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Em reunião solene nesta quinta-feira (27), a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) realizou homenagens a personalidades que participaram da luta pela redemocratização no país como o ex-ministro da Justiça, Fernando Lyra e o ex-arcebispo de Olinda e Recife, Dom Hélder Câmara. A cerimônia relembrou os 30 anos das ‘Diretas Já’ e contou com a presença de inúmeras autoridades que lotaram o plenário do Palácio Joaquim Nabuco.

De iniciativa do deputado estadual Isaltino Nascimento (PSB), o evento homenageou mais de 20 pessoas entre nomes escolhidos pelos parlamentares e indicações da Comissão da Memória e Verdade, Dom Hélder Câmara (CMVDHC). “Pernambuco tem uma contribuição histórica nesta luta aqui da democratização, por isso sugerimos esta homenagem”, ressaltou Nascimento, já o presidente da Alepe, Guilherme Uchoa (PDT), abriu a solenidade comentando o principal motivo da reunião. “Essa solenidade tem o objetivo de homenagear algumas pessoas e amigos”, pontuou.

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Durante a comemoração, o presidente da CMVDHC, Fernando Coelho palestrou sobre o movimento que completa três décadas neste ano e mesmo elogiando atuação de alguns personagens políticos, viu anda fragilidades na democracia. “Hoje, 50 anos depois constatamos que a democracia que temos não é ainda a democracia que queremos, mas vamos avançar e queremos muito mais”, destacou.

Coelho também elogiou o vice-governador João Lyra Neto e depositou confiança no político. “Tenho certeza que tendo pernambucanos na frente e pernambucanos políticos na frente com a visão de futuro e a abertura de João Lyra, nós vamos nos aproximar mais de um Brasil que Arraes sonhou. Com mais liberdade, democracia e justiça social”, descreveu.

Fechando as falas logo após as homenagens, Lyra discursou relembrando seu irmão, o ex-deputado Fernando Lyra e o ex-arcebispo de Olinda e Recife, Dom Hélder Câmara. “Nós só temos uma coisa a dizer a todos aqueles que lutaram bravamente pelo reconhecimento da nossa democracia”, declarou Lyra.

Ao término de sua fala, o pedetista fez questão de agradecer a solenidade promovida pela Casa Legislativa. “A Alepe e ao deputado Isaltino Nascimento o nosso agradecimento e em nome de lua eu quero ficar grato eternamente a figuras que já se foram na prova que lutara pela nossa redemocratização”, acrescentou inaugurando em seguida uma placa simbólica ao lado de Uchoa, onde marca a realização da solenidade desta quinta.

A ex-senadora Marina Silva (PSB) afirmou, em artigo divulgado nesta sexta-feira (14), que a discussão do Marco Civil na Câmara Federal atrai para o Brasil "avanços e retrocessos". Segundo ela, a matéria propõe uma "censura dupla": política e econômica, que "reduzem as possibilidades de ampliação da democracia e aprofundam a crise que balança a civilização". No texto, Marina também elogia a maneira com que o projeto foi elaborado, com a contribuição de autoridades públicas, cientistas, ONGs, internautas, ativistas da internet. 

A ex-senadora aponta ainda falhas no atual modelo de governança vigente, que vem comprometendo "o acesso e uso democrático da internet". "Todos devemos entrar no debate para evitar que o exacerbado desejo de controle suplante a democracia. Precisamos tirar nossos direitos do varejo fisiológico e inscrevê-los nos ativos futuros da boa política", crava a socialista no texto.

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Veja o artigo na íntegra:

Os modelos de governança afastados da sociedade e de suas mudanças dinâmicas levam os países aos becos sem saída das escolhas econômicas, sociais e ambientais equivocadas. A superação das crises depende cada vez mais da ampliação e aprofundamento da democracia.

Quem percebe isso acompanha com apreensão as tentativas de controlar a internet, situadas entre dois extremos: o controle estatal rígido –a censura política– e os privilégios de mercado para quem comercializa o acesso –a censura econômica. Ambos reduzem as possibilidades de ampliação da democracia e aprofundam a crise que balança a civilização.

No Brasil, o debate sobre o chamado Marco Civil da Internet tem avanços e retrocessos. O que se decide é a nossa liberdade de comunicação e direito à informação, incluindo os critérios de cobrança para acesso aos serviços –e ainda o que as empresas e governos poderão fazer com os nossos dados.

