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O ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu manifestação da Procuradoria-Geral da República sobre pedido de progressão de pena do regime fechado para o semiaberto do ex-ministro e ex-deputado federal Geddel Vieira Lima (Integração Nacional e Secretaria de Governo nos governos Lula e Temer, respectivamente), condenado por associação criminosa e lavagem de dinheiro no caso do bunker com R$ 51 milhões.

As informações são da agência de notícias do Supremo Tribunal Federal.

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A prisão foi determinada pelo juízo da 10ª Vara Federal do Distrito Federal e confirmada pelo Supremo.

Geddel Vieira Lima foi condenado em outubro de 2019 pela 2.ª Turma do Supremo a 14 anos e 10 meses de reclusão e 106 dias-multa, em regime inicial fechado, pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa no caso do bunker dos R$ 51 milhões em Salvador.

Toffoli determinou, ainda, que após a manifestação da PGR, os autos deverão ser encaminhados ao gabinete do ministro Edson Fachin, relator da Ação Penal 1030, para análise do pedido.

Em dezembro, o ministro Fachin autorizou a transferência de Geddel para o Centro de Observação Penal de Salvador. Embora tenha delegado ao juízo da 2ª Vara da Seção Judiciária da Bahia a competência para a prática dos atos relativos à execução da pena, o relator determinou que temas como a mudança do regime de cumprimento da condenação sejam dirigidos diretamente ao STF.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato na Corte, autorizou a transferência do ex-ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo/Michel Temer) para o Centro de Observação Penal de Salvador. A decisão atende pedido da defesa, que requisitou a mudança para que o emedebista fique mais próximo da família.

A petição protocolada pelo advogado Gamil Flöppe destaca que Geddel tem dois filhos menores de idade e mãe idosa e portadora de doenças graves. O ex-ministro está detido preventivamente desde 8 de setembro de 2017 por ordem da 10ª Vara Federal do Distrito Federal. Geddel está preso no Complexo Penitenciário da Papuda, dividindo espaço até com os hackers que invadiram o celular do ministro Sergio Moro.

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Inicialmente, Fachin negou a transferência por precisar de tempo para verificar se ainda restavam ações penais em aberto contra Geddel na justiça federal de Brasília e cobrar informações do governo da Bahia sobre a possibilidade de receber o ex-ministro no sistema penitenciário baiano.

A Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização respondeu que "disponibiliza vagas no Centro de Observação Penal - COP, Unidade que dispõe das condições de segurança exigidas para o recebimento de presos que respondam a ação penal naquela Corte Suprema".

Geddel foi preso preventivamente na ação penal que investigou o bunker com R$ 51 milhões apreendidos em Salvador. Em outubro, a Segunda Turma do Supremo condenou o ex-ministro a 14 anos de prisão por crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa. Com o julgamento encerrado, Fachin avaliou que não há mais ordens de prisão emanadas de autoridades com jurisdição no Distrito Federal contra Geddel.

O ministro destacou que o emedebista mostrou "bom comportamento" por efetuar trabalho voluntário desde abril e ser estudante de cursos profissionalizantes, "além de remir pena também pela leitura". A Procuradoria-Geral da República também se manifestou a favor da transferência.

"Ante o exposto, defiro o pedido de transferência formulado por Geddel Quadros Vieira Lima, autorizando-o a cumprir sua custódia no Centro de Observação Penal - COP, localizado na cidade de Salvador/BA", decreta Fachin.

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta terça-feira, 22, condenar os irmãos Geddel Vieira Lima (MDB), ex-ministro, e Lúcio Vieira Lima (MDB), ex-deputado federal, pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa no caso do bunker dos R$ 51 milhões em Salvador. A discussão, iniciada em 24 de setembro, se estendeu por cinco sessões da Segunda Turma - e ainda não foi concluída, faltando fixar o tamanho da pena dos irmãos Vieira Lima.

Geddel, preso desde 8 de setembro de 2017, Lúcio Vieira Lima e a mãe deles, Marluce Vieira Lima, foram denunciados em dezembro de 2017, três meses após a deflagração da Operação Tesouro Perdido, que apreendeu, em 5 de setembro daquele ano, R$ 51 milhões em dinheiro vivo - R$ 42,6 milhões e US$ 2,6 milhões - num apartamento em Salvador, que fica a pouco mais de um quilômetro da casa da matriarca. No dinheiro, foram encontradas digitais de Geddel. Para Marluce, o processo foi desmembrado à primeira instância.

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"Pareceu-me comprovado, sem sombra de dúvida razoável, que teriam se associado de forma estável e permanente para a prática dos crimes de lavagem de dinheiro", disse a ministra Cármen Lúcia.

Cármen Lúcia acompanhou o entendimento do relator, ministro Edson Fachin, e do revisor da ação penal, ministro Celso de Mello, de que os irmãos Vieira Lima devem ser condenados tanto pelo crime de lavagem de dinheiro quanto de associação criminosa.

Após a leitura dos votos dos cinco ministros que integram a Segunda Turma, a sessão foi suspensa para um intervalo de 30 minutos. No retorno das atividades, ainda nesta terça-feira, será discutida a dosimetria da pena.

Enquanto os cinco ministros votaram pela condenação dos irmãos Vieira Lima por lavagem de dinheiro, houve divergência na Segunda Turma sobre as acusações de associação criminosa.

"Para que determinado indivíduo possa ser considerado sujeito ativo do crime, para que responda por essa infração criminal, é preciso que tenha consciência de que participa de uma organização que tenha como finalidade delinquir", observou o ministro Ricardo Lewandowski, ao abrir uma divergência parcial dos colegas.

"No presente caso, a permanência e estabilidade do vínculo entre acusados decorre da relação familiar, caracterizada por laços de consanguinidade existente entre eles. No ponto, importa considerar que nada há nos autos que permita concluir que o relacionamento dos acusados se deva ao propósito de praticar ilícitos penais. Constituem uma família", acrescentou.

O ministro Gilmar Mendes o acompanhou nesse ponto, mas a posição dos dois foi vencida.

