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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez, nesta terça-feira (19), o discurso de abertura da Assembleia Geral das Organizações das Nações Unidas (ONU). Durante sua fala, Lula destacou a questão do combate à fome e a desigualdade social, deu ênfase à democracia, voltou a cobrar o investimento de países ricos em ações diante das mudanças climáticas, criticou a extrema-direita e falou sobre os conflitos armados. 

Leia o discurso na íntegra:

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Meus cumprimentos ao Presidente da Assembleia Geral, Embaixador Dennis Francis, de Trinidad e Tobago.

É uma satisfação ser antecedido pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres.

Saúdo cada um dos Chefes de Estado e de Governo e delegadas e delegados presentes.

Presto minha homenagem ao nosso compatriota Sérgio Vieira de Mello e 21 outros funcionários desta Organização, vítimas do brutal atentado em Bagdá, há 20 anos.

Desejo igualmente expressar minhas condolências às vítimas do terremoto no Marrocos e das tempestades que atingiram a Líbia.

A exemplo do que ocorreu recentemente no estado do Rio Grande do Sul no meu país, essas tragédias ceifam vidas e causam perdas irreparáveis.

Nossos pensamentos e orações estão com todas as vítimas e seus familiares.

Senhoras e Senhores

Há vinte anos, ocupei esta tribuna pela primeira vez.

E disse, naquele 23 de setembro de 2003:

"Que minhas primeiras palavras diante deste Parlamento Mundial sejam de confiança na capacidade humana de vencer desafios e evoluir para formas superiores de convivência”

Volto hoje para dizer que mantenho minha inabalável confiança na humanidade.

Naquela época, o mundo ainda não havia se dado conta da gravidade da crise climática.

Hoje, ela bate às nossas portas, destroi nossas casas, nossas cidades, nossos países, mata e impõe perdas e sofrimentos a nossos irmãos, sobretudo os mais pobres.

A fome, tema central da minha fala neste Parlamento Mundial 20 anos atrás, atinge hoje 735 milhões de seres humanos, que vão dormir esta noite sem saber se terão o que comer amanhã.

O mundo está cada vez mais desigual.

Os 10 maiores bilionários possuem mais riqueza que os 40% mais pobres da humanidade.

O destino de cada criança que nasce neste planeta parece traçado ainda no ventre de sua mãe.

A parte do mundo em que vivem seus pais e a classe social à qual pertence sua família irão determinar se essa criança terá ou não oportunidades ao longo da vida.

Se irá fazer todas as refeições ou se terá negado o direito de tomar café da manhã, almoçar e jantar diariamente.

Se terá acesso à saúde, ou se irá sucumbir a doenças que já poderiam ter sido erradicadas.

Se completará os estudos e conseguirá um emprego de qualidade, ou se fará parte da legião de desempregados, subempregados e desalentados que não para de crescer.

É preciso antes de tudo vencer a resignação, que nos faz aceitar tamanha injustiça como fenômeno natural.

Para vencer a desigualdade, falta vontade política daqueles que governam o mundo.

Senhores e senhoras

Se hoje retorno na honrosa condição de presidente do Brasil, é graças à vitória da democracia em meu país.

A democracia garantiu que superássemos o ódio, a desinformação e a opressão.

A esperança, mais uma vez, venceu o medo.

Nossa missão é unir o Brasil e reconstruir um país soberano, justo, sustentável, solidário, generoso e alegre.

O Brasil está se reencontrando consigo mesmo, com nossa região, com o mundo e com o multilateralismo.

Como não me canso de repetir, o Brasil está de volta.

Nosso país está de volta para dar sua devida contribuição ao enfrentamento dos principais desafios globais.

Resgatamos o universalismo da nossa política externa, marcada por diálogo respeitoso com todos.

A comunidade internacional está mergulhada em um turbilhão de crises múltiplas e simultâneas: a pandemia da Covid-19; a crise climática; e a insegurança alimentar e energética ampliadas por crescentes tensões geopolíticas.

O racismo, a intolerância e a xenofobia se alastraram, incentivadas por novas tecnologias criadas supostamente para nos aproximar.

Se tivéssemos que resumir em uma única palavra esses desafios, ela seria desigualdade.

A desigualdade está na raiz desses fenômenos ou atua para agravá-los.

A mais ampla e mais ambiciosa ação coletiva da ONU voltada para o desenvolvimento – a Agenda 2030 – pode se transformar no seu maior fracasso.

Estamos na metade do período de implementação e ainda distantes das metas definidas.

A maior parte dos objetivos de desenvolvimento sustentável caminha em ritmo lento.

O imperativo moral e político de erradicar a pobreza e acabar com a fome parece estar anestesiado.

Nesses sete anos que nos restam, a redução das desigualdades dentro dos países e entre eles deveria se tornar o objetivo-síntese da Agenda 2030.

Reduzir as desigualdades dentro dos países requer incluir os pobres nos orçamentos nacionais e fazer os ricos pagarem impostos proporcionais ao seu patrimônio.

No Brasil, estamos comprometidos a implementar todos os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, de maneira integrada e indivisível.

Queremos alcançar a igualdade racial na sociedade brasileira por meio de um décimo oitavo objetivo que adotaremos voluntariamente.

Lançamos o plano Brasil sem Fome, que vai reunir uma série de iniciativas para reduzir a pobreza e a insegurança alimentar.

Entre elas, está o Bolsa Família, que se tornou referência mundial em programas de transferência de renda para famílias que mantêm suas crianças vacinadas e na escola.

Inspirados na brasileira Bertha Lutz, pioneira na defesa da igualdade de gênero na Carta da ONU, aprovamos a lei que torna obrigatória a igualdade salarial entre mulheres e homens no exercício da mesma função.

Combateremos o feminicídio e todas as formas de violência contra as mulheres.

Seremos rigorosos na defesa dos direitos de grupos LGBTQI+ e pessoas com deficiência.

Resgatamos a participação social como ferramenta estratégica para a execução de políticas públicas.

Senhor presidente

Agir contra a mudança do clima implica pensar no amanhã e enfrentar desigualdades históricas.

Os países ricos cresceram baseados em um modelo com altas taxas de emissões de gases danosos ao clima.

A emergência climática torna urgente uma correção de rumos e a implementação do que já foi acordado.

Não é por outra razão que falamos em responsabilidades comuns, mas diferenciadas.

São as populações vulneráveis do Sul Global as mais afetadas pelas perdas e danos causados pela mudança do clima.

Os 10% mais ricos da população mundial são responsáveis por quase a metade de todo o carbono lançado na atmosfera.

Nós, países em desenvolvimento, não queremos repetir esse modelo.

No Brasil, já provamos uma vez e vamos provar de novo que um modelo socialmente justo e ambientalmente sustentável é possível.

Estamos na vanguarda da transição energética, e nossa matriz já é uma das mais limpas do mundo.

87% da nossa energia elétrica provem de fontes limpas e renováveis.

A geração de energia solar, eólica, biomassa, etanol e biodiesel cresce a cada ano.

É enorme o potencial de produção de hidrogênio verde.

