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Existem diversos métodos anticoncepcionais de uso contínuo. No caso dos anticoncepcionais hormonais orais, também chamados de pílulas anticoncepcionais, o uso contínuo, ou seja, sem pausas ao longo do mês, pode cometer uma interrupção na menstruação e nem sempre método é indicado para todas as pacientes, mas deve ser escolhido sempre com orientação médica, orientam os especialistas.

 O método traz diversos benefícios, como a redução das alterações hormonais e, por isso, traz benefícios no controle da TPM e eventual redução das cólicas e de outros desconfortos comuns neste período”, apontou o médico ginecologista e obstetra de São Paulo, Dr. Alexandre Rossi, em um comunicado.

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Por outro lado, o especialista lembrou que pode haver pequenas perdas de sangue em forma esporádica, chamadas de escape, especialmente nos primeiros meses de uso do método. Com relação aos riscos, serão os mesmos do uso dos anticoncepcionais orais tomados de forma tradicional, ou seja, com intervalo. “Pelo fato de trazer a maior concentração de hormônios dentre todos os métodos contraceptivos existentes hoje no mercado, nem sempre será o método mais indicado para todas as pacientes”, complementou o alerta.  

Um dos principais fatores para o prosseguimento é a orientação de um médico, seguir o que for dito e levar a ele as informações atualizadas sobre o aparecimento de algum sintoma inesperado, os anticoncepcionais tomados antigamente, antecedentes familiares, especialmente relacionados à trombose, AVC e doenças cardiovasculares. A indicação do método contraceptivo levará em conta fatores como o fato da mulher estar ou não amamentando, além de seu histórico de saúde. Por esse motivo, é importante que esta indicação seja individualizada e reavaliada periodicamente. Vale destacar também que mesmo tomada corretamente, a pílula não previne contra as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Por este motivo, o ideal é que seja combinado o uso de preservativos, quando não houver parceiro fixo.

Para alertar sobre os riscos de medicamentos anticoncepcionais, a influenciadora canadense Sienna Quast produziu um vestido com a bula de uma pílula. Entre os efeitos colaterais, os remédios para evitar a gravidez podem aumentar as chances de trombose arterial.

"Eu fiz um vestido de uma única folha de informações de controle de natalidade", apontou.

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O tamanho da bula usada para confeccionar o vestido surpreendeu os seguidores e abriu o debate sobre a quantidade reações, entre elas aumento de peso, dores de cabeça, alterações de humor.

 

 

O deputado estadual Romero Albuquerque (PP) quer proibir, por meio do projeto de Lei (2514/2021), a comercialização dos medicamentos, injetável ou em comprimido, anti-cio em Pernambuco. Segundo o parlamentar, "o uso do anticoncepcional para cadelas e gatas é completamente desaconselhável". 

Romero aponta que "em quase 100% dos casos, as fêmeas apresentaram precocemente o câncer de mama ou de útero, cistos ovarianos e piometra". Ele diz que o consenso entre a causa animal é que a castração é o método mais seguro e indicado para promover a saúde e evitar doenças. "Mas algumas pessoas recorrem às vacinas anti-cio como alternativa para fêmeas, expondo o animal a riscos que podem levá-lo à morte", pontua. 

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Se o projeto for aprovado na Assembléia Legislativa de Pernambuco (Alepe), a exceção para a nova regra será quando tais medicamentos forem prescritos por um profissional e utilizados na forma do receituário.

O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) permitiu a alteração de nome de criança que foi batizada pelo pai com marca de um contraceptivo sexual que a mãe tomava quando ficou grávida. O pedido para alteração de nome havia sido negado em primeira e segunda instância.

Segundo a Defensoria Pública de São Paulo, o pai da criança achou que a gravidez havia sido planejada pela mulher. Eles haviam concordado em dar um nome para a filha, mas o homem batizou com marca de anticoncepcional como forma de protesto.

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A genitora tentou fazer a alteração do nome no cartório de registro, o que foi negado. Ela ingressou com uma ação judicial "a fim de evitar que a criança possa saber os motivos pelo qual seu pai deu a ela o nome do remédio, e passe por situações vexatórias."

No recurso ao STJ, a Defensoria Pública apontou que houve vício no processo de escolha do nome, com desrespeito ao pactuado entre os pais, além de ter havido violação da boa-fé por parte do pai. 

