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Pelo menos 53 índios foram assassinados durante o ano de 2013 em consequência de conflitos, diretos ou indiretos, pela disputa por terras. O dado faz parte do relatório sobre a violência contra os povos indígenas brasileiros que o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) divulgou nesta quinta-feira (17), em Brasília. Dos casos registrados em todo o País, 33 ocorrências (66%) foram registradas em Mato Grosso do Sul. Não é a primeira vez que o estado lidera lista do relatório da organização indigenista, vinculada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

O total de índios assassinados em 2013 é menor que os 60 casos identificados pelo Cimi em 2012. No entanto, como em anos anteriores, a organização informa que os números podem estar subestimados, porque são colhidos, a partir várias fontes, como relatos e denúncias dos próprios povos e organizações indígenas; missionários do conselho; reportagens de jornais, sites e agências de notícias; órgãos públicos que prestam assistência; Ministério Público, além de relatórios e boletins policiais.

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No capítulo violência contra a pessoa, o Cimi identificou 13 homicídios culposos (não intencional) em 2013, contra 12 casos em 2012; 328 tentativas de assassinato, contra 1.024, além de 14 casos em que índios foram ameaçados de morte. O elevado número de tentativas de morte se deve ao fato de que, em algumas ocorrências, a ameaça foi dirigida a toda a comunidade. O relatório de 2013 também registra dez casos de violência sexual praticada contra indígenas.

O relatório também aponta que 8.014 dos 896.917 índios brasileiros (dado do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 2010) sofreram algum tipo de violência decorrente da omissão do Poder Público. Os casos são de falta de assistência escolar, de saúde, de políticas públicas que impeçam a disseminação de bebidas alcoólicas e outras drogas dentro da comunidade e até tentativas de suicídio. O resultado nesse quesito é inferior aos 106.801 casos registrados em 2012.

Segundo o relatório, os índios continuam sendo alvo de racismo e preconceito. Além disso, crianças indígenas continuam morrendo por doenças como pneumonia, diarreia e gastroenterite, insuficiência respiratória, infecções provocadas por bactérias, entre outros males. O Cimi destaca as dificuldades para se chegar aos números reais de casos. Enquanto o relatório contabiliza 26 casos de mortalidade infantil, o texto de apresentação do documento cita dados da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e do Ministério da Saúde, que indicam que 693 crianças até 5 anos morreram entre janeiro e novembro de 2013.

O presidente do Cimi e bispo do Xingu, Erwin Kräutler, critica o Poder Público de agir com descaso em relação à política indigenista e à vida dos povos indígenas. Na avaliação da organização, a demora e redução nos procedimentos demarcatórios, pelo governo federal, acirra conflitos em diversas unidades da Federação, intensificando as violências e ameaças de morte contra índios de todo o país e suas lideranças.

Kräutler afirma que o governo federal deve ser responsabilizado pela trágica realidade vivida pelos povos indígenas, lembrando que, pela Constituição Federal, o Estado brasileiro deveria ter identificado, demarcado e retirado os não índios de todos os territórios tradicionais indígenas até 1993.

Segundo o Cimi, das 1.047 áreas reivindicadas por povos indígenas, 38% estão regularizadas. Cerca de 30% delas estão em processo de regularização e em 32% dos casos, o procedimento de demarcação foi iniciado. Das terras já regularizadas, 98,75% são na Amazônia Legal. Enquanto isso, 554.081 dos 896.917 indígenas vivem em regiões do país que têm 1,25% da extensão das terras indígenas regularizadas.

O Cimi informa que ao menos 30 processos demarcatórios relativos a áreas já identificadas pela Fundação Nacional do Índio (Funai) não têm pendência administrativa ou judicial que impeçam a homologação da reserva, mas não foram concluídos. Desses processos, 12 dependem da publicação, pelo Ministério da Justiça, de portaria declaratória, conforme a entidade. Dezessete áreas aguardam a homologação presidencial e cinco processos dependem da aprovação da presidenta da Funai, Maria Augusta Assirati.

A Funai informou que, "por orientação do governo federal", paralisou os processos em áreas onde há conflito e que os cinco processos em questão são em áreas de conflito. O governo de Mato Grosso do Sul informou à Agência Brasil que ainda não tem conhecimento dos dados citados no relatório. Disse ainda que "a segurança das aldeias e a proteção aos indígenas são responsabilidades federais" e que a questão fundiária é "competência exclusiva da União".

Uma companhia de petróleo e um instituto médico americano teriam extraído e vendido, sem autorização, pelo menos 3.500 amostras de sangue de 600 indígenas equatorianos com características genéticas únicas, segundo uma investigação do governo equatoriano.

Houve cerca de "3.500 procedimentos" de extração de sangue, disse René Ramírez, titular da secretaria (ministério) de Educação Superior e Ciência do Equador, ao canal estatal ECTV. O presidente equatoriano, Rafael Correa, disse na última sexta-feira que as amostras foram retiradas desde a década de 1970, "em parceria com uma petroleira que operava nestes territórios, a Maxus", em um caso em que estão envolvidos a Escola de Medicina da Universidade de Harvard e o americano Instituto Coriell, dedicado à pesquisa médica.

