O entorno do estádio Jornalista Edgar Proença, o Mangueirão, chamava atenção. As pessoas presentes estavam uniformizadas, mas não vestiam as cores dos clubes mais tradicionais de Belém – azul celeste e branco, ou azul marinho. As cores da vez eram outras: preto, vermelho, verde, lilás, entre outras.
Na entrada pela rodovia Augusto Montenegro, três meninas vestidas com a mesma camisa, somente a numeração era diferente, conversavam e uma delas segurava uma bola oval. Eram jogadoras do Night Flowers, time feminino de "Flag Football" (falaremos mais à frente) de Belém.
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O domingo (13 de dezembro) foi histórico. Um desafio de futebol americano tomou conta do maior estádio do Pará, o “Mangueirão”. O Outland Soldiers, time local, enfrentou o Amazon Black Hawks, tricampeão amazonense, em desafio válido pelo I Soldiers Bowl.
O público, de mais ou menos duas mil pessoas, era formado por gente de todas as idades. Muitas famílias compareceram ao evento para viver momentos de descontração. Além delas, jogadores de outros times também fizeram questão de marcar presença no espetáculo.
“Além de jogar o futebol americano, vim à partida para conhecer o adversário, o time do Outland Soldiers, sobretudo os jogadores de ataque da equipe. Ano que vem, teremos a Copa Norte e o Campeonato Paraense. Penso ser fundamental que todos os times se unam para prestigiar o jogo de hoje contribuindo no crescimento do futebol americano no estado”, explicou Luan Tinoco, jogador da linha defensiva do time Vingadores.
"COM VOCÊS, O OUTLAND SOLDIERS!", anunciou o locutor. O público foi ao delírio. Não foi diferente durante a entrada do time visitante. As duas torcidas assistiram à partida lado a lado, em paz, com muita vibração. “Essa é a terceira vez que jogamos em Belém. Nas duas anteriores, enfrentamos o time dos Titans. Ganhamos uma e perdemos a outra. Contra o Soldiers é o primeiro confronto. Jogar fora do nosso estado é uma emoção muito grande, principalmente na dimensão de um estádio como o Mangueirão. Para o time, o jogo de hoje é histórico”, relatou Carlos Allan, defensor do Amazon Black Hawks.
O show não ficou somente dentro das quatro linhas. Durante o evento houve muita interação com o público. As “team leaders” dançaram antes e durante o intervalo da partida. Além de sorteios para os adeptos. Cada ingresso vendido tinha uma numeração a ser anunciada pelo locutor.
Os prêmios foram variados. Dentre eles, bonés, artigos esportivos, vouchers, rodízio de pizza. E não parou por aí, cortes de cabelo e jantares também fizeram parte do sorteio.
O placar final foi favorável ao time visitante: 20 a 8. Os Black Hawks conseguiram três touchdowns e dois field goals; os Soldiers, um TD seguido por uma conversão de dois pontos. Apesar do resultado, o jogador Yuri Felício saiu satisfeito, da partida. “A sensação que fica pós-jogo é a de dever cumprido. Nós queríamos dar um espetáculo ao público e mostrar como é o futebol americano nos Estados Unidos que é encarado como um show, uma atração. Isso que queríamos fazer. Direcionar o estádio Mangueirão para o esporte. Por isso botamos, no campo de jogo, as cores do nosso time para transformá-lo num ambiente de futebol americano. Além disso, interagir com o público por meio de sorteios e benefícios e fazer shows com as team leaders”, disse o linebacker dos Soldiers
Flag - O flag é uma versão do futebol americano, mas sem tanto contato físico. Para parar o ataque adversário, em vez de derrubar os atacantes, os defensores devem retirar uma das fitas presas por um velcro, na cintura dos jogadores de ataque.
O jogo foi desenvolvido como instrumento pedagógico, já que, por conta do pequeno contato físico entre os jogadores do futebol americano, permite que as crianças pratiquem o esporte, graças ao pequeno risco de lesão, além de desenvolverem o espírito de senso coletivo, conforme o site apfaonline.com.br.
“Um dos nossos projetos para o próximo ano é o de botar o flag football até mesmo na grade curricular das escolas, na parte de educação física. O esporte oportuniza as pessoas trabalharem em equipe. É uma modalidade que trabalha muito o coletivo, a união, o respeito, o companheirismo. O flag é um esporte integrador. Todos podem participar, não importando a altura ou o porte físico da pessoa”, explicou Hugo Magalhães, presidente da Federação Paraense de Futebol Americano (FEPAFA), fundada em 2012.
Durante o intervalo do I Soldiers Bowl houve uma demonstração do que é o Flag Football. Os times que se enfrentaram foram os Night Flowers e os Sirens, duas equipes femininas da modalidade. “É uma grande honra para todo o time ter jogado no estádio Mangueirão. O companheirismo que existe no time é inexplicável. É uma irmandade. Todo mundo se ajuda prestando apoio. Os técnicos são excelentes. Conseguimos pôr em prática, no campo de jogo, tudo aquilo que eles ensinaram em três meses”, descreveu a sensação de jogar no maior estádio da capital paraense Vanessa Marquês, Widereceiver dos Sirens.
O primeiro jogo de Flag Football em Belém aconteceu no dia 1° de novembro e envolve os mesmos times, de acordo com a página oficial da entidade:
https://www.facebook.com/FEPAFA/timeline
Tryout - O tryout é um teste que reúne vários fãs do esporte que desejam fazer parte de um time de futebol americano. Em 2015, o Outland Soldiers realizou duas seletivas, uma em cada semestre do ano.
O segundo tryout aconteceu no último sábado (12), um dia antes da realização do I Soldiers Bowl American Football e contou com um total de mais ou menos 60 inscritos. “Já acompanhava futebol americano pela televisão há alguns anos. Gostei bastante do esporte e passei a estudar as regras. Eu tenho um amigo que faz parte do time e ele me informou sobre a seletiva. Me inscrevi e hoje estou aqui tentando ser aprovado”, disse Rodrigo da Silva, militar e participante da seletiva.
Durante os testes, os candidatos fazem vários exercícios de resistência física. Dentre eles, abdominais, flexões e corridas de 100 metros. Não, necessariamente, fazer mais flexões ou correr mais rápido garante uma vaga ao candidato. “O nosso critério de aprovação é a força de vontade do atleta. O desejo dele de fazer parte da equipe, superar os limites e de estar em constante evolução”, ponderou o californiano Cliffton Parker, head coach e quarter back do Outland Soldiers. A meta da seleção é aumentar o número de integrantes da equipe de 65 para 120 jogadores.
Por Octavio Almeida.
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