Tópicos | DF

O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse nesta terça feira, 2, que a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar os ataques às sedes dos Poderes em 8 de janeiro pode ficar para daqui a duas semanas.

"Eu acho que é mais provável a instalação ocorrer sem ser na semana que vem, na seguinte", disse ele. Randolfe afirmou que definições como presidente da comissão e relator são para depois da escolha dos integrantes do colegiado pelos líderes de bancada.

##RECOMENDA##

Ele afirmou que falta o Senado definir uma questão de ordem sobre quantos representantes cada bloco partidário da Casa terá na CPMI. E que há questão sobre o mesmo assunto na Casa.

"Há uma questão sobre proporcionalidade da Câmara, que não está bem resolvido. Ainda me falta confirmar, mas tem alguns partidos que não têm liderança. Se não tem liderança não pode fazer a indicação. Então tem que repactuar a composição lá", disse Randolfe.

Randolfe declarou que o "mais adequado" é a presidência do colegiado ficar com um senador. A tendência, hoje, é o presidente ser deputado e o relator um senador. O líder do Governo afirmou que os senadores Eduardo Braga (MDB-AM) e Renan Calheiros (MDB-AL) são bons nomes para assumir um dos dois cargos no colegiado.

Ele também disse que espera que o União Brasil, que tem integrantes comandando ministérios, indique congressistas alinhados com o Executivo. Setores de oposição da sigla tentam emplacar Sergio Moro (União Brasil-PR) em uma das vagas de titular.

"Eu tenho confiança que as indicações do União Brasil serão coerentes com o apoio que dá ao governo. As indicações de membros efetivos serão de pessoas alinhadas com o governo", declarou Randolfe.

Ele deu as declarações a jornalistas no Senado, depois de sair do plenário.

O líder do PSD no Senado, Otto Alencar (BA), fez uma analogia com procedimentos médicos urgentes e eletivos ao comentar sobre a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dedicada aos ataques de 8 de Janeiro passado.

"Urgência era quando estava morrendo gente na pandemia. Essa (CPMI) é eletiva", disse o senador.

##RECOMENDA##

Alencar declarou que o partido ainda não terminou de escolher seus representantes na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito - e que talvez o colegiado não seja instalado nesta semana.

A Advocacia-Geral da União entrou com ação civil pública contra 27 extremistas identificados pela inteligência da Polícia do Senado a partir de gravações por eles publicadas nas redes sociais, comemorando a invasão do Congresso Nacional durante os atos golpistas de 8 de janeiro e até registrando o embate com os policiais legislativos.

Trata-se da sétima ação levada pelo órgão à Justiça Federal contra financiadores dos atos golpistas de 8 de janeiro e radicais que invadiram e depredaram as dependências do Planalto, Supremo Tribunal Federal e Congresso.

##RECOMENDA##

A ação foi ajuizada na sexta-feira, 28, pede o ressarcimento de danos causados ao patrimônio público. Ao todo, o prejuízo causado pela ofensiva antidemocrática é estimada em R$ 26,2 milhões, até o momento.

Os processos movidos pela AGU na esteira dos atos golpistas já atingem 250 pessoas, três empresas, uma associação e um sindicato.

O órgão ainda requer indenização pelo dano moral coletivo 'pelo ataque a valores fundamentais do Estado Democrático de Direito'.

A AGU aciona os radicais na esfera civil, sendo que, em paralelo, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal seguem com as apurações sobre os atos de 8 de janeiro.

Há investigados que já respondem a processos criminais por participação na ofensiva antidemocrática - 150 supostos instigadores dos atos e 150 executores do vandalismo registrado na Praça dos Três Poderes.

Veja a lista de ações movida pela AGU no caso dos atos golpistas:

- Ação nº 1 - Pede condenação de 54 pessoas, três empresas, uma associação e um sindicato apontados como financiadores dos atos golpistas de 8 de janeiro. No bojo do processo foi decretado o bloqueio de bens dos acionados;

- Ação nº 2 - Pede condenação de 40 presos em flagrante por participarem da invasão e depredação das sedes do Congresso, Planalto e Supremo. No bojo do processo foi decretado o bloqueio de bens dos acionados;

- Ação nº 3 - Pede condenação de outros 42 presos por participarem dos atos golpistas. No bojo do processo foi decretado o bloqueio de bens dos acionados;

- Ação nº 4 - Pede condenação contra 42 detidos em flagrante durante os atos. No bojo do processo foi decretado o bloqueio de bens dos acionados;

- Ação nº 5 - Pede condenação de suspeitos de financiar o fretamento de ônibus para os atos ao pagamento de indenização de dano moral coletivo de R$ 100 milhões;

- Ação nº 6 - Pede condenação de presos em flagrante no interior do Palácio do Planalto participando de atos de depredação.

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou dois habeas corpus que pediam a liberdade de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Torres está preso desde 14 de janeiro sob suspeita de participação nos atos golpistas em Brasília.

Um dos habeas corpus impetrados pela defesa de Torres apresentou um laudo médico informando que o ex-ministro corre "risco de suicídio". O outro sustenta que a prisão preventiva, passados quase quatro meses, é ilegal.

##RECOMENDA##

Em ambos os casos, Barroso assinalou que a jurisprudência da Corte não permite habeas corpus contra decisão monocrática de ministros da Corte. "Nessas condições, não há alternativa senão julgar extinto o processo, sem resolução do mérito, por inadequação da via eleita", decidiu o ministro. A prisão preventiva de Torres foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, e sua decisão foi referendada pela Corte.