O projeto que está no Congresso Nacional reflete avanços e retrocessos. É resultado de um amplo processo colaborativo, iniciado em 2009 pelo Ministério da Justiça, em que participaram autoridades públicas, cientistas, ONGs, internautas, ativistas da internet.

A construção democrática da proposta, pouco comum em assuntos estratégicos, chamou a atenção do mundo todo. Só uma lógica da “oposição pela oposição”, que só vê defeitos em tudo o que o governo faz, pode desconhecer as evidentes qualidades do projeto.

No Parlamento, a força dos lobbies se fez sentir. Empresas querem cobrar pacotes diferenciados e separar o acesso segundo o preço, como se a internet fosse um canal de televisão pay-per-view. E o governo aproveita para inserir seu desejo de controlar a rede com a desculpa de combater a espionagem.

Agora o Marco Civil foi sequestrado pelo “blocão”, em mais um “telecatch” entre o governo e sua base parlamentar. O acesso e uso democrático da internet fica sob ameaça: depende, como vários outras questões estratégicas, de uma governabilidade torta, feita com distribuição de cargos e verbas, emendas e ministérios. Esse atraso só não é evidente na lógica da “situação pela situação”, que só vê qualidades em tudo o que o governo faz, mesmo onde os defeitos saltam à vista.

É preciso ter uma posição clara em defesa da democracia e da sociedade. Diversas organizações civis pedem que o projeto volte à pauta do Congresso. O compositor Gilberto Gil, ex-ministro da Cultura, lidera uma campanha de assinaturas nesse sentido.

Todos devemos entrar no debate para evitar que o exacerbado desejo de controle suplante a democracia. Precisamos tirar nossos direitos do varejo fisiológico e inscrevê-los nos ativos futuros da boa política.

O reitor da Universidade de São Paulo (USP), João Grandino Rodas, propôs mudanças no sistema de escolha de dirigentes da instituição, com adoção de auditoria externa. Em carta à comunidade acadêmica, Rodas propõe "ampliar a democracia" na USP. Eleições diretas para reitor e dirigentes está entre as opções de mudanças.

Alunos, professores, funcionários e até a sociedade civil podem fazer propostas. Uma reunião do Conselho Universitário (CO), instância máxima da instituição, está marcada para outubro para debater o assunto. "A questão mais importante é a participação e colaboração da comunidade acadêmica nesse processo", disse.

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A reitoria criou um site (democracia.com.br) para receber as sugestões. Já há um compêndio de propostas de alterações disponível. Uma delas prevê definição direta do reitor se o candidato obtiver maioria absoluta. Se nenhum a tiver, uma lista de três nomes seria encaminhada ao governador, como é hoje. A mudança desse quesito, entretanto, pede uma nova lei.

Segundo o aluno Caio Callegari, do Centro Acadêmico da Faculdade de Economia (FEA), o tema sempre é uma bandeira dos estudantes. "Há um consenso de que a USP precisa ser mais democrática. Os alunos querem decidir quem vai ser o reitor." Hoje, a eleição para reitor na USP tem dois turnos. No primeiro, cada um dos 1.925 eleitores (a maioria professores) escolhe três nomes. Os oito mais votados vão para o segundo turno, quando são 330 eleitores (integrantes do CO e conselhos centrais). A lista dos três mais votados vai para o governador, que faz a escolha final.

Na eleição passada, só um em cada três professores votou. Entre os alunos, a representatividade foi mais baixa (1 em cada 483 estudantes). Nas eleições para reitor nas Universidades Estadual de Campinas (Unicamp) e Estadual Paulista (Unesp), todos têm direito a voto. Na lista tríplice de 2009, Rodas havia ficado em 2.º na votação, mas foi escolhido pelo então governador José Serra (PSDB). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As manifestações que tomam as ruas do País em virtude da discordância do povo brasileiro com a situação política são apoiadas pela maioria da população. Os representantes de vários grupos da sociedade enxergam os recentes protestos como uma atividade democrática legal contra um conjunto de injustiças sociais. É um movimento de várias faces que pretende lutar a favor dos interesses sociais dos brasileiros.