Com o Plano de Transformação Ecológica, apostaremos na industrialização e infraestrutura sustentáveis.

Retomamos uma robusta e renovada agenda amazônica, com ações de fiscalização e combate a crimes ambientais.

Ao longo dos últimos oito meses, o desmatamento na Amazônia brasileira já foi reduzido em 48%.

O mundo inteiro sempre falou da Amazônia. Agora, a Amazônia está falando por si.

Sediamos, há um mês, a Cúpula de Belém, no coração da Amazônia, e lançamos nova agenda de colaboração entre os países que fazem parte daquele bioma.

Somos 50 milhões de sul-americanos amazônidas, cujo futuro depende da ação decisiva e coordenada dos países que detêm soberania sobre os territórios da região.

Também aprofundamos o diálogo com outros países detentores de florestas tropicais da África e da Ásia.

Queremos chegar à COP 28 em Dubai com uma visão conjunta que reflita, sem qualquer tutela, as prioridades de preservação das bacias Amazônica, do Congo e do Bornéu-Mekong a partir das nossas necessidades.

Sem a mobilização de recursos financeiros e tecnológicos não há como implementar o que decidimos no Acordo de Paris e no Marco Global da Biodiversidade.

A promessa de destinar 100 bilhões de dólares – anualmente – para os países em desenvolvimento permanece apenas isso, uma promessa.

Hoje esse valor seria insuficiente para uma demanda que já chega à casa dos trilhões de dólares.

Senhor presidente

O princípio sobre o qual se assenta o multilateralismo – o da igualdade soberana entre as nações – vem sendo corroído.

Nas principais instâncias da governança global, negociações em que todos os países têm voz e voto perderam fôlego.

Quando as instituições reproduzem as desigualdades, elas fazem parte do problema, e não da solução.

No ano passado, o FMI disponibilizou 160 bilhões de dólares em direitos especiais de saque para países europeus, e apenas 34 bilhões para países africanos.

A representação desigual e distorcida na direção do FMI e do Banco Mundial é inaceitável.

Não corrigimos os excessos da desregulação dos mercados e da apologia do Estado mínimo.

As bases de uma nova governança econômica não foram lançadas.

O BRICS surgiu na esteira desse imobilismo, e constitui uma plataforma estratégica para promover a cooperação entre países emergentes.

A ampliação recente do grupo na Cúpula de Joanesburgo fortalece a luta por uma ordem que acomode a pluralidade econômica, geográfica e política do século 21.

Somos uma força que trabalha em prol de um comércio global mais justo num contexto de grave crise do multilateralismo.

O protecionismo dos países ricos ganhou força e a Organização Mundial do Comércio permanece paralisada, em especial o seu sistema de solução de controvérsias.

Ninguém mais se recorda da Rodada do Desenvolvimento de Doha.

Nesse ínterim, o desemprego e a precarização do trabalho minaram a confiança das pessoas em tempos melhores, em especial os jovens.

Os governos precisam romper com a dissonância cada vez maior entre a “voz dos mercados” e a “voz das ruas”.

O neoliberalismo agravou a desigualdade econômica e política que hoje assola as democracias.

Seu legado é uma massa de deserdados e excluídos.

Em meio aos seus escombros surgem aventureiros de extrema direita que negam a política e vendem soluções tão fáceis quanto equivocadas.

Muitos sucumbiram à tentação de substituir um neoliberalismo falido por um nacionalismo primitivo, conservador e autoritário.

Repudiamos uma agenda que utiliza os imigrantes como bodes expiatórios, que corrói o Estado de bem-estar e que investe contra os direitos dos trabalhadores.

Precisamos resgatar as melhores tradições humanistas que inspiraram a criação da ONU.

Políticas ativas de inclusão nos planos cultural, educacional e digital são essenciais para a promoção dos valores democráticos e da defesa do Estado de Direito.

É fundamental preservar a liberdade de imprensa.

Um jornalista, como Julian Assange, não pode ser punido por informar a sociedade de maneira transparente e legítima.

Nossa luta é contra a desinformação e os crimes cibernéticos.

Aplicativos e plataformas não devem abolir as leis trabalhistas pelas quais tanto lutamos.

Ao assumir a presidência do G20 em dezembro próximo, não mediremos esforços para colocar no centro da agenda internacional o combate às desigualdades em todas as suas dimensões.

Sob o lema "Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável", a presidência brasileira vai articular inclusão social e combate à fome; desenvolvimento sustentável e reforma das instituições de governança global.

Senhor presidente,

Não haverá sustentabilidade nem prosperidade sem paz.

Os conflitos armados são uma afronta à racionalidade humana.

Conhecemos os horrores e os sofrimentos produzidos por todas as guerras.

A promoção de uma cultura de paz é um dever de todos nós. Construí-la requer persistência e vigilância.

É perturbador ver que persistem antigas disputas não resolvidas e que surgem ou ganham vigor novas ameaças.

Bem o demonstra a dificuldade de garantir a criação de um Estado para o povo palestino.

A este caso se somam a persistência da crise humanitária no Haiti, o conflito no Iêmen, as ameaças à unidade nacional da Líbia e as rupturas institucionais em Burkina Faso, Gabão, Guiné-Conacri, Mali, Níger e Sudão.

Na Guatemala, há o risco de um golpe, que impediria a posse do vencedor de eleições democráticas.

A guerra da Ucrânia escancara nossa incapacidade coletiva de fazer prevalecer os propósitos e princípios da Carta da ONU.

Não subestimamos as dificuldades para alcançar a paz.

Mas nenhuma solução será duradoura se não for baseada no diálogo.

Tenho reiterado que é preciso trabalhar para criar espaço para negociações.

Investe-se muito em armamentos e pouco em desenvolvimento.

No ano passado os gastos militares somaram mais de 2 trilhões de dólares.

As despesas com armas nucleares chegaram a 83 bilhões de dólares, valor vinte vezes superior ao orçamento regular da ONU.

Estabilidade e segurança não serão alcançadas onde há exclusão social e desigualdade.

A ONU nasceu para ser a casa do entendimento e do diálogo.

A comunidade internacional precisa escolher:

De um lado, está a ampliação dos conflitos, o aprofundamento das desigualdades e a erosão do Estado de Direito.

De outro, a renovação das instituições multilaterais dedicadas à promoção da paz.

As sanções unilaterais causam grande prejuízos à população dos países afetados.

Além de não alcançarem seus alegados objetivos, dificultam os processos de mediação, prevenção e resolução pacífica de conflitos.

O Brasil seguirá denunciando medidas tomadas sem amparo na Carta da ONU, como o embargo econômico e financeiro imposto a Cuba e a tentativa de classificar esse país como Estado patrocinador de terrorismo.

Continuaremos críticos a toda tentativa de dividir o mundo em zonas de influência e de reeditar a Guerra Fria.

O Conselho de Segurança da ONU vem perdendo progressivamente sua credibilidade.

Essa fragilidade decorre em particular da ação de seus membros permanentes, que travam guerras não autorizadas em busca de expansão territorial ou de mudança de regime.

Sua paralisia é a prova mais eloquente da necessidade e urgência de reformá-lo, conferindo-lhe maior representatividade e eficácia.

