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Nesta quarta-feira (25), o Cineclube Bamako exibe o longa metragem angolano Na Cidade Vazia (2004), de Maria João Ganga. A sessão começa às 19h, no Museu da Abolição. O filme, que aborda a fuga de um grupo de crianças angolanas durante a guerra civil, é a segunda obra produzida no país após a guerra e o primeiro realizado por uma mulher.

É neste contexto que Maria João mostra o drama de um órfão que, ao chegar em Luanda, encontra uma cidade abandonada e sonha com o retorno à sua terra natal para reencontrar os parentes mortos. Após a exibição, haverá debate sobre os temas apresentados no filme, mediado pela mestre em educação pela UFPB e assistente técnico-pedagógico da Secretaria de Educação de Olinda, Ceça Axé.

Serviço:

Cineclube Bamako

Na Cidade Vazia (2004), de Maria João Ganga

Quarta-feira (25), 19h

Auditório do Museu da Abolição (rua Benfica, 1150 - Madalena)

Gratuito

Informações: 9761-8998 | cineclubebamako@yahoo.com.br | cineclubebamako.wordpress.com

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O governo brasileiro vai inaugurar neste sábado uma fábrica de medicamentos para tratamento de aids em Moçambique, na África, por meio de um acordo de cooperação entre os dois países assinado em 2003 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A fábrica terá a expertise da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), via Farmanguinhos, mas será totalmente administrada pelo governo moçambicano.

O Brasil investiu ao menos US$ 23 milhões nessa parceria. Ao governo de Moçambique coube a missão de adquirir um prédio para a instalação da fábrica, além de fazer toda a contratação de pessoal. A unidade vai funcionar em uma área adaptada de uma fábrica de soro já existente.

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Segundo Hayne Felipe da Silva, diretor do Instituto de Tecnologia em Fármacos da Fiocruz/Farmanguinhos, a fábrica terá capacidade de produzir 21 tipos de medicamentos: 8 antirretrovirais e 13 para diferentes doenças, como hipertensão e diabete.

A unidade foi projetada para atender a demanda de toda a população de Moçambique e produzir 400 milhões de unidades de medicamentos por ano. Mas, segundo Silva, é possível que a unidade seja ampliada para atender também os países vizinhos.

Por enquanto, porém, a fábrica vai apenas rotular as embalagens de um tipo de antirretroviral produzido no Brasil - a nevirapina - para dentro de um ano, em média, começar a produzir os remédios. Nessa primeira fase, serão rotulados 3.255 frascos de nevirapina (195 mil comprimidos).

Atraso

O início das operações da fábrica em Moçambique está atrasado ao menos três anos e meio. Em outubro de 2008, Lula visitou a unidade e anunciou que a fábrica iniciaria a rotulagem de medicamentos em março de 2009 e até o final daquele ano a unidade produziria os comprimidos por conta própria.

Naquela época, já havia atraso no início do funcionamento da unidade.

Silva, da Fiocruz, atribui o atraso ao governo moçambicano, que teria demorado para adquirir o espaço onde a fábrica vai funcionar e não teria recursos suficientes para a compra dos equipamentos - foi daí que surgiu a parceria com a Vale.

"Quando recebemos a área da fábrica de soro, em 2009, tínhamos de cumprir todo o trâmite de compra de equipamentos importados, adaptar todo o local, fazer a capacitação de pessoal. Esse processo não é simples nem rápido", afirmou.

Moçambique tem cerca de 20 milhões de habitantes e é considerado um dos 50 países menos desenvolvidos, que disputa com vizinhos africanos doações estrangeiras para conter o avanço da aids. Estima-se que 2,7 milhões de moçambicanos estejam infectados pelo HIV, o que corresponde a 12% da população. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Líderes africanos vão discutir o conflito na República Democrática do Congo em reunião na capital da Etiópia, neste domingo. O comissário de Paz e Segurança da União Africana, Ramtane Lamamra, não informou quantos líderes iriam comparecer, mas fontes disseram para a AFP que o presidente da República Democrática do Congo, Joseph Kabila, e o líder de Ruanda, Paul Kagame, devem estar presentes.

O grupo de 11 nações engloba Angola, Burundi, República Central Africana, República do Congo, República Democrática do Congo, Quênia, Uganda, Ruanda, Sudão, Tanzânia e Zâmbia.

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Se os dois presidentes citados realmente se encontrarem, esta será a primeira reunião desde que funcionários de alto nível da Ruanda foram acusados pela ONU de apoiar rebeldes para combater tropas congolesas no leste. Ruanda tem negado repetidamente as acusações. As informações são da Dow Jones.

Em jantar com chefes de Estado da África, a presidente Dilma Rousseff disse na noite de ontem, quinta-feira, que países ainda enfrentam "infernos coloniais". No discurso de recepção no Palácio da Cidade, ela ressaltou que mantém a política do governo Lula de aproximação com os países africanos, mas reconheceu que as relações ainda são "insuficientes". "É preciso levar adiante um relacionamento absolutamente livre das práticas coloniais que infelicitaram o meu continente e o continente africano, e de todos os infernos coloniais que nós vivemos", afirmou.

O jantar oferecido pelo governador Sérgio Cabral (PMDB) e pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), foi ideia do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que participou da recepção e foi saudado por Dilma como "querido presidente" e "líder". No encontro, Dilma informou aos colegas africanos que participará em julho da Cúpula da União Africana, em Adis Abeba, e, em novembro, da Terceira Cúpula América, em Malabo.

