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Um mês de mobilização preventiva contra o suicídio. A campanha Setembro Amarelo foi criada para informar sobre depressão e outros transtornos mentais, uma vez que pensamentos que podem levar ao suicídio têm relação com diversos quadros clínicos. O esforço para combater essas doenças não está restrito ao Sistema Único de Saúde (SUS). A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) usou a data para incentivar planos de saúde a oferecerem programas preventivos. Atualmente, o cadastro da autarquia já totaliza 42 iniciativas, que abrangem várias áreas de atenção, incluindo a de saúde mental.

A Agência Brasil contatou duas operadoras de saúde, para conhecer seus respectivos programas. O Única Mente, da SulAmérica, e o Reinventar, da Caixa de Assistência à Saúde da Universidade/UFMG (Casu), que tratam especificamente de saúde mental.

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O programa Reinventar foi lançado este ano e contou a adesão de cerca de 30 pessoas, demanda que, segundo a gerente de Promoção da Saúde da Casu, Janaína Baronto, superou as expectativas. Na avaliação da profissional, um foco maior na Atenção Primária tem impulsionado a expansão do que chama de "metodologia de autocuidado aplicado".

Janaína afirma que essa tendência reforça a noção de que a saúde do indivíduo deve tratada como um todo. Alguém com diagnóstico de depressão grave, exemplifica ela, não pode ser instruído apenas sobre diabetes, mas também sobre a importância de se alimentar corretamente, porque, com tal estado mental, poderia até mesmo estar pulando refeições. "Se um [aspecto da saúde] não estiver bem, [o tratamento] não vai dar certo ", diz.

A coordenadora do setor de Práticas de Saúde Integradas da Casu, Larissa Garbocci, comenta que não é a primeira vez que o plano desenvolve um programa na área de saúde mental, tendo implantado outro há alguns anos. O projeto foi descontinuado por volta de 2011, devido a mudanças na diretoria da associação.

Foi por notar um aumento nos atendimentos de psiquiatria e psicologia que a Casu decidiu implantar novamente a ação. O balanço anual da ANS confirma a alta procura por profissionais de saúde mental. Tanto em 2017 quanto em 2018, a consulta com psicólogos foi o segundo procedimento ambulatorial mais frequente, perdendo apenas para as sessões com fisioterapeutas. Nessa lista, entram também consultas e sessões com fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e nutricionistas.

No segundo semestre de 2017, foram realizadas 8,2 milhões de consultas ou sessões com psicólogos. No mesmo período de 2018, o número de atendimentos superou os 9 milhões. As consultas psiquiátricas também apresentaram aumento. No segundo semestre de 2017 foram 2.312.341. No mesmo período do ano seguinte foram 2.515.989 consultas ou sessões.

"O objetivo do programa é visar o autoconhecimento, a inteligência emocional, estando pautado na história de cada um, no reconhecimento de habilidades individuais. Não foca em associado que já esteja adoecido, porque, no trabalho em grupo, a gente tem que tomar cuidado com isso. Por isso, é pensado de uma forma mais preventiva, porque tem questões que a gente não consegue trabalhar em grupo", esclarece Larissa.

Para a assistente social, trabalhar de forma coletiva faz com que os participantes do programa percebam seus problemas sob outro ângulo. "Às vezes, sozinho, ele acha que é uma coisa só dele", diz.

Acolhimento

O Única Mente, da SulAmérica, conta com 70 psiquiatras e 40 psicólogos. Um dos principais objetivos é agilizar e priorizar pacientes com transtorno mental no agendamento de procedimentos médicos.

A diretora técnica médica da SulAmérica, Tereza Veloso, ressalta que, de 2017 para 2018, houve um crescimento de 180% em consultas psiquiátricas e 79% em sessões de psicoterapia, entre os usuários do plano. Segundo ela, muitas demandas de saúde mental também têm aparecido nos demais programas que a operadora mantém.

O programa tem duas linhas: a disponível para os beneficiários do plano em geral e a empresarial, que leva o serviço a companhias interessadas. "O programa tem um braço que cuida do individuo, alguém que procurou a gente, seja através de uma consulta ou através de um programa de gestão em saúde ou porque ligou pra nossa central de orientação e pediu uma ajuda, ele é acolhido e passa a ser atendido por uma equipe multiprofissional, de psicólogos, psiquiatras e enfermeiros especializados em doenças psiquiátricas. Nesse período, ele passa a não ter mais limite na quantidade de acesso a consultas, psicoterapia. O programa é desenhado com base nas necessidades do indivíduo", detalha.

"No país, ainda existe um receio muito grande de se expor, quando você tem alguma doença psiquiátrica. Mais do que qualquer coisa, esses pacientes precisam ser acolhidos de alguma forma e entender que precisam ser cuidados e reabilitados. Em paralelo, existia um pedido forte das empresas para que a gente pudesse ter um braço de atuação dentro delas, pra ajudar na prevenção", acrescenta.

Rol de procedimentos

Para garantir que pacientes com transtornos dessa natureza tenham um atendimento adequado, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) também exige das operadoras de planos de saúde que cumpram uma série de regras. Os procedimentos estão previstos na Resolução Normativa nº 428/2017 e visam resguardar os direitos dos pacientes quanto a consultas médicas, internação hospitalar, consultas com psicólogo e terapeuta ocupacional e atendimento em hospital-dia psiquiátrico.

Pessoas com diagnóstico de transtornos de personalidade, por exemplo, têm assegurado um mínimo de 18 sessões de psicoterapia por ano. A quantidade também é garantida a pacientes com transtornos do humor, como depressão e transtorno afetivo bipolar.

Na resolução, a ANS também destaca que os planos de saúde devem colaborar para desestigmatização de pessoas com transtornos mentais. As operadoras têm, ainda, o compromisso de contribuir para disseminar uma cultura contra a institucionalização desses pacientes. A posição da autarquia é de que a internação psiquiátrica seja empregada apenas em último caso e mediante indicação de um médico assistente. O entendimento é de que se priorize o atendimento ambulatorial e em consultórios.

 

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O curso de Psicologia da UNAMA - Universidade da Amazônia promoveu na quarta-feira (18), em alusão ao Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio criado em 2015a palestra "Saúde Mental e Suicídio". O evento, que reuniu mais de 200 pessoas, ocorreu no campus Alcindo Cacela, em Belém.

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Nos últimos anos, houve aumento no número de pessoas com diagnóstico de depressão e também no índice de suicídios. Segundo estudo da Organização Pan-Americana da Saúde, em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS Brasil), cerca de 800 mil pessoas se matam todos os anos no mundo. Diante da relevância do assunto, os professores de Psicologia, com apoio do Núcleo de Responsabilidade Social da UNAMA, convidaram profissionais para debater o tema.

Para Ana Carolina Peca, coordenadora de estágio de Psicologia da UNAMA, as demandas para atendimento psicológico estão cada vez maiores. "Há dois anos a nossa demanda semestral era de 400 pessoas; agora são mais de 1.600 pessoas por semestre. É um aumento significativo e isso denota o tamanho do sofrimento das pessoas", afirmou.

Segundo Alessandro Bacchini, coordenador do curso de Psicologia da UNAMA, a comunidade pode contar com o atendimento profissional oferecido pela clínica psicológica da universidade. "Temos acompanhamento voltado para pessoas de baixa renda. Trabalhamos também com plantão psicológico, com grupos vivenciais (com demandas das escolas), rodas de conversas com pais de crianças autistas. Só é cobrada uma taxa simbólica de R$ 10,00, mas quem não tiver condições de pagar a taxa faz uma cartinha e a gente consegue baixar, porque o que importa para a gente é ajudar", disse o coordenador.

A primeira palestrante foi Dorotea Albuquerque Cristo, professora da UNAMA e psicóloga da Sespa (Secretaria de Estado de Saúde), que falou sobre a atenção e o cuidado que as pessoas precisam ter com sinais aparentemente simples, como fazer as coisas que os outros querem só para ser aceito em determinado grupo, mas que podem ser determinantes para o caso de depressão. Segundo a profissional, é preciso que os profissionais de Psicologia ouçam seus pacientes com empatia. Não apenas os psicólogos, mas todos os que estiveram ao lado de pessoas que queiram desabafar algo que está incomodando. 

Márcio Valente, professor de psicologia da UNAMA, falou sobre as pesquisas que fez baseadas no holocausto judeu, durante a Segunda Guerra Mundial. Ele citou que falar o que se vive, ou o que se viveu, é a forma de ressignificar o que a pessoa está sentindo, evitando, assim, a depressão, mas para isso é preciso que alguém esteja disposto a ouvir. “É uma escuta que acolhe aquilo que é tão difícil de perceber, ou seja, aquela pessoa que está próximo a mim está sofrendo. Mais que escutar, é apoiar e ter a atitude de auxiliar a pessoa a procurar ajuda, o que não estamos conseguindo fazer, porque não temos tempo para perceber que algo não está bem”, disse o professor.

A professora Elizabeth Samuel Levy abordou o tema “Será que sofremos mais hoje?". Durante a palestra, ela citou vários motivos que mostram que as pessoas estão sofrendo mais. Segundo ela, síndrome do pânico e neurose de angústia são os casos com maior frequência nas clínicas, e a maioria entre jovens.

José Jacob, empresário paraense, falou sobre a dor que sentiu ao perder sua filha para o suicídio, em 2017. Ele disse que percebeu que tinha algo errado com a filha e tentou buscar ajuda em um retiro de dez dias, no Rio de Janeiro. “No retiro ela teve um surto e tivemos que voltar a Belém. Foi aí que começou o verdadeiro pesadelo, porque na volta, no avião, ela fez um gesto que nunca tinha feito. Pegou minha mão, me abraçou e ficou quietinha ali comigo. Depois que chegamos, no dia seguinte, ela fez outra coisa que nunca tinha feito: bateu na porta do meu quarto e me convidou para tomar café”, disse, com lágrimas nos olhos, ao recordar que na tarde daquele mesmo dia receberia o telefonema de que ela havia se jogado do apartamento onde morava com a avó paterna.

O empresário relatou que precisou vencer o sentimento de culpa e entendeu que precisava fazer algo para ajudar pessoas que passaram por situações parecidas e a tentar evitar que isso se repetisse. José criou o Instituto Ana Carolina, em julho deste ano, que ajuda as pessoas que com depressão ou familiares e amigos das vítimas do suicídio.

Para Enzo Walker, aluno do 8° semestre do curso de Psicologia da UNAMA, a palestra foi importante para mostrar que é preciso ter o autocuidado e o olhar carinhoso com o próximo. “Procure escutar o próximo e, mais importante, procure mostrar que você se importa, que você tem amor e carinho por essa pessoa, porque só assim as relações se fortalecem”, disse o estudante.