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Para ouvir a população recifense sobre a avaliação que fazem das manifestações de rua, o Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), foi às ruas e questionou se os entrevistados sabiam entrevistados foram informados das manifestações em várias cidades do País, 89,8% assinalaram que sim. Quando instados se as manifestações ameaçam a democracia?63,5% deles disseram que o movimento não representa ameaça ao sistema democrático brasileiro.

Segundo a mestre em ciência política Juliana Vitorino, os protestos recentes mostram a variedade das demandas da população. “Esse movimento é fruto do espaço democrático que existe. Dentro de uma democracia, nem sempre as vozes coincidem, e os protestos mostram bem isso. É a diversidade de demandas do povo brasileiro. A diversidade de lados a sair às ruas. Nesse sentido, entendo que o povo na rua fortalece o ideal democrático”, analisou a estudiosa.

O sistema democrático é apoiado pela maioria desses mesmos entrevistados. Destes, 90,2 %  estão a favor da democracia, enquanto 7,2% esperam uma mudança radical no modelo de administração defendendo um regime ditatorial. “É difícil apontar uma única resposta a isso (sobre a minoria que apoia a volta do regime militar). Alguns viveram o período ditatorial brasileiro (o mais recente, 64-85) em setores que não atraiam a truculência do Estado e tinham a ideia virtual de que o Brasil caminhava em ordem. O milagre econômico brasileiro, por exemplo, serviu para angariar apoio desses setores da sociedade brasileira. Como dizer a essas pessoas que o regime era autoritário?”, argumenta Vitorino.





“De outro lado há os que ficaram do lado do regime e que ainda sonham com a recuperação daquele sistema. E, por fim, há, sim, entre os brasileiros os simpáticos à direita. Ou seja, o pensamento conservador, para além de um regime ditatorial, sempre existiu no Brasil. Agora ele aparece com mais ênfase justamente porque a democracia, quando abre espaço para o povo, abre espaço para todas as vozes”, completou.

 

O título do artigo não é o que parece. Nada contra a democracia.

 

É o título do livro do professor do Collège de France, Pierre Rosanvallon que, com propriedade e profundidade, analisa situação e as tendências da democracia política na atualidade. 

O autor esclarece: “O que propõe chamar de contrademocracia não é o contrário de democracia; é uma forma de democracia que se contrapõe a outra; é a democracia dos poderes indiretos disseminados no corpo social, a democracia da desconfiança organizada frente à democracia da legitimidade eleitoral”. 

O livro parte da grande contradição do nosso tempo: de um lado, a expansão dos regimes e valores democráticos; de outro, em escala jamais experimentada, a desconfiança com os políticos, o desencanto com a política e a desilusão com a eficácia da democracia em responder as demandas da cidadania.

Neste sentido, o desafio é evitar a degenerescência da democracia e, em lugar da despolitização da sociedade, construir uma “nova era das democracias”.

E o que vem a ser uma “nova era das democracias”?

A propósito, esta “era” está acontecendo diante dos nossos olhos e não é difícil perceber.

No processo de construção da democracia, a primeira e mais visível dimensão foi o direito de escolha dentro do qual se inseria a noção de controle sobre os eleitos; em seguida, a concepção tripartite dos poderes, obra clássica de Montesquieu, consagrava na relação entre os poderes as faculdades de atuar e impedir, ou seja, colocava em prática o princípio liberal de limitar os poderes cuja fonte é a desconfiança e cujo fim é proteger o indivíduo dos abusos do poder.

Entretanto, não parou por aí a estruturação da desconfiança que foi paulatinamente ampliada pela multiplicação dos poderes de sanção e obstrução, consolidando outro tipo de soberania popular que se revela na capacidade de obstruir, de formar coalizões sociais e de fazer ecoar nas ruas e nos meios de comunicação os protestos da coletividade. Nasceu, ao lado do povo-voto, o povo-veto.

Emergem, daí, a política dos governados, a política não-governamental, a política de protesto que significa politizar a despolitização (aparente ou real) da sociedade.

Com efeito, este tipo de “política” passa a constituir o que podemos chamar de “democracia de controle”, exercida mediante mecanismos de vigiar, denunciar e qualificar o poder que atendem a um alerta que data da Revolução Francesa: “o governo representativo logo se converte no mais corrupto dos governos se o povo deixa de inspecionar os seus representantes”.

