Tópicos | embriões

Um casal de Los Angeles apresentou uma denúncia nesta segunda-feira (8) contra uma clínica especializada em fertilização in vitro (FIV), após descobrir que dois óvulos fecundados foram trocados e que eles tiveram uma filha de outra família.

Quando Daphna e Alexander Cardinale viram seu bebê recém-nascido pela primeira vez, em setembro de 2019, perceberam que a menina tinha a pele e o cabelo mais escuros do que o restante da família, contaram seus advogados. "Testes genéticos revelaram que o bebê que Alexander e Daphna deram à luz e criaram por meses não tinha relação genética com o casal", acrescentou o escritório Peiffer Wolf.

De acordo com o processo, aberto nesta segunda-feira em um tribunal de Los Angeles, embriões de dois casais foram trocados, supostamente por negligência. Após descobrirem o erro, os dois casais se conheceram e decidiram recuperar a guarda de seus filhos genéticos, em uma troca formalizada pela Justiça.

O erro, no entanto, deixou marcas e causou sofrimento, argumenta o casal Cardinale em sua denúncia. "O nascimento de nossa filha deveria ter sido um dos momentos mais felizes da minha vida. Mas me senti imediatamente abalado e confuso por não reconhecê-la", descreveu Alexander Cardinale.

“Quando a verdade veio à tona, trocar as crianças foi ainda mais doloroso. Perder a criança que você conhece por uma criança que você ainda não conhece é um pesadelo impossível", acrescentou.

Cientistas da Universidade de Edimburgo, na Escócia, descobriram células-tronco em embriões com uma capacidade de multiplicação superpotente, cerca de 200 a 500 vezes superior àquelas encontradas no cordão umbilical.

A descoberta, que foi publicada nesta quinta-feira (17) na revista "Stem Cell Reports", foi liderada pelos cientistas Andrejs Ivanovs e Alexander Medvinsky e pode tornar-se um instrumento importante para a medicina regenerativa no futuro.

##RECOMENDA##

Essas células-tronco formam as células do sangue e do sistema imunológico e são conhecidas como células-tronco hematopoéticas (que têm a capacidade de tratar mais de 80 tipos diferentes de doenças sanguíneas).

Os autores conseguiram transplantar essas células embrionárias em ratos de laboratório e observaram uma inesperada capacidade de expansão.

"A disponibilidade com fins terapêuticos dessas células provenientes, por exemplo, da medula óssea ou do cordão umbilical, é um problema constante", explicam no artigo. Por isso, a descoberta anunciada é importante porque elas são "mais robustas e tem uma maior capacidade de multiplicarem-se e diferenciarem-se daquelas dos cordões umbilicais".

O próximo passo da pesquisa será entender quais são os mecanismos moleculares que conferem às células esse "superpoder" de multiplicação e expansão. 

Da Ansa

Um casal em Nova York abriu processo contra uma clínica de fertilidade após a mulher dar à luz dois bebês que não tinham parentesco com ela, com o marido ou entre eles próprios.

Os demandantes - identificados apenas por suas iniciais, A.P e Y.Z - abriram a ação no início deste mês num tribunal do Brooklyn, na qual exigem uma indenização pelos danos sofridos, que descrevem como "lesões emocionais importantes e permanentes das quais não se recuperarão".

O casal iniciou em janeiro de 2018 um processo de fecundação in vitro (FIV) na clínica CHA de Los Angeles após seis anos tentando engravidar.

Os médicos conseguiram criar oito embriões com seus espermatozoides e óvulos e seguiram para uma primeira implantação em julho de 2018, mas não tiveram sucesso. Em agosto, numa nova tentativa, informaram que o processo tinha dado certo e que eles teriam gêmeos.

Mas após as primeiras ecografias começaram a surgir as dúvidas: estas mostraram que os fetos eram dois meninos, apesar de apenas um dos oito embriões fecundados ser masculino e não ter sido implantado no útero da mulher.

De acordo com o processo, os médicos da clínica "garantiram que eram duas meninas" e que tudo estava bem.

Em março deste ano a mulher deu à luz a dois meninos que não tinham traços asiáticos, como os país.

Os testes de DNA confirmaram que nem o homem e nem a mulher "estavam geneticamente relacionados aos bebês" e que nem "os dois bebês estavam geneticamente relacionados entre eles", segundo os documentos anexados ao processo.