"É certo que o pai também tem o direito de participar da escolha do nome da filha. Contudo, (...) jamais poderia afirmar concordar com o nome, comprometer-se a ir ao cartório realizar o registro nos termos combinados e, diversamente, indicar outro nome. (...) O vexame não se atém à mãe, também se transfere à criança, que carregou em sua identificação, em sua personalidade, o nome do anticoncepcional e a marca de que sua concepção não era desejada pelo pai, tendo sido utilizada como objeto de violação pelo pai à própria mãe", escreveu o defensor público Rafael Rocha Paiva Cruz.

No julgamento, os ministros da 3ª Turma do STJ concordaram ter ocorrido rompimento unilateral do acordo prévio realizado entre os pais da criança, assim consideraram haver motivação suficiente para autorizar a modificação do nome da menina. "A decisão permite que casos semelhantes sejam revisados, uma vez que é comum o pai registrar o filho com nome diferente do combinado com a mãe da criança, como uma homenagem a um ídolo de futebol, por exemplo. Nesse sentido, essa decisão traz uma inovação muito importante", disse o defensor Paiva Cruz. 

Por que suspender a vacina anticovid da AstraZeneca por medo de trombose, mas não certas pílulas anticoncepcionais, para as quais esse risco é comprovado? A comparação aumenta entre o público em geral, mas os especialistas a rejeitam, porque o estágio do conhecimento é muito diferente.

Há "dois pesos e duas medidas", denunciou nesta quarta-feira (17) a Avep (Associação Francesa de Vítimas de Embolia Pulmonar e AVC relacionados à contracepção hormonal).

Esta associação "se espanta com a indiferença com que milhares de mulheres vítimas de trombose e embolia são tratadas por causa de sua contracepção na França e na Europa". Muitas mensagens semelhantes foram postadas nas redes sociais nos últimos dias.

"Acho que não podemos misturar", respondeu à AFP a especialista em doenças infecciosas Odile Launay, membro do comitê de vacinas contra a covid criado pelo governo francês.

Como sempre, quando se trata de medicamentos, a questão central é a relação risco-benefício, ou seja, se as vantagens superam as desvantagens.

No caso das pílulas, o risco de trombose é conhecido e levado em consideração na hora da prescrição. No entanto, esse não é o caso da vacina AstraZeneca, que é um produto novo.

"Devemos absolutamente especificar a relação risco-benefício" da vacina, destaca a professora Launay.

- Bula -

"A trombose, que pode ser fatal, é conhecida por ser um efeito colateral muito raro das pílulas anticoncepcionais. É mencionada na bula de informações ao paciente", explica o instituto médico Paul-Ehrlich, que assessora o governo alemão.

"Cada mulher deve ser informada desse risco pelo médico que prescreve a pílula", continua o instituto em um documento bastante educativo sobre a vacina AstraZeneca divulgado na terça-feira.

A situação é diferente no caso desta vacina, para a qual "atualmente se suspeita que pode haver um efeito colateral muito raro e às vezes fatal, a trombose venosa cerebral (coágulos de sangue no cérebro) acompanhada por um déficit de plaquetas" , acrescenta o instituto Paul-Ehrlich.

Por enquanto, não há evidências de que haja uma ligação entre a vacina e esses problemas muito raros. A autoridade europeia de medicamentos EMA, que continua "firmemente convencida" dos benefícios da vacina, deve voltar a se pronunciar na quinta-feira, após análise dos dados transmitidos pelos vários países.

Nesse intervalo, vários suspenderam a vacina.

Mas mesmo que esta ligação seja confirmada, a EMA e as autoridades de saúde em cada país ainda poderiam decidir que "a vacina pode continuar a ser usada, embora possa causar este efeito colateral muito raro (adicionando-o, se necessário, nas instruções)", conclui o instituto Paul-Ehrlich.

Nesse caso, as autoridades de saúde estimam que a relação risco-benefício continua a se inclinar em direção à vacina.

- AVC -

Essa é a posição adotada em relação às pílulas, ou "anticoncepcionais orais combinados" (AOC), apesar do comprovado risco de trombose, em particular com as mais recentes (chamadas de 3ª ou 4ª geração).

"Os benefícios dos AOCs continuam a superar os riscos", explica a EMA em sua página dedicada a esses medicamentos.

Além de citar o risco, a bula aponta os fatores que podem agravá-lo, como idade, tabagismo, histórico familiar ou obesidade.

De acordo com a EMA, os médicos devem "considerar os fatores de risco individuais ao prescrever anticoncepcionais" e cada mulher deve "discutir com seu médico para determinar o tipo de contracepção mais adequado".

Vários estudos têm mostrado nos últimos anos que as pílulas mais recentes aumentam o risco de acidentes por trombose venosa.

