Tópicos | deslizamento

A Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) informou que esta terça-feira (7) deve ser ensolarada na Região Metropolitana do Recife (RMR) e no litoral de Pernambuco. A previsão de clima estável se mantém até a quinta (9).

A chegada do sistema meteorológico conhecido como Ondas de Leste causou alagamentos em toda a RMR nessa segunda (6) e resultou no deslizamento de barreira em Olinda que teve um jovem de 19 anos como vítima fatal. Duas casas ficaram soterradas no incidente e cinco pessoas foram resgatadas por equipes de socorro do Corpo de Bombeiros e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

##RECOMENDA##

LeiaJá também:

--> Olinda: casas são atingidas após deslizamento de barreira

--> Chuva no Recife provoca alagamentos e prejudica trânsito

--> Apac aumenta risco em nova previsão de chuva nesta segunda

O Corpo de Bombeiros confirmou a morte de um jovem, de 19 anos, após o deslizamento de uma barreira na Rua seis de janeiro, no bairro de Águas Compridas, em Olinda, Região Metropolitana do Recife (RMR), na manhã desta segunda (6).

Depois de uma madrugada chuvosa, a ocorrência foi registrada por volta das 7h40. Equipes de resgate foram enviadas ao local e contaram com a ajuda de moradores nas buscas entre os escombros.

##RECOMENDA##

LeiaJá também: Olinda: casas são atingidas após deslizamento de barreira

Um casal morava em um dos imóveis atingido e a segunda casa era ocupada por sete pessoas, entre elas Israel Campelo, que não resistiu ao incidente e teve a morte confirmada no local. 

Outras quatro pessoas foram encontradas, conforme levantamento do Serviço de Atendimento Móvel de Saúde (Samu). As vítimas resgatadas com vida são uma menino de quatro anos; um homem de 38 anos, que foi levado à UPA de Nova Descoberta e redirecionado ao Hospital da Restauração; um adolescente de 12 anos que foi encaminhado à UPA da Caxangá e uma mulher, de 26, também atendida na UPA de Nova Descoberta.

Os bombeiros continuam com os trabalhos no local para localizar outras vítimas.

Uma barreira deslizou no bairro de Águas Compridas, em Olinda, por volta das 7h40 desta segunda-feira (6). Equipes do Corpo de Bombeiros realizam buscas no local com a ajuda de moradores.

Segundo moradores, duas casas foram atingidas pelo deslizamento na Rua seis de janeiro. Nenhuma vítima foi confirmada até o momento. Informações preliminares apontam que uma pessoa foi retirada dos escombros. 

##RECOMENDA##

LeiaJá também: Chuva no Recife provoca alagamentos e prejudica trânsito

Essa pode ser a primeira ocorrência com vítimas em virtude dos prejuízos causados pela chuva intensa que persiste desde a madrugada. A previsão da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) indica a possibilidade da redução das pancadas no período da tarde.

 

Quatro pessoas morreram em decorrência de um deslizamento de terra, na madrugada deste domingo (25), na zona rural da cidade de Antônio Dias, no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. Segundo a Defesa Civil estadual, a região foi atingida por chuva intensa que durou cerca de duas horas. 

No local do acidente, havia pelo menos quatro residências que foram atingidas pela queda do barranco. As pessoas estavam em uma confraternização de Natal.

##RECOMENDA##

Entre os mortos estão três mulheres e um menino de 12 anos. A Polícia Civil trabalha na identificação das vítimas. O boletim da Defesa Civil do estado, divulgado no fim da manhã, diz que 11 pessoas foram resgatadas e encaminhadas a hospitais da região. Duas pessoas estão desaparecidas.

Além de duas equipes da Defesa Civil, estão no local 43 policiais e bombeiros militares, com oito viaturas e duas aeronaves. Eles atuam para a localização dos desaparecidos e o restabelecimento dos serviços essenciais.

As estradas que dão acesso às comunidades atingidas estão obstruídas. O prefeito da cidade, Benedito de Assis Lima, conhecido como Ditinho, também está no local. No início da manhã de hoje, ele gravou um vídeo em que mostra o trabalho de máquinas para desobstruir as vias.

Previsão

O clima no estado seguirá com instabilidade e pancadas de chuvas isoladas, segundo o boletim da Defesa Civil. No centro-norte e leste mineiro, região do acidente, a tendência é de redução do volume de chuva. Mas o dia segue com nebulosidade. Nas demais regiões, a previsão é de que o aquecimento durante o dia e a umidade vão favorecer típicas pancadas de verão no período da tarde.

O balanço do período chuvoso no estado mostra que 104 municípios mineiros estão em situação de emergência. Oito pessoas morreram desde 21 de setembro, 1.484 estão desabrigadas e 7.370 estão desalojadas.

As equipes de resgate concluíram as buscas de vítimas no deslizamento de terra que deixou 31 mortos na região norte da Malásia, anunciaram as autoridades neste sábado (24).

De acordo com a polícia, 92 pessoas, incluindo dezenas de crianças, dormiam no acampamento - que não tinha autorização - em uma propriedade de Batang Kali, no momento do deslizamento, na madrugada de 16 de dezembro.

O balanço final é de 31 mortos (11 menores de idade), cinco a mais do que o número anterior divulgado pelas autoridades, e 61 feridos. Todas as vítimas fatais são malaias.

Muitas vítimas são de famílias que passavam as férias no local.

Os deslizamentos de terra são comuns na Malásia após chuvas intensas, frequentes no fim do ano. Porém, não foi registrada chuva forte na área na noite da tragédia.

O número de mortos por um deslizamento em um acampamento da Malásia subiu para 26, após ser encontrado o corpo de um homem abraçado a um cachorro, enquanto os socorristas continuavam nesta quarta-feira (21) as buscas no terreno lamacento.

Sete pessoas continuam desaparecidas após o deslizamento na última sexta-feira em uma fazenda na região de Batang Kali, ao norte da capital Kuala Lumpur.

Cerca de 680 pessoas de várias agências participaram das tarefas de resgate.

As equipes de emergência escavaram nesta quarta-feira até chegar ao corpo de um homem que estava abraçado a seu cachorro, contou à AFP o subdiretor de operações do departamento de incêndios e resgate do estado de Selangor, Hafisham Mohamad Noor.

O corpo sem vida do homem foi levado a um hospital enquanto o do cão foi entregue a veterinários, acrescentou.