Os dois recém-nascidos eram filhos de outros dois casais que fizeram um tratamento na clínica e que agora possuem a guarda das crianças. Já os demandantes não sabem o que aconteceu com seus embriões.

De acordo com a denúncia, o casal também quer saber se os embriões originais estão escondidos na clínica, congelados, perdidos ou destruídos. A clínica e dois médicos responsáveis, Joshua Berger e Simon Hong, estão sendo processados por erro profissional, negligência, descumprimento de contrato e publicidade enganosa.

Agora exigem a devolução de mais de 100 mil dólares que foram pagos pelo tratamento e o ressarcimento de gastos médicos futuros, os salários perdidos e os danos morais.

Já a clínica, que em seu site assegura oferecer "o maior grau de cuidado pessoal" e presume ter "tornado realidade os sonhos de dezenas de milhares de aspirantes a pais", não fez comentários ao ser contactada pela AFP.

O número de embriões humanos produzidos pelas técnicas de fertilização in vitro criopreservados (congelados) voltou a crescer em 2017 em relação ao ano anterior e obteve o registro de 78.216 embriões congelados, o que significa um aumento de 17% da utilização dessa técnica no Brasil. As informações são referentes ao 11º Relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio), divulgado hoje (17).

De acordo com o relatório, a Região Sudeste é a responsável por 65% dos 78.216 embriões congelados. A Região Sul tem 13%, a Nordeste, 12%, a Centro-Oeste, 8% e a Norte, 2%.

##RECOMENDA##

O total de embriões doados para pesquisa com células-tronco embrionárias no Brasil no período de 2008 a 2017 é de 1.363 embriões. Somente em 2017, o número registrado no Brasil foi de 122 embriões doados, que vieram de três estados: Rio Grande do Sul, com a doação de 95, Paraná, com a doação de 24 e São Paulo, com a doação de 3 embriões.

Esse tipo de doação está prevista na Lei 11.105/2005 que autorizou a utilização de células-tronco embrionárias produzidas por fertilização in vitro que não foram utilizadas pela família. Segundo a lei, a doação para pesquisa é autorizada somente dos embriões considerados inviáveis ou aqueles congelados até março de 2005 e com mais de três anos de congelamento. Em qualquer um dos casos, é necessário o consentimento dos genitores.

A autoridade britânica que regulamenta a embriologia concedeu nesta segunda-feira a primeira autorização para se modificar geneticamente embriões humanos, como parte das pesquisas sobre as causas dos abortos espontâneos.

A autorização se refere à utilização do método Crispr-Cas9, que permite centrar-se nos genes defeituosos para neutralizá-los de maneira mais precisa.

"Nosso comitê aprovou a solicitação da doutora Kathy Niakan, do Francis Crick Institute, para renovar sua licença de pesquisa em laboratório, incluindo a edição genética de embriões", indicou a Autoridade de Fertilização Humana e de Embriologia (HFEA, em inglês) em um comunicado.

O pedido foi apresentado no mês de setembro para estudar os genes que atuam no desenvolvimento das células que vão formar a placenta. O objetivo é determinar por quê algumas mulheres sofrem abortos espontâneos.

A modificação genética de embriões para tratamento é proibida no Reino Unido. No entanto, está autorizada desde 2009 para a pesquisa, com a condição - entre outras - de que os embriões sejam destruídos ao fim de duas semanas no máximo.

Mas esta é a primeira vez em que uma autorização formal para manipular geneticamente embriões foi concedida de forma oficial, ao menos em um país ocidental.

Em algumas nações, no entanto, esta prática não está formalmente proibida e não requer necessariamente um pedido de autorização.

Ao mesmo tempo, a HFEA confirmou nesta segunda-feira a proibição do uso dos embriões para transplantes em mulheres.

Em abril do ano passado, cientistas chineses anunciaram que conseguiram modificar um gene defeituoso de vários embriões, responsável por uma doença do sangue potencialmente letal. A notícia provocou uma grande polêmica sobre as consequências éticas deste tipo de prática.

Os próprios cientistas chineses indicaram que registraram "grandes dificuldades" e afirmaram que seus estudos "demonstravam a necessidade urgente de melhorar esta técnica para aplicações médicas".

