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A partir desta segunda-feira (27), o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Sílvio Almeida, participa da 52ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, na Suíça. Ele viaja acompanhado da secretária nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, Symmy Larrat.

A sessão da ONU vai até sexta-feira (3) e será a primeira do ano com o chamado Segmento de Alto Nível que conta, neste primeiro momento, com a participação de ministros de pastas ligadas à temática dos direitos humanos.

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O discurso de Almeida, durante a reunião, deverá ocorrer às 15h (horário local), quatro horas à frente de Brasília. A fala será transmitida ao vivo pela ONU.

Até sexta-feira, Sílvio Almeida manterá reuniões bilaterais com chefes de delegações da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e com a chanceler do Chile, Antonia Urrejola Noguera. Na agenda do ministro está prevista participação no evento Perspectivas brasileiras sobre os desafios dos direitos humanos: sustentando o multilateralismo e a cooperação internacional.

Na quinta-feira (2), às 16h (horário de Genebra), o ministro concederá entrevista na sede da Missão Permanente do Brasil junto à ONU e demais Organismos Internacionais.

O conselho é um órgão intergovernamental da ONU, composto por 47 Estados responsáveis ​​pela promoção e proteção dos direitos humanos em todo o mundo.

*Com informações do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania

O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Mikhail Galuzin, afirmou que o país está analisando as iniciativas de paz do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a guerra na Ucrânia. O presidente brasileiro tem se movimentado no sentido de construir as bases de um acordo para o fim das hostilidades no Leste Europeu. O Brasil sugeriu à Organização das Nações Unidas (ONU) a inclusão de um trecho nesse sentido em uma resolução votada e aprovada nesta quinta-feira (23) na Assembleia Geral da entidade.

“Nós tomamos nota das declarações do presidente do Brasil em relação a uma possível mediação para encontrar caminhos políticos para prevenir uma escalada de violência na Ucrânia, corrigindo erros de cálculo no campo da segurança internacional nas bases do multilateralismo e considerando os interesses de todos”, disse Galuzin à agência de notícias russa Tass. “Estamos examinando as iniciativas, principalmente do ponto de vista da política equilibrada do Brasil e, é claro, levando em consideração a situação ‘em campo’”, completou.

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Lula tem se posicionado contra tomar lado no conflito entre russos e ucranianos e, inclusive, se negou a enviar munição para tanques do exército ucraniano. Na avaliação do governo brasileiro, a medida seria entendida como uma participação do Brasil na guerra. Essa postura chamou a atenção da Rússia que passou a considerar o Brasil como um mediador em potencial.

O vice-ministro russo destacou ainda a boa relação que tem com o país sul americano, com quem tem laços mais estreitos no G20 e no Brics, este último um bloco econômico composto, além dos dois países, apenas por China, Índia e África do Sul. Ao mesmo tempo, elogiou a postura considerada firme de Lula a não ceder aos apelos dos Estados Unidos para enviar munição aos ucranianos. “Estamos vendo como Washington está colocando pressão no Brasil. Tamanha postura de soberania merece respeito”.

Uma mulher morre a cada dois minutos no mundo durante o parto ou por complicações vinculadas à gravidez, apesar da queda de um terço na taxa de mortalidade materna nas últimas duas décadas, alerta a ONU.

A gravidez continua sendo uma "experiência extremamente perigosa para milhões de pessoas no mundo que não têm acesso a serviços de saúde respeitosos e de boa qualidade", lamentou o diretor geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, em um comunicado.

De acordo com as agências da ONU que elaboraram o relatório, 287.000 mulheres morreram durante a gravidez ou o parto em 2020, o que significa uma a cada dois minutos. No ano 2000, o número chegou a 446.000.

O resultado de 2020 representa uma leve queda na comparação com as 309.000 mortes registradas em 2016, quando entraram em vigor os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

Embora o documento destaque os progressos alcançados na redução do número de mortes entre 2000 e 2015, o texto alerta que, desde então, as conquistas permanecem estagnadas. Em alguns casos foram registrados retrocessos.

A nível mundial, a taxa de mortalidade materna caiu 34,3% entre 2000 e 2020. O índice representa o número de óbitos maternos para cada 100.000 nascimentos vivos.

No período, o país que registrou a queda mais expressiva (-95.5%) foi Belarus, com uma morte materna para cada 100.000 nascimentos em 2020, contra 24 em 2000.

Do lado oposto está a Venezuela, com 259 mortes maternas para cada 100.000 nascimentos em 2020, contra 92 em 2000, um aumento de 182,8% da taxa de mortalidade materna.

As estatísticas "mostram a necessidade urgente de garantir que todas as mulheres e meninas tenham acesso a serviços essenciais de saúde antes, durante e depois do parto. E que possam exercer plenamente seus direitos reprodutivos", enfatizou Tedros.

O relatório mostra que entre 2016 e 2020 as taxas de mortalidade materna caíram em apenas duas das oito regiões da ONU: Austrália e Nova Zelândia (35%) e Ásia Central e do Sul (16%).

Falta de 900.000 parteiras

Em duas das oito regiões das Nações Unidas - Europa/América do Norte e América Latina/Caribe - a taxa de mortalidade materna aumentou no período, 17% e 15% respectivamente.

As mortes são registradas em sua maioria nas regiões mais pobres do mundo e nos países em conflito.

Em 2020, quase 70% dos óbitos aconteceram na África subsaariana, onde a taxa de mortalidade é "136 vezes mais elevada que na Austrália ou Nova Zelândia", afirmou a autora do relatório, a doutora Jenny Cresswell.

Em nove países que sofrem graves crises humanitárias (Iêmen, Somália, Sudão do Sul, Síria, República Democrática do Congo, República Centro-Africana, Chade, Sudão e Afeganistão), a taxa de mortalidade materna foi o dobro da média mundial.

As principais causas das mortes são hemorragias agudas, hipertensão arterial, infecções relacionadas à gravidez, complicações provocadas por abortos realizados em ambientes inseguros e condições subjacentes que podem ser agravadas com a gravidez (como HIV/aids e malária).

Todas as causas podem ser prevenidas e tratadas, insiste a OMS, que também destaca a importância do atendimento pré-natal e dos cuidados pós-parto.

A OMS também considera "fundamental" que as mulheres controlem sua saúde reprodutiva.

"Podemos e devemos fazer melhor com investimento urgente em planejamento familiar e cobrindo uma escassez global de 900.000 parteiras", afirmou a diretora executiva do Fundo das Nações Unidas para a População, a doutora Natalia Kanem, em um comunicado.

O médico Anshu Banerjee, da OMS, afirmou que os números posteriores a 2020, que ainda não foram publicados, não apresentam um bom presságio devido aos efeitos da pandemia de covid-19 e da crise econômica.

A ONU fez um apelo nesta quarta-feira por doações para ajudar a enfrentar as "imensas necessidades" de milhões de pessoas sem moradia ou alimentos após o terremoto que deixou quase 40.000 mortos na Turquia e na Síria.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu aos Estados membros da organização que contribuam "sem demora" com 397 milhões de dólares para assegurar "a ajuda humanitária da qual precisam desesperadamente quase cinco milhões de sírios", começando por "abrigo, atendimento médica e alimentos".

Guterres disse que em breve será apresentado um pedido similar para ajudar a Turquia.

"As necessidades são imensas e sabemos que a ajuda para salvar vidas não está chegando na velocidade e escala necessárias", insistiu Guterres.

"Uma semana depois dos terremotos devastadores, milhões de pessoas na região lutam para sobreviver, sem moradia e em temperaturas glaciais", acrescentou.

Na terça-feira à noite, o balanço da tragédia era de 39.106 mortos: 35.418 na Turquia e 3.688 na Síria.

A ONU já afirmou que os números devem aumentar de maneira expressiva.

"Estamos assistindo a pior catástrofe natural na região europeia da OMS em um século e a ainda estamos medindo a dimensão", afirmou uma fonte da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Na terça-feira, as equipes de resgate encontraram quatro pessoas com vida nos escombros na Turquia.

