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Nesta terça-feira (22), é comemorado o Dia do Folclore, no Brasil. A data foi escolhida devido ao dia em que a palavra original em inglês “folklore” foi cunhada em 1846, pelo arqueólogo britânico William John Thoms (1803-1885). Para celebrar, o LeiaJá separou uma lista com cinco títulos nacionais sobre o folclore, confira:

O Canto da Sereia -  O Filme (2015): Estrelado por Isis Valverde, o longa segue a cantora baiana Sereia (Valverde), que foi morta misteriosamente no alto de um trio elétrico, durante uma apresentação de Carnaval, em Salvador (Bahia). O elenco também conta com Margareth Menezes, Marcos Caruso, Camila Morgado, Marcelo Médici, Fabiula Nascimento e Gabriel Braga Nunes. Originalmente uma minissérie, a obra foi transformada em filme num especial da Globo. A história é baseada no romance homônimo de Nelson Motta;

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Macunaíma (1969): O filme é baseado no livro de mesmo nome, escrito por Mário de Andrade (1893-1945). O longa acompanha Macunaíma, um garoto que nasceu na selva. Após se tornar adulto, ele segue para a cidade de São Paulo - onde se mostra um herói preguiçoso e sem caráter. A direção e o roteiro é de Joaquim Pedro de Andrade (1932-1988);

Ele, o Boto (1987):  Dirigido por Walter Lima Jr, o filme é baseado na lenda do boto-cor-de-rosa. Durante uma noite de lua cheia, o Boto (Carlos Alberto Riccelli) se transforma em humano e vai para a superfície, onde é amado pelas mulheres e odiado pelos homens. O boto possui um filho com Tereza (Cássia Kiss) - o que provoca a ira do marido dela; 

Recife Assombrado (2019): Após o desaparecimento do irmão Vinicius, Hermano (Pedro Rocha) volta para a capital pernambucana depois de 20 anos. Ele acaba encontrando uma cidade sobrenatural, que é assombrada por seres de lendas populares, durante à noite; 

Além da Lenda - O Filme (2022): O longa é derivado da série de mesmo nome da TV Brasil. A trama segue o livro que reúne todas as lendas do folclore brasileiro, que fica escondido numa montanha. Ele só é revelado uma vez por ano, no Dia do Saci, em 31 de outubro. Porém, um trio que simboliza o Halloween vêm para o Brasil nessa data e pretendem roubar o livro. Até que acidentalmente, o livro das lendas é perdido e cai nas mãos de um garoto fã de super-heróis.

A série "Cidade Invisível 2", sucesso do momento da Netflix, que teve sua segunda temporada gravada em Belém, foi lançada na quarta-feira, 22 de março. Top 10 no Brasil e em mais de 40 países, a série volta dois anos depois da primeira temporada.

Na nova fase, Eric (interpretado por Marco Pigossi), que desapareceu por um período de tempo, surge em um santuário natural protegido por indígenas próximo a Belém do Pará. A série foi gravada em vários pontos turísticos da cidade, como: O mercado do Ver-o-Peso, Mercado da Carne, Bosque Rodrigues Alves, Ilha do Combu.

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“A série ela estimula a correlacionar o local com o cenário. Claro que serve de vitrine também, e quem é da área do turismo pode utilizar a série para ter uma relação não só do cenário mas como da cultura que é muito próximo de nós, a culturas das lendas e do místico”, afirma Fernando Diniz, Guia e Turismólogo de Belém, com mais de 26 anos de profissão.

Para conhecer e estudar o local de gravação de uma série, algumas produtoras contratam turismólogos, ou outros profissionais da área, justamente para fazer um estudo de caso e também para ter a correlação do roteiro com o cenário.

"Cidade Invisível 2" pode ser vista no site oficial da Netflix e o elenco ainda conta com Letícia Spiller, Simone Spoladore, Zahy Guajajara, Kay Sara, Julia Konrad, Rodrigo dos Santos, Tatsu Carvalho, Marcos de Andrade, Mestre Sebá, Tomás de França e Ermelinda Yepario.

Por Valerry Dantas (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

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Em Belém, a última segunda-feira de outubro foi marcada pelas assombrosas figuras presentes no quarta edição do Cortejo Visagento, evento que tem como foco a promoção da cultura local, o conhecimento das lendas regionais, estímulo à leitura e à passagem de experiências. A concentração começou às 18 horas, no Cemitério de Santa Izabel, no bairro do Guamá. Com muita música e história, o cortejo caminhou até a praça Benedicto Monteiro, onde se encerrou, com concursos de melhores fantasias, apresentações musicais e estímulo para mais projetos culturais na cidade.

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“Nós acreditamos que o conhecimento da cultura local é importante para os jovens da nossa comunidade. O halloween já era muito exaltado dentro da nossa instituição, nós não temos bruxas, mas nós temos a Matinta, então vamos homenageá-la”, disse Mineia Silva, presidente do Espaço Cultural Nossa Biblioteca e coordenadora-geral do Cortejo Visagento.

Victor Ramos, um dos organizadores do evento, afirmou que o Cortejo está ali para dar visibilidade real às visagens, ressignificar a data de 31 de outubro, e a imagem do cemitério.

“Pessoas costumam ter medo desse lugar, mas é um lugar de descanso e paz, que contém várias histórias do imaginário e contam a história do próprio bairro”, disse Victor.

“Nós estamos em um bairro que precisou se construir por si só, ninguém ajudou o Guamá, o Jurunas, a Terra Firme, ou a Condor, nós fomos empurrados, nós tivemos que lutar pelo nosso bairro, tínhamos a opção de tentar, ou continuar chorando. Este é um bairro que sofre com uma visão negativa, e onde há visão negativa, não há investimento público. Nós temos, aqui, cemitérios, hospitais que ficaram marcados por abrigarem doenças terríveis, e os maiores investimentos feitos no bairro não foram para os moradores. Temos condomínios, que não são para os moradores, uma universidade, que não é para os moradores. Então nós estamos em uma luta para fazer com que a cultura de leitura se torne uma cultura do Guamá, para contaminar a cidade toda, querendo dar uma nova cara para o bairro do Guamá. Não somos um bairro violento, somos um bairro de criatividade. Hoje nós disputamos a mente das pessoas com a ignorância, principalmente, depois desses últimos anos de governo. Eu não tenho problemas com a igreja, mas aqui, no bairro do Guamá, nós temos uma por rua, no mínimo, e nós estamos no tempo da ciência, e ambas podem crescer juntas, por isso, queremos mais escolas, mais bibliotecas, queremos a leitura espalhada pelo lugar”, declarou Raimundo Oliveira, professor de história, e idealizador do projeto do Cortejo Visagento.

Nesta edição, o cortejo homenageou a lenda do Curupira, chamando atenção para as queimadas que ocorreram na Amazônia, mas quem também marcou presença lá, e roubou a cena, foi a Matinta Pereira, a “dona do lugar”.

“O comando, aqui, é da Matinta Pereira, é do Saci Pererê, é do Curupira. Esse território é nosso, nos respeitem, porque nós somos gente”, afirmou Raimundo.

Por Paulo Ricardo de Brito, Matheus Vinicius Silva e Ana Clara Soares (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

 

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O Arraial de Todos os Santos é uma das mais tradicionais e importantes festas juninas do Pará. Após dois anos de restrições e com edições virtuais, por causa da pandemia, mais uma vez, o Centro Cultural e Turístico Tancredo Neves - Centur é palco da festividade que conta com concursos de quadrilha, mostras de grupos parafolclóricos e apresentações de artistas regionais.

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Michel Pinho, secretário da cultura de Belém e historiador, acredita que a volta das festividades juninas se mostrou promissora. "A resposta do público em relação às atividades é impressionante. Você pode ter uma resposta afetiva, em relação ao número de pessoas que tem participado das atividades e, também, tem em relação ao grau de felicidade, que se pode mensurar pelos sorrisos e a alegria que as pessoas estão fazendo e tendo no arraial junino da prefeitura", explica.