Na noite de terça-feira, foi recuperado o corpo sem vida de uma menina. O chefe da polícia local, Suffian Abdullah revelou que a criança tinha entre seis e dez anos e que estava sob cinco metros de terra.

"Quando a encontramos, a vítima estava vestida com calças cor-de-rosa e camiseta de dormir", afirmou Abdullah à imprensa.

Entre os 26 mortos, oito são crianças.

As autoridades disseram que havia mais de 90 pessoas neste acampamento sem licença, propriedade de uma granja orgânica, quando ocorreu o deslizamento de terra na madrugada de sexta-feira.

Mais de 60 pessoas foram resgatadas ou encontradas a salvo.

Os deslizamentos de terra são comuns na Malásia após chuvas intensas, que são frequentes no final do ano. No entanto, não foram registradas tempestades na região durante a noite do desastre.

Ao menos 16 pessoas morreram em um deslizamento de terra nesta sexta-feira (16) em uma área de acampamento na Malásia, onde as equipes de resgate procuram 17 pessoas desaparecidas, informaram os serviços de emergência.

Nor Hisham Mohammad, diretor de operações no departamento de incêndios e resgate, confirmou o balanço de 16 vítimas fatais e as buscas por 17 pessoas.

O ministro do Desenvolvimento do governo local, Nga Kor Ming, afirmou que 61 pessoas foram resgatadas após o deslizamento durante a madrugada na área da cidade de Batang Kali, perto da capital Kuala Lumpur e de um complexo de cassinos em uma zona montanhosa.

Veronica Loi, que estava acampada no local, explicou à AFP que sua família estava dormindo quando ouviu um barulho forte e repentino. "Vimos que a barraca desapareceu totalmente", disse.

Nga afirmou que o acampamento operava sem licença e que os proprietários do local podem ser processados.

Vídeos e fotos publicadas na internet mostram árvores derrubadas e carros destruídos, assim como as equipes de resgate com lanternas e pás trabalhando para procurar sobreviventes.

Os deslizamentos de terra são comuns na Malásia após chuvas intensas, que acontecem com frequência no fim do ano. Mas não há registro de tempestades na região nas últimas horas.

O Corpo de Bombeiros Militar do Paraná encerrou nesta sexta-feira, 2, as buscas por novas vítimas no deslizamento que atingiu a Rodovia BR-376, em Guaratuba. Todos os veículos que tinham sido soterrados foram retirados sem que tenham sido encontrados corpos ou sobreviventes, segundo boletim divulgado pela sala de situação do governo paranaense.

Conforme a nota, todas as áreas com possibilidade de vítimas ou de veículos soterrados foram acessadas nesta sexta, sem nada ser encontrado. "Uma equipe continuará no local com uma viatura de combate a incêndio e resgate para trabalhos preventivos", diz o boletim. Até o encerramento das buscas, foram constatadas 14 pessoas envolvidas diretamente no desastre, com dois óbitos e seis pessoas resgatadas com vida, segundo a nota.

##RECOMENDA##

Morreram no deslizamento os caminhoneiros João Maria Pires, de 60 anos, e Márcio Rogério de Souza, de 51. Uma pessoa ficou ferida, mas se recuperou. Outras seis pessoas conseguiram escapar dos veículos sem precisar de atendimento. Anteriormente, tinham sido removidos do soterramento seis caminhões e três veículos leves.

Uma equipe da concessionária Arteris Litoral Sul mantém os trabalhos na rodovia para a retirada do que restava de lama e para a recuperação da pista, que precisará de recapeamento em alguns pontos. Segundo a nota, o trânsito permanece interrompido, sem previsão de liberação.

Conforme o governo paranaense, o deslizamento foi causado por uma quantidade de chuvas sem precedentes na região. Só na segunda-feira, 28, dia em que aconteceu o desastre, choveu 185,4 milímetros, segundo medição da estação meteorológica Vossoroca, em Tijucas do Sul, a mais próxima do km 669 da BR-376, onde a terra escorregou. A média de novembro é de 126 mm. Foi o maior acumulado já registrado em um único dia de novembro entre todas as estações do Estado.

Geólogos ouvidos pelo Estadão avaliam que a área da BR-376, em Guaratuba, no Paraná, onde ocorreu o deslizamento de terra na segunda-feira, 28, que matou pelo menos duas pessoas, era considerada de risco e favorável à ocorrência de eventos deste tipo. Eles divergem da Arteris Litoral Sul, concessionária responsável pelo trecho, que afirmou que o local "é monitorado periodicamente" e "não apresentava risco".

Os geólogos indicaram ainda que a área apresenta mais riscos com a continuidade da chuva na região, o que interfere no trabalho das equipes de resgate. Eles explicaram que também há blocos de rocha em meio à lama. As informações levantadas pelo Cenacid, da UFPR, foram repassadas para auxiliar na segurança do trabalho de busca e remoção.

##RECOMENDA##

Os trabalhos de busca de vítimas, com ajuda de cães, e remoção da lama na BR-376 estão no quarto dia nesta sexta-feira, 2. O governo do Paraná reduziu a estimativa de vítimas para pelo menos 14 pessoas. Inicialmente, a previsão era de 30. Além de duas mortes, seis pessoas foram resgatadas no local. Seis veículos pesados e três leves também foram removidos.

Para Abdel Hach, geólogo e integrante do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR), o trânsito deveria ter sido fechado totalmente após um primeiro deslizamento, por volta das 15h30 da segunda, cerca de quatro horas antes da tragédia. "É uma área conhecida pelos geólogos, área de risco. Tinha que fechar para evitar o pior, era a solução no momento. Danos econômicos se recupera, danos fatais são irreversíveis. Não foi um fato isolado, existem cicatrizes de problemas anteriores", disse.

De acordo com o geólogo, estudos técnicos feitos por ele em 2017 na região onde aconteceu os deslizamentos já indicavam pontos de vulnerabilidade, sendo alguns de alto risco. Ele explicou que na segunda aconteceu no local um movimento de massa chamado corrida de lama, que poderia ter sido previsto com base em monitoramento e análises.

"Acontece com altíssima velocidade. A tensão da água misturada com a tensão da argila levanta o que tiver pela frente", indicou. "Queda de blocos, rastejo e corrida de lama são deflagrados com água, mas a água não é a culpada. Ela deflagra (eventos como esse) quando há um cenário para isso acontecer", explicou.