Rachel Abreu, antropóloga e membro do Núcleo de Responsabilidade Social da UNAMA, disse que o evento trouxe discussões sobre as causas e consequências do suicídio. Segundo ela, os transtornos não são elementos banais e é extremamente necessário que sejam analisados. "É importante que a academia faça essa discussão, não apenas no Setembro Amarelo, mas ao longo do ano. Que a gente consiga ter uma sensibilidade maior de perceber os nosso alunos, os nossos colegas de trabalho e o nosso mundo para que se evite que algo mais conflitante venha ocorrer com as pessoas que estão ao nosso redor”, concluiu Rachel, ressaltando a satisfação de ver o auditório lotado durante toda a programação.

A campanha Setembro Amarelo propõe um período de alerta e busca por informações para prevenir o suicídio, ato decorrente de uma série de questões e que pode afetar indivíduos de diferentes classes sociais e idades. Um assunto que deve ser tratado com empatia e solidariedade.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos. Para cada ato de suicídio, há muito mais pessoas que tentam tirar a própria vida. A tentativa é o fator de risco mais importante para o suicídio. "Nem todos que cometem suicídio tinham depressão e, nem todos depressivos são suicidas. A vontade de pôr fim à vida vem mediante ao despreparo do ser humano em tratar os momentos ruins da vida", explica a psicóloga chefe do aplicativo FalaFreud, Sabrina Ferrer.

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Muitas tentativas de suicídio são sucessivas de grandes perdas, tragédias ou até mesmo frustações. "Não somos preparados para vivenciar coisas ruins, lidar com decepções é muito doloroso para a maioria. Todos devem e podem se ajudar, com palavras e escutas, simples gestos fazem muita diferença", afirma Sabrina. Não existe a melhor maneira de lidar com situações de tragédias, perdas ou dificuldades. "As pessoas precisam aprender e entender que elas podem lidar com seus problemas, ajustando seus hábitos de maneira positiva. Fazer o que gosta é muito importante", complementa.

Segundo a especialista, é possível identificar quando alguém próximo está passando por alguma dificuldade, ou dando indícios de suicídio, com a mudança de comportamento e atitudes. Na maioria das vezes, essas pessoas não conseguem perceber a real necessidade da ajuda de um profissional da saúde. "Este é um processo que requer habilidade emocional de quem está à frente desta conversa, o principal ponto a ser abordado são as mudanças, as necessidades, o enfoque de que a vida é o bem mais precioso, e também de que todo problema tem solução", orienta.

Na Semana Mundial da Prevenção do Suicídio, a Câmara Municipal do Recife vai debater o assunto em uma audiência pública que acontece nesta quinta (12), a partir das 14h, no plenarinho da Casa. O debate é oriundo de um pedido do vereador Hélio Guabiraba (sem partido). 

Segundo o parlamentar, os dados de que a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo são preocupantes. “No novo relatório da Organização Mundial da Saúde mostra que 800 mil pessoas se suicidam por ano no mundo, mais do que vítimas de guerra. No entanto, os estudos apontam que 90% dos suicídios podem ser evitados e por isso é tão importante falar sobre o tema para nos unirmos”, ressaltou.

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Guabiraba ainda contou que na audiência também será tratado sobre o mal do século: a depressão. “Também precisamos falar sobre a depressão, que provoca uma tristeza profunda e um forte sentimento de desesperança. A depressão não é drama, não é para chamar a atenção e muito menos é frescura”, complementou.

Devem participar da audiência representantes da Sociedade Pernambucana de Psiquiatria, Conselho Regional de Psicologia, Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), Secretaria de Saúde da Cidade do Recife e a Secretaria-executiva de Políticas sobre Drogas.

O Centro de Valorização à Vida (CVV), que realiza um trabalho de apoio emocional e prevenção ao suicídio atendendo voluntariamente e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por meio do número 188, e-mail e chat 24h também foi convidado para o debate.

*Com informações da Assessoria de Imprensa

Os memes são desenhos ou imagens com frases engraçadas ou bizarras. Entre esses, existe o meme depressivo, que pode influenciar pessoas vulneráveis psicologicamente. Cada vez mais, hoje, jovens frequentam as redes sociais em busca de alternativas para expressar seus sentimentos, e uma delas é o compartilhamento de memes depressivos.

Os memes realmente dão sinais? Talvez sim. Segundo a psicanalista Elizabeth Levy, docente do curso de Psicologia na UNAMA - Universidade da Amazônia, pode ser que esse jovem que compartilha memes esteja em um processo autodestrutivo, com ideias suicidas, se identificado com situações de morte ou até mesmo ter tido uma perda e desilusão grande, e os memes vêm apenas para influenciar.

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“Tem memes que me representam em determinadas situações”, relata Fabrício Malcher, internauta que compartilha essas imagens.

O que para alguns pode ser apenas brincadeira, para profissional da área, tanto de saúde mental quanto áreas afins, é uma preocupação muito grande. De acordo com a psicanalista, que tem trabalhado com temáticas voltadas ao comportamento nas redes sociais e os sofrimentos psíquicos, as pessoas escondem seus problemas reais na internet. Crianças que são extremamente inibidas acabam fazendo amigos crianças, jovens e até adultos. No caso dos adolescentes, o “melhor amigo” é o Youtube. Para a psicóloga, eles se esquecem de ter uma vida social e desconsideram a importância das relações. 

“Os pais devem estar sempre muito perto dos filhos, em diálogos, momentos de sentar na mesa e brincar. Se os pais tiverem um bom relacionamento com o jovem, dificilmente ele entrará em quadros depressivos, e se entrar, que esses pais possam ajudar nisso. Por que será que meu filho está trancado horas e horas no quarto? Com quem ele está falando? O que ele está fazendo? Quais são as relações dele e pelo que ele se interessa? Então tem que se aproximar. Além dos pais, a escola também é uma via de saber o que está acontecendo. Essas coisas que dizem 'porque quem quer se matar não diz', diz sim. Ou através de palavras ou de sinais e às vezes não queremos ver”, alerta a professora.

Segundo a professora, as redes sociais são muito interessantes também positivamente. "Deve-se ter campanhas educativas em relação à saúde mental dos jovens, adolescentes e crianças, alertando para o uso abusivo indiscriminado de memes, para que todos fiquem atentos a esse fenômeno que está acontecendo hoje", diz Elizabeth. "Ademais, os pais e responsáveis podem pedir ajuda psicológica. Psicólogos e até psiquiatras podem dar suporte em psicoterapia e avaliação para medicação."

A UNAMA, informa a professora, oferece atendimento gratuito no sreviço de Plantão Psicológico. São até dois encontros. Depois, a pessoa pode ser encaminhada para a psicoterapia por R$ 10,00 a sessão, na própria Clínica de Psicologia da UNAMA. Elizabeth ressalta que jovem, adolescente ou criança em situação de risco deve procurar ajuda.

Com reportagem de Quezia Dias.

 

 

Carlinhos Maia foi alvo de uma nova polêmica no último domingo, dia 1º. Um vídeo do humorista começou a circular na web, em que ele falava sobre seus fãs jovens, que mandavam mensagens para ele falando sobre suicídio:

- Você achava mesmo que ia ser fácil? Eu vejo meninos aqui com 16 anos me mandando: Eu quero me matar. Vai, ô, imbecil. Vai se matar porque você nem começou a vida ainda.

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O comentário não agradou os internautas e até mesmo Felipe Neto se pronunciou sobre o assunto. Carlinhos, então, decidiu usar seu Instagram para esclarecer o caso. O influencer disse que seu comentário foi tirada do contexto, já que fazia parte de uma reflexão em que ele falava para seus seguidores não desistirem na primeira tentativa. Maia também disse estar sendo alvo de grupos de haters no Instagram, que criavam polêmicas às suas custas sempre que ele estava em um momento bom da carreira.

- Meus amigos, meus fã clubes, pediram pra me pronunciar, mas não é um pronunciamento não. Hoje eu vou postar aqui o vídeo completo que eles pegaram e cortaram um pedacinho. Das outras vezes eu não salvei vídeo, não tinha o vídeo, mas dessa vez meus seguidores estão tão calejados que salvaram toda a minha reflexão. Pra quem não entendeu, fiz uma reflexão sobre não desistir na primeira pancada, não tem nada a ver com depressão. [...] Em momento algum falei sobre depressão, o assunto não era esse, era sobre gente que desiste na primeira pancada e cobiça o que é dos outros. Mas cortaram um pedaço que parecia que eu estava dizendo pra um garoto que mandou mensagem pra mim. Mas eu estava falando no todo, não de quem tem distúrbios psicológicos, em nenhum momento eu falei de distúrbios psicológicos. Estou dizendo isso porque graças a Deus eu tenho um monte de pessoas que salvaram essa reflexão e me mandaram na íntegra, pra mostrar que em momento nenhum falei de depressão, incitei nada, jamais faria isso. [...] Mesmo assim vão continuar, porque eu incomodo. Fazer o quê?

Carlinhos não parou por aí, e repostou várias mensagens que vinha recebendo, inclusive de um advogado, e disse que dessa vez tomaria medidas legais contra os haters. Ele também deu uma indireta à Felipe Neto e aos outros influencers que criticaram seu posicionamento.

- Chega de tanta maldade, de tanta denúncia, gente querendo acabar com a minha reputação, inclusive digital influencer que não fazem nada pela vida de ninguém, você vê que eles não dão um real do bolso pra p***a nenhuma.

Eita! O que você está achando dessa polêmica?

A barriga dói na expectativa da primeira curtida. E, se alguém com menos seguidores consegue "bombar" nas redes sociais, logo vem a sensação de fracasso como um aperto no peito. Parece ficção científica, mas é de verdade: a vida digital descontrolada tem causado efeitos no bem-estar de adolescentes e jovens. Enquanto eles começam a descobrir as emoções a que são expostos na internet, cientistas de todo o mundo estão atrás de evidências para entender como e por que estar nas redes sociais pode alterar o equilíbrio mental de quem já cresceu conectado.

"O Instagram era vinculado diretamente a minha autoestima, imagem e valor. Se não recebia muitos likes, começava a questionar o que fiz de errado", diz a influenciadora digital Daniela Zogaib do Nascimento, de 25 anos. O Photoshop turbinava as fotos para os 78 mil seguidores, mas nunca era suficiente.

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"Estamos todos nos comparando e nos sentindo mal porque tem sempre alguém acima que nos gera incômodo", diz ela, que evitava até encontros presenciais com medo de frustrar quem a conhecia só pelas telas. Acuada, resolveu reagir: apareceu sem maquiagem ou filtros e relatou em um vídeo a pressão virtual. "Quando você está nessa teia, não consegue pensar como pessoa normal."

Para especialistas, a multiplicação de imagens que sugerem vidas perfeitas, como as que Daniela acessava, pode tirar o sossego de adolescentes e jovens. "Acreditamos que o tempo de tela em que há comparação social, como fotos de colegas exibindo corpos perfeitos, tem correlação com sintomas de depressão na adolescência", disse ao Estado Elroy Boers, do Departamento de Psiquiatria da Universidade de Montreal, no Canadá. Boers é autor de estudo publicado neste mês no periódico Jama Pediatrics, que relacionou aumento de tempo nas redes sociais e na televisão a sintomas de depressão.