De acordo com um estudo britânico de 2015, o risco pode ser duplicado em comparação com mulheres que tomam pílulas mais antigas e quadruplicar em comparação com aquelas que não tomam a pílula.

Mulheres vítimas desses acidentes entraram com ações judiciais. Um dos casos emblemáticos é o da francesa Marion Larat, gravemente incapacitada após um AVC em 2006 que atribui à pílula Méliane, da farmacêutica alemã Bayer.

A pílula anticoncepcional é um dos métodos contraceptivos mais usados pelas mulheres. Para algumas, ela costuma diminuir o fluxo menstrual, a tensão pré-menstrual (TPM), além de ajudar a organizar o período menstrual. Já para outras, a pílula é sinônimo de desconforto, dores de cabeça, aumento das varizes, entre outros efeitos colaterais. Com isso, muitas mulheres acabam interrompendo o uso do contraceptivo, mas é importante ficar atenta sobre algumas mudanças que podem acontecer no corpo.

Segundo Maria Luisa Mendes Nazar, ginecologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, algumas mulheres interrompem o uso do medicamento pelo fato de conviver com um sangramento contínuo, mas com a ajuda de um especialista é possível encontrar uma alternativa que garante mais conforto. Além disso, o anticoncepcional tem um período de três meses para adaptação e é importante esperar este intervalo para tomar a decisão de suspender o uso.

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Quando a mulher interrompe o uso do anticoncepcional, é preciso ficar atenta aos sinais do organismo com a volta da produção de hormônios naturais. "Não é possível generalizar, mas com o fim do uso do medicamento pode ser que a mulher sinta mais cólicas e tenha um fluxo menstrual mais intenso. Isso porque a volta da produção de hormônios naturais é também feita de forma mais efetiva", explica a ginecologista.

A especialista ressalta que ao interromper o uso do anticoncepcional, mesmo em mulheres que usam o medicamento há muitos anos, é possível voltar a ter fertilidade. "Muitas mulheres acreditam que o tempo que usufruiu do anticoncepcional interfere na fertilidade e isso não passa de um mito. Quando para de usar o medicamento, entre 10 a 15 dias já é possível engravidar. Portanto, se não é o desejo, é preciso optar por outro contraceptivo", orienta Maria Luisa.

Caso o período menstrual fique desregulado após a suspensão do medicamento, é importante que a paciente procure um ginecologista de sua confiança. "É comum que entre quatro e sete dias ocorra a menstruação, mas caso não siga esse intervalo é recomendado procurar um médico para saber se ainda há tecido suficiente para ser escamado, ou se existe outra causa para a instabilidade", finaliza Maria Luisa.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu a distribuição, a venda e o uso de 13 lotes do anticoncepcional Gynera (gestodeno + etinilestradiol). Os lotes foram fabricados pela Bayer S.A. e apresentaram resultados que não atendem à legislação sanitária vigente.

A Bayer confirmou que os lotes dos medicamentos em questão mostraram resultados insatisfatórios em estudos.

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A agência determinou que a empresa promova o recolhimento do estoque existente no mercado. Os lotes suspensos podem ser conferidos no site: http://portal.anvisa.gov.br/.

A publicitária Mariana Moraes, de 32 anos, colocou o DIU de cobre menos de 30 dias atrás. Há dois meses, a jovem deu à luz a pequena Manuela. "Antes de engravidar, eu tomei pílula por quase dez anos. Como não quero engravidar de novo tão cedo, a minha médica aconselhou o DIU. Senti cólicas só nos primeiros dias", relatou.

Na semana passada, o Ministério da Saúde anunciou a ampliação do acesso ao Dispositivo Intrauterino (DIU) de cobre, já distribuído pelo Sistema Único de Saúde (SUS), nas maternidades e hospitais do Brasil. O prazo para adaptação é de até 180 dias. A coordenadora de Saúde da Mulher da pasta, Maria Esther Vilela, salienta que, segundo os últimos dados, somente 1,9% das mulheres em idade fértil usam o DIU de cobre. "Com base no registro do SUS e nos hospitais, teremos uma avaliação anual. Nossa meta é atingir 10% até 2020."

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O presidente da Comissão Nacional de Anticoncepção da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Rogério Bonassi Machado, acredita que a falta de acesso e mitos sobre o método são alguns dos motivos para a baixa adesão. "Há mulheres que perguntam se o DIU é abortivo e se provoca câncer ou infertilidade. Falta informação correta", avaliou. Embora considere positiva a iniciativa do governo federal, ele faz um alerta: "Mulheres que sangram muito ou têm cólicas devem optar por outros métodos. Quem tem miomas grandes e tumores no útero não deve usá-lo."