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Dilma ressaltou os projetos de intercâmbio do governo brasileiro com os países africanos nas áreas de agricultura e saúde, especialmente na produção de remédios de combate à Aids e vacinas contra malária. Ela disse que, além das ações de melhoria social, espera um aumento do comércio.

"Com seus 800 milhões de habitantes, seu rico e imenso território e sua riqueza natural, nós temos certeza que a África será um dos continentes que mais se desenvolverá ao longo do século XXI", afirmou. "Nós, que só olhávamos até então para a Europa e para os Estados Unidos, passamos a olhar e dirigir os nossos olhos e as nossas preocupações para a população africana, para os países da África e os países da nossa América Latina."

Ainda no discurso, Dilma disse que pretende avançar em intercâmbios em outros setores da economia, citando obras de infraestrutura. "E, por isso, estamos muito interessados em ter parcerias no sentido de criar rodovias, energia, enfim, todas as estruturas necessárias para o crescimento econômico", disse.

Apesar do favoritismo, o Egito sofreu muito para vencer a Guiné por 3 a 2, fora de casa, neste domingo, e assumir a liderança isolada do Grupo G das Eliminatórias Africanas para a Copa do Mundo de 2014, que acontecerá no Brasil. Em uma partida equilibrada, na qual o time egípcio foi dominado em vários momentos e começou perdendo por 1 a 0 apesar de sua superioridade técnica, o gol da vitória foi marcado nos acréscimos por Salah.

Com o triunfo, o Egito lidera o grupo com seis pontos e a Guiné vem a seguir, com três. Na outra partida da chave, Moçambique e Zimbábue empataram sem gols e somaram o seu primeiro ponto. Apenas o campeão de cada chave se classifica para a fase final.

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O Egito é um dos poucos gigantes do continente africano que conseguiram confirmar sua superioridade. No sábado, África do Sul e Senegal empataram e Gana perdeu. Neste domingo, pelo Grupo I, Camarões foi derrotado pela Líbia por 2 a 1, fora de casa, e corre sérios riscos de ficar fora da fase final. O jogo foi realizado na Tunísia porque o território líbio não oferece segurança para um jogo oficial depois de guerra civil do ano passado, que culminou com a queda e morte do ditador Muamar Kadafi.

Na outra partida da chave, a República Democrática do Congo venceu Togo por 2 a 0. No final da segunda rodada, os líbios - surpresa das Eliminatórias - lideram a chave com quatro pontos, enquanto camaroneses e congoleses têm três. Togo é o lanterna com um ponto.

Pelo Grupo H, outro vexame de um favorito. Jogando fora de casa, a Argélia perdeu para Mali por 2 a 1, de virada. O resultado embolou a chave: Benin - outra surpresa - lidera com quatro, Mali e Argélia têm três e Ruanda, apenas um.

OLORUM! kosi oba kan afi olorum. Este é o nome do espetáculo do grupo Narrativas Teatrais e Audiovisuais, que abre temporada no Teatro Espaço Xisto Bahia (Barris), do próximo sábado (12) até 17 de junho. O espetáculo ocorrerá às sextas-feiras e aos sábados, sempre às 16h. O ingresso custa R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).

A peça Olorum, que na tradição mitológica da cultura Yorubá que dizer "deus supremo que orientou seus filhos, orixás, para a criação do mundo e dos homens", é resultado do primeiro trabalho de artes cênicas do grupo.

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De forma lúdica, o universo afro-brasileiro será apresentado ao público infanto-juvenil. O espetáculo tem direção de Elisa Mendes (Lampião e Maria Bonita), com texto de Gildon Oliveira (Três Vidas). A peça tem caráter educativo e como parte do processo de formação de público, o NITA disponibilizará 60 ingressos por semana para alunos da rede pública de ensino.

Serviço

OLORUM! kosi oba kan afi olorum

Sextas e sábados (12 de maio a 17 de junho), sempre Pas 16h

Teatro Espaço Xisto Bahia (Rua General Labatut, 27 – Barris, Salvador - Bahia)

O aumento do capital disponível para o Banco Africano de Desenvolvimento deve entrar na agenda do G-20, afirmou hoje o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, que prometeu levar o tema ao ministro da Fazenda, Guido Mantega. O banco de fomento brasileiro promoveu o seminário "Investindo na África: oportunidades, desafios e instrumentos para a cooperação econômica", em que reafirmou seu compromisso com o continente.

Segundo Coutinho, o correspondente africano do BNDES tem um déficit de funding de US$ 30 bilhões a US$ 40 bilhões ao ano para a implementação de cerca de 50 projetos no continente. "O Banco Africano de Desenvolvimento precisa aumentar sua escala para dar suporte ao crescimento", disse. Coutinho destacou a atuação fundamental da instituição para evitar os efeitos da crise de 2009 sobre o crescimento da África, por meio de políticas anticíclicas tal qual o BNDES no Brasil. Até 2008 o continente crescia 6% ao ano e em 2012 deve voltar a ficar próximo desse patamar, com crescimento esperado de 5,5% do PIB.

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Entre as oportunidades vislumbradas pelo BNDES estão investimentos em logística, telecomunicações, energia, varejo e alimentos. "O mercado doméstico africano é um dos que mais crescem. Temos recebido consultas de empresas de setores como alimentos, laticínios e vestuário, interessados em investir na África", disse o presidente do BNDES.

