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Milhares de indígenas que vivem na região do Alto Rio Negro, região norte do Estado do Amazonas, não receberam uma dose sequer de vacinação neste ano. O dado faz parte de um relatório concluído em agosto por técnicos da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde.

A população indígena da região chega a aproximadamente 30 mil, distribuídos em 23 etnias em uma área de 295 mil quilômetros quadrados entre os municípios de Santa Isabel do Rio Negro, Barcelos e São Gabriel da Cachoeira.

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Segundo o Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Alto Rio Negro, de janeiro a julho de 2016, 17% das 620 comunidades indígenas atendidas pelo Dsei ficaram sem vacina. No município de São Gabriel da Cachoeira, que concentra 539 comunidades, 89 estavam desassistidas até julho. Em Barcelos, 15 das 37 aldeias não receberam vacinação.

"Chegamos a uma situação alarmante. As pessoas estão vulneráveis e as condições têm piorado ano após ano", disse o indígena Marivelton Rodrigues Barroso, diretor da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn). "Há falta de recursos, combustíveis e pessoal treinado para atender a população. Dez anos atrás funcionava melhor do que hoje", afirmou.

A população indígena possui um calendário de vacina que envolve 18 imunobiológicos, mais a vacina influenza, utilizada na campanha anual. "No entanto, existem muitas dificuldades para completar o esquema vacinal preconizado para essa população, principalmente pela diversidade cultural, dispersão geográfica e difícil acesso a algumas localidades onde vivem esses povos", afirma o Dsei, no relatório.

"O orçamento anual da saúde indígena saltou de R$ 165 milhões para R$ 1 bilhão sem que isso corresponda a efetiva melhora da saúde nas comunidades indígenas. O que os dados mostram é um aumento de remoções para as cidades em detrimento da presença de funcionários da Sesai em área realizando trabalho de prevenção e de atendimento", diz Ana Paula Caldeira Souto Maior, advogada do Instituto Socioambiental (ISA). "Além disso, os profissionais de saúde indígena que moram nas comunidades não recebem a capacitação necessária. É um alerta para o Ministério da Saúde: a saúde indígena está doente."

Questionado sobre a situação dos povos indígenas da região, o Ministério da Saúde declarou que elaborou um plano para aprimorar as ações de vacinação no Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Alto Rio Negro. "O plano prevê, até o mês de dezembro, a realização de 84 entradas com vacinas em todos os polos Base da região do município de São Gabriel da Cachoeira (AM). Esse plano foi construído em conjunto com o Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi), lideranças indígenas e a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai)".

Segundo o ministério, entre as ações previstas estão aquisição de insumos, equipamentos e novas escalas de trabalho para equipes de saúde em área para ampliar o atendimento, principalmente nas ações de imunização. "Cabe ressaltar ainda que, normalmente, existem muitas dificuldades para completar o esquema vacinal preconizado para a população indígena, principalmente pela diversidade cultural, dispersão geográfica e difícil acesso a algumas localidades onde vivem esses povos", informou o ministério.

Para enfrentar os problemas de deslocamento na região, o Ministério da Saúde declarou que firmou uma parceria com o Ministério da Defesa para facilitar a locomoção de equipes e pacientes. Segundo a pasta, uma unidade do Exército Brasileiro de São Gabriel da Cachoeira colocou à disposição voadeiras com pilotos para acompanhar as equipes do Dsei, além de disponibilizar vagas em voo até o Polo Base de São Joaquim e demais localidades.

Apesar dos problemas, o ministério afirmou que a assistência à saúde prestada à população indígena tem registrado avanços nos últimos anos. "Entre os avanços está a cobertura vacinal, que vem crescendo ano a ano, tendo já alcançado 78,9% das crianças indígenas menores de sete anos em 2015, contabilizando mais de 99 mil crianças vacinadas. Vale lembrar que a adesão à vacinação também é impactada por aspectos culturais muitas vezes determinantes nos povos indígenas."

Os povos indígenas brasileiros enfrentam atualmente riscos mais graves do que em qualquer outro momento desde a implementação da Constituição de 1988. Essa é a conclusão de relatório que será apresentada nesta terça-feira (20) ao Conselho de Direitos Humanos pela relatora especial da ONU sobre direitos dos povos indígenas. 

Segundo a relatora, Victoria Tauli-Corpuz, "os desafios enfrentados por muitos indígenas do Brasil são enormes. As origens desses desafios incluem desde a histórica discriminação profundamente enraizada de natureza estrutural, manifestada na atual negligência e negação dos direitos dos povos indígenas, até os desdobramentos mais recentes associados às mudanças no cenário político", disse. 

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A especialista citou a violência como um dos principais problemas. De acordo com o Conselho Indigenista Missionário, 92 indígenas foram assassinados em 2007; em 2014, esse número havia aumentado para 138, tendo o Mato Grosso do Sul o maior número de mortes. Com frequência, os assassinos constituem ancestrais pelos povos indígenas depois de longos atrasos nos processos de demarcação. 

A relatora também citou a paralisação dos processos de demarcação, os despejos e os profundos impactos de megaprojetos de infraestrutura localizados dentro ou perto de territórios indígenas e implementados sem consulta prévia aos afetados, inclusive, o impacto de Belo Monte e Tapajós, Tauli-Corpuz visitou o país em março a convite do governo brasileiro. 

"Após a visita, a impressão geral é de que o Brasil possui uma série de disposições constitucionais exemplares em relação aos direitos dos povos indígenas. Entretanto, nos oito anos que se seguiram à visita de meu predecessor, há uma inquietante ausência de avanços para a implementação das recomendações e na solução de antigas questões de vital importância", disse a relatora no documento. 

A relatora fez algumas recomendações para tratar das questões mais prementes que observou no país. Elas falam a respeito da necessidade de medidas urgentes para enfrentar a violência e discriminação contra os povos indígenas e o fortalecimento de instituições públicas como a Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Outra recomendação, é redobrar os esforços na demarcação e proteção de terras e alocar recursos para melhorar o acesso à justiça. Quanto aos direitos territoriais, a especialista recomendou redobrar os esforços para superar o atual impasse com relação à demarcação de terras "Isso é especialmente urgente nos estados do Mato Grosso do Sul, Bahia, Santa Catarina e Rio Grande do Sul", declarou. 

Por Antonio Henrique 

Começa nesta quinta-feira (8) mais uma edição dos Jogos Indígenas de Pernambuco. No Sertão do Estado, a cidade de Petrolândia receberá a abertura oficial da competição, no Ginásio Municipal Doutor Francisco Simões de Lima, a partir das 20h30.

Os Jogos, que neste ano chegam à quinta edição, reunirão oito modalidades esportivas: futebol, futsal, arco e flecha, lançamento de lança, corrida de maracá, corrida de 100 metros, 5.000 metros e cabo de guerra. As competições serão realizadas até o domingo (11), contando com a participação de mais de 600 índios de diversos grupos da região.