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), também votou nesta quinta-feira, 27, para receber a segunda leva de denúncias da Procuradoria Geral da República (PGR) contra mais 200 bolsonaristas envolvidos nos atos do dia 8 de janeiro. Ele acompanhou os ministros Alexandre de Moraes, relator das investigações sobre os protestos golpistas e Dias Toffoli. O placar está 3 a 0.

O julgamento está em curso no plenário virtual do Supremo. A votação fica aberta até a próxima terça-feira. Dia 2 de maio. No plenário virtual, os ministros registram os votos no sistema e não há reunião do colegiado.

##RECOMENDA##

O que o Tribunal está decidindo nesta etapa é se aceita ou não as denúncias para tornar os radicais réus. O mérito das acusações será debatido em um segundo momento, quando na prática poderão ser impostas condenações.

Ao votar para abrir as ações penais, Moraes defendeu que os radicais tentaram "destruir o regime democrático e suas instituições, pregando a violência, pleiteando a tirania, o arbítrio, a violência e a quebra dos princípios republicanos".

As denúncias em julgamento atingem manifestantes que teriam participado diretamente dos atos de vandalismo e outros que teriam incitado os protestos golpistas.

As primeiras 100 denúncias foram aceitas em julgamento encerrado na segunda-feira, dia 24. O placar foi de 8 a 2. Apenas os ministros André Mendonça e Kassio Nunes Marques, ambos indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), divergiram. Eles foram os últimos a votar, a poucas horas do final do julgamento, e defenderam o envio das denúncias para a Justiça Federal.

A PGR denunciou mais de 1,3 mil pessoas. Por causa do volume, o STF decidiu reunir as denúncias em blocos para agilizar os julgamentos. Os casos são pautados em conjunto, mas as acusações são analisadas uma a uma.

O tribunal deve seguir esse ritmo de trabalho até concluir a análise de todas as denúncias. A terceira leva de acusações vai a julgamento entre os dias 3 e 8 de maio no plenário virtual. A instrução dos processos abertos também deve seguir a cargo do STF.

A defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres pediu nesta terça-feira, 26, habeas corpus ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. O aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, por meio de seus advogados, alegou ter sofrido nesta quarta-feira, 26, uma 'crise de ansiedade' no Batalhão de Polícia Militar em Brasília, onde está preso há mais de cem dias.

Segundo os advogados, Torres 'chorou forma compulsiva, relatando enorme saudade de seus familiares, em especial de suas filhas, expondo palavras e ideias sem nexo, e expos seu desânimo com a manutenção de sua vida'.

##RECOMENDA##

O habeas corpus é fundamentado em um laudo psiquiátrico de sábado, 22, que recomendou a prisão domiciliar de Torres para 'conter crises' e como forma de 'prevenção de suicídio'. O ex-ministro pede liberdade provisória, admitindo ser submetido a medidas cautelares alternativas, ou ser colocado em prisão domiciliar.

"Os efeitos deletérios da custódia cautelar podem levar o paciente (Torres) a ceifar a própria vida. E caso isso não ocorra, a única certeza que se tem é que seu estado mental tenderá a piorar, porquanto a única alternativa terapêutica para sua convalescença, segundo a médica da Secretaria de Saúde do DF, reside na sua internação domiciliar", argumentam os advogados Eumar Novacki e Edson Smaniotto, que representam o ex-ministro de Bolsonaro.

Trata-se de um novo pedido de liberdade de Torres. No último dia 20, Alexandre, relator do inquérito dos atos golpistas, já havia negado um primeiro habeas corpus, o qual contava com parecer favorável da Procuradoria-Geral da República.

O ministro considerou que a necessidade de segregação de ex-ministro da Justiça foi reforçada por 'fortes indícios' de sua ligação com a 'minuta do golpe' - documento apreendido pela Polícia Federal em um armário da residência de Torres, em Brasília - e com fiscalizações em massa da Polícia Rodoviária Federal no segundo turno das eleições.

Na ocasião, Alexandre classificou as blitz em série da PRF, especialmente em rodovias do Nordeste - principal reduto eleitoral do presidente Lula - como 'operação golpista' 'para tentar subverter a legítima participação popular'.

O ex-ministro da Justiça foi intimado para depor na última segunda, 24, sobre a atuação da PRF no segundo turno do pleito - a corporação é subordinada ao Ministério da Justiça.

O depoimento, no entanto, foi adiado após a Secretaria de Saúde do Distrito Federal atestar que Torres não tem condições de 'comparecer a qualquer audiência por questões médicas (ajuste medicamentoso), durante uma semana'.

COM A PALAVRA, O ADVOGADO EUMAR MOVACKI, QUE DEFENDE TORRES

Diante da piora significativa do quadro clínico do Sr. Anderson Torres e severa crise ocorrida no final da tarde de segunda-feira, dia 24, a defesa impetrou "Habeas Corpus"(HC) junto ao Supremo Tribunal Federal. Em que pese o rito abreviado do HC, há imperiosa necessidade de preservação da vida, com a resposta urgente que a excepcionalidade do caso exige. Todas as manifestações serão realizadas nos autos do processo. Destacamos mais uma vez o espírito cooperativo da defesa e a certeza de que o maior interessado na apuração célere dos fatos é o Sr. Anderson Torres. Nossa confiança na Justiça é inabalável e nosso respeito ao Supremo Tribunal Federal é incondicional.