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Ramírez afirmou que, segundo um estudo de sua pasta, naquela época havia uns 600 nativos huaoranis, o que "significa que foram extraídas algumas 'pintas' (450 mililitros) de sangue de uma pessoa mais de uma vez".

"Mas, uma das principais (responsáveis) foi a Maxus, com este Instituto Coriell, que vendeu o sangue coletado para que se fizessem estas pesquisas", afirmou Ramírez. A destinatária das amostras para estudo teria sido a Universidade de Harvard.

"São comunidades que têm suas características (genéticas) próprias, únicas em nível mundial", disse o funcionário, destacando que mais de 80% das extrações de sangue ocorreram sem consentimento e que "ninguém sabia que tinham fins de pesquisa".

A Maxus operou na selva equatoriana até meados dos anos 1990, embora tenha estendido sua presença através de outra petroleira. Com base em testemunhos dos huaorani, a Defensoria do Povo do Equador estabeleceu, há dois anos, que entre 1990 e 1991, dois americanos, entre eles um médico da Maxus, retiraram amostras de sangue de vários deles, alegando que seriam usadas para exames, cujos resultados nunca entregaram.

Correa afirmou que o plasma foi submetido a "experimentos" porque os nativos, que se mantinham afastados da civilização, são "imunes a certas doenças". "Mentiram para eles, disseram que seria para sua saúde e em 95% dos casos nunca se chegou com informação sobre que tipo de doença tinham", disse o secretário.

Na sexta-feira, Correa afirmou que "não existe nenhuma lei federal dos Estados Unidos que dê fundamento jurídico para acionar em tribunais Coriell, Maxus ou os cientistas" de Harvard. No entanto, afirmou que serão buscadas as vias para isto.

O presidente afirmou existirem 31 artigos científicos publicados entre 1980 e 2012 sobre estas amostras de sangue dos huaoranis, que certos autores estão associados a Harvard e que cientistas vinculam Coriell como "fornecedor do sangue".

Em agosto de 2012, o presidente tinha anunciado que seu país preparava uma ação internacional contra o Coriell, ao qual os indígenas amazônicos acusam de ter comercializado ilegalmente seu material genético, embora se desconhecesse na época a quantidade de extrações realizadas.

Segundo a Defensoria do Povo, "comprovou-se que o Instituto Coriell tem, em suas bases, amostras e vende material genético de nacionalidade huaorani. Estas amostras foram adquiridas de um cientista da Escola de Medicina de Harvard".

Ainda segundo a Defensoria, o Instituto "possui ilegalmente, desde 18 de dezembro de 1991, amostras de sangue" da etnia amazônica e, desde 1994, teria distribuído sete culturas celulares e 36 amostras a oito países.

A prática viola a Constituição equatoriana, que proíbe o "uso de material genético e a experiências científicas que atentem contra os direitos humanos", assim como disposições internacionais, destacou.

O Ministério Público Federal negou que os funcionários da Vale tenham sido mantido reféns durante a manifestação de índios Xikrin, iniciada na quinta-feira (12) e encerrada na noite deste sábado (14). Durante esse período, a portaria da unidade de extração de níquel da empresa em Ourilândia do Norte (PA) foi bloqueada por um grupo de indígenas.

O MPF informou que os índios das aldeias Djudjekô, Kateté e Oodjam permitiram a passagem de ônibus com trabalhadores que fazem a manutenção dos fornos e não impediram a saída de funcionários. Apenas a produção de níquel teria sido paralisada.

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"O Projeto Onça Puma, de extração de níquel, afeta diretamente os Xikrin, mas até agora a Vale não iniciou nenhum programa de compensação de impactos, nem cumpriu nenhuma das condicionantes previstas no licenciamento do projeto. O MPF já acionou a Justiça Federal contra a Vale em defesa dos direitos dos Xikrin afetados pelo projeto Onça Puma", informa a nota divulgada pelo MPF.

Neste sábado, a mineradora informou que 50 trabalhadores foram mantidos retidos na unidade desde quinta-feira e que os indígenas ameaçaram atear fogo a um dos fornos. Segundo a Vale, o protesto foi motivado por divergências a respeito do repasse de recursos para aldeias. A companhia informou que as três aldeias recebem R$ 9 milhões por ano.

A ocupação feita por aproximadamente 400 indígenas do povo Xikrin do Cateté a uma unidade da mineradora Vale em Onça Puma, Ourilândia do Norte (PA), terminou sem qualquer situação de violência, de acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai). Cinquenta empregados da Vale estavam retidos na unidade de extração de níquel da empresa desde a manhã da última quinta-feira e foram liberados apenas ontem à noite, por volta das 21h.

Em nota à imprensa, a Funai confirmou que as tratativas entre a Vale e os indígenas recomeçarão nesta semana. Os indígenas pressionam por mudanças na proposta de acordo financeiro que está sendo negociada entre a mineradora, a Funai e o Ministério Público Federal (MPF). Eles querem que os recursos negociados sejam repassados para custeio das aldeias, e que haja verba adicional para projetos. O acordo prevê que os valores repassados sejam divididos entre custeio e projetos. Atualmente, as três aldeias recebem R$ 9 milhões por ano.