O grupo de quadrilha Igara, de Igarapé-Açu, comemorando 15 anos e o retorno das apresentações, levou ao público o resgate dos principais elementos das festas juninas. Ricardo Phillipe, marcador do grupo, afirma que, além de incluir músicas conhecidas em seu repertório, os brincantes também exibem ícones como a fogueira, o balão e o patchouli em sua apresentação.

“Os momentos mais magníficos da minha vida no São João, porque desde que eu danço quadrilha é a primeira vez que estou aqui como marcador, então olha a responsabilidade: conduzir o meu grupo, trazer uma quadrilha que vem do interior com muitas dificuldades para se apresentar no Arraial de Todos os Santos, na nossa capital Belém do Pará. Então, para mim, toda quadrilha é um espetáculo, é um dos momentos mais importantes da nossa vida e da nossa carreira no São João”, diz Ricardo.

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O brincante do grupo Amor de um Mensageiro Kevin Chermont fala que é gratificante voltar às festas de São João representando os quadrilheiros que não puderam estar presentes e que desde janeiro estavam ensaiando para o espetáculo que entregaram para o público.

“O nosso trabalho pode ser considerado uma arte, porque a dança é uma arte. Todo o processo criativo que tem um tema - o nosso é 'Devaneio do Amor' - tem o figurino que precisa ser pensado em cima do tema, a coreografia que é feita em cima do tema, os passos, as músicas”, ressalta.

O grupo enfrentou diversas dificuldades para concluir todas as etapas até o momento da apresentação, como produção de roupas e transporte, mas Kevin assegura que nada disso os impediu de continuar no preparo.

Adria Nascimento, miss caipira do grupo Mensageiros do Amor, ressalta que sua trajetória no São João começou desde os 5 anos de idade e há dois anos está envolvida nas atividades do grupo. Para ela, todos os preparativos para esse momento foram muito gratificantes.

Por Amanda Martins, Lívia Ximenes e Clóvis de Senna (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

 

Como forma de valorizar a cultura amazônica, o III Cortejo Visagento será realizado em Belém no dia 31 de outubro, data do Halloween, ou Dia das Bruxas, mas que, regionalmente, é comemorado como o Dia da Matinta. A programação terá oficinas de produção de adereços e fantasias, contação de histórias e apresentações.

A terceira edição do cortejo vai mobilizar a população por diversas ruas do bairro do Guamá. A concentração será no cemitério Santa Izabel, com saída para as ruas José Bonifácio, Pedreirinha, João de Deus, até a avenida Bernardo Sayão.

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Em edições anteriores, como na última, que reuniu mais de duas mil pessoas, destacaram-se a criatividade das fantasias e maquiagens artísticas, referenciando assombrações e personagens populares nas lendas já conhecidas por todos, como a Mulher do Táxi, a Cobra-grande, o Saci Pererê, o Curupira e muitos outros.

O projeto foi criado pelo Espaço Cultural Nossa Biblioteca e recebe a colaboração dos professores das escolas Barão de Igarapé-Miri e Frei Daniel, que viram a necessidade de reforçar a leitura como uma forma de desenvolver um sentimento de pertencimento e orgulho da cultura paraense. Essa busca pela valorização local também levou voluntários da Biblioteca a ministrar aulas dentro do Cemitério Santa Izabel. “Nós possibilitamos que crianças e jovens aprendam sobre a história do bairro sob uma ótica diferente, ressignificando construções públicas e criando uma visão mais positiva sobre esse espaço”, conta Raimundo de Oliveira, um dos idealizadores do projeto.

Durante o percurso, haverá paradas para contação de histórias e apresentações. O Cortejo Visagento integra um projeto maior, que é o "Guamá Tricentenário". O trajeto segue a estratégia de rememorar a origem do bairro e está envolvido em um conjunto de ações que terão uma temporalidade e um ponto de culminância no tricentésimo aniversário do bairro.

A cada ano o cortejo vai seguir para uma região diferente do Guamá, levando um pouco da história daquele espaço específico. “Queremos trazer visibilidade para os fazedores de cultura do bairro, trazendo valorização ao que temos no Guamá pelos próprios moradores e modificando a visão de que o bairro é um lugar perigoso, mostrando que é um centro de cultura”, explica Tereza Oliveira, uma das organizadoras do Cortejo Visagento.

Serviço

III Cortejo Visagento.

Local: Cemitério Santa Izabel, bairro do Guamá.

Horário: 19h.

Informações: Ariela Motizuki -  (91) 993772930

Da assessoria do evento.

Desde fevereiro, a série "Cidade Invisível" (Netflix), que mescla investigação policial e elementos do folclore brasileiro, tem depertado o interesse do público. A produção alcançou o top 10 das produções mais assistidas na plataforma em mais de 40 países. Após o feedback positivo do espectador e da crítica, demorou menos de um mês para a atração ter uma segunda temporada confirmada.

Muitos tiveram uma experiência única ao assististir a série e puderam, de alguma maneira, reconhecer parte da identidade nacional. Foi o caso da universitária Thayse Gandra, 21 anos. "Foi diferente porque ela [a série] trata o folclore como ponto principal e não como pano de fundo. É muito legal saber que o estrangeiro aceitou bem a série, porque nossa cultura é muito rica. Isso mostra um lado artístico, um lado humano. Nossa história agora está sendo contada", comenta.

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A estudante se sentiu nostálgica em alguns momentos da série. "Os episódios me lembraram as produções brasileiras que eu assistia quando criança, como 'Sítio do Picapau Amarelo' [Globo, 2001-2007]. Também me lembrei das histórias que meus avós me contavam. Eu gostava e achava que alguns seres, como a Mula sem Cabeça, viriam atrás de mim se eu ficasse esperando de noite no portão. Essas e outras lembranças foram revividas por causa da série", conta.

Para a professora de antropologia cultural Rachel Panke, "Cidade Invisícel" é uma grande oportunidade para o Brasil mostrar ao mundo suas belezas naturais e a riqueza cultural. "Muitos twitte’s revelam que várias pessoas ficaram com vontade de aprender a língua portuguesa por causa da série. A repercussão é interessante porque mostra globalmente a diversidade cultural brasileira, para além de vários estereótipos", comenta. A antropóloga afirma que a série pode contribuir no sentido de publicizar as riquezas culturais brasileiras para além da visão parcializada e fragmentada do Brasil sobre Carnaval e futebol.

Segundo a especialista, além de revisitar o folclore, "Cidade Invisível" propõe um novo caminho para as produções nacionais no mercado audiovisual. "Percebeu-se que os reflexos na mídia internacional, utilizando nossas riquezas, aquilo que é genuinamente brasileiro, tem um apelo lá fora. Talvez até as pessoas do exterior valorizem mais do que nós mesmo. Nossa riqueza, nosso quintal", explica.

De olho nas lendas

De acordo com Rachel, todos as lendas e mitos apresentados em "Cidade Invisível" ajudaram a construir o imaginário popular, passado pelas gerações por meio de histórias. Todos eles, auxiliaram de alguma forma a mostrar uma relação com a natureza. "O Brasil é reconhecido por ter essa riqueza. Mas que riqueza é essa? Sabe-se que é rico. Desta forma, através da série, é possível materializar essa riqueza", afirma.

Os personagens apresentados na atração, como Saci, Cuca e Boto-Cor-De-Rosa são, segundo a antropóloga, pautados na cultura indígena e trazem um debate sobre os espaços culturais e a preservação. "Isso mostra uma fluidez dos conteúdos que foram relacionados. Quanto mais conhecedores da nossa rica cultura tivermos, mais pessoas passarão a valorizar e por consequência, uma pretensão maior para proteger", aponta.

A forma como a produção abordou as lendas e mitos folclóricos, como pessoas disfarçadas no ambiente urbano carioca, traz uma visão mais modernizada desses personagens. "A série é uma luz no fim do túnel, para a ressignificação do nosso folclore. Para o público internacional, é um novo olhar sobre as riquezas naturais de nosso país. Promovendo então, essa valorização e a divulgação de tanta diversidade, fruto da nossa miscigenação", finaliza Rachel.