Após dois meses de pressão, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Golpe foi finalmente criada. O presidente do Congresso Nacional e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), fez a leitura do requerimento do deputado André Fernandes (PL-CE) que cria a comissão parlamentar em sessão no começo da tarde desta quarta-feira, 26.

A pauta polariza a Casa em dois extremos: os apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anteriormente contrários ao requerimento, agora buscam procurar responsáveis pela omissão que levou aos atos vândalos do 8 de janeiro e culpabilizar deputados apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) - autores da proposta e defensores da CPMI - que convocaram manifestantes e até ironizaram e fizeram piadas enquanto pessoas invadiram e destruíram o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal (STF) e a sede do Legislativo federal.

##RECOMENDA##

Lulistas protelaram e tentaram desmobilizar a comissão investigativa durante esse período e falharam. A reviravolta na posição aconteceu após a revelação das imagens do ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Marco Edson Gonçalves Dias, aparecer facilitando a circulação de bolsonaristas na sede do governo, enquanto deputados da base do Centrão vinham assinando o requerimento de autoria do deputado André Fernandes (PL). Agora, os petistas pretendem usar a CPMI como uma "ofensiva política", como disse o vice-líder do governo no Congresso, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ).

Há uma disputa intensa entre governo e oposição pela presidência e relatoria. Farias, por exemplo, defende que o governo terá posição para indicar ou o presidente ou o relator da comissão. O líder do PP na Câmara, André Fufuca (PP-MA), foi o nome apontado pelo "blocão" composto por União Brasil, PP, Federação PSDB-Cidadania, PDT, PSB, Avante, Solidariedade e Patriota para assumir um dos postos. Fufuca tem a seu favor o fato de ser do partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), mas encontra rejeição. Maranhense, ele tem proximidade do ministro da Justiça, Flávio Dino, que deverá ser um dos investigados e é o principal alvo de ataques dos bolsonaristas, especialmente na Câmara, onde já compareceu duas vezes e foi algo de dezenas de requerimentos de convocação neste começo de governo.

O PL, por outro lado, articula para garantir o controle em um dos postos principais da comissão. Uma das hipóteses em circulação é a de que o partido poderia abrir mão de uma vaga na CPMI para dar lugar a de Evair Vieira de Mello (PP-ES), que é do partido de Lira, mas é um dos mais fervorosos bolsonaristas na Câmara para garantir ou a presidência ou a relatoria para algum deputado do partido, mas geraria um outro impasse.

Membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid do Senado desejam participar da CPMI e Renan Calheiros (MDB-AL), relator na CPI da Covid é novamente especulado para assumir lugar de prestígio na nova comissão. Ele enfrenta a resistência de Lira seu inimigo político no Estado - os dois já trocaram ofensas públicas mais de uma vez neste ano.

A divergência sobre o nome de Calheiros entre o Planalto e Lira abre caminho para que o senador Eduardo Braga (MDB-AM) possa entrar em jogo no lugar de Renan. Há ainda um outro cenário para que um nome mais moderado da Câmara como o deputado Arthur Maia (União-BA) possa substituir Fufuca. Ele foi o relator da reforma administrativa e presidiu a Comissão de Constituição e Justiça no ano passado e tem a preferência do líder do seu partido, Elmar Nascimento (BA) para o cargo.

Fraturada, a legenda passa por uma profunda divisão: além de uma debandada ter acontecido entre parlamentares do Rio de Janeiro - entre eles a ministra do Turismo, Daniela do Waguinho -, na Câmara há deputados alinhados ao governo, à oposição e até há os mais neutros. Na votação do requerimento de urgência do projeto de lei (PL) das Fake News, um dos primeiros testes do governo, parlamentares do União votaram contrariamente em sua maioria.

Dino também articula para que o PSB, que faz parte do "blocão" de Lira na Câmara, indique Duarte Junior (MA), seu aliado, que teve experiência em Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa no Estado e que se mostrou um provocador da base bolsonarista neste começo de mandato. Foi ele um dos que tumultuaram durante a segunda ida de Dino para falar com deputados, interrompida após um tumulto generalizado na Comissão de Segurança Pública. Ele também acusou a deputada Carla Zambelli (PL-SP) de o mandar "tomar no c*" durante as inúmeras confusões que aconteceram no dia. O PSB protocolou uma representação na Comissão de Ética da Casa.

Na semana passada, Duarte esteve com André Janones (Avante-MG), o parlamentar mais ativo do governo e de maior engajamento nas redes e conversaram sobre a CPMI. O governo deseja que Janones tenha lugar para atuar. Como mostrou o Estadão, dos 32 integrantes da CPMI (16 deputados e 16 senadores), governistas calculam conseguir indicar 20 nomes e ter a maioria.

O governo ainda terá que lidar com outros problemas enquanto tenta avançar a aprovação do arcabouço fiscal e da reforma tributária. É possível que a Câmara abra três outras CPIs, uma delas a do Movimento Sem Terra (MST), endossada pela Frente Parlamentar Agropecuária.

