Israel prosseguia nesta segunda-feira (16) concentrando tropas na fronteira com a Faixa de Gaza, território palestino governado pelo movimento islamita Hamas, onde mais de um milhão de pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas nos últimos dias diante do temor de uma ofensiva terrestre israelense.
A guerra entre Israel e Hamas começou após o violento ataque do movimento extremista em 7 de outubro contra o território israelense.
Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas, iniciou uma intensa campanha de bombardeios na Faixa de Gaza e pediu aos civis que fujam da cidade de Gaza para o sul.
Mais de 1.400 pessoas foram assassinadas pelos ataques do Hamas em Israel, a maioria civis. As ações de represália israelenses deixaram pelo menos 2.750 mortos em Gaza, a maioria civis palestinos, incluindo centenas de crianças, segundo as autoridades locais.
O Hamas, considerado uma organização "terrorista" por Estados Unidos, União Europeia e Israel, sequestrou pelo menos 199 pessoas, de acordo com balanço atualizado divulgado nesta segunda-feira pelo Exército do Estado hebreu.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, retornou a Israel nesta segunda-feira para sua segunda visita ao país em uma semana, após uma viagem por vários países árabes.
O Exército israelense informou nesta segunda-feira que "se absteria" de atacar os corredores de saída que ligam o norte e o sul da Faixa de Gaza.
No domingo, nono dia do conflito, Israel bombardeou alvos em Gaza, enquanto os combatentes do Hamas prosseguiam com os lançamentos de foguetes contra o território israelense.
- Evacuação na fronteira libanesa -
A tensão também é elevada na fronteira norte com o Líbano. Israel começou a retirar nesta segunda-feira os moradores ao longo desta fronteira, onde os confrontos aumentaram nos últimos dias entre o movimento Hezbollah pró-Irã, aliado do Hamas, e o Exército israelense.
No domingo, um civil israelense morreu e vários ficaram feridos em Shtula, norte do país, em um ataque com mísseis do Hezbollah. O Exército respondeu e atacou instalações militares do movimento xiita libanês. A sede da Força de Paz da ONU no sul do Líbano foi atingida por um foguete.
Após os ataques aéreos e a ordem do Exército para a evacuação do norte da Faixa de Gaza, mais de um milhão de pessoas fugiram em uma semana do pequeno território de 362 quilômetros quadrados, cercado e onde vivem 2,4 milhões de palestinos.
Com poucos pertences, em motocicletas, automóveis, reboques ou burros, os palestinos fogem há vários dias para o sul.
"Sem energia elétrica, sem água, sem internet, sinto que estou perdendo minha humanidade", disse Mona Abdel Hamid, 55 anos, que fugiu para Rafah, na fronteira com o Egito.
O Exército israelense confirmou que está se preparando para a "próxima etapa" da operação de represália contra o Hamas, responsável pelo ataque mais violento em seu território desde a criação do Estado de Israel em 1948.
Na manhã de 7 de outubro, durante o Shabat, o descanso semanal judaico, centenas de combatentes do Hamas infiltraram-se em Israel por terra e ar. Eles mataram mais de mil civis e espalharam o terror, sob uma chuva de foguetes.
Em resposta ao ataque, Israel concentrou dezenas de milhares de soldados ao redor da Faixa de Gaza. O Exército anunciou que encontrou os corpos de 1.500 combatentes do Hamas.
"Estamos no início das operações militares em larga escala na cidade de Gaza", no norte do território, afirmou nesta segunda-feira o porta-voz do Exército, Jonathan Conricus. "Os civis não estariam seguros se permanecessem aqui", acrescentou.
- "Risco muito grave" -
Os preparativos preocupam a comunidade internacional. No Cairo, Blinken afirmou que os aliados árabes dos Estados Unidos não desejam a prorrogação do conflito.
O apelo por calma foi reiterado pelo presidente americano Joe Biden, que alertou que uma nova ocupação por parte de Israel da Faixa de Gaza seria um "grave erro". Israel ocupou Gaza da Guerra dos Seis Dias em 1967 até 2005.
Em Gaza, sitiada desde 9 de outubro por Israel, está acontecendo uma "catástrofe humanitária sem precedentes", afirmou a agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA).
"Nem uma gota de água, nem um grão de trigo, nem um litro de combustível conseguiram entrar em Gaza nos últimos oito dias", disse Philippe Lazzarini, diretor da UNRWA.
A situação continua muito difícil para milhares de refugiados.
"Todos os dias pensamos em como economizar água. Se você toma banho, não bebe água", lamenta Asem, morador de Khan Yunes, que não informou o sobrenome.
Na passagem de fronteira de Rafah, entre Egito e Gaza, a ajuda humanitária chega de vários países, mas não pode entrar no território palestino.
Rafah, o único ponto de passagem entre Gaza e o exterior que não está sob controle israelense, permanece fechado e foi bombardeado diversas vezes por caças do Estado hebreu.
A Faixa de Gaza enfrenta um bloqueio israelense por terra, ar e mar desde 2007, quando o Hamas tomou o poder o território.