O banco de fomento continuará trabalhando no aperfeiçoamento de garantias e programas de financiamento voltados à África. A instituição financiará com R$ 6,5 milhões do Fundo de Estruturação de Projetos (FEP) um estudo técnico para avaliar a viabilidade da produção de biocombustíveis nos países da União Econômica e Monetária do Oeste Africano (Uemoa). O levantamento incluirá o território de Benim, Burkina Faso, Costa do Marfim, Mali, Níger e Togo, e levará em conta as condições ambientais, sociais, de mercado, infraestrutura e marcos regulatórios para a produção de bioenergia.

A Petrobras Biocombustíveis está na fase final de estudos para a produção de etanol em Moçambique, a partir do melaço oriundo da produção de açúcar. "Já estamos em fase de cotação de equipamentos e aguardamos a definição do marco regulatório para o etanol em Moçambique", disse o presidente da Petrobras Biocombustíveis, Miguel Rosseto. A expectativa é de que ainda no primeiro semestre os africanos definam itens importantes do marco regulatório do etanol, como a estrutura de distribuição, responsabilidades da mistura e preços.

A Petrobras estima um investimento de US$ 20 milhões para a produção de 20 metros cúbicos de etanol por ano em Moçambique. O investimento deve ser definido pela estatal até o fim do ano.

Convidada a participar do seminário A Literatura Africana Contemporânea, que integra a programação da 1ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura, em Brasília, a poetisa e historiadora angolana Ana Paula Tavares cobrou hoje (16) que governos e instituições privadas assumam um papel mais ativo na divulgação da literatura africana, sobretudo a produzida em países de língua portuguesa.

Ana Paula admitiu que, devido à má divulgação da produção contemporânea, os próprios escritores africanos têm dificuldades para falar sobre o que é feito em outros países além dos seus.

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Segundo a poetisa, a falta de conhecimento de outras "línguas imperialistas" - conforme ela se refere aos idiomas impostos aos povos africanos a partir do século dezenove, quando o continente foi dividido entre as potências europeias - e questões de ordem econômica impedem que mais autores sejam traduzidos, o que dificulta a troca de informações.

"Há barreiras de todo o tipo que dificultam a divulgação da produção literária dos vários países africanos não só para outros continentes, mas entre nós mesmos, africanos. Há barreiras linguísticas, problemas ligados à atividade editorial e ao dinheiro, ao sistema capitalista", afirmou Ana Paula. Ela ainda cobrou ações da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para estimular a circulação de livros de autores do idioma entre os países que compõem o grupo.

"Em Angola, por exemplo, não conhecemos a produção de Moçambique, de Cabo Verde, de São Tomé e Príncipe e dos demais. E o mesmo acontece com eles. Conhecemos os grandes nomes, mas não os mais jovens e os movimentos literários que estão surgindo", comentou a poetisa.

Segundo ela, durante muito tempo, os escritores angolanos foram mais influenciados por autores brasileiros do que pelos de países vizinhos. Apesar das ressalvas, Ana Paula comemorou por autores angolanos – como, por exemplo, José Eduardo Agualusa, Pepetela e Mendes de Carvalho – terem conquistado mais reconhecimento no exterior, nos últimos anos, principalmente no Brasil.

A poetisa afirmou que são os poetas angolanos que, nas últimas três décadas, têm sido mais ousados na experimentação de novas possibilidades de temáticas e linguísticas. Segundo ela, essa experimentação está intrinsecamente ligada ao processo de independência do país, proclamada em 1975. "Há um antes e um depois dos anos 80 do século passado para a literatura angolana. Essa ruptura é mais clara na poesia, nas escolhas feitas pelos poetas, do que nos romances.

Embora haja muitos bons novos romancistas, os que continuaram a surpreender após esse período são os nomes já consagrados desde a década de 1960, ainda durante o período colonial", disse Ana Paula. Autora de Ritos de Passagem (1985), O Lago da Lua (1999) e Dizes-me Coisas Amargas Como os Frutos (2001), Ana Paula nasceu em 1952, na província de Huila, "uma região pastoreira".

Durante o seminário, em que dividiu a mesa com o cabo-verdiano Germano Almeida, contou ter sido criada por uma madrinha branca que a obrigava a só falar em português, por não considerar educado que "uma menina que foi a escola e usava garfo e faca" falasse qualquer um dos dialetos locais. "Ainda hoje ouço aquelas vozes maravilhosas das mulheres falando numa língua que eu não entendia, mas que até hoje busco resgatar na minha poesia.

Hoje, tento fugir dos estereótipos e falar das mulheres angolanas reais. Se possível, trazendo suas vozes para minha obra, porque desde sempre eu percebi que era diferente da grande maioria das mulheres angolanas pelo simples fato de ter conseguido ir à escola".

Tropas do Sudão do Sul de moveram nesta quarta-feira para a cidade de Heglig, na região de fronteira com o Sudão, e os confrontos entre soldados dos dois países africanos se intensificaram. A posse da região de fronteira, rica em petróleo, é disputada pelos dois países. Um oficial do Sudão do Sul disse que os combates "estão se espalhando pela região inteira". O departamento de Estado do governo dos Estados Unidos instou as duas partes a suspenderem "todas as hostilidades" e expressou grave preocupação com os eventos. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, fez um apelo ao presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir Mayardit, a realizar uma reunião com seu congênere do Sudão, Omar al-Bashir, para que a questão seja resolvida pacificamente.