Durante quatro anos, 3,8 mil jovens de 12 a 16 anos preencheram questionários sobre o tempo em que permaneciam em frente a diferentes tipos de telas e sintomas de depressão. De acordo com Boers, além do fenômeno de comparação, outra hipótese é a de que algoritmos das redes (que permitem que conteúdos semelhantes aos já acessados sejam entregues aos usuários) podem reforçar quadros depressivos. Se o usuário pesquisa "magreza" ou "depressão", mais conteúdos relacionados ao tema são oferecidos.O estudo não identificou elo entre videogames e depressão.

A pesquisa canadense se soma a outras que dão pistas sobre essa relação. No início do ano, estudo publicado na revista Lancet deu número aos riscos. Com base em dados de 10 mil adolescentes de 14 anos, o levantamento revelou que, entre os que passam mais de cinco horas por dia nas redes sociais, o porcentual de sintomas de depressão cresce 50% para meninas e 35% para meninos. Mesmo entre os que passam três horas há elevação de sintomas, de 26% para elas e 21% para eles.

Especialistas têm se preocupado com os dados, mas são cautelosos ao buscar relações de causa e efeito. Sabe-se que a depressão depende de muitos fatores e, portanto, atribuir o distúrbio apenas à rede social seria reduzi-lo.

"Há fatores predisponentes, como famílias desestruturadas, histórico, baixa autoestima. Mas, na medida em que jovens entram na rede social, isso puxaria o gatilho da predisposição. É um novo palco para manifestação dos problemas", diz Cristiano Nabuco, do grupo de dependências tecnológicas do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP). "Hoje, com as redes sociais, temos 5 mil amigos; nosso cérebro entende que estamos sempre muito atrás de muitas outras pessoas."

Twitter e Instagram planejam mudanças

Em meio a uma maior preocupação sobre saúde mental em tempos de internet, o Instagram anunciou neste mês o fim da contagem de curtida em fotos e visualizações de vídeos. A iniciativa é um teste no Brasil. "Não queremos que as pessoas sintam que estão em uma competição", informou. Um levantamento de 2017 da Sociedade Real para Saúde Pública (RSPH), do Reino Unido, reconheceu a rede como a pior para a saúde mental de jovens.

Depois de perceber que estava em uma "paranoia" no Instagram, o estudante Maurício Oliveira, de 20 anos, suspendeu o acesso por um tempo. Antes, buscou até "compra de likes" para melhorar a performance. "Costumava publicar em horários com pico de acesso e, quando mais novo, cheguei a apagar quando via que não teve engajamento. Gerava a ansiedade."

Testes como o do Instagram também estão no horizonte de outras empresas. Em sua plataforma de experiências lançada neste ano, o Twitter estuda recurso de esconder botões de likes e retuítes. O controle do tempo gasto nas plataformas já é possível por meio de ferramentas no Facebook e Instagram.

Contra o bullying, outro fator para desequilíbrio emocional dos jovens, o Instagram anunciou, ainda, recurso de alerta de ofensas. No Brasil, as agressões virtuais ganharam contornos trágicos há duas semanas, quando a influenciadora Alinne Araújo, de 24 anos, suicidou-se depois que o noivo terminou o relacionamento, na véspera do casamento. Ao publicar a decisão de casar-se consigo mesma em uma de suas contas, usada justamente para relatar a luta contra a depressão, Alinne recebeu uma chuva de críticas.

Para Rodrigo Martins Leite, coordenador dos ambulatórios do Instituto de Psiquiatria da USP, o caso revela um paradoxo: mesmo super conectados, talvez os jovens estejam mais sozinhos do que nunca. "No início, tinha-se a ideia de que as redes seriam potencializadoras de relações sociais concretas, mas estamos nos estranhando", diz.

Para se blindar de sensações desagradáveis, o chamado "unfollow terapêutico" virou recomendação médica. E, segundo Leite, buscar contato presencial com pessoas - no lugar de arrobas - continua sendo a melhor saída contra a sensação de isolamento.

Isolamento pode ser indício a pais

1. Mediação. Redes sociais não são nocivas por si só e podem ser úteis para estudos e relacionamentos, mas dependem de mediação. Para Anna Lucia King, doutora em Saúde Mental pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pais devem ficar atentos ao comportamento dos filhos, como tempo de conexão e teor de conteúdos vistos e publicados.

2. Tempo de tela. É importante garantir que o uso da internet não se sobreponha a momentos de interação presencial com a família e amigos e às atividades físicas. O horário de sono também deve ser preservado.

3. Sinais. Não é simples perceber depressão em crianças. "Dificilmente elas vão falar", diz Rodrigo Leite, psiquiatra da USP. Isolamento, mudança brusca de humor e troca repentina de amigos podem ligar o sinal amarelo.

4. Apoio. Se for detectado um sofrimento ligado à internet, deve-se buscar ajuda profissional. Em alguns casos, pode ser recomendado deixar de seguir perfis considerados nocivos ou mesmo se afastar de algumas plataformas por um tempo.

'Na verdade, você está preso’

Depoimento de Paula Silva, de 18 anos, estudante:

"Não acho que minha depressão veio da internet, mas a internet colabora. Fico em uma bolha, posso conviver com pessoas que pensam como eu, posso criar um modelo de uma vida que não é real e perder o foco do que acontece. Uma das redes que não uso mais é o Instagram. É impossível ver a foto de alguém com um corpo bonito e não se sentir inferiorizada. Você sente que não tem uma vida boa o suficiente. Eu não precisava de mais de três minutos para sentir que precisava mudar tudo em mim. Minhas fotos tinham de ser em um ângulo perfeito, com luz perfeita, sem nada que alguém pudesse usar para criticar. Cheguei ao ponto de demorar horas para postar. Você tem a sensação de liberdade, de que pode falar o que quiser, mas na verdade está preso." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com uma abordagem aprofundada sobre o transtorno, o LeiaJá publica, neste domingo (30), o especial “Ansiedade”. Reportagens multimídia detalham a definição, tipos, histórias e tratamento da doença, por meio de entrevistas com vítimas e especialistas da psiquiatria e da psicologia.

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A primeira reportagem, “Minha mente é um turbilhão de pensamentos irrefreáveis”, descreve a história e o cotidiano de uma vítima do transtorno de ansiedade. A segunda matéria, intitulada “Os brasileiros são os mais ansiosos do mundo”, aponta dados, as causas e tipos da doença.

Na terceira reportagem, “Dependência tecnológica: ansiedade pode ser gatilho”, o LeiaJá mostra como a ansiedade tende a ser o transtorno de origem do uso desenfreado das novas ferramentas digitais. A quarta matéria, “Depressão e ansiedade podem andar juntas”, revela como um processo ansioso pode ser uma ponte para uma crise depressiva.

Por fim, na quinta e última reportagem, LeiaJá explica, em “Muito além do divã: tratamento clínico pode ser integrado”, as formas de tratamento contra os tipos de ansiedade. Os autores das reportagens são os jornalistas Nathan Santos, Marília Parente e Eduarda Esteves; os repórteres fotográficos são Chico Peixoto e Júlio Gomes; o cinegrafista é Roberto Varela; a edição de vídeos é de Danillo Campelo; e as artes são de autoria do designer João de Lima. Convidamos nossos leitores à leitura de todo o conteúdo. Confira a seguir as reportagens do especial “Ansiedade”:

1 - Minha mente é um turbilhão de pensamentos irrefreáveis

2 - Os brasileiros são os mais ansiosos do mundo

3 - Dependência tecnológica: ansiedade pode ser gatilho

4 - Depressão e ansiedade podem andar juntas

5 - Muito além do divã: tratamento clínico pode ser integrado

Transtorno de ansiedade faz vítimas em várias regiões do país. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

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A ansiedade é um sentimento natural, parte do repertório de emoções do ser humano e na dose certa, tende a ser proveitosa por garantir até os dias atuais a sobrevivência da humanidade justamente por ativar o medo quando uma pessoa está em situação de alerta. Uma pessoa ansiosa pode estar doente quando o sentimento se torna um transtorno e causa limitações à vida dela. 

Pensamentos negativos constantes, fobia social, sensação de medo sem motivo real e preocupação em excesso com o futuro são algumas das características que podem indicar um distúrbio de ansiedade.  No corpo humano, a ansiedade é uma sensação decorrente da excessiva excitação do Sistema Nervoso Central consequente à interpretação de uma situação de perigo. É gerada uma descarga de um neurotransmissor chamado Noradrenalina, que é produzido nas suprarrenais, lócus cerúleos e núcleo amigdalóide.

Seja nos ambientes de trabalho, em conversas com os amigos, nos programas de televisão e até no cinema, o assunto se tornou constante nos últimos anos, principalmente entre os brasileiros. O país conhecido mundo afora pela alegria, samba no pé e bom futebol agora também é o mais ansioso do mundo. 

Um relatório divulgado em fevereiro de 2017 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre depressão e distúrbios de ansiedade colocou o Brasil em primeiro lugar entre as nações com maior percentual de pessoas com algum tipo de transtorno de ansiedade. De acordo com o levantamento, 9,3% da população sofre com a doença, cerca de 18 milhões de brasileiros. A porcentagem fica bem à frente de outras nações: nas Américas, quem chega mais perto do Brasil é o Paraguai, com uma taxa de 7,6%. Na Europa, a dianteira fica com Noruega (7,4%) e Holanda (6,4%).

Ranking dos dez países mais ansiosos do mundo:

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Fonte: Global Burden of Disease Study, 2015 - OMS (Organização Mundial da Saúde)

Ansiedade e medo são sentimentos normais que fazem parte de um mesmo espectro e surgem para que o ser humano se proteja de situações arriscadas com danos físicos e psíquicos. É o que destaca o psiquiatra Amaury Cantilino, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “O organismo produz esse sentimento para você se esquivar dos danos e se preocupar com algo que vai acontecer no futuro. É normal e essencial para a nossa sobrevivência. No entanto, se esse mecanismo que o nosso corpo tem para nos proteger funciona excessivamente, passa a ser prejudicial porque a pessoa ao invés de ser ajudada pela ‘ansiedade’ passa a ser atrapalhada”, explica o pesquisador. 

Cantilino chamou atenção para a condição patológica do sentimento. “A ansiedade pode atrapalhar o acometido de diversas formas. Ela provoca um sofrimento significativo, faz com que a pessoa se esquive de situações que ela deveria enfrentar. Os desafios parecem muito maiores do que a nossa capacidade de resolução porque a gente se imagina menor e amplia o tamanho dos problemas. A cabeça da pessoa ansiosa está constantemente diante de desafios insuperáveis e isso transforma o mundo em algo assustador”, complementa. 

Amaury indicou que não há um fator isolado para explicar a alta taxa de transtornos de ansiedade entre os brasileiros. Foto: Júlio Gomes/LeiaJáImagens

Ainda de acordo com a OMS, os transtornos de ansiedade atingem um total de 264 milhões de indivíduos no mundo, uma média de 3,6%. O que leva o Brasil a ter uma média de casos tão alta nos últimos anos ainda é uma discussão em andamento. Amaury indicou que não há um fator isolado para explicar a alta taxa de transtornos de ansiedade entre os brasileiros, mas os fatores socioeconômicos, como pobreza e desemprego, e o estilo de vida acelerado no país são possíveis causas desencadeadoras. 