Um casal sírio de Antakya, uma das cidades mais afetadas pelo terremoto, exclamou "Alahu akbar" (Alá é maior) depois do resgate. Eles passaram quase 210 horas nos escombros após o terremoto de 7,8 graus de 6 de fevereiro.

Dois irmãos foram resgatados depois de 198 horas sob os escombros.

Com 17 e 21 anos, os jovens afirmaram que sobreviveram consumindo proteína em pó.

"Estava tranquilo, sabia que seria salvo. Eu rezei. Conseguia respirar sob as ruínas", comentou um deles ao canal NTV.

Porém, apesar dos pequenos milagres, as possibilidades de encontrar sobreviventes nos edifícios que desabaram são quase nulas.

- Resignação -

"As equipes que vieram até aqui deixaram claro que procuram sobreviventes. Trabalharam durante dois dias e não encontraram nenhum", lamentou Cengiz, um soldado de 50 anos de Antakya com cinco parentes presos entre os escombros.

"Entendemos que a atenção está voltada para os sobreviventes, mas temos o direito de reclamar os corpos de nossos familiares", declarou, com resignação, Hussein, que esperava localizar a esposa de seu irmão e seus quatro filhos.

Nas atuais circunstâncias, a prioridade agora é a assistência para centenas de milhares - que podem chegar a milhões - de pessoas cujas casas foram destruídas pelos terremotos.

"Atendemos às necessidades de alojamento de 1,6 milhão de pessoas. Quase 2,2 milhões de pessoas foram retiradas ou abandonaram as províncias (atingidas)", afirmou o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, na terça-feira, após uma reunião do governo.

- Zonas rebeldes -

No lado sírio, pela primeira vez desde 2020 um comboio de ajuda entrou na terça-feira nas zonas rebeldes do norte do país depois de atravessar a passagem de fronteira de Bab al-Salama, no limite com a Turquia.

O comboio era integrado por 11 caminhões da Organização Internacional para as Migrações (OIM), carregados com barracas, colchões, cobertores, tapetes e outros produtos.

O posto de fronteira de Bab al-Salama liga o território turco ao norte da província de Aleppo, controlada por facções sírias leais a Ancara.

O local havia sido fechado à ajuda humanitária da ONU por pressão da Rússia, aliada do regime de Damasco.

As zonas fora de controle do governo sírio no norte de Aleppo e na província de Idleb (noroeste), onde moram quase três milhões de pessoas, estão entre as mais devastadas pelo terremoto na Síria.

A Síria anunciou a abertura de duas novas passagens de fronteira com a Turquia por um período inicial de três meses para acelerar a chegada de ajuda humanitária.

A ONU pediu nesta quarta-feira (15) a quantia de 5,6 bilhões de dólares para cobrir as necessidades humanitárias ao longo do ano de 11,1 milhões de pessoas na Ucrânia e 4,2 milhões de refugiados que fugiram do país assolado pela guerra.

"Quase um ano depois, a guerra continua provocando mortes, destruição e deslocamentos diariamente, em uma escala assombrosa", afirmou o diretor de operações humanitárias da ONU, Martin Griffiths, em um comunicado.

"Devemos fazer todo o possível para chegar às comunidades mais difíceis de alcançar, incluindo as que estão próximas da linha de frente. O sofrimento do povo ucraniano está longe de acabar, eles continuam precisando do apoio internacional", acrescentou.

Os organismos humanitários das Nações Unidas precisarão este ano de 3,9 bilhões de dólares para ajudar a 11,1 milhões de pessoas Ucrânia e de US$ 1,7 bilhão para atender as necessidades de 4,2 milhões de refugiados e de suas comunidades de acolhida em vários países do leste da Europa.

A maior parte da ajuda aos refugiados será destinada à Polônia, principal país de recepção no leste europeu, e à Moldávia, por onde transitam muitos refugiados antes de seguir para outros países.

As mulheres e as crianças representam 86% da população total de refugiados, segundo a ONU.

"A Europa demonstrou que é capaz de atuar de forma corajosa e coletiva para ajudar os refugiados", declarou o diretor da agência da ONU para os refugiados, Filippo Grandi.

"Porém, não devemos considerar como garantida a resposta nem a hospitalidade das comunidades de acolhida", acrescentou Grandi, que pediu "apoio internacional contínuo (...) até que os refugiados possam retornar para suas casas com segurança e dignidade".

Desde o início da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, as organizações humanitárias trabalham para alcançar toda a população do país: quase 16 milhões de pessoas receberam ajuda e serviços de proteção no ano passado, inclusive em áreas fora do controle do governo ucraniano.

Na Ucrânia, "a guerra afetou profundamente o acesso aos meios de subsistência e perturbou a estabilidade dos mercados, em particular nas províncias do sul e do leste, agravando ainda mais o sofrimento humanitário", destaca o comunicado da ONU.

O chefe da ONU disse nesta segunda-feira (13) que o presidente sírio, Bashar al-Assad, concordou em abrir mais duas passagens fronteiriças para permitir a entrada de ajuda às vítimas do terremoto que deixou mais de 35 mil mortos na região.

Antes da tragédia, quase toda a ajuda humanitária crucial para os mais de quatro milhões de pessoas que vivem em áreas controladas por rebeldes no noroeste da Síria era entregue da Turquia, por meio do cruzamento de Bab al-Hawa.

“A abertura desses pontos de cruzamento, além de facilitar o acesso humanitário, acelerar as aprovações de vistos e facilitar as viagens entre os centros, permitirá que entre mais ajuda, mais rápido”, afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, em um comunicado.

Ele disse que Assad havia concordado em abrir os pontos de travessia de Bab al-Salam e Al-Rai, da Turquia ao noroeste da Síria, por um período inicial de três meses, para possibilitar a entrega oportuna de ajuda humanitária.

Guterres apontou que, dado que o número de vítimas do terremoto segue aumentando e que os sobreviventes estão expostos às duras condições de inverno na Síria devastada pela guerra, entregar “suprimentos vitais para todas as milhões de pessoas afetadas é de suma urgência”.

“Se o regime estiver disposto a colocar em prática essas palavras, isso seria algo bom para o povo sírio”, reagiu o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price.

O anúncio ocorre um dia depois de o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, se reunir com Assad em Damasco para discutir a resposta ao terremoto de magnitude 7,8 que atingiu Síria e Turquia em 6 de fevereiro.

A situação é particularmente grave na área controlada por rebeldes no noroeste da Síria, que não pode receber ajuda de partes do país controladas pelo governo sem autorização de Damasco.

O único cruzamento fronteiriço aberto para suporte a partir da Turquia também teve suas operações interrompidas pelo abalo sísmico.

A ajuda nas zonas controladas pelos rebeldes na Síria costumam chegar através da Turquia por um mecanismo transfronteiriço criado em 2014 por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU.

Mas foi questionado por Damasco e seu aliado Moscou, que os veem como uma violação da soberania síria. Sob pressão da Rússia e China, o número de pontos de cruzamento caiu de quatro para um.

O número de mortos no terremoto na Turquia e na Síria passou de 33 mil neste domingo (12), enquanto a ONU lamentou a demora no envio de ajuda humanitária às zonas sírias devastadas e advertiu que o número final de vítima fatais pode ser mais do que o dobro do atual.

Os últimos balanços falam de 33.179 mortos (29.605 na Turquia, e 3.574, na Síria), pelo terremoto mais violento da região em 80 anos.

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Um novo comboio da ONU chegou ao noroeste da Síria neste domingo, procedente da Turquia, mas o chefe humanitário da ONU, Martin Griffiths, afirmou que é necessário mais apoio para as milhões de pessoas que perderam suas casas no terremoto de magnitude 7,8 há quase uma semana.

"Até agora, falhamos com o povo do noroeste da Síria. Eles têm direito de se sentirem abandonados, esperando por ajuda internacional que não chega", disse Griffiths, acrescentando que "meu dever e minha obrigação é corrigir essa falha o mais rápido possível".