E não faltou chuva na região. Apenas na segunda, o volume de chuva acumulado no ponto de medição mais próximo do local do deslizamento foi de 247 mm, que está acima da média mensal, conforme o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Segundo o órgão, há alerta de risco para a região desde o domingo, 27.

O geólogo Renato Eugênio de Lima, diretor do Centro de Apoio Científico em Desastres (Cenacid), da Universidade Federal do Paraná (UFPR), visitou o local do deslizamento na terça-feira, 29, e na quarta-feira, 30. "Ali foram três deslizamentos principais: o que atinge a rodovia, um que está logo acima dele e um que está do outro lado do vale. Formam um sistema complexo de deslizamentos", explicou. "Esse tipo de processo não oferece chance para as pessoas, são segundos", afirmou.

Ele se mostrou cauteloso ao ser questionado sobre a decisão de fechar ou não o tráfego na rodovia nas condições que estavam na segunda-feira, mas afirmou que a região apresentava riscos e merecia cuidados especiais. "Depende da magnitude dos movimentos e dos padrões que eles (concessionária) têm para a operação da via. Não conheço o sistema deles e também não sei quais informações tinham no momento para a decisão. Mas devem existir padrões que quando alcançados vão progressivamente estabelecendo medidas", disse.

Na terça, a Defesa Civil informou que a concessionária sabia do risco de deslizamentos na BR-376 com o acumulado de chuva. Para a Polícia Rodoviária Federal (PRF), caberia à Arteris Litoral Sul a decisão sobre a interdição total do trecho, que estava com bloqueio parcial. Em nota, a concessionária afirmou que a prioridade é o atendimento às vítimas e liberação da pista.

"A Arteris ressalta que possui um programa permanente de monitoramento de encostas e que o trecho em que aconteceu o deslizamento é acompanhado periodicamente, sendo parte de suas obrigações contratuais. Neste momento, qualquer afirmação sobre as causas do deslizamento seria prematura, pois não contaria com o embasamento técnico necessário", informou.

A reportagem entrou em contato com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), responsável por fiscalizar a prestação de serviços das concessionárias, e aguarda retorno.

Depois de passar o fim de semana com a família, em São Francisco do Sul (SC), o caminhoneiro João Maria Pires, de 60 anos, tinha a capital paulista como destino na segunda-feira (28), quando foi atingido por um deslizamento de terra na BR-376, em Guaratuba, no litoral do Paraná. O enterro dele, que foi a primeira vítima confirmada do acidente, ocorreu na manhã desta quinta-feira (1º), em São José dos Pinhais (PR), cidade onde nasceu.

Filha do caminhoneiro, Tatiane Cristina dos Santos Pires, de 34 anos, contou ao Estadão, após o sepultamento do pai, que vai seguir a profissão dele. Atualmente, ela trabalha como motorista, mas de veículos leves. A inspiração, segundo a filha, vem das viagens que fazia com o pai. "Ele sempre falava nas viagens (pra virar caminhoneira), sempre incentivava muito. Vai ser uma forma de dar orgulho pra ele e realizar um sonho", afirmou.

##RECOMENDA##

Ela descreveu o pai, que passou 40 anos nas estradas, como um homem caseiro. "Meu pai era só de ficar em casa, assistindo filmes ou descansando, porque passava a semana inteira na estrada. Sempre gostava que os filhos fossem visitá-lo. Eu morava com ele, minha mãe e meus filhos. Ele brincava muito com os netos", disse. "Até agora não dá pra acreditar. Parece que ele vai chegar, que saiu pra viajar", desabafou.

Tatiane contou que o pai havia saído cedo de casa na segunda-feira para ir até a empresa para a qual trabalhava e depois carregar no Porto de Itapoá (SC). "Eu não tinha conversado com ele naquele dia por telefone. Tenho um irmão mais velho, também caminhoneiro, que tinha passado por ali (no local do deslizamento) uns momentos antes. Inclusive, outros colegas que estavam ali próximo viram o caminhão do meu pai tombado e avisaram. Mas a gente foi confirmar que era ele só na terça à tarde", contou.

Até a confirmação da morte, Tatiane disse que a família se mobilizou atrás de informações em hospitais, pois souberam que o motorista de uma carreta tinha conseguido sair com vida. Além dela, Pires teve outros cinco filhos, sendo um já falecido. "A gente acreditou que fosse meu pai. Mas as horas foram passando, quando já era meio-dia (da terça) era impossível que tivesse se salvado e não tivesse feito contato com a família. As horas passavam e ficava mais angustiante. É muito dolorido", disse.

O veículo dirigido por João Pires é uma carreta carregada com um contêiner vermelho, que aparece em destaque nas imagens do deslizamento. Segundo a filha, a família não foi informada se ele chegou a ser socorrido nem se o corpo estava dentro ou fora do caminhão. "Não sabemos de nada. O que a gente soube foi pela televisão mesmo", afirmou. "A gente quer que tudo seja resolvido logo, que tomem mais providências. Poderiam ter evitado essa tragédia, teve deslizamento antes. Fica um sentimento de injustiça", apontou.

Busca por desaparecidos

Os trabalhos de buscas por desaparecidos e de remoção de terra na rodovia chegou ao terceiro dia nesta quinta. Segundo o gabinete de crise, grande parte da massa de terra da parte superior do incidente foi removida. Com isso, a estimativa de potenciais vítimas foi reduzida para menos de 30 pessoas. "Por causa do grande volume de terra, ainda não é possível especificar com exatidão a quantidade de veículos e vítimas que podem estar soterrados no local", informou.

O deslizamento

O desmoronamento de um talude aconteceu por volta das 16 horas de segunda, atingindo uma das pistas da BR, no km 669, em Guaratuba. Chovia intensamente na região desde o fim de semana. Uma das faixas foi interditada, causando congestionamento. Os veículos estavam em fila quando houve novo deslizamento, por volta das 19 horas. Carros, caminhões e ônibus foram envolvidos por terra e lama. Ainda não há previsão de liberação da rodovia.

Vítima do deslizamento de terra na BR-376, no Paraná, o caminhoneiro José Altair Biscaia fez um vídeo enquanto estava soterrado dentro do caminhão. Ele aparece com a cabeça ensanguentada e relata que foi salvo por Deus.