Na análise do psiquiatra, a sociedade vive conectada em excesso em seus celulares e as pessoas estão sempre ‘plugadas’ para não perderem a informação. “Conflitos interpessoais são um dos grandes geradores da ansiedade. Seja no trabalho pela cobrança ou na família por uma série de inquietudes. Hoje, o excesso de demanda as quais as pessoas se submetem e a carga de tarefas muitas vezes são maiores do que a capacidade dela de aguentar. Não é que o ser humano não possa dar conta, ele até pode, mas não durante tanto tempo”, aponta Amaury.

Na visão de Nadège Herdy, psiquiatra da Rede de Hospitais São Camilo, a ansiedade já pode ser considerada como o mal do século. "A velocidade com que temos acesso à informação hoje e com que somos cobrados gera estresse, pressão, favorecendo a manifestação da ansiedade. Aliado a isso, nos grandes centros a população acaba se impondo a um número exagerado de demandas, pessoas ‘multitarefas’, que precisam dar conta de vários trabalhos, do trânsito, ter tempo com filhos. Situações estressantes seriam a desigualdade social, pobreza, desemprego, violência, além da preocupação financeira. Elas podem gerar tensão favorecendo a manifestação do transtorno", descreve a médica.

Cada transtorno de ansiedade tem sintomas e um tratamento diferente. São diversos distúrbios e elencamos os principais:

Fobias Específicas:  São medos irracionais e específicos de determinado objeto, animal, atividade ou situação. A fobia não apresenta necessariamente uma lógica para seu desenvolvimento. Geralmente é algo que não apresenta perigo real. São comuns a claustrofobia, aracnofobia, agorafobia (medo de ficar sozinho em lugares públicos), acrofobia (medo de altura) e outros.

Fobia Social: Este distúrbio causa extremo desconforto e pavor em situações sociais, como ambiente novos, festas, apresentações em público, reuniões, entre outras. O indivíduo sente mal estar, palpitações, suor excessivo, agitação do corpo, náuseas e medo.

Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): Esse transtorno ocorre quando a ansiedade persiste por muito tempo e interfere nas atividades do dia a dia. O principal sintoma é preocupação excessiva, constante apreensão, tensão muscular e dificuldade para relaxar. 

Síndrome do Pânico: Este é um transtorno de ansiedade no qual ocorrem crises inesperadas de desespero e medo intenso de que algo ruim aconteça, mesmo que não haja motivo algum para isso. A possibilidade de acontecer os ataques de pânico provoca perda de controle e medo de enlouquecer ou ter um ataque do coração. Quem sofre do Transtorno de Pânico sofre crises de medo agudo de modo recorrente e inesperado. O organismo quando vai se preparar para a luta ou fuga, o coração acelera, a musculatura fica mais tensa e a pessoa vai precisar acumular oxigênio para lidar com a situação. Algumas pessoas podem ter esse tipo de reação sem nenhum risco iminente ou fator específico. 

Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC): Este é um distúrbio psiquiátrico de ansiedade. O indivíduo apresenta crises recorrentes de pensamentos obsessivos, intrusivos e comportamentos compulsivos e bastante repetitivos, como lavar as mães a cada uma hora, por exemplo. Alguns portadores dessa desordem acham que, se não agirem assim, algo terrível pode acontecer.



A psiquiatra Nadège Herdy destacou também que a incidência da ansiedade aumentou nos últimos anos e é um problema que impacta as pessoas de todas as idades, em especial adultos e jovens. Para ela, o aumento da prevalência de transtornos de ansiedade tem relação "provavelmente" com a velocidade em que recebemos informação e somos cobrados a oferecer informação. "A internet trouxe conhecimento e isso não tem volta nem deve ter, também trouxe benefícios imensuráveis, porém é uma fonte de pressão e estresse se pensarmos na velocidade, na possibilidade de nos comunicarmos com muitas pessoas ao mesmo tempo na quantidade de afazeres que acabamos acumulando", detalha. 

A pesquisadora alertou sobre possíveis diagnósticos em pessoas predispostas a ter ansiedade. "A ansiedade tem etiologia multifatorial, portanto pessoas geneticamente vulneráveis a desenvolver transtornos ansiosos, se expostas a situações estressantes ou traumas, poderão evoluir com quadro clínico de ansiedade. Por isso a importância de se falar mais sobre isso e, quem sabe, possibilitar que as pessoas elaborem maneiras de conviver com a velocidade de informação de forma mais saudável", diz a estudiosa. 

Não há, no Brasil, pesquisas empíricas especializadas em mapear as origens das ansiedades no país. Sabe-se, no entanto, que a saúde mental dos brasileiros não está nada bem. Um levantamento do 'Datafolha' divulgado em setembro de 2018 mostrou que 78% dos entrevistados estão desanimados com o país, 68% sentem raiva quando pensam no Brasil e 59% têm mais medo do futuro do que esperança. 

O médico psquiatra Amaury Cantilino, com 25 anos de carreira, percebeu a crescente demanda de pacientes em seu consultório. Ele exemplifica que as pessoas estão à procura do tratamento porque agora têm mais acesso à informação. "Antes, as pessoas tinham esses transtornos e viviam as suas realidades sem se tratar. Hoje, a sociedade não quer limitações e por isso busca as melhorias. Acredito que os diagnósticos aumentaram pela realidade turbulenta da atualidade, mas não dá para comparar com o passado porque pouco se falava sobre o assunto", indicou.

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“Isso é frescura. É coisa de gente sem serviço. Vai lavar uma louça que passa", são frases comumente utilizadas para se referir a pessoas diagnosticadas com doenças mentais.

 No mundo existem cerca de 700 milhões de pessoas com transtornos mentais, diz a OMS. Ao mesmo tempo em que os casos de ansiedade crescem nacionalmente, o preconceito contra os padecentes de transtornos e deficiências mentais não cessam.

 Em 2018, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) lançou uma campanha contra a 'psicofobia' para alertar as pessoas sobre o preconceito com o assunto. A resistência em procurar ajuda em saúde mental pode ser explicada, em parte, pelo preconceito contra as pessoas que têm transtornos. A psicofobia carrega uma herança de séculos de discriminação contra os doentes mentais ao longo da história.

Reportagem integra o especial “Ansiedade”. Produzido pelo LeiaJá, o trabalho jornalístico detalha como a doença afeta pessoas de todo o mundo, bem como mostra as formas de tratamento. Confira as demais matérias:

1 - 'Minha mente é um turbilhão de pensamentos irrefreáveis'

3 - Dependência tecnológica: ansiedade pode ser gatilho

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Pessoas do mundo todo passar por problemas de ordem psicológica. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

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"Parecia uma intoxicação alimentar. Eu tinha crise vômito, náuseas, disenteria, tremores pelo corpo. A hora de dormir não era tranquila como para uma pessoa normal. Eu me deitava e sentia frio do pé até a nuca. Eu não conseguia comer porque colocava tudo para fora e todos os dias eram a  mesma coisa".

O relato da empresária Jéssica Nunes, hoje com 26 anos, ilustra os momentos em que ela mais sofreu na vida. Na infância, após a separação dos pais, ela precisou se mudar de São Paulo para a Suíça, onde enfrentou muitos desafios não só pela diferença da cultura das regiões, mas por ser uma criança negra em um país composto majoritariamente por pessoas brancas.

 Entre sete e quinze anos, os primeiros sintomas, até então desconhecidos, surgiram aos poucos. As náuseas e o enjoo constantes evoluíram para um medo de sair de casa por não saber se teria dores na barriga ou vontade de vomitar. “Tudo foi aumentando e eu tinha medo de ver as pessoas porque eu sentia receio de ter esse ataque. Não sabia o que era no momento, achava que a comida estava me fazendo mal ou poderia ter gastrite”, relembra Jéssica.

As constantes crises, nervosismo e apreensão ao dormir e ao sair de sua casa deixavam Jéssica muito cansada e ela com certa frequência era levada ao hospital para tomar soro e repor os nutrientes do corpo. Tudo se tornou um martírio e ela precisou conviver com o problema durante anos, sem entender pelo que estava passando. 

“Fiz todos exames para saber qual era o problema na minha barriga, não dava nada. Os médicos diziam que eu estava bem do estômago. Eles receitavam diversos remédios, mas nenhum profissional dizia que poderia ser psicológico”, lamenta a empresário. 

Anos sem entender as razões de seus problemas e uma coleção de traumas. Jéssica tinha 22 anos quando conseguiu finalmente o seu diagnóstico. “Busquei um profissional por indicação e ele me falou que talvez eu precisasse de um psiquiatra. O primeiro que fui me falou que era Transtorno de Ansiedade Generalizada e já me medicou com o antidepressivo. Eu não me adaptei muito bem, não queria acreditar que tinha uma doença mental tão jovem”, conta. 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), metade das doenças mentais diagnosticadas no mundo todo começa aos 14 anos. O órgão calcula que um em cada cinco adolescentes enfrenta algum transtorno nessa fase da vida.

 No Brasil, não há muitos estudos para mapear os casos. Em 2015, o Instituto Nacional de Psiquiatria do Desenvolvimento para Crianças e Adolescentes apontou que 13% das pessoas entre 6 e 16 anos tinham transtornos mentais, sendo os mais prevalentes a ansiedade (7%), o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (4,5%) e a depressão (0,5%).

Já nos Estados Unidos, os dados são mais concretos. Uma pesquisa publicada no Journal of Developmental and Behavioral Pediatrics, em 2018, estimou um aumento de 20% nos diagnósticos de ansiedade entre 6 e 17 anos entre 2007 e 2012. 

Jéssica não arrisca dizer com certeza quais foram as causas para ser diagnosticada com ansiedade. Mas ela elenca possíveis acontecimentos em sua vida, quando ainda era muito jovem, que podem ter contribuído para o aparecimento da doença. 

“Eu me mudei para um país estrangeiro com a minha mãe e tudo isso me deixava apreensiva. Depois, precisei voltar ao Brasil, já com 14 anos. Morava praticamente sozinha e era muita responsabilidade e maturidade para uma garota tão nova. Não estava preparada para isso tudo e acabei tendo crises de pânico pela falta de proteção, acredito”, comenta Jéssica.

 Além da ansiedade, a empresária foi posteriormente diagnosticada com depressão. “O que a minha médica me falou é que minha depressão foi derivada do meu tempo sem tratamento. Por eu ter ficado por anos sem entender o que estava acontecendo, eu tive que me isolar muito e ficar dentro de casa, com pensamentos desagradáveis”, diz. 