A situação se agrava na Síria, cujo sistema de saúde e infraestrutura global estão sobrecarregados por mais de uma década de guerra civil.

Composto por uma dezena de caminhões com ferramentas de resgate, além de cobertores e colchões, o comboio deste domingo atravessou o posto fronteiriço de Bab al-Hawa, saindo da Turquia, observou um correspondente da AFP.

No sábado (11), falando direto de Kahramanmaras, perto do epicentro do terremoto na Turquia, Griffiths já havia advertido que o número de mortos ainda pode aumentar consideravelmente.

"É realmente difícil estimar de forma muito precisa, porque você tem que chegar debaixo dos escombros, mas tenho certeza de que vai dobrar, ou mais", afirmou Griffiths, no sábado (11), na cidade turca de Kahramanmaras, perto do epicentro do terremoto.

"Já lidamos com muitos conflitos no mundo todo (...) Mas perder 20, 30, ou 40 mil pessoas em uma noite, não vemos isso nem nesses conflitos", continuou Griffiths.

"É assustador", acrescentou.

Em meio a um cenário devastador e a um frio glacial, dezenas de milhares de socorristas locais e estrangeiros trabalham entre as ruínas, em busca de sinais de vida.

Temores pela segurança das equipes de resgate obrigaram, no entanto, que as operações fosse suspensas, e dezenas de pessoas foram presas na Turquia acusadas de cometerem saques após o terremoto, segundo a imprensa estatal.

Uma equipe israelense de voluntários anunciou, hoje, que se retirou, após ameaças "significativas" à sua segurança na Turquia.

- 26 milhões de afetados -

Apesar de todas as dificuldades, casos milagrosos de pessoas encontradas sob os escombros continuam a ser relatados, mas especialistas alertam que as esperanças de encontrar sobreviventes diminuem a cada dia que passa.

No sul da Turquia, um bebê de sete meses chamado Hamza foi resgatado com vida mais de 140 horas após o terremoto em Hatay, e uma adolescente de 13 anos, identificada como Esma Sultan, foi salva em Gaziantep, informou a imprensa pública.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que 26 milhões de pessoas foram afetadas pelo terremoto e lançou um apelo urgente para arrecadar US$ 42,8 milhões para financiar necessidades urgentes de saúde.

Segundo a agência turca para situações de emergência e desastres naturais, cerca de 32.000 pessoas estão mobilizadas nas operações de resgate, além de mais de 8.000 socorristas estrangeiros. Em muitas áreas, porém, as equipes não têm sensores, o que significa que seu trabalho se reduz a escavar, com cuidado, prédios desabados, usando pás, ou mesmo as próprias mãos.

Alaa Moubarak, diretor da Defesa Civil de Jableh, no noroeste da Síria, disse que não recebe equipamentos novos há 12 anos.

"Se tivéssemos esse tipo de equipamento, teríamos salvado centenas de vidas, talvez mais", desabafa.

- Indignação cresce -

O governo da Síria anunciou que aprovou a entrega de ajuda humanitária para áreas rebeldes fora de seu controle na província de Idlib e que o comboio deveria partir no domingo, embora tenha sido adiado posteriormente.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu ao Conselho de Segurança que autorize a abertura de mais postos de fronteira para enviar ajuda para as áreas controladas pelos rebeldes na Síria, partindo da Turquia.

O passar dos dias também aumenta a busca de responsabilidades, especialmente na Turquia, onde a população se revolta com a lentidão da resposta do governo e com a má qualidade das edificações, após o pior desastre em quase um século no país.

As autoridades dizem que mais de 12.000 imóveis foram destruídos, ou gravemente afetados pelo terremoto. Até agora, a polícia prendeu 12 pessoas, incluindo alguns incorporadores imobiliários, pelo desabamento de edifícios.

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A taxa de mortalidade de bebês no primeiro ano de vida na população yanomami atingiu 114,3 a cada mil nascimentos em 2020. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), o número é 10 vezes a taxa do Brasil e supera a dos países africanos Serra Leoa e República Centro-Africana, que estão entre os mais pobres do mundo e têm os maiores índices de mortalidade de crianças. Serra Leoa tinha, em 2020, taxa de mortalidade de 80,5 e a República Centro-Africana, de 77.

Segundo relatório da Missão Yanomami, divulgado pelo Ministério da Saúde, as mortes de bebês recém-nascidos representaram quase 60% dos óbitos em menores de um ano de 2018 a 2022. De acordo com o relatório, isso revela falha na atenção à gestação, ao parto e aos cuidados recebidos no nascimento. O documento indica a desnutrição como uma das principais causas de óbito de crianças. A Missão Yanomami foi realizada de 15 a 25 de janeiro.

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A doutora em nutrição e professora aposentada da Universidade Federal de Pernambuco Sonia Lucena explica que a desnutrição impacta severamente na imunidade das crianças.

Dados coletados desde 2015 apontam frequência de baixo peso. Em 2021, esse índice chegou a 56,5% das crianças yanomami. Quase metade das gestantes estava abaixo do peso em 2022.

A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou, em um relatório nesta terça-feira (7), que as superbactérias resistentes a medicamentos estão proliferando em parte por causa da poluição dos setores farmacêutico e agrícola.

Segundo o texto divulgado, esses patógenos resistentes a medicamentos poderiam matar até 10 milhões de pessoas por ano até 2050.

"É cada vez mais evidente que o meio ambiente desempenha um papel fundamental no desenvolvimento, transmissão e disseminação" da resistência aos medicamentos antimicrobianos (RAM), explica o relatório da Agência Ambiental da ONU.

A resistência aos antibióticos é considerada uma ameaça pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O órgão teme que o mundo caminhe para uma era em que as infecções comuns sofram mutações e voltem a matar.

Eles estimam que um total de 1,27 milhão de mortes em 2019 podem ser atribuídas à infecções resistentes a medicamentos, informa o estudo.

Mais 10 milhões de mortes por ano podem ser registradas até 2050.

O abuso de antibióticos faz parte das causas dessa resistência de bactérias, parasitas e vírus em geral. Entretanto, também está “estreitamente relacionada com a tripla crise planetária de mudança climática, perda da biodiversidade e da natureza, assim como a poluição e o desperdício”.

Relacionada principalmente à indústria farmacêutica e à agricultura, a poluição permite que os antimicrobianos invadam o meio ambiente, a começar pelos rios.

“É um problema real, já que os rios são muitas vezes a fonte de nossa água potável”, disse à AFP o microbiologista Jonathan Cox, da Universidade Aston, na Inglaterra, que não participou do relatório da ONU.

“Trata-se de uma pandemia silenciosa”, enfatizou.

Entre as medidas para combater este problema, a ONU propõe a reciclagem da água utilizada nos laboratórios farmacêuticos e hospitais.

Hoje (27) é celebrado o Dia Internacional em Memórias às Vítimas do Holocausto, conforme a Resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, aprovada em 2005. A data escolhida marca a libertação dos prisioneiros do maior campo de concentração nazista, Auschwitz, na Polônia. Porta-vozes da ONG destacaram que a data é observada no contexto de um “aumento alarmante de antissemitismo” e consideram que o mundo assiste à tentativa de reescrever a história e de distorcer os fatos do Holocausto.

Alguns filmes retratam sobre a perseguição aos judeus, que viviam em condições de vida deploráveis, escravizados até a morte nos campos de extermínio ou em constante fuga, como “A lista de Schindler” (1993), “O Menino do Pijama Listrado” (2008) e “O Diário de Anne Frank” (1959), que retraram esses horrores. Mas há outros longas que também abordam o tema. Confira:

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A amarga sinfonia de Auschwitz (1980) - Capturada pelos nazistas e enviada para Auschwitz, uma musicista é responsável pela tarefa terrível de amenizar a caminhada dos condenados à câmara de gás. O drama ganhou o Prêmio Emmy do Primetime de Melhor Atriz Coadjuvante em Filme, Melhor Roteiro em Filme ou Especial Dramático e Melhor Especial de Drama. Disponível no YouTube. 