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Após bloquearam a portaria da unidade e ameaçarem atear fogo no local, a Vale acionou a Funai, o MPF e a Polícia Militar para resolver a situação dos empregados mantidos na unidade.

Em nota, a mineradora informou que continua em tratativas com os povos indígenas. "A empresa esclarece que já está sendo dado o devido encaminhamento para as questões acordadas com as demais comunidades indígenas da região e reitera seu respeito aos povos indígenas, bem como permanece aberta à busca de soluções para continuidade do bom relacionamento com as comunidades das regiões onde mantém operações", destacou a companhia. "Porém, repudiamos qualquer forma de violência que ponha em risco a vida e a segurança de nossos empregados", complementou a Vale.

A unidade de Onça Puma entrou em atividade em 2008. A produção de ferro-níquel chegou a ser interrompida para reconstrução de um dos fornos onde o metal é produzido. A obra de modernização de subsistemas foi concluída em novembro. A previsão é de que a unidade produza, em 2014, 15 mil toneladas de níquel.

Cinquenta empregados da Vale estão retidos na unidade de extração de níquel da empresa em Onça Puma, Ourilândia do Norte, no Pará, desde a manhã de quinta-feira. Cerca de 400 indígenas do povo Xikrin do Cateté bloqueiam a portaria. Na tarde deste sábado, eles ameaçaram atear fogo à unidade, informou a assessoria de imprensa da Vale.

Os indígenas bloquearam a portaria como forma de pressionar por mudanças na proposta de acordo financeiro que está sendo negociada entre a mineradora, a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Ministério Público Federal. Eles querem que os recursos negociados sejam repassados para custeio das aldeias, e que haja verba adicional para projetos. O acordo prevê que os valores repassados sejam divididos entre custeio e projetos. Atualmente, as três aldeias recebem R$ 9 milhões por ano.

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"Conforme determinação judicial que está sendo seguida pela Vale, o recurso tem que prover o etnodesenvolvimento da comunidade e, por isto, deve ser focado em projetos", informa nota divulgada pela mineradora. Desde quinta-feira, a Vale acionou a Funai, o Ministério Público Federal e a Polícia Militar sobre a situação dos empregados mantidos na unidade.

"A empresa esclarece que já está sendo dado o devido encaminhamento para as questões acordadas com as demais comunidades indígenas da região e reitera seu respeito aos povos indígenas, bem como permanece aberta à busca de soluções para continuidade do bom relacionamento com as comunidades das regiões onde mantém operações. Porém, repudiamos qualquer forma de violência que ponha em risco a vida e a segurança de nossos empregados", diz o texto.

A unidade de Onça Puma entrou em atividade em 2008. A produção de ferroníquel chegou a ser interrompida para reconstrução de um dos fornos onde o metal é produzido. A obra de modernização de subsistemas foi concluída em novembro. A previsão é de que a unidade produza, em 2014, 15 mil toneladas de níquel.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, defendeu nesta quarta-feira, 4, um modelo de mediação de conflitos entre indígenas e produtores rurais que o governo vem adotando desde a morte de um índio em Sidrolândia (MS), no ano passado. Em audiência na Câmara dos Deputados, o ministro disse que o governo mudou sua estratégia em relação ao tema a partir da crise na fazenda Buriti, quando o índio foi morto durante uma ação de reintegração de posse promovida pela Polícia Federal.

De acordo com Cardozo, o governo, nesse novo modelo, estabelece uma mesa de diálogo sobre as terras em processo de demarcação e abre a possibilidade de pagar indenização aos produtores que tenham a titularidade de suas terras.

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No processo atual, os produtores titulados recebem apenas pelas benfeitorias que fizeram na área. "O governo federal está disposto a fazer as indenização de proprietários com terras tituladas", afirmou.

Uma das metas, com essas mesas, é diminuir o nível de judicialização dessas disputas e replicá-las em outras áreas de conflito. "Com a mediação conseguiremos evitar ações que vão se arrastar durante anos", concluiu.

Antes dele, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse que o governo está buscando um novo modelo jurídico para a questão indígena. "Nós temos a convicção de que não podemos e não vamos tirar um agricultor de uma terra que ele tenha a titularidade e simplesmente realocá-lo sem dignidade", alegou.

Carvalho defendeu ainda que o atual processo de demarcação do País não representa risco à agricultura nacional. De acordo com ele, há no Mato Grosso do Sul 2,28% de terras demarcadas, que "no máximo" podem avançar mais 1%. A porcentagem de terras demarcadas no Rio Grande de Sul é de 0,39%, disse Carvalho, e pode chegar no máximo a 2%. Ele também afirmou que, em Santa Catarina, a parcela do território demarcado é de 0,87% e poderá atingir 2%. "Não se trata de grandes extensões de terra que possam prejudicar a agricultura nacional".

Audiência

Os titulares da Justiça e da Secretaria-Geral da Presidência participam de audiência pública na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural sobre o conflito entre produtores rurais e indígenas no Rio Grande do Sul. O comparecimento dos dois atende a um requerimento dos deputados Luis Carlos Heinze (PP-RS) e Giovanni Queiroz (PDT-PA), no qual os parlamentares citam o assassinato de dois agricultores por índios caingangues, no fim de abril.