Em meio a imbróglio sobre as gravações que levaram à queda do ex-ministro G. Dias, o major do Exército José Eduardo Natale de Paula Pereira - ex-coordenador de Operações de Segurança Presidencial do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) - afirmou, em depoimento à Polícia Federal, que entregou garrafas de água a invasores do Palácio do Planalto com o "intuito de acalmá-los", para que não danificassem a copa próxima ao gabinete presidencial, onde estavam. O militar disse que estava "sozinho", sem apoio, na ocasião, e chegou a pedir que os golpistas saíssem do local. Depois, quando ouviu o reforço chegando, ordenou que todos saíssem do local, "tendo em vista que com a chegada da tropa a chance de linchamento seria menor".

O major foi questionado pela PF sobre porque não deu voz de prisão aos invasores. Pereira respondeu que "estava sozinho, desarmado, que corria risco de linchamento e de morte, sendo realizado o que estava a seu alcance". O militar narrou que "tomou todas as providências a seu alcance para conter danos, preservar vidas e executar o Plano Escudo - protocolo de defesa dos dois palácios (Planalto e Alvorada).

##RECOMENDA##

Ainda de acordo com o depoimento, o major ficou por cerca de uma hora sozinho com os golpistas, período em que "permaneceu em contato com seus superiores pedindo reforço e atualizando-os sobre a situação da invasão". O militar disse que estava no local quando apareceram três ou quatro radicais "exaltados" que questionaram que ambiente era aquele e depois exigiram ao major que lhes desse água.

O major foi ouvido no domingo, 23, pelos investigadores do inquérito sobre os atos golpistas. Na ocasião, relatou sua atuação no dia 8, desde que chegou ao Planalto, às 7h daquele dia. Segundo Pereira, o nível de indicativo de risco na ocasião era o laranja - o terceiro patamar em uma escala de cinco níveis. Por volta das 14h30, o militar começou a ouvir barulho de bombas, deixou o pelotão de prontidão e ligou para o coronel responsável em busca de atualizações sobre o ato que culminou na invasão das sedes dos três Poderes.

Pereira narrou ter se dirigido ao 4º piso do Palácio, avistando tropa da Polícia Militar constituída de cerca de dez homens, a qual "considerou muito pequena", e também disse que radicais estavam jogando pedras nos policiais, enquanto se aproximavam do Planalto. O major sustenta que "tomou todas as providências para impedir que os manifestantes adentrassem a área do Palácio do Planalto".

Segundo o militar, a invasão à sede do Executivo começou pelo canto noroeste do prédio, ocasião em que os golpistas "furtaram armamentos menos letais da sala de segurança". Pereira diz ter conseguido recuperar suas pistolas de choque, bastões e algemas da mão dos radicais, mas, durante a confusão, perdeu contato com as duas tropas que estavam sob seu comando. Os materiais foram em seguida entregues a um coronel, que informou a Pereira que a segurança do Palácio do Planalto havia "colapsado".

O major disse que, logo em seguida, retirou o paletó e a gravata para se infiltrar no Palácio "tomado" pelos radicais para conter danos. Também ficou sem a pistola, para evitar o furto do armamento, já que estava sozinho, narrou. Ele disse ter pedido reforço e adentrado o Planalto, sozinho, tendo verificado que "não havia tropa da PM nem o reforço solicitado e nem mesmo efetivo do GSI, somente os manifestantes".

Pereira disse que sua prioridade era proteger o gabinete presidencial, razão pela qual se dirigiu ao terceiro andar do prédio. Lá encontrou outros radicais, e, após se identificar, foi hostilizado. O militar disse ter "argumentado, tentando acalmá-los". Logo na sequência, o major encontrou, na antessala do gabinete presidencial, uma senhora. Sua avaliação foi a de que "ela não apresentava risco", então "foi em busca de maiores ameaças". Foi então que o militar se dirigiu à copa e foram registradas as imagens em que ele entrega água aos radicais.

Após o Supremo Tribunal Federal (STF) colocar no banco dos réus os cem primeiros denunciados pelos atos golpistas do dia 8 de janeiro, o ministro Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos sobre a ofensiva antidemocrática, votou, nesta terça-feira (25), para que a Corte máxima receba outras 200 acusações oferecidas pela Procuradoria-Geral da República contra incitadores e executores da depredação das dependências dos Três Poderes.

Assim como no caso dos primeiros golpistas tornados réus, Moraes defendeu a abertura de ação penal contra os outros 200 acusados pela PGR argumentando que as acusações feitas os radicais eram "gravíssimas" e, em análise preliminar, justificavam sua colocação no banco dos réus. O ministro destacou a inconstitucionalidade de condutas que pretendam "destruir o regime democrático e suas instituições, pregando a violência, pleiteando a tirania, o arbítrio, a violência e a quebra dos princípios republicanos".

##RECOMENDA##

Cem acusados como autores do vandalismo registrado nas sedes do Congresso, Supremo e Planalto são acusados de crimes de associação criminosa armada, abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Já aos cem incitadores dos radicais, são imputados os delitos de incitação ao crime e associação criminosa.

As denúncias oferecidas pela PGR são analisadas pelos ministros no Plenário virtual do Supremo, em sessão que tem previsão de terminar no próximo dia 2 de maio. No julgamento que se encerrou nesta segunda-feira, 24, o STF determinou, por maioria de votos, a abertura de ação penal contra 50 executores e 50 incitadores da ofensiva antidemocrática.

No julgamento das primeiras denúncias, os ministros Kassio Nunes Marques e André Mendonça apresentaram "ressalvas" e divergências. Primeiro, argumentaram que o Supremo seria incompetente para analisar as acusações feitas contra investigados sem foro por prerrogativa de função.

