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Vídeos gravados durante um culto na Assembleia de Deus Campo Grande (ADCG), no Rio de Janeiro, mostram um grupo de evangélicos participando de uma espécie de ritual militar, que mesclou uma mímica das saudações do Exército Brasileiro e passagens bíblicas. Os homens estão trajados com uniformes de estampa camuflada, similar ao das Forças Armadas, e usam boinas vermelhas, como fazem os militares de brigadas paraquedistas. 

Por lei, a atividade seria ilegal. Segundo o Estatuto dos Militares (1941), que orienta o uso de fardas por militares das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), é definido que os trajes são de uso exclusivo em atividade, exceto em eventos oficiais e autorizados. 

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Os fieis gritam trechos da bíblia em tom de ordem, fazem coro, batem continência e até marcham. Eles se identificam como o "Coral Masculino de Vozes do Jordão (CMVJ", um departamento da igreja exclusivo aos homens. O lema do departamento é “juntos somos fortes”, mote popularizado pelo bolsonarismo. 

"O que Ele faz hoje tu não sabes, mas verás depois. Ele é o que é e ai do homem se quiser ser maior do que Ele. Ele não aceita que o seu nome seja escarnecido. Queremos trazer à igreja um pequeno resumo de quem é o 'Eu sou o que sou'. Ele é Jesus, o Deus dos deuses, senhor dos senhores", prega o grupo, em coro, em um dos trechos de vídeo. 

A Assembleia de Deus de Campo Grande é liderada pelo casal de pastores Alessandro e Aline Malafaia, que, apesar do nome da igreja e sobrenome em comum, não têm relações diretas com o bolsonarista Silas Malafaia. Os homens fardados que aparecem nos vídeos não foram identificados.

Após os atos criminosos vistos nesse domingo (8), praticados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou uma Intervenção Federal na Segurança do Distrito Federal até o dia 31 de janeiro. Desde o dia 30 de outubro de 2022, após o resultado da eleição presidencial, que terminou com a vitória do petista como o 39º presidente da República, foram realizados vários protestos por parte de bolsonaristas em frente aos quartéis militares que, inclusive, pediam uma intervenção militar na tentativa de reverter o resultado do pleito eleitoral. Mas você entende esses termos? Sabe o que significam?

Uma Intervenção Militar é um ato realizado pelas Forças Armadas, compostas pelo Exército, Marinha e Aeronáutica, com o objetivo de intervir no Estado. Com a interferência, a autoridade máxima do país, instituída por meio de eleições diretas, é derrubada e o conjunto militar assume o controle nacional.

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Um cenário de intervenção militar já foi visto antes pelos brasileiros, onde em 1964 os militares tomaram o controle do país em um movimento que durou 21 anos, período que ficou conhecido como ditadura militar.

Já o ato de intervenção federal é acobertado pela Constituição Federal, como observa o professor e historiador Felipe Domingues.

“A intervenção federal, é constitucional, está no artigo 34 da Constutiução e tem por objetivo preservar a ordem, e não significa que o governador ou o prefeito está deposto do cargo Executivo, e é temporária, diferente de uma intervenção militar que é inconstitucional como a de 1964 que roubou 21 anos da nossa história brasileira, essa sim rasgou a Constituição depondo o presidente legítimo João Goulart”, pontuou.

Já o professor Mardock, destaca que, diferente da intervenção militar, a Federal não pode ser implantada pelas Forças Armadas. O historiador explica quais as diferenças entre elas e como cada uma pode acontecer.

“Segundo a Constituição, a intervenção federal só pode ser decretada por iniciativa do Executivo, do Legislativo ou do Judiciário. Logo, a intervenção federal é uma medida extraordinária, emergencial, prevista na Constituição Brasileira, que ocorre quando o Governo Federal entende que precisa agir para garantir a integridade do país, a ordem pública, o exercício da autoridade dos três Poderes, a organização das finanças, o respeito à Lei e à Justiça ou os princípios constitucionais em algum dos estados brasileiros”, explica o professor.