O documento relata que os índios bloqueavam uma estrada em razão do não comparecimento de Cardozo em reunião com lideranças indígenas sobre a demarcação de terras na região. À Comissão de Agricultura, o ministro justificou que não pôde atender ao encontro na data combinada por causa de uma greve de policiais militares que estourou na Bahia à época e que demandou ação coordenada dos ministérios da Justiça e da Defesa.

Após 2h20 de reunião no Ministério da Justiça, acabou sem definição o encontro que reuniu o ministro José Eduardo Cardozo e líderes indígenas. Na pauta de reivindicações, havia questões polêmicas como a demarcação de terras, que permanecem sem resposta conclusiva. Além de Cardozo, o encontro teve a presença da presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Maria Augusta Boulitreau Assirati.

Durante a audiência, um grupo de cinco indígenas se acorrentou no mastro que sustenta a Bandeira Nacional. Na saída, o cacique Uilton Tuxá (BA) afirmou que participou da pior reunião em 16 anos de luta. "Nunca imaginei que o governo do PT, que prega a democracia, agiria com tanta arbitrariedade. Foi decepcionante, o ministro disse que não assinará nada e insistirá na tentativa de construir mesas de diálogo", desabafou.

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O Ministério da Justiça afirmou, por meio de nota, que, após a reunião com lideranças indígenas, o ministro José Eduardo Cardozo garantiu que a pasta está empenhada em encontrar soluções para as questões apresentadas - por meio da mediação. Revoltado com o resultado da reunião, Kretan Kaingang, um dos cinco acorrentados ao mastro da bandeira, disparou contra o ministro. "Ele (Cardozo) é um mentiroso, não vamos aceitar quietos que retirem nossos direitos e passem por cima de nós. A partir de agora vai haver guerra civil no País."

Para simbolizar a indignação dos índios, um deles subiu no mastro e pintou a Bandeira do Brasil com urucum, corante vermelho utilizado no corpo durante os rituais. "Isso aqui representa nosso sangue", gritou um índio no meio da multidão. Concentrados em Brasília desde segunda-feira para a Mobilização Nacional Indígena, cerca de 350 índios foram para a Esplanada dos Ministérios protestar na frente do Prédio do ministério. O grupo fechou os quatro acessos ao Palácio da Justiça logo pela manhã e exigiu uma audiência com Cardozo para debater a situação dos índios no País. Alguns mais exaltados tentaram invadir o prédio e bloquearam três das seis faixas do Eixo Monumental.

Arco e flecha

Segundo relatos de funcionários do próprio palácio, os índios apontaram arcos e flechas para os policiais que tentaram impedir a entrada do grupo. Logo após forçarem a entrada, sem sucesso, os manifestantes se espalharam em volta do ministério e estenderam faixas e cartazes falando de uma série de terras que precisariam de demarcação.

Cerca de 500 indígenas de várias etnias bloquearam na manhã desta quinta-feira, 29, as entradas do Ministério da Justiça, no Distrito Federal. Eles impedem as pessoas de entrar e sair do prédio. Querem ser recebidos pelo ministro José Eduardo Cardozo para pedir a demarcação de terras. Até o momento, a manifestação é pacífica. Homens da Polícia Militar apenas observam. A Força Nacional de Segurança atua dentro do Ministério.

Um grupo de líderes indígenas de pelo menos 100 etnias de todo o País invadiu na trade desta terça-feira, 27, a parte superior do prédio do Congresso Nacional, em Brasília. No protesto, os índios dançaram e cantaram próximo à cúpula. Eles foram convencidos pelos seguranças a descer a rampa minutos depois da ocupação.

Entre as demandas dos índios estavam a não aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, que transfere a competência da União no processo de demarcação de terras indígenas para o Congresso e a aprovação da PEC 320, que prevê a criação de quatro vagas na Câmara dos Deputados para os eleitos de comunidades indígenas. Um dos cartazes levados pelos índios manifestava apoio aos deslocados da Copa do Mundo - pessoas atingidas por desapropriações em obras da Copa.

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Diante do conflito de terra entre índios e agricultores do norte gaúcho, o ministro José Eduardo Cardozo forçou nesta quinta-feira um acordo para reduzir o território dos guaranis de Mato Preto, no município de Getúlio Vargas. Ele pretende diminuir de 4,2 mil para 600 hectares a área definida por uma portaria que assinou há dois anos. Desde 2003, 17 famílias aguardam o cumprimento da norma em barracas às margens dos trilhos da Estrada de Ferro São Paulo - Rio Grade do Sul. "A melhor forma para resolver o conflito é a mediação", afirmou. "As lideranças indígenas concordam desde que haja acordo".

A proposta foi discutida no final da tarde com os guaranis e os agricultores. Os índios, no entanto, não foram convidados para participar da entrevista coletiva. Com a exclusividade do microfone, o ministro disse que tinha reservado parte do dia para discutir uma série de conflitos no Rio Grande do Sul. Ele aproveitou para "lamentar" que as lideranças indígenas do município de Faxinalzinho não apareceram para negociar. "É uma pena que os índios não vieram. Eles perderam a oportunidade de fazer um diálogo", afirmou.