O motorista, de 43 anos, passava pela Serra do Mar, em Guaratuba, no momento em que houve o deslizamento, na  segunda-feira (28). O Governo do Estado informou que ao menos 30 pessoas foram soterradas e duas delas morreram.

##RECOMENDA##

Apesar do susto, José sofreu apenas ferimentos leves e foi resgatado horas depois. Em seguida, foi encaminhado para o  Hospital São José de Joinville, em Santa Catarina, onde recebeu alta na manhã do dia seguinte.

No registro emocionado, ele aparece em meio à  terra e mostra o veículo todo amassado enquanto esperava o resgate. O caminhoneiro aparece com a cabeça ferida e narra sua condição naquele momento.

“Estou vivo, graças a Deus. Mas estou no meio da terra, só num cantinho que sobrou do caminhão. Tô todo cheio de corte, mas estou vivo. Deus quis que eu vivesse mais uma vez”, compartilhou.

[@#video#@]

Depois de deslizamento de terra em rodovia do Paraná que provocou mortes, pelo menos uma pessoa morreu após três veículos serem "engolidos" por uma cratera que se abriu na rodovia SE-290, entre os municípios de Itabaianinha e Tobias Barreto, de Sergipe na madrugada desta quarta-feira, 30, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Estado. As buscas continuam e a via neste trecho permanece interditada.

O Batalhão de Polícia Rodoviária Estadual (BPRv) e o Corpo de Bombeiros foram acionados pelo Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp), por volta de 0h30. Os policiais militares identificaram quatro vítimas penduradas em árvores pedindo socorro. Com a ajuda de populares, elas foram levadas ao Hospital de Itabaianinha.

##RECOMENDA##

"Quando chegamos ao local do acidente a chuva estava muito forte e com a escuridão não dava para ter a dimensão do que se tratava. Ouvimos grito de socorro e ao averiguarmos, junto com populares, percebemos que tinham quatro vítimas penduradas em árvores. Os populares nos mostraram um caminho, pela pista de barro, que chegava mais perto das vítimas, sendo possível realizar os resgates", disse o soldado Nivaldo Pereira da Polícia Militar do Sergipe.

No acidente, a pista cedeu e ao menos três veículos - dois caminhões e um veículo de passeio - caíram no buraco formado na via. Eles acabaram sendo levados pela correnteza, em razão das fortes chuvas.

Até as 8h desta quarta-feira, o Corpo de Bombeiros no local confirmou uma morte. No entanto, a corporação permanece fazendo buscas na região do acidente. Na noite de terça-feira, 29, choveu entre 30 a 60 mm/h, o que aumentou o risco de alagamentos, transbordamentos de rios e deslizamentos de terra.

Momentos antes de um deslizamento de terra atingir mais de 20 veículos na BR-376, em Guaratuba, no litoral do Paraná, o prefeito da cidade, Roberto Justus (União), havia comentado com o motorista dele, Claudio Margarida, que nunca tinha visto tanta água e tanta lama morro abaixo às margens da rodovia, onde estavam parados, no início da noite de segunda-feira, 28. "A gente pressentia que algo pudesse acontecer", disse.

O deslizamento matou ao menos uma pessoa, segundo o governo estadual. As autoridades locais ainda não sabem informar quantas pessoas estão desaparecidas. O terreno está instável no local, dificultando o acesso direto aos veículos.

##RECOMENDA##

Em entrevista ao Estadão, na tarde desta terça-feira, 29, o prefeito contou que os veículos estavam parados no congestionamento quando foram atingidos. Ele e o motorista saíram ilesos. De acordo com Justus, o local não tem sinal de telefonia e internet. "A gente manda a equipe, mas não tem como te ligarem e dizer como está, tem que esperar voltarem de lá para nos contar", explicou. "Não podiam ter deixado seguir viagem ali, mas também nunca aconteceu nada parecido. Agora não é hora de avaliar isso, tem muita gente embaixo daquela terra toda e precisamos dar conta disso", afirmou.

O prefeito contou que tudo aconteceu muito rápido. "O morro inteiro veio abaixo de uma vez só, numa velocidade tão grande que não dá para reagir ou pensar absolutamente nada. Pus a mão no vidro, com a ideia de que poderia segurar, e aguentei a pancada muito forte, que jogou o caro para cima e aquela lama toda começou a nos erguer. Subiu, subiu, e depois deslizou para outra pista", disse.

Segundo ele, o carro parou tombado com a porta do lado do motorista quase encostada no chão. "O Cláudio chutou o vidro da porta dele e saímos por debaixo do carro. Chovia demais na hora, e a gente via aquele lamaçal descendo", recorda-se. "Saímos ilesos, ficou só a dor da pancada e o estado emocional bem abalado. Foi assustadora a situação. É aí que a gente percebe o milagre que recebeu. Não sei como estou aqui", contou.

Ainda nas primeiras horas de uma viagem de 850 quilômetros, entre Itajaí (SC) e Foz do Iguaçu (PR), a cabeleireira Daniela Morales de Subeldia, de 55 anos, viu a poucos metros do ônibus em que estava o deslizamento de terra, na altura do quilômetro 669, que atingiu o carro do prefeito de Guaratuba - que voltava de Curitiba (PR) - e outros veículos.

Apesar do susto, ninguém no ônibus em que ela estava se feriu. Ela contou ao Estadão que teve que passar a noite no local com fome, frio e chuva. "Vixi, Maria. Foi um susto muito grande. Primeira vez que vi uma coisa dessa, me deixou muito mal. Aconteceu na nossa frente, a lama levou tudo, foi muito forte e tinha gente ferida. Estou até agora passando mal", disse.

Daniela precisou ir a pé até a rodoviária de Garuva (SC), cidade mais próxima, para conseguir retornar à casa da irmã, em Itajaí (SC), onde estava. Na tarde desta terça-feira, 29, ela ainda estava em deslocamento para a rodoviária da cidade da irmã. "Estou morta de canseira, com fome, sono, ninguém ajudou a gente lá. Tive que me virar com tudo", afirmou.

O deslizamento aconteceu em um trecho de serra, conhecido como "Curva da Santa". Com isso, as pistas que ligam os Estados de Paraná e Santa Catarina estão interditadas desde a noite de segunda. À tarde, antes do deslizamento que atingiu os veículos, um talude havia cedido e atingido uma das faixas da BR-376. Os trabalhos de buscas continuam no local.