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Responsável pela realização da competição, a Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer de Pernambuco vê no evento uma possibilidade de instigar a participação de povos indígenas no esporte. “Neste ano, temos a expectativa de receber 18 povos para a disputa das modalidades. Isso é de um valor imensurável e só ratifica a importância da participação dos índios em eventos desse porte, tanto para o desenvolvimento esportivo e a promoção da saúde, como para a manutenção e fortalecimento das técnicas e festejos culturais tão marcantes dos povos”, destaca o secretário de Turismo, Esportes e Lazer de Pernambuco, Felipe Carreras, conforme informações da assessoria de imprensa.

Além das disputas, os Jogos Indígenas contam com apresentações culturais, como a tradição milenar do Toré. Valorizando o canto e a dança, o ato engloba modalidades que fazem parte do cotidiano dos índios, como a lança, o arco e flecha, e corrida de maracá. 

A Fundação Nacional do Índio (Funai) está com edital disponível para a seleção de estagiários de níveis médio, técnico e superior. O documento não traz o total de vagas disponíveis, mas adianta que podem ser selecionados candidatos de todo o Brasil, que atuarão nas unidades do órgão distribuídas em 18 estados e no Distrito Federal.

Segundo a Funai, além dos concorrentes de nível médio, podem participar do processo seletivo estudantes dos cursos técnicos de administração, informática, agricultura, agroecologia, agropecuária, secretariado, desenho de construção civil, eletrotécnica, segurança no trabalho, arquivologia, gestão pública, recursos humanos e meio ambiente integrado.

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Candidatos de nível superior devem pertencer aos seguintes cursos: gestão pública, recursos humanos, secretariado executivo, administração, antropologia, ciências ambientais, etnodesenvolvimento, análise de sistemas, engenharia ambiental, arquivologia, biblioteconomia, ciências econômicas, geodésia/cartografia, geografia, ciência da computação, comunicação social, letras, serviço social, museologia e direito.

As candidaturas devem ser feitas até às 16h do dia 12 e setembro, por meio do site do processo seletivo, sem a necessidade de taxa de inscrição. De acordo com a Funai, os candidatos passarão por prova objetiva online composta por 30 questões, que vão variar conforme o nível de escolaridade dos participantes e cursos ocupados.

A previsão de divulgação dos resultados da seleção é para 15 de setembro. Segundo a Funai, os selecionados deverão iniciar o estágio no dia 19 do mesmo mês. Outros detalhes informativos sobre o processo seletivo podem ser obtidos no edital

Depois que 11 grupos indígenas ocuparam a sede da Secretaria de Educação de Pernambuco, cobrando uma política educacional voltada para os índios do Estado, o Governo local anunciou, nesta quarta-feira (17), uma ação voltada para a reivindicação. Segundo a gestão estadual, o governador Paulo Câmara determinou a criação de uma Gerência Especial direcionada às comunidades indígenas.

Câmara ainda anunciou a criação do primeiro Plano Estadual de Políticas para a Comunidade Indígena. O objetivo das duas iniciativas é ampliar o número de ações em prol dos povos. “Vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude, a Gerência Especial terá a função de dialogar com os demais setores do Governo de Pernambuco. O cargo será ocupado por um representante da comunidade indígena, e a estrutura dessa coordenação também será definida de acordo com as principais demandas auscultadas. A Secretaria Estadual de Educação já conta com uma superintendência para a educação indígena”, informou o Governo do Estado, por meio de nota divulgada à imprensa.

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Ainda de acordo com o Governo, o Plano Estadual funcionará para escolher prioridades indígenas e elaborar propostas para melhorar a qualidade de vida dos índios, focando nas principais necessidades dos índios. Segundo o secretário de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude, Isaltino Nascimento, as lideranças indígenas se reunirão para elaborar propostas em prol dos seus povos e apresentar experiências que já deram certo. Sobre uma das principais reivindicações, a cobrança de um concurso voltado apenas para professores indígenas, o secretário de Educação, Frederico Amâncio, também fez algumas professas.  

"São demandas que devem ser tratadas de forma detalhada. A gente vai solucionar, já nesse primeiro momento, as mais emergenciais. Após esse entendimento, nós vamos avançar em novos pontos.O nosso canal de comunicação está 100% aberto. E nós vamos trabalhar para concluir cada reivindicação", prometeu Amâncio.

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O secretário da Educação do Estado, Fred Amâncio, e outros representantes do Governo e da Assembleia Legislativa de Pernambuco, se reuniram na noite desta terça-feira (16), na Sede da Secretaria, no Recife, para selar um acordo com os 12 povos indígenas que estão ocupando o local. De acordo com a pasta, os povos e a comissão governamental ainda estão negociando os pontos apresentados e, pretendem retomar o diálogo nesta quarta-feira (17). 

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Em forma de protesto contra o atual vínculo empregatício dos professores indígenas, doze povos, de diferentes cidades do Sertão, se instalaram no local, desde a manhã dessa segunda-feira (15). Eles querem que o Governo institua um concurso destinado à efetivação de docentes indígenas, de modo que eles deixem de ter apenas contratos temporários.

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Grupos indígenas de Pernambuco ocupam, nesta terça-feira (16), a sede da Secretaria de Educação do Estado, no bairro da Várzea, no Recife, em forma de protesto contra o atual vínculo empregatício dos professores indígenas. Doze povos de várias cidades do Sertão querem que o Governo institua um concurso destinado à efetivação de docentes indígenas, para que eles deixem de ter apenas contratos temporários.

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Segundo Maria Luciete, coordenadora do povo Pankara, da cidade de Carnaubeira, os docentes indígenas não são concursados e temem perder seus trabalhos nas escolas indígenas. “A gente luta para que seja garantida a política de educação indígena. Queremos também a efetivação de políticas de pessoal, merendeiras, transporte... O Governo precisa criar a categoria de professores indígenas”, explicou Maria.

O coordenador de educação do povo Pankararu, da cidade de Petrolândia, José da Cruz, afirma que os povos apenas deixarão a sede do Governo quando os índios forem recebidos pelo secretário de Educação, Frederico da Costa Amâncio, e pelo governador Paulo Câmara. “Nós somos professores temporários há quase 14 anos. Isso nos dá insegurança, nossa educação fica balanceada. Não temos nenhuma política de reconhecimento. Queremos um concurso específico para professor indígena. Viemos preparados para ficar aqui por até uma semana e só vamos sair quando formos atendidos”, declarou José da Cruz.