Senhoras e senhores

A desigualdade precisa inspirar indignação.

Indignação com a fome, a pobreza, a guerra, o desrespeito ao ser humano.

Somente movidos pela força da indignação poderemos agir com vontade e determinação para vencer a desigualdade e transformar efetivamente o mundo a nosso redor.

A ONU precisa cumprir seu papel de construtora de um mundo mais justo, solidário e fraterno.

Mas só o fará se seus membros tiverem a coragem de proclamar sua indignação com a desigualdade e trabalhar incansavelmente para superá-la.

Muito obrigado.

 

O Brasil tem a responsabilidade, a cada ano, de ser o primeiro país a discursar na abertura da Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU) em Nova York. Mas por que o Brasil fala antes dos outros países, incluindo do anfitrião do encontro?

Como se trata mais de uma tradição do que de uma regra escrita, não há registros formais das razões. A primeira sugere que o Brasil se voluntariou nos primeiros encontros para falar. Durante os primeiros anos da ONU, criada em 1945, nenhum país queria ser o primeiro a falar na assembleia. O Brasil, então, se voluntariava, sendo o primeiro orador em 1949, 1950 e 1951.

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A organização decidiu oficializar o país como aquele que abriria o debate geral a partir de 1955. "Ao longo do tempo, certos costumes emergiram durante o debate geral, incluindo a ordem dos primeiros a falar", diz a ONU em sua página oficial.

Desde 1955, a ordem de abertura tem sido: o secretário-geral da ONU, seguindo pelo presidente da Assembleia-Geral, sucedido pelos representantes do Brasil e Estados Unidos -- o país sede. Os demais países falam de acordo com a ordem estabelecida por um algoritmo que leva em consideração o nível de representação do orador, pedido de fala, entre outros.

As únicas vezes em que o Brasil não abriu as oratórias foram nas sessões de 1983 e 1984, quando o presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan falou primeiro.

Outra explicação para o privilégio dado ao Brasil é o reconhecimento ao brasileiro Osvaldo Aranha pela sua atuação em 1947, na segunda assembleia. Aranha presidiu a Primeira Sessão Especial da Assembleia, reunião histórica na qual foi aprovada a criação do Estado de Israel. O papel do brasileiro ao apoiar a solução de dois Estados e garantir que a votação não fosse adiada rendeu elogios de diversos países e entidades sionistas, que chegaram a cogitá-lo como candidato ao Nobel da Paz.

A terceira teoria diz que foi um premio de consolação. O professor Oliver Stuenkel, coordenador de relações internacionais da Fundação Getúlio Vargas, diz que a "tradição informal" pode ser considerada um prêmio de consolação pelo fato de o Brasil ter ficado de fora do Conselho de Segurança da Organização, composto por Estados Unidos, Rússia, França, China e Reino Unido desde a fundação da ONU, em 1945.

Até hoje, o País pleiteia mudanças na composição do Conselho, que tem ainda dez membros rotativos eleitos a cada dois anos. No entanto, só os cinco iniciais têm poder de veto nas decisões.

"O mais provável é que essa tradição iniciou-se porque o Brasil acabou sendo vetado por Winston Churchill (líder do Reino Unido) e por Josef Stalin (líder da URSS) de fazer parte do Conselho de Segurança de maneira permanente. Então, isso acabou sendo uma espécie de prêmio de consolação porque tinha de haver uma maneira de reconhecer a importância do Brasil à época", disse.

O Brasil integrou o primeiro grupo de 51 países fundadores da ONU. Hoje, são 193 nações, mas a "regra" continua, apesar de não haver documentos ou normas da ONU com essa previsão. Outra teoria difundida é a de que o País tem essa atribuição pela sua participação na solução pacífica da criação do Estado de Israel, ainda nos primórdios da ONU.

"É um reconhecimento tácito de sua participação na fundação da organização e dos esforços do então chanceler brasileiro, Oswaldo Aranha, nas discussões da época, em especial a criação do Estado de Israel", afirmou o professor Lucas Leite, da Fundação Armando Álvares Penteado, doutor em relações internacionais.

Para além das motivações da tradição, o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer, que discursou em nome do Brasil nas Assembleias-Gerais de 1992 e de 2002, quando foi chanceler, diz que é um momento especial para a voz do País ser ouvida no plano internacional. "É uma tentativa de o Brasil contribuir para a formulação da agenda global e, portanto, para os objetivos de nossa política externa e de nossa inserção no mundo".

Nesta segunda-feira (18), a primeira-dama Janja Lula da Silva, ao lado de ministras, participou do encontro de mulheres líderes globais na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), realizado no estado de Nova York, nos Estados Unidos. Através de suas redes sociais, a socióloga disse ter ficado "emocionada" com o evento de lideranças femininas.

"Junto com lideranças globais, prefeitas, empreendedoras, ministros e representantes da ONU, conversamos sobre importantes iniciativas que irão acontecer no Brasil com relação a equidade de gênero e empoderamento feminino. Emocionada de ouvir relatos tão potentes quanto o da Rohey Malick, prefeita de Banjul, em Gâmbia, e o da prefeita de Eastpointe Monique Owens. Seguimos juntas na construção de um mundo mais justo, igual e inclusivo!", escreveu.

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Janja estava acompanhada de quatro ministras da gestão Lula (PT): Cida Gonçalves, do Ministério das Mulheres; Esther Dweck, do Ministério da Gestão e Inovação; Margareth Menezes, do Ministério da Cultura); e Nísia Trindade, que está no comando do Ministério da Saúde. As deputadas Natália Bonavides (PT-RN), Dandara (PT-MG) e Jack Rocha (PT-ES) e as senadoras Augusta Brito (PT-CE) e Ana Paula Lobato (PSB-MA), também estiveram presentes.

O evento reuniu, além de figuras políticas, empresarias reconhecidas mundialmente, como a presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano, e representantes da ONU.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai se encontrar com o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, na quarta-feira, 20, em Nova York. A reunião vai ocorrer por volta das 16h (horário de Brasília) no hotel do petista.

O encontro acontece quatro meses após o polêmico desencontro entre os dois líderes às margens da cúpula do G-7, em Hiroshima, e depois de Lula dizer repetidas vezes que a Ucrânia também tinha responsabilidade na invasão da Rússia, e defender que os ucranianos deveriam abrir mão de território ocupado por Vladimir Putin para chegar a um acordo que colocassem fim à guerra.

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Lula e Zelenski estão em Nova York, nos Estados Unidos, por ocasião da abertura da Assembleia-Geral da ONU. O governo brasileiro havia oferecido duas opções de data para o ucraniano, que nesta segunda-feira, 18, confirmou sua participação.

Primeiro encontro

Este será o primeiro encontro entre os dois mandatários, que estiveram presentes na cúpula do G-7, em Hiroshima, no Japão, durante o mês de maio, mas não conseguiram se encontrar por conta de incompatibilidade de agendas, deixando um clima negativo entre os dois países com direito a versões distintas sobre o porque a reunião entre os dois não havia ocorrido.