As fortes chuvas persistem e devem atingir praticamente todo o País nesta terça-feira (29). Pelo menos sete Estados estão com alerta vermelho para grande perigo de alagamentos, transbordamentos e deslizamentos de terra em razão de acumulado de chuva de até 100 mm por dia. Nesta terça-feira, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) informou sobre os riscos para São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Anteriormente, também foi emitido o mesmo alerta válido entre segunda-feira (28) e terça para Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia.

A Climatempo também ressalta que a situação é de perigo para as áreas do leste de Santa Catarina, do Paraná e do sul de São Paulo. "A presença de um cavado nos níveis médios e altos da atmosfera vai favorecer a formação de nuvens carregadas, que serão reforçadas pelo fluxo intenso e constante de umidade nos níveis mais baixos da atmosfera", acrescenta a empresa de meteorologia.

##RECOMENDA##

Até esta terça-feira também há previsão de chuvas intensas em áreas de Goiás, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Ceará, Piauí, Maranhão, Pará, Tocantins, Amapá, Amazonas e Roraima. Conforme o Inmet, em algumas localidades, onde o alerta é laranja, o acumulado pode chegar a 50 mm em 24 horas com ventos de até 60 km/h.

Paraná

Em Guaratuba, litoral do Paraná, um deslizamento de terra na BR-376, na altura do quilômetro 669, deixou uma pessoa morta. A vítima foi localizada pela Polícia Rodoviária Federal do Paraná por volta das 4h20 desta terça-feira, segundo informações oficiais. As equipes de resgate do Corpo de Bombeiros do Paraná e de Santa Catarina ainda realizam trabalhos de busca pela região.

Na noite de segunda-feira, o carro do prefeito de Guaratuba, Roberto Justus, também foi atingido no deslizamento de terra neste trecho do litoral que liga os Estados do Paraná e de Santa Catarina. A rodovia foi interditada em ambos os sentidos.

Capital paulista

A terça-feira será mais um dia com tempo instável na cidade de São Paulo. De acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da Prefeitura de São Paulo, precipitações mais significativas são esperadas a partir das primeiras horas da tarde, com potencial para formação de alagamentos e transbordamentos de pequenos rios e córregos. A noite ainda terá chuvas, porém em menor volume. Os termômetros variam entre 16°C e 25°C.

Na quarta-feira, 30, a expectativa é de sol entre muitas nuvens pela manhã e pancadas de chuva entre o meio da tarde e o início da noite. O solo encharcado, no entanto, aumenta o potencial para formação de alagamentos e deslizamentos em áreas de risco. A mínima deve ser de 17°C na madrugada e no período da tarde a máxima pode chegar a 27°C.

O carro do prefeito de Guaratuba foi um dos atingidos no deslizamento de terra que ocorreu, na noite da segunda-feira (28), na altura do km 669 da BR-376, em um trecho do litoral que liga os Estados do Paraná e de Santa Catarina. Pelas redes sociais, o prefeito Roberto Justus relatou como tudo aconteceu no momento em que ele e o motorista Cláudio Margarida foram surpreendidos com o desabamento da encosta.

"Uma coisa horrorosa. A montanha veio abaixo, nos carregou para cima dos outros carros e nós só estamos vivos por um livramento de Deus. Tanto eu quanto o Cláudio, nosso motorista, não nos machucamos, mas muita gente deve ter se machucado, porque era muita terra e pedra que veio para cima de todos os veículos", relatou o prefeito em vídeo divulgado no Instagram.

##RECOMENDA##

[@#video#@]

O deslizamento ocorreu por volta das 19h15. A rodovia estava interditada nos dois sentidos devido às fortes chuvas e os veículos estavam parados na pista esperando uma possível liberação.

Além do prefeito e do motorista, outras pessoas que aguardavam em seus carros também foram atingidas pela lama. Até o momento, não há informações oficiais sobre mortos ou feridos neste deslizamento na rodovia.

Roberto Justus contou também que, no momento em que a montanha deslizou e o veículo virou, eles quebraram o vidro do carro e saíram correndo pela pista, até que foram socorridos por um funcionário da concessionária Arteris Litoral Sul (ALS), que faz a gestão da via. "Estamos em choque. Neste momento, a gente só pensa nas pessoas que ficaram lá", destacou.

Santa Catarina

Pelo Twitter, o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés, relatou que havia informações preliminares sobre veículos soterrados e que equipes de bombeiros do Estado catarinense estavam prestando apoio ao trabalho de resgate.

A Arteris Litoral Sul acrescentou que a equipe da concessionária, juntamente com os órgãos de emergência, como Defesa Civil, Polícia Rodoviária Federal e Corpo de Bombeiros também estavam mobilizados no atendimento aos envolvidos.

Até a última atualização das Arteris Litoral Sul, a ligação entre os Estados do Paraná e Santa Catarina pelo trecho da Arteris Litoral Sul (BR-376/PR e BR-101/SC) segue interditada, sem previsão de liberação.

Os bloqueios ocorrem na praça de pedágio de São José dos Pinhais-PR, km 635 da BR-376/PR, na unidade operacional da PRF em Tijucas do Sul (km 662) e na praça de pedágio de Garuva, no km 1,3 da BR-101/SC.

A recomendação da concessionária é para que os condutores antecipem a manobra de retorno (evitando prosseguir até os bloqueios definitivos nas duas praças). As rotas alternativas indicadas neste momento para ligação entre os dois Estados são as vias BR-470 e BR-116.

Opções de retorno:

- BR-376/PR - interdição no km 635 sul: opções de retorno no km 617, 619, 625 e 633;

- BR-376/PR - Interdição no km 662 sul: opções de retorno no km 644, 648 e 654;

- BR-376/PR - Interdição no km 669 sul: opções de retorno no km 663;

- BR-101/SC - Interdição no km 1 norte: opções de retorno no km 27, 25, 20, 14, 10, 6 e 1,8.

Queda de barreira em Campina Grande do Sul

A Polícia Rodoviária Federal do Paraná informou que, devido às fortes chuvas, também houve uma queda de barreira em Campina Grande do Sul, na altura do km 51 da BR 116, por volta das 20h40. A pista no sentido São Paulo precisou ser totalmente interditada, sem previsão de liberação.