O Sudão e o Sudão do Sul lutaram uma guerra civil que durou décadas, até que em 9 de julho do ano passado o Sudão do Sul proclamou a independência, reconhecida internacionalmente. O porta-voz do Exército do Sudão, o coronel Sawarmy Khaled, disse à rádio Omdurman que o Exército do Sudão do Sul atacou a cidade fronteiriça de Heglig duas vezes nas últimas 24 horas. Heglig localiza-se 100 quilômetros ao leste da disputada província de Abyei, cujo destino não foi resolvido quando houve a partilha do Sudão no ano passado e o sul ficou independente. Oficiais do Sudão do Sul não confirmaram se suas tropas estão controlando os campos petrolíferos.

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"Duros combates são travados na região e a situação ainda não foi resolvida" disse Khaled. Nos últimos meses, as hostilidades entre o Sudão e o Sudão do Sul foram retomadas. O Sul afirma que quer evitar uma nova guerra, mas as duas partes nunca discutiram o futuro da província de Abyei. O Sudão do Sul afirma que atacou a cidade de Heglig após repelir uma tentativa de invasão do Sudão contra sua cidade fronteiriça de Teshwin.

O porta-voz do Exército do Sudão do Sul, o coronel Philip Aguer, disse que vários caças MIG-29 do Sudão bombardearam a região de fronteira na segunda-feira e na terça-feira. Aguer disse que vários soldados do Sudão do Sul ficaram feridos, embora não tenha dado um número exato. "A guerra está se espalhando", disse o ministro da Informação do Sudão do Sul, Barnaba Marial Benjamin. "Está se espalhando pela fronteira toda".

Uma determinação de 2009 do Tribunal de Arbitragem, em Haia, Holanda, disse que a cidade de Heglig fica na província do Kordofan do Sul, no Sudão. Mas o Sudão do Sul contestou a decisão tomada em Haia, ao afirmar que não só a cidade, como a província inteira, ficam no Sudão do Sul.

O governo de Cartum alertou na terça-feira que usará "todos os meios legítimos" para responder à suposta agressão do Sudão do Sul. Os sudaneses de Cartum, árabes, disseram que se o Sudão do Sul recorrer à guerra, apenas encontrará "o fracasso e a destruição".

As informações são da Associated Press e da Dow Jones.


Brasília – A conquista do direito ao voto feminino ocorreu em etapas e períodos distintos no mundo. Da Europa às Américas, passando pela África e Ásia, as mulheres obtiveram o direito de escolher seus candidatos. Mas é necessário ampliar essas conquistas, segundo especialistas ouvidos pela Agência Brasil. Ao visitar o Canadá, que faz parte do G20 (grupo dos países mais ricos do mundo), o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral Walter Costa Porto disse ter se surpreendido com a conquista das eleitoras canadenses.

“Estive no Canadá e me surpreendi com a participação da mulher. Liberdade absurda. A não dependência do marido e de um casamento [por exemplo]. Evidentemente conquistaram seu papel na sociedade”, ressaltou o ex-ministro.

No Canadá, a mulher obteve o direito de votar em 1918. Onze anos depois, as mulheres lutaram contra uma decisão judicial que as impedia de assumir cargos no Senado. A história mostra que, desde então, as mudanças sociais em relação às mulheres foram se fortalecendo. Na vida familiar, as mudanças levaram à ampliação da inclusão feminina no mercado de trabalho - em 1991, 60% já faziam parte da mão de obra assalariada.

O ex-ministro lembrou também a trajetória das mulheres no Reino Unido, cuja  participação feminina na política também foi tardia. Na década de 1910, havia protestos estimulados pelos defensores do direito ao voto, que conseguiram a conquista apenas em 1918 por meio do Representation of the People Act – ato do Parlamento britânico que levou à reforma da legislação eleitoral.

Segundo Costa Porto, as mulheres britânicas começaram a ocupar os espaços dos homens no mercado de trabalho e era impossível ignorar que a participação feminina havia se fortalecido. Ele explica que:  “[Após fortes manifestações] os homens chegaram a um ponto que não tinham como negar o voto à mulher”.
 
Na França, o processo de participação feminina na política foi desencadeado pela Revolução Francesa (1789-1799). Apesar disso, no século 18,  as vozes feministas que reivindicavam o direito ao voto e ao espaço no cenário político foram abafadas. Na época, os homens eram intolerantes com suas mulheres e seus filhos. Esse tratamento preocupava as mulheres que lutavam pelo sufrágio.

De acordo com a professora da Universidade de Brasília (UnB) Liliane Machado, especialista em feminismo, o movimento sufragista feminino no Brasil teve influência dos movimentos feministas da Europa e dos Estados Unidos. “Esses movimentos já tem uma longa data e tem uma experiência de vários departamentos que trabalham com isso [luta pelos direitos das mulheres]”.

Para a representante da Organização das Nações Unidas (ONU) Mulheres Brasil e Cone Sul, Rebecca Tavares, a eleição de presidentas no Chile (ex-presidenta Michelle Bachelet) , na Argentina (a atual presidenta Cristina Kirchner) e no Brasil (Dilma Rousseff) não significa que as mulheres têm pleno acesso às esferas de representação política.