Lula afirmou que Zelenski não compareceu no horário marcado a reunião. De acordo com o petista, ele aguardou Zelenski em seu hotel, mas a equipe do ucraniano alegou que ele estava atrasado. "Simplesmente foi isso que aconteceu", disse.

"Se ele teve um encontro mais importante, eu não sei. O dado concreto é que estava marcado neste salão às 15h15", declarou Lula sobre Zelenski.

Já Zelenski reagiu com ironia ao ser questionado se ficou decepcionado por não ter conseguido se reunir com Lula em Hiroshima. "Acho que ele [Lula] que ficou decepcionado", respondeu, rindo em seguida.

"Encontrei todos os líderes. Quase todos. Todos têm suas agendas próprias. Acho que é por isso que não pudemos encontrar o presidente do Brasil", declarou o presidente ucraniano.

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, participou de uma reunião da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, para a promoção da igualdade de gênero em posições de liderança.

A ministra está na comitiva do presidente Luiz Inácio Lula Silva que está nos Estados Unidos para acompanhar a abertura da 78ª Assembleia Geral da entidade, na terça-feira (19).

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Durante o evento, a ministra anunciou que o Brasil implantará o projeto-piloto "Cidades Lideradas por Mulheres", no país. Cida Gonçalves se colocou à disposição para a construção de cidades seguras e democráticas para as mulheres.

"Não acredito em democracia sem a participação efetiva e plena das mulheres. O conceito de cidades para mulheres também não pode deixar de considerar o enfrentamento constante à violência de gênero”, afirmou.

A reunião faz parte da implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. O encontro é realizado antes da assembleia geral e também reúne empresárias e diretoras de entidades do terceiro setor.

São esperados mais de 140 líderes na próxima semana na Assembleia Geral da ONU, onde a presença do presidente da Ucrânia irá destacar a fragmentação de um mundo que luta contra uma avalanche de crises sem precedentes.

"Vamos nos reunir em um momento no qual a humanidade enfrenta imensos desafios - desde o agravamento da emergência climática à escalada de conflitos, a crise do custo de vida global, o aumento das desigualdades e perturbações tecnológicas drásticas", lembrou o secretário-geral da ONU, António Guterres, antes do evento anual.

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"As populações esperam dos seus líderes uma solução para sair deste desastre", lembrou, ao mesmo tempo que voltou a lamentar a "fragmentação" do mundo, que "reduz a nossa capacidade de resposta" às crises.

A fragmentação geopolítica está intimamente relacionada à ofensiva russa na Ucrânia há um ano e meio.

A guerra, com as suas múltiplas consequências - especialmente para a segurança alimentar global-, estará muito presente no intenso encontro diplomático, apesar da prioridade oficial ser o desenvolvimento.

O presidente ucraniano Volodimir Zelensky subirá ao palco da Assembleia Geral pela primeira vez e deverá participar na quarta-feira de uma reunião de alto nível do Conselho de Segurança dedicada ao conflito.

No entanto, "é preciso ter cuidado", alerta o analista do International Crisis Group, Richard Gowan.

"Se adotar uma posição dura", ao repetir os pedidos de mais armas aos seus aliados, "corre o risco de transformar esta oportunidade em uma crise diplomática", gerando "atritos" com os países em desenvolvimento.

"Há uma lacuna cada vez maior entre o mundo em desenvolvimento e o mundo desenvolvido", alerta um diplomata europeu.

Devemos "garantir que esta lacuna não aumente ainda mais", reconhecendo ao mesmo tempo que a guerra na Ucrânia "rouba a atenção política e econômica de problemas globais urgentes, como a segurança alimentar, as catástrofes climáticas, as desigualdades e o acesso ao financiamento".

Neste contexto, Guterres tentará novamente convencer a Rússia a retornar ao acordo para a exportação de grãos ucranianos através do Mar Negro, crucial para a segurança alimentar global.

Os governos devem comprometer-se a "agir com urgência" para salvar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030.

Os objetivos, que estão "em perigo", visam melhorar a situação de mais de 8 bilhões de pessoas e, ao mesmo tempo, proteger o planeta com a erradicação da pobreza extrema e da fome, acesso à saúde, água potável, educação, energia e luta contra as alterações climáticas.

Em relatório divulgado nesta terça-feira (12), a agência de migração da Organização das Nações Unidas (ONU) concluiu que a fronteira entre os Estados Unidos e o México é a rota de migração terrestre mais mortal do mundo. O órgão afirma que centenas de pessoas perdem as suas vidas ao tentarem fazer as perigosas travessias no deserto que divide os países.

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) relata 686 mortes e desaparecimentos entre migrantes na fronteira em 2022. No entanto, os números de vítimas é provavelmente mais elevado devido à falta de dados tanto dos gabinetes legistas do condado fronteiriço do Texas quanto da agência mexicana de busca e resgate.

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“Os números alarmantes são um lembrete claro da necessidade de uma ação decisiva para criar vias regulares de migração legal”, afirma o segundo porta-voz da OIM, Paulo Dillon, que pontua que os números registados “representam as estimativas mais baixas disponíveis”.

Em uma paisagem de cânions, colinas repletas de cactos e dois grandes desertos, o Chihuahuan e o Sonora, os migrantes são vítimas de hipotermia no inverno e de insolação no verão, segundo as autoridades da fronteira dos Estados Unidos. Alguns corpos jamais são encontrados por conta da dificuldade de acesso ao terreno.

De acordo com Dillon, 350 mortes foram documentadas em 2022, em comparação com 245 em 2021 e menos de 170 registradas em anos anteriores. A maioria das vítimas nas rotas migratórias do Caribe era de pessoas da Cuba, Haiti e República Dominicana.   

Além disso, no Darien Gap, uma passagem de fronteira na selva entre a Colômbia, na América do Sul, e o Panamá, na América Central, foram registradas 141 mortes de migrantes no ano passado.

"A natureza remota e perigosa dessa área e a presença de gangues criminosas ao longo da rota significam que esse número provavelmente não representa o número real de vidas perdidas", disse o segundo porta-voz da OIM.  Na última sexta-feira (8), o governo do Panamá anunciou que irá intensificar a deportação dos migrantes que entrarem no país pela selva inóspita de Darién, a fim de conter a onda migratória para os Estados Unidos.

O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, se declarou "chocado com a indiferença" diante dos milhares de migrantes que morrem a cada ano no planeta nas rotas migratórias.

Ele também fez um apelo por ações rápidas diante da mudança climática.

"Não precisamos de mais avisos. O futuro distópico já está aqui. Precisamos de medidas urgentes agora", afirmou.

"A mudança climática está levando milhões de pessoas para a fome. Está destruindo esperanças, oportunidades, lares e vidas. Nos últimos meses, os alertas urgentes viraram realidades letais de maneira repetida em todo o mundo", disse Türk no discurso de abertura da 54ª sessão do Conselho dos Direitos Humanos em Genebra.

Türk fez as declarações após o fracasso do G20 no fim de semana em aprovar uma declaração com um pedido pelo fim do uso das energias fósseis.

O Alto Comissário também criticou a indiferença com os milhares de migrantes que morrem durante as tentativas de conseguir uma vida melhor.

"Estou chocado com a indiferença que se manifesta diante das mais de 2.300 pessoas que foram declaradas mortas ou desaparecidas no Mediterrâneo este ano, incluindo mais de 600 em apenas um naufrágio nas costas da Grécia em junho", afirmou.

"É evidente que um número muito maior de migrantes e refugiados morrem, sem notificação", acrescentou, antes de mencionar o Canal da Mancha, o Golfo de Bengala e o Caribe, áreas onde "pessoas em busca de proteção" são expulsas, denunciou.

Türk também criticou a situação na fronteira entre Estados Unidos e México, onde as expulsões e processos de devolução acelerados provocam muitas dúvidas.

O estudante João Victor do Nascimento, de 23 anos, foi um dos 25 selecionados para participar do Programa de Formação de Embaixadores da Juventude. A iniciativa faz parte de uma parceria do Governo do Estado de Pernambuco e do Escritório das Nações Unidas (ONU).

O jovem cursa bacharelado em Ciências Sociais na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e, inicialmente, junto com os outros embaixadores, participaram de uma formação de quatro dias no Recife. Serão debatidos temas como Sustentabilidade, Cultura de Paz, Equidade de Gênero, Fome e Pobreza. O projeto visa que esses 25 jovens sejam porta-vozes de uma política de desenvolvimento para suas comunidades.

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João Victor

João Victor nasceu no Recife, mas foi criado em Nazaré da Mata, zona da mata norte do estado. O jovem foi um dos primeiros da família a entrar numa instituição de ensino superior, onde teve o horizonte aberto para pautas sociais. “Sempre fui muito curioso  sobre questões sociais, então sempre estive com interesse e engajado em pautas”, conta João Victor, que ao passar numa Universidade Federal, teve que se mudar para a capital pernambucana. 

O jovem é engajado em vários projetos sociais dentro e fora da universidade. Entre os muitos projetos estão o da Escola Livre de Redução de Danos. Ele também foi professor voluntário do curso pré-vestibular comunitário Carolina de Jesus, que fica situado no Alto José Bonifácio.

“Atuo, como Agente Redutor de Danos Voluntário no Centro de Convivência da Escola Livre de Redução de Danos onde é ofertado assistência a usuários de drogas, profissionais do sexo e pessoas em situação de rua e/ou população de rua, em especial, trabalhando numa intervenção social dentro da política de drogas e fornecendo a garantia dos direitos básicos perante a lei a esses indivíduo e a política de redução de danos”, João Victor conta um pouco sobre suas experiências. 

O maior desejo do jovem participando do Programa de Jovens Embaixadores da  Juventude é atuar ativamente e discutir alternativas para jovens pretos periféricos vindos do interior. Que segundo ele, “sem alternativas ou perspectivas de vida, são encaminhados a subempregos, a criminalidade e a antes de tudo isso uma grande problemática que perpetua por muitos anos: a evasão escolar”.

“Portanto, para mim, defender a juventude é investir no progresso e no crescimento coletivo da sociedade. Ao defender a juventude, estamos investindo no amanhã, pois são os jovens que moldarão a sociedade de amanhã. Proporcionar-lhes acesso a educação de qualidade, oportunidades de emprego, saúde e bem-estar é um investimento no futuro próspero de uma nação”, conclui o estudante.

Sessenta e dois trabalhadores humanitários já perderam a vida no mundo neste ano, denunciou nesta quinta-feira (17) a ONU, que se prepara para lembrar o 20º aniversário do atentado contra a sua sede em Bagdá, que matou, entre outros, o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, chefe da missão.

A ONU celebra anualmente o Dia Mundial Humanitário em 19 de agosto, data do atentado suicida que, em 2003, no contexto da invasão ao Iraque, liderada pelos Estados Unidos, 22 pessoas morreram e 150 ficaram feridas em um hotel onde as Nações Unidas haviam montado seu quartel-general na capital iraquiana, em um dos ataques mais letais contra a organização.

Ao longo de 2023, 62 trabalhadores humanitários morreram nas crises que abalam o planeta, 84 ficaram feridos e 34 foram sequestrados, segundo dados provisórios do relatório "Aid Worker Security Database", da Humanitarian Outcomes. No ano passado, 116 das 444 pessoas que foram vítimas de ataques morreram, frente aos 460 registrados em 2021, que deixaram 141 mortos.

O Sudão do Sul é considerado, há vários anos, o país mais inseguro para esta profissão de alto risco. Até 10 de agosto foram registrados 40 ataques contra funcionários do setor humanitário, com 22 trabalhadores mortos, informou o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitário (OCHA).

Em segundo lugar, aparece o vizinho do norte, Sudão, com 17 ataques trabalhadores humanitários e 19 vítimas fatais desde o início do ano, um número que não era registrado desde o pior momento do conflito de Darfur, entre 2006 e 2009. Também foram registradas vítimas na República Centro-Africana, Mali, Somália, Ucrânia e Iêmen.

"Os riscos que enfrentamos vão além da compreensão humana", afirmaram as ONGs Médicos do Mundo, Ação contra a Fome e Handicap International em um relatório financiado com ajuda da União Europeia.

- Assimetria nos conflitos -

O relatório faz recomendações para garantir o respeito ao direito humanitário, incluindo um melhor compartilhamento de dados entre ONGs e grupos de trabalho dirigidos pela ONU.

A cada ano, mais de 90% das vítimas de atentados são cidadãos locais, segundo a Organização Internacional para a Segurança (Inso). "A guerra moderna e a natureza assimétrica dos conflitos contribuíram para essa violência", ressalta o relatório.

As ONGs têm dificuldade de financiar os custos relacionados à segurança. “Os doadores deveriam arcar com os custos relacionados à segurança dos nossos funcionários”, disse Frédéric Penard, diretor-geral da Ação contra a Fome.

"A cada ano, morrem no cumprimento do dever quase seis vezes mais trabalhadores humanitários do que os que perderam a vida naquele dia sombrio em Bagdá, e, em sua grande maioria, são trabalhadores humanitários locais", lamentou Martin Griffiths, chefe de Assuntos Humanitários da ONU, para quem "a impunidade relacionada a esses crimes é uma cicatriz" na consciência coletiva.

Apesar dos desafios de segurança e de acesso aos locais, os trabalhadores humanitários iniciaram uma campanha para destacar seu compromisso permanente e ajudar as comunidades.

Diante do aumento das crises no planeta e do crescimento das necessidades humanitárias, a ONU e seus parceiros tentam ajudar quase 250 milhões de pessoas em situação de risco, dez vezes mais do que em 2003, lembra a organização.

A Coreia do Norte foi acusada, nesta quinta-feira (17), no Conselho de Segurança da ONU, de cometer violações "hediondas" e "inimagináveis" aos direitos humanos de sua população para prosseguir com seu programa de armamento nuclear e balístico, o que lhe rendeu sanções internacionais.

A pedido dos Estados Unidos, que preside este mês o órgão, o Conselho de Segurança realizou nesta quinta a primeira reunião pública desde 2017 dedicada exclusivamente à situação dos direitos humanos na Coreia do Norte.