Custo

O DIU de cobre custa, em média, R$ 120, sem a colocação. No mercado também há o DIU hormonal, que é conhecido como SIU, e já é fornecido pelos convênios médicos. Mas o custo é mais alto: em média, R$ 800, só o aparelho.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Participando de um programa de intercâmbio em Madrid, na Espanha, em março de 2013, a biomédica Lívia Bandeira (foto), na época com 28 anos, viu sua vida tomar um rumo não esperado. Ela começou a sentir dores na cabeça, no corpo e muita náusea. Foram quase 15 dias entre internações e passagens pela emergência de hospitais sem saber a causa do seu mal estar. Sem melhoras ou diagnósticos corretos, ela decidiu retornar ao Brasil para buscar o apoio da família. "Quando voltei, eu já não conseguia andar e estava com a visão dupla (diplopia)", relata. Após passar por outras internações no Recife, Lívia foi finalmente diagnosticada com trombose cerebral e o uso contínuo do anticoncepcional foi apontado como um dos fatores principais para adquirir a doença. 

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A trombose cerebral acontece quando um coágulo de sangue entope uma das artérias do cérebro. Em agosto de 2016, mais de três anos após ficar curada da doença, Lívia lembra que fazia o uso da pílula 'Elani' por mais de quatro anos seguidos. "Na época que fui em uma ginecologista para saber sobre o uso das pílulas, me recomendaram um anticoncepcional com dosagem mais baixa. Mas em hora nenhuma foram feitas perguntas sobre o histórico de trombofilia na família ou de alguma alteração ou distúrbio de coagulação", lamenta. Lívia conta que na época da internação não fumava, não consumia bebidas alcoólicas e também não tinha o histórico da doença na família. 

Após passar por tratamentos, Lívia se curou e não teve sequelas, a biomédica conta que a trajetória com as pílulas teve fim e atualmente faz o uso de preservativos como método de prevenção. Como consequência, ela terá de tomar por toda a vida um anticoagulante oral para prevenir que a doença retorne. Para ela, a maioria dos médicos não faz uma avaliação correta antes de prescrever o anticoncepcional. Estimativas apontam que atualmente a pílula anticoncepcional é utilizada por cerca de 100 milhões de mulheres no mundo todo. No Brasil, as mulheres correspondem a mais de 10% da taxa mundial. São 11 milhões de adeptas ao produto. 

O uso do anticoncepcional também teve graves efeitos colaterais na funcionária pública Andrea Gorenstein, de 40 anos. Com ovário policístico, ela conta que foi submetida a hormônioterapia com pílula durante 17 anos. "Me tornei o sétimo caso da família aos 32 anos, com um câncer de mama agressivo, de crescimento rápido, em estágio avançado", detalha. Para ela, os médicos sempre ignoraram ou minimizaram esse fator de risco. De acordo com um estudo do Centro de Pesquisa do Câncer Fred Hutchinson, nos Estados Unidos, mulheres que tomam pílula anticoncepcional têm risco 50% maior de desenvolver câncer de mama em relação às que não utilizam o medicamento. 

Os diversos relatos e denúncias de mulheres que sofreram consequências pelo uso não orientado dos anticoncepcionais foram parar no Facebook. Na página "Vítimas de anticoncepcionais. Unidas a favor da Vida", que conta com quase 130 mil seguidores, é possível ter acesso às mais diversas histórias de consumidoras das pílulas. Em uma das postagens que viralizaram está o relato da internauta Vanessa Tozzi, de 33 anos. Ela conta que usava o produto desde os 16 anos e em março deste ano começou a sentir fortes dores na perna direita. 

"Achei que tivesse dado mau jeito, usei salompas, tomei anti-inflamatório, mas não passava, então dez dias depois, fui ao hospital e recebi a notícia. Tive uma tromboflebite na veia safena de mais de 40 cm de extensão", postou. Na rede social, Vanessa diz que ficou em choque com a revelação. "O trombo não se moveu, e sumiu por completo após o tratamento, com um anticoagulante fortíssimo que tive que tomar por três meses". A história de Vanessa foi compartilhada por quase 600 pessoas no Facebook. 