A Vida é Bela (1997) - Durante a Segunda Guerra Mundial na Itália, o judeu Guido e seu filho Giosué são levados para um campo de concentração nazista. Afastado da mulher, ele precisa usar sua imaginação para fazer o menino acreditar que estão participando de uma grande brincadeira, com o intuito de protegê-lo do terror e da violência ao redor. O drama recebeu indicações ao Oscar de Melhor Ator, Melhor Trilha Sonora Original, Melhor Filme Internacional, Melhor Direção, Melhor Roteiro Original e Melhor Montagem. Disponível no YouTube e Apple TV. 

Noite e Neblina (1955) - Dez anos após o Holocausto, Alain Resnais (1922-2014) documenta os locais abandonados de Auschwitz enquanto reflete sobre a ascensão da ideologia nazista e as vidas angustiantes dos prisioneiros do campo usando imagens assustadoras de guerra. Disponível na Amazon Prime Video.  

O Fotógrafo de Mauthausen (2018) - Um prisioneiro em campo de concentração, o fotógrafo espanhol Francisco Boix (1920-1951), que conseguiu guardar, esconder e depois mostrar ao mundo uma imensa série de negativos de fotos das atrocidades cometidas no campo de concentração de Mauthausen, na Áustria. O filme recebeu indicações ao Prêmio Goya de Melhor Direção de Produção, Melhor Figurino, Melhor Maquiagem e Cabelo e Melhor Direção Artística. Disponível na Netflix. 

O Pianista (2002) - Um pianista judeu polonês vê Varsóvia mudar gradualmente à medida que a Segunda Guerra Mundial começa. Szpilman (1911-2000) é forçado a ir para o Gueto de Varsóvia, mas depois é separado de sua família durante a operação Reinhard. A partir desse momento, até que os prisioneiros dos campos de concentração sejam liberados, Szpilman se esconde em vários locais entre as ruínas de Varsóvia. O drama recebeu indicações ao Oscar de Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Direção, Melhor Fotografia, Melhor Figurino e Melhor Montagem. Disponível no YouTube. 

 

Cinco milhões de crianças com menos de cinco anos morreram em 2021, um "número alarmante", apesar dos avanços registrados desde o começo do século, alertaram agências da ONU nesta terça-feira (10).

“O fato de 5 milhões de menores terem morrido em 2021 antes de chegarem ao quinto aniversário é alarmante, dada a disponibilidade de conhecimento e de ações para impedir essas mortes”, aponta um relatório elaborado por várias organizações, entre elas Unicef, Organização Mundial da Saúde e Banco Mundial.

Quase metade das mortes (2,3 milhões) ocorreram no primeiro mês de vida, principalmente por complicações durante o parto ou por prematuridade. Após o primeiro mês, doenças infecciosas, principalmente pneumonia, diarreia e malária, são as principais ameaças.

O relatório destaca que essas "mortes intoleráveis" eram "amplamente evitáveis", uma vez que as crianças poderiam ter recebido um atendimento melhor durante o parto, uma alimentação melhor, vacinas ou água de melhor qualidade.

Enquanto a pandemia dificultou as campanhas de vacinação, 2 milhões de menores foram privados de vacinas essenciais em 2021 em relação a 2020, e 6 milhões a menos do que em 2019, assinala o relatório.

As agências, no entanto, veem sinais positivos. A taxa de mortalidade de menores de cinco anos caiu 50% desde 2000 e a de mortes no parto, 35%.

Em 2021, o número de bebês natimortos foi estimado em 1,9 milhão, de acordo com um segundo relatório das mesmas agências divulgado nesta terça-feira. Mas "desde 2010 é registrada uma desaceleração clara dos avanços", ressaltam as agências.

“Na ausência de medidas rápidas que permitam melhorar os serviços de saúde, as organizações internacionais preveem cerca de 59 milhões de mortes de menores e jovens até 2030, às quais se somarão 16 milhões de natimortos”, advertem.

O relatório destaca as desigualdades no mundo, com menores que não têm as mesmas chances de sobrevivência de uma região para outra. As crianças da África Subsaariana correm o maior risco de morrer antes dos 5 anos, seguidas pelas do Sudeste Asiático.

"Vontade e liderança política são indispensáveis para garantir um financiamento perene dos cuidados básicos de saúde, um dos investimentos mais úteis que os países e parceiros do desenvolvimento podem fazer", comentou Juan Pablo Uribe, do Banco Mundial.

O Irã criticou, nesta quinta-feira (15), os Estados Unidos após sua expulsão de uma comissão da ONU sobre os direitos das mulheres por sua gestão dos protestos provocados pela morte em setembro da jovem Mahsa Amini.

O Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC) votou na quarta-feira, por iniciativa dos Estados Unidos, a expulsão "imediata" do Irã da Comissão sobre a Situação da Mulher (CSW) pelo restante de seu mandato (2022-2026).

"Esta ação unilateral dos Estados Unidos contra a República Islâmica do Irã é uma tentativa de impor demandas políticas unilaterais e ignorar o processo eleitoral nas instituições internacionais", disse o porta-voz do ministério das Relações Exteriores do Irã, Naser Kanani, em comunicado nesta quinta-feira.

O porta-voz condenou veementemente os esforços do governo dos EUA para conseguir a saída do Irã da comissão, criada exclusivamente para promover a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres, na qual Teerã foi eleito em abril.

Considera que esta decisão carece de “justificativa jurídica”, denunciando “uma heresia política que desacredita esta organização internacional e também abre um precedente para futuros abusos de instituições internacionais”.

A maioria simples foi necessária para adotar a decisão, que foi aprovada após 29 membros do ECOSOC votarem a favor, oito países votarem contra (entre eles Rússia e China) e 16 abstenções.

O texto afirma que as autoridades iranianas “minam continuamente e reprimem cada vez mais os direitos humanos de mulheres e meninas, incluindo o direito à liberdade de expressão e opinião, muitas vezes usando força excessiva”.

As tensões escalaram, nesta quarta-feira (14), na conferência da ONU sobre a biodiversidade (COP15), em Montreal, na véspera da chegada dos ministros, por causa do financiamento para proteger a biodiversidade, um tema sobre o qual os países em desenvolvimento aguardam avanços para continuar as discussões.

Avançada a noite de terça, "o clima se deteriorou", quando foi abordada a criação de um fundo mundial para a biodiversidade, disse David Ainsworth, porta-voz da Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB), órgão da ONU que dirige a conferência.

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Representantes de vários países, com o Brasil à frente, interromperam a sessão de trabalho e saíram.

Foi uma advertência, que levou a presidência chinesa da cúpula de Montreal a organizar, nesta quarta, uma reunião com todos os chefes de delegações para tentar relançar os diferentes grupos de negociações técnicas, ainda suspensas na manhã desta quarta.

"Se as negociações técnicas não forem retomadas como esperamos esta tarde, então estaremos em meio a uma crise", admitiu Li Shuo, especialista do Greenpeace.

"Os países em desenvolvimento sentiram que era impossível fazer os diálogos avançarem porque o países desenvolvidos não estavam dispostos a se comprometer", confirmou nesta quarta a ONG Avaaz.

A "mobilização de recursos", como a denominam os participantes da 15ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre a Biodiversidade, a COP15, está onipresente nas conversas que tentam delinear um acordo suficientemente ambicioso para deter a destruição dos recursos naturais e das espécies até 2030.

Mas, antes de se comprometerem a alcançar objetivos ambiciosos, como proteger 30% de terras e oceanos, os países do Sul pedem garantias sobre os recursos financeiros, com os quais vão contar para alcançá-los.

E até agora, os países ricos resistem a aceitar os montantes solicitados e a criação de um novo fundo.

Uma coalizão de dezenas de países, liderada pelo Brasil, exige "subvenções financeiras de pelo menos 100 bilhões de dólares anuais, ou 1% do PIB mundial até 2030", ou seja, dez vezes mais que as ajudas atuais. E tanto quanto o prometido para a luta contra o aquecimento global.