Mardock destaca ainda que a intervenção militar não é prevista na Constituição e seria uma afronta às regras democráticas brasileiras. “A ocorrência de algo do tipo significaria que o comando político sairia das mãos dos Poderes constituídos e passaria a ser exercida, à força, pelos militares. Ou seja, o governador e até mesmo o presidente deixariam de gerir as decisões públicas, passando as autoridades a serem definidas pela hierarquia militar, em um regime de exceção”, finaliza.

Abordagem no Enem

Para os candidatos que vão realizar a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), alguns pontos podem ser imprescindíveis na hora de estudar sobre o assunto. O professor e historiador, Marco Aurélio, pontua alguns deles. Vale ressaltar que o Enem 2023 já tem data marcada para acontecer, 5 e 12 de novembro.

“Existem vários eventos históricos que foram marcados por intervenções militares, com ênfase bastante significativa a três eventos históricos muito importantes para a consolidação da história do Brasil de maneira geral. A queda do segundo reinado, com Dom Pedro II e a institucionalização de um governo militar com o Deodoro da Fonseca e, posteriormente com Floriano Peixoto, nós vamos ter também atritos militares durante a década de 20 do século passado, por conta da crise da República Velha, associado a todo o conceito do pós-guerra, por exemplo, além do próprio período da ditadura militar”, pontou.

Já o professor Felipe Gadelha, destaca que a questão também pode ser pontuada de forma conceitual no Enem, como por exemplo, a diferença entre golpe e o que é uma revolução.

“Isso pode ser abordado de forma mais conceitual no Enem, fazendo a diferencial do que é um golpe e do que é uma revolução. O golpe ocorre de cima para baixo, quando setores da elite fazem um trânsito político, mas sem a participação da população, como foi em 64, o que é diferente numa Revolução, que tem participação popular”, ressaltou.

Mesmo antes de assumir a presidência e durante o período de mandato, o presidente da República Jair Messias Bolsonaro exalta os militares e questiona fatos históricos acerca da violência do Regime Militar. Ele tem apoio de outros membros do alto escalão do governo, entre eles o ministro da Educação, Abraham Weintraub, que frequentemente afirma que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não trará questões com “ideologia” na prova. Diante desses posicionamentos públicos, o professor de história José Carlos Mardock analisa que, na prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), os temas ligados à disciplina podem trazer uma exaltação ao militarismo.

Guerra do Paraguai e República da Espada

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“Dê ênfase à formação do exército. Nós temos Guerra do Paraguai, que foi um divisor de períodos. O espírito do corpo militarista surge e se valoriza ainda no século XIX com a Guerra do Paraguai, os militares voltam defendendo a República, a abolição do trabalho escravo, voltam valorizando princípios da cidadania do novo país. Proclamam a República e aí você vai ter o Marechal Deodoro e o Marechal Floriano Peixoto”, orientou o professor.

A República da Espada, como ficou conhecido o período em que o Brasil foi governado por presidentes militares, também foi destacado pelo professor Mardock, com atenção especial ao governo do Marechal Floriano Peixoto. “Ele conseguiu consolidar a República, que no período vivia uma grave crise econômica. Era a crise do encilhamento (crise gerada pelo jurista Rui Barbosa e que persistiu até 1930). Nós temos um pacote econômico que fará parte de todas as leis econômicas praticadas desde a formação do Estado Republicano a década de 80 com a Nova República. O grande “papa” da organização econômica, da estrutura, está lá: Floriano”, disse o professor.

Abordagem do Regime Militar 

Perguntado se o Regime Militar do Brasil, que foi de 1964 a 1985, deverá ser abordado na próxima edição do Enem como uma época sem opressões, violência ou repressão, o que contraria a construção de conhecimento histórico que se tem acerca do período, o professor José Carlos Mardock diz acreditar que as questões devem tratar de um regime militar “florido”. 

“[O Regime Militar]  ganha um eufemismo, uma nova cor, uma nova luz, colocando os militares como peça chave para impedir a invasão comunista no Brasil. O presidente já deu ênfase a isso, o discurso usado na época populista ‘O Brasil não será uma outra Cuba’, foi esse o discurso dele”, disse o professor.  

Diante de declarações do presidente Bolsonaro, que nega fatos históricos a respeito do que aconteceu durante o Regime Militar e questiona o trabalho de apuração das violações de direitos humanos e crimes cometidos pelos militares na época, muitos estudantes podem se sentir inseguros com a possibilidade de questões do Enem apresentarem enunciados e alternativas que contrariem o conhecimento construído através dos livros e das aulas. Questionado sobre o que fazer caso acontecer de o fera se deparar, na hora da prova, com uma situação como essa, o professor Mardock explicou que qualquer questão que contrarie o conhecimento historicamente reconhecido não pode ter validade. 

“Até agora não foi apresentado qualquer documento comprovando o contrário do que  afirmam os livros, documentos, depoimentos, documentários nacionais e internacionais, todos oficiais, ou seja, abalizados por órgãos competentes civis e militares. Logo, uma questão que traga outro entendimento que não o reconhecido na esfera oficial seria derrubada, as escolas, cursinhos e professores vão se manifestar contra qualquer análise sem fundamento apresentada”, disse ele. Veja mais detalhes no vídeo a seguir:

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O presidente russo, Vladimir Putin, e seu equivalente turco discutiram nesta segunda-feira um acordo de mísseis que desagrada os Estados Unidos, além de uma cooperação militar mais próxima, durante a visita de Recep Tayyip Erdogan a Moscou.

Os dois lados devem "fortalecer a cooperação na esfera técnico-militar", disse Putin a Erdogan quando se reuniram no Kremlin.

"Isso está relacionado, em primeiro lugar, ao fim do contrato para fornecer sistemas de mísseis antiaéreos S-400 para a Turquia", disse o presidente russo.

"Há outros projetos promissores na agenda relacionados ao fornecimento de produtos militares russos modernos à Turquia", acrescentou.

O acordo de mísseis da Turquia, membro da Otan, pôs à prova as relações deterioradas com Washington.

O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu para a Turquia escolher entre o sistema de defesa russo e os caças americanos F-35, que Ancara também quer adquirir.

Washington disse na semana passada que suspenderia a participação da Turquia no programa de seu avião militar F-35 se Ancara adquirir os sistemas antimísseis russos S-400.

Os Estados Unidos temem que a tecnologia das baterias S-400 possa ser usada para coletar dados tecnológicos sobre aeronaves militares da Otan e que a Rússia possa acessá-los.

Na semana passada, o secretário de Defesa dos EUA, Patrick Shanahan, disse estar confiante de que a Turquia abandonaria o plano e, ao invés disso, compraria o sistema de mísseis Patriot dos Estados Unidos.

Erdogan disse na sexta-feira que o processo de compra deste sistema de defesa antimísseis russo S-400 "está concluído" e que as primeiras entregas serão feitas em julho.

A visita de Erdogan à Rússia nesta segunda-feira é a terceira deste ano.

Fabricar uma bomba atômica e colocá-la em um míssil balístico, como a Coreia do Norte tem a ambição de fazer, é um processo complexo que começa nas minas de urânio e termina com a miniaturização da carga nuclear.

O urânio, matéria-prima

Existem duas maneiras de fabricar uma bomba atômica: utilizar urânio enriquecido ou plutônio, que surge da combustão do urânio. O urânio está relativamente espalhado na crosta terrestre, tanto no solo com sob os oceanos.

Cerca de 20 países contam com minas operacionais de urânio. De acordo com a World Nuclear Association, mais de dois terços da produção de urânio têm origem no Cazaquistão (39%), Canadá (22%) e na Austrália (10%). Entre os outros grandes produtores destacam-se Rússia, Níger e Namíbia.

O urânio natural é formado por dois tipos de isótopos: o urânio 238 (99,3%) e o urânio 235 (0,7%). Mas somente este último pode ser usado como combustível nuclear.

Para obter o combustível necessário para fabricar uma arma nuclear deve-se enriquecer o urânio, ou seja, aumentar sua proporção de U-235. Em primeiro lugar, o mineral é triturado e utilizam soluções alcalinas para extrair o urânio.

Depois de secá-lo, obtém-se um concentrado sólido de urânio chamado "yellowcake" que, ligeiramente aquecido, passa para o estado gasoso e pode então ser enriquecido.

Enriquecer o urânio

O enriquecimento se refere à operação que consiste em separar o urânio 238, mais pesado, do urânio 235, mais leve, com centrífugas. São necessárias milhares de centrífugas para obter um volume considerável de urânio enriquecido. Poucos países no mundo contam com esse tipo de instalação grande e cara. Uma vez enriquecido, o urânio pode ser usado de diferentes formas, segundo o nível de concentração de U-235.

O urânio ligeiramente enriquecido (3,5% a 5%) é utilizado como combustível nas centrais nucleares para produzir energia. A um alto grau (90%), pode servir para fabricar uma bomba atômica (urânio de "qualidade militar"), com a condição de dispor de uma quantidade suficiente ("massa crítica") para provocar uma reação em cadeia que causará uma explosão nuclear.

Uma bomba atômica requer 25 quilos de urânio enriquecido, ou oito quilos de plutônio. No mundo existe suficiente plutônio e urânio enriquecido para fabricar o equivalente a 20.000 bombas como a de Hiroshima, segundo o Painel Internacional sobre materiais físseis, um grupo de especialistas.

Como funcionam as bombas A e H?

A bomba A, conhecida como "bomba atômica", funciona com uma reação em cadeia. Trata-se de quebrar o núcleo de um átomo enviando nêutrons para este ponto, de maneira que esse fenômeno se repita multiplicando-se por dois a cada vez. Este crescimento exponencial libera uma energia enorme, um calor muito forte, uma explosão e emite radiação. Este processo é conhecido como fissão.

Detalhadamente, mediante uma carga explosiva, lança-se um bloco de urânio 235 contra outro. Os átomos se rompem no impacto, provocando a reação em cadeia e a explosão da bomba. Outra configuração possível: colocar explosivos ao redor de uma bola de plutônio e ativá-los ao mesmo tempo. Com esta pressão os átomos se rompem.

A bomba H, também conhecida como bomba termonuclear, funciona a partir de um processo de fusão nuclear. Vários átomos leves são comprimidos até o ponto de se unirem e liberarem uma quantidade de energia superior à temperatura e pressão solar.

Na parte superior desta megabomba há uma bomba A clássica, que serve para prender o dispositivo. Sua fissão gera um calor intenso que se reflete nas paredes da parte inferior e desencadeia a fusão.

A bomba H é muito mais poderosa que a bomba A. A bomba atômica lançada sobre Hiroshima em 1945 tinha uma potência de 15 quilotons, ou 15 mil quilos de TNT. A bomba H libera uma energia de vários megatons, o que equivale a milhões de quilos de TNT.

Por enquanto não foi utilizada nenhuma bomba de hidrogênio fora dos disparos de teste.

Balística e miniaturização: últimos passos

Existem três possibilidades de lançar um míssil ("vetor") carregado com uma ogiva nuclear: por avião, do solo, ou de um submarino. Quando a bomba é lançada por um míssil, o desafio tecnológico é duplo. É necessário ser um especialista em balística (alcance e precisão do míssil) e saber miniaturizar a carga nuclear.

Em termos de balística, a ogiva de um míssil intercontinental (ICBM), com um alcance muito longo, deve ser capaz de suportar um voo de milhares de quilômetros, assim como de retornar à atmosfera para alcançar seu objetivo, fase durante a qual o atrito o submete a temperaturas e vibrações extremamente altas.

A técnica de miniaturização também é essencial. Trata-se de fazer com que a bomba seja suficientemente compacta para montá-la na ogiva do míssil, mas também suficientemente robusta para sobreviver a um disparo de míssil balístico intercontinental.

Miniaturizada, a bomba atômica ocupa um pequeno espaço no míssil, que contém principalmente combustível para sua propulsão. Um míssil pode estar carregado com várias ogivas nucleares que podem alcançar objetivos diferentes.

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