Mulheres que tomam pílulas anticoncepcionais da chamada terceira geração, mais recentes (com drospirenona, desogestrel, gestodeno e ciproterona), correm maior risco de adquirir a trombose venosa. De acordo com um estudo publicado na revista especializada BMJ Today, a estatística é quatro vezes maior do que mulheres que não tomam pílula. Ao tomar conhecimento do histórico de trombose na família, a professora Carolina Dantas também preferiu deixar de fazer o uso das pílulas. "É um método que promove muita comodidade porque, além de anticoncepcional, controla o ciclo menstrual. Mas raramente os ginecologistas informam dos riscos. Não se deve ficar contra a pílula, em absoluto, mas entender que cada organismo responde de uma forma e ficar atento. Eu não tenho intenção de voltar a usar nunca mais", afirmou. 

Ginecologista culpa automedicação das mulheres

O ginecologista e gestor executivo do Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), Olímpio Barbosa, explica que os benefícios dos anticoncepcionais são maiores do que os malefícios. "Hoje no Brasil, por exemplo, a taxa da natalidade diminuiu bastante graças ao anticoncepcional", explica. O médico avalia que os casos de efeitos colaterais são exceções. "Grande parte dos profissionais brasileiros realizam a triagem do paciente. O que acontece é que a maioria das mulheres compra o produto nas farmácias sem a receita médica e se automedicam", argumenta.

Ele explica que atualmente é muito mais seguro ser consumidora da pílula do que quando o produto chegou ao Brasil, na década de 1960. "Já se tem vários alertas de contra indicações no uso desses remédios. Hipertensas, fumantes e mulheres com histórico de trombose na família devem se afastar do produto". O médico citou que a pílula também traz uma série de benefícios estéticos para a consumidora. Para ele, caso não seja indicado o uso da pílula, o melhor caminho é se adaptar a outros métodos de contracepção, como o DIU, o preservativo, o adesivo e o diafragma.

Em contrapartida, a ginecologista Rebecca Spinelli é enfática ao alertar suas pacientes a evitarem o uso dos anticoncepcionais. "Eu praticamente não prescrevo mais anticoncepcionais. Quando explico os meus motivos e receios sobre os danos à saúde reprodutiva da mulher, sobre a associação de anticoncepcionais hormonais e câncer no colo do útero, câncer de mama e trombose, a maioria das pacientes compreende e concorda que o risco não compensa", pontua a médica.

A polêmica e a problemática do consumo das pílulas anticoncepcionais não se restringem ao Brasil. Em 2013, agência francesa de segurança de medicamentos chegou a proibir a venda do remédio Diane 35 do laboratório Bayer, gerando um debate mundial, tendo em vista que a pílula é vendida em mais de 100 países. A medida foi tomada após o produto ter sido associado a 125 casos e quatro mortes por trombose venosa que ocorreram desde 1987, ano em que a pílula em questão começou a ser vendida na França.

Impasse

Em 2015, uma petição online da carioca Danielle Fortuna, 29, pedia que os médicos solicitassem exames de trombose para a paciente antes de receitar anticoncepcional. "Usei anticoncepcionais por cerca de um ano. Na época, aos 18, tive uma trombose na perna ligada ao uso do medicamento", postou. Na página, ela direciona a mensagem para o Conselho Federal de Medicina e para a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Atualmente, o abaixo-assinado já conta com 36.611 assinaturas online. 

Ainda em 2015, a Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (ABHH) informou por meio de nota que avaliar o histórico familiar e pessoal da paciente, além de outros fatores que possam aumentar o risco de trombose, é melhor do que recomendar o exame para todas as mulheres. De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) cabe ao médico na consulta inicial fazer todas as perguntas para avaliar os antecedentes pessoais e familiares da paciente. Através das perguntas, o profissional poderá perceber riscos ou contraindicações ao uso de qualquer contraceptivo hormonal que será prescrito.

Segundo os Critérios Médicos de Elegibilidade para uso de Métodos Anticoncepcionais da Organização Mundial de Saúde (OMS), realizar os exames de rotina para rastreamento de trombofilias não é adequado, por causa da raridade das condições e o alto custo dos exames. A ginecologista Rebecca enxerga a petição citada pela Febrasgo com alegria. "Finalmente pessoas formadoras de opinião estão considerando todos os riscos inerentes à prescrição de tais substâncias que a curto, médio e longo prazo trazem muitas repercussões pro organismo", diz.

Em agosto de 2016, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou um comunicado de que o órgão e outras agências reguladoras internacionais monitoram continuamente os benefícios e os riscos do uso de anticoncepcionais, particularmente em relação ao risco de trombose venosa profunda. A Agência informa saber que o risco de formação de coágulos depende do tipo de hormônio progesterona presente no medicamento. 