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Dados do Conselho Indígena Missionários mostram que Pernambuco conta com mil professores indígenas, que recebem R$ 1.100 mensais. De acordo com o Conselho, os docentes atuam sob o regime de minicontrato, com possibilidade de renovação anualmente. Ao todo, o Estado conta com 20 mil estudantes indígenas em diversas modalidades de ensino.

Os povos reunidos na Secretaria de Educação esperam conversar com o secretário Frederico no início da noite desta terça-feira . A ideia é entregar uma pauta de reivindicações para o gestor e receber posicionamento sobre um possível concurso.

Por meio de nota, a assessoria de imprensa da Secretaria de Educação informou que os povos indígenas estão na sede da pasta desde essa segunda-feira (15). A pasta está aberta ao diálogo.

Com informações de Rebeca Ângelis

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Espalhados pelos corredores e nos estandes reservados para eles, os índios não passam despercebidos na 17ª edição da Feira Nacional de Negócios e Artesanato (Fenearte), que está sendo realizada no Centro de Convenções de Pernambuco. Com pinturas, vestimentas e objetos típicos da sua cultura, eles tentam manter viva a tradição e os costumes das tribos, comercializando os seus produtos e através deles sustentam a família.

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O índio Paruanã Karere Xocó, do estado de Alagoas, que está no evento, com a esposa e os filhos fala das dificuldades e como o evento ajuda na sobrevivência dos índios. “Na realidade são nessas feiras que conseguimos vender as nossas criações e manter viva a cultura do povo indígena, que, infelizmente, está sendo esquecida”, contou Xocó, revelando também que o valor recebido é apenas para alimentar a família, que na maioria das vezes também o acompanha em várias férias pelo Brasil.

Ainda de acordo com o índio, mesmo podendo participar das feiras, todos eles enfrentam muitas dificuldades para se manter durante os dias. “O que acontece é que não temos nenhuma ajuda do Governo para locomoção, estadia e nem alimentação. Ficamos muitas vezes sem comer e dormindo pelos alojamentos que nós mesmos criamos”, criticou o índio, que já participou de feiras em Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

O indígena fala também quanto aos produtos mais vendidos e ao lucro da feira. "Durante esses dias, conseguimos juntar em média R$ 800, uma quantia pequena, mas extremamente necessária. Para conseguir esse dinheiro, vendemos muita maracá, colares e brincos", conclui. 

A Fenearte funciona durante a semana das 14 às 22h e aos sábados e domingos das 10h às 22h. Os ingressos custam R$ 12 (inteira) e R$ 6 (meia) de sexta a domingo e R$ 10 e R$ 5 de segunda a quinta-feira.

Indígenas da etnia guarani-caiová voltaram a ser alvo de ataques de pistoleiros em Caarapó, Mato Grosso do Sul. Um homem de 32 anos e dois jovens de 15 e 17 anos foram baleados na noite de segunda-feira, 11. Os crimes ocorrem em meio a um processo de demarcação e reconhecimento de terra de povos tradicionais da região.

Segundo informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), homens armados em quatro caminhonetes e um trator atacaram os indígenas que estavam acampados no "tekoha guapoy", terra indígena localizada na região de Dourados.

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O ataque dos pistoleiros ocorreu no mesmo município onde foi assassinado o agente de saúde Clodiodi de Souza, há menos de um mês. Os tiros acertaram um adulto de 32 anos e dois jovens, um de 15 e outro de 17 anos. Um deles está em estado grave e até o início da tarde desta terça-feira, 12, não tinha sido encaminhado para o hospital, permanecendo em um posto de atendimento da própria aldeia.

O jovem de 17 anos foi atingido no braço e tronco. Uma bala está alojada no tórax e, de acordo com o Cimi, a vítima corre risco de complicações. O ataque ocorre menos de um mês depois de a Força Nacional de Segurança reforçar sua presença na região, por ordem do Ministério da Justiça.

A decisão foi tomada após o ataque de 14 de junho. Naquele dia, além do assassinado de Clodiodi de Souza, outros seis indígenas foram baleados. Uma criança guarani-caiová, Josiel Benites, de 12 anos, também foi baleada na barriga e levada gravemente ferido para o hospital. Todos sobreviveram.

Os indígenas de Caarapó enfrentam uma ordem de reintegração de posse e uma sequência de ataques a mando de madeireiros e grileiros de terras. No dia 19 de junho, indígenas relataram que foram novamente atacados a tiros por homens em caminhonetes, mas ninguém ficou ferido.

"Esse novo ataque só reafirma o total descaso do poder público com os povos indígenas, uma vez que a Força Nacional supostamente estaria na região para defender os guarani, mas sua presença não evitou a investida criminosa contra a comunidade", disse Adriana Ramos, do Instituto Socioambiental (ISA). "Enquanto perdurar a impunidade, não haverá paz para os guarani."

Incêndio em Dourados

Outra ação contra os indígenas ocorreu em região próxima ao centro de Dourados. Depois de serem despejadas na semana passada da comunidade indígena de Apyka'i, famílias que haviam ocupado uma área ao lado da BR-463 tiveram seus pertences queimados.

A indígena Damiana Cavanha, que lidera a comunidade, espera há anos a demarcação da terra, ocupada por plantações de cana. Na região, foram enterradas várias pessoas de sua família.

Um clima de forte tensão toma conta da Terra Indígena Alto Turiaçú, no norte do Maranhão. Lideranças da etnia Ka'apor foram obrigadas a se esconder, por conta de ameaças de morte que sofreram por madeireiros que exploram a região.

A denúncia chegou à organização não governamental Greenpeace, que enviou um alerta aos ministérios do Meio Ambiente e da Justiça, Ibama, Ministério Público Federal e Polícia Federal, para difundir a situação.

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A terra indígena Alto Turiaçu tem 5.301 km² de floresta amazônica e teve sua homologação publicada ainda em1982, pela Fundação Nacional do Índio (Funai). Há anos, a região é alvo de pressão do crime organizado que explora madeira ilegal. É forte também a presença de grileiros, em busca de terra para expansão de fazendas de gado e soja.

Relatório de Violência aos Povos Indígenas elaborado pelo Conselho Missionário indigenista (Cimi) aponta que, nos últimos anos (2009-2014) foram relatados pelo menos oito casos de violência contra os Ka'apor, sendo que nos anos de 2010, 2011, 2014, ocorreram um assassinato em cada ano.

Desaparecimento

Iraúna ka'apor, uma jovem indígena de 14 anos, está desaparecida da aldeia Axiguirendá desde fevereiro. De acordo com os indígenas, a menina foi levada por madeireiros, tendo sido vista em um acampamento de extração ilegal de madeira no Pará.

Duas semanas atrás, índios da etnia guarani kaiowá foram vítimas de ataques de madeireiros no Mato Grosso do Sul. Os atos de violência resultaram na morte do indígena Clodiode Aquileu Rodrigues de Souza, de 26 anos, além de outros seis indígenas que foram baleados durante o ataque.