Nos últimos dez anos, o número de pessoas com depressão aumentou 18,4%. Foto: Chixo Peixoto/LeiaJáImagens

A ansiedade e a depressão são problemas distintos, cada um com suas próprias características, e muitas vezes são até considerados opostos. Porém, na realidade, essas duas condições podem, sim, coexistir em uma mesma pessoa. É o que explica a psiquiatra Nadège Herdy.

“Ansiedade e depressão tem uma relação importante. O Transtorno de Ansiedade Generalizada, por exemplo, que é caracterizado pela preocupação excessiva há pelo menos seis meses, tem uma relação forte com a depressão. Quem tem esse diagnóstico corre o risco 33 vezes mais, do que a população geral, de apresentar transtorno depressivo”, analisa a pesquisadora. 

A médica aponta ainda que apresentar os dois transtornos complica o curso, torna a recuperação mais difícil. “Em geral o transtorno de ansiedade precede os transtornos depressivos, funciona como um fator de risco para depressão, ou acabam aparecendo juntos. É mais grave ter as duas condições”, complementa. 

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Nos últimos dez anos, o número de pessoas com depressão aumentou 18,4%. Hoje, isso corresponde a 322 milhões de indivíduos, ou 4,4% da população da Terra. Os dados vieram à tona em um relatório recente realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Ao todo, 5,8% dos brasileiros sofrem com a doença, a maior taxa do continente latino-americano. A faixa etária mais afetada varia entre 55 e 74 anos. O sexo feminino é o que mais sente as consequências. O total de 7,7% das mulheres são ansiosas e 5,1% são depressivas. A porcentagem cai para 3,6% em ambos os casos.

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Fonte: Global Burden of Disease Study, 2015 - OMS (Organização Mundial da Saúde)

Diagnosticada com ansiedade e depressão e morando no Brasil, Jéssica procurou tratamentos para melhorar o seu quadro de saúde para concluir a faculdade de direito e posteriormente prestar o exame da Ordem dos Advogados do Brasil.

 “Eu estava precisando iniciar uma carreira em uma empresa e não conseguia viajar, não podia dormir, não ficava muito tempo fora de casa. Para ir a um barzinho tinha que pensar muito e saber se eu conseguiria me adaptar com isso. Estava muito magra e doente”, conta. 

O preconceito e o medo da reação das pessoas ao não entenderem a doença afastaram Jéssica, de certa forma, do convívio com amigos. Ela relata ainda que percebia as pessoas mais abertas para aceitar uma doença comum, como sinusite. "Ansiedade é pior ainda das pessoas acreditarem que é algo grave, a depressão também. A sociedade entende como uma frescura, desculpa para algumas situações”, lamenta.

"Me sinto razoavelmente curada, consigo viver uma vida normal". Foto: Arquivo Pessoal

Atualmente, ela mora em Portugal e é empresária do ramo de cabelos. Após quatro anos de tratamento, Jéssica pontua que hoje leva uma vida tranquila e além da medicação, os antidepressivos, pratica atividades físicas que a ajudam muito. Desde que encontrou uma médica de confiança no Brasil se sente mais confortável. “Eu moro fora hoje mas continuo com a mesma profissional. Fazemos a nossa conversa com a ajuda da internet”, explica. 

 Ela casou e conseguiu participar da festa sem passar mal ou ter problemas e crises de vômito. “Moro com meu marido, ele é fundamental na minha vida, assim como a minha mãe e irmã e meu pai. Hoje em dia consigo ir a um ambiente fechado, viajar. Antes, as crises me impediam. Me sinto razoavelmente curada, consigo viver uma vida normal. Só me preocupo um pouco com a saída do remédio no futuro. Por enquanto estou bem, mesmo estando dependente de medicação”. 

 De acordo com o psiquiatra Amaury Cantilino, ansiedade e depressão não necessariamente podem ser ‘curados’. Jéssica sabe disso, mas longe das crises e levando uma vida normal, ela aposta em um futuro positivo. “Isso não significa dizer que eu não vivo uma vida ansiosa, eu continuo com isso, mas hoje sou feliz pelas pequenas possibilidades que conquistei”, conclui.

Reportagem integra o especial “Ansiedade”. Produzido pelo LeiaJá, o trabalho jornalístico detalha como a doença afeta pessoas de todo o mundo, bem como mostra as formas de tratamento. Confira as demais matérias:

1 - 'Minha mente é um turbilhão de pensamentos irrefreáveis'

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3 - Dependência tecnológica: ansiedade pode ser gatilho

5 - Muito além do divã: tratamento clínico pode ser integrado  

"Ser uma pessoa ansiosa é ser agitada”, diz jovem vítima de transtorno de ansiedade. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

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Quem dera que as noites de sono fossem dignas de aliviar angústias assombrosas. Nem no anoitecer, quando corpo e mente padecem por descanso, há calma. Pesadelos parecem tão reais que impulsionam o corpo de volta à realidade e um turbilhão de pensamentos retorna à cabeça de quem vive temendo o futuro. O coração bate de maneira desesperada em um sinal de que um mar de preocupações afoga a mente paulatinamente, ao mesmo tempo em que a respiração ofegante revela que não existem mais sinais de calmaria.

É quase impossível controlar a mente. O futuro, por sua vez, torna-se um “monstro cruel”, envolto por preocupações sistemáticas, muitas vezes sem nenhuma explicação ou justificativa. Todos os dias, persistem medos excessivos do que há por vir, além de um nó na garganta peculiar. Choro, tremores. Dúvidas, mal-estar. Mais dúvidas, mais medo. Corpo e mente vomitam a ansiedade de Isa*.

Isa remexe o olhar. Suas mãos são extremamente inquietas. Os primeiros diálogos com a reportagem quase não têm pontos finais. Ela é intensa nas palavras, expressa como ninguém, por meio da face, cada sentimento descrito em suas frases. Seu corpo fala claramente, balançando de um lado para o outro como se ela estivesse sempre nervosa, talvez angustiada. Respira profundamente antes de organizar suas ideias que remetem à infância, perpassam pela juventude e desembocam em um presente não tão presente assim, já que sua cabeça não esquece o futuro. Como é possível ter tantas preocupações com situações que nem chegaram se concretizar? O que explica ela imaginar os piores cenários possíveis?

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Tais questionamentos são respondidos por Isa, uma jovem de 23 anos. Ela revela ser vítima de transtorno de ansiedade. O que ocasionou? Para ela, existem vários fatores, da infância à vida adulta. Frustrações, conflitos familiares, uma vida profissional marcada por incertezas e relacionamentos amorosos que findaram em lágrimas. Há uma série de situações, segundo ela, que pode explicar seus atritos psicológicos. Um passado que deixa cicatrizes e ainda é capaz de assombrar o futuro.

“Ser uma pessoa ansiosa é ser agitada, é não conseguir parar jamais a cabeça. Ser ansiosa é não conseguir parar onde estou. Não consigo parar no presente! Minha mente é um turbilhão de pensamentos irrefreáveis”, descreve a jovem.

Isa nasceu em uma cidade pacata marcada pelo conservadorismo. Município onde os moradores conhecem uns aos outros. De classe média, a garota teve a oportunidade de estudar em uma escola tradicional, onde construiu sua base de conteúdos estudantis, mas não moral. Ela não compactuava com alguns ideais impostos pelos educadores.

Nesse período, ainda criança, ela acredita que desenvolveu uma estranha atitude oriunda dos primeiros processos ansiosos que enfrenta até então. “Sempre roí muito as unhas, normalmente as pessoas quando estão ansiosas elas roem. Não consigo perceber o que me fazia isso. Depois que eu já tinha roído todas as minhas unhas, eu pedia para roer as dos adultos. Queria continuar repetindo aquele comportamento. Não consigo lembrar o que desencadeava isso”, conta.

Em dado momento, a face de Isa expressa revolta, ao contar detalhes da relação que tinha com o pai. Segundo ela, um homem autoritário, violento, defensor de suas próprias convicções, independente do que pensavam as pessoas ao seu redor. “Meu pai era violento, batia em mim, como uma coisa que ele entendia que era uma ferramenta de educação. Para ele era uma forma de correção. Era autoritário, extremamente rígido. Um homem muito bruto. Apesar de eu gostar dele, quando era mais nova, nunca respeitei meu pai, apenas tive medo. Toda obediência, tudo que sempre fiz para me manter na linha, foi por medo de porrada”, relata.

A jovem aponta a relação conflituosa com o pai como um dos fatores que ocasionaram ansiedade em sua vida. Além disso, revela inquietude na região onde nasceu, afirmando que as pessoas do local a vigiavam por ela pertencer a uma família tradicional. “Comecei a me sentir deslocada e desencontrada no lugar onde vivia. Estava em uma cidade do interior, um local conservador, machista, pequeno, onde as pessoas têm uma mentalidade diferente, todos se conhecem e todos falam a respeito de todo mundo. Todo mundo lá sabia quem eram meus familiares e eu, então qualquer coisa que eu fizesse poderia virar uma fofoca. Não demorei, quase nada, a querer ter liberdade, a ser mais crítica e pensar diferente do povo. Sempre tive o sonho, o plano e a ideia de sair de lá para um lugar mais desenvolvido, com mais horizonte. Me sentia vigiada, tolhida e com medo dos julgamentos”, descreve Isa.

Infeliz na região onde nasceu, Isa conseguiu, por meio da ajuda de familiares, passar alguns dias em uma cidade metropolitana. Foi onde começou a conhecer outras pessoas, desencadeando seu momento de liberdade tão esperado. Alegria à parte, foi nesse período, já na adolescência, que a garota entrou em um ciclo rebelde, quando seus maiores conflitos aconteciam com sua mãe. Elas não eram harmoniosas, muito menos compartilhavam das mesmas ideias. Discussões marcaram essa relação. “Me tornei uma adolescente muito rebelde”, conta.

Um dos conflitos entre mãe e filha aconteceu no momento em que Isa se preparava para prestar vestibular. A jovem optou por uma formação extremamente contestada pelos pais. De acordo com ela, sua mãe nunca aceitou a escolha e, diante da decisão de Isa, proferiu críticas.

Antes da chegada à universidade, no entanto, o momento de preparação para o vestibular também foi marcado por brigas entre mãe e filha, além dos primeiros sinais físicos de que a jovem sofria transtorno de ansiedade. Aos 17 anos, ela mudou-se de vez para a cidade grande, onde ingressou em cursos preparatórios para o processo seletivo. Isa lembra que sentia sérias dificuldades em algumas matérias, uma vez que não tinha familiaridade com essas áreas, porém, sua mãe, não aceitava o desempenho ruim. Dessa forma, as críticas e insatisfação da mãe foram atreladas à pressão pela aprovação no ensino.

“Não passei no vestibular na primeira seleção; me frustrei quando eu vi a nota.  Muitas coisas ruins vinham da minha mãe, ele me acusava que minhas dificuldades em certas matérias vinham da vagabundagem. Me sentia desestimulada, descartada, um zero à esquerda. Sinto que minha mãe nunca acreditou e não acredita em mim”, desabafa.