Pessoas que passavam próximo aos trechos onde ocorreram os deslizamentos utilizaram as redes sociais para compartilhar fotos e vídeos do local, e alertar aos demais motoristas para evitarem as áreas atingidas.

Um deslizamento de terra atingiu a cidade de Casamicciola Terme, na ilha italiana de Ischia, na manhã deste sábado (26) e deixou pelo menos uma pessoa morta e 12 desaparecidas.

 Segundo fontes das forças de segurança, o corpo de uma mulher foi encontrado em uma praça tomada pela lama, mas sua identidade ainda não foi confirmada.

##RECOMENDA##

Oficialmente, no entanto, o ministro do Interior da Itália, Matteo Piantedosi, fala apenas em 12 desaparecidos. "Comunicações oficiais sobre mortes só ocorrerão quando pessoas encontradas forem levadas a hospitais", disse.

Mais cedo, o ministro da Infraestrutura e dos Transportes, Matteo Salvini, havia mencionado oito mortes, informação rapidamente desmentida pelo chefe da província de Nápoles, Claudio Palomba.

Já a premiê Giorgia Meloni declarou que está em contato com o ministro da Defesa Civil, Nello Musumeci, e com o governo da região da Campânia, onde fica Ischia. "O governo expressa solidariedade aos cidadãos e aos prefeitos da ilha e agradece aos socorristas empenhados na busca por desaparecidos", ressaltou a primeira-ministra.

Por sua vez, o ministro da Defesa, Guido Crosetto, determinou a intervenção das Forças Armadas para ajudar nas operações de resgate. Cerca de 200 pessoas foram evacuadas, mas 30 famílias, totalizando aproximadamente 100 indivíduos, estão isoladas em suas casas sem água nem energia, uma vez que o deslizamento obstruiu as vias de acesso.

"Uma dezena de imóveis desabou", disse Giacomo Pascale, prefeito de Lacco Ameno, município vizinho a Casamicciola. Já o padre Gino Ballirano, pároco em uma igreja na ilha, contou à ANSA que está tentando chamar algumas pessoas desaparecidas, mas sem sucesso.

O diretor do Observatório Vesuviano do Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia (INGV), Mauro di Vito, destacou que existe o risco de novos deslizamentos, uma vez que a região deve continuar registrando chuvas nas próximas horas.

Um relatório divulgado há uma semana pela ONG Legambiente mostra que o número de eventos climáticos extremos na Itália entre janeiro e outubro aumentou 27% em relação ao mesmo período do ano passado devido ao aquecimento global. 

*Da Ansa

[@#galeria#@]

Nesta quarta-feira (16), diferentes entidades de interesse jurídico e social organizaram uma audiência pública para divulgar informações sobre o impacto das chuvas deste ano nas populações do Grande Recife. O dossiê, que foi apresentado parcialmente e deve ter lançamento público no fim de novembro, teve exposição no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), no bairro de Santo Antônio, no Recife. 

##RECOMENDA##

Organizações como o Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico (IBDU), o Habitat para a Humanidade Brasil, e a Articulação Recife de Luta, fizeram parte da elaboração do documento. Também foram convidados representantes e chefes de pastas dos munícipios metropolitanos, como Olinda, Jaboatão dos Guararapes e Camaragibe, além do Governo do Estado e do Governo Federal. Nenhum secretário ou assessor federal compareceu à audiência. 

O foco da reunião pública foi aprofundar os dados e traçar um perfil das pessoas afetadas pelas chuvas de maio e junho deste ano. Uma das maiores tragédias humanas e ambientais de 2022, os temporais na Região Metropolitana do Recife deixaram pelo menos 128 mil desalojados e 132 mortos. Em um cenário que tem como critério o acaso, uma vez que a situação se repete ano após ano e a condição de risco continua parte da vida de muitos pernambucanos. 

"Ampliar a concessão de auxílios, para garantir a devida compensação financeira pelas perdas e danos e o respeito à integridade física, psíquica e patrimonial dos atingidos; aumentar o valor dos auxílios inclusive para quem já começou a receber; melhorar o atendimento de saúde médica e psicológica da população atingida, garantindo consultas e medicamentos nos postos de saúde das regiões atingidas, buscando a colaboração entre equipes de saúde do território e com participação comunitária", sugere o dossiê, sobre o que ainda precisa ser feito este ano. 

No documento, os dados apontam para o conceito de racismo ambiental, tratamento sistemático dado a minorias sociais, geralmente em um contexto racializado, no qual esse grupo de pessoas está mais exposto à degradação ambiental. Nos territórios mais atingidos, mais de 60% da população é negra ou possui residências afetadas cujas chefes são mulheres negras. 

"A gente precisa saber quando, onde, por que e quanto. Na nossa Upinha nem médico tinha. A gente teve um gasto de quase R$ 12 mil só de medicação, tudo obtido através de doação, porque não temos financiamento público. É importante que o Governo do Estado tenha compromisso com as pessoas. Quem está na ponta não está porque quer, mas porque foi arrastado para lá. [...] Com o trabalho que a gente organizou teve mutirão de saúde, de vacinação. Nosso espaço tem quatro anos e em uma semana, entregamos mais de 14 mil refeições, oito mil cestas básicas e mil colchões. Minha pergunta é: qual é a grande dificuldade que a Prefeitura e o Governo têm de realizar esse trabalho, quando as pessoas estão, literalmente, morrendo?", questionou Joice Paixão, parceira do Habitat e idealizadora do Gris Solidário, na Várzea. 

 

[@#galeria#@]

As chuvas torrenciais que caíram sobre o Jardim Monte Verde, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife (RMR), mudou radicalmente a vida dos sobreviventes. Famílias foram despedaçadas pela avalanche de lama e o sentimento de vazio entristece o olhar dos que perderam sonhos alcançados ao longo da vida. O risco de novos deslizamentos não é contestado por quem já se acostumou com o perigo das barreiras, mas, para os moradores, é insuficiente diante da incerteza de reconstruir a vida distante do lar.  

##RECOMENDA##

Sem água na torneira, Edson Lima lava as panelas há poucos metros de uma encosta prestes a cair. O semblante cansado observa as rachaduras e revela os dias árduos que cavou para achar o irmão. No sábado (23), ele foi acordado pela notícia de que a casa de Jeferson havia sido soterrada. Ainda era por volta das 6h30, quando correu para pedir ajuda ao pai e ao irmão Anderson.