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O cacique de Faxinalzinho, Deoclides de Paula, e outras quatro lideranças da comunidade não compareceram ao Ministério da Justiça porque estão presos desde o dia 28 de abril. Numa operação polêmica, a Polícia Federal prendeu os índios numa reunião com representantes do governo federal. Os índios são acusados de matar os agricultores Alcemar e Anderson de Souza. Para entidades de defesa dos índios, o governo ajudou a montar uma armadilha.

Localizado pela reportagem, o cacique de Mato Preto, Joel Kuaray, que esteve com o ministro Cardozo, disse que as 75 pessoas da comunidade acampadas na beira da estrada de ferro não "aguentam" mais ameaças verbais e tiros para o alto disparados por grupos de agricultores. "A gente aceita diminuir nossa terra porque hoje estamos na beira da linha do trem", disse. "O povo guarani é muito pacífico e tranquilo, não gosta de brigar", explicou. "A gente tem o sentimento de que as ameaças vão diminuir, porque a redução da terra vai exigir a retirada de um número menor de agricultores da área."

Na entrevista, Cardozo negou que o governo esteja descumprindo artigos da Constituição que garantem a demarcação de terras consideradas indígenas. Ele defendeu o que chamou de "ajuste de direitos" e jogou a responsabilidade pelos conflitos no campo à lentidão do Judiciário em resolver os impasses. Foi na gestão do ministro que ocorreram as mais graves denúncias de violação de direitos humanos nas aldeias por parte de agentes do Estado desde o início da redemocratização. A Polícia Federal é acusada de matar, em operações, os índios Adenilson Munduruku, em novembro de 2012, no Pará, e Oziel Terena, em maio do ano passado, em Mato Grosso do Sul.

A Justiça Federal anulou as ordens de reintegração de posse em três fazendas ocupadas por índios da etnia guarani-ñandeva, no município de Japorã, em Mato Grosso do Sul, divisa com o Paraguai. As propriedades fazem parte de um conjunto de 14 fazendas invadidas pelos indígenas em 2003. Na ocasião, os donos foram expulsos e houve confronto com os fazendeiros. No ano passado, os índios chegaram a escrever uma carta, anunciando o suicídio coletivo, após a Justiça ter determinado o despejo de cinco das fazendas ocupadas. Eles pediam para serem enterrados no local. A ordem acabou sendo revogada.

Na decisão divulgada nesta terça-feira, 20, a Justiça acatou o parecer do Ministério Público Federal de que as fazendas incidem na Terra Indígena Yvy Katu. Com esses, somam nove os processos de reintegração de posse julgados em favor dos indígenas na região. As decisões judiciais, no entanto, deixam aberta a possibilidade de indenização dos fazendeiros pela União, que concedeu a eles título dominial de área demarcada. "O fato de as terras terem sido esbulhadas dos indígenas pelo próprio Estado não esvazia o direito destes de terem restituídas suas terras", diz a sentença.

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Outros cinco processos ainda aguardam julgamento, mas uma sentença de março de 2013 validou o processo de demarcação das terras indígenas. Atualmente os índios ocupam 9.494 hectares que correspondem às 14 fazendas ocupadas em 2003. A área passou por estudo antropológico e foi declarada terra indígena pelo Ministério da Justiça em 2005. O território foi fisicamente demarcado, mas a homologação depende de assinatura da presidente Dilma Rousseff.

De acordo com o MPF, a perda do território indígena começou em 1911, com a criação do Serviço de Proteção ao Índio. Após concentrar os índios que tinham aldeias na região na reserva de Porto Lindo, em Japorã, o governo federal distribuiu as terras a colonizadores. Segundo o MPF, parte da reserva também foi tomada por empresas de colonização, tendo a área original de 3,6 mil hectares sido reduzida para os atuais 1,6 mil hectares.

Em 1982, a Fundação Nacional do Índio (Funai) iniciou o processo de reconhecimento das terras indígenas, mas houve recursos. Para acelerar o processo, os índios ocuparam as fazendas. De acordo com o Sindicato Rural de Japorã, os fazendeiros vão entrar com novos recursos e pretendem levar a questão à análise do Supremo Tribunal Federal (STF).

Seis pessoas foram denunciadas nesta quarta-feira, 30, pelo Ministério Público Federal do Amazonas (MPF/AM), pelos assassinatos de três brancos no interior da terra indígena Tenharim Marmelos, em Humaitá, no Sul do Amazonas. A ação penal, entregue nesta quarta-feira, 30, denuncia seis índios tenharins, que vão responder por triplo homicídio duplamente qualificado, sendo que quatro deles também serão julgados por ocultação de cadáver.

Cinco índios estão presos desde 30 de janeiro e um sexto está sendo procurado. Eles são acusados de assassinar o professor Stef Pinheiro de Souza, 43 anos, o representante comercial Luciano Ferreira Freire, 30, e o técnico Aldeney Ribeiro Salvador, de 40. As investigações concluíram que as vítimas foram assassinadas quando atravessavam a área indígena, na rodovia Transamazônica (BR-230), com destino a Apuí, em 16 de dezembro de 2013. As vítimas foram assassinadas a tiros, ainda dentro do veículo. Os corpos só foram encontrados em 3 fevereiro, enterrados dentro da reserva.