O papa Francisco pediu que os embriões humanos "não sejam tratados como material descartável", a ponto de "morrer", ao receber nesta quinta-feira no Vaticano o comitê italiano de bioética.

"O objetivo é resistir à cultura do descarte, que tem muitas caras, entre elas a de tratar como material descartável os embriões humanos", disse o papa argentino ao comitê de especialistas italianos, criado há 25 anos.

O papa reiterou às autoridades científicas italianas sua firme defesa da vida "desde sua concepção até a morte", disse. "Esse princípio ético é fundamental para a aplicação da biotecnologia no campo da medicina", alertou o pontífice argentino.

O chefe da igreja católica reconheceu que "está contente com a consciência pública adquirida sobre esses temas em vários níveis" e garantiu que "é capaz de discernir e trabalhar sobre a base de uma racionalidade livre e aberta, com valores constitutivos da pessoa e da sociedade", disse. "A maturidade civil é um sinal de que a semente do evangelho tem dado frutos", concluiu.

Francisco, que costuma ser criticado pelos setores mais conservadores por manter uma atitude menos beligerante sobre esses temas e evita lançar anátemas, nas últimas semanas condenou explicita e reiteradamente o aborto, a eutanásia e toda "confusão entre o matrimônio e as uniões homossexuais", explicou.

Em depoimento de mais de 6 horas à Polícia Federal, o empresário e pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, confessou a farsa dos embriões na operação fraudulenta para quitar o empréstimo de R$ 12 milhões com o Banco Schahin destinado ao PT. "Confessa que nunca houve a entrega de quaisquer embriões para as fazendas do Grupo Schahin", declarou Bumlai nesta segunda-feira, 14.

O amigo de Lula está preso em Curitiba desde 24 de novembro, quando foi capturado na Operação Passe Livre, desdobramento da Lava Jato. Bumlai é o protagonista de uma transação financeira que se transformou em um pesadelo para o PT. Em troca da concessão dos R$ 12 milhões, o Grupo Schahin ganhou um contrato de US$ 1,6 bilhão para operar o navio-sonda Vitoria 10000, da Petrobrás. Segundo Bumlai, o dinheiro foi repassado para o PT.

##RECOMENDA##

O amigo de Lula havia declarado em um primeiro momento que uma operação de dação de "embriões de gado de elite" para agropecuárias do Grupo Schahin foi a saída para quitação formal do empréstimo de R$ 12 milhões realizado em 2004.

No depoimento desta segunda, ele revelou a farsa. "Acreditava que com a assinatura do contrato (com a Petrobrás) a Schahin quitaria sua dívida; que, passado mais um tempo, o interrogando foi procurado por um advogado da Schahin, cujo nome não se lembra, para articular uma forma de quitar a dívida; que o advogado esclareceu que havia necessidade em se simular uma operação que envolvesse bens móveis; que os únicos bens móveis que o interrogando poderia fornecer seriam embriões bovinos", declarou.

"Toda a materialização da operação de venda de embriões foi executada pela Schahin, competindo ao interrogando apenas a emissão das notas fiscais, por causa da localidade dos embriões - Campo Grande/MS; que a operação envolvendo os embriões não demandava o pagamento de ICMS; que dentre os papéis produzidos para a quitação da dívida, recorda-se da existência de um instrumento de confissão de dívida de cerca de sessenta milhões de reais; que tal documento causou estranheza ao interrogando; que este documento foi encaminhado pelo advogado da Schahin ao advogado do interrogando que não tinha ciência de que toda a operação de quitação do empréstimo era simulada."

O Brasil realizou 52.690 transferências de embriões em pacientes submetidas a técnicas de fertilização in vitro em 2013. O número é do 7º Relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio), estudo elaborado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). As informações foram coletadas em 93 bancos de células e tecidos germinativos do País, conhecidos também como "clínicas de reprodução humana assistida".

Ao longo do ano, foram registrados 24.147 ciclos de fertilização in vitro e 5.131 embriões foram doados para pesquisas com células-tronco embrionárias. O estudo mostrou, ainda, que foram congelados 38.062 embriões nas clínicas de reprodução assistida no ano passado. Desse total, 66% estão em bancos da região Sudeste; 14% na região Sul; 12% na região Nordeste; 7 % na região Centro-Oeste; e 1% na região Norte.