Edson comentou que já havia pedido para o irmão sair de casa. Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

A chuva persistia e as barreiras encharcadas não ofereciam qualquer segurança para as buscas. Mesmo assim, a família estavas unida entre os destroços para encontrar Jeferson, quando um segundo deslizamento aconteceu. "A gente foi lá tentar socorrer e a barreira caiu em seguida, jogando Anderson contra a parede que levou para o outro lado de onde era a casa. A gente ficou procurando ele, pensando que ele estava enterrado também, mas ele mesmo conseguiu se escapar de baixo da lama e saiu por trás da outra casa com a perna cortada e a rótula do joelho toda rachada", relatou Edson. 

Quatro dias de buscas 

Certo de que Jeferson não estava mais vivo e que o outro irmão já estava a caminho do Hospital da Restauração, no Recife, ele voltou os esforços para salvar os vizinhos que ainda estavam em risco. Foram quatro dias de buscas entre os escombros e o barro até que Jeferson, de 38 anos, foi encontrado por equipes de resgate.

"Ele ainda tava em cima da cama. A cama dele veio parar na cozinha da outra casa, atravessando a parede do quarto e a parede da sala do vizinho", descreveu. Edson lembra do irmão com carinho e enfatiza que procurava proteger o irmão, tanto que pediu para que deixasse a casa antes do incidente. "O negócio dele era só trabalho e casa. Era um cara tranquilo que gostava de criar passarinho", relembrou.

Um pássaro sem ninho

Na mesma rua, Laércio Marcelino vê um alagado se formar em frente à sua casa pela lama acumulada. Sem ter sido atingido pelo deslizamento, ele abre a porta todas as manhãs e se encontra diariamente com o local da tragédia. O barulho das raízes das árvores se arrebentando em segundos e a onda de barro que percorreu cerca de 25 metros, carregando troncos e obrigando as pessoas a fugir de dentro de casa são lembranças ainda presentes.

"Foi uma coisa aterrorizante. Eu há 40 anos estou aqui e acredito que isso foi abuso de corte de pé de barreira. A gente vê claramente que é a natureza restaurando o seu lugar”, ponderou. Outra lembrança é a fuga às pressas com a esposa para a casa de amigos, onde foi recebido aos prantos pela vizinha. "Ela chorando, nervosa [disse]: 'vamos sair daqui'. Eu disse: 'tenha calma porque eu já disponibilizei a nossa casa como amortecedora", conta.


Láercio teme que um novo deslizamento destrua sua casa. Júlio Gomes/ LeiaJá Imagens

Laércio diz que conhecia pelo menos 15 vítimas e que hoje abriga um espírito de refugiado. Com a casa ameaçada por um novo deslizamento, aos poucos, ele retira os móveis e prepara a saída definitiva. "Eu tenho isso aqui como o que foi guardado pelo Senhor", comenta enquanto alisa as paredes com quem se despede. “Você sente que perdeu algo, mas não é algo como uma família que morreu, que é uma coisa natural de saber que todos vão perder. Você perdeu algo que não era para perder”, lamenta.

Ele resume a frustração e compara a incapacidade para reverter a condição com um pássaro vítima de desmatamento. "Eu estou me sentindo como um pássaro que está na floresta, que tem um ninho e voou para procurar comida, mas na volta, os homens tinham cortado a árvore. Já vínhamos voando na direção e quando chega perto não encontra mais o ninho e os filhotinhos”, sintetizou.

As perdas de Edson e Laércio não os direciona para longe da Rua Serra da Boa Esperança, onde constituíram família e os planos de reforma após o inverno. Os dois expõem o desejo de permanecer em Jardim Monte Verde, mas, caso os imóveis sejam condenados, reivindicam indenizações justas. “Todo mundo tá saindo contra a vontade. Eu mesmo não vou sair”, reluta Edson. 

Sobe o número de vítimas das chuvas

Até essa terça-feira (7), 129 mortes foram confirmadas em razão das chuvas que atingem Pernambuco há cerca de 17 dias. A última vítima foi um adolescente de 13 anos, soterrado na Zona Norte do Recife. O número de desalojados subiu para 119.523 pessoas e o de desabrigados passou para 9.134 pessoas. Apesar dos períodos ensolarados, a expectativa é que chova pelo menos até esta quinta-feira (9). A Codecipe atende 24h pelos telefones 3181-2490 e 199.

“Quando vi, já estava tudo em cima de mim”, foi o que disse dona Vânia Nunes da Silva, que sobreviveu ao deslizamento desta terça-feira (7), no Córrego do Tiro, na Zona Norte do Recife. Ela é a proprietária de três das cinco casas atingidas pela terra. Com o aluguel, pagava as contas e tirava o próprio sustento. Além da perda material, a mulher viu parte de sua família ir embora na madrugada, com a morte do sobrinho Lucas, de 13 anos, que foi soterrado. A moradora luta, agora, ao lado da irmã Ivaneide Nunes, mãe do menino, que escapou da tragédia com alguns arranhões. 

“Foi tudo muito de repente. Quando vi, já estava tudo em cima de mim. Pensei que ia morrer, comecei a gritar por socorro. Apareceu um morador chamado Cleiton, começou a tirar os escombros de cima de mim e mandando eu falar, reagir. Tinha uma placa de gesso cobrindo as minhas pernas, ele correu para imobilizar minhas pernas, me segurou e me levou; aí eu saí com vida”, declarou Vânia.  

##RECOMENDA##

Moradora do Córrego há 20 anos, ela relata que as denúncias e o medo são rotina para a população que vive ali. Em todo esse tempo, segundo ela, foi nesta terça-feira que viu, pela primeira vez, a Prefeitura do Recife colocar lonas na parte alta das barreiras - onde ocorreu o incidente.  

“Nunca conseguimos nem colocar lona lá em cima. Botaram agora, porque caiu a barreira. Podia ter sido evitado, mas não foi. Lá onde eu moro cai lixo de todos os tipos. A gente pediu a limpeza da barreira e não aconteceu. Agora o pior aconteceu. Os prefeitos não fazem nada, a gente fica à mercê de qualquer coisa. São uns covardes, o dinheiro vai para o bolso deles, porque ninguém faz nada aqui. A comunidade toda pede, mas eles não vêm aqui em cima colocar lona, não. Agora não adianta mais. Perdi tudo e para reconstruir de novo, fica difícil”, finalizou. 