O Ministério da Justiça enviou a Força Nacional de Segurança Pública para a região de conflito entre indígenas e fazendeiros em Mato Grosso do Sul.

O governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), pediu nesta quarta-feira, 15, a presença da Força Nacional no município de Caarapó, região de Dourados, onde no dia anterior o líder indígena Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza, de 26 anos, foi morto a tiros que atingiram outras seis pessoas, incluindo uma criança.

De acordo com o Instituto Sócio Ambiental (ISA), "às 10h da manhã de anteontem, cerca de 70 fazendeiros deslocaram-se com caminhonetes até o território indígena de Toro Passo e atacaram a tiros os cerca de 100 indígenas, que haviam retomado a área, sobreposta à Fazenda Ivu e a outras propriedades, na noite de domingo".

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Segundo o Conselho Indigenista Missionário, servidores da Funai declararam que "o número de feridos deve ser ainda maior porque os indígenas se dispersaram pelo território, em fuga, com a chegada de cerca de 200 caminhonetes, motocicletas, cavalos e trator usados por pistoleiros, capangas e homens que chegaram atirando contra o acampamento em que os Guarani e Kaiowá estavam na Fazenda Yvu, incidente sobre a terra indígena, atualmente em processo de demarcação pelo Ministério da Justiça."

Vídeos obtidos pelo ISA com indígenas mostram o momento em que as caminhonetes avançam e motocicletas dos indígenas são incineradas.

Em nota, o governo do Mato Grosso do Sul lamentou a morte do indígena e a agressão de policiais militares que teriam ido ao local para prestar socorro aos índios feridos. "Três policiais militares foram rendidos por indígenas, feitos reféns, agredidos e tiveram as armas roubadas, sendo elas três pistolas calibre .40, uma escopeta calibre 12 e três coletes."

O objetivo do pedido de reforço da Força Nacional, segundo o governador Reinaldo Azambuja, é "restabelecer a segurança e garantir a ordem, em apoio às forças estaduais". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Polícia Federal, em conjunto com o Ministério do Trabalho e Previdência Social, com Ministério Público Federal e com o apoio logístico do 11º Regimento de Cavalaria Mecanizada do Exército Brasileiro, deflagrou na manhã desta sexta-feira (3) a Operação Uroboros, com o objetivo de desmantelar organização criminosa especializada em fraudes para obtenção de pensão por morte. Essa organização se estruturou a partir da atuação de servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai) de Amambai/MS.

Cerca de 80 policiais cumprem, nas cidades de Amambai/MS e Iguatemi/MS, 2 mandados de prisão preventiva, 14 mandados de busca e apreensão e 16 mandados de condução coercitiva, expedidos pela Justiça Federal de Ponta Porã.

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A organização registrava falsamente crianças como se fossem filhos de indígenas já falecidos com o intuito de obter a pensão. Como a prescrição do benefício não corre contra os menores, o grupo conseguia se apropriar de grandes valores referentes à pensão, que retroagia até a data do óbito do indígena.

O grupo possuía esquema logístico bem estruturado de transporte dos indígenas para confecção de documentos pessoais e para expedição de registros administrativos de nascimento junto à Funai, ideologicamente falsos, os quais eram utilizados perante os cartórios para dar credibilidade aos registros civis tardios.

A organização criminosa conta com um braço jurídico, formado por advogado que, além de pleitear judicialmente benefícios negados administrativamente, patrocina pedidos de guarda de menores por parte de indígenas aliciados para a fraude, tirando a guarda de crianças de seus guardiões atuais com o único objetivo de se apropriar dos benefícios previdenciários.

Levantamentos preliminares detectaram que em apenas cinco fraudes a soma dos prejuízos evitados e causados ao INSS gira em torno de R$ 1 milhão. No entanto, durante as buscas foram apreendidos vários documentos que indicam que o montante das fraudes praticadas pelo grupo pode ultrapassar esse valor.

A operação foi batizada Uroboros em alusão à serpente mítica que é representada engolindo seu próprio rabo, a qual simboliza o caráter destrutivo da cobiça e da ganância que moveram a organização criminosa investigada e a repetição cíclica e a totalidade, elementos presentes nas fraudes que englobam diversas etapas.

Um surto de gripe e diarreia se alastra pelas aldeias do Médio Xingu, na área afetada pelas obras da usina de Belo Monte, no Pará, e ameaça a população indígena da região. O Ministério Público Federal (MPF) já foi informado da situação e acionou o Ministério da Saúde para que coordene, em caráter de emergência, uma força-tarefa formada por profissionais de saúde e homens do Exército para conter o avanço da doença.

De acordo com dados do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei), responsável pelo atendimento à saúde na região, mais de 140 índios tiveram que ser removidos de suas aldeias, sendo mais de 100 crianças, com sintomas graves de gripe e diarreia. Até o mês passado, segundo o Dsei, cerca de 20% da população indígena da região já tinha adoecido de gripe.

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O surto de gripe se alastrou mais ainda no final de abril, por conta de programações realizadas em Altamira em comemoração ao Dia do Índio, em que índios de várias aldeias foram levados à cidade, fazendo com que a síndrome gripal alcançasse todas as etnias. Quatro bebês Xikrin e Parakanã chegaram no dia 29 de abril com quadros graves de febre, tosse e diarreia, mas tiveram que ficar aguardando internação no hospital municipal São Rafael, por falta de leitos. No mesmo dia e no seguinte, os quatro morreram.

Em reunião de emergência no último dia 6 de maio na sede do MPF em Altamira, entidades envolvidas na contenção do surto trocaram informações sobre a situação e definiram a necessidade de ações urgentes, com envio da Força Nacional do Sistema Único de Saúde  (FN-SUS). O Dsei informou que a situação é de “absoluta excepcionalidade”, que os quadros têm evolução muito rápida com febre abrupta, diarreia e vômito, e que as equipes em campo são insuficientes para as ações de prevenção.

Normalmente, o Dsei realiza oito voos por mês para remoção de doentes das aldeias. Na surto atual, estão realizando cinco voos por dia. Ao chegar em Altamira, os índios doentes correm o risco de não ter atendimento. Segundo a secretaria municipal de Saúde, a situação nos serviços de saúde é de superlotação e incapacidade de atender todos os doentes. Segundo informações obtidas pelo MPF, nesse cenário, caso o quadro se agrave, levar os indígenas ao Hospital Regional da Transamazônica é escolher onde a criança vai morrer, pois não há Unidade de Terapia Intensiva (UTI) disponível.

Diante da falta de profissionais e estrutura na cidade de Altamira para atender à demanda, o MPF provocou a secretaria executiva do Ministério da Saúde, solicitando o envio de esforços para garantir estrutura de apoio para os casos que necessitem de internação.