Apesar da reprovação e principalmente das críticas de sua mãe, Isa insistiu no sonho de passar em um curso bastante criticado pelos pais. Consequentemente, sua postura desencadeou uma pressão ainda maior durante os estudos, devido a uma rotina intensa que envolvia aulas e percursos consideráveis entre o curso e sua residência.

Certo dia, no curso onde estudava, enquanto aguardava em uma fila para ter um texto corrigido, Isa passou mal. “O primeiro sintoma da ansiedade que lembro claramente aconteceu quando eu estava em uma fila para correção de redação com uma amiga, quando, de repente, comecei a me sentir com tontura, falta de ar e tremor; meu coração disparou também. Comecei a tremer e a ficar nervosa. Estava ali vivendo a minha rotina e de repente tudo pipocou! Estava respirando, mas meu coração disparava. Meu corpo começou a reagir com tontura e perda gradual de visão. Tentava respirar fundo até passar. Fui parar em um pneumologista e cardiologista, porém acabei encaminhada para um psiquiatra e psicólogo, porque nada foi constatado. Tratava-se, então, de um problema psicológico”, conta a jovem.

Isa novamente prestou vestibular e foi aprovada. No entanto, a felicidade pela aprovação logo daria lugar a um dos momentos mais difíceis da sua vida. Na época, ela namorava um rapaz que, momentos depois do fim da prova, anunciou o fim do relacionamento.

 “Logo depois da prova do vestibular, ele terminou o namoro. Foi então que tive a minha primeira crise depressiva. Não conseguia minimamente sobreviver, era um zumbi chorão que não dormia, não comia, não fazia nada além de chorar. Sonhava com a criatura, só pensava nela. Não queria ver ninguém, meu coração acelerava. Quando batia a ansiedade, eu ficava nervosa, os pensamentos normalmente eram sobre ele. Eu tinha lembranças do passado e medo do futuro. Era uma sensação de que as coisas não poderiam melhorar”, relata Isa.

“As pessoas precisam entender que ansiedade e depressão caminham bem juntas. E quando você tem as duas é um verdadeiro inferno. Uma vez ouvi uma frase que descreve bem: ansiedade é quando você se importa com tudo e depressão é quando você se importa com nada”, acrescenta a jovem.

Em crise depressiva e ao mesmo tempo sofrendo ansiedade, Isa passou a fazer terapia psicológica e, posteriormente, recebeu atendimento psiquiátrico. Apesar das dificuldades, teve forças para entrar na universidade, fato que, em certa medida, aliviou parte da tristeza que enfrentava na época.

No período, Isa começou a namorar novamente. Apegou-se bastante ao novo relacionamento, mas, novamente, viu uma os vínculos findarem. Ela revela que os familiares do rapaz não gostavam dela por suas posições políticas e ideológicas, e mesmo cobrando uma imposição energética do companheiro, ele se mantinha submisso às opiniões alheias.

“A família dele nunca gostou de mim. Não era a moça bela, recatada do lar, que eles queriam. Me criticavam e ele não me defendia, por isso ficava ansiosa, nervosa, ficava chateada, brigava para ele ser mais energético. Teve um primeiro término que essa questão familiar”, revela Isa.

“Foi quando bateu, além de uma ansiedade gigantesca, a depressão mais pesada de todos. Na ansiedade, em meio a tudo que eu sentia, começaram sintomas que vieram para o corpo. Passei a mexer o meu corpo. Em outro impulso, simplesmente começava, na hora da agonia, a esfregar as unhas na pele. Se tornava ferida. Isso aconteceu quatro vezes, a ponto de rasgar a pele. Já cheguei a me morder. As mordidas deixaram marcas e dor”, conta, demonstrando tristeza.

De acordo com a jovem, o relacionamento foi restaurado. Porém, as obrigações da universidade também motivaram, segundo ela, a manutenção da ansiedade. “A faculdade, depois de um tempo, começou a ser um fator estressante. Demorar a estagiar, todo mundo começando e eu não, sensação de que as coisas não dariam certo. Só comigo que não acontece. Me questionava sobre a minha capacidade. Isso era desesperador”, relata Isa.

Em um ritmo intenso de estudos e afetada pelos efeitos da ansiedade, Isa atrelou à terapia um tratamento psiquiátrico. Por inúmeras vezes, foi vítima de crises ansiosas, as quais descrevem com detalhes: “Quando eu sentia que ia entrar em crise, o coração acelerava e a respiração começava a falhar. Então eu corria para o banheiro, não queria que ninguém percebesse. Apesar do meu processo terapeuta, a ansiedade parecia que não era contida. Não conseguia responder aos meus trabalhos, não conseguia dar conta”.

Ela revela, ainda, que seus problemas psicológicos foram intensificados após mais um término do namoro, desta vez de maneira definitiva. Isa diz que foi um dos momentos mais difíceis da sua vida. Nesse período, sentiu que sua autoestima foi fortemente abalada. “A minha autoestima sempre foi terrível com tudo. Impactou bastante nas minhas relações amorosas. Me sino indigna de ser amada, porque me esforcei muito para que desse certo. Para mim, fui uma ótima namorada para todo mundo que passou pela minha vida. Nunca me achei bonita”, desabafa. “Tenho a sensação de que há algo de errado comido, porque não dou certo com ninguém. Me sinto como se tivesse dedo podre. Mesmo quando eu tenho alguém que parece ser legal, por mais que eu tente acaba não dando certo”, completa Isa.

Isa é resistência. Sofre, cai, mas levanta-se diante da ansiedade. É uma caminhada rumo à recuperação, mesmo a passos difíceis. Ela encara as suas frustrações e medo. Com a ajuda de amigos e especialistas, luta pela saúde.

Isa confessa, no entanto, que é difícil batalhar contra os efeitos da ansiedade – na mente e no corpo -. “Uma pessoa que tem ansiedade ela nunca se prende apenas no presente. Quando estou muito ansiosa, às vezes me pego andando a esmo sem razão alguma. Mesmo sem ter nada para fazer, fico tão inquieta que saio do quarto para a sala, da sala para cozinha, da cozinha de volta para o quarto. Parece que estou procurando o que fazer, mas eu simplesmente não tenho. Minha mente é um turbilhão de pensamentos irrefreáveis. Tenho dificuldade para dormir, o sono é agitado. Às vezes tenho pesadelos e acordo no meio da noite”, descreve.

“O que descreve melhor o turbilhão da minha mente e do meu corpo: ser ansiosa é não conseguir parar onde estou. Não consigo parar no presente. Quem é ansioso se importa o tempo todo e com tudo. Não consegue parar de ter cobranças, está sempre pensando no que pode acontecer. Você pensa no passado. Você pensa no que deixou de fazer. Você não consegue parar de imaginar mil cenários e hipóteses. Não para de pensar como deveria fazer as coisas da sua vida ou como as pessoas estão interpretando as coisas que acontecem com você. Sua cabeça te joga para frente e para trás”, diz, em um ritmo acelerado.

Antes do ponto do final do relato, uma singela pergunta para Isa: O que você espera do futuro? Ela responde: “Essa pergunta me causa ansiedade”.

*Nome fictício

Reportagem integra o especial “Ansiedade”. Produzido pelo LeiaJá, o trabalho jornalístico detalha como a doença afeta pessoas de todo o mundo, bem como mostra as formas de tratamento. Confira as demais matérias:

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Na última sexta-feira (3), a modelo Gabriela Viegas, de 27 anos, foi encontrada morta em Belo Horizonte. A Miss Ilhéus 2018 estava no apartamento do noivo, Lucas Ferrara, no bairro Nova Suíça, região Oeste de Belo Horizonte. De acordo com o G1, o rapaz pediu ajuda aos vizinhos e tentou reanimar a noiva, mas não obteve êxito.

Para a Polícia Militar, o educador físico afirmou que a modelo sofria de depressão e que tinha pedido um tempo no relacionamento para que ela tratasse a doença. O boletim de ocorrência diz que Lucas saiu às 20h40 do apartamento e ao voltar, encontrou a modelo precisando de ajuda. O rapaz tentou reanimá-la e gritou pelos vizinhos, depois desceu com a noiva nos braços até a garagem e continuou a fazer massagem cardíaca, enquanto o socorro não chegava. A morte de Gabriela foi confirmada no local.

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A modelo era estudante de medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Em 2018, Gabriela publicou uma foto onde escreveu: “Estamos na vida de passagem, mas nada nos impede de passar desfilando”.

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Morreu na tarde deste domingo (22) a adolescente Yasmim Gabrielle, de 17 anos. A menina ficou conhecida nacionalmente por suas aparições no Programa do Raul, do SBT, onde atuava como cantora mirim e assistente de palco. A informação foi confirmada por Raul Gil Junior, filho do apresentador da atração.

A última vez que a menina apareceu no programa foi em 2017, quando foi apresentada uma retrospectiva de sua carreira. Em 2012, a mãe de Yasmim morreu de câncer. 

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Nos comentários, internautas lamentaram a morte precoce da adolescente. “Meu Deus, essa menina era cheia de luz e alegria ... não dá pra acreditar”; “Muito triste nunca sabemos o que se passa no coração das pessoas”; “Que triste notícia, eu admirava essa garota, ela era uma grande guerreira”, escreveram.

No último final semana, Whindersson Nunes usou o Twitter para desabafar sobre o seu quadro de depressão. Após preocupar os fãs ao dizer que não sente "tanta vontade de viver", o humorista brincou nesta terça-feira (16), nas redes sociais, ao relatar que vai precisar fazer com urgência uma cirurgia.

Mostrando o bumbum momentos antes de ir para a sala de operação, Whindersson afirmou que vai precisar dar uma pausa na carreira para cuidar da saúde. "Quem diria que em meio a tanta tristeza o que ia me fazer rir seria uma cirurgia, pra vocês verem como a vida é!", explicou

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"Mas enfim, meus amigos, vocês devem ter visto no Twitter ou na TV que eu não estou muito bem. Trabalhei muito nos últimos anos, estou cansado, vou tirar um tempinho pra mim e logo, logo tô de volta cheio de história pra contar!! [...] Espero que vocês aguardem meu retorno. Amo muito vocês, mas pra estar bem pra vocês preciso estar bem comigo mesmo!", completou.

Na publicação do Instagram, por exemplo, Whinderson Nunes recebeu o carinho de Marcos Mion, Claudia Leitte, Carlinhos Maia e da esposa, a cantora Luísa Sonza. "Te amo, minha razão de viver. 'Tamo' junto, sempre", escreveu Luísa.

Confira:

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Na última sexta-feira (12), o humorista Whindersson Nunes revelou aos fãs, via Twitter, que estava triste com a vida há alguns anos. O artista, que é o maior youtuber do Brasil, desabafou na rede social dizendo que todos os dias é tomado por uma angústia. “É tão ruim ficar assim, por que eu já estive lá uma vez, não queria voltar pra lá pq é gelado e sem cor, e eu amo sorrir”, escreveu.

