O ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, Aloizio Mercadante, disse nesta quarta-feira (18) ao jornal "O Estado de S. Paulo" que o governo estuda a ampliação de 25% para 27,5% na mistura do etanol anidro na gasolina. O ministro descarta aumentar a mistura de 25% para 26%. A ideia do governo é chegar ao porcentual mais alto, como deseja o setor sucroalcooleiro, ressalvando, no entanto, que qualquer mudança depende de estudo que será realizado, com acompanhamento e anuência dos representantes dos fabricantes de carros e motos, que atestarão se os veículos comportam a ampliação da mistura.
O estudo está sob responsabilidade do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e do Centro de Pesquisa da Petrobras e deverá ser concluído em dez semanas. Dessa forma será possível certificar que uma adição maior de etanol anidro à gasolina não será prejudicial ao motor dos carros e também não causará impacto ambiental. Todos os setores interessados acompanharão o estudo.
##RECOMENDA##
Mercadante disse que, no momento, a Anfavea "não assume e não atesta" o aumento da adição de etanol de 25% para 27,5%. "Esta é a única razão pela qual o governo não aumentou ainda para 27,5% porque precisa ter o aval do fabricante do veículo, para dar segurança ao consumidor que esta mistura não trará nenhum dano às peças, ao desempenho do veículo e à durabilidade do motor, além do impacto ao meio ambiente, de emissões."
Os fabricantes de veículos, no entanto, "concordaram que vão reconhecer o estudo", segundo o ministro, para verificar qual é a mudança possível e se é factível chegar aos 27,5%, como o governo quer. Por isso, salientou, "todos vão acompanhar o estudo passo a passo e vão atestar o que dá pra fazer". Mercadante insistiu que o compromisso de que todos reconhecerão o resultado da pesquisa é fundamental porque vai dar segurança ao governo de que não haverá problemas com o motor dos automóveis e motos. "Tendo essa segurança, o governo fará a mudança para 27,5%", avisou.
Encontro
O ministro da Casa Civil lembrou que na semana passada houve uma reunião com representantes do setor sucroalcooleiro, da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e dos ministérios de Minas e Energia (MME) e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Nesse encontro a Anfavea observou que antes de alterar a mistura era indispensável haver a segurança que somente a conclusão do estudo técnico poderia oferecer. Na ocasião, entretanto, a presidente da União da Indústria da Cana de Açúcar (Única), Elizabeth Farina, disse ter saído com uma "impressão firme de que medidas serão tomadas em benefício do setor".
De acordo com Mercadante, hoje seria concluído o plano de ação do estudo, definindo, por exemplo, as peças dos veículos que serão monitoradas, para verificar o impacto do aumento da mistura de álcool na gasolina nos motores. Daí, em seguida, o estudo para avaliação do impacto do aumento da mistura de álcool na gasolina de 25% para 27,5% será realizado, com total acompanhamento dos interessados no assunto, que participaram do encontro na Casa Civil, na semana passada. A conclusão do estudo deve ser conhecida somente em agosto.
Margem
Caso o estudo sobre a mudança de adição de álcool à gasolina seja aprovado, o governo promoverá alteração da legislação. Isso porque atualmente a regra em vigor permite 25% de adição, com margem de um ponto porcentual para cima ou para baixo, justificou o ministro. Na prática, portanto, o teto atualmente em vigor é de 26%. Mercadante assegurou que não haverá dificuldade no caso da necessidade de mudar a legislação.
O ministro também reforçou que quer usar o dinheiro do Inovar Auto, a política industrial de estímulo voltada para as montadoras, para que sejam realizadas outras pesquisas que levem ao aumento da eficiência energética dos carros flex. "É preciso aumentar a eficiência do motor do carro a álcool, é preciso aumentar a eficiência energética do etanol", disse ele, citando que hoje "tem uma diferença de 30% da eficiência" do álcool comparado à gasolina.
Depois de citar que 65% da frota de carros do País é flex, o ministro da Casa Civil ressaltou que se houver aumento da eficiência do motor a etanol, será possível melhorar a competitividade sistêmica do etanol de forma permanente.