“As mulheres como presidentas têm [uma grande] popularidade, mas as mulheres como parlamentares não têm esse sucesso. Na América Latina, 22% dos parlamentares são mulheres. Não diria que o sucesso das mulheres como presidentas é um indicador de que elas o têm pelo acesso à participação política”, disse Rebecca Tavares.

A representante da ONU acrescentou ainda que o desenvolvimento econômico e a participação política não estão ligados. Como exemplo, ela citou uma das nações mais importantes do mundo, os Estados Unidos, que até hoje não elegeram uma presidenta. “A desigualdade de gênero e a discriminação existem em todo o mundo, independentemente de nível de desenvolvimento econômico. Nos Estados Unidos, a participação de mulheres no Parlamento está muito abaixo da média”, disse ela.

De acordo com Costa Porto, em alguns estados norte-americanos, as mulheres já votavam no século 19. Nessa época, elas se envolveram na abolição da escravatura.  Susan Brownell Anthony,  uma das engajadas nessa luta, também levou a proposta para a aprovação da emenda de concessão o direito ao voto para as mulheres. Nos Estados Unidos, três mulheres chegaram a ocupar o cargo de secretário de Estado, o equivalente a ministro de Relações Exteriores – Madeleine Albright, Condolezza Rice e Hillary Clinton.
 

O chefe da Organização de Energia Atômica do Irã disse que seu país está disposto a ajudar o que ele chamou de nações africanas "amigáveis" e que tenham reservas de urânio a montar instalações para transformar o minério em material nuclear.

Segundo Fereidoun Abbasi, o Irã já domina todo o ciclo de produção de combustível nuclear para reatores e está pronto para compartilhar a tecnologia. Os comentários de Abbasi foram divulgados neste sábado pela agência de notícias semioficial Mehr.

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A oferta de Abbasi parece ter como objetivo mostrar o Irã como uma potência nuclear que domina a tecnologia e está disposta a ajudar outros países a criar programas nucleares com fins pacíficos. O Irã nega as acusações do Ocidente de que o país pretende construir uma bomba e diz que seu programa nuclear tem como único objetivo a geração de eletricidade. As informações são da Associated Press.

Sob a gestão de José Graziano, ex-ministro de Segurança Alimentar do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) vai priorizar o combate à fome na África. As prioridades do novo diretor-geral foram anunciadas à imprensa internacional nesta terça-feira (3), em Roma, em sua primeira entrevista à frente da instituição. Entre elas, não consta a implantação do programa Fome Zero, vitrine do governo brasileiro, em nível internacional.

Eleito em junho, Graziano concedeu entrevista a uma plateia de jornalistas de todo o mundo que lotaram a sala reservada pela FAO. Falando em inglês, espanhol e português, o ex-ministro apresentou as estratégias e os objetivos de sua gestão: erradicar a fome, protegendo os recursos naturais e promovendo ações de mitigação das mudanças climáticas. Prometeu ainda dar continuidade à reforma da instituição, com a redução de custos administrativos e de sua burocracia e com a intensificação dos trabalhos de campo, levando o auxílio técnico direto aos produtores rurais.

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Para Graziano, embora haja bolsões de pobreza e de fome em diferentes regiões do globo, a prioridade da FAO deve ser a África. "A África será a minha prioridade durante o meu mandato", reiterou em diversos momentos. Para ressaltar sua determinação, o diretor afirmou que visitará os países do chamado Corno da África - região nordeste do continente onde se situam o Djibuti, a Etiópia, a Eritreia e a Somália - e participará da reunião de cúpula da União Africana neste ano. "A FAO deve estar onde a fome é maior", disse, lembrando que produtores rurais desses países não têm condições de chegar até os países doadores para lhes solicitar recursos. "Nós vamos ajudá-los", garantiu, repetindo que "é muito barato erradicar a fome" do que enfrentar os custos gerados por doenças decorrentes da miséria.

Questionado sobre se a experiência do programa Fome Zero no Brasil poderia ser expandida a outras regiões com o mesmo sucesso, Graziano elogiou os resultados obtidos a partir de um investimento de US$ 2 bilhões em 2003, mas lembrou que o montante é quatro vezes maior do que o orçamento da FAO em 2012. Pragmático, advertiu ainda que o Fome Zero não era apenas uma medida, mas um conjunto de mais de 60 ações em diferentes regiões do país. "É importante que cada país enfrente a fome de baseado em suas experiências locais", ponderou, lembrando que programas de transferência de renda como o Bolsa Família passam, por exemplo, pela organização dos Estados e pela existência de um sistema bancário - o que muitas vezes inexiste na África. "Não existe bala de prata para acabar com a fome", frisou.

Sob a direção do brasileiro, a FAO vai se organizar em grupos de trabalho e em conselhos de políticas e preparará uma "resposta emergencial e sustentável de desenvolvimento". Segundo Graziano, a instituição vai aprofundar a transparência e a democracia nas decisões e fomentar as trocas de experiências entre países do Hemisfério Sul, sempre tentando estreitar os vínculos com os governos de todos os países-membros.

Outras agências da ONU, institutos de pesquisa, a sociedade e a iniciativa privada também serão chamadas a contribuir com o objetivo de alcançar as Metas do Milênio para a redução da miséria e da fome. "Ninguém, seja a FAO ou outra agência, vai vencer essa guerra sozinho", ponderou.