Denúncia

Segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), no período de 2010 a 2017, os irmãos Vieira Lima e a mãe praticaram atos com a finalidade de ocultar valores provenientes de crimes: repasses de R$ 20 milhões pelo doleiro Lúcio Bolonha Funaro a Geddel por atos de corrupção na Caixa Econômica Federal; recebimento pelo ex-ministro e o ex-deputado federal de R$ 3,9 milhões do Grupo Odebrecht e apropriação de parte da remuneração paga pela Câmara a secretários parlamentares.

De acordo com o MPF, os valores foram dissimulados por meio de empreendimentos imobiliários.

A Segunda Turma do Supremo também decidiu absolver o ex-assessor de Geddel e Lúcio Vieira Lima, Job Ribeiro Brandão, e o empresário Luiz Fernando Machado da Costa, que também haviam sido denunciados.

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou pedido da defesa do ex-ministro Geddel Vieira Lima (Governos Lula e Temer) para revogação de sua prisão preventiva. Fachin também negou domiciliar para Geddel, preso em 8 de setembro de 2017, após a apreensão de R$ 51 milhões em dinheiro vivo em um apartamento em Salvador no âmbito da Operação Tesouro Perdido.

No dinheiro, foram encontradas digitais de Geddel.

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A decisão de Fachin foi dada na quinta-feira, 22, no âmbito da Ação Penal 1030 na qual Geddel e seu irmão, o ex-deputado Lúcio Vieira Lima (MDB), respondem por lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Em maio, Fachin, relator da ação, encaminhou os autos para o revisor, Celso de Mello.

A defesa pedia que o Supremo revogasse a prisão do ex-ministro ou, subsidiariamente estabelecesse medidas alternativas.

Caso não fossem atendidos os advogados pediam que a Corte colocasse Geddel em prisão domiciliar, sob o argumento de que o ex-ministro ficasse em "regime disciplinar diferenciado".

Por decisão do Juízo da Vara das Execuções Penais do Distrito Federal, o ex-ministro foi transferido de uma cela onde tinha a companhia de outros 14 detentos para o Pavilhão de Segurança Máxima.

Ao indeferir o pedido da defesa, Fachin indicou que a prisão preventiva de Geddel foi determinada "em função da gravidade das condutas atribuídas ao ex-ministro, dos robustos indicativos de propensão à reiteração delitiva e da inequívoca insuficiência de medidas cautelares alternativas para o resguardo da ordem pública".

Marluce Vieira Lima, mãe do ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB) e do ex-deputado Lúcio Vieira Lima, não compareceu ao interrogatório na ação penal em que ela e seus filhos são acusados de lavagem de dinheiro e associação criminosa envolvendo os R$ 51 milhões encontrados pela Polícia Federal em Salvador. A defesa alegou questões de saúde e o juiz estendeu o prazo para que Marluce responda às perguntas da defesa e do Ministério Público Federal.

A audiência ocorreria nesta sexta-feira (15), às 14h30. No entanto, a defesa informou que Marluce "não pôde comparecer à audiência por determinação médica".

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Esta não é a primeira vez que sua audiência é adiada. Os advogados ainda apresentaram um atestado médico que indicava a necessidade de repouso de 30 dias a contar de 30 de outubro do ano passado.

Diante da ausência, o Ministério Público Federal pediu um prazo de dez dias para apresentar perguntas a serem respondidas por Marluce.

O magistrado determinou que, em "atenção aos princípios da celeridade, lealdade processual, busca da verdade real, ampla defesa e contraditório, bem como no interesse de resguardar a saúde da acusada, garantindo sua integridade física e psíquica da denunciada", a Procuradoria elabore as perguntas em 10 dias, assim como a defesa. "Para melhor desenvolvimento e articulação em suas respostas, OUTORGO à acusada MARLUCE o prazo de 15 (quinze) dias para as respostas, havendo, ainda, de possibilidade de que o Juiz Titular desta Vara formule outros questionamentos que entender pertinentes", decidiu.

O juiz pontua que, "caso não haja possibilidade sequer de que a acusada responda a essas perguntas, deverá o atestado médico consignar expressa ressalva".

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, reforçou, em alegações finais, ao ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), o pedido de condenação dos irmãos Lúcio (MDB) e Geddel Vieira Lima (MDB) e do empresário Luiz Fernando Machado Costa Silva pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa, no processo que envolve o bunker dos R$ 51 milhões. A chefe do Ministério Público Federal requer a condenação de Geddel a 80 anos de prisão e 48 anos e seis meses para Lúcio, ex-deputado federal.

As alegações finais representam os últimos apelos que o Ministério Público Federal e os réus podem fazer no âmbito de uma ação penal. Após a entrega do documento, eles já podem ser sentenciados.

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Geddel, preso desde 8 de setembro de 2017, Lúcio, Luiz Fernando, e a mãe dos emedebistas, Marluce Vieira Lima, foram denunciados em dezembro de 2017, três meses após a deflagração da Operação Tesouro Perdido, que apreendeu, em 5 de setembro daquele ano, os R$ 51 milhões em dinheiro vivo - R$ 42,6 milhões e US$ 2,6 milhões - em um apartamento em Salvador, que fica a pouco mais de um quilômetro da casa da matriarca. No dinheiro, foram encontradas digitais de Geddel.

Na denúncia, Raquel sustenta que parte dos valores apreendidos é resultado de atos de corrupção identificados e investigados em outras frentes como as operações Lava Jato e Cui Bono? - já denunciados tanto ao Supremo quanto à primeira instância da Justiça Federal.

Segundo a procuradora, outra parcela do dinheiro teria como origem o crime de peculato supostamente praticado por Lúcio Vieira Lima e já denunciado à Justiça.

O Ministério Público Federal sustenta que "apenas no caso envolvendo a Caixa Econômica Federal, a participação de Geddel teria rendido pagamentos de propina de R$ 170 milhões a agentes públicos". "No caso do peculato, as investigações revelaram que até 80% dos salários pagos pela Câmara dos Deputados a Job Brandão ao longo de 28 anos eram repassados à família. O próprio assessor, que colaborou com as investigações, confirmou as irregularidades".

Raquel afirma que Job Ribeiro Brandão, hoje delator, "trabalhou como operador da lavagem de dinheiro" dos emedebistas. "Recebeu e movimentou dinheiro vivo com o fim de ocultar sua origem e natureza". Na peça, a procuradora-geral pede perdão judicial para Job, levando em conta sua colaboração.

