[@#galeria#@]
A avaliação negativa da saúde pública no Recife foi o ponto alto dos discursos dos prefeituráveis, nesta quinta-feira (18), durante um debate sobre saúde bucal promovido pelo Sindicato dos Odontologistas de Pernambuco (Soepe), bairro da Benfica, zona oeste da capital pernambucana. Apesar da tentativa do tema ser segmentado, já que há um déficit de atendimento na saúde bucal em 60% no Recife, a discussão teve o leque ampliado e o assunto foi abordado pelos cinco dos sete candidatos que participaram do evento, com duras críticas a gestão do prefeito Geraldo Julio (PSB) que, inclusive, não compareceu ao debate.
##RECOMENDA##
Iniciando o debate fazendo uma auto-apresentação, o candidato do PV Carlos Augusto foi o primeiro a expor suas propostas para o setor. O verde defendeu que a prevenção é uma das melhores maneiras de evitar problemas posteriores com a saúde bucal. “Precisamos entregar kits de saúde bucal para as crianças", disse.
Indagado logo depois sobre a manutenção dos Centros de Especialidade em Odontologia (Ceos) da capital pernambucana, ele disse que os locais são “um reflexo do desmonte do SUS no Estado e no Município” e salientou a “ineficiência” das Upinhas, uma das vitrines da gestão de Geraldo Julio (PSB). “A Upinha foi feita para gerar uma imagem para um determinado programa de determinado candidato, porque destorce a lógica do sistema de atenção básica de saúde... O desafio é grande e a prefeitura não vai resolver sozinha, mas existe a categoria para isso. Abrindo o diálogo, o que é fundamental”, argumentou.
A tese foi corroborada por Priscila Krause (DEM). “Cuidar da saúde é bem mais barato do que cuidar da doença. Precisamos falar desta questão sem maquiagem e remodelar isto... Uma Upinha é uma unidade de pronto atendimento e funciona como uma unidade de saúde da família, induzindo as pessoas ao erro”, salientou.
Sobre as questões apresentadas pelo sindicato, a democrata disse que defasagem de profissionais de odontologia no Recife é tão grande que não sabia se em quatro anos o assunto seria revolvido.
“Não sei se com a situação que temos em quatro anos a agente consegue equiparar as equipes de saúde bucal e da família. O custo de uma equipe de saúde bucal da Upinha é o mesmo da unidade de saúde. Uma coisa que teremos que enfrentar, talvez seja a mais difícil, é a questão da condição de trabalho e salarial. Só vamos conseguir fazer melhorias se começarmos enxugando a máquina, seria irresponsável se eu dissesse que esta equiparação [salarial e da equipe] seria feita em seis meses, um, dois ou três anos”, destacou.
Enaltecendo as qualidades do Recife para “gerar ciência” e como um “solo fértil de criatividade”, Edilson Silva (PSOL) foi o terceiro a discursar e afirmou que se for eleito pretende ampliar o número de equipes responsáveis pela saúde bucal, promover uma equiparação salarial entre os médicos e odontológos e garantir mais vagas para os estagiários na área.
Ele reforçou também o argumento de que os candidatos a prefeito não têm “sustentabilidade política” e pontuou que “a saúde da democracia” do Recife “vai mal” ao criticar o governo socialista. “Este grupo político é de estabelecer peças arquitetônicas. O Hospital da Mulher, por exemplo, é um equipamento vistoso, mas nosso posicionamento é que devemos utilizar os equipamentos já existentes. Um exemplo disso é o Compaz, onde foram gastos R$ 14 milhões. Se você fatia isso em 28 lotes de meio milhão isso dá para reativar centros iguais ao Bidu Krause em diversas áreas da cidade”, ressaltou.
Após o psolista, Daniel Coelho (PSDB) expôs uma crítica dura a política de alianças firmadas por Geraldo e pelo também candidato João Paulo (PT), ausentes no debate. Além disso, o prefeiturável classificou a saúde no Recife como do “marketing” e disse que as unidades de atenção básica estão “abandonadas”.
“As unidades de saúde estão completamente abandonadas, com um sistema de saúde arcaico. Tem gente precisando de um especialista e, às vezes, espera um ano ou mais. Ninguém vai ficar com a dor por tanto tempo, vai arrancar o dente por falta de oportunidade de tratamento. É evidente que falta compromisso. Não é fazer uma só funcionar e esconder o resto debaixo do tapete”, avaliou. O tucano se comprometeu em realizar concurso público para preencher as lacunas existentes no atendimento a saúde bucal.
Última a discursar, a candidata Simone Fontana (PSTU) pregou que para cuidar bem da saúde como um todo e bucal no Recife “é preciso romper com o empresariado” e ouvir de forma mais frequente as reclamações feitas pelos sindicatos.
“É necessário construir uma cidade direcionada para os trabalhadores e não submetida aos grandes empresários. A saúde bucal tem que ser pensada de uma forma preventiva, mas embora existam projetos de escovação não existem escovas. Defendemos aplicação de flúor, mas muitas escolas estão com a água contaminada. Hoje a prefeitura quer construir vitrines”, argumentou.
Ausências – Geraldo Julio justificou não ter ido ao debate por acontecer em horário de trabalho. Já o candidato João Paulo (PT), que também não foi ao evento, disse estar doente e não ter tido condições de participar da discussão.