A falta de leitos é agravada pelo inchaço populacional causado em Altamira pelas obras da usina de Belo Monte. A Norte Energia, empresa responsável pela construção da hidrelétrica,  construiu um hospital, como parte das condicionantes impostas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Mas até hoje, seis anos após o início das obras, ele permanece fechado. Foi prevista a reformulação do atendimento da saúde indígena para que os índios não necessitassem ir até a cidade para qualquer atendimento, mas essa condicionante também ainda não foi cumprida.

A procuradora da República Thais Santi, de Altamira, também recomendou à Fundação Nacional do Índio (Funai) que promova a interdição temporária da Casa do Índio na cidade. O espaço, uma estrutura que abriga indígenas quando se deslocam para a área urbana, durante compromissos e atendimentos de saúde, é hoje num foco da doença. O fluxo de indígenas na cidade pode piorar muito a dimensão do surto, que já é considerado alarmante. A interdição deve ser acompanhada, segundo o MPF, de diálogo com as lideranças indígenas sobre a gravidade do problema.

“Considerando o caos social gerado pela usina de Belo Monte, que acarretou o colapso do sistema de saúde municipal, bem como o aumento do deslocamento dos indígenas para o núcleo urbano e a entrada constante de não índios nas aldeias, o potencial de alastramento desse surto é alarmante e a capacidade local para absorção da demanda é notoriamente restrita”, disse a procuradora em recomendação enviada à Funai. 

Com informações do MPF.

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Inspirada na cultura indígena, a obra de Moara Brasil, artista plástica paraense, ultrapassara as fronteiras do Estado do Pará. Quem começou a trabalhar na área do desenho e da pintura, de forma amadora, customizando roupas de amigos, não imaginou chegar a fazer exposições. Mas, em 2015, Moara teve suas obras da série Ameríndios expostas na Galeria Sala, nos hotéis Pullman Ibirapuera e Vila Olímpia, em São Paulo.

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Atualmente, ela reside em São Paulo, local onde aprimorou seu estilo artístico e fez um curso de processos criativos por dois anos, com orientação da artista Catarina Gushiken. “Nesse momento que eu comecei a estudar, fui me descobrindo como artista plástica. Estudei outras técnicas de desenho, pintura, linoleogravura, xilogravura, nanquim, spray e técnicas mistas”, afirmou Moara. “Esse curso de processos criativos me fez tentar buscar um pouco das minhas raízes culturais, e isso me fez voltar a Belém na tentativa de conhecer pelo menos uma aldeia para entender de perto o que eu estava querendo passar”, acrescentou.

O primeiro contato da artista ao retornar ao Pará, no ano de 2015, foi com a Aldeia dos Asurinis, na reserva de Trocará, localizada na cidade de Tucuruí. “Eu acabei me descobrindo mais ainda, conhecendo eles de perto. Vi como são as características de um povo que está ali com suas culturas, raízes, ascendências bem presentes e que a gente às vezes nem dá valor e não enxerga isso. Meu objetivo é conhecer outras aldeias futuramente”, disse.

Com 33 anos de idade, a paraense já possui um currículo extenso, que conta não só com cursos na área de artes, mas também com a graduação em publicidade e propaganda pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e um curso técnico em vestuário no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), de São Paulo. “Tudo o que eu escolhia que não tinha a ver com desenho e com pintura não dava muito certo. Quando escolhia coisas que tinham a ver com criação, desenho, pintura, e até na moda dava certo. Cheguei a ganhar prêmios com roupas que eu desenhei e trabalhava artesanalmente”, disse a artista.

Em abril deste ano, Moara Brasil esteve em Belém e fez uma pintura na parede do restaurante Remanso do Bosque. Também ministrou a oficina “Processos Criativos Desbloqueio do Desenho”, no Café com Arte. De acordo com ela, o curso foi voltado para entender o que cada aluno queria passar através do desenho e da pintura. “É um curso difícil de fazer, e eu desenvolvi um método para cada aluno, para ver com o que eles tinham mais afinidade”, relatou. O curso foi finalizado com a pintura de um mural, no estabelecimento, feito pelos alunos.  

Envolvida com projetos de ocupações artísticas em São Paulo, Moara está com planos de abrir um estúdio de tatuagem com dois amigos que serão seus sócios. Além disso, quer estudar mais para fazer um projeto chamado residência artística que, segundo ela, todo artista plástico precisa fazer. “É um momento em que ele se dedica de forma muito focada por certo período, de três a seis meses ou mais, com uma pessoa que o oriente. O artista vem com uma proposta e o orientador tenta trilhar os caminhos que ele pode seguir, da melhor forma, em arte contemporânea”, explicou.

A artista já participou do concurso Art Battle Brasil, que é uma competição para ver quem pinta melhor em 20 minutos. Esteve no programa de televisão “Encontro com Fátima Bernardes”, em 2014. Participou da 13ª Semana Fashion Design do Senai-SP e recebeu o prêmio “Novos Criadores”. Desenvolveu o figurino dos clipes Onze Horas, de Saulo Duarte e a Unidade, e A Dois, dos Los Porongas, e foi uma das artistas escolhidas para ilustrar o livro “O Corvo, um livro colaborativo”, da Editora Empíreo.

Com planos para uma próxima exposição que ainda não tem uma data marcada, a artista diz que ainda está estudando a temática para fazer uma história bem interessante sobre o que pretende passar. Para saber mais sobre o trabalho da paraense, é só acessar seu site: http://www.moarabrasil.com/ ou visitar sua página no facebook https://www.facebook.com/moara.brasil.

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Com apoio de Mirelly Pires.

Índios da nação Munduruku divulgaram carta redigida em sua 26ª Assembleia Geral, realizada na aldeia Katõ, em Jacareacanga, no Pará, em que pedem o fim dos projetos de construção de novas hidrelétricas nos rios da Amazônia. Os índios vivem na região do rio Tapajós, onde o governo federal pretende construir usinas que provocarão grandes impactos na flora e fauna e que vão afetar diretamente comunidades ribeirinhas, quilombolas e indígenas. As informações são da ONG Repórter Brasil. A ONG Repórter Brasil foi fundada em 2001, por jornalistas, cientistas sociais e educadores, com o objetivo de fomentar a reflexão e ação sobre a violação aos direitos fundamentais dos povos e trabalhadores no Brasil.

Na carta, os Munduruku fazem referência à sua tradição guerreira e destacam a rejeição a novas intervenções radicais na floresta: “Queremos que o governo brasileiro respeite a nossa cultura, nossa cosmovisão e nossos lugares sagrados, e que não repita o que fez com a Cachoeira de Sete Quedas, no rio Teles Pires, considerada por nós como o berço do mundo do povo Munduruku, que foi destruída com a construção da Usina Hidrelétrica de Teles Pires”. Os índios advertem: "Não queremos a guerra, mas não temos medo da polícia". Veja a íntegra do documento.