Perceber e exercer a responsabilidade cidadã do controle significa não permitir o discurso generalizador, demagógico de amaldiçoar e, no extremo da irresponsabilidade, preconizar a eliminação das instituições democráticas. Em outras palavras, significa contribuir para o aperfeiçoamento do regime democrático. 

Desta forma, a abstração teórica e expressão vaga da vontade geral assumem a força concreta, repita-se, de vigiar que é um estado de alerta da cidadania, atenta, mobilizada e pronta para agir; de denunciar que confere força à vigilância sem cair na face perversa da denúncia que é estigmatizar a priori o denunciado; de qualificar o poder que significa avaliar a eficácia da gestão e testar a competência dos governantes.

Em recentes episódios da história contemporânea, os legítimos poderes da contrademocracia têm sido plenamente usados pela cidadania ativa conforme a concepção exposta na excelente obra do professor francês.

Nesta linha de atuação, a cidadania dispõe, hoje, dos mecanismos produzidos pela tecnologia da informação que, ao alterar profundamente noções clássicas de tempo e espaço, afetam as instituições tradicionais da democracia representativa assim como ampliam  enormemente a capacidade de influência e controle da sociedade sobre a atividade política.

Enganam-se, pois, os que subestimam a força dos contrapoderes, revigorada pelos novos elos que vinculam eleitores e eleitos, representantes e representados.  O destino dos recalcitrantes será a lata de lixo da história.

Por fim, é prudente não esquecer a lição premonitória de Tocqueville  e John Stuart Mill sobre os cuidados com a ameaça da “tirania da maioria e da opinião” para o bom exercício da contrademocracia de modo que sejam assegurados o pluralismo político, o equilíbrio dos poderes e a proteção dos direitos individuais.

 

O espaço irá abrigar um telecentro com acesso à internet, salas multiuso e de reunião voltados para os jovens. A casa que funcionará na Rua Maria Celestina, nº 109A, no Bairro São Francisco, centro de Caruaru, Agreste de Pernambuco, será inaugurado nesta sexta-feira (5), as 15h30. O equipamento, que está presente em 92 municípios do estado, se destina à população na faixa etária de 15 a 29 anos. 

As atividades acontecem em diferentes eixos como a promoção cultural, a educação e a qualificação profissional, além da saúde, da participação social e das vivências democráticas. As entidades governamentais e não-governamentais também são convidadas a integrar e promover ações na Casa da Juventude.

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O Programa visa fortalecer e articular os grupos, movimentos, coletivos e lideranças juvenis, ampliando sua incidência política, e visando a consolidação da política pública de juventude na esfera estadual e municipal. 

Com informações da assessoria

O presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, disse ao presidente egípcio que as garantias de liberdade de expressão e religião são essenciais para atrair investidores estrangeiros e turistas ao país árabe. Ele afirmou que a democracia genuína só pode ser alcançada por meio de consensos e inclusões. Rompuy se reuniu neste domingo com Mohammed Morsi, que enfrenta uma crise econômica decorrente de dois anos de turbulência política no Egito.

Morsi é o primeiro presidente eleito do país, mas os seis meses em que esteve no cargo foram definidos pelos críticos seculares e liberais como uma tentativa da Irmandade Muçulmana de monopolizar o poder e acelerar a adoção de uma constituição redigida por aliados islâmicos e aprovada por 64% dos eleitores em um referendo com 32% de participação. As informações são da Associated Press.

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O Supremo Tribunal Constitucional do Egito adiou neste domingo uma sessão em que analisaria a legalidade do conselho que criou uma nova e controversa constituição para o país, após centenas de muçulmanos favoráveis ao presidente Mohammed Morsi realizarem um protesto do lado de fora do prédio, informou a TV estatal egípcia.

Uma autoridade judicial disse à AFP que o tribunal nem chegou a iniciar os trabalhos quando decidiu por um "atraso administrativo" para a sessão, que também examinaria o status do Senado de maioria muçulmana. Os manifestantes começaram a se reunir em frente ao local no sábado à noite.

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A autoridade e a televisão estatal não mencionaram quando o tribunal retomaria as discussões. Um advogado disse que o adiamento ocorreu porque os juízes acharam que não poderiam entrar no local em razão dos manifestantes. As informações são da Dow Jones.