Argentina, Equador, Venezuela, Guatemala, Bolívia, Cuba, República Dominicana e Paraguai, entre outros, integram o grupo.

A deterioração do diálogo ocorre na véspera da negociação política com os ministros do Meio Ambiente dos países.

Eles deverão chegar a um consenso sobre cerca de 20 objetivos debatidos há dez dias para salvar o planeta.

Mas o tempo urge, pois um milhão de espécies estão em risco de extinção, um terço da Terra está gravemente degradada, a fertilidade do solo e a pureza das águas estão comprometidas, enquanto os oceanos estão ameaçados pela contaminação e pelas mudanças climáticas.

- "Risco de bloqueio" -

Para Masha Kalinina, da ONG Pew Charitable Trusts, as negociações estão em um "momento crucial". Agora, tudo pode mudar e corre-se o "risco de bloquear as discussões", que poderiam "ser improdutivas".

"O financiamento não deve ser uma desculpa para não avançar", avaliou Bérangère Couillard, secretária de Estado francesa para a Ecologia. "Não podemos avançar no tema do financiamento sem avançar no tema dos objetivos".

A disputa sobre os montantes pode aumentar. "A demanda de 100 bilhões [de dólares] não se baseia em um cálculo de necessidades. É, antes de tudo, uma demanda moral e política, por razões de justiça histórica", declarou à AFP Gilles Kleitz, da Agência Francesa de Desenvolvimento.

"Se quisermos que haja um acordo, todo mundo deve fazer um esforço: o Norte deve anunciar um nível maior de solidariedade e o Sul deve anunciar que se comprometerá a gerir melhor seus recursos", acrescentou.

Os países têm até 19 de dezembro para superar estes entraves importantes e chegar a um acordo que vigorará na próxima década, crucial para o futuro do planeta.

A Somália não enfrenta atualmente uma situação de fome generalizada, graças à ajuda humanitária, mas pessoas continuam morrendo de fome, e a situação pode piorar no ano que vem, advertiu a ONU nesta terça-feira (13).

Um relatório divulgado ontem do chamado Integrated Phase Classification (IPC), sistema para descrever a gravidade das emergências alimentares, "não leva à declaração de fome neste momento", explicou o porta-voz da ONU Jens Laerke. Apesar disso, "se a ajuda não for intensificada, especialmente nos setores de saúde e água, saneamento e higiene, prevê-se que ocorra a fome no sul da Somália entre abril e junho de 2023".

Respondendo a esse chamado, os Estados Unidos anunciaram ontem uma ajuda humanitária de US$ 411 milhões para o país africano, o que eleva o montante total de assistência entregue pelos Estados Unidos à Somália neste ano para US$ 1,3 bilhão, informou Samantha Power, que dirige a Agência americana de Ajuda ao Desenvolvimento (Usaid).

Após cinco temporadas chuvosas fracassadas desde o fim de 2020, a Somália precisa de ajuda humanitária para combater outra possível situação de fome. O panorama foi agravado pelo aumento dos preços dos alimentos e pela insegurança no país, que dificulta a ajuda humanitária.

Centenas de milhares de pessoas já abandonaram seus lares em busca de ajuda, devido à perda de safras, à morte do gado e ao medo da fome, ressaltou Jens Laerke.

Segundo o relatório, o financiamento da ajuda alimentar humanitária é suficiente no momento para atender a uma média de mais de 5,8 milhões de pessoas até março.

O Diário Oficial da União (DOU) desta sexta-feira (9) informa que 14 militares e 13 diplomatas do Itamaraty foram nomeados por Jair Bolsonaro (PL). Prestes a deixar o cargo, o presidente não possui compromissos oficiais para hoje.

O atual presidente integrou 14 militares em novas funções, entre vice-almirantes, brigadeiros e um general. Um deles será diretor-geral da Secretaria da Junta Interamericana de Defesa, em Washington (EUA), por dois anos.

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Também houve mudança em 11 embaixadas brasileiras. Dos 14 funcionários do Ministério das Relações Exteriores que trocaram de função, duas novas representantes foram designadas para órgãos na Organização das Nações Unidas (ONU).

 

A Avenida Boa Viagem recebe, neste domingo (4), a 5ª edição da Caminhada pelo fim da violência contra mulheres e meninas. O objetivo da ação, realizada pelo Grupo Mulheres do Brasil, é sensibilizar a sociedade para a importância do combate e eliminação de todos os tipos de violência. A caminhada tem início às 9h, da Praça de Boa Viagem, e tem o Posto 7 como destino.

Dois trios elétricos irão acompanhar o percurso, com muita música e informação sobre o movimento. Eles serão comandados pelos artistas Almir Rouche, Bárbara Ayres, o sanfoneiro Ângelo Gabriel, Kelly Rosa e Cirlene Menezes. A organização pede que todos se vistam com o tom laranja, cor escolhida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para criar uma visão simbólica de um mundo brilhante e positivo, o ideal de um mundo livre da violência contra mulheres e meninas. 

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Segundo a ONU, uma em cada três mulheres em todo o mundo já sofreu violência sexual ou física ao logo da vida. Em Pernambuco, em média, 110 mulheres sofrem violência por dia. São cinco casos registrados a cada hora no estado, como mostra levantamento da Secretaria de Defesa Social (SDS) presente no dossiê “Violência contra as mulheres em Pernambuco”. No mesmo estudo, observa-se que uma mulher foi assassinada a cada quatro dias e meio somente no primeiro semestre deste ano.  

À frente do Comitê de Combate à Violência à Mulher, do Grupo Mulheres do Brasil em Pernambuco, Claudia Molinna enfatiza que é preciso a participação de todos nessa luta, “que é não apenas de mulheres, mas de toda sociedade”. Ela ressalta que não basta dizer que é contra a violência: “A gente precisa ter um posicionamento firme nesse assunto, entender do que se trata e da importância de falar sobre isso o tempo todo”.

Da assessoria

Diante dos efeitos da mudança climática, do risco de fome e da guerra na Ucrânia, a ONU apresentou nesta quinta-feira (1) um apelo para arrecadar a quantia recorde de 51,5 bilhões de dólares em 2023 para oferecer ajuda humanitária a 230 milhões de pessoas.

"O próximo ano representará o maior programa humanitário já lançado a nível mundial", afirmou à imprensa o subsecretário-geral das Nações Unidas para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths.

As agências humanitárias da ONU precisarão de 51,5 bilhões de dólares no próximo ano, 25% a mais que em 2022.

Os recursos permitirão financiar os programas de ajuda a 230 milhões de pessoas particularmente vulneráveis em 68 países.

A ONU não tem capacidade, no entanto, de ajudar todas as pessoas necessitadas

No total, 339 milhões de pessoas precisarão de auxílio de emergência em 2023, número consideravelmente superior que as 274 milhões que precisaram de ajuda neste ano.

"É um número enorme e deprimente", declarou Griffiths.

O alto funcionário da ONU destacou que as necessidades humanitárias não diminuíram desde que atingiram o pico durante a pandemia.

"As secas e inundações estão causando estragos (...) do Paquistão à região do Chifre da África. A guerra na Ucrânia transformou parte da Europa em um campo de batalha. Mais de 100 milhões de pessoas estão deslocadas, e tudo isso é adicionado à devastação que a pandemia provocou entre os mais pobres", explicou Griffiths.

O pedido de recursos apresentado pela ONU nesta quinta-feira é baseado em um cenário sombrio.

Ao menos 222 milhões de pessoas de 53 países enfrentarão uma situação de "insegurança alimentar aguda" no final de 2022.

Do total, 45 milhões de pessoas em 37 países correm o risco de morrer de fome.

- Generosidade insuficiente -

"Cinco países já estão vivendo o que conhecemos como condições próximas à fome", enfatizou Griffiths.

Os países afetados são Afeganistão, Etiópia, Haiti, Somália e Sudão do Sul, informou à AFP o porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU, Jens Laerke.