Rodeada de diplomatas de cerca de 50 países, a embaixadora americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield, denunciou em um comunicado as "violações e abusos dos direitos humanos ligados ao desenvolvimento de armas de destruição em massa e mísseis balísticos pela RPDC", a República Popular Democrática da Coreia.

Mais cedo, diante do Conselho, o alto comissário para os direitos humanos da ONU, Volker Türk, denunciou que as "violações" dos direitos humanos "sustentam o crescimento da militarização" do país.

Türk explicou que "o recurso em larga escala ao trabalho forçado, inclusive de prisioneiros políticos e escolares nas colheitas, o confisco de salários de trabalhadores no exterior, sustentam o aparato militar do Estado e sua capacidade de fabricar armas".

O Conselho também convidou para dar detalhes um jovem "representante da sociedade civil" que fugiu da Coreia do Norte e cuja família se refugiou na Coreia do Sul.

Ilhyeok Kim, que leu um texto em inglês, denunciou o "isolamento e os castigos" sofridos pela população norte-coreana, "o sangue e o suor" do povo para amparar "a vida luxuosa dos dirigentes".

"Para o governo, isso não importa, só importa preservar seu poder desenvolvendo armas nucleares", acrescentou o jovem.

"As violações que [Ilhyeok Kim] acaba de relatar são tão atrozes quanto inimagináveis", afirmou Thomas-Greenfield, que criticou "o controle totalitário e repressivo da sociedade por parte de Kim Jong Un", o líder norte-coreano.

A Rússia, que assim como a China se opôs à reunião, denunciou, por meio de seu representante, Dmitry Polyansky, "o cinismo e a hipocrisia dos Estados Unidos e seus aliados".

A comunidade internacional impôs em 2006 sanções à Coreia do Norte, que em 2017 foram reforçadas três vezes.

As medidas adotadas pelo Conselho por unanimidade este ano para obrigar Pyongyang a suspender seus programas armamentistas limitam em particular suas importações de petróleo. Mas desde então, o órgão está dividido sobre o assunto.

Em maio de 2022, China e Rússia vetaram uma resolução com novas sanções e desde então nenhuma decisão ou declaração voltou a ser adotada, embora as autoridades norte-coreanas tenham seguido ordenando testes de lançamento de mísseis.

Às vésperas do Dia Mundial Humanitário e do 20º aniversário do atentado contra a sede da ONU em Bagdá, que matou várias pessoas, incluindo o diretor da missão, o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, a Organização das Nações Unidas informou que mais 60 trabalhadores humanitários morreram desde o início de 2023.

O Dia Mundial Humanitário, celebrado em 19 de agosto, será mais uma vez marcado pelo luto: 62 trabalhadores humanitários morreram nas crises que abalam o planeta, 84 ficaram feridos e 34 foram sequestrados, segundo os dados provisórios do relatório "Aid Worker Security Database", da Humanitarian Outcomes.

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O Sudão do Sul é considerado, há vários anos, o país mais inseguro para esta profissão de alto risco. Até 10 de agosto foram registrados 40 ataques contra funcionários do setor humanitário, com 22 trabalhadores mortos, informou o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitário (OCHA).

Em segundo lugar apare o vizinho do norte, Sudão, com 17 ataques trabalhadores humanitários e 19 vítimas fatais desde o início do ano, um número que não era registrado desde o pior momento do conflito de Darfur, entre 2006 e 2009.

Também foram registradas vítimas na República Centro-Africana, Mali, Somália, Ucrânia e Iêmen.

Um total de 444 trabalhadores humanitários foram vítimas de ataques no ano passado, com 116 mortos, contra 460 ataques e 141 vítimas fatais em 2021.

"Os riscos que enfrentamos vão além da compreensão humana", afirmaram as ONGs Médicos Do Mundo, Ação Contra a Fome e Handicap International em um relatório financiado com ajuda da União Europeia.

Mais de 90% das vítimas de atentados são cidadãos locais, segundo a Organização Internacional para a Segurança (INSO).

Em 2023, o Dia Mundial Humanitário recorda os 20 anos do atentado suicida de 2003 contra a sede da ONU no Hotel Canal de Bagdá, Iraque, que matou 22 funcionários da organização.

Quase 150 pessoas - funcionários locais e estrangeiros que ajudavam nas ações de reconstrução do Iraque - ficaram feridas em um dos ataques mais violentos contra a ONU.

"O Dia Mundial Humanitário e o atentado contra o Hotel Canal sempre serão, para mim e para muitos outros, uma ocasião para emoções confusas e ainda cruas", disse Martin Griffiths, secretário de Assuntos Humanitários da ONU.

"A cada ano morrem no cumprimento do dever quase seis vezes mais trabalhadores humanitários que os que faleceram naquele dia sombrio em Bagdá, e em sua grande maioria são trabalhadores humanitários locais", lamentou Griffiths, para quem "a impunidade por estes crimes é uma cicatriz" na consciência coletiva.

Apesar dos desafios de segurança e de acesso aos locais, os trabalhadores humanitários iniciaram uma campanha para destacar seu compromisso permanente e ajudar as comunidades.

Com o aumento das crises no planeta e o crescimento das necessidades humanitárias, a ONU e seus parceiros tentam ajudar quase 250 milhões de pessoas em situação de risco, 10 vezes mais do que em 2003, lembra a organização.

As crises registradas desde 2020, como a pandemia, a inflação ou a guerra na Ucrânia, levaram 165 milhões de pessoas à pobreza, informou a ONU, que pediu uma pausa no pagamento da dívida dos países em desenvolvimento para inverter a tendência.

O impacto acumulado das crises levou 75 milhões de pessoas a uma situação de extrema pobreza (menos de 2,15 dólares por dia, R$ 10,3 na cotação atual) entre 2020 e o fim de 2023 e mais 90 milhões a viver abaixo do limite da pobreza, com 3,65 dólares (R$ 17,5 na cotação atual) por dia, de acordo com projeções do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

"Os países que conseguiram investir em medidas de proteção nos últimos anos evitaram que muitas pessoas caíssem na pobreza”, afirmou o diretor do PNUD, Achim Steiner, em um comunicado.

"Mas nos países muito endividados há uma correlação entre elevados níveis de dívida, gastos sociais insuficientes e um aumento alarmante dos níveis de pobreza", alertou.

O PNUD pede uma "pausa" nos pagamentos das dívidas nestes países, que devem optar entre pagar a dívida ou ajudar a população.

De acordo com outro relatório da ONU, publicado na quarta-feira, 3,3 bilhões de pessoas, quase metade da população mundial, vivem em países que gastam mais para pagar os juros da dívida do que em áreas como educação e saúde.

Os países em desenvolvimento, apesar do nível de dívida menor - mas que aumenta rapidamente -, pagam mais juros devido ao aumento das taxas.

Diante do cenário, o PNUD pede uma "pausa" para destinar o pagamento da dívidas ao financiamento de medidas sociais destinadas a amortecer os efeitos dos choques econômicos. A ONU acredita que "a solução não está fora do alcance do sistema multilateral".

De acordo com cálculos do PNUD, retirar estas 165 milhões de pessoas da pobreza custaria 14 bilhões de dólares por ano, o equivalente 0,009% do PIB mundial em 2022, e menos de 4% do serviço da dívida dos países em desenvolvimento.

Ao considerar também as perdas de renda das pessoas que já estavam abaixo da linha da pobreza antes das crises recentes, o custo do alívio seria de 107 bilhões de dólares (0,065% do PIB, quase 25% do serviço da dívida).

"Há um custo humano para a inação a respeito da reestruturação da dívida soberana dos países em desenvolvimento", recorda Achim Steiner. "Precisamos de novos mecanismos para antecipar e absorver os impactos e para que a arquitetura financeira funcione para os mais vulneráveis".

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, que pede uma reforma das instituições financeiras internacionais, criticou mais uma vez esta semana um sistema "obsoleto que reflete as dinâmicas coloniais da época em que foi criado".

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a "bagunça" nos cadastros deixados pela gestão anterior prejudicou o combate à fome e à pobreza no Brasil. Em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, da RedeTV!, Haddad comentou sobre o retorno do País ao mapa da fome e ponderou que com o novo tamanho do Bolsa Família, que tem verba de R$ 170 bilhões para este ano, será possível reverter a situação.

Haddad lembrou que quando a transferência de renda do Bolsa Família começou, em 2004, a verba anual para o programa era menor, cerca de R$ 50 bilhões em valores atualizados. Com o atual orçamento do programa, o ministro disse que o foco agora é sanear os cadastros para que esse dinheiro chegue a quem precisa.

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Ele elogiou o trabalho que vem sendo conduzido pelo ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias. A pasta é alvo de cobiça do Centrão. Desde o início do ano, o ministério está fazendo um pente fino nas inscrições do Cadastro Único, porta de entrada para os benefícios sociais. O objetivo é identificar fraudes.

O total de pessoas que passam fome no Brasil chegou a 10,1 milhões no ano passado, o que representa 4,7% da população, segundo dados do relatório Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo, divulgado nesta quarta-feira (12) pela Organização das Nações Unidas (ONU).

O número é inferior ao registrado pelo 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19, feito pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), com execução em campo do Instituto Vox Populi, Ação da Cidadania, ActionAid Brasil, Oxfam, entre outras instituições. Esse levantamento apontou, no ano passado, que 33,1 milhões de brasileiros não tinham o que comer.

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No mundo, de acordo com o documento da ONU, são entre 690 milhões e 783 milhões de pessoas (entre 8,7% e 9,8% da população do planeta) com fome. Apesar de a fome global ter estagnado nos últimos dois anos, ela ainda atinge 122 milhões de pessoas a mais do que antes da pandemia de covid. Segundo o relatório, o aumento dos preços dos alimentos e da energia, intensificado pela guerra na Ucrânia, dificultou que houvesse um progresso significativo nos últimos anos.

Na comparação com dados registrados entre 2004 e 2006, o total de brasileiros que passam fome diminuiu. Na época, eram 12,1 milhões, ou 6,5%.

A insegurança alimentar no País, porém, vem crescendo e atingiu 70,3 milhões de brasileiros (32,8% da população) entre 2022 e 2022. Entre 2014 e 2016, eram 37,6 milhões. A insegurança alimentar severa mais que quintuplicou nesse intervalo, passando de 4 milhões para 21,1 milhões, ou de 1,9% para 21,1%.

No mundo, a prevalência de insegurança alimentar alcançou 29,6% da população, ou 2,4 bilhões de pessoas. Dessas, 900 milhões sofrem de insegurança severa.

A ONU estima que 600 milhões de pessoas ainda passarão fome no mundo em 2030. São 119 milhões a mais do que haveria se não tivesse ocorrido a pandemia nem a guerra na Ucrânia. O órgão espera que haja uma redução da fome na Ásia nos próximos sete anos. Na América Latina e no Caribe, não deve haver progresso, enquanto, na África, o número de pessoas sem ter o que comer deve crescer significativamente.

O número de pessoas que passam fome no mundo se estabilizou em 2022 após sete anos de alta, um "avanço modesto" e insuficiente para cumprir a meta de eliminar este flagelo até 2030, advertiram cinco agências da ONU em um relatório divulgado nesta quarta-feira (12).

Cerca de 735 milhões de pessoas passaram fome este ano, o equivalente a 9,2% da população mundial, alerta o relatório, cujos autores incluem a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

O número, que vinha aumentando desde 2015, estabilizou-se e até registrou uma leve queda, com menos 3,8 milhões de pessoas em relação a 2021.

A América Latina registrou avanços no combate à fome, com exceção da região do Caribe, onde a situação se agravou.

A desnutrição crônica também aumentou na Ásia Ocidental e na África, diz o relatório, que também leva o selo do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), do Programa Mundial de Alimentos (PMA) e da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O relatório anual sobre o estado da segurança alimentar e nutricional no mundo detalha que, na África, uma em cada cinco pessoas sofre de desnutrição crônica.

O documento é um "retrato de um mundo ainda se recuperando de uma pandemia mundial e que agora se debate com as consequências da guerra na Ucrânia, que agitou ainda mais os mercados de alimentos e de energia".

Desde 2019, essas duas crises acrescentaram 122 milhões de pessoas ao mapa da fome.

Embora a recuperação econômica pós-pandemia tenha melhorado a situação, “não cabe dúvida de que esse modesto progresso se viu minado pela alta dos preços dos alimentos e da energia, amplificada pela guerra na Ucrânia”.

O relatório adverte que, sem esforços mais bem direcionados, a meta de “acabar com a fome, a insegurança alimentar e a desnutrição em todas as suas formas até 2030 permanecerá fora do nosso alcance”.

- 'Novo normal' -

Na América Latina e no Caribe, a prevalência da desnutrição - o indicador que mede a fome - caiu de 7% em 2021 para 6,5% em 2022, o que representou uma redução de 2,4 milhões no número de pessoas que passam fome. Essa redução se explica pela evolução na América do Sul (de 7% para 6,1%), já que o Caribe registrou um aumento significativo de 14,7% em 2021 para 16,3% em 2022.

"Há raios de esperança (...). No entanto, em geral, precisamos de um intenso esforço mundial imediato para resgatar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável", defendeu o secretário-geral da ONU, António Guterres, citado no comunicado do relatório.

Se não se acelerar esse avanço, cerca de 600 milhões de pessoas ainda estarão passando fome em 2030, principalmente na África.

Os principais fatores de insegurança alimentar - conflitos, contração econômica e catástrofes climáticas - e as desigualdades recentes se tornaram um "novo normal", disseram.

O presidente do FIDA, Álvaro Lario, destacou a falta de investimento e de "vontade política para implementar soluções em larga escala".

A diretora-executiva do PMA, Cindy McCain, alertou, por sua vez, que a fome aumenta, “ao mesmo tempo que os recursos de que precisamos urgentemente para proteger os mais vulneráveis estão se reduzindo perigosamente”.

Para ela, “enfrentamos o maior desafio já visto”.