Em sinal de uma política de conciliação entre o capital e os movimentos sociais, Graziano informou que vai participar do Fórum Social Mundial (FSM), em Porto Alegre, e também do Fórum Econômico Mundial (WSF), em Davos, em janeiro.

O Banco do Brasil (BB) continua interessado em atuar no mercado africano. Segundo o vice-presidente de Gestão Financeira, Mercado de Capitais e Relações com Investidores, Ivan Monteiro, a África continua sendo uma prioridade para o BB.

O vice-presidente de Negócios de Varejo, de Paulo Rogério Caffarelli, acrescentou ainda que a instituição financeira está "prospectando alternativa" e poderá atuar na África sozinha ou com outras parcerias. Ele afirmou isso com base na informação de que o projeto já não seria uma prioridade para o Bradesco.

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Em agosto do ano passado, o Bradesco e o Banco do Brasil fizeram uma aliança para iniciar atividades na África. O veículo utilizado seria as operações do português BES (Banco Espírito Santo) no continente.

Ainda sobre a atuação no mercado internacional, Monteiro frisou que a instituição financeira deve começar em janeiro a operar no varejo nas três agências adquiridas na Flórida. O Federal Reserve aprovou recentemente a compra pelo BB do EuroBank, instituição financeira norte-americana. Com a aquisição pelo BB, o banco passará a atuar com o nome de BB America.

O papa Bento 16 pediu hoje, no Benin, para que os líderes africanos parem de privar seu povo de esperança e governem com responsabilidade, algumas horas antes de ele ter planejado revelar um guia pastoral para o continente que tenta usar a doutrina da igreja para resolver os problemas da África.

O papa fez seus comentários durante reunião com a elite governista do Benin, um país que dá um raro exemplo de democracia na região.

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É a segunda vez que Bento 16 visita à África, a região de crescimento mais rápido para a Igreja Católica Romana. Sua primeira viagem, há dois anos, descarrilou antes mesmo de ele pôr os pés no continente, após dizer a jornalistas no avião papal que o uso de preservativos agrava o problema da AIDS.

Sobre essa visita, o papa evitou a questão sensível, a fim de destacar uma mensagem que ele tentou entregar nos Camarões há dois anos. "A partir desse lugar, eu lanço um apelo a todos os líderes políticos e econômicos dos países africanos", afirmou Bento 16 no palácio presidencial de Cotonou, capital econômica do Benin. "Não privem sua população de esperança. Não os privem de um futuro, mutilando seu presente. Adotem uma abordagem ética, corajosa nas suas responsabilidades", declarou o papa. As informações são da Associated Press. (Clarissa Mangueira)

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, afirmou hoje que a instituição vai apoiar com financiamentos empresas brasileiras que pretendem fazer o processo de internacionalização em países da África. "Há grandes oportunidades para o Brasil na África", afirmou Coutinho, que participou de um seminário em São Paulo. Ele ressaltou que entre as áreas em destaque estão as de agricultura, biocombustíveis, petróleo e gás e infraestrutura.

"Há também oportunidades inexploradas, como nas áreas de serviços bancários, comércio e turismo", afirmou. "Na área industrial, também há oportunidades em alimentos processados, confecções e calçados, cosméticos, proteína animal, medicamentos e defensivos agrícolas."

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Segundo Coutinho, "o BNDES e o governo entendem que o Brasil pode contribuir de maneira significativa para a segurança alimentar e energética na África". Além disso, ele destacou que o setor manufatureiro pode atuar naquele continente, que possui um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 1,7 trilhão, nas áreas de bens de capital, especialmente na venda de máquinas agrícolas e equipamentos para outros setores, como os de energia e construção.

O presidente do BNDES destacou também que há três setores muito importantes no Brasil que já contam com empresas na África e que têm potencial para expansão: petróleo e gás, infraestrutura e mineração. "Temos orientação da presidente Dilma de reforçar nossas linhas de exportação", acrescentou, afirmando que as vendas externas do Brasil podem avançar significativamente na África.

Ele ressaltou ainda que o País tem sido um dos principais colaboradores, juntamente com a China e a Índia, nas compras de produtos africanos. Segundo Coutinho, as importações pelo Brasil atingiram US$ 15,7 bilhões em 2008; em função da crise, caíram para perto de US$ 9 bilhões em 2009; em 2010, subiram para US$ 11,5 bilhões; e em 2011, devem atingir perto de US$ 15 bilhões. "O Brasil foi um dos vetores importantes de recuperação da África nos últimos anos", completou.

A exibição de peças trazidas da África para o Brasil, por negros escravizados no início do século 20, está em estudo pela prefeitura da capital fluminense. Um grupo de trabalho formado por historiadores e ativistas, que será anunciado nesta quarta-feira (16), terá 30 dias para apontar qual a melhor forma de mostrar ao público objetos encontrados durante escavações para as obras de revitalização no sítio do Cais de Valongo, na zona portuária.

Coordenado pela Subsecretaria de Patrimônio Cultural, o grupo de trabalho se debruçará sobre as milhares de pequenas peças encontradas no cais, que estão guardadas no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Desde fevereiro deste ano, arqueólogos da instituição encontraram no local – principal ponto de desembarque de escravos no Rio – búzios, cachimbos, pedrarias, louças, ornamentos e uma infinidade de objetos de uso religioso.