O relato de Whindersson foi considerado pelo fãs um claro sinal da depressão. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 300 milhões de pessoas vivem com a doença em todo o mundo e o Brasil é o campeão de casos na América Latina, com 5,8% da população acometida pela depressão. Considerado o ‘mal do século’, o distúrbio atinge qualquer pessoa e assim como Whindersson, outros famosos já enfrentaram a doença. Relembre:

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Anitta

No final de 2018, Anitta concedeu entrevista ao programa Bem Estar, da Rede Globo, onde revelou ter enfrentado uma forte depressão após o lançamento de ‘Vai Malandra’, em dezembro de 2017. A cantora disse que a doença foi motivada pela competição no mundo artístico e falta de autoestima. “Eu nunca estava feliz com meu corpo. A celulite estava lá, ficava lutando contra elas, que não saía do meu corpo nunca. Mas hoje tenho várias outras coisas que compensam e tá maravilhoso”, enfatizou.

A doença foi tratada com auxílio de medicação e mudança na rotina da artista. “Tirei um pouco de trabalho, fui cancelando alguns compromissos enquanto dava, para poder ter um tempo para mim, viajar, descansar”, contou. A cantora já tinha enfrentado a depressão aos 18 anos, no início da carreira.

Marcos Mion

O apresentador de ‘A Fazenda’ também já enfrentou maus bocados. Em entrevista ao canal do André Vasco, no Youtube, ele falou sobre a depressão que sofreu antes de entrar na TV e como a arte salvou sua vida. Mion contou que ficou depressivo após a morte de seu irmão mais velho, que tinha 18 anos e morreu de forma acidental ao comemorar a aprovação no vestibular para Medicina na USP (Universidade de São Paulo).

"Eu simplesmente não fazia nada, nada. Não conseguia sair do quarto. Engordei mais de 20 quilos. Fiquei gordo, malzaço”, diz. Mion melhorou após a mãe o matricular em uma escola de teatro, onde ele descobriu seu lado artístico.

Padre Marcelo Rossi

O padre Marcelo Rossi enfrentou a depressão durante 19 anos da sua vida. Em entrevista ao Mariana Godoy Entrevista, da Rede TV, o religioso disse que achava que depressão era ‘frescura’ e tinha preguiça de rezar o terço. Ele percebeu que precisava se tratar quando recebeu uma visita do Papa Francisco e não cantou para o chefe da igreja católica.

“Durante a depressão, ser padre se tornou uma profissão. Não deixei de ir em nenhum compromisso, mas já não fazia com amor”, revelou.

 

Selton Mello

O ator revelou em entrevista à revista Veja que enfrentou uma forte depressão em 2008, após parar de tomar remédios para emagrecer. Com a suspensão dos medicamentos, ele chegou a pesar mais de 100 kg e pensou em desistir da carreira. “Vivi um inferno”, disse.

Recuperado da doença, o ator falou que não aceita mais papéis que exijam mudanças no corpo. “Não tenho mais interesse em engordar ou emagrecer para personagem nenhum. Minha vida vem em primeiro lugar. E não tenho mais vontade de fazer qualquer coisa. Dá um trabalho desgraçado, entende? É o teu corpo. Pode ser que eu vá me contradizer mais adiante. Mas aprendi a cuidar de mim e me botar em primeiro lugar. Depois estão os personagens e o trabalho. Essa é uma parte da sua vida, não é tudo”, contou em entrevista ao jornal 'O Globo’.

Whindersson Nunes usou seu perfil no Twitter para desabafar. O humorista surpreendeu aos fãs ao confessar que, apesar da vida bem sucedida, se sente triste e que já não sente 'tanta vontade de viver'. O desabafo aconteceu apenas um dia após o artista ter sofrido diversas críticas, nas redes sociais, por defender o colega de profissão Danilo Gentili, condenado à prisão. 

O humorista começou o seu relato chamando os fãs mais antigos e disse que foi necessário "tomar coragem" para abordar o assunto. Whindersson confessou que há alguns anos vem se sentindo muito triste e que não consegue se ajudar: "Eu sinto uma angústia todos os dias, todos os dias, algumas risadas, algumas brincadeiras e depois lá estou eu de novo com esse sentimento ruim". Ele também disse que teme decepcionar o público e aos familiares e que por isso acaba ficando "preso" em si mesmo.

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O artista também pediu desculpas por se abrir de maneira tão intensa à sua audiência mas disse que era necessário falar sobre o assunto uma vez que já não sente "tanta vontade de viver" e que a única coisa que o deixa feliz é estar no palco. Finalizando, Whindersson disse quer fazer terapia e se ajudar: "Eu quero viver".

O público se preocupou com o humorista e mandou mensagens de apoio a ele. "Não posso fazer muito, mas sinta-se abraçado, querido"; "Isso é normal, mano. Você também é ser humano, estamos aqui para te apoiar"; "Você é muito maior do que o vazio que está sentindo, estamos juntos com você".

Muito além das mentiras socialmente aceitas, quem sofre da mitomania faz do irreal um hábito degradante. Geralmente os pacientes estão cientes das ações, com isso, acabam solitários devido os prejuízos trazidos com esse distúrbio de personalidade que torna a mentira um ato compulsivo. Nesta segunda-feira (1º), é comemorado o Dia da Mentira em todo ocidente, entretanto, na cabeça dos mitomaníacos a mentira se confunde com o que de fato os rodeia.

“O que caracteriza esse distúrbio é a frequência e a intensidade da mentira. Muitas vezes ela não tem um fim prático, então, a pessoa mente em diversas razões para ganho próprio”, explicou a Psicoterapeuta e professora de Psicologia Juliana Pinheiro. É importante destacar que tal hábito traz certo prazer ao mitomaníaco, traduzido no conforto que ele não encontra em convívio social. “Ele sente alívio psicológico com essa mentira. Ele não consegue enfrentar a realidade como ela é”, completou.

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Causado pela baixa autoestima, insegurança ou até mesmo pela falta de autoconhecimento, quem sofre do distúrbio encontra refúgio em suas próprias convicções, muitas vezes para ganhar vantagem diante dos outros.  “O mitomaníaco mente, e isso vira um hábito. Não é aquele tipo de mentira em função de outra”, contou a psicoterapeuta. A consciência da realidade é formada aproximadamente aos seis anos de idade, quando a criança começa a distinguir o que é fantasia do que é real, a partir daí, cabe ao meio social fazer com que ela tenha discernimento ético e moral.

A constância das inverdades muitas vezes mascara outras patologias psicológicas como a ansiedade e a própria depressão. Além disso, tal costume “tem diversos prejuízos afetivos e sociais, trazendo problemas no trabalho e o afastamento do grupo”, apontou Juliana. Para reverter esse quadro, o paciente deve aprender a se autocontrolar. “É basicamente treinar a falar a verdade, reconhecer as fragilidades e dificuldades”, declarou.

Com o primeiro passo dado, a busca profissional é o suporte necessário para se livrar de vez do distúrbio. A intenção é criar uma relação de intimidade e confiança com o terapeuta para que o mitomaníaco possa entrar em contato com a própria mentira, e a partir daí, tomar consciência de que é necessário mudar o curso do hábito de mentir. Dependendo da veemência do transtorno, muitas vezes é indicado a ajuda psiquiátrica com dimensionamento medicamentoso.

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Considerada uma das maiores redes sociais do mundo, o Instagram fez uma atualização incomum recentemente. A partir de agora, os usuários que sofrem algum tipo de transtorno psicológico poderão recorrer ao aplicativo.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) a depressão acomete cerca de 322 milhões de pessoas no mundo e a ansiedade 264 milhões (dados referentes a 2015), sendo o Brasil o recordista de pessoas que sofrem de ansiedade. Para completar, uma pesquisa realizada pela Royal Society for Public Health, uma instituição de saúde do Reino Unido, apontou que o Instagram é a rede social mais nociva à saúde mental dos jovens.

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Para amenizar os impactos, a plataforma está disponibilizando uma rede de apoio para as pessoas que sofrem de depressão e ansiedade. Para usar o serviço, as palavras #ansiedade ou #depressão deve ser escritas na aba ‘explorar’ do aplicativo.

Após usar as hashtags gatilhos, uma página perguntando se o usuário precisa de ajuda aparece na tela; ao aceitar, o internauta é redirecionado para uma página onde três opções são disponibilizadas.

Ao escolher “Fale com um amigo”, surge um conselho de uma conversa com alguém com quem o usuário possa contar. Ao clicar em “Falar com um voluntário da linha de apoio”, o Instagram disponibiliza os contatos do Centro de Valorização da Vida, centro especializado em fornecer apoio emocional gratuito. Já na última opção, “Receba dicas e apoio”, são fornecidas sugestões de atividades que ajudam a acalmar a mente e o coração.

O Brasil era o oitavo país do mundo no ranking de suicídio, em 2016. No ano passado, o suicídio tornou-se a quarta causa de morte entre homens e mulheres de 15 a 29 anos, no país. Os dados estatísticos são da Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo Eduardo Oliveira Martins, psicólogo e pós-graduado em Saúde Pública, o Brasil está carente de grandes investimentos estruturais e educacionais sobre o assunto. Para Eduardo, é preciso combater o preconceito que existe contra as pessoas que têm a doença. 

A saúde mental ainda é pouco discutida, apesar da relevância do assunto, e são muitos os casos que acabam prejudicando o paciente, como o desemprego, por exemplo. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),em agosto de 2018 havia mais de 27 milhões de desempregados. Eduardo Oliveira destaca o prejuízo para a saúde mental de quem vive essa realidade. Ainda existem muitas dúvidas sobre o assunto. Para ajudar a esclarecê-las, o LeiaJá entrevistou o especialista.

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LeiaJá - O que é saúde mental?

Eduardo Martins - Saúde mental está além de vivenciar ausência de doenças. É quando conseguimos equacionar de maneira saudável e fluida em nós o equilíbrio do bem-estar físico, mental e social. É mais do que a ausência de transtornos mentais ou deficiências. É uma parte integrante e essencial da saúde e devemos proteger nossa saúde mental com comportamentos ligados ao autoconhecimento, higiene mental através de atividades laborais, exercícios e lazer. Deve ser um compromisso pessoal e social, assim como deve ser olhado pelo poder público e sociedade como uma política pública.

LeiaJá - Qual a importância da conscientização para a saúde mental?

Eduardo Martins - Falar de saúde mental para população é uma busca constante na tentativa de amenizar a desinformação. De forma geral devemos trabalhar na perspectiva de motivar o outro a cuidar de si, cuidar das suas questões psicológicas, afetivas, humanas, sociais e espirituais, pois estas questões intrínsecas da pessoalidade humana são elementos que, se estiverem em harmonia, qualificam a autopercepção e facilitam a organização, o equilíbrio emocional e psicológico do outro. Vivemos em um país e em uma sociedade preconceituosa, e o preconceito com pessoas portadores de transtornos psicopatológicos, cujos sintomas são visíveis e interferem no cotidiano dos acometidos por estas doenças, gera muitos comentários pejorativos, promove ações excludentes e estigmatiza o portador. Uma forma importante de amenizarmos os julgamentos inadequados e os rótulos sobre as doenças mentais é a informação, o conhecimento sobre as questões de saúde mental. Enquanto na sociedade existirem falas referindo-se à depressão e ao depressivo como preguiçosos, pessoas que não querem trabalhar, sem iniciativa, indivíduos que desistem fácil das coisas, teremos muita dificuldade de construir um novo olhar sobre os portadores de transtorno mental. 