A saúde pública também está sob pressão em muitos pontos do planeta, consequência da persistência da covid-19 e da varíola do macaco, do ressurgimento do vírus do ebola em Uganda e da presença de múltiplas epidemias de cólera em vários países, em particular Haiti e Síria.

Tudo isto em um contexto de mudança climática, que aumenta os riscos e vulnerabilidades nos países mais pobres. De acordo com a ONU, até o final do século o calor extremo pode provocar o mesmo número de vítimas que o câncer.

Em 2022, a ONU conseguiu 47% dos fundos solicitados, explicou Griffiths. O déficit nunca foi tão grande, o que obriga as organizações humanitárias a escolher entre as populações que podem receber ajuda.

O país em que as Nações Unidas apontam a maior necessidade de recursos para 2023 é o Afeganistão (4,63 bilhões de dólares), seguido por Síria, Iêmen e Ucrânia.

A população mundial chegou ao marco dos 8 bilhões e não para de crescer, mesmo que com velocidade reduzida, segundo as Nações Unidas (ONU). Ao mesmo tempo que o aumento da expectativa de vida e a redução da mortalidade, principais razões do incremento, sejam conquistas da medicina e da saúde pública, a dimensão populacional impõe desafios para essas áreas em um futuro não tão distante. Especialistas preveem aumento no risco de novas pandemias e um maior número de doenças crônicas e degenerativas, associadas ao envelhecimento populacional.

Isso, porém, não é motivo para pânico, explicam, mas sim uma oportunidade de preparar-se para garantir o bem-estar dos habitantes na Terra. Os profissionais da saúde indicam necessidade de investir em vigilância epidemiológica e vacinas, bem como promover práticas de envelhecimento saudável e infraestrutura para atendimentos de alta complexidade. Enfrentar desigualdades de acesso ao sistema de saúde e lidar com a crise climática também são temas urgentes.

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De acordo com Marcia Castro, doutora em demografia e professora associada da Harvard School of Public Health e da Harvard University Center for the Environment, o tamanho populacional - por mais que importe - não é um problema em si. "A gente não pode botar a culpa só nos oito bilhões. Tudo tem a ver com o contexto em que esses bilhões estão inseridos e o comportamento que eles têm."

Ao passo em que nos encaminhamos para o quarto ano da pandemia da covid-19, novas epidemias são esperadas pelos cientistas. Conforme explica Marcia, isso tem alguns porquês. Primeiro, o mundo está extremamente conectado, vide a rápida expansão do novo coronavírus, que surgiu na China, mas rapidamente se espalhou pelo mundo todo. Além disso, é muito provável que essa nova crise sanitária advenha também de uma zoonose (doença infecciosa transmitida entre animais e pessoas).

"Está cheio de vírus em vários animais. Isso é normal. Mas na medida que o ser humano chega perto da floresta, ou para construir ou para desmatar, tudo o que você precisa é que aconteça um evento infeliz pro ser humano, mas muito bem sucedido para o vírus, que e faz o pulo de entrar no corpo humano e conseguir se reproduzir", explica Marcia.

O tamanho populacional também apresenta implicações conforme a densidade populacional aumenta. Se em 1950, havia 19,17 pessoas por quilômetro quadrado; em 2023, o número será de 61,7, e em 2100, 79,36 (um aumento de 313%). A realidade é bastante desigual entre os países.

"Você tem áreas em que a densidade é muito grande, pessoas moram em habitações sem boa infraestrutura, sem ventilação, sem acesso à saneamento, sem acesso à água, várias pessoas numa casa só. Essas são as condições ideais para você ter uma transmissão muito rápida de uma doença infecciosa", alerta Marcia.

A gravidade das novas epidemias e pandemias vai depender, claro, das características do vírus, mas também da nossa capacidade de antever e nos preparar para o problema. A doutora em demografia frisa a necessidade de aprimorar - e criar, em alguns casos - sistemas de "vigilância genômica linkada à vigilância epidemiológica". O ideal seria uma rede global, explica, o que exigiria que países ricos se comprometam a equipar e treinar os mais pobres.

Ao Estadão, o médico americano Christopher Murray, professor da University of Washington e diretor do Institute for Health Metrics and Evaluation (que também faz projeções populacionais), destaca a necessidade de investir no desenvolvimento de vacinas e medicamentos para classes de vírus que sabemos que podem apresentar risco. "As pessoas (já) propuseram uma vacina mais geral contra o coronavírus ou uma vacina que funcione contra todas as formas de gripe. Esses investimentos podem nos deixar mais seguros no futuro."

Um futuro mais idoso

Ao mesmo tempo, a tendência de envelhecimento da população implicará diretamente no volume de doenças crônicas, como câncer e hipertensão, e degenerativas, Alzheimer, por exemplo. As Nações Unidas esperam que haja 1,6 bilhão de idosos em 2050 - 16% dos moradores da Terra. Se, por ora, pessoas com 65 anos ou mais representam cerca de 10,2% do Brasil, a mesma taxa deve ser de 33% em 2100.

"Em nossas previsões, o número de pessoas com essas doenças aumenta dramaticamente, porque há muito mais pessoas nessas faixas etárias. As taxas, por pessoa, nas faixas etárias mais velhas, estão subindo para condições como obesidade, diabetes, mas ainda estão caindo para doenças cardíacas, porque há menos fumo, há algumas melhorias na pressão arterial e no colesterol. Portanto, é uma questão mista", fala Murray.

A obesidade e o sobrepeso - fatores de risco para diversas dessas doenças - são uma grande preocupação dos especialistas, que classificam a prevalência das condições como uma verdadeira epidemia. Segundo estudo publicado na Scientific Reports, um em cada 3 adultos no Brasil deve estar obeso em 2030.

A preocupação se ancora no entendimento de que envelhecer não é sinônimo de doença, mas, o bem-estar desses idosos está intimamente ligada ao estilo de vida de cada um. Os especialistas destacam a necessidade de políticas públicas de promoção do que chamam de "envelhecer saudável".

"A gente tem sempre que dissociar o envelhecimento de uma coisa ruim porque pode ser boa, depende muito das condições que a pessoa vive", fala Claudia Kimie Suemoto, professora associada da disciplina de Geriatria da Faculdade de Medicina da USP. "O envelhecimento saudável resulta naquele idoso que, não é que não tenha nenhuma doença, mas é independente, autônomo, toma decisões, participa da sociedade e ainda tem um propósito de vida."

Segundo ela, não há "segredo" para atingir esse resultado. "Muita atividade física; alimentação saudável, que é rica em vegetais, verduras, legumes e proteína; evitar fumar; evitar beber em excesso; ter uma atividade que seja prazerosa pra você, em termos produtivos; e engajamento social", lista.

Mesmo assim, é preciso se preparar para lidar, principalmente, com esse idoso que não levou uma vida saudável. Claudia destaca a necessidade de investir em infraestrutura para atendimentos de alta complexidade e também em políticas de cuidadores, para aqueles que perderão autonomia e capacidade de tomada de decisão.

Considerando que o atendimento a pessoas mais velhas é multidisciplinar, enfatizar o ensino de geriatria e gerontologia nas grades curriculares de escolas de saúde também está entre as necessidades. "O geriatra ficará com o cuidado de alta complexidade. Todos os médicos, independente da especialidade, tem que ter algum treinamento em geriatria."

A adaptação do sistema de saúde precisa ser acompanhado com uma remodelação também da sociedade. Rosemarie Andreazza, professora associada do departamento de Medicina Preventiva e do Laboratório de Saúde Coletiva da Unifesp, pede pelo foco no desenho de políticas societárias, de previdência, convivência, mobilidade urbana e trabalho. "É uma cultura de cuidado para o envelhecimento", explica.

É preciso lembrar também que os desafios de saúde relativos à juventude e à mortalidade infantil, por exemplo, não desaparecerão com o envelhecimento da população. Tudo isso, terá um custo alto, de acordo com Marcia Castro. Porém, não será impossível de arcar, desde que as autoridades se debrucem sobre o problema e definam prioridades.