Segundo a procuradora, "entre 2011 e 2016, em Salvador, alguns dos atos de lavagem de dinheiro também envolveram Luiz Fernando Machado, empresário e administrador da COSBAT - Construção e Engenharia, que é empresa de construção civil baiana, fundada em 1996, especializada em empreendimentos imobiliários de alto luxo em Salvador/BA".

"Junto com a família Vieira Lima, Luiz Fernando Machado Costa Silva utilizou valores provenientes de infrações penais e lavou dinheiro sujo na aquisição de unidades imobiliárias por empresas de Geddel Quadros Vieira Lima, Marluce Vieira Lima e de Lúcio Quadros Vieira Lima, por solicitação deles", sustenta.

A procuradora-geral narra que as "elevadas somas em dinheiro começaram a ser recebidas em parcelas por Lúcio, Geddel e Marluce a partir de 2010, em Salvador (BA)". "Desde então, foram mantidas em depósito e ocultadas até janeiro de 2016 num closet do apartamento n° 1201 da Rua Plínio Moscoso, n° 64, Bairro Chame-Chame, em Salvador/BA, onde reside Marluce".

A procuradora-geral narra que as "elevadas somas em dinheiro começaram a ser recebidas em parcelas por Lúcio, Geddel e Marluce a partir de 2010, em Salvador". "Desde então, foram mantidas em depósito e ocultadas até janeiro de 2016 num closet do apartamento n° 1201 da Rua Plínio Moscoso, n° 64, Bairro Chame-Chame, em Salvador, onde reside Marluce."

A Procuradoria detalha que, a partir de janeiro de 2016, os emedebistas e Marluce determinaram a transferência dos R$ 51 milhões a um "imóvel emprestado por um amigo de Lúcio, a seu pedido, a pretexto de guardar pertences do falecido pai".

"Semanas após, Geddel, Lúcio e Marluce determinaram uma nova transferência deste dinheiro para o apartamento vizinho, de número 201, mantendo lá o depósito oculto e dissimulado desta elevadíssima soma de dinheiro, permanentemente, até 5 de setembro de 2017, ocasião em que a Polícia Federal, por ordem do Juízo da 10.ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal, fez busca no local e apreendeu o numerário", afirma.

A reportagem tentou contato com os citados, mas ainda não obteve retorno.

Em manifestação encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF), a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, defendeu a rejeição de um recurso apresentado pela defesa do ex-ministro Geddel Vieira Lima, réu em ação penal pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa no caso do bunker de R$ 51 milhões encontrado em Salvador.

A defesa de Geddel questiona os procedimentos em torno da realização de depoimentos em São Paulo, Salvador e Brasília, no âmbito da ação penal em curso no STF.

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Para os advogados do ex-ministro, a realização de audiências fora de Brasília - que seriam acompanhadas por Geddel por videoconferência, e não presencialmente - viola "seu direito de presença e exercício da autodefesa".

"A videoconferência e afins - recursos de tecnologia que franqueiam contatos diretos e instantâneos - são um fenômeno inevitável da vida moderna ao qual a administração pública e até o processo penal não puderam resistir", rebateu Raquel Dodge.

O relator do caso, ministro Edson Fachin, já havia decidido que Geddel poderia acompanhar as audiências por videoconferência, mas a defesa do ex-ministro entrou com recurso.

Fachin marcou para os dias 30 de agosto e 3, 4, 10, 11, 18 e 24 de setembro mais de 35 depoimentos, tanto de testemunhas de defesa quanto de acusação.

"Aprofundando um pouco mais a discussão, pergunta-se qual o prejuízo à defesa de Geddel se ele acompanhar e participar ao vivo das audiências de oitiva das testemunhas pela videoconferência (...)? Nenhum. Ele terá contato prévio com sua defesa, poderá fazer intervenções e até questionamentos via sua defesa técnica - tudo em tempo real, online e sensível aos tempos de redução de gastos públicos'", escreveu Raquel Dodge.

A procuradora-geral da República ainda ressaltou que o Brasil elevou ao status constitucional "as garantias fundamentais do processo e dos meios que garantam a celeridade de sua tramitação".

A Polícia Federal investiga, no âmbito da Operação Tesouro Perdido, o elo entre o bunker dos R$ 51 milhões atribuídos aos irmãos Lúcio e Geddel Vieira Lima e supostos esquemas de corrupção na Caixa Econômica Federal. Os investigadores apreenderam atas da instituição na casa da mãe do ex-ministro, de acordo com relatório a que o Estado teve acesso.

O documento mostra que a Caixa liberou R$ 5,8 bilhões em créditos a empresas investigadas. Do total, R$ 4,4 bilhões foram destinados a empresas da holding J&F. A mãe do ex-ministro, Marluce Quadros Vieira Lima, também é uma das denunciadas na investigação.

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A denúncia foi feita em dezembro de 2017 pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, no âmbito da Tesouro Perdido. Geddel, o deputado federal Lúcio Vieira Lima e o empresário Luiz Fernando Machado Costa Filho são acusados de associação criminosa e lavagem de dinheiro. Deles, a Procuradoria cobra R$ 51 milhões. A PF ainda investiga a origem do dinheiro. Um dos caminhos apontados pelos investigadores é o doleiro Lúcio Funaro, que revelou ter levado malas de dinheiro ao emedebista em voos a Salvador, que totalizaram R$ 20 milhões.

De acordo com as investigações, Funaro reconheceu, entre os R$ 51 milhões, maços de dinheiro de um banco ligado à J&F. "Lúcio Funaro informou que os valores envoltos em ligas, com um pedaço de papel onde havia impresso o valor constante do maço de dinheiro, era exatamente como retirava o dinheiro dos seus doleiros e repassava para Geddel", afirmou a PF no relatório.

Funaro reconheceu ainda ter operado propinas a emedebistas relativas a negócios da Caixa Econômica Federal. Para a PF, Geddel agia na instituição financeira "para beneficiar empresas com liberações de créditos dentro de sua área de alçada e fornecia informações privilegiadas para os outros membros da organização criminosa que integrava".

Atas

Para a PF, as atas da Caixa apreendidas na casa da mãe de Geddel apresentam "informações relevantes à investigação" sobre o bunker em Salvador.