Em reunião realizada neste domingo, o PT de Olinda decidiu propor o nome do vereador Enildo Arantes (PT) para dividir a chapa encabeçada pelo atual prefeito Renildo Calheiros (PCdo B), nas eleições desse ano. Como presidente municipal do PT de Olinda, a deputada estadual Teresa Leitão (PT) ficou em desagrado com a indicação.

Segundo a deputada, a sua legenda vem passando por uma das piores crises e alguns setores do partido utilizam práticas autoritárias que comprometem a democracia interna. “A CNB (Construindo um Novo Brasil), grupo ligado ao senador Humberto Costa, não dialoga, mas impõe goela abaixo um quadro político. A escolha de um vice é um processo delicado que não pode ser imposto. A melhor saída é negociar um nome de consenso”, defendeu a deputada, ao comentar sobre a troca do atual vice-prefeito, Orácio Reis (PT), por Enildo Arantes, que faz parte da mesma sigla.   

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A presidente do PT municipal que defendia o nome do atual vice, Horácio Reis, comentou por meio das redes sociais que ou a legenda obedece a Humberto e ao deputado federal, João Paulo, ou a indicação de alguns nomes saem de cena.

Tereza também criticou o posicionamento da CNB no âmbito nacional. “Trata-se de um projeto de uma corrente, que não deixa petistas ligados a outros grupos assumir cargo político. A postura de alguns integrantes do partido é desagregadora e só aumenta o racha interno”, desabafou.

No encontro, que serviu para discutir as eleições no município de Olinda, Enildo obteve 99 votos a favor, 68 abstenções e quatro votos contra. Ele foi escolhido com 58% dos votos e disputará as eleições deste ano como vice da chapa encabeçada pelo atual prefeito que concorre à reeleição.

As Ciências Sociais buscam identificar e decifrar eventos que ocorrem no ambiente social. Os eventos são criados pelas ações e interações humanas. Crises são eventos, os quais representam o início de uma ruptura com uma ordem X, por exemplo. Ou uma turbulência na ordem X, mas sem ruptura para uma nova ordem - Y.

Crises políticas são comuns em ditaduras e em democracias. Por conta da liberdade da mídia, as crises são mais comuns e mais visíveis em democracias. Crises políticas significam rupturas ou turbulências em torno de um ou vários atores, os quais integram dada instituição.

Crises políticas podem ser evitadas. Mas para tal fato ocorrer, atores precisam prognosticar possíveis crises. Neste caso, os atores devem exercitar a memória cotidianamente. Lembrar das ações do passado e refletir sobre as ações do presente são atitudes que devem guiar atores políticos que desejam disputar uma eleição ou vir a ocupar um cargo público, como por exemplo, um ministério.

Em sociedades democráticas, a mídia exerce intensa função fiscalizadora. Os passos do ator político são vigiados. E os passos deste ator político no passado também. Em razão disto, crises poderão surgir em virtude da ação midiática e não da ação de uma instituição estatal.

A ação fiscalizadora da mídia é um evento que necessariamente precisa ser melhor compreendido por parte dos atores políticos e dos cientistas políticos. Constato que no Brasil, as instituições públicas perdem espaço para a mídia ou esta preenche um dado espaço que deveria ser ocupado pelas instituições públicas.

Desde a era FHC, verifico que as crises políticas não foram motivadas pelas ações das instituições estatais. Mas pela mídia. Foi ela que investigou, publicizou e proporcionou crises governamentais. Em particular, quedas de ministros. No governo Dilma, vários ministros foram sucumbidos em razão da atuação dos órgãos de comunicação. E as turbulências ocorridas em seu governo também foram provocadas pela mídia.

As crises governamentais contemporâneas requerem novas ações por parte dos atores e estrategistas junto à mídia e à opinião pública. A criação de fatos positivos para integrarem a agenda da mídia é necessária, mas não suficiente para evitar crises, independente da sua dimensão.

Atores políticos precisam ficar atentos, caso desejem conquistas futuras, as suas ações do presente, as quais, com o tempo, virarão ações passadas, mas que já estão repercutindo no futuro. As ações presentes dos atores devem vislumbrar as conseqüências. E a mídia não pode ser mais encarada como algo qualquer, no caso, uma instituição que divulga notícias de um dado ator enviadas pela assessoria de imprensa.