Considerando que já havia maioria formada para receber as denúncias, eles então defenderam a recepção das denúncias contra os executores dos atos golpistas, presos na Praça dos Poderes no dia 8 de janeiro, mas a rejeição das acusações feitas a detidos no dia seguinte, 9, no acampamento bolsonarista montado em frente ao QG do Exército em Brasília.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), volta a Brasília no fim da tarde desta segunda, 24, e deve se dedicar aos acordos necessários para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigará os ataques às sedes dos Poderes em 8 de janeiro. Pacheco deixou a capital federal na última quarta-feira. Foi para Londres, onde participou do Lide Brazil Conference.

Líderes de bancada do Senado aguardam do presidente da Casa, que também chefia o Congresso Nacional, uma definição sobre a presidência e a relatoria da CPMI. Não há obrigatoriedade, mas a praxe das comissões mistas é que cada um desses cargos fique com integrantes de uma das Casas. O acordo político será entre Pacheco e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que ficou em Brasília no fim de semana.

##RECOMENDA##

A comissão será criada na quarta-feira, 26. Em seguida, Os blocos partidários da Câmara e do Senado indicam os integrantes. Serão 15 deputados e 15 senadores titulares, de acordo com o requerimento de criação do colegiado.

Quando metade mais um dos integrantes tiverem sido indicados, o congressista mais velho do colegiado convoca a sessão de instalação - quando é eleito o presidente, que designa o relator.

Deputados têm demonstrado preferência pela presidência da comissão. No Senado, ainda não há uma tendência consolidada sobre qual cargo reivindicar. As bancadas se reunirão nos próximos dias para definir os congressistas que participarão da CPMI.

A defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres pediu o adiamento do depoimento previsto para esta segunda-feira (24), sobre as operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) nas eleições. O interrogatório está marcado para as 14h.

Os advogados haviam pedido uma avaliação psicológica. O acompanhamento de rotina faz parte do protocolo de atendimento aos presos. De acordo com a defesa, a psiquiatra da Secretaria de Saúde do Distrito Federal atestou que o ex-ministro não tem condições de "comparecer a qualquer audiência no momento por questões médicas (ajuste medicamentoso), durante 1 semana".

##RECOMENDA##

A prisão preventiva do ex-ministro completa 100 dias nesta segunda-feira. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou na semana passada mais um pedido da defesa para colocá-lo em liberdade.

"Ocorre que, após ter ciência do indeferimento do pedido de revogação de sua prisão preventiva, o estado emocional e cognitivo do requerente, que já era periclitante, sofreu uma drástica piora", escreveram os advogados no pedido de adiamento.

A prisão foi decretada na investigação sobre o papel de autoridades nos atos golpistas do dia 8 de janeiro. Ele é o único que permanece preso. O ex-ministro fica em uma Sala de Estado Maior no Batalhão de Aviação Operacional da Polícia Militar do Distrito Federal.

Antes contrário à instalação de uma comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) para investigar os ataques às sedes dos três Poderes no dia 8 de janeiro, o governo Luiz Inácio Lula da Silva decidiu mudar a estratégia após a demissão do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias.

Em novo movimento, o Palácio do Planalto agora apoia a abertura dos trabalhos do colegiado e, como mostrou o Estadão, age para ter a maioria e o controle da CPMI. Uma sessão para abertura da comissão foi convocada para quarta-feira, 26, no Congresso. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que também comanda o Congresso, fará a leitura do requerimento, atestando a obtenção das assinaturas necessárias e o cumprimento dos requisitos básicos. "A CPI é um direito da minoria. Não cabe a mim decidir. Se forem cumpridos os requisitos - número de assinaturas, fato determinado e orçamento previsto - cabe aos líderes dos partidos tomar essa decisão", disse Pacheco na semana passada.

##RECOMENDA##

G. Dias, como é conhecido o oficial, deixou o cargo na quarta-feira passada, dia 19, após a divulgação de imagens em que ele aparece no Palácio do Planalto, no dia 8 de janeiro, interagindo com invasores, até indicando o caminho de saída a alguns. A imagens foram reveladas pela CNN Brasil. O general prestou depoimento a delegados da Polícia Federal na sexta-feira, 21. No sábado, 22, o GSI abriu todo o conteúdo das câmeras de segurança por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

As imagens reforçam a ação violenta dos manifestantes radicais e mostram agentes do GSI sem agir para conter invasores, pelo contrário, até oferecendo água em determinado momento. Foi registrada inclusive uma tentativa de arrombamento de um caixa eletrônico, como mostrou o Estadão, que examinou o material capturado por 33 câmeras espalhadas nos quatro andares do Planalto.

A mudança de estratégia do governo Lula agora prevê um novo diálogo entre parlamentares para iniciar a CPMI, que precisava das assinaturas de pelo menos um terço dos membros de cada Casa do Congresso Nacional. Apesar da resistência do governo federal nos primeiros meses de gestão, a oposição, sob liderança do deputado federal André Fernandes (PL-CE), se articulou e obteve assinaturas de 194 deputados e 37 senadores.

O que acontece agora?