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De acordo com o MPF, os procuradores responsáveis pelo caso pediram a manutenção da prisão preventiva, durante todo o processo, para os cinco denunciados que estão presos e requisitaram a instauração de um novo inquérito para apurar a participação de mais pessoas no crime. A ação tramita sob segredo de Justiça.

O MPF esclareceu que desde o início do caso tem atuado na esfera cível para garantir a segurança dos indígenas contra atos discriminatórios. Decisões da Justiça foram favoráveis a ações do MPF determinando a proteção das aldeias e o envio de alimentos, médicos, remédios e a garantia de acesso à educação pelos estudantes indígenas.

O conflito se agravou na noite de Natal de 2013, quando uma multidão foi às ruas para protestar contra a demora da Polícia Federal em desvendar o desaparecimento dos três homens. Manifestantes incendiaram a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Casa do Índio, que servia de posto de assistência aos indígenas na cidade de Humaitá. Eles também incendiaram caminhonetes e em um grande barco que servia de hospital para os moradores ribeirinhos do rio Madeira. Dois dias depois, manifestantes colocariam fogo em pontos de pedágio mantidos pelos índios na BR-230. Cerca de 150 de indígenas que estavam em Humaitá, se refugiaram no quartel do Exército para se proteger de possíveis agressões e depois se recolheram em suas aldeias, sem poder retornar à cidade. Desde então, cerca de 500 homens da Força Nacional e da Polícia Rodoviária Federal patrulham Humaitá e a BR-230 para evitar conflitos.

Dois irmãos, ambos agricultores, morreram durante um conflito com índios em Faxinalzinho, no norte do Rio Grande do Sul, na segunda-feira, 28. Os corpos seriam enterrados no final da tarde desta terça, 29, em clima de tensão no município de 2,5 mil habitantes, quase todos pequenos produtores rurais. As escolas e o comércio ficaram fechados. O prefeito Selso Pelin (PPS) decretou situação de calamidade pública alegando que os moradores não se sentem seguros para sair de casa. A Brigada Militar deslocou soldados de municípios próximos, como Erval Grande, Nonoai e Erechim para reforçar o policiamento.

Como o caso envolve índios, a investigação será feita pela Polícia Federal. As primeiras informações, colhidas pela Brigada Militar depois da ocorrência, não são conclusivas quanto à autoria dos disparos e à circunstância exata em que os agricultores, identificados como Anderson de Souza, 27 anos, e Alcemar de Souza, 42 anos, foram assassinados.

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Um grupo de caingangues, acampado há 12 anos no terreno de uma escola, pressiona o governo federal pela demarcação de um território indígena em Faxinalzinho. Inconformados com a demora do Ministério da Justiça para atender suas reivindicações, os índios bloquearam as estradas vicinais de acesso à cidade no final de semana, impedindo o tráfego de automóveis e caminhões dos produtores rurais.

Na tarde de segunda-feira, quando os índios não estavam no local, um grupo de agricultores retirou as toras deitadas em uma das estradas e abriu caminho para um caminhão que transportava ração para animais. Enquanto a maioria se retirou, alguns deles ficaram à espera da chegada de mais um veículo que passaria pelo local. De dentro de um matagal, os índios perceberam a movimentação dos agricultores e passaram a persegui-los em correria para dentro de um milharal.

O capitão Mauri Jose Bergamo conta que uma patrulha da Brigada Militar passou pela área pouco depois e encontrou de 20 a 30 índios saindo correndo de uma propriedade rural e, desconfiada do movimento, entrou nela para saber o que houve. Perto das casas dos agricultores o destacamento encontrou dois automóveis depredados. E em um penhasco à beira da lavoura localizou os dois corpos e, no chão, um cartucho e pedaços de paus que poderiam ter sido usados em luta corporal.

A perícia deve confirmar se os irmãos foram mortos a tiros, que tipo de arma foi usado e se as vítimas sofreram pauladas. A investigação vai tentar saber quem portava armas e quem manejou porretes para tentar identificar os autores dos assassinatos.

A Fundação Nacional do Índio (Funai) foi condenada a finalizar em até dois anos o procedimento de demarcação das terras da comunidade indígena Pipipã, situada no município de Floresta. A decisão foi conseguida pelo Ministério Público Federal (MPF) em Serra Talhada (PE).

Pipipãs - A comunidade Pipipã possui cerca de 1,3 mil indígenas, sendo reconhecida pela Funai em 2003, e garantindo assim benefícios das políticas públicas voltadas a esses povos. Os trabalhos antropológicos de campo para regularizar a terra tiveram início em 2005. O processo todo de demarcação já durava mais de 10 anos. 

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O índio Luiz Fernando Branco da Silva, de 25 anos, da etnia guarani, confessou ter matado o pai, o cacique Fernando Branco da Silva, de 65, para assumir a liderança da tribo, em Itariri, no Vale do Ribeira, sul do Estado de São Paulo.

Luiz Fernando entregou-se à polícia e confessou o crime na noite de terça-feira, 11. O crime aconteceu na Aldeia do Capoeirão, no distrito de Ana Dias, e o corpo foi encontrado no último dia 4 pelos próprios filhos da vítima. O cacique, que estava desaparecido desde a noite anterior, foi morto com um tiro nas costas quando se embrenhou na mata para caçar.