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“A nação Munduruku no Pará é numerosa, somos aproximadamente 13.000 homens e mulheres. Nos tempos passados nós Munduruku éramos temidos. Dominávamos a arte da guerra e tínhamos muitas estratégias. Nossos troféus eram as cabeças de nossos inimigos. Dificilmente perdíamos um guerreiro na batalha. Atacávamos de surpresa e em grande quantidade, assim vencíamos os nossos rivais.

Hoje os dias são outros, há muito tempo que não precisamos fazer uma expedição de guerra, mas, se for necessário, o rastro do tempo aponta o caminho do futuro: somos a nação Munduruku, os cortadores de cabeça.

Nós falamos agora pelo nosso povo, pelas crianças e pelos animais. As estrelas no céu nos contam nossas histórias passadas, nos guiando no presente e indicando o futuro. Esse é o território de Karosakaybu, onde sempre vivemos. Somos a natureza, os peixes, a mãe dos peixes, a mangueira, o açaizeiro, o buritizeiro, a caça, o beija-flor, o macaco e todos os outros seres dos rios e da floresta.

Ainda vivemos felizes em nosso território, a correnteza dos rios nos leva para todos os lugares que queremos, nossas crianças podem nadar quando o sol está muito quente, os peixes podem brincar e ainda se multiplicam com fartura, mas fomos obrigados a aprender duas novas palavras da língua dos pariwat, palavras que nem existem na nossa língua: preocupação e barragem.

Desde quando o ex-presidente Lula resolveu retomar os projetos do tempo da ditadura militar, de barrar os rios da Amazônia para produzir energia para as indústrias de mineração, automobilísticas e para outros setores da economia, poluidores e causadores de muitos problemas ambientais, estamos todos muito preocupados, principalmente depois que ficamos sabendo dos planos da presidente Dilma de construir 5 hidrelétricas nos rios Tapajós e Jamanxin, as usinas de São Luiz do Tapajós, Jatobá, Cachoeira do Caí, Jamanxin e Cachoeira dos Patos.

É por isso que nós, caciques, guerreiros, guerreiras, pajés, professores, homens e mulheres Munduruku, reunidos na aldeia Katõ, na Assembleia Geral da Nação Muduruku, falamos ao povo brasileiro que o governo rasgou a Constituição do Brasil e os tratados e convenções internacionais, como a Convenção 169 da OIT, matando nossa autonomia e pen okabapap iat (meu corpo, meu estômago, meu modo de ser). Infelizmente o governo brasileiro não está cumprindo as leis que ele mesmo assina.

Queremos que o governo brasileiro respeite a nossa cultura, nossa cosmovisão e nossos lugares sagrados, e que não repita o que fez com a Cachoeira de Sete Quedas, no rio Teles Pires, considerada por nós como o berço do mundo do povo Munduruku, que foi destruída com a construção da Usina Hidrelétrica de Teles Pires.

Nossos sábios e nossos conhecimentos nos dizem que não são só os indígenas e pariwat que vão sofrer com a construção das usinas no Tapajós, todos os seres que moram nos rios e na floresta vão sofrer também. O governo não entende que nós sabemos escutar a mãe dos peixes, os peixes, a cotia, o macaco, a paca, os passarinhos, a onça e todos aqueles que moram nesta região.

O rastro do tempo mostra o que ocorreu com os parentes do rio Tocantins, que até hoje, mais de 30 anos depois de serem expulsos de seu território, ainda esperam as compensações que o governo prometeu quando foi construída a usina de Tucuruí. As consequências do barramento dos rios Xingu, Madeira, Teles Pires, e o que aconteceu com o rio do Doce, são os maiores exemplos de que estes projetos não servem para nós.

Afirmamos que a nação Munduruku é uma só, habitando toda a extensão do grande rio Tapajós, pai e mãe que nos transporta, refresca nosso corpo e nos dá nosso alimento, por isso estamos unidos contra a destruição desse rio e a invasão de nosso território.

Não queremos guerra, mas avisamos que não temos medo da polícia dos pariwat, seja a Polícia Federal, Força Nacional, ou qualquer outra.

Sabemos que os rios e o território da Amazônia não só garantem a vida e a harmonia nesta região, como também contribuem decisivamente com o equilíbrio ambiental, do ar e do clima para todo o povo brasileiro e do mundo. Por isso, pedimos a solidariedade das mulheres, homens, intelectuais, estudantes, trabalhadores, pescadores, quilombolas, ribeirinhos, parentes de outras nações indígenas, enfim, de todos que queiram lutar contra a destruição dos rios e da floresta Amazônica.

Queremos continuar vivendo em paz, pescando, caçando, fazendo nossos rituais, cânticos, com nossas tradições deixadas por nossos antepassados, da forma como vivemos antes dessas novas ameaças, por isso NÃO QUEREMOS NENHUMA HIDRELÉTRICA EM NOSSOS RIOS, e exigimos do governo brasileiro:

– Demarcação da Terra Indígena Daje Kapap Eipi, conhecida pelos pariwat como Sawre Muybu;

– Não realização do leilão da Usina de São Luiz do Tapajós. Parar com os projetos de construção de novas hidrelétricas nos rios Tapajós, Jamaxim e nos outros rios da Amazônia;

– Parar com a construção da Usina Hidrelétrica de São Manoel;

– Fortalecer a saúde indígena, respeitando a medicina tradicional;

– Fortalecer a educação e ampliação do projeto Ibaorebu para todos os níveis de ensino.

Aldeia Katõ/PA, 07 de abril de 2016

26ª Assembleia Geral da Nação Munduruku.”

 

Yaci, Iagoara e Inha são os nomes indígenas de três jovens do Alto Rio Negro, no Amazonas, das tribos Kambeba e Karapanã, que participam das seletivas olímpicas de tiro com arco. Ele deixaram de lado o arco nativo e o trocaram pelo olímpico há dois anos e vêm colhendo frutos impressionantes. Se tudo der certo, podem ser os primeiros brasileiros indígenas numa Olimpíada.

A habilidade na floresta é inegável. Conseguem caçar, pescar e acertar alvos com o material de 500 gramas. Mas a transição para o equipamento profissional, que chega a pesar cinco quilos, não foi simples. De qualquer forma, os três estão entre um grupo de 20 atletas, metade no masculino e metade no feminino, que disputam quatro vagas na equipe brasileira (sendo um suplente).

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Yaci, ou Graziela Santos, de 20 anos, tem chance porque no feminino a disputa é mais nivelada. Já Iagoara, o Drean Braga da Silva, de 19 anos, busca um lugar entre os rapazes para ver de perto uma coisa que ele nunca soube que existia: a Olimpíada. A entrada no projeto social da Fundação Amazonas Sustentável mudou a vida deles.

"Para mim foi bem rápido, minha vida mudou totalmente. Antes só iria estudar, agora sou atleta de tiro com arco e estou concorrendo a uma vaga olímpica. Estou muito feliz. Não imaginava que poderia acontecer isso, nem sonhava com isso", conta Yaci, cujo nome significa lua. Ela lembra que na aldeia que vive sua família o arco é feito de maneira simples e artesanal, com uma vara feita com madeira de Bacabeira e a corda feita com tucum. Outros materiais também são utilizados na fabricação. "Já levei o arco olímpico para lá e chama muita atenção. Falam que é bonito, ficam surpresos", diz.

Tanto ela quanto Iagoara têm como ponto forte a força nos braços e a concentração. Essas duas características são fundamentais para o sucesso no tiro com arco. "A família dá apoio, é uma oportunidade única para nós. O arco e flecha veio dos nativos, e nós somos nativos", afirma o rapaz.

Iagoara significa cachorro. O garoto tem orgulho disso. "Meu avô me deu esse nome, porque eu gostava de andar no mato e sair sozinho", revela, lembrando que antes do projeto social nem sabia o que era Olimpíada. "Fui saber depois que fui selecionado pelo projeto, aí passaram alguns vídeos dos Jogos Olímpicos. Meu sonho é ir. Quero estar presente competindo."

O indígena também teve sua vida transformada pelo sonho olímpico. Ele conta que na aldeia tinha um ambiente mais calmo, sem tanto agito. "Eu pescava bastante, quando dava sorte pegava muito, quando não tinha pegava pouquinho. Aí veio o convite do projeto e agora já tenho conhecimento de como é fora da aldeia. Nunca imaginei que me tornaria atleta e teria a chance de conhecer o mundo."

O rapaz costuma ir para as competições com adereços que remetem às suas origens. Usa colar, pulseiras e já chegou até a pintar o rosto em algumas ocasiões. "Sempre gostei de usar coisas indígenas, tenho de demonstrar o que eu sou, de onde eu vim", conta, mostrando a pulseira feita por sua mãe, com fios extraídos de uma palmeira. "Foi ela quem teceu."

Inha, ou Nelson Silva, também faz parte do grupo que tenta uma vaga olímpica. É o mais jovem, com 16 anos, e é apontado como um grande talento. Também é mais calado que os companheiros e já chegou a pensar em desistir de ser atleta, mas foi convencido de que poderia ir longe. Para Iagoara, é uma grande oportunidade. "Somos os primeiros indígenas, estamos entre os dez melhores do Brasil na seletiva, e estamos presentes mesmo com pouco tempo de treinamento em tiro com arco se comparado aos outros atletas", lembra o arqueiro.

DIFERENCIAL - Aníbal Forte, técnico da Fundação Amazonas Sustentável, acompanha os indígenas para todos os lugares, a fim de ajudar na adaptação ao mundo novo que se abre. E desde o início ele ficou impressionado com os atletas. "Um fator fundamental nessa caminhada deles é o fato de eles serem adolescentes e jovens com uma força física muito grande", elogia.

Ele conta que os indígenas conseguiram desde o início do projeto treinar quatro horas por dia, o que é quase impossível para outras pessoas, principalmente as que vivem em áreas urbanas. "Alunos que tenho em Manaus treinam uma hora e meia, duas vezes por semana, e já ficam relativamente cansados. Essa resistência física natural que eles têm, talvez em função da própria experiência de viver na natureza, correndo e saltando, deve ter dado uma força maior para suportar um treinamento intensivo. Hoje eles praticam de sete a oito horas, que é o treinamento de atletas de seleção brasileira", compara.

Para Aníbal, as chances de termos o primeiro indígena brasileira numa Olimpíada existem e são reais. "Os resultados deles têm sido muito bons e acho que, no feminino, a gente tem condições de obter uma vaga. No masculino a disputa é mais acirrada, o nível dos atletas é alto, mas tenho grande esperança."

PRESIDENTE DA CBTARCO QUER INDÍGENA NOS JOGOS - O sonho de Vicente Fernando Blumenschein, presidente da CBTArco (Confederação Brasileira de Tiro com Arco), é ter atletas indígenas defendendo o Brasil nos Jogos Olímpicos. Ele sabe que na seletiva tudo pode acontecer, mas acha que o objetivo será alcançado em breve.

"Um dia vamos ter um atleta indígena. As chances são reais, mas a possibilidade maior é para os Jogos de 2020. Claro que se fosse agora não seria surpresa. Acredito que eles tenham entre 30% e 40% de chance", explica.

A australiana Cathy Freeman, ouro nos Jogos de Sydney, em 2000, serviu de inspiração para o projeto Arqueria Indígena, da Fundação Amazonas Sustentável (FAS). A atleta, aborígine, foi ouro nos 400 metros. "Ela uniu o país na final e foi campeã olímpica", conta Aníbal Forte, técnico da FAS.

Na primeira seletiva, em São Paulo, os atletas indígenas não foram bem. Mas restam ainda mais três etapas e um resultado será descartado. Dificilmente atletas como Marcus Vinicius D’Almeida, melhor arqueiro do País, e Bernardo Oliveira, em grande fase, vão ficar fora dos Jogos do Rio.

A seletiva da CBTArco dá aos dois mais bem colocados no masculino e feminino a vaga olímpica, mas as outras duas, sendo uma para suplente, serão definidas pela comissão técnica. "Fizemos isso para evitar que, caso um atleta muito bom se machuque e perca a seletiva, mesmo assim ele não estará necessariamente fora", diz Vicente.

O dirigente conta que, até em uma reunião de trabalho do Comitê Olímpico do Brasil (COB) com outros presidentes de confederações, falou sobre o fato de o País poder ter o primeiro atleta indígena. A expectativa pela possibilidade é grande.

"Gostaria de ter indígena e negro na seleção, mas não é marketing, pois meu marketing é melhor se conseguir uma medalha nos Jogos do Rio. É questão técnica. Eles são talentosos. Se não fossem, não estariam ali", avisa Vicente, lembrando que a CBTArco já está espalhando a ideia. "Vamos incentivar outros estados, como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, a buscar atletas indígenas. Vem mais por aí", promete.

O mundo conhecerá, no próximo domingo (28), os vencedores da principal disputa do cinema mundial: o Oscar. Na briga, está um longa-metragem colombiano que conta com índios que se tornaram atores. ‘O abraço da serpente’ é o terceiro longa de Ciro Guerra e concorre na categoria de melhor filme em língua estrangeira.

O enredo é baseado em dois diários de explorados que percorrem o Amazonas na primeira metade do século XX. A história é contada a partir das indígenas, inclusive com línguas locais.