LeiaJá - Quando a pessoa deve procurar ajuda profissional?

Eduardo Martins - Um importante indicador para a busca de ajuda profissional é quando os sintomas estiverem impedindo o sujeito de viver questões do cotidiano. Quando as reações diante de situações geradoras de frustrações no trabalho, na escola, na faculdade ou na família são desproporcionais e frequentes; se as oscilações de humor são constantes e existe dificuldade de controlar as emoções como frustrações ou raiva; se há crises de insônia freqüentes; se no relacionamento com a comida existem eventos característicos de compulsão, perda periódica de apetite, abuso de substâncias como álcool e outras drogas; se há tristeza crônica acompanhada de desconforto e angústia; isolamento social; ideação de suicídio, entre outras questões, podem ser indicadores para busca de ajuda profissional. 

LeiaJá - É possível que a pessoa esteja com depressão sem que perceba?

Eduardo Martins - Tristeza e depressão são coisas que aparentemente se parecem, porém diferenciam-se em segmentos importantes. Tristeza é uma condição ou estado mental passageiro, um estado psicológico comum diante de situações que estejamos enfrentando, uma decepção com amigos, ou uma mágoa no trabalho, enfim, é normal ficar triste e, por si só, estar triste não indica que alguém esteja com depressão. Depressão é uma condição crônica de desconforto e angústia e, para ser diagnosticada como depressão, é necessário identificar pelo menos cinco ou mais sintomas presentes por pelo menos duas semanas. Questões como humor deprimido, perda de interesse ou prazer, sensação de vazio, proeminente diminuição do prazer ou interesse em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, perda ou ganho de peso acentuado sem estar em dieta, insônia ou hipersônia quase todos os dias, entre outros, são indicadores de depressão. Estar com depressão sem perceber seria fruto de um prejuízo profundo de consciência e autopercepção. Avalio que há a vigência de não se perceber que está deprimindo; porém, diria que há um índice significativo em não admitir que esteja deprimido, pelo inadequado julgamento de achar que depressão é sinal de fraqueza. 

LeiaJá - Quais as doenças mentais mais diagnosticadas?

Eduardo Martins - Os transtornos de ansiedade são muito comuns, como síndrome do pânico, ansiedade generalizada, estresse pós-traumático, transtorno obsessivo-compulsivo, entre outros.

LeiaJá - Quais as formas de combater as doenças mentais e manter uma mente saudável?

Eduardo Martins - Atividades que estimulem o autoconhecimento e que possibilitem uma higiene mental. Atividades laborais, caminhadas, andar de bicicleta, dançar, nadar, psicoterapia como mecanismo de prevenção, autoconhecimento e ressignificação da história de vida. Bons hábitos de vida como uma boa alimentação e boas noites de sono. Frequentar bons ciclos de pessoas que estimulem práticas de convivência fraterna, diálogos saudáveis e tenham o movimento de solidariedade e compromisso coletivo.

LeiaJá - Alimentação, rotina, exercícios físicos são importantes para manter a saúde mental?

Eduardo Martins - Diria que são fundamentais e, se colocados em adequada sequência de encadeamento, são um rico instrumento de prevenção. Uma boa alimentação facilita o bem-estar físico e previne doenças crônicas. Pesquisas já comprovaram que nutrientes obtidos através da alimentação influenciam significativamente na saúde neurológica e emocional, em particular na depressão. Os exercícios físicos, por sua vez, geram a produção de serotonina, dopamina e noradrenalina, que combatem desordens de humor, falta de concentração, depressão e ansiedade. As endorfinas também ajudam na regulação da dor e nas emoções, promovem o relaxamento natural do corpo e a sensação de prazer. Diria que a alimentação, a prática de exercícios físicos e um sono regular e organizado são grandes aliados do cuidado em saúde mental.

LeiaJá - Depois que a campanha janeiro branco passou a existir, diminuíram os casos de depressão registrados?

Eduardo Martins - Não temos dados estatísticos sobre esse tipo de pesquisa que associa a diminuição de casos relacionados à vigência da pesquisa, porém, quando você estimula as pessoas a cuidarem de algo relacionado à sua saúde, a tendência é que pessoas sintam-se impulsionadas a buscarem cuidar do segmento de saúde proposto na campanha. A tendência é que a busca pelo cuidado em saúde mental não diminua, e sim, aumente. 

LeiaJá - Qual o profissional competente para atendimento e diagnósticos da doença?

Eduardo Martins - Para atendimento e diagnóstico, os trabalhos em parcerias entre psicólogos e psiquiatras são os mais indicados. Porém, não podemos esquecer as equipes multiprofissionais existentes nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), que fazem um trabalho importante, qualificado e eficaz. Nestas equipes existem outros segmentos e categorias profissionais que trabalham de forma integrada e contribuem significativamente para o cuidado em saúde mental.

LeiaJá - Há atendimento desse profissional nas unidades públicas de saúde?

Eduardo Martins - Sim. Existem nos CAPS profissionais e equipes capacitadas para o cuidado em saúde mental no município de Belém. E é pertinente frisar que em algumas unidades de saúde do município existe o psicólogo que atua no programa de saúde mental na atenção básica para os casos que estão no perfil previsto para atendimento, que são casos não severos, diagnosticados e matriciados pelos CAPS. Ou para questões de saúde mental detectadas em acompanhamentos na Unidade Básica de Saúde que estejam no perfil da atenção básica para acompanhamento em saúde mental.

LeiaJá - O que as pessoas que procuram esse tipo de ajuda devem fazer?

Eduardo Martins - Devem ser frequentes nos atendimentos. Devem cumprir os prognósticos, confiar nas equipes profissionais, aderir ao tratamento e buscar no dia a dia ressignificar sua história e condição de saúde mental.

 

 

 

O Brasil era o oitavo país do mundo no ranking de suicídio, em 2016. No ano passado, o suicídio tornou-se a quarta causa de morte entre homens e mulheres de 15 a 29 anos, no país. Os dados estatísticos são da Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo Eduardo Oliveira Martins, psicólogo e pós-graduado em Saúde Pública, o Brasil está carente de grandes investimentos estruturais e educacionais sobre o assunto. Para Eduardo, é preciso combater o preconceito que existe contra as pessoas que têm a doença. 

A saúde mental ainda é pouco discutida, apesar da relevância do assunto, e são muitos os casos que acabam prejudicando o paciente, como o desemprego, por exemplo. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),em agosto de 2018 havia mais de 27 milhões de desempregados. Eduardo Oliveira destaca o prejuízo para a saúde mental de quem vive essa realidade. Ainda existem muitas dúvidas sobre o assunto. Para ajudar a esclarecê-las, o LeiaJá entrevistou o especialista.

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Eduardo Martins - Saúde mental está além de vivenciar ausência de doenças. É quando conseguimos equacionar de maneira saudável e fluida em nós o equilíbrio do bem-estar físico, mental e social. É mais do que a ausência de transtornos mentais ou deficiências. É uma parte integrante e essencial da saúde e devemos proteger nossa saúde mental com comportamentos ligados ao autoconhecimento, higiene mental através de atividades laborais, exercícios e lazer. Deve ser um compromisso pessoal e social, assim como deve ser olhado pelo poder público e sociedade como uma política pública.

LeiaJá - Qual a importância da conscientização para a saúde mental?

Eduardo Martins - Falar de saúde mental para população é uma busca constante na tentativa de amenizar a desinformação. De forma geral devemos trabalhar na perspectiva de motivar o outro a cuidar de si, cuidar das suas questões psicológicas, afetivas, humanas, sociais e espirituais, pois estas questões intrínsecas da pessoalidade humana são elementos que, se estiverem em harmonia, qualificam a autopercepção e facilitam a organização, o equilíbrio emocional e psicológico do outro. Vivemos em um país e em uma sociedade preconceituosa, e o preconceito com pessoas portadores de transtornos psicopatológicos, cujos sintomas são visíveis e interferem no cotidiano dos acometidos por estas doenças, gera muitos comentários pejorativos, promove ações excludentes e estigmatiza o portador. Uma forma importante de amenizarmos os julgamentos inadequados e os rótulos sobre as doenças mentais é a informação, o conhecimento sobre as questões de saúde mental. Enquanto na sociedade existirem falas referindo-se à depressão e ao depressivo como preguiçosos, pessoas que não querem trabalhar, sem iniciativa, indivíduos que desistem fácil das coisas, teremos muita dificuldade de construir um novo olhar sobre os portadores de transtorno mental. 

LeiaJá - Quando a pessoa deve procurar ajuda profissional?

Eduardo Martins - Um importante indicador para a busca de ajuda profissional é quando os sintomas estiverem impedindo o sujeito de viver questões do cotidiano. Quando as reações diante de situações geradoras de frustrações no trabalho, na escola, na faculdade ou na família são desproporcionais e frequentes; se as oscilações de humor são constantes e existe dificuldade de controlar as emoções como frustrações ou raiva; se há crises de insônia freqüentes; se no relacionamento com a comida existem eventos característicos de compulsão, perda periódica de apetite, abuso de substâncias como álcool e outras drogas; se há tristeza crônica acompanhada de desconforto e angústia; isolamento social; ideação de suicídio, entre outras questões, podem ser indicadores para busca de ajuda profissional. 

LeiaJá - É possível que a pessoa esteja com depressão sem que perceba?

Eduardo Martins - Tristeza e depressão são coisas que aparentemente se parecem, porém diferenciam-se em segmentos importantes. Tristeza é uma condição ou estado mental passageiro, um estado psicológico comum diante de situações que estejamos enfrentando, uma decepção com amigos, ou uma mágoa no trabalho, enfim, é normal ficar triste e, por si só, estar triste não indica que alguém esteja com depressão. Depressão é uma condição crônica de desconforto e angústia e, para ser diagnosticada como depressão, é necessário identificar pelo menos cinco ou mais sintomas presentes por pelo menos duas semanas. Questões como humor deprimido, perda de interesse ou prazer, sensação de vazio, proeminente diminuição do prazer ou interesse em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, perda ou ganho de peso acentuado sem estar em dieta, insônia ou hipersônia quase todos os dias, entre outros, são indicadores de depressão. Estar com depressão sem perceber seria fruto de um prejuízo profundo de consciência e autopercepção. Avalio que há a vigência de não se perceber que está deprimindo; porém, diria que há um índice significativo em não admitir que esteja deprimido, pelo inadequado julgamento de achar que depressão é sinal de fraqueza. 

LeiaJá - Quais as doenças mentais mais diagnosticadas?

Eduardo Martins - Os transtornos de ansiedade são muito comuns (como síndrome do pânico, ansiedade generalizada, estresse). 

 

 

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