##RECOMENDA##

A taxa média de clivagem (como é chamada a divisão que dá origem ao embrião) nas clínicas brasileiras foi de 91%. "Os valores apresentados foram compatíveis com valores preconizados em literatura, que é de acima de 80%", cita nota da Anvisa sobre o resultado. A taxa média de fertilização foi de 74%, maior que os valores sugeridos em literatura internacional, que variam entre 65% a 75%, destaca a Anvisa.

Dez anos atrás, a polêmica sobre a ética das pesquisas com células-tronco embrionárias humanas estava no auge. Até que, em 2007, um grupo de pesquisadores japoneses acalmou os ânimos - e praticamente enterrou o debate - com uma técnica revolucionária, que permitia transformar células da pele em células pluripotentes, equivalentes às embrionárias, com capacidade para se transformar em qualquer tipo de tecido do organismo, sem a necessidade de mexer com embriões humanos. Conhecida como iPS (células-tronco de pluripotência induzida), a técnica foi rapidamente adotada por dezenas de laboratórios ao redor do mundo e rendeu ao criador, Shinyia Yamanaka, o Prêmio Nobel de Medicina em 2012, em reconhecimento do incrível potencial para a compreensão e o tratamento de uma enorme variedade de doenças.

Agora, passado pouco mais de um ano da premiação, uma nova revolução em potencial se apresenta nas páginas da revista Nature: uma nova técnica, também desenvolvida por japoneses, que permite transformar células adultas em células embrionárias (indiferenciadas e pluripotentes) de maneira ainda mais simples, apenas com uma modificação do pH do líquido no qual as células são cultivadas em laboratório. As células iPS, em comparação, são produzidas por meio de uma reprogramação genética induzida pela introdução de genes indutores de pluripotência no genoma da célula adulta, o que exige o uso de vetores virais para levá-los até o núcleo celular.

##RECOMENDA##

As células produzidas pela nova técnica foram batizadas de STAP, sigla em inglês para "pluripotência adquirida por estímulo" (stimulus-triggered acquisition of pluripotency), e as pesquisas foram lideradas por Haruko Obokata, do centro de pesquisas RIKEN, no Japão, e da Escola de Medicina de Harvard, nos EUA.

A técnica está descrita em dois trabalhos, publicados simultaneamente pela Nature. No primeiro, os pesquisadores mostram que é possível induzir a reprogramação de células adultas em células pluripotentes apenas pela exposição delas a um meio de cultura mais acídico (de pH mais baixo), sem a necessidade de introduzir novos genes (ou qualquer outra coisa) no seu DNA. As células reprogramadas foram introduzidas em embriões de camundongos e deram origem a animais quiméricos, com as células Stap incorporadas a todos os seus tecidos - comprovando que elas eram, de fato, células pluripotentes.

Eternidade - Para serem consideradas equivalentes às células-tronco embrionárias, porém, ainda faltava uma característica: a capacidade de autorrenovação (de se multiplicar eternamente, sem perder o estado indiferenciado). Sem isso, as células STAP seriam de pouco uso prático para pesquisa, pois viveriam apenas por alguns dias e não seria possível estabelecer linhagens permanentes, como se faz com as células iPS. Por isso, foi feito o segundo trabalho, em que os pesquisadores mostram que é possível induzir essa autorrenovação pondo as células reprogramadas em um meio de cultura usado para cultivar células pluripotentes - também por meio de estímulos externos, sem introduzir nada de novo nas células.

Os dois trabalhos foram feitos apenas com camundongos. A técnica não foi testada ainda em células humanas - a expectativa é que ela funcione da mesma forma, mas não há como ter certeza disso até que os experimentos sejam feitos, revisados e comprovados. Esse foi o caminho percorrido por Yamanaka com as células iPS: o primeiro trabalho, feito com células de camundongos, foi publicado em 2006; um ano depois, veio a confirmação em células humanas.

Se as células STAP seguirem esse mesmo caminho, elas poderão ampliar e acelerar ainda mais as pesquisas com terapia celular ao redor do mundo. "A descoberta inesperada de que um estímulo físico pode induzir a reprogramação de células a um estado de potência irrestrita abre a possibilidade de se obter células-tronco específicas de pacientes por meio de um procedimento simples, sem manipulação genética", observa Austin Smith, pesquisador do Wellcome Trust e da Universidade de Cambridge, em um artigo que acompanha os estudos na Nature.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando