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Forças de segurança libanesas tentam conter manifestantes disparando gás lacrimogêneo para evitar que o protesto contra o governo do país chegue à área do Parlamento, no centro de Beirute.

Milhares de pessoas invadiram a praça principal da cidade, neste sábado, pendurando laços que simbolizam o pedido de enforcamento de autoridades. A população responsabiliza o governo pela a explosão no porto de Beirute que deixou ao menos 150 mortos e dezenas de desaparecidos e feridos.

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Altos funcionários do Oriente Médio e da Europa começaram a chegar ao Líbano, hoje, em uma demonstração de solidariedade. As visitas do chefe da Liga Árabe e do presidente do Conselho Europeu ocorreram enquanto o país se preparava para os grandes protestos antigovernamentais convocados pelas redes sociais.

A explosão de milhares de toneladas de nitrato de amônio armazenadas no porto, aparentemente provocada por um incêndio, foi a maior da história do Líbano e causou danos estimados em US$ 10 a 15 bilhões, de acordo com o governador de Beirute. Também deixou centenas de milhares de desabrigados.

Em uma demonstração de revolta, o presidente do Partido Cristão, de oposição ao governo atual, informou que três legisladores do partido decidiram renunciar ao Parlamento devido ao "desastre". Sami Gemayel pediu a cada membro "honrado" do parlamento que renunciasse e trabalhasse pelo renascimento do novo Líbano.

Milhares de libaneses se preparam, neste sábado (8), para uma grande manifestação contra a classe política que eles culpam pelas terríveis explosões que devastaram parte de Beirute, matando mais de 150 pessoas, enquanto cerca de sessenta ainda estão desaparecidas.

Dois dias após a visita histórica do presidente francês Emmanuel Macron, a atividade diplomática se intensifica em Beirute para organizar o apoio internacional ao país, na véspera de uma conferência de doadores.

Pelo quarto dia consecutivo, Beirute acordou ao som de vidro quebrado recolhido nas ruas pelos moradores e um exército de voluntários, equipados com vassouras e mobilizados desde o amanhecer.

O incidente de terça-feira no porto, cujas circunstâncias ainda não estão claras, teria sido causado por um incêndio que afetou um enorme depósito de nitrato de amônio, um produto químico perigoso.

As imagens do momento da catástrofe mostram uma deflagração que muitos compararam às bombas atômicas sobre o Japão em 1945, enquanto as equipes de resgate comparavam as cenas de destruição às resultantes de um terremoto.

O desastre deixou pelo menos 154 mortos, mais de 5.000 feridos, incluindo 120 em estado crítico, de acordo com o ministério da Saúde libanês, além de quase 300.000 desabrigados.

Mais de 60 pessoas continuam desaparecidas, enquanto a esperança de encontrar sobreviventes diminui.

- Dia do Julgamento -

Ainda em estado de choque após as explosões de violência sem paralelo na história do país, muitos libaneses exigem prestação de contas de uma classe política que denunciam como negligente e corrupta.

Na Praça dos Mártires, epicentro da contestação popular desde outubro passado e onde está programado um protesto na parte da tarde, sob o lema "Dia do Julgamento", os ativistas já ergueram uma forca.

"Depois de três dias limpando os escombros e curando nossas feridas, é hora de deixar nossa raiva esvair e puni-los por matar pessoas", declarou Farès al-Hablabi, de 28 anos.

"Devemos nos levantar contra todo o sistema (...) a mudança deve ser compatível com a escala do desastre", acrescentou este militante que saiu às ruas no momento da eclosão do levante popular em 17 de outubro de 2019.

Se o movimento perdeu força nos últimos meses, especialmente devido à pandemia de coronavírus - que continua se agravando no Líbano - a tragédia pode reanimá-lo.

"Não temos mais nada a perder. Todos devem ir para as ruas", disse Hayat Nazer, uma militante por trás de muitas iniciativas de solidariedade.

O presidente Michel Aoun, cada vez mais criticado, deixou claro na sexta-feira que se opõe a uma investigação internacional, dizendo que as explosões poderiam ter sido causadas por negligência ou por um míssil.

Cerca de vinte funcionários do porto e da alfândega foram presos, segundo fontes judiciais e de segurança.

- Assistência imediata -

Dois dias após a visita de Macron, que criticou severamente a classe política, uma videoconferência de doadores em apoio ao Líbano acontecerá no domingo, co-organizada pela ONU e pela França, segundo informou a presidência francesa à AFP.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que participará. "Todo mundo quer ajudar!", tuitou.

O Líbano atravessa uma severa crise econômica, depois de não pagar sua dívida, e seus líderes não conseguiram chegar a um acordo sobre um resgate econômico com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, é esperado neste sábado em Beirute, para mostrar a "solidariedade" dos europeus. A UE já liberou 33 milhões de euros.

O chefe da Liga Árabe, Ahmad Aboul Gheit, junto com o vice-presidente turco, Fuat Oktay, e o ministro das Relações Exteriores, Mevlüt Cavusoglu, também visitarão Beirute para assegurar seu apoio.

Sem demora, vários países despacharam equipamentos médicos e sanitários, bem como hospitais de campanha.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) está preocupada com a saturação dos hospitais, já em situação complicada pela pandemia de coronavírus, escassez crônica de medicamentos e de equipamentos médicos.

Enquanto as autoridades estrangeiras se sucedem e a ajuda internacional chega, os governantes do Líbano tentam claramente tirar vantagem da situação, segundo o analista Nasser Yassin, do Instituto Issam Fares.

"O temor é que as autoridades aproveitem este desastre e a atenção árabe e internacional para se manter na superfície", disse.

Neste contexto, o líder do partido Kataeb, Samy Gemayel, anunciou neste sábado sua renúncia junto com outros dois deputados do histórico partido cristão após o desastre no porto, dizendo que havia chegado a hora de construir um "novo Líbano".

Sua renúncia acontece após uma decisão semelhante por dois outros parlamentares nesta semana.

O trigo está espalhado pelo chão, misturado às cinzas, escombros e cimento. A explosão do porto de Beirute afetou os maiores silos de armazenamento de cereais do Líbano, provocando o pânico entre a população pelo medo de escassez de pão.

A destruição do porto da capital libanesa limitou ainda mais o acesso à comida em um país que importa 85% de seus alimentos, como o trigo necessário para a produção de pão, um alimento imprescindível na dieta libanesa e que atualmente é vendido com preço subsidiado de 2.000 libras libanesas (1,20 euro) o pacote de 900 gramas.

"Quando vimos os silos, entramos em pânico", admite Ghasan Bu Habib, presidente da rede de padarias Wooden Bakery.

Quase 15.000 toneladas de trigo, milho e cevada armazenadas em silos antiquados, de mais de 50 anos, foram destruídos na gigantesca explosão, assim como uma fábrica de farinha que ficava ao lado.

Os libaneses temem que a destruição dos silos, com capacidade para armazenar 120.000 toneladas, acentue a escassez de trigo no Líbano, que já era grave pela profunda crise econômica no país.

As importações foram reduzidas nos últimos meses pela falta de liquidez e as restrições bancárias.

As atividades nos contêineres de cereais já havia diminuído 45% no primeiro semestre de 2020 na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com o Blominvest Bank, enquanto os preços aumentaram de maneira expressiva devido à desvalorização da libra libanesa.

"Já tínhamos dificuldades com a pouca farinha e trigo disponíveis", reconhece Ghasan Bu Habib. "As fábricas de farinha não tinham o trigo ou combustível necessários para funcionar", explica o presidente da Wooden Bakery: as 50 unidades da rede recebiam apenas dois terços da farinha necessária por dia.

Após a explosão, o medo tomou conta dos habitantes de Beirute e centenas de pessoas correram para uma padaria no bairro comercial de Hamra, onde compraram cinco pães ao invés de apenas um pelo temor de uma eventual escassez, afirma Haidar Mussaui, funcionário do estabelecimento.

"O pão é a única coisa que pode saciar os pobres, já que não podemos sentar para comer um bife com faca e garfo", lamenta.

Os gerentes da padaria tentaram acalmar os libaneses assegurando uma reserva de trigo suficiente para um mês e que novas importações devem chegar esta semana aos portos de de Trípoli (norte) e Saida (sul), menores que o de Beirute.

"Nada é comparável ao porto de Beirute, onde cargas de cereais desembarcavam as 24 horas do dia", recorda Musa Khury, empresário agrícola que administrou um armazém de cereais em Beirute entre 2014 e 2017.

A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) também afirmou que teme "a curto prazo um problema de abastecimento de farinha".

"Já enfrentamos a Covid-19 e a crise econômica, agora esta catástrofe", lamenta Suha Zeaiter, diretora executiva do banco de alimentos libanês que organiza programas de distribuição de alimentos para as famílias pobres.

As explosões em um depósito de nitrato de amônia no porto de Beirute, no Líbano, que deixaram bairros em destroços, comoveram o mundo inteiro. A Embaixada do Líbano no Brasil, que esteve à frente de ações pedindo doações de suprimentos médicos e equipamentos no enfrentamento à Covid-19, agora solicita ajuda para o atendimento às vítimas da explosão e para a reconstrução da área atingida.

No comunicado que está no site constam: suprimentos cirúrgicos e hospitalares, itens alimentícios (tais como trigo, farinha, grãos e comidas enlatadas de todos os tipos), materiais de construção e instalações e equipamentos necessários para reconstruir e equipar o porto de Beirute.

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Junto com a iniciativa da embaixada, pelo menos três entidades decidiram se unir em uma campanha para arrecadar recursos financeiros, que serão usados para adquirir itens necessários, que, posteriormente, serão enviados ao Líbano.

A Associação Médica Líbano Brasileira (AMLB) divulgou uma conta bancária na quarta-feira. "Estamos em contato também com diversas entidades, entre elas a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB) e a Câmara de Comércio Brasil-Líbano (CCBL). Conversando para saber como será feita toda a logística. Muitas lideranças libanesas e entidades hospitalares também demonstraram interesse em nos ajudar", afirma Robert Sami Nemer, presidente da AMLB.

Em um primeiro momento, será feita uma ação emergencial para a aquisição e envio dos itens o quanto antes. "Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) com capacidade para 22 toneladas fará o transporte nos próximos dias. Já estamos conversando com o governo brasileiro sobre a viabilidade." Procurado pelo Estadão, o Ministério da Defesa não comentou o assunto.

"É muito triste e chocante essa situação que se soma aos transtornos já enfrentados por causa da crise financeira e da pandemia, já que a tragédia pode impactar no número de infectados", diz Rubens Hannun, presidente da CCAB.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mesmo não mantendo relações diplomáticas com o Líbano, Israel entrou para a lista de nações que ofereceram ajuda ao país do Oriente Médio. A medida aconteceu após as explosões na capital libanesa, Beirute, em uma zona portuária da região, na última terça-feira (04).

Reuven Rivlin, presidente de Israel, usou sua rede social para declarar seu apoio ao Líbano e também lamentou o ocorrido: “Compartilhamos a dor do povo libanês e, sinceramente, oferecemos nossa ajuda neste momento difícil", escreveu Rivlin.

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De acordo com as últimas informações divulgadas pela Cruz Vermelha do Líbano, a explosão em Beirute deixou mais de 100 pessoas mortas, 4 mil feridos e 100 desaparecidos, além de causar uma superlotação dos hospitais da capital libanesa.

Agora, Israel faz parte da longa lista de países que se dispuseram a ajudar o Líbano — que além de enfrentar grandes danos por conta da explosão, também passa por uma crise econômica.

As imagens das explosões que aconteceram no Líbano, na última terça (4), correram o mundo e chocaram muita gente. Vídeos do momento em que parte do distrito portuário de Beirute explode estão sendo compartilhados pela internet dando a dimensão da violência do ocorrido. Em um desses, é possível ver um padre que rezava uma missa no exato instante em que tudo aconteceu. O religioso chega a ser atingido por escombros da igreja.

A missa estava sendo transmitida pela internet, por conta das medidas restritivas contra o coronavírus, sendo assim, não havia fiéis na igreja. Ns imagens, é possível ver as luzes do templo se apagando, no momento da explosão, e, em seguida, pedaços do teto caindo com a força do estrondo. O padre corre mas chega a ser atingido por um escombro. 

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Segundo a arquidiocese de Antelias, o religioso não sofreu grandes ferimentos e passa bem. Uma comitiva de líderes da igreja visitou a igreja, na última quarta (5), para contabilizar os estragos materiais no templo. de acordo com a agência de notícias AFP, o último balanço do governo local contabilizou 113 mortes por causa da explosão. Muitas pessoas ainda estão desaparecidas e mais de quatro mil se feriram.

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O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou nesta quinta-feira (6) que deseja "organizar a ajuda internacional" para o Líbano, para onde viajou dois dias após as devastadoras explosões no porto de Beirute que deixaram pelo menos 137 mortos e destruíram muitos bairros da capital.

"Ajudaremos a organizar nos próximos dias apoio adicional no nível francês, no nível europeu", afirmou Macron.

"Quero organizar a cooperação europeia e, mais amplamente, a cooperação internacional", acrescentou o presidente, que foi recebido no aeroporto internacional de Beirute pelo presidente libanês Michel Aoun.

A França já enviou equipes de resgate, pessoal de primeiros socorros e medicamentos para a capital libanesa.

Macron, que se reunirá com os líderes libaneses em sua visita de um dia, pediu que eles implementassem imediatamente as reformas exigidas pela comunidade internacional.

O Líbano, afetado por uma grave crise política e econômica, "continuará afundando" se não houver reformas, alertou o presidente francês.

"A prioridade hoje é a ajuda, apoio incondicional à população. Mas há reformas indispensáveis em certos setores que a França exige há meses, anos", acrescentou o chefe de Estado francês.

Macron indicou que deseja "um diálogo sincero" com as autoridades libanesas "porque, além da explosão, sabemos que a crise aqui é grave e implica uma responsabilidade histórica dos dirigentes".

As explosões ocorridas na terça-feira, segundo as autoridades, por 2.750 toneladas de nitrato de amônio armazenadas em um depósito, devastaram quase completamente o porto de Beirute, causando danos significativos na capital.

Dezenas de pessoas ainda estão desaparecidas, mas um coronel francês da Defesa Civil, envolvido nas buscas no porto de Beirute, disse nesta quinta-feira que havia "esperança de encontrar pessoas vivas".

A indignação dos libaneses é cada vez maior, já que o carregamento de nitrato de amônio, uma substância altamente inflamável, está no porto há seis anos "sem medidas de precaução", segundo admitiu o primeiro-ministro libanês.

Uma mulher arriscou a própria vida para proteger uma criança da explosão que ocorreu no porto de Beirute, no Líbano, e deixou centenas de mortos nessa terça-feira (4). Ela seria a babá da garotinha e passava aspirador de pó na casa quando percebeu o tremor.

Imagens da câmera de monitoramento mostram que a menina brincava próximo à janela, enquanto a mulher limpava a residência com o equipamento. No momento da explosão, as janelas parecem explodir e ela corre para pegar a criança no colo. Com a garota a salvo em seus braços, ela foge às pressas para outro cômodo. 

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A embaixadora do Líbano na Jordânia, Tracy Chamoun, anunciou sua renúncia nesta quinta-feira (6), após a explosão que devastou Beirute esta semana, em protesto contra a "negligência" das autoridades do país, e pediu uma mudança de liderança.

É o segundo pedido de demissão no alto escalão libanês desde a dupla explosão de terça-feira (4), que causou quase 150 mortes e mais de 5 mil feridos, além de destruir bairros inteiros da capital.

O parlamentar Marwan Hamadeh renunciou na quarta-feira após o desastre, causado pela explosão de 2.750 toneladas de nitrato de amônio armazenado sem medidas de segurança no porto de Beirute.

Em um comunicado transmitido na televisão libanesa independente MTV, a embaixadora disse que não pode mais tolerar a incompetência do governo.

"Anuncio minha renúncia como embaixadora ... em protesto contra a negligência, o roubo e as mentiras do Estado", declarou Chamoun, nomeada para o cargo em 2017 com o apoio do presidente libanês Michel Aoun.

Um movimento de protesto lançado em outubro do ano passado exige reformas amplas e uma mudança de governantes, há muito acusados de incompetência e corrupção. O pequeno país mediterrâneo também mergulhou na pior crise econômica desde a guerra de 1975 a 1990, reforçando o ressentimento das pessoas contra o governo.

Enfurecidos, os libaneses consideram a explosão um novo símbolo trágico da incompetência de seus líderes. Muitos se perguntam como um carregamento enorme e altamente explosivo de nitrato de amônio pode ser armazenado na capital sem medidas de segurança por anos.

O presidente francês Emmanuel Macron, que visitou Beirute na quinta-feira, pediu uma investigação internacional, como muitos já exigiram no Líbano.

Pouco antes do anúncio da renúncia de Chamoun, um promotor libanês disse que havia detido 16 pessoas que trabalhavam no porto, incluindo antigos e atuais responsáveis pela autoridade portuária e aduaneira, funcionários de manutenção e seus chefes de equipe.

Os expatriados do Líbano, que quase triplicam a população do pequeno país de 5 milhões de habitantes, se mobilizaram para colaborar após a explosão que destruiu boa parte da capital Beirute.

Os expatriados, a maioria vivendo nos Estados Unidos e na América Latina, se apressaram a enviar dinheiro para os entes queridos que perderam suas casas ou ficaram feridos na explosão de terça-feira (4), que deixou pelo menos 113 mortos e milhares de feridos, enquanto outros criam fundos de arrecadação para combater a tragédia.

"Fiquei no telefone a manhã inteira com nossos sócios para formar uma aliança para um fundo de emergência", declarou George Akiki, fundador e CEO da LebNet, uma organização sem fins lucrativos no Vale do Silício, na Califórnia, que ajuda profissionais libaneses nos Estados Unidos e no Canadá.

"Todos, tanto os libaneses como os não libaneses, querem ajudar".

Akiki disse que seu grupo, junto com outras organizações como a SEAL e a Life Lebanon, criaram o Fundo de Emergência de Beirute 2020, que arrecadará dinheiro e o canalizará para organizações de confiança e de boa reputação no Líbano.

- "Tentando ajudar" -

Outros ajudam enviando remessas individualmente ou abrindo contas em programas de arrecadação na internet.

"Minha esposa Hala e eu mandaremos pelo menos 10.000 dólares em doações e mais tarde proporcionaremos mais ajuda para a reconstrução e outros projetos", declarou à AFP Habib Haddad, um empresário do setor tecnológico e membro da LebNet, com sede em Boston.

Antes da tragédia, o Líbano já sofria com uma grave crise econômica e política que faz mais da metade da população viver na pobreza e depender em grande parte de remessas enviadas pelos expatriados.

"Estamos pedindo aos imigrantes libaneses de todo o mundo que tentem ajudar", declarou Maroun Daccache, proprietário de um restaurante de comida libanesa em São Paulo. O Brasil tem cerca de 7 milhões de descendentes libaneses no país.

"Estou tentando ajudar com alguma coisa, mas o negócio aqui não está muito próspero devido à pandemia. Mesmo assim, estamos bem melhor do que lá".

O ex-presidente Michel Temer e o empresário Carlos Ghosn, ex-presidente da Nissan, são exemplos de brasileiros com ascendência libanesa.

- "Uma gota no oceano" -

Os expatriados costumam visitar o Líbano todos os anos, o que injeta dinheiro na economia local.

Contudo, em 2020, as viagens ao país natal diminuíram drasticamente devido à pandemia da COVID-19 e muitos se tornaram céticos em enviar dinheiro ou ajuda a um país assolado por corrupção em todos os níveis da sociedade.

"As pessoas estão indignadas pela má gestão do país e querem ajudar, mas ninguém confia em quem está no poder", revelou Najib Khoury-Haddad, um empresário de São Francisco.

"Eu ouvi que o governo criou um fundo de ajuda, mas quem é que vai confiar neles?", completou.

Ghislaine Khairalla, de 55 anos e residente de Washington, disse que existe a ideia de juntar uma família em necessidade de Beirute com outra fora do país para que a ajuda viaje de forma direta e segura.

"Nós (os expatriados) somos o fluxo sanguíneo financeiro, especialmente porque a economia não vai se recuperar tão cedo", explicou Khairalla, cujo irmão perdeu a casa na explosão. "Estamos fisicamente fora do Líbano, mas nossos corações estão lá".

Nayla Habib, uma libano-canadense que vive em Montreal, afirmou que pretende ajudar em tudo que for possível e se mostrou indignada pelos relatórios de que a explosão foi causada por mais de 2.700 toneladas de nitrato de amônio armazenadas no porto de Beirute, situado no coração de uma cidade densamente habitada.

"Meu Deus, o estado de nosso país é terrível e comovente,", declarou Habib à AFP. "Eu ajudei antes da explosão uma mulher que ajuda a alimentar os pobres e voltarei a ajudar. O que dou é como uma gota no oceano, mas é necessário".

O Banco Mundial (BM) informou nesta quarta-feira que está pronto para mobilizar recursos para o Líbano após as enormes explosões que assolaram Beirute na terça-feira, deixando mais de cem mortos e milhares de feridos.

A organização multilateral disse em comunicado que pode "usar sua experiência para uma rápida avaliação de danos e necessidades, além de desenvolver um plano de reconstrução".

Ele propôs "compartilhar lições e experiências em todo o mundo sobre processos de recuperação e reconstrução de desastres", além de "participar ativamente de uma plataforma com os parceiros do Líbano para mobilizar apoio financeiro público e privado".

O Banco Mundial, que havia concordado em abril com um empréstimo de US$ 120 milhões ao Líbano em apoio ao setor de saúde, disse estar disposto a "reprogramar" esses recursos e "explorar financiamento suplementar".

O Líbano está passando por uma grave crise econômica, marcada por uma depreciação de sua moeda, hiperinflação, demissões em massa e restrições drásticas no setor bancário.

O Ministério das Relações Exteriores confirmou nesta quarta-feira, 5, que a Embaixada do Brasil em Beirute foi duramente atingida pelo impacto das duas explosões na terça-feira, 4, na região portuária, mesmo estando a representação localizada no centro da capital. Uma brasileira, a mulher de um adido de Defesa da embaixada, segundo o ministério, sofreu ferimentos, foi internada, mas passa bem.

Na terça-feira, duas explosões na região portuária de Beirute deixaram ao menos 100 mortos, milhares de feridos e um clima de consternação no Líbano, que já há meses passa por uma crise econômica sem precedentes em sua história recente. As autoridades do país disseram que um curto-circuito causou incêndio e explosão em um depósito de fogos e em outro onde estavam 2,7 mil toneladas de nitrato de amônia. Testemunhas no Chipre relataram ter sentido o impacto das explosões.

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Segundo o governo brasileiro, o impacto não causou danos estruturais ao prédio da representação, apesar da destruição. "De modo geral, as salas voltadas para o local da explosão foram mais afetadas, com janelas estilhaçadas, desabamento do forro do teto, mobília e computadores seriamente danificados. Por outro lado, salas e escritórios voltados para a cidade foram poupados. Os sistemas de comunicações, incluindo internet, eletricidade e água, funcionam normalmente. Garagem e veículos oficiais não foram afetados", esclareceu o Itamaraty ao Estadão.

A nota de esclarecimento do ministério explica que o Centro Cultural, localizado no Bairro de Achrafieh, próximo do porto, teve fachada, portas e janelas seriamente afetadas. Já o setor consular, situado em bairro mais distante, não sofreu danos substantivos.

A maioria dos membros do corpo diplomático, bem como da audiência, reside no Bairro de Achrafieh e arredores, seriamente afetados, em razão da proximidade com o porto, como explica o ministério. "Há relatos de janelas, mobília e paredes gravemente danificados."

Segundo o governo, vivem no Líbano cerca de 20 mil brasileiros, principalmente na região conhecida como Vale do Bekka. A equipe de trabalho da embaixada é formada por 53 pessoas, entre diplomatas, funcionários locais e militares. Na força especial da Marinha, que opera na missão da ONU no Líbano, a Unifil, servem aproximadamente 200 militares brasileiros.

Na terça-feira, a Marinha do Brasil esclareceu que todos os militares brasileiros da missão estavam bem. "A Fragata Independência encontra-se operando no mar, normalmente. O navio estava distante do local onde ocorreu a explosão", esclareceu a Marinha.

Uma pequena parte das explosões que aconteceram na área portuária de Beirute, capital do Líbano, foi filmada enquanto uma noiva realizava o ensaio fotográfico para o seu casamento nesta terça-feira (4). 

No vídeo, é possível ver a normalidade que pairava pelo local segundos antes da catástrofe e como tudo ficou depois que as explosões aconteceram. Vidros das janelas explodiram, portas e plantações foram arrancadas devido a magnitude do incidente.

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Segundo a cruz vermelha, mais de 100 mortos e quatro mil feridos foram registrados até a madrugada desta quarta-feira (5). A mídia do país cita que ao menos 100 pessoas continuam desaparecidas.

Os hospitais da capital já estão atuando no limite da capacidade devido aos casos de coronavírus, que já vinham sendo registrados, e agora com as vítimas da catástrofe. 

Após a explosão na área portuária de Beirute no Líbano, que deixou mais de 100 mortes, 4 mil feridos e mais de 300 mil desabrigados, na última terça-feira (4), o youtuber Thomas Santana decidiu usar a situação para fazer uma piada, em sua conta nas redes sociais.

Famoso na web pelo conteúdo de humor, Thomas conta com mais de 2,6 milhões de seguidores em seu perfil do Instagram. Através dos stories, o rapaz fez uma ‘brincadeira’ que não agradou os seguidores.

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No vídeo ele diz: “Por isso que eu sou piranha. A vida é muito curta para passar e você não ser uma piranha. Aqui do nada você pode tá num lugar e explodir. E você nem piranhou de verdade”.

Após a publicação, o influenciador digital recebeu inúmeras críticas e mesmo após apagar a postagem, o vídeo viralizou nas redes sociais. Thomas também resolveu se pronunciar sobre o comentário.

“Eu não quis debochar nem brincar com a tragédia, eu só quis dizer que a vida passa em um piscar de olhos. Disse que temos que aproveitar a vida. Fui infeliz no comentário, mas de forma nenhuma quis zombar da tragédia, quis apenas dizer que a vida passa em um piscar de olhos. Desculpas”, escreveu ele.

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O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta quarta-feira (5), que o Brasil "está solidário" ao Líbano após as explosões que deixaram pelo menos 78 mortos e quase 4 mil feridos na capital do país. Segundo Bolsonaro, o governo brasileiro deve fazer "algo de concreto para atender, em parte, aquelas dezenas de milhares de pessoas que estão em situação bastante complicada". Em evento no Ministério de Minas e Energia (MME), o presidente contou que conversou pela manhã com o embaixador do Líbano no Brasil, Joseph Sayah.

"O Brasil vai fazer mais do que um gesto, algo de concreto, para atender, em parte, aquelas dezenas de milhares de pessoas que estão em uma situação bastante complicada, porque além de feridas, muitas residências foram atingidas. O Brasil está solidário. Em nome, obviamente, do governo brasileiro, manifestamos esse sentimento ao povo libanês e estaremos presentes na ajuda àquele povo que tem alguns milhões de seus dentro do nosso país", disse Bolsonaro.

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De acordo com o presidente, desde esta terça (4), os representantes do Ministério da Defesa e de Relações Exteriores estão em contato com autoridades libanesas. Bolsonaro lembrou que o Brasil tem em torno de cinco milhões de libaneses. "Agora de manhã, por intermédio do presidente do Senado, Davi, liguei para o embaixador do Líbano no Brasil", afirmou.

Na saída do evento, Bolsonaro citou que um avião KC-390 pode ser colocado à disposição dos libaneses. O presidente também falou que o governo brasileiro teve informações de que não há nenhum brasileiro com ferimentos graves após o episódio.

Muitos países começaram a enviar, nesta quarta-feira (5), ajuda ao Líbano, onde duas explosões gigantescas atingiram Beirute na terça, causando mais de 100 mortes e 4.000 feridos.

O primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, emitiu um "apelo urgente a todos os amigos e países irmãos".

A França, antiga potência mandatária, enviará nesta quarta ajuda em dois aviões militares, segundo o palácio do Eliseu. O presidente Emmanuel Macron anunciou no Twitter o envio de um destacamento de defesa civil e "várias toneladas de equipamento médico".

Países do Golfo, alguns dos quais mantêm relações diplomáticas e econômicas estreitas com o Líbano, ofereceram ajuda rapidamente.

O Kuwait anunciou a chegada de um avião com "assistência médica".

O emir do Catar, o xeque Tamim bin Hamad Al Thani, telefonou ao presidente libanês Michel Aoun para oferecer suas condolências, segundo a agência oficial de notícias QNA, acrescentando que enviarão hospitais de campanha para o Líbano.

- Pirâmides e torres iluminadas -

O príncipe herdeiro de Abu Dhabi, Mohamed Bin Zayed, tuitou a "solidariedade" dos Emirados Árabes Unidos e a famosa torre Burj Khalifa em Dubai, a mais alta do mundo, foi iluminada com as cores da bandeira libanesa.

A Arábia Saudita afirmou que estava acompanhando a situação com "grande preocupação" e ofereceu suas condolências às vítimas.

O Irã, grande rival de Riade e muito influente no Líbano, ofereceu "assistência médica", afirmou seu presidente Hassan Rohani em comunicado.

Israel propôs "ajuda humanitária e médica" ao Líbano, um vizinho com o qual tecnicamente está em estado de guerra.

Por sua parte, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, prometeu "ajuda humanitária em todas as áreas, especialmente no campo da saúde".

O rei da Jordânia, Abdullah II, ordenou nesta quarta-feira a preparação de um hospital militar de campo para enviar ao Líbano.

O presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sissi, dirigiu suas "condolências" aos libaneses e as famosas pirâmides de Gizé se iluminaram com as cores do país.

A ONU expressou suas "condolências" e propôs "apoio ativo", além de desejar uma "rápida recuperação aos feridos", incluindo o pessoal das Nações Unidas.

Um chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, disse que a agência da ONU "começou a enviar kits de traumatologia e cirurgia de seu armazém regional em Dubai".

"Também temos equipes médicas de emergência prontas para serem mobilizadas", acrescentou.

Na noite de terça-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, transmitiu as "condolências" de seu país ao Líbano e repetiu que os Estados Unidos estavam "prontos" para enviar ajuda.

O papa Francisco pediu nesta quarta-feira "orações pelas vítimas, por suas famílias e pelo Líbano" e o envio de "ajuda da comunidade internacional".

- "Dor" -

Na Europa, a chanceler alemã Angela Merkel prometeu oferecer "apoio ao Líbano". Membros da equipe da embaixada alemã ficaram feridos nas explosões.

A Holanda anunciou que 67 trabalhadores humanitários holandeses partiriam para Beirute na noite de quarta-feira, incluindo médicos, policiais e bombeiros.

O Reino Unido declarou que estava pronto para "apoiar de todas as maneiras possíveis, incluindo os cidadãos britânicos afetados", tuitou o primeiro-ministro Boris Johnson.

O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, disse no Facebook que seu país "fará todo o possível para ajudar".

O Canadá, por sua vez, disse o mesmo. "Estamos prontos para ajudá-los", tuitou o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau.

"A Rússia compartilha a dor do povo libanês", reagiu o presidente russo Vladimir Putin em um telegrama de condolências ao seu colega libanês, Michel Aoun.

Aoun também recebeu um telefonema do presidente iraquiano Barham Saleh, que transmitiu sua solidariedade ao Líbano e ofereceu-se para ajudá-lo, e uma carta de condolências de seu colega sírio, Bashar al-Assad.

A mesma expressão de solidariedade da Tunísia, onde o presidente Kais Saied enviou uma carta ao seu homólogo libanês expressando seu "apoio" a um "povo irmão".

O chefe da Liga Árabe, Ahmed Abul Gheit, expressou suas "sinceras condolências" e pediu esclarecimentos sobre os "responsáveis" por essas "terríveis explosões".

As explosões de terça-feira ocorreram no momento em que o Líbano atravessa sua pior crise econômica em décadas, marcada por depreciação sem precedentes da moeda, hiperinflação, demissões em massa e restrições drásticas nos bancos, que alimentam protestos há meses.

No mesmo dia em que o governo enfrentava protestos nas ruas de Beirute, uma explosão deixou dezenas de mortos e milhares de feridos na capital, agravando ainda mais a tensão em um país que vive dura recessão econômica desde o ano passado. Com a inflação corroendo os salários, a desvalorização da libra libanesa (moeda local) e a pandemia de Covid-19 agravando a pobreza, a estimativa é que o PIB caia 12% este ano.

Na avaliação do cientista político Hussein Kalout, pesquisador da Universidade Harvard, a explosão agrava a tensão política, porque ocorre em um momento de questionamento das lideranças e às vésperas do veredicto do assassinato do ex-premiê Rafic Hariri. A seguir, trechos da entrevista.

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Após a explosão, surgiu a desconfiança de que pudesse ser um atentado dado o histórico de violência do país. Por que essa conexão?

O Líbano tem uma história trágica. Diversas autoridades importantes foram assassinadas nas últimas décadas, com violência, bombas, explosivos. Já houve atentados contra ex-presidentes, primeiros-ministros, lideranças do Exército. Então, toda vez que ocorre uma explosão de grande magnitude, a tendência é inferir que é um atentado contra alguém importante ou que está relacionado a algum objetivo.

A explosão ocorreu nas vésperas do veredicto do ex-primeiro-ministro Rafic Hariri, ele mesmo assassinado em um atentado. Há alguma relação?

Acredito que não há nexo causal de uma coisa com a outra. A decisão do tribunal se arrasta há quase uma década e todo mundo sabe qual vai ser. Estranho seria se quem foi acusado durante dez anos for inocentado. Tudo indica que foi acidental o motivo da explosão.

O Líbano viveu um dia de protestos em Beirute. Qual o contexto desses atos contra o governo?

O país está quebrado economicamente. Declarou falência e não tem como pagar as dívidas com as instituições financeiras internacionais. Isso também é parte das restrições econômico-financeiras impostas ao país, que aprofundaram a crise, elevando ainda mais a taxa de desemprego, que já era alta. Há impacto nas cadeias de suprimento, o Líbano é um país que importa praticamente tudo, tem poucos recursos. Então, são muitas as limitações. O novo governo tenta fazer um ajuste econômico, mas por mais que seja feito, implica em reforma do Estado, reforma tributária, corte de salários. Isso não é suficiente se o bloqueio econômico e o estrangulamento financeiro seguirem em curso.

Que consequências imediatas essa explosão pode trazer?

O local do acidente, o porto de Beirute, é um ponto importante. É de onde muitos produtos que entram e saem do país são escoados. Em uma situação em que o Líbano está imerso em uma gravíssima crise, ter um porto daquela importância inoperante tende a agravar os contornos da crise e elevar a tensão política.

Há perspectiva de mudança no curto e médio prazos?

O governo tem muito pouco tempo (começou em janeiro). Não dá para tirar um país imerso endemicamente na corrupção assim. A classe política esteve envolvida nos mais variados crimes de caráter financeiro. Não tem como solucionar todo esse funcionamento da dinâmica institucional que está carcomido pela corrupção. É muito difícil em um governo de pouco tempo encontrar soluções. E é preciso lembrar que boa parte dos políticos permanece em posições de força no poder.

Como estão as investigações contra os políticos acusados de corrupção?

O Judiciário do Líbano não é independente, não há uma efetiva separação dos poderes. O Poder Judiciário obedece à dinâmica de ser fracionado em grupos partidários vinculados a determinadas lideranças. Ele não prima pela transparência. Não há um caso de corrupção em qualquer tribunal em qualquer instância que esteja investigando e operando para condenar quem ao longo de décadas destruiu a economia por meio do desvio de recursos públicos.

Que peso você atribui às manifestações ocorridas nesta semana contra o governo. Elas podem provocar mudanças?

Não consigo enxergar no momento mudanças efetivas como resultado dessas manifestações. Primeiro, as demandas são as mais variadas. Alguns querem mudança no formato do processo eleitoral, outros querem a exclusão da classe política inteira, o seu banimento nas próximas eleições. É difícil harmonizar esses pedidos e anular as forças políticas existentes, pois elas têm uma base popular importante, uma representatividade e um reconhecimento. Como efetuar reformas sem elas? Antes da covid-19, a cidade viveu manifestações durante quase um mês e, mesmo assim, isso não alterou o sistema político. Cortaram um privilégio aqui e outro ali, mas não é isso que vai restaurar a economia do país.

No início também se falou que essa explosão pudesse estar ligada ao Hezbollah, que negou. Qual o peso desse grupo hoje na política libanesa?

É uma força política como todas as outras, tem uma expressividade grande dentro do país e não tem como tangenciar. Toda vez que você tenta excluir um grupo representativo, imobiliza o sistema político. O próprio governo hoje tenta alterar, fazer mudanças efetivas em vários sentidos e não consegue. Há forças políticas, algumas que não estão no governo, que não querem transformações. A chave é achar um ponto de equilíbrio para trazer todas as frentes a um ponto comum.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que a explosão ocorrida na região portuária de Beirute, capital do Líbano, na tarde desta terça-feira (4), parece ter sido um "ataque". Na coletiva de imprensa diária sobre a pandemia de Covid-19, o republicano disse ter conversado com generais dos EUA que não acreditam que a tragédia tenha sido causada acidentalmente. "Eles parecem pensar que foi um ataque. Foi algum tipo de bomba", declarou Trump.

O líder da Casa Branca prestou condolências às vítimas e disse que os EUA estão prontos para ajudar o Líbano. A explosão destruiu grande parte de um porto e danificou edifícios em toda a capital libanesa. Pelo menos 70 pessoas morreram e mais de 3 mil ficaram feridas, de acordo com as autoridades locais.

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O presidente Jair Bolsonaro usou sua conta no Twitter para manifestar solidariedade às famílias dos mortos e aos feridos em explosão ocorrida nesta terça-feira, 4, na região portuária de Beirute, capital do Líbano. Ele disse estar "profundamente triste" com as cenas da devastação provocada.

"O Brasil abriga a maior comunidade de libaneses do mundo e, deste modo, sentimos essa tragédia como se fosse em nosso território", escreveu o presidente.

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Duas fortes explosões sucessivas, nesta terça-feira, 4, na região portuária da capital do Líbano, Beirute, deixou ao menos 73 mortos e 3,7 mil feridos, semeando o pânico e provocando uma imensa coluna de fumaça. Segundo fonte do Ministério da Saúde, o balanço é provisório e pode subir ainda mais, uma vez que os hospitais da capital estão saturados pelo fluxo de feridos.

As explosões, que ocorreram na área portuária e cuja origem ainda não foi determinada, foram ouvidas em vários bairros da cidade e fora dela. No Chipre, uma ilha mediterrânea situada a 180 quilômetros a noroeste de Beirute, os moradores relataram ter ouvido as duas grandes explosões em rápida sucessão. Um morador da capital, Nicósia, disse que sua casa tremia, sacudindo persianas.

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O presidente do Líbano, Michel Aoun, convocou uma reunião de emergência do Conselho de Defesa Supremo, de acordo com uma postagem do Twitter oficial da presidência. O primeiro-ministro, Hassan Diab, decretou luto nacional para a quarta-feira. "Uma grande catástrofe atingiu o Líbano hoje", declarou Diab.

Em um duro pronunciamento na TV, Diab disse que aqueles responsáveis pelas explosões "vão pagar o preço". "Eu prometo a vocês que essa catástrofe não ficará sem que seus responsáveis sejam punidos. Eles pagarão o preço", disse Diab.

Segundo a agência de notícias estatal, a fonte da explosão foi um incêndio em um armazém com produtos inflamáveis confiscados nas proximidades do porto, mas as causas não foram ainda esclarecidas. Os primeiros relatos são de que se trata de material como nitrato de amônio.

"Os fatos sobre este armazém perigoso que existe desde 2014 serão anunciados e eu não irei antecipar as investigações", disse o primeiro-ministro.

Hospitais da cidade ficaram lotados e chegaram a recusar feridos por falta de capacidade para atendimento. A Cruz Vermelha libanesa afirmou que qualquer ambulância disponível no norte ou sul do país e em Bekaa seria enviada para Beirute.

Nas redes sociais, moradores relatam que janelas de edifícios e vitrines de lojas estilhaçaram. Conversando com repórteres, o chefe de segurança interna do Líbano, Abbas Ibrahim, se recusou a especular sobre a causa da explosão dizendo "não podemos antecipar as investigações".

Nas proximidades do distrito portuário, os danos e a destruição são enormes. Muitos residentes feridos andavam nas ruas em direção a hospitais e carros foram abandonados nas ruas com os airbags inflados. A mídia local transmitiu imagens de pessoas presas em escombros, algumas cobertas de sangue.

A Casa Branca informou estar acompanhando com muita atenção o desenvolvimento dos fatos ligados à explosão em Beirute. O presidente Donald Trump foi informado e segue de perto os acontecimentos.

Israel e Irã oferecem ajuda

O Irã informou estar pronto para ajudar o Líbano de qualquer maneira necessária, segundo tuíte do ministro das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif. "Nossos pensamentos e orações estão com o grande e resiliente povo do Líbano. Como sempre, o Irã está totalmente preparado para prestar assistência de qualquer maneira necessária. Mantenha-se forte, Líbano", Zarif tuitou.

O ministro da Defesa de Israel, Benny Gantz, também ofereceu ajuda e assistência humanitária logo em seguida. "Israel abordou o Líbano pelos canais diplomáticos e de segurança internacional e ofereceu assistência médica e humanitária ao governo libanês", informou Gant, em um comunicado conjunto com o ministro das Relações Exteriores, Gabi Ashkenazi.

Há uma semana, após meses de relativa calma, Israel disse que frustrou um ataque "terrorista" e abriu fogo contra homens que cruzaram a "Linha Azul" entre o Líbano e Israel.

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, atribuiu a infiltração ao Hezbollah, um movimento armado pró-iraniano muito influente no sul do Líbano e que o Estado judeu considera como seu inimigo. Acusado de "brincar com fogo", o Hezbollah negou qualquer envolvimento.

Crise sem precedentes

O Líbano atravessa sua pior crise econômica em décadas, marcada por depreciação monetária sem precedentes, hiperinflação, demissões em massa e restrições bancárias drásticas, que alimentam há vários meses o descontentamento social.

Na sexta-feira, o Tribunal Especial do Líbano (STL), com sede na Holanda, deve emitir seu veredicto no julgamento de quatro homens, todos suspeitos de serem membros do Hezbollah, acusados de participar do assassinato do ex-primeiro-ministro Rafiq Hariri.

Em 14 de fevereiro de 2005, um atentado com uma caminhonete carregada de explosivos atingiu o comboio de Hariri, matando-o com outras 21 pessoas e ferindo mais de 200. A explosão causou chamas de vários metros de altura, quebrando as janelas dos prédios em um raio de meio quilômetro. (Com agências internacionais)

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