Diante da crise com a saída de G. Dias, o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que o Planalto também pleiteia a abertura da CPMI. Em Lisboa, no sábado, 22, o presidente Luiz Inácio Lula da SIlva declarou a decisão de estabelecer a investigação parlamentar é do Congresso. "Não decido CPI. CPI é decisão do Congresso Nacional, que decide quando quiser decidir, faz quando quiser fazer. O presidente da República não vota no Congresso Nacional. Os deputados decidem", respondeu Lula, que se irritou com a pergunta enquanto dava entrevista coletiva ao lado do presidente português, Marcelo Rebelo.

Em meio à polêmica e também em viagem ao exterior no fim da semana passada, onde participava de um seminário em Londres, Pacheco prometeu fazer a leitura do requerimento nesta quarta-feira, 26.

Quais os pré-requisitos?

Assim como uma CPI da Câmara ou do Senado, as comissões mistas estabelecem as mesmas competências e pré-requisitos. O pedido de instauração pode ser feito por qualquer senador ou deputado federal, sendo necessário o recolhimento de um terço de assinaturas no Senado (27) ou na Câmara (171).

A leitura do pedido em plenário pelo presidente do Congresso sela o início formal da CPMI. A partir daí, os líderes dos partidos devem indicar os integrantes que vão compor o colegiado. Isso se dá considerando o tamanho dos blocos partidários, a chamada proporcionalidade. Por tradição, espera-se que o proponente da investigação seja o presidente do colegiado, ou seja, André Fernandes. Mas isso se define, na prática, na primeira sessão da CPMI, quando os integrantes elegem o comando e os cargos-chave: presidência e relatoria.

Como são formadas as CPMIs e quais os principais cargos?

As comissões mistas são formadas por deputados e senadores. Diferente de uma CPI em cada Casa, os parlamentares de Câmara e Senado atuam em conjunto, com maior força política. Os cargos mais importantes do colegiado são a presidência e a relatoria. O presidente determina a agenda de depoimentos e o ritmo dos trabalhos, entre outros pontos cruciais, como agir para aprovar ou não o envio de documentos. Já o relator é o principal condutor dos depoimentos e da interpretação de todas as informações colhidas: cabe a ele (ou ela) redigir o relatório das investigações, influenciando a interpretação das informações coletadas.

Aliados do governo e opositores de Lula já travam intensa disputa de bastidor para negociar nomes e reunir o apoio necessário entre os membros da comissão para determinar o presidente, vice-presidente e relator.

Qual o prazo dos trabalhos?

Após instalação da CPMI, o colegiado tem 120 dias para analisar o caso e apresentar um relatório final com as conclusões, mas pode também acabar aprovando uma prorrogação, como ocorreu com a CPI da Covid.

Conclusões

Caso os parlamentares identifiquem que houve a transgressão disciplinar ou a prática de crimes, a CPMI encaminha suas conclusões para o Ministério Público, responsável por determinar a responsabilidade civil ou criminal após pedido de indiciamento dos citados.

A defesa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, pediu que ele passe por uma avaliação psicológica. O acompanhamento de rotina faz parte do protocolo de atendimento aos presos. O ex-ministro tem um depoimento marcado nesta segunda-feira (24), sobre as operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) nas eleições. A defesa espera a avaliação para saber se ele tem condições de depor.

Torres está preso preventivamente há quase 100 dias. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou na semana passada mais um pedido da defesa para colocá-lo em liberdade.

##RECOMENDA##

A prisão foi decretada na investigação sobre o papel de autoridades nos atos golpistas do dia 8 de janeiro. Ele é o único que permanece preso. O ex-ministro fica em uma Sala de Estado Maior no Batalhão de Aviação Operacional da Polícia Militar do Distrito Federal.

Pessoas próximas ao ex-ministro afirmam que ele está deprimido e ficou mais abatido após saber que não seria colocado em liberdade. Uma das principais inquietações é ficar longe da família. Ele tem três filhas menores de idade que não vê desde que foi preso.

A avaliação psicológica está prevista no acompanhamento de rotina dos presos. Torres passou pelo primeiro atendimento no dia 17 de janeiro, três dias depois de se entregar.

O ex-ministro trocou a defesa recentemente. O advogado anterior, Rodrigo Roca, já havia trabalhado para o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O escritório de Eumar Roberto Novacki, que já foi chefe da Casa Civil do Distrito Federal no governo de Ibaneis Rocha (MDB), assumiu o caso. Ele tem defendido que não há mais justificativa para a prisão preventiva. Um dos argumentos é que Anderson Torres não está mais no cargo, não oferece risco às investigações, tem endereço fixo e poderia ser monitorado por tornozeleira eletrônica.

As câmeras de segurança do Palácio do Planalto captaram todos os passos do ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias no dia da invasão por golpistas em 8 de janeiro. Trechos das imagens analisadas pelo Estadão mostram o general da reserva surpreso ao se deparar com extremistas no terceiro andar do Planalto e atônito ao ver os estragos na portaria principal do prédio.

G. Dias, como é conhecido, pediu demissão na semana passada após serem divulgadas as primeiras imagens suas andando pelos corredores do palácio e indicando a saída para golpistas. Um dos primeiros registros do general nos vídeos do Planalto foi às 16h19. O militar aparece no elevador privativo de ministros. A porta se abre no terceiro andar, onde fica o gabinete presidencial. Do lado de fora, no corredor, golpistas andavam tranquilamente. G. Dias parece se surpreender ao avistar os extremistas e recua. Não sai do elevador e aperta o botão para descer.