Em visita a Luanda, país governado por José Eduardo dos Santos há 32 anos, a presidente Dilma Roussef, em discurso feito na Assembleia Nacional, citou as eleições presidenciais que estão marcadas para serem realizadas em 2012 e falou em aprofundamento da democracia em Angola, apesar de o presidente José Eduardo dos Santos estar no cargo desde setembro de 1979.

A visita de Dilma a Angola foi realizada exatamente no mesmo dia da morte de Muamar Kadafi, que era o mais antigo ditador africano no poder. Agora, José Eduardo dos Santos, anfitrião de Dilma ao país, é o presidente mais antigo no poder no continente, ao lado do presidente da Guiné Equatorial Teodoro Nguema. Santos e Nguema têm apenas um ano a mais de poder do que o presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, há 31 anos no cargo. O presidente de Uganda, Yoweri Museveni, por sua vez, assumiu a presidência de seu país em 26 de Janeiro de 1986, e já completou 25 anos à frente da direção do País.

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"Saúdo a recente aprovação na nova constituição angolana, conclusão de mais uma etapa do processo de consolidação e aprofundamento da democracia no país. É de grande importância, igualmente, o recente anúncio feito pelo senhor presidente de eleições presidenciais em 2012", disse a presidente Dilma, em seu discurso no Parlamento angolano.

"Nossa cooperação vem de longe: desde o heroico 11 de novembro de 1975, o Brasil tem dado sua contribuição ao esforço nacional de soberania, de desenvolvimento, de construção da democracia deste país. Queremos continuar nesse caminho", prosseguiu Dilma.

Ao visitar um país onde o presidente se perpetua no cargo, Dilma Rousseff segue passos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, ao longo de seus oito anos de mandato, manteve pelo menos quatro encontros com o ditador líbio Muamar Kadafi, a quem chamou de "amigo e irmão". Lula também esteve na Guiné Equatorial, em julho de 2010, governado por Teodoro Nguema, que está no cargo desde julho de 1979.

Precisamos olhar com parcimônia os fatos da realidade brasileira. A pressa impossibilita uma análise apurada. Sem análise apurada, não conseguirmos compreender a realidade e prospectar quanto ao futuro. O futuro, às vezes, é incerto. Outras vezes, não.

Existe uma grande imprensa no Brasil? Acredito que sim. Mas esta grande imprensa não deve ser reconhecida como ruim. Mas como benéfica a democracia brasileira. Costumo afirmar que existem também os grandes articulistas brasileiros, os quais influenciam os leitores atentos – não são muitos – aos eventos políticos, institucionais e eleitorais.

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A grande imprensa escolhe ou expõe a preferência por candidatos. Os grandes articulistas também. A escolha ou a preferência não condena a independência da grande imprensa ou dos grandes articulistas. Ao contrário, leitores e analistas políticos sábios descobrem que eles inserem uma agenda na opinião pública. E isto é legítimo num país democrático.

Não fere a democracia, o fato da grande imprensa e dos grandes articulistas escolherem ou preferirem dados atores políticos. Eles, inclusive, sugerem uma agenda para a opinião pública – função natural da mídia, pois ela informa e concede opinião sobre eventos.

Os candidatos que caminham contra a agenda escolhida tendem a sofrer da grande imprensa e dos grandes articulistas oposição no campo das ideias. E uma constante fiscalização. Os que conjugam com a agenda ofertada, tendem a receber atenção e elogios. Mas isto não significa que estão imunes à constante fiscalização.

Encontro na agenda da grande imprensa e dos grandes articulistas a reforma tributária, o controle inflacionário, a responsabilidade fiscal, a privatização, a defesa por maior investimento estatal em infraestrutura, a educação, a segurança pública, a transparência e a eficiência da máquina pública. Esta agenda foi construída em razão das opiniões dos seguintes atores: acadêmicos, mercado (Este reconhecido como um ator político), e profissionais do mercado.

Os temas apresentados vieram à tona lentamente no Brasil. O início da ebulição destes temas ocorreu na curta era Collor. E se consolidou na era FHC. Alguns dos temas foram incorporados na era Lula pelo PT. Outros não. No governo Dilma ocorre algo semelhante.

Em 2014 a agenda da grande imprensa e dos grandes articulistas não mudará. Os que desejam ser presidentes precisam conquistar a admiração e o respeito da grande imprensa e dos grandes articulistas.

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