Na manhã desta terça-feira (2), a Netflix confirmou que a série "Cidade Invisível" terá uma 2° temporada. O anúncio foi feito por meio de um vídeo publicado no YouTube, onde o ator Marco Pigossi, protagonista da atração, lê comentários dos fãs. No meio da leitura, ele é interrompido por uma ligação da Netflix, que confirma a continuação da saga. Confira o vídeo:

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Pigossi dá vida ao personagem Eric, que investiga quais foram os motivos que levaram sua esposa a morrer em um misterioso incêndio. Enquanto busca respostas e cuida sozinho da filha, o detetive encontra um boto-cor-de-rosa em uma praia do Rio de Janeiro e percebe que existe um mundo invisível a sua volta, cercado por criaturas mitológicas do folclore brasileiro.

"Cidade Invisível" tem roteiro de Carlos Saldanha, de "A Era do Gelo" (2002) e "Rio" (2011), e é dirigida por Luis Carone e Julia Jordão. A atração estreou em fevereiro e precisou de menos de um mês para se tornar um sucesso no Brasil e no mundo. Em uma semana, a produção entrou para o Top 10 de conteúdos mais acessados da Netflix no Brasil e de mais de 40 países, como França, Chile, Itália, Estados Unidos, Argentina e México.

Ao longo de todo o mês de outubro, escolas infantis e de idiomas, restaurantes e casas de festas em todo o Brasil tomam emprestados os elementos do Halloween para marcar a tradição que culmina neste sábado (31). A cultura estrangeira tem ganho cada vez mais adeptos em território nacional, no entanto, nesse mesmo dia, por aqui, também é celebrada uma figura extremamente brasileira: o Saci Pererê. 

O negrinho zombeteiro de uma perna só, um dos personagens mais conhecidos do folclore do país, foi o escolhido para marcar este como um dia de defesa da cultura nacional. No Brasil, existem várias associações de criadores e observadores de saci que lutam para que a memória e história do serzinho mítico permaneçam vivas através das gerações. A criação do Dia do Saci foi um dos esforços levantados por essas pessoas apaixonadas por essa cultura. 

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Para os criadores, manter os sacis - porque existem várias espécies deles - vivos é uma missão que pode ser compartilhada por qualquer um de maneiras simples. Além daqueles mais tradicionalistas, que chegam a fazer caminhadas em matas, distribuindo alimentos e água para os sacis se manterem, existem os que usam de outros meios para criar e cuidar de um saci. Para eles, disseminar as lendas e histórias do personagem talvez seja a forma mais fácil de perpetuar sua existência e isso pode ser feito através de livros, filmes e até músicas.

O LeiaJá preparou algumas dicas para você também criar o seu saci e ajudar a manter esse serzinho tão carismático e brasileiro mais vivo do que nunca. 

Um dos primeiros livros sobre a figura do saci, lançado em 1918,  foi um compilado de relatos de pessoas de todo o país que garantiram ter tido algum contato com o ser. Monteiro Lobato reuniu as histórias, primeiramente publicadas no jornal O Estado de São Paulo, e assim, ajudou a disseminar no imaginário popular as lendas sobre o negrinho de uma perna só. Anos mais tarde,  ele publicaria O saci, resgatando o mito em meio aos personagens do Sítio do Pica Pau Amarelo. 

O escritor Monteiro Lobato é apontado como um dos maiores  responsáveis pela popularização do saci no Brasil. Foto: Reprodução

A Turma do Pererê - 365 dias na Mata do Fundão - Ziraldo

A Turma do Pererê, criação do cartunista Ziraldo, surgiu na década de 1960. A turminha é inspirada nos povos indígenas e lendas folclóricas brasileiras e é comandada pelo personagem mais carismático da mitologia nacional. Em 2006, a Turma do Pererê foi escolhida como uma das 100 melhores histórias em quadrinhos do século 20. 

Saci Pererê - 100 anos do Inquérito

Nesta revista, alguns colecionadores de saci se reuniram para celebrar o centenário da publicação de Monteiro Lobato, porém, sem repeti-la. Aqui a ideia é mostrar como o mito manteve-se vivo e até ganhou novas formas e se modernizou com o passar do tempo através do tempo. Também visa mostrar um olhar diferente ao de Lobato, que acabou criando o seu compilado a partir dos escritos de uma elite letrada que tinha acesso à informação no início do século 20. 

Baseada nos personagens de Monteiro Lobato, a série leva para a tela a boneca falante Emília, o Visconde de Sabugosa, a menina Narizinho e algumas lendas do folclore brasileiro, entre elas, o saci. A primeira versão da série foi exibida na década de 1970, na TV Globo. Nos anos 2000, o programa ganhou um remake, que atualmente está disponível no Globoplay. 

Turma do Pererê

A turminha criada por Ziraldo também ganhou uma versão audiovisual. O programa mostrava as peripécias de Pererê e seus amigos  utilizando recursos de dramaturgia, animação, música e linguagem dos quadrinhos. A série é voltada para crianças e adolescentes. É possível assistir a alguns episódios no site da TV Brasil. 

Criação no headphone

O Saci Pererê tem aparições registradas em algumas músicas do cancioneiro popular brasileiro também. Seja de forma sutil, ou mais escancarada, o negrinho já foi bastante cantado por grandes artistas nacionais.

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O Halloween (Dia das Bruxas) é uma festa norte-americana comemorada em 31 de outubro, e diversos países celebram a data, entre eles o Brasil. Segundo o mito americano, os mortos sairiam de seus túmulos para vagar pelas ruas durante esse dia. Por conta disso, as crianças fantasiam-se de monstros, e vão de casa em casa com a famosa frase “doces ou travessuras?”.

A cultura do Dia das Bruxas foi aos poucos sendo apresentada para o Brasil por diversos meios, como desenhos animados, livros, jogos de videogame e filmes, entre eles a animação da Disney “O Estranho Mundo de Jack” (Tim Burton), que apresenta um universo de criaturas que vivem para celebrar o Halloween.

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Outro produto americano famoso é o videoclipe da música “Thriller”(1983), do artista Michael Jackson (1958-2009), que conta uma história de terror envolvendo mortos-vivos. O trabalho do rei do pop ficou tão conhecido que hoje é tema de muitas festas de Halloween.

Nas escolas

Como parte do seu método de ensino, as escolas de inglês costumam ensinar aos alunos a cultura norte-americana e simular determinados costumes nos ambientes de sala de aula. Devido a isso, é comum entrar nessas instituições em outubro e encontrar os cômodos tematizados com abóboras, doces e chapéus de bruxas, que são símbolos do Halloween.

Entretanto, na mesma data em que se comemora o Dia das Bruxas, também é celebrado no Brasil o Dia do Saci. Isso ocorre como uma medida de preservação da cultura local, e para isso foi instituído em 2003 o Projeto de Lei 2.762 em São Luiz do Paraitinga (SP), que aos poucos foi sendo estendido para outros municípios do estado.

O Saci é uma figura folclórica que mora na floresta, tem apenas uma perna, está sempre com um cachimbo e usa um gorro que lhe concede poderes mágicos. “Ele adora fazer travessuras. Suas histórias despertam a imaginação e criatividade das crianças”, comenta a professora polivalente Karen Amedore, de São Caetano do Sul (SP).

O personagem também é popular na obra “Sítio do Picapau Amarelo”, do escritor Monteiro Lobato (1882-1948). Nas histórias do Sítio, o Saci interage com os personagens Pedrinho, Narizinho, Emília e Visconde de Sabugosa, a exemplo de outros personagens do folclore brasileiro.

A professora Karen apresenta para as suas turmas os diversos personagens do folclore, incluindo o Saci. Além disso, também já acompanhou os alunos em um passeio ao Sítio do Pica Pau Amarelo em Mairiporã (SP).

“Foi uma alegria participar com os alunos de diferentes atividades a acompanhar as belíssimas histórias de Monteiro Lobato”, lembra a professora.