Apesar dos riscos, a Anvisa argumenta que "até o momento, os benefícios dos anticoncepcionais na prevenção da gravidez continuam a superar seus riscos". De acordo com o texto divulgado pela Agência, apesar dos diversos relatos de mulheres que sofreram efeitos colaterais, os riscos de eventos como trombose envolvendo todos os contraceptivos orais combinados é conhecidamente pequeno.

O sistema municipal de Saúde vai oferecer implantes subdérmicos, um novo método em que o anticoncepcional é inserido sob a pele da mulher, para evitar gravidez indesejada em adolescentes e usuárias de droga na capital paulista. O secretário municipal de Saúde, Alexandre Padilha, anunciou nesta sexta-feira, 12, a aquisição de mil implantes para atender públicos considerados vulneráveis e com menos disciplina para seguir métodos tradicionais, como pílulas.

O anticoncepcional tem formato de bastonete, 4 centímetros de comprimento, 2 milímetros de diâmetro e dura por pelo menos três anos após a aplicação, feita na parte superior do braço da mulher. "Já começamos o projeto piloto na Maternidade Cachoeirinha (na zona norte) e estamos anunciando isso para todas as maternidades municipais", afirmou Padilha, após um seminário sobre o tema. Se optar por desistir do método, a mulher recupera a fertilidade em até dois meses.

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"É uma tecnologia muito apropriada para dois grandes grupos que preocupam muito a Prefeitura hoje: as adolescentes, que têm muita dificuldade de manter uma regularidade no uso de pílula ou de outros métodos anticoncepcionais, e usuárias de droga", disse o secretário. De acordo com ele, gestantes com esse perfil serão orientadas a fazer o implante quando estiverem em maternidades municipais. A Prefeitura também fará busca ativa para encontrar mulheres que precisam do serviço.

Dados apresentados no seminário, com base em pesquisas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apontam que 66% das adolescentes gestantes no Brasil não planejaram a gravidez, 30% das usuárias de crack já fizeram sexo para financiar o vício e 46,6% das usuárias já engravidaram após iniciar o uso da droga.

Para o coordenador do Programa de Saúde da Mulher, da Secretaria Municipal de Saúde, Adalberto Kiochi Aguemi, no entanto, o contraceptivo que vai ser ofertado não é suficiente para resolver o problema da gravidez indesejada na cidade de São Paulo. "Só com o implante não vai ser eficiente", disse em sua apresentação no seminário.

Um dos motivos é que o número de casos que precisam ser tratados são bem superiores à oferta da Prefeitura. Segundo Aguemi, cerca de 23 mil adolescentes engravidam por ano na capital. Ainda de acordo com o coordenador, não há dados sobre o outro grupo, que faz uso abusivo de drogas, mas 2.322 mulheres estão em situação de rua.

Padilha afirma que os mil implantes correspondem ao número inicial do programa. "À medida que você tiver adesão dos profissionais e das mulheres, nós podemos expandir o procedimento", disse. O secretário também disse que o anúncio não tem relação direita com os casos de microcefalia associados ao zika vírus no Brasil, mas que "chama atenção" para importância de planejar a gravidez.

As mulheres que tomam anticoncepcionais orais durante mais de três anos correm duas vezes mais riscos de desenvolver glaucoma do que aquelas que não fazem uso da pílula, alertou um estudo divulgado esta segunda-feira (18), nos Estados Unidos.

O aumento do risco foi semelhante, independentemente do tipo de anticoncepcionais orais ingeridos, afirmou Shan Lin, da Universidade da Califórnia em San Francisco, autor principal do estudo realizado com 3.406 mulheres maiores de 40 anos entre 2005 e 2009.

"Este estudo deve fomentar mais pesquisas para estabelecer a relação causal entre a ingestão de anticoncepcionais orais e o glaucoma", disse este professor de oftalmologia, que apresentou sua pesquisa na conferência anual da Academia Americana de Oftalmologia.

"Por enquanto, as mulheres que tomaram anticoncepcionais orais durante três anos ou mais devem fazer um exame de glaucoma e consultar periodicamente um oftalmologista, sobretudo se tiverem outros fatores de risco existentes", recomendou.

Uma das principais causas da cegueira, o glaucoma afeta cerca de 1% da população maior de 40 anos. Esta doença crônica é causada pela destruição progressiva das fibras do nervo óptico devido a vários fatores, entre os quais o mais comum é um aumento anormal da pressão intraocular (PIO).

Embora este estudo não tenha chegado a estabelecer uma relação de casualidade entre a pílula e o glaucoma, pesquisas anteriores demonstraram que o estrogênio, hormônio sexual feminino, pode ter um papel significativo no desenvolvimento desta doença.