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De acordo com o subsecretário da pasta, Washington Fajardo, não está nos planos da prefeitura a construção de um museu. Uma alternativa seria a exposição de peças no Centro Cultural José Bonifácio, na própria zona portuária, e que entra em restauro nos próximos dias. No entanto, ele mesmo pondera que o prédio fica "um pouco afastado" do local onde os objetos foram encontrados. "Seria interessante colocar [as peças arqueológicas em exposição] a essa distância? Essa é uma decisão que precisa ser tomada", disse.

O representante do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos do Negro (Comdedine) e integrante do grupo de trabalho, Giovanni Harvey, disse que, para decidir sobre como expor parte das peças, é preciso analisá-las "para não criar algo dissociado do contexto". "Por enquanto só há hipóteses", disse. Com a supervalorização dos terrenos na região, Harvey acredita ser possível a "ressignificação de um espaço público existente", mas não descarta a proteção do sítio histórico.

Uma das propostas é fazer do Cais do Valongo algo semelhante ao African Burial Ground, em Nova York, nos Estados Unidos, onde um antigo cemitério de negros livres e escravizados, ao ser descoberto, foi transformado em monumento. "Temos que ter alguma intervenção arquitetônica no conceito ‘menos é mais’, senão, o cais vai se degenerar", observou. Ele avalia que, assim como os portos de partida, os portos de chegada de africanos escravizados também devem ser transformados em patrimônio.

"A ilhas de Gorée, no Senegal e a de Santiago, em Cabo Verde, entrepostos de negros para o tráfico entre a África e as Américas, foram declaradas patrimônio da humanidade pela Unesco [Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura]. É preciso neste momento reconhecer a relevância do porto de chegada", acrescentou Giovanni, em referência ao Cais do Valongo.

Na tentativa de preservar a memória africana na zona portuária, a Subsecretaria do Patrimônio também pretende organizar um roteiro cultural na região. Partindo do Cais do Valongo, a ideia é estimular visitas ao Instituto dos Pretos Novos, um sítio arqueológico sobre um antigo cemitério de escravos, que também passará por reformas, ao Centro Cultural José Bonifácio e à Pedra do Sal – monumento que remete aos primeiros trabalhadores do cais, à religiosidade e à cultura negra.

Esforços pouco eficientes contra a caça ilegal são os culpados pela perda da última espécie selvagem de rinocerontes negros do oeste africano, o que levou essa subespécie de rinocerontes ser declarada oficialmente extinta esta semana, disseram conservacionistas nesta sexta-feira.

Valorizados pelos caçadores ilegais por causa de seus chifres, que são usados como troféus e na medicina tradicional, os rinocerontes negros do oeste africano agora apenas existem em zoológicos. "Houve esforços muito limitados contra a caça ilegal", disse Craig Hilton-Taylor, da União Internacional para a Preservação da Natureza.

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A perda é significativa porque o rinoceronte negro do oeste africano é geneticamente distinto de outras subespécies de rinocerontes. E a reintrodução de animais nascidos em cativeiro é muito custosa e pode ser impossível, dizem especialistas. Os esforços para preservar outras subespécies de rinocerontes negros no sul e leste da África têm obtido mais sucesso, mas os caçadores seguem atuando.

Cerca de 100 mil rinocerontes negros do leste percorriam o continente no início do século 20. Em 1960, eram apenas 1.500. Hoje, cerca de 4.500 existem graças à procriação intensiva e os esforços de preservação.

As informações são da Dow Jones.

Na sua visita oficial a Luanda, em discurso na Assembleia Legislativa, a presidente Dilma Rousseff voltou a criticar os países desenvolvidos na condução da crise econômica. "Parte do mundo desenvolvido continua trilhando o caminho da insensatez", disse a presidente, que foi aplaudida pelos parlamentares várias vezes durante seu discurso.

Segundo a presidente, Angola, assim como o Brasil, apostou no crescimento atuando com políticas contracíclicas que privilegiavam ações sociais de combate à pobreza, no desenvolvimento e criação de empregos. "Nossos países fugiram do receituário conservador que tão bem conhecemos na América Latina por mais de 20 anos. Seguimos outro caminho. Não renunciamos às nossas responsabilidades internacionais. Este momento exige políticas macroeconômicas sadias, inclusive para proteger nossas nações do contágio da recessão e do desemprego", disse. Angola este ano tem a expectativa de crescimento de 10%, mesmo com a crise, repetindo o índice de crescimento do ano passado.

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No seu discurso, Dilma voltou a defender a reforma dos organismos multilaterais e a participação do Brasil no Conselho de Segurança da ONU. "O cenário internacional atravessa uma fase de acelerada transformação. Os países emergentes como os nossos são chamados cada vez mais para ocupar espaços", disse, acrescentando que o desenho dos órgãos multilaterais, que representam países desenvolvidos, está ultrapassado. "Representa uma ordem internacional que não existe mais e não representa a realidade", disse, destacando que esses organismos não refletem continentes inteiros, como América Latina e África.

O presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, em seu discurso no Palácio de Governo, durante almoço com representantes dos dois países, também defendeu a importância da presença brasileira no conselho de segurança da ONU. Em um dos trechos do discurso na assembleia, a presidente Dilma falou de improviso, o que não é de seu costume. Depois de lembrar que, em 2010, que Angola foi o terceiro maior mercado para os produtos brasileiros, ela disse que a presença de empresas brasileiras em Angola é um testemunho do esforço de fortalecer as relações comerciais e ampliar investimentos conjuntos.