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Inicialmente, a polícia suspeitou de caçadores que invadem a área indígena para caçar ou extrair palmito. Até a confissão do filho, nenhum suspeito tinha sido detido. De acordo com o delegado Fernando Rodrigues, titular da Delegacia de Itariri, o acusado contou que tinha ódio do pai, pois, quando ainda era criança, ele teria matado sua mãe. Ele também contou que pretendia tornar-se o cacique da tribo. Pai e filho já tinham tido uma briga anteriormente em que o cacique saiu ferido. Como se entregou espontaneamente e não tem antecedentes criminais, o acusado responderá em liberdade pelo crime de homicídio qualificado.

O Ministério da Educação lançou edital para o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) indígena. A convocação é para que editoras possam inscrever obras que serão distribuídas em escolas públicas indígenas que oferecem educação infantil, ensino fundamental e magistério de nível médio. 

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Ao todo, serão selecionados até 25 títulos relacionados aos índios brasileiros, que apresentem abordagem positiva da pluralidade cultural. O material deve ser distribuído nas escolas indígenas para uso no ano letivo de 2015. 

Os materiais, destinados ao ensino infantil, serão confeccionados em papel atóxico e terão diferentes tamanhos, além de serem escritos em verso e prosa. Já os materiais do ensino fundamental e magistério devem ser de textos em verso e prosa, livros de imagens e de histórias em quadrinhos em língua portuguesa ou bilíngue – português e uma língua indígena.

Um grupo de representantes indígenas protocolou nesta quinta-feira, 27, na Procuradoria Geral da República representação contra os deputados federais Luiz Carlos Heinze (PP-RS) e Alceu Moreira (PMDB-RS). Os índios querem que os dois sejam investigados e denunciados pelos crimes de incitação à violência, racismo e injúria qualificada.

Com o pedido de representação foram entregues dois vídeos, nos quais os deputados aparecem fazendo declarações sobre a questão da demarcação de terras indígenas.

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Num deles, gravado durante uma audiência pública ocorrida em novembro do ano passado, no município gaúcho de Vicente Dutra, o deputado Heinz, ao criticar a atuação do ministro Gilberto Carvalho à frente da Secretaria Geral da Presidência da República afirma: "Ali, estão aninhados quilombolas, índios, gays, lésbicas, tudo o que não presta, ali estão aninhados…"

Na mesma audiência, o deputado Moreira, ao falar sobre o avanço dos processos de demarcações de terras indígenas, diz aos produtores rurais presentes: "Se fardem de guerreiros e não deixem um vigarista destes dar um passo na sua propriedade. Nenhum. Usem todo o tipo de rede, todo mundo tem telefone, liguem um para o outro imediatamente, reúnam multidões e expulsem do jeito que for necessário. Até porque, quando expulsar não vão expulsar índio daqui, vão expulsar índios que foram orientados de fora para cá".

Segundo Lindomar Terena, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), entidade que coordenou a produção do documento encaminhado à Procuradoria Geral, os deputados deveriam conclamar os cidadãos a respeitarem as leis do País e não incitar à violência: "Eles devem exigir o cumprimento da lei, que determina a demarcação de todas as terras indígenas, e não tentar mudar a lei para o benefício próprio e de alguns poucos privilegiados."

Além da Apib, assinaram a representação o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Greenpeace Brasil, Instituto Socioambiental (ISA), Centro de Trabalho Indigenista e Coordenação Nacional das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq).

A Polícia Federal (PF) concluiu o inquérito que apurou a morte de três homens na Terra Indígena Tenharim Marmelos, em Humaitá, no sul do Amazonas. O caso está agora com o procurador Edmilson da Costa Barreiros Júnior, do 2° ofício do Ministério Público Federal (MPF), de Manaus, que deverá decidir pela denúncia dos cinco índios tenharins presos acusados pelos crimes.

Tensão entre indígenas e população tem causado transtornos à região

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No inquérito, o delegado Alexandre Alves, pede que a prisão temporária dos índios seja transformada em prisão preventiva. O pedido foi feito por Alves ao juiz Márcio André Lopes Cavalcante, da 2ª Vara Criminal da Justiça Federal de Manaus. Mas, segundo o advogado Carlos Terrinha Almeida de Souza, além da modificação na prisão dos índios, o delegado também pede a prisão de outros 25 índios, acusados de coparticipação nas mortes. A informação não foi confirmada pela Justiça Federal e nem por Alves, que alegou sigilo profissional.

Souza defende as famílias do professor Stef Pinheiro de Souza, 43 anos, do representante comercial Luciano Ferreira Freire, 30, e do técnico Aldeney Ribeiro Salvador, de 40, sequestrados e mortos em 16 de dezembro quando atravessavam a área indígena. Os corpos só foram encontrados numa vala no dia 3 de fevereiro, e enterrados, sob clima de protesto..

A suspeita é (de) que os índios tenham matado os três homens em vingança pela morte do cacique Ivan Tenharim, após um acidente de motocicleta, em 3 de dezembro.

"No relatório, que tem 60 páginas, o delegado pede a prisão de mais 25 pessoas, na maioria índios, acusados de coparticipação no crime", disse o advogado. Segundo ele, os índios tinham conhecimento dos crimes e atuaram para esconder a autoria das mortes.