##RECOMENDA##

Um minuto depois, às 16h20, a imagem do militar é captada por outra câmera, já no piso térreo do Planalto. G. Dias sai pela porta principal do palácio e se depara com o local depredado.

O então chefe do GSI deixa o prédio, caminha sozinho por cerca de dois minutos e volta para o Planalto. G. Dias reaparece às 16h29 no terceiro andar do edifício. Dois minutos depois, o militar e outros integrantes do GSI indicam a saída para golpistas vestidos de verde e amarelo.

Furto

Novas imagens internas do Planalto mostram bolsonaristas furtando estátuas do prédio, depredando câmeras de segurança e fazendo gestos obscenos para as câmeras. As gravações foram liberadas no sábado (22), pelo GSI e analisadas pelo Estadão.

Os extremistas iniciam a invasão por volta das 15h. Eles tomam conta de todo o prédio e chegam até o quarto e último andar. Neste piso, os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro furtam um busto. Nas imagens é possível ver que dois homens carregam a estátua para uma saída. O mesmo grupo é visto em seguida arrombando portas, quebrando câmeras de segurança e dando dedo para o vídeo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Instalada na entrada do Palácio do Planalto, uma das câmeras de segurança liberadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) mostra que a Tropa de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal tenta proteger o acesso principal do prédio por apenas 16 minutos. As imagens também confirmam que o portão de pedestres, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia dito, não foi arrombado.

Os primeiros invasores surgem no Planalto às 15h19. Neste horário, os policiais estavam agrupados do lado de fora. A barreira é formada às 15h11, mas desfeita às 15h27, após o lançamento de uma série de bombas de gás. Também é possível observar quando um dos vigias encosta a porta principal, mas deixa um vão aberto que, mais tarde, é ampliado por radicais.

##RECOMENDA##

Imagens de outras câmeras ainda mostram PMs evacuando o quarto andar em ação acompanhada pelo coronel do Exército Wanderli Baptista da Silva Junior. Ao deixar o local, porém, nenhum policial manteve guarda no local, que, quatro minutos depois, foi novamente ocupado. Procurada, a PM-DF não respondeu.

O Partido Novo pediu ontem à Procuradoria-Geral da República (PGR) a abertura de uma investigação criminal sobre a conduta do general da reserva Marco Gonçalves Dias, o G. Dias, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 8 de janeiro.

O Diretório Nacional afirma que o general deve ser denunciado pelo crime de prevaricação - quando um servidor age movido por "interesse ou sentimento pessoal".

##RECOMENDA##

"O ex-ministro atuou de maneira condescendente com os atos de vandalismo e de depredação do patrimônio público, inclusive conduzindo os invasores a outros locais ou à saída de alguns locais do Palácio do Planalto", diz um trecho da representação do Novo.

G.Dias pediu exoneração depois de a CNN divulgar imagens que mostram que ele estava no Palácio do Planalto no dia da invasão. O vídeo registra o general circulando no andar do gabinete presidencial e indicando a saída do prédio aos invasores. Ontem, ele prestou esclarecimentos à Polícia Federal.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou, nesta sexta-feira (21), ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) que entregue à Corte as imagens das câmeras de segurança do Palácio do Planalto captadas durante o ataque de 8 de janeiro deste ano. O prazo para a pasta remeter os vídeos ao Supremo é de 48 horas.

O ministro também derrubou o sigilo do material. "Inexiste sigilo das imagens, com base na Lei de Acesso à Informação", escreveu em seu despacho.

##RECOMENDA##

As imagens do circuito de câmeras do Palácio do Planalto se tornou um assunto politicamente sensível na última semana. A rede de TV CNN divulgou registro do agora ex-ministro do GSI Gonçalves Dias interagindo com invasores no Planalto no dia do ataque. Dias deixou o cargo.

O caso tornou inevitável a criação de uma comissão parlamentar mista de inquérito sobre os ataques de 8 de janeiro. O governo inicialmente era contra a criação do colegiado, mas depois da divulgação das imagens de Dias passou a defender a investigação.

O despacho de Moraes também contém outras duas ordens, também para serem cumpridas em 48 horas. O magistrado determina que todos os servidores do GSI identificados nas imagens do circuito interno de câmeras do Planalto sejam interrogados pela Polícia Federal. Além disso, requisitou cópia da investigação interna do GSI sobre as condutas de seus agentes.

O general Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do presidente Lula (PT), afirmou, nesta sexta-feira (21), que não tem qualquer responsabilidade sobre os atos golpistas de 8 de janeiro, em Brasília. O oficial prestou depoimento na Polícia Federal ao longo de 5 horas, após determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

"O comparecimento na sede da Polícia Federal é, para mim, uma grande oportunidade de esclarecer os fatos que têm sido explorados na imprensa", escreveu Dias, em mensagem enviada ao Estadão após a oitiva. "Confio na investigação e na Justiça, que apontarão que eu não tenho qualquer responsabilidade seja omissiva ou comissiva nos fatos do dia 08 de janeiro", acrescentou o ex-ministro de Lula.

##RECOMENDA##

G Dias, como é conhecido, chegou na sede da Polícia Federal, na região central de Brasília, por volta de 8h50, e saiu às 13h30. Moraes determinou o depoimento do ex-ministro de Lula após a CNN Brasil divulgar, nessa quarta-feira (19), imagens internas do Palácio do Planalto que mostram integrantes do GSI interagindo com os golpistas que invadiram o prédio em 8 de janeiro. O vídeo mostra G Dias circulando no andar do gabinete presidencial e indicando a saída do prédio aos invasores. Um dos servidores do órgão chega a distribuir garrafas de água aos extremistas.