*Com informações de Jameson Ramos 

LeiaJá também: acompanhe as atualizações sobre o Córrego do Tiro 

‘'Preciso de um coração novo', diz mãe de jovem soterrado’ 

‘'Duas casas caíram em cima dele', diz vizinho de Lucas’ 

‘Novamente, solidariedade comunitária marca o pós-tragédia’ 

[@#galeria#@]

No Recife, o período das chuvas que antecipam o inverno pernambucano foi marcado por registros de tragédias, perdas e muita dor. Enquanto a cidade é dominada pelas lonas pretas e o cotidiano segue após as ruas e rodovias secarem, as comunidades afetadas pelos deslizamentos de terra anuais se veem, novamente, na necessidade de se reconstruir, muitas vezes contando, em maior parte, com o próprio apoio. 

##RECOMENDA##

Na madrugada desta terça-feira (7), um deslizamento de barreira no Córrego do Tiro, comunidade do Alto de Santa Terezinha, na Zona Norte do Recife, deixou quatro pessoas feridas e um morto. A vítima fatal foi um adolescente, com apenas 13 anos de idade. Nos relatos de moradores, as informações se repetem: sensação de descaso, abandono e esquecimento. Além de muita revolta. 

De acordo com uma informação preliminar apurada pelo LeiaJá, pelo menos 14 casas foram interditadas e desocupadas na região, por risco de desabamento, além das cerca de cinco casas destruídas pela terra. Muitos dos moradores, porém, não têm para onde ir. Para amenizar a dor da perda e contornar o desalojamento dos populares, os organizadores da Igreja Batista do Córrego do Tiro, que funciona há 60 anos na comunidade, cederam o espaço para 22 pessoas desalojadas por causa das chuvas. 

“A igreja sempre abre quando acontece algo assim, quando é necessário, até para o velório da comunidade. Ainda mais agora que aconteceu isso e a gente está se sentido bastante solidarizado pelo pessoal. Moro aqui desde que eu nasci. É muito triste esperar uma oportunidade dessas para falar. São muitas pessoas sendo atingidas e poucos recursos vindo”, declarou Ana Paula da Silva, de 49 anos, que auxilia na coordenação da igreja. 

A Coordenadoria de Defesa Civil do Estado de Pernambuco (Codecipe) está em contato com a igreja para mapear todos os desalojados, desabrigados e poder controlar o envio de recursos. O órgão deve enviar, ainda hoje, alimentação, colchonetes, cobertores e os demais materiais necessários para acolher as famílias. De acordo com a organizadora, os cultos devem continuar no local, para dar suporte emocional às vítimas. 

“Esse é o momento que a gente tem que levar amor e carinho pro pessoal. Apesar de tudo, é preciso dizer que ainda existe amor no coração do povo. Ajuda a amenizar. Num momento desses, só o que a pessoa precisa é de um ombro amigo para ajudar. Fazemos isso com o coração na mão, mas garantindo que todos que cheguem aqui sejam abraçados. Somos irmãos”, continuou Ana Paula. 

Para onde ir? 

A determinação de saída, realizada pela Defesa Civil nesta terça, foi com prazo imediato, pois o risco de novos desabamentos na região é alto. Após a tragédia, os moradores não resistiram à saída, mas o sentimento de abandonar tudo o que foi construído não se torna menos amargo, apesar da preservação da vida.  

“Foi um grande estrondo, um abalo, muitos gritos. Aquele desespero. Faz tempo que a gente procura a prefeitura. Prefeito vem aqui, vereador vem aqui, só em época de eleição e só pra prometer. Fizeram ali uma barreira sem necessidade nenhuma, a casa já foi interditada, e não mora ninguém. Aqui, disseram que não vão fazer, por falta de verba. E a nossa vida, vale quanto?”, desabafa Elisângela Jessica, de 32 anos, nascida e criada no Córrego. 

A moradora, que divide o lar com outras sete pessoas — as duas filhas, o marido, a avó, a irmã, o cunhado e a sobrinha —, agora não ter um lugar definido para ir e deve buscar abrigo na Igreja Batista. 

“É triste, a gente não sabe nem o que fazer. Não desejo essa situação nem pro meu pior inimigo. Gera revolta, tristeza, dor; não sei nem explicar, porque é tudo junto. Poderia ser evitado, e agora é uma tragédia dessa. Tenho medo pela minha vida, dos meus filhos, da minha avó, que tem dificuldade para andar. Como a gente ia correr? Quatro da manhã e a gente gritando aqui, correndo, na chuva”, concluiu. 

LeiaJá também:

--> ''Preciso de um coração novo', diz mãe de jovem soterrado '

--> ''Duas casas caíram em cima dele', diz vizinho de Lucas '

Nota da Prefeitura do Recife 

A Secretaria de Saúde do Recife informa que uma unidade de suporte avançado, duas de suporte básico e um veículo de intervenção rápida do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) Metropolitano do Recife foram acionadas para fazer o socorro às vítimas do deslizamento no Córrego do Tiro na manhã de hoje (7). Dois adultos foram resgatados com vida e encaminhados para unidades de saúde da capital. A Secretaria de Saúde do Recife lamenta a morte de um adolescente de 13 anos devido à ocorrência. 

A Prefeitura do Recife informa que irá abrir a escola Ricardo Gama, que fica na circunvizinhança, para abrigar temporariamente as famílias atingidas pelo deslizamento no Córrego do Tiro, onde o atendimento será integral, com oferta de acolhida para dormir, alimentação, assistência social, de saúde e mental, aplicação de vacinas, realização de consultas e oferta de medicamentos e receitas. Equipes da Assistência Social estão no local para prestar apoio às famílias atingidas e a Defesa Civil atua na avaliação do risco das casas para interditar as que não apresentam mais condições de habitação no momento. 

A Defesa Civil orienta a população que mora em áreas de risco a procurar locais seguros e que pode ser acionada pelo telefone 0800.081.3400. Atualmente a Prefeitura do Recife oferece 18 equipamentos em funcionamento provisório como abrigos e pontos de apoio, sendo 9 unidades de ensino municipais funcionando como abrigo. 

*Com informações de Jameson Ramos

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando