), os demais R$ 57 milhões.
Conforme a companhia, após a implementação do plano, todas as concessionárias terão recursos suficientes para o pagamento de suas obrigações de curto prazo e terão geração de caixa compatível com o volume de serviço de dívida e as necessidades de investimentos.
O plano também prevê um "regime excepcional de sanções regulatórias" para o período de recuperação. Nesse período, haveria a suspensão de aplicação de novas sanções regulatórias que impliquem desembolso durante o período de intervenção; conversão dos termos de notificação e autos de infração em termos de ajuste de conduta; e a conversão dos valores determinados pelas sanções regulatórias em investimentos com objetivo de solucionar as não-conformidades.
A proposta ainda pede uma extensão do prazo para apresentação de documentos para a renovação das concessões das empresas Caiuá, EDEVP, CFLO, CNEE e EEB. Essas distribuidoras se enquadram na Medida Provisória 579, que trata da renovação das concessões que vencem entre 2015 e 2015. As empresas deveriam ratificar o requerimento de prorrogação das concessões até 15 de outubro, mas não poderiam apresentar documentos comprobatórios de regularidade fiscal, trabalhista, setorial e de qualificação econômico-financeira neste prazo. O plano de recuperação pede que os documentos possam ser apresentados em 180 dias da aceitação da proposta.
O plano, que deverá ser apresentado à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) até o fim deste mês, ainda deverá passar pela aprovação dos acionistas das concessionárias, em reuniões já convocadas na Enersul (23) e na Cemat (24).
Entre as empresas interessadas em adquirir ativos do grupo Rede estão Cemig, CPFL, Equatorial Energia e a holding J&F, controladora do JBS.