Valorização da nossa cultura

Para o folclorista Bosco Maciel, os americanos jamais aceitariam ter a cultura do Halloween substituída pela do Saci, diferentemente dos brasileiros, que aceitam as comemorações estrangeiras e ignoram as locais.

“No Brasil há alguns anos tem a invasão da festa do Halloween, com todos seus símbolos norte-americanos, e total aceitação dos brasileiros. Isso deve-se a falta de identidade cultural dos brasileiros”, afirma o folclorista.

Maciel explica que é importante preservar a identidade cultural do país e a chave para isso é valorizar os costumes e tradições populares. “O domínio cultural por parte de grandes impérios é secular. No império romano, era possível dominar um povo destruindo seus costumes e tradições. Portanto, isto é destrutivo para a cultura nacional”, destaca Maciel.

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Conhecido como BFAM, o Balé Folclórico da Amazônia completou 30 anos e começa o ano com comemorações. Uma exposição no Chalé Tavares Cardoso, em Icoaraci, encerrada no dia 31 de janeiro, e a turnê internacional de 2020 estão na agenda do grupo.

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Na exposição, fragmentos da história de BFAM foram revelados em banners de registros fotográficos que fizeram referência aos repertórios coreográficos ao longo desses 30 anos. Com 12 turnês internacionais e diversas nacionais no currículo, os bailarinos partem para uma viagem pela Europa de 8 de julho a 24 de agosto, levando a cultura da Amazônia e do Pará para os palcos do mundo.

Também chamado de "o balé dos pés descalços", o BFAM foi fundado em setembro de 1990 e tem como fonte de inspiração as manifestações da cultura popular da Amazônia brasileira, com seus encantos, mistérios e magias.

As danças são releituras tradicionais e composições coreográficas que retratam o universo exótico e misterioso da Amazônia - rituais, lendas, mitos, manifestação do sagrado e do profano. O espetáculo mostra uma variedade de ritmos, maior quantidade de cores, riqueza e variedade de figurinos e adereços. A trilha sonora é executada ao vivo por músicos profissionais que utilizam instrumentos típicos e contemporâneos.

 

A cultura do Halloween, importada dos países de língua anglo-saxônica, como Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, vem ganhando cada vez mais espaço no Brasil.  Porém, o dia 31 de outubro, em que é celebrado o Dia das Bruxas mundo afora, tem um outro motivo para ser comemorado em terras tupiniquins. Por essas bandas de cá, este é o Dia do Saci, um dos personagens mais famosos e, por que não dizer, queridos do folclore nacional. O negrinho de uma perna só e gorro vermelho, famoso por suas traquinagens, é tão unânime entre os brasileiros que existem até aqueles que criam ou apenas observam os sacis num esforço para manter vivo e preservado esse mito no imaginário dos brasileiros.

Conta a história que o saci surgiu no sul do Brasil, influenciada por elementos das culturas africana, indígena e européia. Ele é descrito como um moleque zombeteiro, que gosta de pregar peças nas pessoas, além de ser muito inteligente. Segundo a lenda, o saci é um ser pequeno, com cerca de um metro e meio de altura, negro e tem uma perna só, o que não lhe impede de ser muito rápido e ágil. Eles vivem nas florestas, usam gorro vermelho e gostam muito de fumar cachimbo. Diz-se sacis, no plural, pois acredita-se haver diversas espécies desse ser mítico, como o Saci-Taterê, Saci do Poá e Saci Sacerê.

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A lenda foi espalhada inicialmente, como toda boa história da cultura popular,  através da transmissão oral, contada por ex-escravos e moradores de sítios e fazendas nos interiores do país. Mas foi o escritor Monteiro Lobato quem ajudou a disseminar o personagem por todo o Brasil. Em 1918, Lobato publicava seu livro de estreia, O Saci-Pererê: resultado de um Inquérito, que reunia diversos relatos - primeiramente publicados no jornal O Estado de São Paulo -, de pessoas que haviam tido alguma proximidade ou experiência com sacis. 

Ferrenho defensor das tradições e cultura brasileiras, Monteiro Lobato abriu uma espécie de 'caixa mágica' ao solicitar aos leitores do Estado seus testemunhos sobre o lendário ser. Choveram cartas, a maioria vindas de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. E é em São Paulo que é possível encontrar outros tantos simpatizantes das lendas ‘sacizisticas’, como eles costumam falar, através da Associação de Criadores de Saci e da Sociedade dos Observadores de Saci. 

O escritor Monteiro Lobato é apontado como o responsável pela popularização do saci no Brasil. Foto: Reprodução

Essas são duas das diversas organizações de apaixonados pela lenda que existem no Brasil. A Sociedade dos Observadores do Saci, Sosaci, tem como objetivo manter acesa a chama da cultura brasileira. A missão dos observadores é entender os sinais da presença do ser de uma perna só reunindo os interessados em valorizar e difundir os mitos brasileiros. Para isso, os integrantes promovem festas, palestras, seminários, sobretudo em escolas para levar esse conhecimento às crianças.

O jornalista e geógrafo, hoje aposentado, Mouzart Benedito, é um dos fundadores da Sosaci. Ele conta que, no final dos anos 1990, ao perceber a cultura estrangeira do Halloween se impondo na sociedade brasileira, sentiu-se incomodado e decidiu fazer algo. "A gente começou a ficar invocado com isso, nessa época surgiu a Associação de Criadores de Saci em Botucatu (SP) e eu comecei a fazer coisas protestando contra o Halloween, falando sobre o folclore nacional". 

O observador então buscou no interior paulista os modelos para criar a Sosaci. Mas, com um diferencial: "Lá eles têm o negócio de criar o saci em gaiola e eu não gosto de prender nada, só observar". A partir daí ele reuniu um pequeno grupo e deu início aos trabalhos da associação em São Luiz do Paraitinga, outra cidade interiorana de São Paulo. A Sosaci já chegou a ter mais de mil integrantes com membros de todo o Brasil e até do Chile, Estados Unidos, Itália e Argentina. 

Para ver os sacis é preciso ir para o meio do mato, mas o negrinho não se deixa observar com facilidade assim. Traquina, ele gosta de brincar com quem o procura e tampouco se deixa fotografar ou filmar de maneira que ninguém consegue registrar as imagens do serzinho. Reza a lenda, que ao capturar a imagem de um saci ele acaba morrendo. Mouzart até relembra um caso de uma emissora de televisão que tentou fazer uma matéria sobre a lenda e acabou tendo os equipamentos danificados. "Quando vai escurecendo, ele aparece lá no meio do bambuzal, mas aconteceu que eles largaram toda a aparelhagem, queimou tudo".

Mouzart conta que as pessoas ainda se admiram de sua adoração pelo saci e já houve quem perguntasse se ele é "devoto" do personagem do folclore. Mas o interesse do aposentado mesmo é perpetuar essa tradição oral do nosso país, com esforços do próprio bolso - assim como os demais associados da Sosaci. Este ano, o grupo promoveu a 17ª edição da Festa do Saci, em São Luiz do Paraitinga (SP), com direito a três dias de programação de oficinas, brincadeiras, lançamento de livros, exposições e espetáculos. 

Mouzart, da Sosaci, observa sacis há mais de 30 anos. Foto: cortesia

Criadores de Saci

Já na Associação de Criadores do Saci, a ASCSACI, de Botucatu (SP), também criada no fim da década de 1990, o trabalho de manutenção e preservação da mítica do saci é um pouco diferente. A iniciativa de abrir a associação foi do engenheiro José Oswaldo Guimarães. Interessado no tema, há mais de 30 anos, ele tomou conhecimento de um senhor, morador de Minas Gerais, criador de sacis e foi até lá pedir alguns negrinhos para serem criados em sua cidade, no interior paulista, já que por lá eles andavam em falta. 