O relatório, assinado pelo agente Arnold Mascarenhas, destaca que foi feita uma análise sobre os documentos que levou em consideração investigações anteriores contra o emedebista. "Apesar de ocupar o cargo de vice-presidente de Pessoas Jurídicas da CEF entre abril de 2011 e agosto de 2013, o ex-ministro catalogou também as atas em que foram aprovadas operações com as empresas investigadas nos anos que sucederam a sua gestão", concluiu.

Em uma das pastas encontradas, há a anotação: "Para a defesa". Os agentes dizem entender que, apesar de encontrada na casa de Marluce, é "nítido" que os documentos são de Geddel. A PF destaca ainda que "dentre empréstimos, repactuações, e substituição de garantias, o valor global dos valores constantes nas atas encontradas" soma o montante de R$ 28,7 bilhões.

Beneficiada

O relatório identifica que a maior beneficiada entre as empresas encontradas nas atas apreendidas foi a empresa J&F Investimentos. "Lembrando que este foi tão somente o valor aprovado no período em que Geddel Vieira Lima ocupava o cargo de vice-presidente".

Em nota, a Caixa Econômica informou que está em "contato permanente com as autoridades, prestando irrestrita colaboração com os trabalhos". Procurado, o advogado da família Vieira Lima, Gamil Föppel, não se manifestou. A J&F, através de sua assessoria, informou que vai se manifestar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Depois de o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizar, em dezembro, novo inquérito para investigar o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), por crime de peculato, foi definido na terça-feira, 2, que o relator do caso será o ministro Alexandre de Moraes. Também são investigados nesse inquérito o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB), o diretor legislativo da Câmara Afrísio Vieira Lima Filho, e a mãe deles, Marluce Vieira Lima.

O pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) por um novo inquérito - além do que já investiga o caso do "bunker" com R$ 51 milhões apreendidos em Salvador - surgiu após o ex-assessor parlamentar Job Brandão entregar ao STF, em novembro, cópias dos extratos de sua conta bancária que, segundo ele, confirmam a devolução de cerca de 80% do seu salário para a família Vieira Lima.

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Em petição assinada por seu advogado Marcelo Ferreira, o ex-homem de confiança da família anexou extratos da movimentação financeira de sua conta no período entre janeiro de 2012 e novembro de 2017.

Pelo caso não ter relação direta com os crimes investigados no âmbito do inquérito do "bunker", Fachin havia pedido que a nova investigação fosse atribuída a outro ministro do Supremo.

A redistribuição foi autorizada pela presidente da Corte, Cármen Lúcia, em 20 de dezembro, primeiro dia de recesso do STF. Nesta terça, o ministro Alexandre de Moraes foi sorteado para relatar o inquérito.

Em depoimento à Polícia Federal, Job já havia revelado a devolução dos valores à mãe de Geddel, Marluce Vieira Lima. Após a revelação, o ex-assessor prometeu entregar as provas dos repasses. Com a entrega dos recibos e dos extratos, o advogado Marcelo Ferreira pretende conseguir os benefícios de uma colaboração e alcançar o perdão judicial para seu cliente.

Agora em liberdade determinada por Fachin, Brandão havia preso no dia 16 de outubro no âmbito das investigações sobre os R$ 51 milhões. Após pagamento de fiança de dez salários mínimos, Job recebeu uma tornozeleira e estava em prisão domiciliar, que foi revogada no final de novembro.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo em novembro, o advogado de Brandão havia afirmado que seu cliente é uma vítima da família Vieira Lima. De acordo com o advogado, a família de Geddel "exigia" a devolução de 70 a 80% do salário. "Tive a oportunidade de visitá-lo e pude constatar a simplicidade de sua casa e a real condição financeira, totalmente incompatível com o salário de um secretário parlamentar", disse o advogado na ocasião.

Os recibos mostram que nos dias subsequentes ao recebimento do salário da Câmara dos Deputados eram realizados vários saques na conta bancária de Job. Por exemplo, no dia 21 de março de 2012 a conta recebe o crédito de R$ 7 mil. Nos dias 22, 23, 26, 27, 28 e 29 são registrados, segundo o extrato anexado à petição, saques diários no valor de R$ 1 mil.

Por fim, no dia 30 do mesmo mês, outros R$ 990,00 são sacados. Para o advogado Marcelo Ferreira, essa dinâmica de saques em espécie confirma que o ex-assessor "sempre devolveu a maior parte de seu salário à família Vieira Lima"

Defesa

A reportagem entrou em contato com o advogado Gamil Föppel, responsável pela defesa da família Vieira Lima, mas ainda não obteve uma resposta.

A ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), manteve em prisão domiciliar Gustavo Pedreira do Couto Ferraz, aliado do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) cujas digitais foram encontradas em algumas notas dos R$ 51 milhões achadas em um apartamento de Salvador.

Ferraz está preso desde o dia 8 de setembro. Depois de quase 50 dias na prisão, ele obteve o direito de permanecer em regime domiciliar após pagar fiança estabelecida pelo ministro Edson Fachin. Seus advogados haviam solicitado a libertação com base na manifestação da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, favorável à revogação da medida cautelar.

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No início de dezembro, ao denunciar Geddel e seus aliados, Dodge requereu a revogação da prisão domiciliar de Ferraz. O ministro Fachin, ao aceitar a denúncia, ponderou que a PGR apontou apenas uma "alusão genérica" sobre o "comportamento positivo" de Ferraz e pediu uma nova manifestação do Ministério Público Federal (MPF).

Em 20 de dezembro, o MPF voltou a se posicionar favoravelmente à libertação do aliado do peemedebista. No entendimento de Dodge, durante a investigação não foram encontrados elementos sobre a participação de Ferraz após 2012, quando ele assumiu ter buscado uma mala de dinheiro em São Paulo a pedido de Geddel.

Segundo a PGR, o comportamento de Ferraz é distinto do de Geddel e de seus familiares. "De um lado, não há indícios de novos crimes praticados por Gustavo depois de 2012. De outro, mãe e filho prosseguiram na lavagem de dinheiro de valores milionários até setembro de 2017", diz Raquel Dodge em sua manifestação.

Como no último dia 21, já no recesso do Judiciário, o advogado Pedro de Almeida Castro solicitou novamente a revogação, a ministra Cármen Lúcia decidiu provisoriamente seguindo a última decisão do ministro Fachin, relator do inquérito.