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) divulgou nesta quarta-feira (12), um vídeo em que deputados da bancada ruralista estimulam produtores rurais a organizarem a defesa de suas propriedades e atacam Gilberto Carvalho, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República. Ele o acusam de orquestrar ações de índios, quilombolas e sem-terra. Os índios devem anunciar nesta quinta-feira (13) providências contra os deputados, por incitação à violência. "Estão estimulando as pessoas a matarem nosso povo", disse Otoniel Ricardo Guarani Kaiowá, da Apib.

O vídeo foi gravado em novembro, em audiência pública da Comissão de Agricultura sobre demarcação de terras em Vicente Dutra, no Rio Grande do Sul.

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Um dos oradores foi Luiz Carlos Heinze (PP-RS), da Frente Parlamentar Agropecuária. Ele diz: "O Gilberto Carvalho também é ministro da presidente Dilma. E é ali que estão aninhados quilombolas, índios, gays, lésbicas, tudo que não presta."

Para Heinze, as autoridades se omitem em relação à defesa da propriedade. Ele diz que fazendeiros do Pará estão contratando serviços de segurança privada. E aconselha à plateia: "Façam a defesa como o Pará está fazendo". Outra fala destacada no vídeo foi a de Alceu Moreira (PMDB-RS). Ele também critica o ministro: "Por que de uma hora para outra tem que demarcar terras de índios e quilombolas? O chefe dessa vigarice orquestrada está na antessala da presidente da República e o nome dele é Gilberto Carvalho."

Moreira também fala da defesa da propriedade: "Não vamos incitar a guerra, mas lhes digo: se fartem de guerreiros e não deixem um vigarista desses dar um passo na sua propriedade."

Após a divulgação do vídeo, Heinze admitiu que "se excedeu" ao falar de gays, lésbicas, índios e quilombolas como "tudo o que não presta". "Essa questão dos gays eu não tenho nada contra (...) Com relação a eles eu retiro (o que disse)". E Moreira alegou que os trechos foram pinçados de uma longa fala sobre demarcação de terras e estão fora de contexto. "Estávamos reunidos com produtores cujas propriedades tinham sido invadidas". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A prisão dos índios acusados de matar três pessoas na Terra Indígena Tenharim, em Humaitá (AM), no sul do Amazonas, foi "desnecessária" e "danosa à sociedade", diz nota divulgada nesta terça-feira, 11, pela Defensoria Pública da União do Amazonas (DPU/AM). Os defensores federais Caio Paiva e Edílson Santana, assumiram o caso após o advogado contratado pelos índios, Ricardo Albuquerque, desistir da defesa, na semana passada.

"A Defensoria entende que a prisão, no atual momento processual, é desnecessária e mais danosa do que benéfica à sociedade e aos assistidos. Dessa forma, um pedido será encaminhado ao juiz responsável assim que contar com os elementos imprescindíveis à demonstração de sua desnecessidade", diz a nota distribuída à imprensa.

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Cinco índios da etnia tenharim foram presos pela Polícia Federal (PF) em 30 de janeiro, sob suspeita de terem sequestrado e matado o professor Stef Pinheiro de Souza, 43 anos, o representante comercial Luciano Ferreira Freire, 30, e o técnico Aldeney Ribeiro Salvador, de 40. Os três desapareceram em 16 de dezembro, quando atravessavam a área indígena, na rodovia Transamazônica (BR-230). Os corpos foram encontrados numa vala na segunda-feira, 03, e enterrados, sob clima de protesto, na sexta, 07.

A suspeita é de que os índios mataram os três homens em vingança pela morte do cacique Ivan Tenharim, após um acidente de motocicleta, em 3 de dezembro. O coordenador da Funai na região, Ivã Bocchini, que levantou a hipótese de que o cacique teria sido assassinado, foi exonerado do cargo.

Antes, revoltados com a falta de informações dos desaparecidos, manifestantes incendiaram carros, barcos e as sedes da Funai e da Casa de Saúde do Índio, em Humaitá, no dia de natal. Dois dias depois, vândalos destruiriam postos de pedágios dos índios na BR-230.

Falta de respeito

A mulher de Salvador, Célia Leal, custou a acreditar que os defensores tenham considerado a prisão dos índios como "desnecessária" e "danosa à sociedade". Célia disse que deveria contatar o delegado da PF Alexandre Alves, responsável pelo caso, para obter mais informações sobre o caso e saber se o inquérito foi concluído.

Além questionar a prisão dos índios, a Defensoria diz na nota que acompanhará "de perto" a investigação "supervisionando diretamente os mecanismos policiais e judiciais de colheita de elementos probatórios". Num pedido de habeas corpus preventivo, impetrado em janeiro, o advogado Albuquerque alegou que a PF teria colhido depoimentos dos índios sem a presença de advogado. O pedido foi negado pela Justiça.

Apesar da declaração, os defensores disseram que, "em respeito às famílias das vítimas envolvidas" e também para "atenuar a exposição da comunidade indígena Tenharim, que já se encontra duramente fragilizada com o ocorrido", não dariam mais detalhes sobre o caso, "por enquanto".

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