"Esse senhor falou pra mim que os sacis estavam diminuindo por causa do desmatamento, da luz elétrica - eles odeiam claridade -, então eu pedi pra ele me dar alguns sacis pra eu reintroduzir na mata, em Botucatu, e lá a gente iria cuidar deles", conta o presidente da ASCSACI. Para cuidar de um saci é preciso alimentá-lo, garantir-lhe o que beber e cuidar do seu habitat natural, de modo que os criadores acabam se tornando verdadeiros protetores da natureza. "Esse senhor criava eles em viveiros, mas não queríamos criar assim, quando a gente levou esses sacis pra lá (a mata) nosso trabalho foi levar frutas, bambu, frutas da região, pequenos frutinhos do cerrado e a gente foi alimentando, dando água e fomos abrindo esse viveiro para que eles começassem a sair, depois de um tempo eles foram saindo se ambientando, então hoje a gente não precisa ir na mata pra cuidar deles, mas eles estão lá".

Outra forma de preservar os sacis é cuidar do imaginário das pessoas, o segundo local, além das matas, onde esses seres ganham vida. Oswaldo explica, que o simples fato de pensar e falar sobre o saci, já garante a existência de um novo ser. "A partir do momento que a pessoa faz algo que um novo saci se desperta, ela é tão criadora quanto a gente. Tem a gente, os que cuidam dos sacis na mata, e também tem as pessoas que criam o saci no sentido de você ter ele nascendo na mente das pessoas, então esse saci é tão importante quanto o outro". 

José Oswaldo é o presidente da Associação dos Criadores de Saci. Foto: Divulgação/Isabela Sanatore

Saci Urbano

O crescimento desmedido das áreas urbanas acabou promovendo uma mudança nos hábitos de alguns sacis. Já é possível encontrá-los nas cidades grandes, em locais mais arborizados como jardins e praças. Como conta Mouzart, da Sosaci. Ele mora na capital de São Paulo e já encontrou diversos sacis em plena metrópole. "Aqui em casa, comecei a perder óculos, falei pra minha mulher: 'acho q tem um saci aqui', desci pra praça e encontrei vários orelha-de-pau". O orelha-de pau é um cogumelo que nasce nos troncos das árvores. Segundo a lenda, ao completar 7 anos o saci não morre, mas se transforma nesse tipo cogumelo. 

O observador diz que no Parque da Água Branca, espaço de mais de 13 hectares de vegetação localizado no bairro da Barra Funda, também na capital, a população de sacis é bastante numerosa. Segundo ele, há relatos de frequentadores e funcionários do parque que garantem terem vistos redemoinhos ‘estranhos’, os ovos das aves residentes do local são trocados, e os cavalos amanhecem com nós nas crinas. Tudo ‘trela’ dos sacis, garante Mouzart. “Ele se urbanizou”, diz. 

Dia do Saci

O Dia do Saci foi criado, no início dos anos 2000, como uma resposta à quase imposição da celebração do Halloween no Brasil. A data, no entanto, divide a opinião dos criadores e observadores que são contra a promoção de qualquer embate entre as culturas distintas. "A gente achava que não deveria se sobrepor a uma outra cultura, todas as culturas cabem no seu espaço, a cultura do Halloween é muito bonita. Na época, tivemos uma reunião com a Unesco, com a Comissão Nacional do Folclore e a ideia era que não fosse colocado esse dia como o Dia do Saci porque o único objetivo que se tinha era combater o Halloween, estamos bombardeando uma cultura com outra, vamos criar um outro dia, a gente sugeriu o dia 13 de agosto", conta o presidente da Associação de Criadores de Saci, José Oswaldo. 

Em 2003, dois projetos de lei de autoria de Ângela Guadagnin e Aldo Rebelo foram propostos para instituir o Dia do Saci no calendário oficial do país, mas ficaram arquivados. Em seguida, no ano de 2004, o estado de São Paulo oficializou a data 13 de janeiro como sendo o dia exclusivamente dedicado ao saci. Já em 2013, a Comissão de Educação e Cultura apresentou um novo projeto, que instituiu o dia 31 de outubro como o Dia do Saci, através da Lei 2.479.

A importância de celebrar e reverenciar esse ser lendário está em sua brasilidade e no poder de encantamento que ele possui, como bem sintetiza Mouzart. "A gente brinca muito com isso porque o saci junta os três povos que formaram o brasileiro, então ele é o mais brasileiro de todos os mitos além de ser o mais popular, as crianças gostam muito. Já rodei o Brasil inteiro dando palestras e nunca precisei explicar quem era o saci. Todo mundo sabe quem é o negrinho que tem o gorrinho mágico e uma perna só".

O Grupo de Xaxado Cabras de Lampião, de Serra Talhada, Sertão pernambucano do Pajeú, é a única atração brasileira a se apresentar no Festival Internacional de Folclore Latino-americano, que acontece em Iguala de la Independencia, cidade histórica do Estado de Guerrero, no México. O evento é um dos maiores festivais de arte e cultura de todo o mundo e acontece de 5 a 17 de setembro.

Dez grupos de diversos países participarão do Festival e se apresentarão em cidades mexicanas como Pachuca, Huichapan, Actopan, Tulancingo, San Agustín Metzquititlan, Huasca de Ocampo, Zimapán, Mineral de la Reforma e Mineral del Monte.

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O Festival Internacional de Folclore Latino-americano é uma festa da cultura que exalta as raízes mais autênticas da espiritualidade latino-americana, projetando Grupos Tradicionais e artistas para o mundo inteiro, demonstrando o impacto internacional que atingiu o Festival. O evento reúne Grupos tradicionais de toda América Latina, numa festa de valorização das tradições e dos costumes legados pelos antepassados, numa mescla das mais distintas manifestações culturais. É um intercâmbio artístico-cultural entre os inúmeros grupos participantes.

Para a presidente da Fundação Cabras de Lampião, Cleonice Maria, é gratificante ver o trabalho do Grupo de Xaxado Cabras de Lampião, a cultura e a história de Serra Talhada sendo reconhecidos no mundo e, em especial no México, pelo grupo sair da Terra de Lampião e ir dançar xaxado na terra de Zapata e Pancho Villa.

*Com informações da assessoria

Quando somos crianças, estudamos diversos aspectos da cultura e história brasileiras ao longo de toda a vida escolar. No Dia do Folclore, celebrado em 22 de agosto, professores costumam fazer festas e fantasias que encantam os alunos com inúmeros personagens, alegorias e lendas misteriosas. O que talvez vá se perdendo ao longo da vida desses estudantes, é o quanto dessas histórias e figuras dizem de nós mesmos sendo eles responsáveis diretos pela construção de uma identidade e auto-estima nacional. 

Todas as histórias e mitos do folclore são expressões que refletem pensamentos, sentimentos e a atuação de um povo. Construído a partir da combinação de diversas culturas - no Brasil as dos povos negro, indígena e europeus - e transmitido oralmente, de geração a geração, ele ajuda a formar a identidade e a memória de uma nação, dando aos seus uma consciência do quê somos enquanto povo além de contribuir para nossa auto-estima. 

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Nesta quinta-feira (22), é comemorado o Dia do Folclore no Brasil, tema que pode ser abordado nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que acontecem nos dias 3 e 10 de novembro. O folclore é conhecido principalmente por meio de lendas urbanas e personagens como o Saci Pererê, Curupira, Lobisomem, mas gastronomia, brincadeiras, festas e outras manifestações também são considerados folclore.

A palavra folclore vem do termo em inglês folklore, no qual folk significa povo e lore conhecimento, portanto, o significado de folclore pode ser entendido como conhecimento popular. “É importante saber que o nosso folclore é diversificado de forma muito natural, pois é fruto do miscigenado povo brasileiro”, comenta o professor de História, Luís Henrique.

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De acordo com Luís, durante o Enem é comum que o folclore seja uma temática dentro das questões de Ciências Humanas e suas tecnologias e surja como representação da cultura popular ou do patrimônio. No entanto, pode ser visto também na prova de Linguagens, Códigos e suas tecnologias, visto que danças, cores, mitos e narrativas podem aparecer nas questões deste caderno.

Para o também professor História, José Carlos Mardock, é importante pensar no folclore como expressão de um povo e um termômetro que identifica e regionaliza práticas. “´O Carnaval, por exemplo, pertence ao país, mas você tem um Carnaval diferente em Olinda, Rio de Janeiro e São Paulo”, comenta.