Como no ano anterior, 2,4 bilhões de pessoas sofriam de insegurança alimentar aguda, ou moderada, em 2022. Ou seja: três em cada dez pessoas não tinham acesso a uma alimentação adequada.

A possibilidade de as populações terem acesso a uma alimentação saudável se deteriorou em todo o mundo, devido ao impacto prolongado da pandemia nas economias e à disparada no preço dos alimentos, frisou a ONU.

Mais de 3,1 bilhões de pessoas não poderiam pagar por uma dieta balanceada em 2022, o que pode provocar desnutrição, carências nutricionais, ou obesidade.

Um funcionário do alto escalão da ONU condenou, nesta sexta-feira (7), a violência contra as mulheres na República Democrática do Congo (RDC), onde 31.000 casos de estupro e agressão foram registrados apenas no primeiro trimestre, o que "encarna a desumanidade dos homens", declarou.

A violência de gênero "é generalizada em partes do leste do Congo, entre populações deslocadas de Ituri", disse em entrevista coletiva o responsável da ONU para assuntos humanitários, Martin Griffiths. “Não quero repetir as estatísticas e histórias do cotidiano dessas mulheres e jovens que são vítimas do comportamento imprudente daqueles que controlam suas vidas, mas isto vai além do imaginável."

Nos três primeiros meses de 2023, a organização registrou 31.000 casos de violência de gênero, o que, segundo Griffiths, é bem inferior à realidade, devido ao baixo número de denúncias. Se o ritmo atual se mantiver, “chegará ao número extraordinário de 125 mil casos neste ano”, previu.

"A RDC encarna, para mim, a natureza espantosa da desumanidade dos homens. Temos que alertar para este problema, porque ele não acontece apenas naquele país", ressaltou Griffiths.

Nessa quinta-feira (6), o governo de Pernambuco, em parceria com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), abriu as inscrições para o Programa Embaixadores da Juventude. As inscrições vão até 6 de agosto.

Serão selecionados 25 jovens para serem Embaixadores das Nações Unidas em Pernambuco. Eles precisarão ter idade entre 18 e 25 anos, serem de nacionalidade brasileira e que residam em Pernambuco, além disso devem ter contato com o ensino médio (concluído, cursando ou trancado) e ter renda salarial per capita de até três salários mínimos.

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O objetivo do programa é aumentar a liderança e o ativismo entre a população jovem com foco na Agenda 2030 das nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável. Serão feitas capacitações, exercícios de liderança, desenvolvimento de habilidades pessoais e interpessoais e estímulo ao debate inclusivo e produtivo.

Confira outras informações no edital.

Por Mateus Moura, com informações de assessoria

Pesadelo, ou realidade, a Inteligência Artificial (IA) avança a grandes passos, mas muitos assuntos se encontram ainda sem resposta, advertiu a ONU na abertura, nesta quinta-feira (6), de uma conferência de dois dias, da qual participam robôs humanoides.

Muitos participantes ficaram surpresos com o realismo dos robôs humanoides percorrendo os corredores dessa "cúpula mundial sobre IA a serviço do bem social", organizada pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), uma agência da ONU.

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No momento em que a pesquisa em IA, em particular a generativa, encontra-se em pleno auge, as Nações Unidas pedem que se crie regras e limites para que essas tecnologias beneficiem a humanidade sem colocá-la em perigo.

"Quando a IA generativa chegou ao mundo há alguns meses, nunca vimos algo assim. Até mesmo os maiores nomes da tecnologia consideraram a experiência impressionante", afirmou a secretária-geral da UIT, Doreen Bogdan-Martin, na cúpula, referindo-se à chegada do programa ChatGPT.

"A possibilidade de que essa forma de inteligência possa se tornar mais inteligente do que nós está se aproximando", disse ela, acrescentando que isso surpreendeu todo o mundo, incluindo os criadores dessas tecnologias.

Em reação, centenas de universitários, empresários e personalidades pediram uma moratória de seis meses para o desenvolvimento dos sistemas de IA mais poderosos, citando "maiores riscos para a humanidade".

Em Genebra, a ONU reuniu nesta semana mais de 3.000 especialistas, líderes e representantes de empresas para discutir a necessidade de elaborar regras que garantam que a IA seja usada para fins positivos para a humanidade, como a luta contra a fome, ou o desenvolvimento sustentável.

Sem isso, a IA pode nos fazer viver um verdadeiro pesadelo, segundo Bogdan-Martin, que descreve um mundo com milhões de empregos em perigo e um aumento da desinformação, "conflitos sociais, instabilidade geopolítica e disparidades econômicas de uma magnitude que nunca vimos antes".

"Muitas das perguntas que temos sobre a IA ainda não têm resposta. Devemos fazer uma pausa nas experiências mais poderosas? Controlaremos a IA mais do que ela pode nos controlar? E a IA ajudará a humanidade?", questionou.

Os robôs humanoides reunidos em Genebra não responderam a essas perguntas, mas talvez o façam na sexta-feira, em uma coletiva de imprensa inédita da qual nove deles participarão.

Humanoides ou não, os robôs invadiram a cúpula.

Cantores, assistentes em casas de repouso, artistas... às vezes é difícil identificá-los a poucos metros de distância.

A "produção barata, rápida e fácil" das drogas sintéticas transformou profundamente vários mercados mundiais, expressou a ONU neste domingo, alertando para "consequências desastrosas".

O fentanil, 50 vezes mais potente do que a heroína, "mudou radicalmente o consumo de opioides na América do Norte", destacou o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, sigla em inglês) em comunicado que acompanha o seu relatório anual.

Em 2021, a maioria das mortes por overdose na América do Norte foi atribuída a esta droga, cuja produção pode aumentar. O escritório alerta para o impacto da guerra na Ucrânia, com "alguns sinais de que poderia desencadear uma expansão do tráfico de drogas sintéticas, devido ao conhecimento técnico existente e aos grandes mercados que se desenvolvem naquela região".

O relatório também destaca as consequências ambientais do mercado das drogas. Na Bacia Amazônica, o cultivo de coca, com "oferta ainda recorde" e "redes cada vez mais ágeis", "agrava as atividades criminosas", como o desmatamento ilegal e o tráfico de animais silvestres.

O UNODC cita, ainda, a situação no Afeganistão, onde a redução prevista do cultivo de papoula como resultado da proibição do mesmo pelos talibãs pode levar a uma mudança para a produção de metanfetamina, em um país que já é um dos maiores produtores deste estimulante, "principal droga sintética fabricada ilegalmente no mundo".

“Temos que intensificar a luta contra os traficantes que exploram os conflitos e as crises globais para expandir a produção de drogas, principalmente as substâncias sintéticas”, advertiu Ghada Waly, diretora executiva do UNODC, citada no comunicado.

Em nível mundial, "mais de 296 milhões de pessoas fizeram uso de drogas em 2021, um aumento de 23% em 10 anos", sendo a maconha a droga mais consumida, segundo o escritório. O número de pessoas que sofrem de transtornos relacionados às drogas aumentou 45% no mesmo período, mas apenas uma a cada cinco recebe tratamento.

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