"Para evitar risco concreto à ordem pública, tal como exposto pelo Ministro Relator, não se mostra desarrazoada juridicamente a manutenção necessária das medidas cautelares diversas da prisão, nos termos por ele determinados", explica Cármen em seu despacho. Fachin é relator do caso, mas, em período de recesso, é responsabilidade da presidência despachar sobre pedidos que chegam ao STF.

Ainda em sua decisão, a ministra explica que o caso deve voltar para o gabinete do ministro Fachin logo após o término do recesso forense. Responsável pela defesa de Gustavo Ferraz, o advogado Pedro Machado de Almeida Castro disse ter "plena convicção de sua soltura tão logo acabe o recesso."

"Não tivemos acesso à decisão, mas o panorama é diverso de quando decretou o ministro Fachin. Houve denúncia de fatos ocorridos em 2012, o que retira a contemporaneidade da medida. E o próprio órgão acusador não vê risco nessa liberdade", afirma Almeida Castro.

O ex-chefe da Defesa Civil de Salvador Gustavo Pedreira Ferraz, homem de confiança de Geddel Vieira Lima e do PMDB na Bahia, confessou à Polícia Federal que buscou malas de dinheiro em um hotel, em São Paulo, para o ex-ministro, em 2012, no âmbito das eleições municipais. Ele diz nunca ter ido ao bunker dos R$ 51 milhões em Salvador, mas alega que a viagem à capital paulista pode explicar o fato de suas digitais terem sido encontradas nas cédulas.

As digitais do diretor da Defesa Civil foram identificadas nos sacos plásticos que envolviam os R$ 51 milhões no apartamento emprestado pelo empresário Silvio Antônio Cabral Silveira. Digitais de Geddel também aparecem nas notas de dinheiro da maior apreensão da história da Polícia Federal brasileira. Até mesmo a fatura da empregada do deputado Lucio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão de Geddel, foi achada no apartamento, que fica a apenas 1,2 km da casa do ex-ministro e de sua mãe.

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Ao pedir a prisão de Ferraz, a Procuradoria da República no Distrito Federal afirmou que o agente público seria o interposto de Geddel Vieira Lima que foi buscar propinas em um hotel em São Paulo junto ao operador de Eduardo Cunha, Altair Alves Pinto. Ele foi denunciado pela Procuradora-Geral da República Raquel Dodge.

Ferraz disse acreditar que 'suas digitais foram identificadas no material encontrado durante a busca, uma vez que no ano de 2012, a pedido de Geddel Vieira Lima, transportou de São Paulo/SP para Salvador/BA dinheiro de contribuição para campanhas do PMDB da Bahia'.

Ele ainda diz que Geddel 'disse à época que o dinheiro seria utilizado nas campanhas dos Prefeitos e vereadores do PMDB no Estado da Bahia'.

Ferraz contou à PF que foi informado pelo ex-ministro de que 'a entrega do dinheiro seria intermediada por uma outra pessoa' com quem ele deveria se encontrar em um hotel.

Ele alega que foi até o hotel indicado e se encontrou com a pessoa - não identificada em seu depoimento - e que, com ela, foi até um escritório 'sem identificação externa' aonde aguardou em uma sala de reuniões até pegar, junto a outro interposto, uma mala de dinheiro de 'tamanho pequeno, compatível com as permitidas no interior de aviões'.

Ferraz ainda dá conta de que 'logo depois, a pessoa que o entregou a mala 'lhe disse para descer até a

garagem do prédio e entrar num Vectra de cor preta para ser transportado até o aeroporto de Congonhas'.

Segundo o ex-diretor da Defesa Civil de Salvador, o motorista do Vectra o levou até 'o comandante da tripulação de uma aeronave particular' e 'orientou a embarcar em um voo fretado para Salvador'. Quando chegou à capital Baiana, ele alega ter sido levado por um motorista do PMDB até a casa de Geddel, aonde a mala, com notas de R$ 50 e R$ 100, foi aberta e o dinheiro foi conferido.

Em despacho nesta quarta-feira, 6, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), entendeu que não é urgente decidir sobre o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) de recolhimento domiciliar noturno do deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) e de prisão domiciliar da mãe dele, Marluce Vieira Lima, e deu um prazo para as defesas de ambos se manifestarem sobre as medidas requisitadas.

O ministro atendeu, no entanto, o pedido de bloqueio de cerca de R$ 13 milhões que, segundo a acusação, teriam sido lavados por Lúcio, pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima, pela mãe e por Luiz Machado, sócio da Cosbat Construção Engenharia, por meio de empresas do ramo imobiliário. A lavagem teria ocorrido em sete empreendimentos imobiliários relacionados à Cosbat, à GVL Empreendimentos, à M&M Empreendimentos e à Vespasiano Empreendimentos.

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Os pedidos foram feitos pela PGR nesta segunda-feira, 4, quando a procuradora-geral Raquel Dodge denunciou por lavagem de dinheiro e associação criminosa, no caso das malas de R$ 51 milhões, Geddel, Lúcio, Marluce, o ex-assessor parlamentar dos políticos, Job Ribeiro Brandão, o advogado Gustavo Couto Ferraz e Luiz Machado.

No mesmo despacho, o ministro do Supremo autorizou a abertura de um novo inquérito contra Geddel Quadros Vieira Lima, Lúcio Quadros Vieira Lima, Marluce Vieira Lima e Afrísio Quadros Vieira Lima Filho - irmão dos políticos - para apurar suspeita de desvio de dinheiro público.

A PGR analisará se houve apropriação de até 80% dos salários de Job Brandão, como assessor dos políticos na Câmara dos Deputados. O próprio Job fez a acusação. Ele é um dos denunciados no inquérito.

Procurado pela reportagem, o deputado Lúcio Vieira Lima evitou fazer comentários sobre a decisão de Fachin.

"Não vi nada, é um desrespeito ao Judiciário eu me manifestar através do que a imprensa fala. O meu advogado só fala nos autos", desconversou o parlamentar. A reportagem ainda não conseguiu contatar os demais alvos da decisão.

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, denunciou o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) e o deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa pelo bunker dos R$ 51 milhões. Apesar de a peça não acusar os peemedebistas de corrupção, a chefe do Ministério Público Federal põe propinas da Odebrecht, esquemas de devolução de salários dos servidores da Câmara, pagamentos do doleiro Lúcio Funaro e desvios relacionados ao "Quadrilhão do PMDB" na Câmara como possíveis origens para as caixas e malas de dinheiro encontradas pela Polícia Federal no apartamento em Salvador.

Também foram denunciados os homens de confiança dos peemedebistas, Gustavo Ferraz e Job Brandão, a mãe Marluce Vieira Lima, e o empreiteiro Luiz Fernando Machado, dono da Cosbat construtora.

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Bunker

A Operação Tesouro Perdido partiu de uma denúncia anônima por telefone no dia 14 de julho de 2017. O apartamento em Salvador aonde foram encontrados os R$ 51 milhões pertence ao empresário Silvio Antonio Cabral Silveira, que admitiu às autoridades que emprestou o imóvel ao irmão de Geddel, o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB), a pretexto de guardar bens do pai do peemedebista, já falecido.

Na montanha de notas de R$ 100 e R$ 50 encontrada no apartamento, há marcas dos dedos do ex-ministro, de seu aliado Gustavo Pedreira Couto Ferraz, ex-diretor da Defesa Civil de Salvador, do assessor de Lúcio, Job Ribeiro Brandão, além de uma fatura com o pagamento da empregada do parlamentar.

No âmbito das investigações, Job resolveu colaborar com as investigações e tem feito tratativas para firmar delação premiada e seus depoimentos agravaram a situação dos peemedebistas perante a Justiça.

Ele disse que devolvia 80% de seu salário aos irmãos, além de contar e guardar dinheiro vivo em grandes quantidades para o ex-ministro e o deputado federal.

O homem de confiança dos peemedebistas foi preso no dia 16 de outubro, mesma data em que o gabinete de Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) foi alvo de busca e apreensão.

Defesas

A reportagem tentou contato com a defesa de Geddel e com a assessoria do deputado Lúcio Vieira Lima, mas ainda não obteve retorno.

O diretor jurídico da J&F Francisco de Assis e Silva rebateu nesta quarta-feira, 29, a versão de Lúcio Funaro sobre as notas do bunker dos R$ 51 milhões atribuídos a Geddel e Lúcio Vieira Lima. O doleiro afirmou à PF reconhecer uma marca do Banco Original, pertencente à holding, nos papéis que envolviam os maços de dinheiro encontrados no apartamento em Salvador, alvo da Operação Tesouro Perdido. Já o delator da J&F diz nunca ter dado dinheiro a Funaro e também alega não reconhecer a tal marca no material usado para envolver as cédulas.

O depoimento de Funaro consta em relatório que atribuiu lavagem de dinheiro e associação criminosa aos irmãos peemedebistas, seus homens de confiança, Job Brandão e Gustavo Ferraz, e à matriarca da família, Marluce Vieira Lima.

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Para a PF, as investigações sobre o apartamento em Salvador aonde foram encontrados R$ 51 milhões no âmbito da Operação Tesouro Perdido revelam indícios de corrupção passiva conexos com a Operação Cui Bono?, que investiga Geddel por desvios à época em que era vice-presidente da Caixa Econômica Federal.

Um dos depoimentos que embasaram a tese de que o dinheiro do bunker tem origem ilícita é o de Funaro.

Ao ser apresentado a fotos dos maços de dinheiro encontrados no bunker de Salvador, Funaro disse reconhecer referências ao Banco Original do Agronegócio, da J&F. "Lúcio Funaro informou que os valores envoltos em ligas, com um pedaço de papel onde havia impresso o valor constante do maço de dinheiro, era exatamente como retirava o dinheiro dos seus doleiros e repassava para Geddel", afirmou a PF no relatório.

O operador ainda "mencionou que o dinheiro envolto com cinta contendo a inscrição 'BOA', era na verdade uma referência ao Banco Original do Agronegócio". Segundo o relatório, Funaro disse "sabia disso porque já teria recebido dinheiro da mesma maneira do diretor jurídico do Grupo J&F Investimentos, senhor Francisco de Assis, e na ocasião o alertou sobre a facilidade de rastreamento do dinheiro".

O diretor jurídico da J&F, no entanto, rebate a versão do delator e afirma que "refuta veementemente a versão de Lúcio Funaro de que teria dado dinheiro ao doleiro".

Ele também afirma que "desconhece que a inscrição BOA, numa cinta envolvendo dinheiro, se refira a Banco Original do Agronegócio, como Funaro disse em depoimento à Polícia Federal".

A reportagem entrou em contato com a defesa de Lúcio Funaro, mas ainda não obteve retorno.

O delegado Eugênio Ricas, diretor de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal, disse nesta terça-feira, 28, que "não houve sumiço nem de malas, nem de dinheiro" - em referência aos R$ 51 milhões encontrados em setembro no bunker de Salvador, atribuído ao ex-ministro Geddel Vieira Lima e a seu irmão, o deputado Lúcio Vieira Lima, ambos do PMDB.

Segundo Ricas, a PF informou o Supremo Tribunal Federal (STF), onde tramita a Operação Tesouro Perdido por causa do foro privilegiado de Lúcio, que duas malas, inicialmente dadas como desaparecidas, estavam dentro de outras malas, apreendidas no bunker.

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A confusão se formou a partir de relatório subscrito pelo escrivão da PF Francisco Antonio Lima de Souza, segundo o qual do ato de apreensão na Bahia constavam 9 malas recolhidas. Quando o material chegou à PF em Brasília, destacou o policial, "foi constatada a presença de somente 7 malas, sendo seis grandes e uma pequena".

"Na verdade, não está faltando nada", esclareceu o delegado Eugenio Ricas. "Houve uma confusão na hora da certificação. O procedimento foi o seguinte: esse recurso (os R$ 51 milhões) foi encontrado no apartamento (de Salvador), foi apreendido, levado à Superintendência da Polícia Federal na Bahia. Esse dinheiro foi todo contado, foi apreendido, depositado no banco, ainda na Bahia. Não houve sequer trânsito de dinheiro."

Segundo o delegado, as malas foram submetidas à perícia e encaminhadas a Brasília, base da Operação Tesouro Perdido. "Em Brasília, na hora de acomodar essas malas no depósito, duas estavam dentro de outras malas. Isso foi certificado pelo escrivão hoje (terça, 28). Diante desse imbróglio, isso foi checado e foi verificado que essas malas estavam dentro de outras malas. Isso já foi certificado, comunicado ao Supremo (Tribunal Federal), mas o fato é que não houve sumiço, nem de malas, nem de dinheiro."

A mãe do ex-ministro Geddel Vieira Lima e do deputado Lúcio Vieira Lima, ambos do PMDB da Bahia, atribuiu, por meio de sua defesa, "inverdades" ao ex-assessor Job Ribeiro Brandão, que trabalhava para o parlamentar. A mãe dos peemedebistas, de 80 anos, se colocou à disposição da Justiça.

Em depoimento à Polícia Federal e à Procuradoria-Geral da República, Job afirmou que dinheiro em espécie era guardado em malas e caixas no closet de Marluce Vieira Lima.

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Segundo o ex-assessor, a família "possuía muito dinheiro guardado no apartamento de Marluce Vieira Lima", em Salvador.

O dinheiro, relatou Job, ficou guardado no closet do quarto da mãe em caixas e malas até o início de 2016.

Após as declarações de Job, a defesa da mãe de Geddel e Lúcio enviou manifestação ao Supremo Tribunal Federal.

Segundo o advogado Gamil Föppel, que defende a família Vieira Lima, Marluce "está à disposição" da Corte máxima, do Ministério Público e da Polícia Federal "para prestar todo e qualquer esclarecimento necessário, assim como fornecer documentos e/ou equipamentos".

"A peticionária (Marluce Vieira Lima) teve ciência, através da imprensa, da veiculação de diversas inverdades no bojo do depoimento de Job Ribeiro Brandão. Destarte, em vista do que fora exaustivamente veiculado pela imprensa, a peticionária informa ter interesse em prestar todos os esclarecimentos eventualmente necessários, a fim de estabelecer a verdade", afirmou Marluce, por meio de sua defesa.

Anexos à manifestação, a mãe de Geddel e Lúcio entregou ao Supremo relatórios médicos.

"Cabe pontuar, entretanto, que a peticionária é idosa, já contando com oitenta anos de idade, sendo portadora de enfermidade que lhe dificulta sobremaneira a locomoção, razão porque pede que qualquer intimação que eventualmente lhe seja dirigida, guarde a antecedência necessária face à dificuldade de locomoção que acomete a peticionária, conforme atestados médicos", relatou a defesa.

Geddel está preso desde setembro quando a Polícia Federal encontrou R$ 51 milhões em malas e caixas, dentro de um apartamento ligado a ele e ao irmão.

Job Brandão tem intenção de fazer um acordo de colaboração premiada. Ele virou alvo da Tesouro Perdido após a PF identificar suas digitais em parte dos R$ 51 milhões. O ex-ministro e o deputado Lúcio são investigados pelo crime de lavagem de dinheiro.

O ex-assessor parlamentar do deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), Job Ribeiro Brandão, buscou a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República (PGR) para fazer um acordo de colaboração premiada e já prestou depoimento à PF na última terça-feira, 14. A reportagem apurou que Job, no depoimento, explicou qual era sua participação nos desvios que seriam praticados pelo deputado e seu irmão, o ex-ministro Geddel Vieira Lima.

O depoimento de Job foi tomado pelo delegado da operação Cui Bono?, Marlon Cajado, e pelo procurador do grupo de trabalho da Lava Jato na PGR, Hebert Mesquita, na Superintendência da Polícia Federal, em Salvador. Atualmente, o ex-assessor está em prisão domiciliar.

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Job Brandão virou alvo da Operação Tesouro Perdido no momento em que a PF identificou suas digitais em parte dos R$ 51 milhões encontrados em um apartamento em Salvador, a 1,2 km da residência de Geddel Vieira Lima. O ex-ministro e o deputado Lúcio Vieira Lima são investigados pelo crime de lavagem de dinheiro.

Em documento protocolado nesta sexta-feira, 17, no Supremo Tribunal Federal (STF), o advogado Marcelo Ferreira de Souza, que representa Job, informou ao ministro Edson Fachin o interesse do ex-assessor em assinar um acordo de colaboração premiada.

"A partir do depoimento de Job Ribeiro Brandão, prestado no dia 14/11/2017, na sede da Polícia Federal em Salvador, verifica-se com clareza solar que o requerente não pretende se furtar à aplicação da lei penal, ao contrário, manifestou, espontaneamente, o desejo de colaborar com as investigações", diz a petição.

Job já havia protocolado uma petição no STF na qual afirmava que devolvia aos parlamentares a maior parte de seu salário de servidor público, na faixa de 80%, em uma proporção equivalente a R$ 8 mil.

Procurados, Geddel e o deputado Lúcio Vieira Lima não foram localizados até a publicação da reportagem.

A reportagem apurou que a defesa de Job mira três objetivos. O primeiro deles, a redução da fiança estipulada para sua soltura, já foi alcançado. O segundo seria derrubar o mandado de prisão expedido contra ele e a terceira é o ressarcimento dos valores que, segundo Job, eram devolvidos ao deputado e seu familiares. Para alcançar o terceiro objetivo, o ex-assessor deve indicar pessoas com conhecimento sobre a devolução de cerca de 80% do salário ao deputado.

Na petição encaminhada ao STF, o advogado de Job apontou que seu cliente é "primário de bons antecedentes, tem residência fixa na cidade de Salvador, tudo a demonstrar que não há risco para a ordem pública ou inconveniente para a investigação ou persecução penal com sua soltura."

Por esses argumento, o advogado Marcelo Ferreira solicitou a revogação da prisão domiciliar e da monitoração eletrônica "com a consequente notificação da autoridade policial e/ou Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização da Bahia para que promova as medidas necessárias à retirada do equipamento."

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta segunda-feira, 13, reduzir a fiança de Gustavo Pedreira do Couto Ferraz e Job Ribeiro Brandão, investigados no caso do 'bunker' de R$ 51 milhões supostamente ligados ao ex-ministro Geddel Vieira Lima e ao deputado estadual Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA).

A fiança é para que eles possam continuar no regime de prisão domiciliar. A de Job Bradão já está paga. Caso Gustavo Ferraz não deposite, irá para a prisão preventiva. A decisão atende a pedido dos advogados, que tiveram parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR).