Mardock deu alguns exemplos de manifestações folclóricas. Veja:

Festas Juninas

As festas juninas, que possuem grande peso na Região Nordeste, são expressões populares dos bailes franceses e austríacos com raízes desde as regiões nórdicas, a cultura egípcia, a nórdica francesa e as indígenas. No Brasil, as festas ganharam novas características com um novo colorido e ritmo. As festas juninas são compostas por danças, quadrilhas e brincadeiras.

Boi Caprichoso e Boi Garantido

 

Modalidade do Festival Folclórico de Paratins, a disputa entre o Boi Caprichoso e Boi Garantido reúne grande parte da população do Amazonas. Os desfiles dos dois personagens abordam diversas temáticas, principalmente a cultura regional: como os rituais indígenas, as danças tribais, costumes dos ribeirinhos e as lendas, representados por meio de encenações, alegorias lendas, bonecos e trajes.

Açaí

Pexels

O açaí, pequena fruta arredondada e de coloração escura, provém do açaizeiro, árvore comum na Região Amazônica. O alimento, que ganhou notoriedade em todo Brasil e em outras regiões do país sendo servido acompanhado de elementos gastronômicos como granola, leite condensado, açúcar, entre outros, é uma bebida típica da Região Norte, portanto, mesmo que possua uma nova roupagem, pertence a uma localidade que é a sua verdadeira identidade e o caracteriza como folclore.

Pipa

Pixabay

Comum nas brincadeiras da criançada, a pipa é uma expressão social de uma comunidade ingênua e que não possui recursos para comprar brinquedos caros, portanto eles mesmos confeccionam os seus. A brincadeira deriva da observação das comunidades rurais a olharem os pássaros e o desejo de controlá-los.

Chimarrão

Pixabay

Bebida típica da Região Sul do Brasil, o chimarrão surgiu em meados do século XIX e é o resultado de uma junção de hábitos europeus com indígenas. A bebida, que foi criada por índios ao misturar água quente com ervas encontradas na região. No Rio Grande do Sul é comum ver pessoas bebendo chimarrão em momentos de descontração conhecidos como “roda de mate”, o que é praticamente um ritual para muitos gaúchos.

 

As lendas sobre a maré de azar do mês de agosto são históricas. Do povo da Roma Antiga às grandes tragédias com nomes da arte e da política mundial, passando por outras catástrofes causadas por decisões de chefes de estado. Dos ditos populares famosos mundo afora ao folclore do sertão do Brasil, a maioria tem um mau agouro de agosto para contar. Superstição, energia negativa ou coincidência? O LeiaJá conta algumas das histórias e consulta um especialista para desvendar os segredos de agosto.

“Agosto é o mês do desgosto”. É o que se diz em muitas partes do mundo. Entre os antigos romanos, a visualização de um dragão que cuspia fogo nos céus durante o mês era considerada azarenta. O dito dragão era, na verdade, a constelação de Leão, que se apresenta no hemisfério norte durante o oitavo mês do ano. Já em Portugal, a má fama veio por causa das saídas de embarcações. As portuguesas não casavam em agosto pois era época de navios partirem em expedição. Os maridos iam, as deixavam sem lua-de-mel e, por muitas vezes, viúvas. Na Argentina, há quem acredite que agosto não é o mês de se lavar a cabeça, por trazer azar. É também agosto o período de maior incidência de raiva entre cães e outros animais, o que faz o mês ser conhecido como o “mês do cachorro louco”.

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No Brasil, além das lendas interioranas e folclóricas, também há a questão religiosa. O ativista cultural e folclorista Roberto Marttini acredita que a reverência dos sacerdotes dos povos Banto e Nagô ao orixá Omolu pode ter influenciado a fama de agosto. “Essa divindade seria a responsável pelas mazelas da lepra, varíola e febres diversas, contudo seu culto também está ligado à cura, já que esse orixá, segundo a crença yorubá, tem o poder de livrar os seres humanos de todo tipo de doenças”, explica. Marttini também esclarece que esse culto ganhou força no final do século XVII. “As senzalas faziam danças e batuques para essa divindade, para se livrar das mazelas. Por isso a cultura de que o mês de agosto traz coisas e energias negativas avançou ao longo do tempo”, relata.

Marttini explica ainda que as pessoas normalmente passam suas crendices dos “maus agouros de agosto” de geração em geração. “Os saberes ancestrais influenciam de forma significativa grande parte da sociedade, somos suscetíveis a mudar datas de casamentos, entrevistas e até assinar contratos, devido a crenças passadas de geração em geração", declara.

Agosto também não é favorável para os políticos brasileiros. O então presidente da república Getúlio Vargas cometeu suicídio em 24 de agosto de 1954. Em 25 de agosto de 1961, “forças ocultas” fizeram Jânio Quadros renunciar à presidência e, em 1976, Juscelino Kubitschek, que havia sido presidente de 1956 a 1961, morreu em um acidente de carro. Pelo mundo afora, fatos históricos ocorridos em agosto também contribuem para a má fama que esse mês tem. Em 24 de agosto de 1572, Catarina de Médici autorizou a morte de mais de 30 mil protestantes na França, episódio que ficou conhecido como o massacre de São Bartolomeu. Hitler assumiu o governo alemão em agosto de 1932. No Japão, em 6 e 9 de agosto de 1945, as cidades de Hiroshima e Nagasaki foram destruídas por bombas atômicas lançadas pelos EUA. Tudo isso sem contar os casos de artistas que morreram em agosto, como Marilyn Monroe (1962), Elvis Presley (1977) e Raul Seixas (1989).

No próximo domingo (11), a casa de festas Vila Alecrim, localizada no bairro de Boa Viagem, promoverá o “Dia do Brincar”, evento voltado para o público infantil e inspirado na série de animação “Além da Lenda”, com contação de histórias, cineminha e recreação a partir das 15h. Assim como o desenho, o objetivo do evento é resgatar brincadeiras antigas e personagens tradicionais do folclore, como Comadre Fulozinha, Cuca e Curupira.

Os ingressos podem ser adquiridos no local do evento, que fica na Rua Faustino Porto, 537, na loja Bitsy do Shopping Center Recife e no estande do Ticket Folia do Shopping RioMar pelo valor de R$ 60, que dá direito à entrada de uma criança acompanhada de um adulto e um livro Além da Lenda. O preço para um adulto sozinho é R$ 20 e o ingresso para cada criança extra custa R$ 40. 

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Serviço

Dia do Brincar - Além da Lenda

Domingo (11) | 15h

Vila Alecrim (Rua Faustino Porto, nº 537, Boa Viagem)

R$ 20 a R$ 60

LeiaJá também

--> Animação pernambucana Além da Lenda vira livro

Após a estreia na TV Brasil, a série de animação Além da Lenda, produzida pela Viu Cine, leva personagens do folclore nacional para os livros. A obra será lançada na próxima terça-feira (28), no Espaço TODO GONZAGA, no Museu Cais do Sertão, às 15h, Bairro do Recife.

O livro conta com ilustrações de Jacqueline Lima e edição da Viu Marcas. Além da Lenda explora, com humor, as histórias de cada lenda brasileira e as atualiza para os jovens. Ao final de cada capítulo, os leitores ajudam na caçada à lendas desaparecidas, pintando e escrevendo as pistas deixadas pelas famosas criaturas. O livro permite desvendar enigmas, resolver desafios, aprender e relembrar brincadeiras clássicas.

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A obra tem a autoria de Bruno Antônio, Erickson Marinho e Ulisses Brandão. “A nossa proposta foi dar esse ar mais lúdico e interativo na obra, buscando aproximar ainda mais o público da história das lendas brasileiras”, explica Ulisses Brandão.

