Após as prisões cometidas por parte dos agentes policiais durante o protesto do último sábado (7), na ‘Operação 7 de Setembro’, os representantes da Frente Independente Popular afirmaram, em coletiva, que o Secretário de Defesa Social do Estado de Pernambuco, Wilson Damázio, foi o responsável pelas atitudes dos militares, já que os mesmos afirmaram que ele foi o mandante das agressões. A plenária aconteceu na tarde desta segunda-feira (9), no Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Segundo o estudante Rodrigo Dantas, da Frente de Luta pelo Transporte Público, que foi preso na estação do Metrô depois de sair do protesto, ele está sendo alvo de perseguição policial e não fez nada que infringisse a lei. “O nosso protesto era pacífico e contra, justamente, as torturas realizadas durante a ditadura militar, que até hoje não estão impune e que as perseguições continuam acontecendo no governo Eduardo Campos”, explicou Rodrigo, que afirma ter passado por alguns momentos de tortura.
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Rodrigo também contou que dentro do metrô houve uma conciliação entre ele e os agentes. “Todo mundo pagou a passagem e entrou tranquilamente dentro do local cantando palavras de ordem. Tanto que o tenente ainda me cumprimentou e agradeceu por ter contribuído para o protesto ter sido pacífico. Mas quando chegamos perto da escada foi implantada uma emboscada no qual resultou a minha prisão”, disse.
Ainda de acordo com Dantas, o próprioestava portando somente uma bandeira. “O capitão Maxuel puxou violentamente o objeto da minha mão e, em um ato instintivo, a puxei novamente. Em seguida me derrubaram no chão, me deixando com várias escoriações pelo corpo, além de colocar spray de pimenta diretamente no meu olho. E quando cheguei à viatura, o mesmo capitão mandou apertarem as algemas ao máximo”, explicou o estudante, que contou que as versões da SDS, do delegado responsável pelo caso e dos policiais que participaram da ação, são contraditórias. Já as outras detenções que aconteceram no bairro do Derby, conforme Rodrigo, também foram todas prisões políticas.
DENÚNCIA
Os integrantes dos movimentos populares Resistência Pernambucana, da Frente Independente Popular de Pernambuco e da Frente de Luta Pelo Transporte Público, aproveitaram a coletiva e informaram que vão entrar com uma ação em dois órgãos internacionais contra o governo de Pernambuco: a Anistia Internacional e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
Eles vão reunir os vídeos feitos tanta pela impressa pernambucana como dos representantes no dia da manifestação, além de documentos, fotos e depoimentos de manifestantes agredidos e imagens da polícia nas redes sociais. “Estamos muitos preocupados com os rumos que o negócio está tomando. As coisas não podem continuar como estão”, desabafou a advogada voluntária Noelia Brito, que reforça a afirmação que os jovens, além de estarem sendo monitorados em sua residência, estão sendo perseguidos e torturados pela ação policial durante os protestos.
Em uma das publicações realizadas pelo Grupo de Apoio Tatico Itinerante da Polícia Militar de Pernmabuco na internet, é possível ler: "VAGABUNDOS QUEREM DENUNCIAR NOSSA PAGINA PODEM DENUNCIAR NÃO VAI DAR EM NADA SEUS LIXOS QUE DE PROTESTANTE NÃO TEM NADA CAMBADA DE VAGABUNDOS!". Já em outra públicação o grupo disponibiliza uma foto em que contém o estudante Edgar Santos, de 20 anos, sendo carregado pelos agentes.
“Está se instalando um estado policialesco e uma ditadura disfarçada de democracia, tudo em função de um projeto político do governador, que tenta mostrar que Pernambuco é o lugar das maravilhas. Quando ele vê que existem pessoas e que não se submetem à sua política, porque vê que isso não é verdade, começam a ser perseguidas”, contou. Segundo a advogada a denúncia vai funcionar de como uma ação genérica e coletiva e os casos individuais serão discutidos.
Uma nova manifestação está sendo marcada para revindicar a ação policial em Pernambuco. Os manifestantes vão se reunir no próximo dia 18 em frente à Escola Luiz Delgado, situada na área central do Recife. Eles também vão pedir melhorias no transporte, além dos atos de corrupção.