Ao determinar pelo depoimento, Moraes apontou que as imagens revelam uma "atuação incompetente das autoridades responsáveis pela segurança interna do Palácio do Planalto, inclusive com a ilícita e conivente omissão de diversos agentes do GSI".

Em nota, o GSI explicou que "as imagens divulgadas mostram a atuação dos agentes de segurança que foi, em um primeiro momento, no sentido de evacuar os quarto e terceiro pisos do Palácio do Planalto, concentrando os manifestantes no segundo andar, onde, após aguardar o reforço do pelotão de choque da PM/DF, foi possível realizar a prisão dos mesmos".

O general pediu exoneração do governo no mesmo dia da divulgação das imagens. Na ocasião, G Dias conversou com Lula e outros ministros palacianos. O presidente atendeu o pedido.

De acordo com a colunista Vera Rosa, do Estadão, o governo foi surpreendido com a divulgação das imagens. Isso porque Lula chegou a pedir a G Dias, segundo relatos de ministros do Planalto, acesso à câmera do circuito interno posicionada para o corredor que dá no gabinete presidencial, no Planalto. O então chefe do GSI alegou, contudo, que a câmera estava quebrada e por esse motivo não havia imagens daquele local durante a depredação em 8 de janeiro.

O Estadão também mostrou que o governo Lula negou ao menos oito pedidos de acesso às imagens do circuito interno do Planalto no dia dos ataques. Essas solicitações foram protocoladas no âmbito da Lei de Acesso à Informação (LAI). A gestão petista tentou esconder os vídeos por cinco anos, ou seja, até 2028.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou mais um pedido de liberdade provisória do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres.

Na decisão, Moraes cita "fortes indícios" de que Torres teria participado da elaboração da "minuta golpista" encontrada em sua casa e da suposta operação da Polícia Rodoviária Federal (STF) para impedir que eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparecessem às urnas.

##RECOMENDA##

Ao justificar a presença requisitos para manter o ex-ministro na prisão, Moraes também apontou "sua conduta omissiva quanto à permanência do acampamento dos manifestantes no SMU (Setor Militar Urbano) e seu possível envolvimento na autorização para mais de cem ônibus dirigirem-se ao referido SMU e prepararem-se para a prática dos atos criminosos".

A determinação de Moraes contraria a Procuradoria-Geral da República (PGR), que na última segunda-feira defendeu a revogação da prisão preventiva de Torres. A PGR entendeu que, considerando o estágio das investigações, poderiam ser aplicadas medidas diversas, como uso de tornozeleira eletrônica.

Mais cedo, Moraes determinou que a Polícia Federal (PF) colha novamente o depoimento de Torres. A oitiva foi marcada para a próxima segunda-feira, 24, às 14h, na sede da PF em Brasília.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, estendeu a ordem de coleta de saliva, digitais e fotos para todos os presos e indiciados no bojo dos inquéritos sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. A decisão atende a um pedido da Polícia Federal, que também requereu acesso ao Banco Nacional Multi Biométrico e de Impressões Digitais para abastecer as investigações sobre a ofensiva antidemocrática.

Em janeiro, Alexandre já havia dado despacho similar, determinando a 'identificação criminal e coleta de material biológico para a obtenção do perfil genético' de todos os presos em flagrante no dia 9 de janeiro no acampamento montado em frente ao QG do Exército em Brasília.

##RECOMENDA##

A avaliação do ministro é que 'naturalmente, a autorização deverá compreender, ainda, os demais presos relacionados aos referidos atos golpistas, para completa elucidação dos fatos e precisa apuração da responsabilidade de cada um dos investigados'.

Com a decisão, também serão coletados materiais de investigados presos ou identificados em outros momentos da apuração sobre os atos golpistas. Foram efetuadas prisões no próprio dia 8, de radicais flagrados destruindo parte das sedes do Congresso, do Supremo e do Planalto. Outros investigados foram alvo da Operação Lesa Pátria - que já está em sua décima fase -, executada pela Polícia Federal.

O despacho de Alexandre foi publicado nesta quinta-feira, 19, mesmo dia em que o Supremo Tribunal Federal formou maioria para colocar no banco dos réus 100 golpistas denunciados pela Procuradoria-Geral da República como incitadores e executores dos atos golpistas de 8 de janeiro.

A expectativa é que a Corte siga agendando, em blocos, a análise das acusações oferecidas pela PGR. Na próxima semana, serão debatidas imputações feitas a outros 200 radicais.

O Ministério Público Federal já denunciou 1.390 investigados - 239 apontados como executores, 1.150 como incitadores e um policial legislativo acusado de suposta omissão ante a depredação das sedes dos Três Poderes. Agora, os procuradores se dedicam à identificação dos financiadores da ofensiva e à apuração sobre a omissão de agentes públicos no dia dos ataques.

Ao todo, 2.151 pessoas foram presas pelos atos de 8 de janeiro - ou durante a ofensiva antidemocrática ou no acampamento montado em frente ao QG do Exército em Brasília. Seguem detidos 208 homens e 86 mulheres, entre eles investigados que foram capturados pela Operação Lesa Pátria.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando