Tópicos | 7 de setembro

Um dos principais líderes das manifestações em favor do presidente Jair Bolsonaro, Marcos Antônio Pereira Gomes, o Zé Trovão, está no México. Considerado foragido da Justiça, ele, primeiro, afirmou que se entregaria às autoridades. Pouco depois, avisou que continuará em fuga e orientou bolsonaristas a "invadir Brasília".

Com ordem de prisão expedida, Zé Trovão continua dando instruções para apoiadores de Jair Bolsonaro pelo Brasil, por meio das redes sociais. Um dos principais meios de comunicação é um canal do Telegram com mais de 24 mil seguidores.

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Mais cedo, ele falou que estava cansado de fugir e que esperaria a polícia prendê-lo, em um hotel no México.

"Em alguns momentos, eu devo ser preso. Eu não vou mais fugir. Chega, eu estou cansado disso. Para quem não sabe, estou no México. A embaixada brasileira acaba de entrar em contato com o hotel que eu estou. Em alguns momentos, provavelmente a polícia vem aqui me recolher", afirmou.

Cerca de duas horas e meia depois, ele fez uma nova gravação. Desta vez, avisou que continuaria fugindo das autoridades. No mesmo vídeo, incitou bolsonaristas a "entrar em Brasília" para colocar pressão no Senado e no presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

"Estou mais uma vez fugido. Não vou me entregar, não querem que me entregue. Não vou me entregar. Estou lutando com vocês. Vamos para cima, vamos entupir Brasília, minha gente. Entrem em Brasília agora todo mundo. Cadê o povo de Brasília para entupir Brasília e ir para a frente do Senado Federal? Precisamos cobrar uma atitude de Rodrigo Pacheco. Está na hora", afirmou.

Cabe a Pacheco decidir sobre início de processos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Pacheco já rejeitou um pedido contra o ministro Alexandre de Moraes apresentado pelo presidente Jair Bolsonaro.

"Temos que agir agora. Cadê o povo brasileiro? Vamos invadir Brasília. Precisamos de todo o povo em Brasília. Ao mesmo tempo, precisamos de todo o povo das cidades nas rodovias. Vamos trancar as rodovias", afirmou Zé Trovão.

O próprio presidente Jair Bolsonaro já pediu para que caminhoneiros parem com as paralisações em rodovias porque elas prejudicam a economia e os mais pobres. Ao menos 15 estados registraram protestos nas estradas.

Bolsonaristas não acreditaram na veracidade da gravação. O próprio Zé trovão a pôs em dúvida e o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, precisou aparecer em vídeo confirmando que a mensagem havia sido gravada pelo presidente.

Após ser contrariado pelo governo, Zé Trovão tenta desassociar o presidente dos protestos de caminhoneiros. Agora, segundo o foragido, as manifestações não são nem em defesa do presidente, mas a favor do Brasil.

"Pelo amor de Deus, as paralisações precisam ter faixas com a cara do Alexandre de Moraes (do Supremo Tribunal Federal), pedindo o impeachment dele. Tirem as faixas em que está escrito Bolsonaro, apoio a Bolsonaro. Tirem essas faixas, pelo amor de Deus. Não estamos lutando a favor do Bolsonaro, estamos lutando a favor da família brasileira", afirmou, em vídeo divulgado no início da tarde desta quinta, 9.

A Confederação Nacional do Transporte (CNT), que representa as empresas do setor, informou que vem acompanhando com preocupação os registros de paralisações com bloqueios do tráfego em rodovias do País e que não apoia nenhum tipo de paralisação.

"Os bloqueios nas rodovias podem provocar sérios transtornos à atividade econômica, impactando diretamente o abastecimento das cidades brasileiras, podendo haver graves dificuldades para realizar o transporte de produtos de primeira necessidade da população", disse a CNT em nota divulgada no início da tarde. A entidade cita entre os itens de primeira necessidade alimentos, medicamentos e combustíveis. A manifestação ocorre no terceiro dia consecutivo de protestos de caminhoneiros pelo País. "A CNT desconhece o teor da pauta desses profissionais."

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A CNT pede também que os governos federal e estaduais assegurem às empresas de transporte rodoviário de cargas o "seu pleno exercício": "A entidade espera que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) trabalhe, decisivamente, para retirar os bloqueios e garantir a segurança nas nossas estradas. Com essas garantias, as transportadoras asseguram o restabelecimento da normalidade no abastecimento do País".

Um movimento intitulado de caminhoneiros patriotas realiza protestos pelo País desde a manhã de terça-feira, na esteira de manifestações em prol do governo Bolsonaro que ocorreram no 7 de Setembro. Os atos são em apoio ao presidente Jair Bolsonaro e pedem a destituição dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Segundo o Ministério da Infraestrutura, no início da tarde desta quinta, havia pontos de concentração em rodovias federais em 14 Estados com interdições em 5 deles: BA, MA, MG, RS e SC.

A paralisação dos caminhoneiros, contudo, não é uma decisão unânime da categoria. Entidades que representam caminhoneiros autônomos e que chamam mobilizações a favor de demandas específicas da categoria não aderiram aos atos. Algumas entidades que representam os transportadores autônomos alegam que há envolvimento de empresas do setor no financiamento dos atos e na participação de seus funcionários nas manifestações.

Na nota divulgada nesta quinta-feira, 9, a CNT não menciona qualquer tipo de envolvimento com os atos. Apesar do alerta da CNT, a Agência Nacional de Petróleo divulgou comunicado alegando que os protestos começam a diminuir e que não deverá ocorrer desabastecimento de combustíveis e gás de cozinha.

Em mais um distanciamento em relação à base de apoio do presidente Jair Bolsonaro, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), chamou a ocupação de estradas por caminhoneiros de "irregular, inconstitucional e criminosa" e prometeu usar força policial em caso de bloqueios no Estado.

"Se acontecer, é questão de minutos, primeiro no diálogo, depois na força", disse o tucano durante entrevista coletiva em Sumaré. De acordo com o governador, as orientações dadas nesta quarta, 8, ao secretário de Segurança Pública do Estado e ao comando da Polícia Militar é para que não se deixe acontecer nenhuma paralisação nas estradas do Estado.

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Com relação a estradas federais, o governador afirmou que essas são de responsabilidade do poder Executivo. Doria então minimizou o apelo de Bolsonaro para que manifestantes interrompessem os atos. "De nada adianta gravar um áudio pedindo para caminhoneiros não fazerem greves ou interrupções de estradas e as estradas continuarem interrompidas", disse "que posição é essa que tem o presidente", questionou.

Doria também parabenizou o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, pela decisão de tirar a sigla de uma posição de "independência e neutralidade" e adotar a posição de oposição ao governo. "Colocaram o PSDB, o meu partido, como partido de oposição ao governo fascista e negacionista de Jair Bolsonaro, posição que eu aplaudi e cumprimento".

O governador aproveitou o gancho para voltar a criticar o presidente pelas suas declarações no dia 7 de setembro. O tucano afirmou que agora adotará uma posição favorável ao impeachment do chefe do Executivo. "Depois daquilo que assisti, ouvi e acompanhei no 7 de setembro no Rio de Janeiro e em São Paulo, basta" disse, "depois do arroubos autoritários, da tentativa de emparedar a Suprema Corte, intimidar os seus membros, e violentar a Constituição brasileira, minha posição como governador eleito em São Paulo com mais 11 milhões e meio de votos é a favor do impeachment" pontuou.

Vacinas

Com relação às vacinas bloqueadas pelo Ministério da Saúde, o governador afirmou que espera que "no mais tardar", os imunizantes sejam liberados na próxima segunda-feira (13). Segundo Doria, a documentação complementar necessária para liberação do imunizante já foi solicitada ao laboratório chinês Sinovac, e tão logo esses dados cheguem, serão encaminhados para Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Marcio Milan, disse que a instituição monitora as movimentações de caminhoneiros junto ao governo federal e não vê risco de desabastecimento. "De ontem para hoje mais de 50% dos movimentos foram desmobilizados", afirma.

Ele diz ainda que a crise hídrica e outros fenômenos climáticos que interferem nos preços de insumos não chegam rapidamente às gôndolas dos supermercados e que, por meio de uma ampliação no conjunto de marcas o varejo consegue negociar melhor aumento de preços.

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"Ocorrências climáticas e hídricas demoram para chegar aos pontos de venda. Muitas vezes o reflexo se dilui", afirma.

Na abertura da sessão do Tribunal Superior Eleitoral desta quinta-feira, 9, o presidente Luís Roberto Barroso rebateu diretamente às alegações, sem provas, feitas pelo presidente Jair Bolsonaro durante os discursos em manifestações antidemocráticas do feriado de 7 de setembro. O magistrado destacou que não se pode 'permitir a destruição das instituições para encobrir o fracasso econômico, social e moral' que o País vive. "A democracia tem lugar para conservadores liberais e progressistas. O que nos une é o respeito à Constituição. A democracia só não tem lugar para quem pretende destrui-la", afirmou.

Em um discurso duro, assim como fez o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, na tarde ontem, 8, o presidente da corte eleitoral disse que o País passa por um 'momento grave' e que a 'marca Brasil' sofre uma uma desvalorização global: "A falta de compostura nos envergonha perante o mundo. Somos vítimas de chacota e desprezo mundial, um desprestígio maior do que a inflação, do que o desemprego, do que a queda de renda, do que o desmatamento da Amazônia".

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Outro fator que aproximou o discurso de Barroso hoje no TSE com o de Fux foi a citação direta a Jair Bolsonaro, que insuflou seus apoiadores contra as instituições do Judiciário e prometeu desrespeitar decisões judiciais que venham a ser emitidas pelo ministro Alexandre de Moraes, integrante das duas cortes. O presidente do Supremo lembrou que o desacato a ordens da Justiça é crime de responsabilidade, que pode ensejar a abertura de processo de impeachment.

Barroso rebateu enfaticamente as afirmações de Bolsonaro, como a de que ele não poderia 'participar da farsa patrocinada pelo presidente do TSE'. O ministro lembrou que o chefe do Executivo repete, incessantemente, as alegações de supostas fraudes na eleição que o alçou ao Palácio do Planalto, sem ter apresentado nenhuma prova, mesmo quando foi instado formalmente pela corte eleitoral - 'teórica vazia', 'política de palanque', classificou.

O ministro apontou que a live que acabou colocando o presidente na mira de mais um inquérito no STF deve figurar em 'qualquer antologia de eventos bizarros' e ressaltou: "Hoje, salvo os fanáticos, que são cegos pelo radicalismo, e os mercenários, que são cegos pela monetização da mentira, todas as pessoas de bem sabem que não houve fraude e quem é o farsante nessa história", afirmou.

Em seu discurso, o presidente do TSE elencou seis acusações infundadas proferidas por Bolsonaro contra a Justiça Eleitoral e seus integrantes durante os atos de 7 de setembro, como a suposta possibilidade de fraude eleitoral devido ao sistema de votação eletrônico utilizado atualmente e a necessidade da adoção do voto impresso auditável para solucionar manipulações jamais comprovadas. De forma objetiva e firme, Barroso desmentiu cada uma das falas do presidente.

"O slogan para o momento brasileiro, ao contrário do propalado, parece ser 'conhecerás a mentira e a mentira te aprisionará'", disse. "Quando o fracasso bate à porta, porque esse é o destino do populismo, é preciso encontrar culpados, bodes expiatórios. O populismo vive de arrumar inimigos para justificar o seu fiasco. Pode ser o comunismo, a imprensa, ou os tribunais".

Ao rebater as bravatas de Bolsonaro sobre o voto impresso, por exemplo, Barroso sinalizou, mais uma vez, que a contagem pública manual de votos 'seria um retorno ao tempo da fraude e da manipulação'. "Contagem pública anual de votos é como abandonar o computador e regredir não à máquina de escrever, mas à caneta tinteiro. Se tentam invadir o Congresso Nacional e o STF imaginasse o que não fariam com as sessões eleitorais".

O magistrado ainda classificou como 'covardia' os ataques à Justiça Eleitoral sobre o tema, sinalizando que os mesmos se dão por 'falta de coragem' em atacar o Congresso Nacional, responsável por derrubar a discussão sobre o voto impresso.

As reações dos ministros de tribunais superiores têm sido cada vez mais contundentes diante dos ataques incessantes que partem do Palácio do Planalto. Em agosto, o presidente do STF desmarcou a reunião entre os líderes dos Poderes para selar um acordo de paz, pois, segundo ele, Bolsonaro não está interessado no diálogo e não cumpre com a sua palavra.

Os chefes do Executivo e da mais alta corte do Judiciário estiveram juntos em julho. Na ocasião, o presidente se comprometeu a moderar o discurso e cessar os ataques, mas pouco tempo depois descumpriu o acordo.

Com a ocupação da Esplanada dos Ministérios por bolsonaristas remanescentes do 7 de setembro, os corredores do STF passaram a ser ocupados por dezenas de policiais de tropas de elite, fortemente armados, para fazer a segurança da sede do tribunal. Os ministros também precisaram ter a segurança pessoal reforçada.

Os ataques e ameaças tiveram como efeito a coesão dos magistrados nas respostas a Bolsonaro. Assim que Barroso finalizou o seu discurso, o vice-presidente do TSE, Edson Fachin, fez questão de frisar que as palavras dos ministros representam todos os integrantes do tribunal. O vice-procurador-geral da Justiça Eleitoral, Paulo Gonet Branco, também se manifestou em defesa da democracia e rechaçou ataques ao Judiciário.

"Uma das manifestações do autoritarismo pelo mundo afora é a tentativa de desacreditar o processo eleitoral e as instituições eleitorais para, em caso de derrota, poder alegar fraude e deslegitimar o vencedor", disse Barroso. "O extremismo tem se valido de campanhas de ódio, desinformação, meias verdades e teorias conspiratórias, que visam a enfraquecer os fundamentos da democracia representativa".

O presidente Jair Bolsonaro tem reunião na manhã desta quinta-feira, 9, com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, para tratar dos bloqueios nas estradas promovidos por caminhoneiros bolsonaristas. O encontro, no Palácio do Planalto, ocorre enquanto o governo tenta desmobilizar os atos da categoria, programados na esteira das manifestações do 7 de Setembro convocadas pelo próprio presidente da República.

Na quarta, quando os bloqueios aumentaram nas rodovias, Bolsonaro gravou um áudio para pedir que os manifestantes desobstruíssem as vias.

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Diante da desconfiança dos apoiadores sobre o pedido do presidente, Tarcísio divulgou um vídeo para confirmar a veracidade do áudio do presidente.

"A paralisação ia agravar os efeitos na economia, que ia impactar os mais pobres, os mais vulneráveis. Já temos hoje um efeito no preço dos produtos em função da pandemia", apela o ministro no vídeo.

Após mais de três horas de negociação, policiais militares e agentes do Detran, da Secretaria de Segurança Pública e de fiscalização do DF legal não conseguiram desobstruir, na noite da quarta-feira (8), a Esplanada dos Ministérios, em Brasília. O local está bloqueado ao trânsito e ocupado por manifestantes bolsonaristas que invadiram a área para o ato de 7 de Setembro.

O governo do Distrito Federal mobilizou mais de 40 viaturas, entre elas, máquinas pesadas e caminhões dos bombeiros.

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Assim que o comboio da PM, Detran, SSP e DF Legal se aproximou, os apoiadores do presidente da República, Jair Bolsonaro, se sentaram enfileirados na pista e impediram a passagem. Eles não saíram mais do local.

"Temos que restabelecer a Esplanada", disse com coronel PMDF Jorge Eduardo Naime, responsável pela operação e negociações.

O secretário de Segurança Pública do DF, Julio Danilo Ferreira, também se deslocou ao local para tentar desmobilizar os apoiadores bolsonaristas, que pregam a destituição de ministros do Supremo Tribunal Federal. Ele manteve conversas com representantes do grupo e da Presidência da República.

O objetivo era retirar da pista caminhões estacionados irregularmente em duas das faixas em frente aos ministérios e remover uma cozinha que abastece com arroz carreteiro os acampamentos ao redor do Ministério da Agricultura.

Há no local costelas sendo preparadas na brasa, no fogo de chão, e dezenas de botijões de gás empilhados, além de barris de chope.

Os manifestantes querem entregar ao presidente Jair Bolsonaro, nesta quinta-feira (9), uma denúncia contra ministros do Supremo. O presidente irá receber os manifestantes, segundo o deputado Otoni de Paula (PSC-RJ).

"Espero que amanhã [esta quinta-feira] o presidente receba esse documento que seria entregue ao Senado e com esse compromisso cada caminhoneiro e chefe de família possa seguir sua vida", disse na quarta-feira o deputado Otoni de Paula (PSC-RJ), que negociava em defesa dos bolsonaristas, segundo ele, cansados e desgastados.

Ele pediu bom senso aos PMs e disse que "ninguém vai sair do acampamento".

Caminhoneiros realizam desde o fim da tarde da quarta-feira (8) paralisações em estradas de ao menos 15 Estados. São eles: Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo, Mato Grosso, Goiás, Bahia, Minas Gerais, Tocantins, Rio de Janeiro, Rondônia. Maranhão, Roraima, São Paulo e Pará.

Em nota divulgada nas primeiras horas desta quinta-feira (9), o Ministério da Infraestrutura afirmou que pontos de bloqueio total no Rio de Grande do Sul e em São Paulo foram liberados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), além de trechos de retenção no norte de Santa Catarina. Segundo o órgão, agentes ainda estão atuando em pontos de interdição em Minas Gerais.

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Em boletim anterior, às 17h30, o ministério afirmou que a PRF negociava para liberar o fluxo nas rodovias até a meia noite. No comunicado divulgado às 20h40, no entanto, não havia mais essa previsão. "Agentes encontram-se nos locais identificados e iniciaram o procedimento de desobstrução com a orientação de liberar todos que quiserem seguir viagem", afirmava o segundo boletim. Às 22h30, a PRF informou que havia pontos de concentração em rodovias de 16 Estados. O número foi reduzido para 15 no último informe, às 0h30.

Os bloqueios começaram durante as manifestações do 7 de Setembro convocadas pelo presidente Jair Bolsonaro e seguiram durante o dia.

"Ao todo, já foram debeladas 117 ocorrências com concentração de populares e tentativas de bloqueio total ou parcial de rodovias durante as últimas horas", afirmou o ministério. "A disseminação de vídeos e fotos por meio de redes sociais não necessariamente reflete o estado atual da malha rodoviária."

Em boletim, o ministério destacou que a composição das mobilizações é heterogênea, "não se limitando a demandas ligadas à categoria" e chegou a afirmar não haver previsão de que os bloqueios nas rodovias afetem o abastecimento de produtos no País. No último informe, porém, ao anunciar a liberação dos trechos na região norte de Santa Catarina disse que a mobilização no local "chegou a ameaçar" as condições de abastecimento.

As concentrações já preocupam distribuidoras de combustíveis, que temem desabastecimento de produtos como gasolina e óleo diesel. A situação mais crítica é nos Estados de Santa Catarina e Mato Grosso.

Às 17h30, o ministério informou que foram registrados pontos de concentração em rodovias federais com abordagem a veículos de cargas nos seguintes Estados: Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Paraná, Maranhão e Rio Grande do Sul. No boletim das 0h30, não houve detalhamento dos Estados.

Segundo a Polícia Rodoviária Estadual de São Paulo, houve paralisação de caminhoneiros na Rodovia Anhanguera, no km 188. Já o Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo (DER) informa que houve uma manifestação de caminhoneiros em Angatuba, na SP-270 (km 204).

Na manhã desta quinta-feira, no Rio de Janeiro, há três pontos com registro de protestos: Campos dos Goytacazes (km 75 da BR 101, sentido Rio); Itaboraí (km 1 da BR 493, em ambos os sentidos); e na capital fluminense (km 113 da BR 040), segundo a PRF, que está presente nesses pontos. Nos locais, a Polícia Rodoviária Federal está realizando tratativas para liberação das estradas. Nesses pontos, o trânsito está fluindo mesmo com a interdição, informa a PRF.

Em Roraima, ao menos 20 caminhões estacionaram no quilômetro 482 da BR-174, em Boa Vista, em um protesto contra o aumento no preço dos combustíveis, em especial o Diesel, e a favor do governo Bolsonaro. A ação faz parte do pacote de mobilização dos caminhoneiros pós 7 de setembro e iniciou por volta das 17 horas, horário local.

A rodovia federal é a única via de acesso do estado roraimense à Manaus (AM), e é utilizada para o envio de alimentos, combustível e outras mercadorias, de forma mais barata e por terra. A Polícia Rodoviária Federal enviou uma equipe para o local.

Um dos líderes do movimento intitulado de Caminhoneiros Patriotas, Francisco Burgardt, conhecido como Chicão Caminhoneiro, disse que entregará um documento ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), pedindo a destituição de ministros do STF. "O povo brasileiro não aguenta mais esse momento que País está atravessando através da forma impositiva que STF vem se posicionando. O povo brasileiro está aqui (na Esplanada dos Ministérios) buscando solução e só vamos sair daqui com solução na mão", disse Chicão, que preside União Brasileira dos Caminhoneiros (UBC), em vídeo que circula pelas redes sociais.

Segundo ele, o documento também será entregue ao presidente Jair Bolsonaro. Em outro vídeo, Burgardt fala em um prazo de 24 horas para a resposta das autoridades ao pedido. Ele não foi localizado na quarta.

Diante dos protestos, a Frente Parlamentar Mista do Caminhoneiro Autônomo e Celetista enviou na quarta ofícios ao diretor-geral da PRF, ao Ministério da Infraestrutura, à Presidência da República e outros órgãos, em que pede ação imediata das forças de segurança pública para garantir o trânsito nas rodovias. A frente afirma que, em decorrência dos atos iniciados no 7 de Setembro, ainda ocorrem obstruções de trânsito em estradas federais "com madeiras, pedras e pneus".

Presidente da frente, o deputado Nereu Crispim (PSL-RS) afirmou haver "ameaça à integridade física e danos ao patrimônio com lançamento de pedras contra caminhões de caminhoneiros e transportadores e contra a nossa Constituição, no que se refere ao livre direito de ir e vir".

O fato de o ofício ter sido enviado pela Frente reforça a falta de unanimidade da categoria sobre as paralisações. Entidades que representam caminhoneiros autônomos e que chamam mobilizações a favor de demandas específicas da categoria não aderiram aos atos. Na semana passada, representantes da categoria consideravam que poderia haver presença pontual de transportadores nos atos, mas de forma isolada, sem organização associativa.

Ao menos nove entidades, entre associações, confederações e sindicatos ligados à categoria informaram ontem que não apoiam a paralisação e não estão participando dos atos.

A Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), que diz congregar cerca de 4.000 empresas de transporte e mais de 50 entidades patronais, manifestou repúdio aos bloqueios. Em nota, a entidade afirma que as paralisações poderão causar graves consequências para o abastecimento, que poderão atingir o consumidor final e o comércio de produtos de todas as naturezas, incluindo essenciais, como alimentos, medicamentos e combustíveis.

O presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido como Chorão, avalia que o movimento é de cunho político com participação de empresários de transporte e seus funcionários celetistas, e não de transportadores autônomos. "Os caminhoneiros estão sendo usados como massa de manobra", disse Chorão, que foi um dos principais líderes da categoria na greve de 2018. "Está claro que a pauta não é da categoria".

O diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), Carlos Dahmer, relatou ter visto alguns pontos de manifestações de caminhoneiros, "conforme era esperado" diante de manifestações de Bolsonaro. "Vimos veículos do agronegócio, como tratores e máquinas agrícolas, e a ala de patriotas apoiadores do presidente Bolsonaro. O transportador autônomo vai continuar tentando trabalhar", disse.

A CNTTL enviou recentemente ofício ao presidente do STF, Luiz Fux, repudiando atos "extremistas", as declarações do cantor Sérgio Reis e do que chamou de "pseudo lideranças" de caminhoneiros, dizendo que não compactua com atos antidemocráticos.

Após o presidente Jair Bolsonaro fazer ameaças ao Supremo Tribunal Federal (STF) durante os atos de 7 de setembro, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), divulgou um pronunciamento criticando o extremismo nas manifestações e cobrando respeito à Constituição. A declaração foi gravada em vídeo.

Pacheco afirmou que, tanto para os brasileiros nas manifestações quanto para aqueles que não foram, há uma realidade: um país em crise. "Essa solução não está no autoritarismo, não está nos arroubos antidemocráticos, não está em questionar a democracia. Essa solução está na maturidade política dos Poderes constituídos de se entenderem, de buscarem as convergências para aquilo que verdadeiramente interessa aos brasileiros", disse o senador.

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O presidente do Senado renovou o compromisso de buscar um diálogo entre os Poderes para resolver a crise econômica. Nas últimas semanas, reuniões com o presidente Jair Bolsonaro e o STF foram adiadas. Para Pacheco, é necessário que os chefes das instituições "sentem à mesa" e se organizem. "Não é com excessos, não é com radicalismo, não é com extremismo, é com diálogo e com respeito à Constituição que nós vamos conseguir resolver os problemas. É isso que os brasileiros esperam de Brasília e dos Poderes constituídos."

Ministério de Infraestrutura (MInfra) informou nesta quarta-feira, 8, que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) está atuando para desmobilizar bloqueios de estradas realizados por caminhoneiros. A previsão, segundo nota da pasta, é garantir o livre fluxo nas rodovias, com a tendência de fim das mobilizações, até às 00h desta quinta-feira, 09. Os bloqueios começaram ontem, durante as manifestações do 7 de Setembro, convocadas pelo presidente Jair Bolsonaro.

Segundo informações da PRF, até as 14h30, foram registrados pontos bloqueados em quatro Estados, com a maior parte concentrada no Estado de Santa Catarina. Os demais Estados não foram informados, mas, de acordo com a pasta, a Polícia atua em todas as localidades identificadas para garantir o livre fluxo.

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"Ao todo, foram registradas 56 ocorrências com concentração de populares e tentativas debeladas das mobilizações de bloqueio total ou parcial de rodovias durante as últimas horas", diz a nota. "A PRF encontra-se em todos os locais identificados e trabalha pela garantia do livre fluxo com a tendência de fim das mobilizações até a 0h do dia 09/09."

O Ministério informou ainda que os atos não são organizados por qualquer entidade setorial do transporte rodoviário de cargas e que a composição das mobilizações é heterogênea, "não se limitando a demandas ligadas à categoria".

Os bloqueios realizados pelos caminhoneiros já preocupa distribuidoras de combustíveis que temem o desabastecimento dos mercados. Conforme mostrou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, as empresas temem que faltem produtos como gasolina e óleo diesel nas próximas 12 horas desta quarta-feira. A situação mais crítica é em Santa Catarina e Mato Grosso, mas, algumas cidades de outros Estados, já estão com fornecimento comprometido.

Nesta quarta-feira (8), centrais sindicais lançaram nota contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e afirmaram que "o objetivo do presidente e de seus apoiadores é dividir a nação, empurrar o país para a insegurança e a reiteração do descumprimento dos preceitos contidos na nossa Constituição democrática".

Na 'ressaca' das manifestações do 7 de setembro, os representantes dos trabalhadores afirmaram que o discurso de Bolsonaro para os seus apoiadores se mostram contrários à democracia e ao Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso, por meio de nota, as centrais sindicais pontuaram que o presidente, em seu discurso, não falou sobre o desemprego, o aumento do preço de carne, da cesta básica, da energia elétrica e dos baixos salários de maioria dos brasileiros.

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"Seu único interesse é permanecer aferrado ao poder mesmo que isso signifique romper a legalidade democrática, visto que é cada vez mais evidente seu isolamento político e a perda de apoio popular, em suma, seu projeto de reeleição escorre entre os dedos", argumenta a nota.

Depois do 7 de setembro, as centrais estão convocando a população para realizar um ato no próximo dia 12 de setmbro, na Avenida Paulista, em São Paulo, pelo impeachment de Bolsonaro.

Diante das ameaças feitas pelo presidente Jair Bolsonaro, que pregou desobediência ao Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente da Corte, ministro Luiz Fux, afirmou nesta quarta-feira, 8, que o desprezo às decisões judiciais por um chefe de Poder configura crime de responsabilidade, a ser analisado pelo Congresso Nacional.

Em discurso duro e esperado na abertura da sessão plenária, Fux dirigiu críticas contundentes à postura de Bolsonaro, afirmou que "ninguém fechará" a Corte e que a incitação à propagação de ódio contra o STF e ao descumprimento de decisões judiciais são práticas antidemocráticas, ilícitas e intoleráveis.

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"Estejamos atentos a esses falsos profetas do patriotismo, que ignoram que democracias verdadeiras não admitem que se coloque o povo contra o povo, ou o povo contra suas instituições", afirmou Fux no primeiro pronunciamento após as manifestações de 7 de setembro.

No discurso, feito em nome de todos os ministros da Corte, Fux pediu que a população brasileira não "caia na tentação de narrativas fáceis e messiânicas que criam falsos inimigos da nação". "O verdadeiro patriota não fecha os olhos para os problemas reais e urgentes do país", disse o presidente da Corte.

Para apoiadores em São Paulo, Bolsonaro afirmou nesta terça, 7, que não vai cumprir mais decisões do ministro Alexandre de Moraes, que é relator de inquéritos que apuram ataques à Corte e a atuação de milícias digitais e, portanto, responsável por decisões que miraram bolsonaristas investigados pelo STF. No discurso, em tom de ameaça, Bolsonaro declarou: "Ou esse ministro se enquadra ou ele pede pra sair".

"O STF também não tolerará ameaças a autoridade de suas decisões, se o desprezo as decisões judiciais ocorre por iniciativa do chefe de qualquer um dos poderes essa atitude além de representar um atentado a democracia configura crime de responsabilidade, a ser analisado pelo Congresso. Num ambiente político maduro, questionamentos as decisões judiciais devem ser realizados não através da desobediência, da desordem, do caos provocado, mas decerto pelos recursos das vias processuais", disse.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), virou um dos assuntos mais falados na internet, nesta quarta (8). Após os discursos feitos pelo presidente Jair Bolsonaro, na última terça (7), durante atos que celebraram o Dia da Independência do Brasil, em Brasília e em São Paulo, pessoas de todo o país foram às redes sociais cobrar Lira por um posicionamento. 

Diversos partidos políticos se manifestaram, em virtude do tom golpista usado por Bolsonaro no último 7 de setembro, sinalizando a possibilidade de formalização de um processo de impeachment. Lira, no entanto, limitou-se a fazer um pronunciamento, nesta quarta (8), contemporizando a situação, sem citar diretamente o presidente, e dizendo estar disposto a entrar em negociações para acalmar os ânimos.

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Nas redes sociais, no entanto, a discussão ficou acalorada e brasileiros de todas as partes cobraram uma postura mais firme do presidente da Câmara. “Alguém esperava que Arthur Lira não fosse passar pano para os crimes cometidos por Bolsonaro nas manifestações de ontem?”; “O Presidente da Câmara é o avatar perfeito do Centrão: Um parasita”; “Esse semiletrado é o pior presidente da câmara dos deputados da história”; “O  presidente da Câmara,  @ArthurLira_  não tem compromisso com o Brasil, ele age conforme os interesses pessoais e financeiros dos orçamentos secretos q o Executivo distribui.

É um covarde,  um fraco”.  

“Alto lá”: o ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, publicou vídeo nesta quarta-feira (8) afirmando que a nota em repúdio ao discurso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no 7 de Setembro, emitida pelo Democratas, não representa a opinião dos filiados. Veterano na sigla e aliado do presidente, o ministro diz ter sido surpreendido e fala que outros democratas não foram consultados. "A nota diz que repudia veementemente a fala do presidente da República. Alto lá: qual filiado do DEM foi consultado a respeito do teor dessa nota?", questionou Lorenzoni.

“Esta nota não me representa e eu a repudio em nome de milhões de brasileiros que querem um Brasil democrático, livre, em que todas as instituições representam verdadeiramente o pensamento da sociedade brasileira. Vamos ficar do lado de quem? Da bolha, da velha política ou do novo caminho de liberdade e de democracia do Brasil? Eu já escolhi o meu. Espero que os senhores, presidentes do DEM e do PSL, tenham essa consciência”, continuou o também parlamentar.

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O DEM assinou, junto ao PSL, uma nota de repúdio ainda na terça-feira (7), durante a repercussão das manifestações do Dia da Independência. As legendas afirmam que Bolsonaro insurgiu contra as instituições STF e TSE. “Repudiamos com veemência o discurso do senhor presidente da República ao insurgir-se contra as instituições de nosso país. Hoje se torna imperativo darmos um basta nas tensões políticas, nos ódios, conflitos e desentendimentos que colocam em xeque a Democracia brasileira e nos impedem de darmos respostas efetivas aos milhões de pais e mães de família”, escreveram as siglas no manifesto conjunto.

O PSL é o partido pelo qual Bolsonaro foi eleito em 2018 e desde então, ganhou expressividade no Congresso Nacional. Em 2019, o presidente deixou o PSL por conflitos de interesse e tensão com os dirigentes.

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) afirmou nesta quarta-feira (8) que não “há clima” para o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), não por parte da população, nem por interesse do Congresso Nacional. A fala do vice acontece após as manifestações de 7 de Setembro, que ocorreram em diversas capitais e no Distrito Federal, e que foram convocadas pelo mandatário em um tom predominantemente antidemocrático.

Mourão, no entanto, não comentou as falas de Bolsonaro em Brasília e em São Paulo durante os atos. Para Mourão, o governo federal ainda tem “maioria confortável” entre os parlamentares e isso o garante permanência. “Não é a maioria pra aprovar grandes projetos, mas suficiente pra impedir algum processo prospere”, continuou. Nesse Dia da Independência, Bolsonaro teceu ameaças ao Supremo Tribunal Federal e ao ministro Alexandre de Moraes, e criticou o Tribunal Superior Eleitoral.

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Sobre as manifestações do 7 de Setembro, o vice-presidente afirmou que foram “expressivas” e que há tensão entre Judiciário e Executivo. “Manifestação expressiva, deixo de comentar discursos que foram feitos, porque é uma questão ética do vice-presidente. Na minha visão, existe um tensionamento entre o judiciário e o executivo”, justificou o militar.

Mourão ainda avaliou que um juiz não pode conduzir inquéritos, se referindo ao inquérito das Fake News que é conduzido pelo ministro do Supremo Alexandre de Moraes

“Tenho uma ideia muito clara sobre o inquérito conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes: não está correto. Juiz não pode conduzir inquérito. Acho que tudo se resolveria se o inquérito passasse para a PGR e acabou. Isso distensionaria os problemas”, disse.

Durante os atos de 7 de Setembro, Mourão postou uma mensagem nas redes sociais ressaltando a liberdade e o respeito na data. Na postagem, ele não comentou sobre as manifestações.

Em seu discurso, o chefe do Executivo chegou a dizer que convocaria o Conselho da República para esta quarta-feira (8), mas a convocação não aconteceu. Para Mourão, entretanto, existem integrantes na Praça dos Três Poderes que acreditam que a crise se estendeu de forma exagerada. “A gente precisa distensionar, existem cabeças ali dentro que entendem que isso foi além do que era necessário e conversando a gente se entende”, concluiu.

Em sessão nesta quarta-feira (8), o STF deve se pronunciar conjuntamente em repúdio aos discursos do 7 de Setembro.

Durante os protestos bolsonaristas realizados nessa terça-feira (7), a Polícia Militar do Paraná precisou deter uma idosa, de 64 anos, que estava cuspindo em pessoas vestidas de verde e amarelo na cidade de Cascavel, Oeste paranaense.

Ao G1, o capitão da PM, Diego Astori, explicou que a mulher abordava pedestres e carros na Avenida Brasil, uma das vias mais movimentadas do município, e, antes de cuspir, “proferia uma espécie de exorcismo com um crucifixo em mãos”. Os principais alvos eram pessoas com bandeiras do Brasil.

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A idosa foi encaminhada ao fórum da cidade, onde assinou um termo circunstanciado por conduta "inconveniente ou provocação de tumulto”. De acordo com a PM, o Ministério Público (MP-PR) vai decidir se o episódio também se enquadra em crime de saúde pública, já que ela também abaixou a máscara.

 

Um grupo evangélico do bairro da Mooca, Zona Leste de São Paulo, foi flagrado descarregando dezenas de placas contra o Supremo Tribunal Federal (STF) em uma área restrita da Avenida Paulista, na manifestação dessa terça-feira (7). Com viés antidemocrático, os militantes tiveram passe livre ao acesso das forças de segurança.

A pick-up que transportava as placas distribuídas pelos religiosos chegou à Paulista pela Rua Peixoto Gomide. Com predominância em verde e amarelo, parte do material foi impresso em inglês e classificava o ex-presidente Luzi Inácio Lula da Silva (PT) como o maior corrupto da história.

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A entrada estava cercada e apenas cadastrados na lista do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) tinham acesso, de acordo com publicação do Metrópoles. O trecho era destinado para as forças de proteção do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mas foi aberto ao grupo religioso.

Os ataques do presidente Jair Bolsonaro nas manifestações de 7 de Setembro mobilizaram PSDB, PSD, Solidariedade e MDB a discutirem um apoio ao impeachment do chefe do Executivo. Os tucanos marcaram uma reunião já para esta quarta-feira (8). O movimento chama atenção porque é a primeira vez que a executiva tucana é convocada para discutir o tema. Integrantes do partido dizem que é preciso interditar os avanços antidemocráticos de Bolsonaro antes que seja tarde demais. Além disso, os atos de Bolsonaro fizeram a discussão ganhar força para além das legendas de oposição.

Até a próxima semana, a possibilidade de engrossarem a defesa pelo impedimento de Bolsonaro antes do fim do mandato será discutida internamente em cada sigla. Dirigentes partidários ouvidos pelo Estadão/Broadcast afirmam ainda não haver consenso e nem decisão consolidada nas bancadas do Congresso. O aumento do tom de Bolsonaro, no entanto, provocou pressão por uma resposta mais dura no Legislativo.

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A possibilidade de as cúpulas das legendas apoiarem o afastamento, mesmo sem apresentar um pedido formalmente, no entanto, cresceu após as manifestações de ontem. O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), único que tem o poder de pautar pedidos de impeachment, afirmou à interlocutores que iria ouvir os partidos. Na gaveta dele tem 124 pedidos de cassação do mandato de Bolsonaro. Aliado de Bolsonaro, suas declarações tem sido de que não há clima para abertura de um processo.

O Solidariedade deve encaminhar na próxima semana uma decisão para assinar um pedido de impeachment contra Bolsonaro na Câmara. Ao Estadão/Broadcast, o presidente da sigla, deputado Paulinho da Força (SP), revelou que a estratégia é "aumentar a pressão para cima do Arthur Lira".

Entre líderes ouvidos pela reportagem, há um certo consenso sobre os atos pró-Bolsonaro: o número de apoiadores nas ruas não foi pequeno, mas é menor do que aliados de Bolsonaro esperavam; e qualquer decisão agora passará pelo filtro do processo eleitoral.

O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, anunciou ontem mesmo a convocação de uma reunião extraordinária para tratar da posição do partido em relação ao possível processo de impeachment de Bolsonaro. Os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS), concorrentes entre si pela vaga de presidenciável do partido em 2022, declararam-se favoráveis ao processo de impedimento.

"Defendo a abertura do processo de impeachment por entender que até as eleições estão ameaçadas. Ontem foi o 7 de Setembro, amanhã é o Conselho da República e depois?", disse o ex-ministro de Relações Institucionais do governo Michel Temer e ex-deputado Antonio Imbassahy. "O PSDB finalmente resolveu mostrar a cara. Precisa começar a discutir os temas que importam", complementou o deputado Danilo Forte (PSDB-CE).