Crise climática

O futuro da saúde pública também é atravessado pela crise climática. A Organização Mundial da Saúde (OMS) explica que a mudança climática afeta os determinantes sociais e ambientais da saúde - ar puro, água potável segura, comida suficiente e abrigo seguro -, e, com isso, estima, entre 2030 e 2050, 250 mil mortes adicionais por ano, devido à desnutrição, malária, diarreia e estresse térmico.

Para além do excesso de mortes, Christopher Murray acredita que haverá incremento nas migrações - sejam internas ou internacionais - conforme algumas localidades fiquem quentes demais para se viver. "Haverá uma pressão tremenda sobre os sistemas de saúde pública e assistência médica nos locais para onde os migrantes se mudarão", alerta.

Desigualdades

Boa parte do crescimento será puxado por nações menos desenvolvidas. A África Subsaariana deverá responder por mais da metade do crescimento da população mundial entre 2022 e 2050, segundo a ONU. Aplacar as desigualdades de acesso à saúde precisa estar na mira de organizações internacionais, frisa Rosemarie. Para se ter uma ideia, segundo as Nações Unidas, em outubro, estimava-se que só 24% do continente africano teria completado a etapa inicial da vacinação contra a covid, comparada à cobertura de 64% no mundo.

Países mais ricos e/ou com melhores resultados em saúde não podem se satisfazer com o bem-estar regional, diz Rosemarie. "Enquanto a gente não tiver um mundo bom para todo mundo, ele não consegue ser bom só para alguns. Você vai viver sempre numa bolha, escondido entre muros? O vírus ultrapassa muros, o mosquito da dengue ultrapassa muros."

"Quanto mais a gente produzir democracia, quanto mais a gente entender que o mundo pode ter oito bilhões de habitantes que vivam de forma mais harmônica, entendendo os vários mundos que nos compõem, mais saúde a gente vai ter", completa.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O planeta chegou a 8 bilhões de habitantes neste ano, calcula a Organização das Nações Unidas (ONU). Reflexo do avanço da medicina e da ciência nas últimas décadas, esse marco também aumenta os desafios no combate às mudanças climáticas. O crescimento populacional, mais veloz em países pobres, eleva a demanda global por alimentos, energia e a pressão sobre recursos naturais, como florestas e cursos d'água.

"É uma ocasião para celebrarmos a diversidade e os avanços, enquanto consideramos a responsabilidade compartilhada da humanidade com o planeta", disse António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

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Representante do fundo de população da ONU (UNFPA) no Brasil, a antropóloga e socióloga Astrid Bant explica ao Estadão que esse aumento populacional é consequência do avanço em tecnologia e acesso à saúde e deve ser celebrado. "O mundo, de alguma maneira, está cuidando melhor da sua população. Isso dá esperança também para o meio ambiente", afirma.

"Problemas graves de meio ambiente são complexos e podemos tê-los ou não. A concepção da UNFPA e da ONU é a de nos assegurarmos que esses 8 bilhões tenham boa qualidade de vida", aponta. "Uma tendência demográfica não é só boa ou má, tudo depende dos nossos esforços."

A marca dos 8 bilhões foi atingida em meio às discussões da Cúpula do Clima (COP-27), realizada até a semana passada no Egito, onde o principal debate foi sobre criar um fundo monetário financiado por países mais ricos (e com maior emissão de gases do efeito estufa) para ajudar nações de renda baixa ou em desenvolvimento a enfrentarem os efeitos das mudanças climáticas, como maremotos, furacões, tempestades e outros desastres naturais que se agravaram nos últimos anos.

Colaboração

Todos concordam que uma cooperação internacional firme e efetiva é a única saída, mas as ações para chegar até lá ainda estão aquém do esperado. "Ainda é uma cooperação muito frágil", avalia o climatologista Carlos Nobre, uma das maiores referências no mundo em aquecimento global. "Realmente, para vencermos os maiores desafios da humanidade e chegarmos à meta do Acordo de Paris estamos indo em uma direção de forma lenta e é importante a colaboração dos países."

Em 2015, o Acordo de Paris estabeleceu como meta cortar as emissões de gases poluentes e impedir que a temperatura média do planeta aumentasse mais de 2ºC - e, idealmente, ficasse em até 1,5ºC. Mas cientistas já avisaram que será difícil cumprir o prometido.

"A primeira questão é fazer com que os países ricos, maiores responsáveis pelas mudanças climáticas, paguem pelo dano que já estão trazendo aos países mais vulneráveis. A conversa tem de começar por aí, para que eles assumam a responsabilidade histórica que têm, e trabalhem na redução dos impactos dessas mudanças", defende Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e membro do IPCC, o painel de cientistas das Nações Unidas para discutir a crise climática.

Para ele, o tamanho da população nem é o maior problema. "A questão principal não é ter 8 bilhões, mas o nível de desigualdade social e econômica e de consumo dos recursos naturais pelas pessoas mais ricas do planeta. O problema é muito mais de desigualdade do que do número absoluto de pessoas", diz.

Consumo e alimentação

É unanimidade que o meio ambiente não consegue sustentar as demandas da humanidade, se ela continuar crescendo exponencialmente e se comportando da mesma forma, sem medidas enérgicas para frear as mudanças climáticas. A previsão da ONU é de que a população mundial ultrapasse a casa dos 10 bilhões nos próximos 50 anos, aumento que será impulsionado principalmente por países de baixa ou média renda na Ásia e na África.

Na prática, esse crescimento populacional significa mais demanda de recursos, energia, alimento, território, mais poluição no ar, na água e uma série de problemas que afetam desde a biodiversidade da Amazônia à qualidade do ar na Índia. "É uma preocupação grande, porque 2 bilhões de habitantes a mais significa um aumento ainda maior do consumo", destaca Nobre.

"O risco desse crescimento populacional é muito grande", continua ele. "A não ser que haja uma mudança radical no consumo, que pode ser muito mais sustentável. Você pode migrar rapidamente para energias renováveis, por exemplo, e consumir muito menos. Não podemos caminhar para uma sociedade consumista, como tem sido a tendência global há mais de 100 anos", alerta o pesquisador.

Segundo a ONU, uma das formas de garantir que o crescimento populacional aconteça de forma sustentável é mudar como nos alimentamos. "Os sistemas de alimentação precisam incorporar práticas mais sustentáveis, enquanto garantem acesso a comida segura, suficiente, acessível e nutritiva, além do aproveitamento de uma dieta diversificada, balanceada e saudável para todos", diz a organização em um relatório oficial sobre a marca dos 8 bilhões.

Coordenador do programa de Consumo Sustentável do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Rafael Rioja Arantes tem tentado mudar a forma como as pessoas lidam com hábitos de alimentação, transporte, habitação e outros já enraizados na nossa cultura.

"Ainda há um distanciamento sobre a compreensão desses impactos (de aumento populacional) no meio ambiente e no dia a dia. Mas os consumidores brasileiros estão cada vez mais sensíveis e atentos a essas questões", avalia. "Pesquisas apontam que os consumidores brasileiros têm interesse em sustentabilidade e percebem essa necessidade, mas também precisam que os caminhos sustentáveis sejam mais fáceis, acessíveis e baratos", aponta Arantes, que esteve este mês na COP-27 discutindo o tema.

Ele observa, porém, que além de os cidadãos mudarem hábitos de vestuário, alimentação e transporte, é preciso, principalmente, ter mudanças legislativas e estruturais que incentivem produções e consumos sustentáveis. "Precisamos direcionar políticas públicas e leis para um conjunto de incentivos fiscais que propiciem a produção de alimentos saudáveis, como frutas, hortaliças e outros substitutos para a carne, e para energias mais limpas", aponta.

"A estrutura das relações de produção e consumo precisa ser alterada de forma urgente, significativa e imediata. É o que todos os estudos apontam", afirma ele.