Segundo Dilma, o Brasil adota princípios nessa cooperação "que gostaria e exige" que sejam aplicados em relação ao Brasil. Em seguida, listou três princípios que considera necessários de serem aplicados. "Que as empresas brasileiras que trabalham em Angola têm de contratar, empregar trabalhadores de Angola, dirigentes angolanos, engenheiros angolanos porque é isso que gostamos que façam no nosso país.

O segundo princípio é que as nossas empresas devem privilegiar também parcerias com empresas angolanas". E o terceiro ponto, segundo ela, é a necessidade de "privilegiar e aceitar a orientação, os planos e os planejamentos dos países com os quais nós estamos cooperando fraternalmente".

A presidente acrescentou que as empresas brasileiras têm de respeitar as condições, as regras e as determinações que o governo legitimamente eleito de Angola estabelece para o país. Dilma informou que são mais de US$ 3 bilhões disponibilizados pelo Brasil por meio do Fundo de Garantia à Exportação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e que o maior beneficiário desses recursos tem sido Angola. Em seguida, a presidente informou que "sempre que for preciso esses investimentos serão ampliados".

A presidente anunciou que, em novembro, uma missão brasileira irá a Luanda para discutir a ampliação do relacionamento, citando vários setores, inclusive o de matriz energética.

A presidente Dilma Rousseff viaja na noite hoje (16) para a África do Sul, depois segue para Moçambique e Angola. Esta será a primeira visita de Dilma ao Continente Africano. Amanhã (17), por volta das 11h (7h de Brasília), ela desembarca em Pretória (África do Sul) para participar da 5ª Cúpula do Fórum de Diálogo do Ibas (Índia, Brasil e África do Sul).

Os líderes dos três países querem a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Eles querem um assento permanente do conselho e são críticos das ações militares para encerrar impasses - posição oposta à dos Estados Unidos e da União Europeia.

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Nas reuniões, Dilma, o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, e o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, deverão conversar ainda sobre os impactos da crise econômica internacional e os desafios dos países em desenvolvimento. A conversa ocorre a menos de um mês da Cúpula do G20 (as maiores economias mundiais), marcada para 3 e 4 de novembro, na França.

O fluxo de comércio entre os países do Ibas quadruplicou entre 2003 e 2010, passando de US$ 4,38 bilhões para US$ 16,1 bilhões. Indianos, brasileiros e sul-africanos desenvolvem ainda parcerias, por meio do Fundo Ibas, para combater a fome e a pobreza em seis países. O grupo apoia projetos de coleta de resíduos sólidos no Haiti e mais oito países, além de projetos de melhoramento agropecuário.

Dilma, Zuma e Singh também pretendem mencionar o agravamento da situação na Síria e Líbia e o desenvolvimento sustentável, principal tema Conferência Rio+20 - que ocorrerá de maio a junho de 2012 no Rio de Janeiro. Haverá ainda reuniões técnicas setoriais nas áreas de defesa, energia e ciência e tecnologia.

Para Índia, o Brasil e a África do Sul, a prioridade deve ser a chamada cooperação Sul-Sul, com o objetivo de gerar contribuições efetivas no combate à desigualdade e à exclusão social. O Fundo Ibas para o Alívio da Fome e da Pobreza, criado em 2004, é o principal instrumento para a execução das metas.

Nas visitas à África, Dilma Rousseff estará acompanha pelos ministros Antonio Patriota (Relações Exteriores), Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e Luiza Bairros (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial). É possível que o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, integre a viagem. As informações são da Agência Brasil.

O oeste e o centro da África enfrentam uma das piores epidemias de cólera em sua história, com mais de 85 mil casos registrados, informou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) nesta terça-feira. Há mais de 85 mil casos registrados e 2.466 mortes confirmadas este ano, segundo o braço da ONU para as crianças.

"O tamanho e a escala da epidemia significam que a região está enfrentando uma das maiores epidemias em sua história", afirmou a porta-voz da Unicef. "Os mais significativos aumentos em 2011 estão no Chade, onde é registrada sua pior epidemia, em Camarões, onde nove dos 10 distritos têm casos, e no oeste na República Democrática do congo, onde a taxa de mortalidade está acima de 5%", disse a funcionária.

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Em alguns distritos, a taxa de mortalidade chegou a 22%. A ONU também notou que as epidemias ocorrem em locais onde o cólera não era endêmico. "Há casos ocorrendo fora da típica temporada de cólera, e também em uma área geográfica mais ampla", disse a porta-voz. "No centro da África, acaba de ser decretada uma epidemia. Eles não tinham cólera havia anos. Isso significa que as pessoas estão menos atentas sobre como evitar ou responder a uma epidemia de cólera."

Além disso, as altas taxas de mortalidade são registradas em locais onde o cólera não é endêmico. "Na República Democrática do Congo, nós temos este ano epidemias em províncias que não tinham o problema nos últimos 10 anos", afirmou um porta-voz da Organização Mundial de Saúde (OMS). "Vemos uma taxa de mortalidade muito maior que em províncias onde o cólera é endêmico, como em Kivu do Norte e Kivu do Sul", no Congo, acrescentou o funcionário. As informações são da Dow Jones.

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