Serviço

Lançamento do livro Além da Lenda

Terça (28)| 15 h

Cais do Sertão (Armazen 10 - Av. Alfredo Lisboa, s/n - Recife Antigo, Recife)

Gratuito

 

O governo do estado de São Paulo promove de 7 de junho (quinta) a 5 de julho, a exposição “Cultura Popular e diversidade Corporal no Folclore Brasileiro”, no Centro Cultural da cidade de Bauru. A amostra é organizada pelo memorial da inclusão, da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência.

A ação propõe xilogravuras, painéis e cubos que, segundo os divulgadores, buscam sensibilizar e celebrar a cultura popular e o direito a diferença corporal e a diversidade humana, bem como a reflexão sobre a importância das vibrações sensoriais e acessibilidade para a construção e clareza de uma sociedade inclusa.

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A atração quer também, apresentar personagens com corpos diferentes e histórias que procuram aguçar as  sensorialidade em um convite a exploração das possibilidades e das percepções do corpo. (por Tiago Felippe)

De tênis alinhado, calça skinny e camisa estampada, o Mestre Anderson Miguel contempla as fronteiras do horizonte do Engenho Cumbe, em Nazaré da Mata, na Mata Norte de Pernambuco, em busca de inspiração para improvisar uma nova loa. “Quando dá, eu ando com umas coisas prontas, mas verso na hora às vezes sai até melhor do que verso decorado”, comenta o jovem líder do Maracatu Rural Cambinda Brasileira, uma das mais tradicionais nações de baque solto do estado. Aos 22 anos, Anderson samba no improviso para vencer a passagem do tempo com sua Cambinda, que se prepara para completar cem anos de existência no Carnaval de 2018, sem apoio do estado ou de grandes empresas.

Nascido e criado no Engenho Cumbe, Anderson é filho do contramestre Aderito Amaro e da baiana Eugênia da Silva. “Um matuto. Minha mãe saiu no carnaval em 1995 comigo dentro da barriga, mas vim começar mesmo com 12 anos, como mestre do Maracatu Infantil Sonho de Criança. Aos 15, entrei no Maracatu Águia Misteriosa e em 2013 assumi a Cambinda”, conta. Sucessor do mestre Canário Voador, Anderson mantém os pés no chão. “Todo ano é difícil colocar o maracatu na rua. Neste, além do carnaval, temos os gastos da comemoração do nosso centenário. Mesmo com apoio da prefeitura, falta muita coisa. A gente organiza rifa, pede aos amigos, mas por que tanta gente que pode nos apoiar não apoia?”, questiona. 

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Se em Nazaré a escassez de patrocinadores é ingrata, fora de sua terra natal, o “Neymar do Maracatu”- conforme Anderson gosta de se denominar-, ganhou projeção nacional devido à parceria com o instrumentista pernambucano Siba Veloso, a quem costumeiramente se refere como “mais do que um padrinho” e deve o trabalho de produção em casas de grande porte e visibilidade, a exemplo do paulistano Sesc Pompeia. “Eu não sei a dimensão do que está acontecendo. Eu já escutava Siba cantar, mas nunca imaginei poder chegar perto dele, apertar a mão, dar um abraço”, completa. 

Embora não abra mão de símbolos tradicionais no Maracatu de Baque Solto, como a bengala da qual não se desgruda, Anderson pode inaugurar uma geração de mestres que aborda, em suas poesias, temáticas não necessariamente ligadas ao passado ou à vida rural. “Política, natureza e violência. Eu não sou polêmico, talvez eu cante o que muitos querem e outros não. Tenho um mote em que digo: o Brasil que vivemos tá perdido/dominado pela corrupção/Não posso aceitar nem posso ver/ um país onde o povo tá sofrendo/Essas brigas que estão acontecendo/iludindo a cabeça da nação”, lembra. 

Com apenas 22 anos, Anderson Miguel comandará novamente os 180 'fogazões' da Cambinda Brasileira no carnaval de 2018. (Rafael Bandeira/LeiaJá Imagens)

Barachinha, Dedinha, Zé Galdino dentre outros mestres figuram entre as influências de Anderson, mas não são as únicas. Ele é o mestre de maracatu que não abre mão de dar uma “palhinha” no barzinho em shows de amigos, já teve música autoral gravada pela banda de forró Calango Aceso e faz bom uso das redes sociais e da internet para divulgar novos trabalhos. “Gosto muito das músicas antigas dos Nonatos. Penso gravar um CD interpretando músicas deles para ouvir em casa com os amigos. De 2014 para cá, comecei a compor também para sair um pouco da rotina do Maracatu e soltar registros no Youtube, o pessoal gosta bastante”, explica.

“É preciso desfolclorizar a cultura popular”

Residente do Bairro do Monte, em Olinda, Marcelo Cavalcante insere elementos de jazz e de ritmos africanos em seu frevo. (Rafael Bandeira/LeiaJá Imagens)

Violonista, compositor e intérprete, Marcelo Cavalcante sabia o que lhe esperava quando largou o conforto do lar familiar para viver exclusivamente de música. “Tive o privilégio de escolher ser pobre”, costuma dizer ele, que, há quatro anos, mora em um pequeno conjugado no Bairro do Monte, em Olinda. Noturno, Marcelo colhe suas melodias e frevos da madrugada e  logo lhes transpõe para um charmoso violão Antonio Hernandez, que só por implicância com o nome que carrega, soa bastante brasileiro. “Venho da escola do jazz e da bossa nova e trago muito disso para o frevo. Também sou muito ligado aos ritmos de matriz africana. Tudo isso acaba criando uma linguagem moderna para o gênero”, comenta. 

Não é por acaso que, dos compositores do frevo, Capiba é o mais ouvido por Marcelo. “Ele foi letrista e compositor. Assim como Capiba, trabalho com vários estilos, como maracatu e samba canção. E o caixa do frevo vem tem uma quebrada seis por oito, de candomblé. Ganhei muita experiência tocando com os mestres de coco de Olinda, uma vivência real com nossos ritmos”, lembra o artista, que chegou a integrar a banda de Dona Glorinha do Coco, como pandeirista. 

Compositor aponta Capiba como influência profícua. (Rafael Bandeira/ LeiaJá Imagens)

O produto desse caldeirão de influências é o que Marcelo vê como um frevo “ácido”. “Existe uma certa crítica à forma como a sociedade se organiza. Muita gente que compõe frevo atualmente o faz em torno desse apelo ao calor, à bebida, ao beijo, que remetem ao nosso carnaval. Procuro a poesia que vai além da festa”, afirma. 

Na contramão do mercado e da gestão cultural do estado, Marcelo escolhe tocar frevo o ano todo, o que já lhe rendeu, entre amigos próximos, o apelido de ‘veinho’. “Velho é o estigma de tratar tudo que é nosso como ultrapassado, como expressões sazonais, coisa de época. É preciso desfolclorizar a cultura popular. O frevo tem que ser associado ao cotidiano das pessoas, com mais festivais, mais espaços dedicados a ele e mais patrocínio para trabalhos novos”, critica. 

O ‘coco pop’ do Mulungu

Mulungu tem coco como ritmo base, mas se utiliza de elementos do ijexá e do Maracatu. (Chico Peixoto/LeiaJá Imagens)

Cravado nas regiões centrais do nordeste, o alaranjado do Mulungu é capaz de muito mais do que embelezar as paisagens sisudas do sertão. Conhecida como “amansa-senhor” e “capa-homem”, a árvore possui propriedades capazes de auxiliar quem sofre de males como insônia, ansiedade e depressão. Não é a toa que, no bairro da Várzea, marcado pelas extensas áreas verdes e por ser itinerário do Rio Capibaribe, brotou o grupo Mulungu, composto exclusivamente por percussionistas mulheres, interessadas em difundir gêneros como o coco, o maracatu e o ijexá.

Desafiando a cultura tradicional dos tambores, que sempre legou aos homens o papel de senhores de instrumentos pesados, a exemplo de ilus, congas e atabaques, o projeto começou quando Karollayne Nicolly e Vanessa Farias desistiram de trabalhar com os rapazes de um outro grupo. “Por conta do machismo deles. A gente se juntou pra fazer um grupo só de mulher, porque mulher na Várzea não tinha vez. Apesar de tudo que a gente vem enfrentando aqui, já realizamos nossa terceira sambada”, comemora Karollayne.