MDB

O presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), se manifestou nas redes sociais e também sugeriu uma resposta mais dura contra Bolsonaro, sem citar diretamente um pedido de impeachment. "São inaceitáveis os ataques a qualquer um dos poderes constituídos. Sempre defendo a harmonia e o diálogo. Contudo, não podemos fechar os olhos para quem afronta a Constituição. E ela própria tem os remédios contra tais ataques", escreveu o dirigente da sigla. A nota foi submetida ao ex-presidente Michel Temer e ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes.

Ao Estadão/Broadcast, Baleia confirmou que o impeachment será discutido. "A marca do MDB é o diálogo. Por isso sempre discutimos e consultamos os temas nacionais com as bancadas, o que não será diferente neste caso", afirmou.

"Não podemos simplesmente avançar em um pedido de impeachment para jogar para a torcida. Deveríamos estabelecer desde já uma coalizão, um grupo de partidos para estar junto em uma terceira via. Estamos perdendo o momento de fazer essa definição", afirmou o ex-ministro Carlos Marun, que integra a Executiva do MDB.

O presidente do Cidadania, Roberto Freire, reforçou em mensagem ao grupo de WhatsApp do partido que a sigla já aprovou a defesa do impeachment. "Outros partidos e atores políticos estão começando a enxergar igual caminho, mesmo os que sempre tiveram dificuldades de entender o processo em momentos como esse. Sabemos qual é o desenlace que queremos para o país. É preciso que a bancada na Câmara dos Deputados se integre a esse esforço", escreveu.

Crime

Para o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade ao afrontar instituições durante as manifestações. "No final dessa história, o maior prejuízo foi dele. Ele unificou todo o campo democrático contra ele e empurrou para o impeachment partidos como MDB, PSDB, Solidariedade e Cidadania. Sob a lógica autoritária, ele não demonstrou a força necessária para dar um golpe e, sob a lógica democrática, só perdeu."

Um dos fatores que pode colocar deputados contra Bolsonaro, na avaliação de caciques partidários, é a manifestação do próximo dia 12, que tem o impeachment na pauta.

Após os atos a favor do governo de Jair Bolsonaro, em que o presidente fez ameaças diretas ao Congresso e ao Judiciário, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), decidiu cancelar todas as reuniões do plenário e da comissões marcadas para esta semana.

O comunicado da decisão foi enviado aos parlamentares por mensagem na noite dessa terça-feira (7) e confirmada pela assessoria da Presidência do Senado. Com isso, portanto, não haverá a audiência com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, prevista para hoje na Comissão de Acompanhamento da Covid-19 no Senado.

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A decisão foi interpretada na Casa, conforme apurou a reportagem, como o primeiro reflexo da radicalização do presidente Bolsonaro. A avaliação de Pacheco, segundo interlocutores do presidente do Senado, foi de que não há clima para votações e nem garantia de segurança a senadores e servidores.

Mesmo após os atos desta terça-feira, ainda havia muitos apoiadores do presidente acampados na Esplanada dos Ministérios até a noite desta terça. O setor de inteligência do Senado também foi informado de riscos de invasão a prédios de poderes.

Pacheco, a exemplo do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), foram "convocados" por vários representantes de associações e políticos a reagirem à altura ao discurso de Bolsonaro, que, entre outros pontos, desafiou o Supremo Tribunal Federal e disse que não cumprirá decisões do ministro Alexandre de Moraes. Os membros da Suprema Corte se reuniram na noite de ontem e informaram que o presidente do STF, Luiz Fux, demonstrará o posicionamento do grupo hoje.

Pressão

Tem crescido a discussão em torno de um impeachment contra Bolsonaro e, além de Lira, Pacheco teria papel fundamental nesse processo. Ainda que o impedimento não chegue a ser concretizado de fato, todo o processo tende a desgastar ainda mais o presidente, que passa por seu pior momento de popularidade desde que foi eleito. Tanto no discurso em Brasília quanto no de São Paulo, o chefe do Executivo disse que apenas deixaria o posto se for preso ou morto e que acredita na sua reeleição em 2022.

Uma empresa voltada ao agronegócio foi acusada de pagar R$ 100 para que pessoas do interior de São Paulo participassem da manifestação antidemocrática convocada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), nessa terça (7). Em vídeo que circula nas redes sociais, um dos 'contratados' mostra a distribuição do dinheiro dentro de um ônibus fretado e atribui o pagamento ao Grupo Jacto.

"Olha isso cara, eu achei que era brincadeira. Uma camiseta para cada um, mais o ônibus, mais R$ 100 para alimentação. Esse é o nosso Grupo Jacto de Pompeia", agradece o autor das imagens.

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Em outro trecho, ele cantarola um dos famosos jingles do apresentador Silvio Santos, reconhecido por distribuir dinheiro, e menciona "Nishimura", sobrenome do atual gestor da empresa de maquinário agrícola, fundada em 1932, na cidade de Pompeia, Interior de São Paulo.

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O deputado federal Túlio Gadêlha (PDT-PE) apontou que um dos representantes da família que comanda a empresa financiou parte da campanha de Bolsonaro em 2018. Em março do ano passado, o empresário teria espalhado painéis a favor do presidente na cidade sede.

Conforme apuração do Congresso em Foco, a empresa Santo Antônio Turismo confirmou o aluguel de seis ônibus ao Grupo Jacto para transportar cerca de 250 pessoas. O trajeto da forta não foi indicado.

Em nota publicada no Twitter, o Grupo Jacto garante que não patrocinou o translado de militantes para os eventos de 7 de setembro. "A empresa não apoia candidatos ou partidos políticos de nenhuma corrente doutrinária, seja na esfera federal, estadual ou municipal", ressaltou.

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