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Conheça mais detalhes da história no vídeo a seguir:

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Quem precisa seguir pela Avenida Agamenon Magalhães, na noite desta quarta-feira (11), está enfrentando transtornos. Um grupo de índios bloqueia a via, nas imediações da Praça do Derby, no sentido Boa Viagem, área central do Recife.

A manifestação critica a PEC-2015; o grupo ateou fogo em entulhos para impedir a passagem dos motoristas pelo local. Orientadores da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) estão na avenida.

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Pela manhã, índios da tribo Fulni-ô realizam manifestação, no município de Águas Belas, e interditam as duas vias.

 

PEC - De autoria do deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR), a Proposta de Ementa Constitucional 215 transfere para o Congresso Nacional a responsabilidade sobre a demarcação de terras indígenas. A PEC já foi aprovada na Comissão Especial da Demarcação de Terras Indígenas da Câmara. 

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A Polícia Rodoviária Federal (PRF) confirmou um protesto no  início da tarde desta quarta-feira (11), na BR 423. Índios da tribo Fulni-ô realizam manifestação, no município de Águas Belas, e interditam as duas vias no local. Segundo informações do plantão da PRF, os indígenas criticam a PEC-215. 

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De autoria do deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR), a Proposta de Ementa Constitucional 215 transfere para o Congresso Nacional a responsabilidade sobre a demarcação de terras indígenas. A PEC já foi aprovada na Comissão Especial da Demarcação de Terras Indígenas da Câmara. 

Segundo o boletim da Polícia Rodoviária, apenas carros pequenos passam no local e há um trecho de quase 3 km de caminhões parados, no sentido Garanhuns. A previsão é que a via seja liberada até as 15h. 

Em 2008 o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva sancionou a lei 11.645/08 que estende a obrigatoriedade dos estudos da cultura afro-brasileira também para a cultura indígena na educação dos ensinos fundamental e médio das escolas de todo o País. Porém, sete anos se passaram e as escolas brasileiras, sobretudo da rede pública, ainda sofrem com precariedades que impedem o cumprimento efetivo da lei, como a falta de material produzido sobre os assuntos. Pensando na construção deste acervo acadêmico, Paulo Sérgio Braga, que é especialista em educação e professor de história há mais de 30 anos, lança nesta quarta-feira (11), no teatro Estação Gasômetro, em Belém, o livro didático “A realidade Indígena no Brasil por Aiacá”, pela editora Samauma.

Narrado por um universitário indígena chamado “Aiacá”, que significa “amigo” em tupi-guarani, o livro didático procura contar, na voz do personagem fictício, a realidade atual dos povos indígenas no Brasil. Segundo o autor, o principal objetivo do livro é desfazer a imagem “folclorizada” do indígena na sociedade. “O fato é que existe uma imagem congelada historicamente, na qual o indígena é selvagem, nu, canibal ou preguiçoso e inocente. O indígena é um ser histórico como nós, ele também muda. Como toda sociedade, as sociedades indígenas também mudam”, afirma.

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Segundo o Censo Demográfico de 2010 do IBGE, existem 896 mil indígenas no Brasil. Aproximadamente 315 mil vivem em áreas urbanas.  As cinco cidades brasileiras que mais possuem povos indígenas nas zonas urbanas são São Paulo (SP), São Miguel da Cachoeira (AM), Salvador (BA), Brasília (DF) e Boa Vista (RR). Para o professor Paulo Sérgio Braga, esses dados mostram como o imaginário popular ainda possui uma ideia do indígena vivendo em ocas isoladas na floresta amazônica. “A maioria desses indígenas que vivem nas zonas urbanas estão em condições precárias, discriminados, sob preconceito, presos ou sob vigilância policial. Mas não são todos, alguns estão nas escolas, grande parte tem trabalho, embora por conta da discriminação o salário ainda seja desvalorizado, mas trabalham”, diz Paulo.

O livro é dividido em sete capítulos que contam com exercícios e atividades complementares, ao final de cada um. O conteúdo é direcionado ao público infantojuvenil e explica de forma leve e com muitas ilustrações temas como a família indígena, a situação de conflitos na demarcação de terras e contribuições que a cultura indígena deixou na sociedade brasileira atual. Apesar de a obra contemplar todas as exigências propostas pelo Ministério da Educação (MEC), Paulo Sérgio Braga questiona a ideia de segregar as sociedades indígenas da sociedade brasileira. “No livro eu ponho uma serie de contribuições na culinária, nas lendas e a principal de todas que é a preservação da natureza. Mas discordo dessa história de contribuição indígena. Eu acho que não tem contribuição indígena pra sociedade brasileira porque eu acredito que a sociedade brasileira é indígena. Nós somos indígenas”, declara.

O resgate do idioma tupi-guarani também é uma questão abordada pelo livro. No capítulo quatro, Aiacá questiona por que o governo brasileiro não imita o exemplo do município de São Miguel da Cachoeira, no Amazonas, onde além do português são falados oficialmente também o Nheengatu e o Baniwa, duas línguas indígenas. “Recuperar o tupi-guarani é apenas uma das propostas, o importante mesmo é respeitar as 274 línguas indígenas ainda faladas no Brasil. Alguns idiomas possuem apenas um ou dois falantes vivos”, diz o autor. Segundo ele, a tendência é que esses idiomas sumam cada vez mais se não houver investimento maior nas línguas que também são brasileiras. “Nós falamos uma série de palavras em tupi-guarani e não sabemos, achamos que é português. O nosso sotaque brasileiro é diferente do de Portugal porque vem do tupi-guarani”, afirma.

De acordo com Paulo Sérgio, “A realidade Indígena no Brasil por Aiacá” pode ser utilizado pelos professores em todas as séries do ensino fundamental e de forma interdisciplinar e não somente nas aulas de história. “Um professor de matemática ao invés de elaborar um problema utilizando o exemplo do garoto que foi à feira e comprou tantos produtos, ele pega no livro informações e elabora problemas com os números que tem aqui. Por exemplo, quantas terras indígenas foram invadidas?”, explica o autor.

Com 55 anos de idade, Paulo Sérgio Braga já trabalhou por 10 anos na Universidade Estadual do Pará (UEPA), onde foi professor de pedagogia e licenciatura intercultural indígena, e teve a oportunidade de conviver com diversos povos indígenas, como os Tembé, Aikewara e Parkatejê. Foi professor também na Universidade da Amazônia (Unama), Universidade do Vale do Acaraú, Universidade Aberta do Brasil, no Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica e em diversas escolas de ensino fundamental e médio de Belém. Atualmente continua buscando ampliar seus conhecimentos e estuda pós-graduação em Educação Ambiental. 

Veja entrevista com o professor Paulo Sérgio Braga:

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