Protagonismo brasileiro

Durante a COP-27, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou a intenção de trazer a 30.ª edição da Cúpula do Clima para o Brasil, preferencialmente em um Estado amazônico. Mas, além de sede do evento, especialistas apontam que o País tem o potencial de se tornar uma referência internacional em sociobiodiversidade - desde que tome os passos necessários para isso.

"O Brasil tem grandes chances de se tornar um protagonista mundial na adoção de novas práticas, produtos e tecnologias sustentáveis. Não só na alimentação, mas também na produção de energia, biodiversidade e conhecimento", aponta Carlos Nobre.

O primeiro passo para isso é zerar o desmatamento dos nossos biomas, que tem crescido nos últimos anos e isolado o Brasil nos debates ambientais internacionais. "Um grande protagonismo que o Brasil pode ter é também um enorme desafio: podemos nos tornar a primeira potência ambiental da sociobiodiversidade, baseada na proteção do ambiente, dos biomas, das florestas, das populações originárias e na nossa riqueza imensa. Temos a maior biodiversidade do planeta", diz Nobre.

Se um caminho aponta para o combate ao desmatamento, o investimento em uma agricultura cada vez mais sustentável e a aceleração em energias renováveis como a eólica e a solar são outras oportunidades para o protagonismo.

"O Brasil é um país de pessoas inventivas e tem muitos grupos com conhecimentos diferentes, como os povos tradicionais, que podem produzir conhecimento em muitas áreas diferentes. Tudo isso pode ser melhor desenvolvido", defende Astrid Bant. "Isso sem falar na mão de obra e no cérebro das mulheres, um capital que não está sendo usado ao máximo, enquanto muitas delas fazem trabalhos simples que não pagam bem."

Professor de Macroeconomia e Finanças do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (Coppead) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Claudio de Moraes defende mais esforços regulatórios do poder público para garantir a saúde do meio ambiente e o bem-estar da população. "A não intervenção gera um problema. Se você deixar as coisas correrem, a sociedade vai resolver a moradia, por exemplo, com a ocupação do espaço urbano ou rural de forma a atender o interesse individual e não o geral", explica. "Isso gera o desalinhamento entre o privado e o público."

Ele usa dois exemplos, entretanto, que contrastam entre o excesso e ausência de intervenção pública do meio ambiente. De um lado, segundo ele, o arquipélago de Fernando de Noronha, protegido com tamanho rigor que chega a prejudicar a produção dos pescadores locais. Do outro, o abandono de décadas sobre a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, que recai sobre a responsabilidade do Estado. "Quando você não alinha o interesse do meio ambiente e da sociedade, gera um problema econômico", observa.

Equilíbrio

São muitas as possibilidades de colapso do meio ambiente nas próximas décadas e, sim, o aumento populacional pode contribuir para isso, mesmo que a ONU ainda mantenha a projeção de que ele deve desacelerar no próximo século. Ainda assim, as chances de consertarmos esse problema antes que ele saia de controle também são amplas.

"No geral, acho que todo o mundo está em busca de encontrar o equilíbrio da população e do meio ambiente", afirma Astrid. "Por meio da inventividade e da ciência, nós vamos encontrar soluções."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Foram necessários milhares de anos para que, por volta de 1804, a humanidade atingisse o marco de 1 bilhão de pessoas. Quase dois séculos depois, em 1985, o número bateu os 5 bilhões. Com avanços da Medicina, que causaram declínio da mortalidade e aumento da expectativa de vida, só 12 anos foram necessários para passar de 7 bilhões para 8 bilhões, atingidos neste mês, segundo as projeções da Organização das Nações Unidas (ONU).

Se o número assusta ou parece inimaginável - para se ter ideia, seria preciso ter 103 mil Maracanãs para acomodar tanta gente -, a tendência é de que a população siga crescendo e atinja os 10 bilhões em 2058. Porém, com a redução na fertilidade, a velocidade do crescimento será menor. Em 2020, em meio à pandemia do novo coronavírus, pela primeira vez desde 1950 a taxa de incremento anual ficou abaixo de 1%.

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Segundo as Nações Unidas, há 50% de chance de que a população mundial chegue ao pico - e que seu tamanho estabilize ou comece a cair - antes do fim do século. Embora a ONU destaque que a crise da Covid-19 afetou "todos os componentes da mudança populacional", com queda da expectativa de vida para 71 anos em 2021 - era de 72,8 em 2019 -, o real impacto ainda não é claro, pois a pandemia prejudicou operações de coleta de dados.

Para António Guterres, secretário-geral da ONU, o marco expõe a urgência do combate às desigualdades. "A menos que superemos o abismo entre os que têm e os que não têm, estamos nos preparando para um mundo de 8 bilhões de pessoas cheio de tensões e desconfiança, crise e conflito." Uma melhor distribuição de riquezas, segurança alimentar, produção de energia limpa e controle de epidemias são alguns dos principais desafios.

"Não podemos confiar em soluções de tamanho único em um mundo onde a idade média é de 41 anos na Europa, ante 17 na África Subsaariana", afirma a diretora executiva do Fundo de População das Nações Unidas, Natalia Kanem.

Considerando o cenário previsto para julho de 2023, quase seis de cada dez pessoas no mundo estarão na Ásia. Índia e China serão as nações mais populosas, concentrando cerca de 35% da população mundial. Só uma a cada dez pessoas tem 65 anos ou mais. Crianças de até 14 anos representam quase um quarto da população. Adultos, de 25 a 59 anos, respondem por pouco mais de 34%.

Cerca de oito em cada dez pessoas vivem em uma nação com renda média-baixa, média ou média-alta. Segundo a classificação do Banco Mundial, significa que elas estão em países com renda nacional bruta anual por habitante de US$ 1.086 a US$ 13.205 (de R$ 5,8 mil a R$ 70,4 mil).

Que o mundo continua a crescer não há dúvida, mas isso não é regra para todos os países. Mais da metade da alta projetada até 2050 será em apenas oito países: República Democrática do Congo, Egito, Etiópia, Índia, Nigéria, Paquistão, Filipinas e Tanzânia.

O incremento populacional será puxado por nações menos desenvolvidas, o que impõe desafios para atingir metas sustentáveis, como frear a crise climática, em cenários de menor disponibilidade de verba e estrutura. Enquanto isso, 61 países devem encolher 1% ou mais entre este ano e 2050. As maiores reduções, com perdas de 20% ou mais, devem ser de Bulgária, Letônia, Lituânia, Sérvia e Ucrânia, que neste ano virou o centro de uma guerra após invasão pela Rússia.

As faixas de idade também mudam. Em 2018, pela primeira vez, idosos superaram as crianças menores de 5 anos. A ONU espera que haja 1,6 bilhão de idosos em 2050 - 16% dos moradores da Terra. Essa transformação muda as demandas de políticas públicas, como da rede hospitalar, da assistência social (como abrigos, moradias para idosos e na necessidade de cuidadores), previdência social (com elevação de gastos em aposentadorias) e de educação (com turmas menores diante da redução do número de crianças e adolescentes e uma janela de oportunidade para elevar investimentos na qualidade do ensino, por exemplo). Em relação ao gênero, hoje o número de homens é 0,5% maior do que o de mulheres. Em 2050, se iguala.

Brasil

Já a população brasileira será de 216,42 milhões em julho. O ritmo de crescimento já está abaixo de 1 ponto porcentual desde 2008. Com isso, deve atingir o pico populacional, com 231 milhões ainda em 2046 e, a partir daí, começa a decrescer. Em 2100, a ONU estima 184,54 milhões de habitantes. Se, por ora, pessoas com 65 anos ou mais representam cerca de 10,2% do País, a mesma taxa deve ser de 33% em 2100.

Para especialistas, o Brasil vem falhando em aproveitar o bônus demográfico das últimas décadas, quando houve uma proporção mais alta de jovens em idade economicamente produtiva. A maior fatia populacional nessa faixa etária, segundo economistas, deveria ser uma oportunidade para elevar a geração de riquezas.

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