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O ministro relator não respondeu neste momento a um pedido feito pela defesa de Geddel, que quer ter acesso ao número do telefone que fez a ligação anônima que resultou na ação da PF que apreendeu os R$ 51 milhões. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, neste ponto, se posicionou contra o pedido de Geddel.

Fachin disse que, na decisão desta segunda-feira, 13, se resumiria a analisar os pedidos de redução de fiança, "em razão do caráter urgente das questões que envolvem qualquer tipo de deliberação sobre o direito de locomoção". A fiança de Gustavo Ferraz passou de 100 para 50 salários mínimos, e a de Job baixou pela segunda vez, agora de 50 salários mínimos para 10, com uma redução de 2/3 para Job devido à situação econômica ruim que o investigado demonstrou. O ministro deu 24 horas para Ferraz fazer o pagamento.

'Repasse'

Fachin disse que Job Brandão conseguiu comprovar que os dados utilizados anteriormente para medir a capacidade dele de pagar a fiança não eram adequados. Um dos motivos que ele destacou foi o de que o investigado disse que repassava entre 70% e 80% do salário como assessor parlamentar aos dois peemedebistas da família Vieira Lima. Sobre isso, o ministro apontou que o tal repasse estaria "pendente de apuração".

"Em razão da inexistência de patrimônio expressivo em seu nome, a despeito de ter ocupado cargos públicos durante 28 (vinte e oito) anos, bem como do noticiado repasse de verbas remuneratórias, ainda pendente de apuração", disse Fachin. A procuradora-geral, Raquel Dodge, também tocou neste ponto, mas não pediu providências; apenas deixou em aberto a possibilidade de tomar medidas em relação à suspeita lançada sobre Lúcio Vieira Lima pelo ex-assessor.

"Em relação à afirmação de Job Ribeiro Brandão de que entregava 70% (setenta por cento) de suas remunerações ao deputado Lúcio Vieira Lima, a PGR adotará as providências necessárias no seu tempo certo", disse Raquel Dodge.

Em manifestação encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF), a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, se posicionou contra um pedido de Geddel Vieira Lima, que quer ter acesso ao número do telefone que fez a ligação anônima que resultou na ação da PF que apreendeu R$ 51 milhões.

Dodge, por outro lado, concordou com os pedidos de redução de fiança feitos por Gustavo Pedreira do Couto Ferraz e Job Ribeiro Brandão, investigado em conjunto com Geddel e o deputado federal Lúcio Vieira Lima. Para Gustavo, ela recomendou a redução do valor de 100 salários mínimos para 50 salários mínimo. Em relação a Job Brandão, a procuradora-geral admitiu a argumentação de que o ex-assessor parlamentar dos irmãos Vieira Lima não teria condições de pagar a quantia de 50 salários mínimos.

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Job Brandão, como um dos argumentos para diminuir o valor, afirmou que a maior parte de seu salário como assessor de Lúcio Vieira Lima era desviada para o parlamentar e para o irmão, Geddel. Segundo Job Brandão, 80% eram entregues, até 2015, quando o pai dele adoeceu, e o porcentual de repasse aos Vieira Lima teria diminuído de 80% para 70%.

"Causou estranheza à PGR que ele, em vinte e oito anos de serviço público, com remuneração bruta de quase quinze mil reais, tivesse acumulado tão pouco patrimônio declarado. A hipótese inicial foi a de que ocultasse patrimônio. Outra hipótese, ainda carente de investigação, parece explicar a situação", disse Raquel Dodge, referindo-se à explicação de Job de que até R$ 8 mil por mês eram devolvidos e que a renda líquida que lhe restava mensalmente era de R$ 3.780,00. Outro argumento que Raquel citou foi o de que o ex-assessor parlamentar está agora desempregado, depois de ter sido exonerado após operação da PF.

Providências

Raquel Dodge registrou essa informação e deixou em aberto a possibilidade de tomar medidas em relação à suspeita lançada sobre Lúcio Vieira Lima pelo ex-assessor. "Em relação à afirmação de JOB RIBEIRO BRANDÃO de que entregava 70% (setenta por cento) de suas remunerações ao Deputado LÚCIO QUADROS VIEIRA LIMA, a PGR adotará as providências necessárias no seu tempo certo", disse Raquel Dodge.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, deu 48 horas para a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, se pronunciar sobre o pedido de Geddel Vieira Lima para ter acesso ao telefone do denunciante do bunker dos R$ 51 milhões.

O peemedebista havia pedido ao Supremo Tribunal Federal que seja revelado o número de telefone utilizado para fazer a denúncia anônima da montanha de dinheiro vivo encontrada em malas e caixas em um apartamento na cidade de Salvador.

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O montante - maior volume de dinheiro vivo já apreendido pela PF na história - em que foram encontradas impressões digitais do peemedebista, estava em um apartamento na capital baiana a pouco mais de um quilômetro da residência do peemedebista. A Polícia Federal descobriu o tesouro por meio de uma denúncia anônima. Geddel é investigado por lavagem de dinheiro.

Em petição ao relator da Lava Jato no Supremo, Edson Fachin, o advogado Gamil Foppel, que defende Geddel, requereu ao ministro que "determine à autoridade policial que certifique, nestes autos, o número telefônico que supostamente teria entrado em contato com o Núcleo de Inteligência Policial, assim como a identidade do agente policial que o recebeu, fato alegadamente ocorrido em 14 de julho de 2017".

O defensor ainda requer acesso à perícia papiloscópica sobre impressões digitais encontradas no dinheiro e nas embalagens que o envolviam.

Nesta quinta-feira, 9, Fachin deu 48 horas para Raquel analisar os pedidos da defesa. O ministro ainda solicitou o parecer da procuradora-geral sobre pedido do ex-assessor de Lúcio e Geddel, Job Ribeiro Brandão, que renovou sua "pretensão de redução da fiança".

O magistrado já havia concedido a redução, pela metade, da fiança de 100 salários mínimos de Job. O braço direito dos peemedebistas, no entanto, quer que o valor seja reduzido novamente alegando que devolvia 80% de seu salário à época em que era servidor da Câmara Federal a Lúcio e Geddel.

Job ainda confessou ter contado dinheiro para Geddel cuja origem desconhece, em maços de até R$ 100 mil.

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