Grupo inova ao acrescentar instrumentos harmônicos, como o violão e a flauta transversa, ao coco. (Chico Peixoto/LeiaJá Imagens)

Encarando olhares masculinos curiosos, o grupo, cuja atual formação conta também com Ariana Luna, Edilma Cavalcante, Andreza Santos e Evellyn Monaliza, costuma se reunir na praça da Várzea para ensaiar e realizar apresentações. “Começamos a estudar os instrumentos mais pesados, que não tínhamos oportunidade de tocar. Muitas vezes em que a gente começava a pegar, um homem tomava nossa frente”, lembra Karollayne.

Autoral, o Mulungu executa como uma espécie de ‘coco pop’, as composições elaboradas por Karollayne e Vanessa. “A gente olha ao redor e, de repente, a melodia vem. As músicas têm muito a ver com nossa vivência na Várzea”, comenta Vanessa. As melodias simples conquistaram um público jovem e fiel, que sempre comparece nos eventos organizados pelo próprio Mulungu. “Há uma renovação de público também. Utilizamos instrumentos comuns do coco, mas resolvemos acrescentar instrumentos harmônicos, como o violão, a flauta transversa e percebemos que as pessoas vem aderindo e se identificando com essas inovações”, conclui Karollayne.   

Confira as melhores fotos do ensaio dos novos artistas para o LeiaJá na galeria de imagens:

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No mês do Folclore, que é comemorado no dia 24 de agosto, Belém recebe pela segunda vez um dos eventos mais esperados pelos guardiões de cordões de grupos juninos: o II Festival de Pássaros e Outros Bichos. Neste ano, o festival – que novamente conta com o patrocínio do edital cultural da Caixa Econômica Federal – será no Teatro Margarida Schivasappa (Centur), entre os dias e 21 e 27, sempre a partir das 18 horas. A entrada é franca e todos os espetáculos têm classificação livre, ou seja, é para pessoas de todas as idades. O Mestre homenageado nesta segunda edição é Francisco Oliveira.

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As novidades desse ano são um arraial que venderá produtos de divulgação dos grupos (camisas, DVDs, CDs, livros, entre outros) e novos pássaros juninos, como o Pavão – que é de Mosqueiro e está há três anos sem se apresentar – e a Garça, um grupo criado neste ano a partir de uma oficina de resgate de pássaro junino. A Garça conta com 22 integrantes, nasceu na Jabatiteua, no bairro do Marco, e está na expectativa para sua primeira apresentação que será no festival.

“O nosso primeiro festival despertou a vontade de criar novos grupos e esse desejo de muitos retornarem à ativa, apenas não fazendo isso de imediato por causa de dificuldades financeiras. Os ensaios estão a todo o vapor e com certeza o público vai se emocionar e se encantar bastante com o que verá no palco do Schivasapp”, garante a guardiã do Cordão de Pássaro Colibri de Outeiro Laurene Ataide, que é a coordenadora do festival.

A primeira edição do festival foi realizada em 2016 no Teatro Gasômetro e contou com mais de 900 brincantes (em sua maioria crianças e adolescentes). Este ano o número será maior por causa dos dois grupos novos. O público vai se encantar com matutagens, dramas, declamação de poesias, romances, danças regionais e cantigas que resgatam e mesclam histórias da corte imperial, do cotidiano caboclo e indígena, além de inserir personagens das lendas amazônicas e bichos da nossa fauna e flora.

“A escolha do Teatro Margarida Schivasappa é justamente pela expectativa de receber ainda mais pessoas. Na primeira edição do evento faltaram cadeiras por causa da numerosa quantidade gente na plateia, ávida por conhecer um pouco mais do teatro caboclo. Muitos idosos se emocionaram ao reviver as histórias de pássaros e bichos que antes tinham mais visibilidade. O evento teve casa cheia mesmo nos dias de semana”, conta a coordenadora.

Homenagem - O festival terá o nome em memória ao Mestre Francisco Avelino de Oliveira, conhecido como Velho Chico, como era chamado. Ele era marceneiro e fazia trabalhos manuais com ouriço de castanha e madeira. Escritor de peças de teatro para pássaros juninos, Chico tem suas obras encenadas por diversos grupos até hoje. Outra habilidade do homenageado era ser músico. Ele tocava instrumentos sem nunca ter tido uma aula sequer.

Iracema Oliveira, filha de Francisco, hoje é a guardiã do Grupo de Pássaro Tucano. Ela seguiu os passos do pai nas artes desde os 7 anos. Todos os oito filhos do Velho Chico participavam das brincadeiras de grupos de pássaros. Ele deixou como legado a paixão pela cultura popular, com a Pastorinha, de sua filha Iraci; o grupo folclórico Frutos do Pará; o grupo de dança Iaça Regional, de sua neta Rosa Oliveira; a Associação Cultural Francisco Oliveira, que hoje é o Ponto de Cultura Herança do Velho Chico.

O teatro do pássaro ou teatro caboclo, como também é conhecido, tem sua origem no Theatro da Paz, quando ainda no rico período da borracha as grandes óperas europeias se apresentavam na capital paraense. Para estudiosos e pesquisadores acadêmicos, a população carente viu as óperas e começou a reproduzir, mas do lado de fora do teatro e a partir da sua própria ótica.

Outra explicação para a origem dessa cultura popular é que foi uma readaptação feita por negros alforriados e viúvas que iam para as óperas com o intuito de vigiar as filhas dos senhores da borracha, dentro do teatro. É chamado de ópera cabocla porque os personagens encontrados nas histórias são do universo da corte real, como a rainha, as princesas, os reis, os duques, fadas, mas também estão presentes as figuras dos caboclos, dos índios e diversos personagens das lendas amazônicas.

Ainda não há uma definição do porquê dos pássaros. Historiadores acreditam que seja por causa da riqueza da fauna da nossa região ou de algum espetáculo que tenha trazido algum pássaro para dentro do teatro. A ópera cabocla mescla teatro e música, feitos a partir do imaginário popular.

Serviço

II Festival de Pássaros e Outros Bichos

Data: De 21 a 27 de agosto

Hora: Sempre a partir das 18 horas

Local: Teatro Margarida Schivasappa – Centur (Av. Gentil Bitencourt, 650 - Batista      Campos, Belém - PA)

Entrada franca e classificação livre!

Informações: (91) 9 8861-6467 e 98904-5066. 

Para ter acesso à programação completa siga a fanpage: www.facebook.com/IIFestivaldePassarosEOutrosBichos

Programação

Dia 21 - Apresentação

Abertura e homenagem ao Mestre Francisco Oliveira

18 h - Grupo Junino Tucano,

19 h - Cordão de Bicho Jaquinha,

20 h - Cordão de Pássaro Tangará

Dia 22 - Apresentação

18h  - Cordão de Bicho Oncinha,

19h - Cordão de Pássaro Pequeno Guará

20 h - Pássaro Tem-Tem do Guamá

Dia 23 - Apresentação:

18 h – Pássaro Garça

19 h - Grupo Junino Papagaio Real

20 h – Pássaro Sabiá

Dia 24 - Apresentação:

18 h - Pássaro Bem te Vi do Guamá

19 h – Cordão de Pássaro

20 h – Pássaro Beija-Flor

Dia 25 - Apresentação:

18 h - Pássaro Pavão

19 h – Pássaro Tem Tem de Mosqueiro

20 h - Pássaro Uirapuru

Dia 26 - Apresentação:

18 h - Cordão de Bicho Oncinha

19:00 h Cordão de Pássaro Pipira da Água Boa

20:00 h - Pássaro Rouxinol

Dia 27 - Apresentação:

18:00 h - Pássaro Ararajuba

19:00 h – Cordão de Bicho Bacu

20:00 Cordão de Pássaro Colibri de Outeiro

Encerramento com premiação dos grupos e das personalidades.

Por Vivianny Matos, da assessoria do evento.

 

 

 

 

 

 

 

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