O glaucoma é incurável, mas por meio de um tratamento precoce, com frequência pode ser controlado com medicamentos ou com uma cirurgia para estabilizar a destruição do nervo óptico.

A Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) dos Estados Unidos anunciou na terça-feira que autoriza a venda, sem necessidade de receita, da pílula do dia seguinte para as adolescentes a partir dos 15 anos.

A autorização revisa uma decisão da FDA que em 2011 havia proibido a venda livre da pílula para as jovens, sem limite de idade, uma proibição que em 5 de abril foi anulada por um juiz de Nova York.

A FDA, no entanto, afirma em um comunicado que sua decisão não está relacionada com a determinação do juiz, mas que responde a um pedido para regulamentar a venta da pílula apresentada por uma filial do fabricante Teva Pharmaceuticals Industries.

A empresa havia solicitado inicialmente permissão para a venda livre da pílula a todas as mulheres em idade reprodutiva, sem importar a idade.

A autorização para a venda a partir dos 15 anos marca um novo capítulo em uma longa batalha de mais de 10 anos nos Estados Unidos sobre o acesso a este mecanismo de contracepção de emergência, que pode evitar a gravidez se for tomado até 72 horas depois de uma relação sexual sem proteção.

Em dezembro de 2011, a FDA esteve a ponto de permitir a venda livre de uma pílula chamada Plan B One-Step, fabricada pelo laboratório Teva Pharmaceuticals, mas a iniciativa foi bloqueada pelo Departamento de Saúde e Serviços Sociais dos Estados Unidos (HHS, em inglês), diante das pressões de grupos conservadores.

Margaret Hamburg, diretora da FDA, ressaltou os benefícios da pílula ao afirmar em um comunicado que "as pesquisas demonstraram que o acesso à anticoncepção de emergência tem o potencial de reduzir ainda mais a gravidez não desejada nos Estados Unidos".

A Agência Nacional de Segurança dos Medicamentos e dos Produtos de Saúde (ANSM) da França anunciou ontem que pedirá às autoridades sanitárias do país que proíbam a prescrição do remédio Diane 35 para fins anticoncepcionais. No fim de semana, a instituição divulgou que seu uso foi diretamente associado a quatro mortes por trombose ocorridas nos últimos 27 anos. Outras 25 mortes que teriam como causa coágulos sanguíneos estão sob suspeita.

As dúvidas sobre a segurança de pílulas anticoncepcionais de terceira e quarta gerações cresceram na França nas últimas seis semanas, depois que Marion Larat, de 25 anos, registrou queixa contra o grupo farmacêutico alemão Bayer, por atribuir o acidente vascular cerebral (AVC) que sofreu em 2006 ao uso de outra pílula, comercializada na Europa com o nome de Meliane. Marion sofre de sequelas permanentes. O caso está sendo investigado pela Procuradoria-Geral de Bobigny, em Seine Saint-Denis, periferia de Paris.

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Na quinta-feira passada (24), 14 reclamações semelhantes foram registradas em conjunto no Tribunal de Grande Instância da mesma cidade. O objetivo da ação é pedir uma investigação contra os fabricantes de pílulas contraceptivas de terceira e quarta gerações.

A ação também pede a abertura de um processo por homicídio culposo (sem intenção de matar) - e "atentado culposo contra a pessoa humana" contra a ANSM, responsável por verificar a segurança dos medicamentos na França. As queixas foram registradas por 11 vítimas de trombose (uma delas cerebral) e de AVC, todas com idades entre 18 e 46 anos, assim como por familiares de três mulheres mortas.

Além do Diane 35, elas também usaram outras marcas comerciais de pílulas de terceira e quarta gerações: Desobel, Gestodene, Ethinylestradiol30, Melodia, Carlin 20, Varnoline, Yaz, Jasmine e Jasminelle. Em 2010 foi criada a Associação de Vítimas de Embolia Pulmonar (Avep), para advertir a opinião pública sobre os riscos gerados por essas pílulas. "Nós enfrentamos a resistência do corpo médico, de políticos, de associações feministas", diz o presidente da Avep, Pierre Markarian, que reclama da ineficiência das agências nacional e internacionais de controle de medicamentos. "Há exames para determinar se a pílula convém ou não, se o sangue coagula ou não", adverte.

Proibição

Na segunda-feira (28), Dominique Maraninchi, diretor-geral da ANSM, anunciou que a agência pedirá a interdição da prescrição média de Diane 35 como anticoncepcional. Originalmente, a pílula era um medicamento contra a acne, que, por seus efeitos contraceptivos, foi adotada por quase 315 mil mulheres em toda a França. A medicação também é comercializada no Brasil. "É preciso parar com esse uso ambíguo e sua utilização como contraceptivo. É uma situação que durou tempo demais", disse Maraninchi, em entrevista à rádio parisiense RTL.

De acordo com ele, "há 25 anos Diane 35 não é autorizado a ser usado como contraceptivo". "É responsabilidade da agência fazer respeitar as indicações", afirmou Maraninchi. Apesar do uso difundido, a Bayer nunca teria pedido o registro do medicamento como contraceptivo. "Além disso, nossos experts e ginecologistas consideram que não é um bom anticoncepcional", disse Maraninchi. Segundo estudo da ANSM, o uso de Diane 35 aumenta em sete vezes o risco de trombose.

‘Efeitos conhecidos’

Na segunda-feira (28), em resposta, o laboratório Bayer divulgou uma nota na qual frisou que os riscos de coágulos sanguíneos ligados ao tratamento contra acne com Diane 35 "são conhecidos e estão claramente indicados na bula de informação ao paciente". De acordo com a companhia alemã, o medicamento só deve ser prescrito em casos de acne e "no respeito de suas contraindicações". As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

A Bayer HealthCare Pharmaceuticals informou que atualizou as bulas dos anticoncepcionais contendo drospirenona nos Estados Unidos, seguindo a determinação do órgão regulador americano. O novo texto alerta que o medicamento com esse hormônio pode estar associado com "risco mais elevado" de tromboembolismo venoso (TEV) do que outros remédios. No Brasil, o laboratório comercializa os anticoncepcionais Yaz e Yasmin com esse hormônio.

A empresa, no entanto, ressalta que "dados clínicos de período de mais de 15 anos e os resultados de estudos de segurança realizados pós comercialização de até 10 anos" reforçam a conclusão da companhia de que os medicamentos são "seguros e eficazes quando utilizados conforme orientação médica". A Bayer também atualizou as bulas no Canadá, na Austrália e em países da Europa, a pedido de órgãos reguladores locais. Mas isso não deverá ocorrer no Brasil, informa a assessoria de imprensa da empresa, sem que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determine a mudança.

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A agência brasileira informou que, quando os estudos foram publicados, no ano passado, os médicos foram convocados a denunciarem a formação de coágulos sanguíneos relacionados ao uso de drospirenona. Em seis meses, nenhum episódio foi relatado.

A agência informa ainda que tem acompanhado o caso e solicitou os estudos à FDA. "Até o presente momento, não houve sinal de risco sanitário identificado no âmbito do Sistema de Notificações em Vigilância Sanitária - Notivisa".

O vice-presidente do departamento de Doenças Cerebrovasculares da Associação Brasileira de Neurologia (Abneuro), Rubens Gagliardi, lembra que todo anticoncepcional tem risco de facilitar a trombose, que pode levar ao Acidente Vascular Cerebral (derrame). "Esse tipo de suspeita (risco maior de provocar o coágulo sanguíneo) merece um estudo aprofundado, com segmento populacional grande, por três ou quatro anos. O risco de AVC é muito sério. Se for comprovado, deve ser divulgado na bula, sim".

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai monitorar os casos de reações adversas graves em mulheres que tomam anticoncepcional com o hormônio drospirenona. A Anvisa baixou um informe pedindo que os médicos notifiquem à agência reguladora casos desse tipo, mesmo que as reações estejam previstas na bula do medicamento.

A Anvisa decidiu fazer o alerta depois que dois estudos internacionais indicaram que o uso do hormônio aumenta o risco de trombose venosa, tromboembolia pulmonar e formação de coágulos sanguíneos. As pesquisas foram divulgadas na semana passada pela publicação médica britânica British Medical Journal e a agência reguladora de medicamentos e alimentos dos Estados Unidos, Food and Drugs Administration (FDA).

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Dois artigos publicados no British Medical Journal, por exemplo, relataram que mulheres que usam contraceptivo oral com drospirenona têm duas a três vezes mais chances de ter trombose venosa em comparação a mulheres que usam anticoncepcionais com outro hormônio, levonorgestrel.

Os médicos devem registrar as reações adversas no sistema Notivisa, disponível no site da Anvisa. A agência reguladora diz, no momento, ser favorável ao uso de anticoncepcional com o hormônio, desde que com orientação médica e seguindo as recomendações contidas na bula. A Anvisa ainda não conclui parecer definitivo sobre os medicamentos e vai continuar monitorando.

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