Em um bate papo entre amigos, num programa de televisão ou no ambiente de trabalho. Se o assunto é a TelexFree ou qualquer outra empresa do segmento, sempre há polêmica e opiniões distintas sobre se a companhia é ou não uma pirâmide financeira. Mesmo diante de pontos de vistas diferentes, judicialmente, a empresa que vendia anúncios próprios, está proibida de atuar. A proibição “esquentou” mais a discussão entre quem acredita que a trata-se de um meio de ganhar dinheiro fácil e aqueles que acham que é um trabalho como outro qualquer.
Sem se ater a um pré-julgamento, outro debate sobre a atuação da empresa diz respeito à aplicação dos ganhos financeiros de quem entrou na rede financeira. Alguns apenas usaram dinheiro para adquirir bens, como carros, motos ou lanchas. Outros, vislumbrando negócios empreendedores e atentos à possibilidade de a TelexFree parar de atuar, resolveram investir o dinheiro de outra forma.
##RECOMENDA##
Heitor Cavalcanti, de 25 anos, em 2008 “ganhava a vida” como motoboy e realizava serviços técnicos em hospitais. Na época, juntando as duas funções, sua renda girava em torno de R$ 1.800 mensais. Em outubro do ano passado, por meio de um amigo, o rapaz conheceu a TelexFree e resolveu investir. Seja instituição de marketing multinível ou pirâmide financeira, o certo é que a empresa mudou a vida de Heitor.
“Na melhor época da minha rede, cheguei a tirar por mês cerca de R$ 22 mil. Eu não vejo a TelexFree como uma pirâmide financeira, pelo fato de que os usuários têm que vender voips. O problema é que os próprios divulgadores começaram a divulgar errado, o que prejudicou o trabalho de quem vendia os produtos corretamente”, comenta Heitor.
Exceção empreendedora
O jovem rapaz pensou e resolveu aplicar bem o que ganhou com a TelexFree. Antes mesmo da empresa parar de funcionar, Heitor investiu dinheiro em três empreendimentos. “A gente tem que ter várias torneiras, porque, quando algumas pararem de pingar, haverá outras pingando”, brinca.
Na cidade de São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife, o agora empresário, juntamente com seu pai, Manassés Gonçalves, 48, Heitor instalou três empresas próprias. Há uma metalúrgica, que entrará em funcionamento nos próximos dois meses. Com a ajuda de um amigo, a outra empresa é uma fábrica de bolachas, que distribuirá os produtos para os comerciantes da região. O terceiro empreendimento é o mais curioso, não pelo fato de ser uma lanchonete de sanduíches, mas sim, pelo nome do estabelecimento.
“Criei também a TelexBurguer. Abrimos de domingo a domingo, das 18h às 6h, e o nosso foco em fazer entregas. Aqui, nenhuma lanchonete que vende hambúrgueres faz entre em domicílio”, explica Heitor. Para dar gosto e qualidade aos sanduíches, o empresário contratou os serviços do estudante de gastronomia Anderson Roberto dos Santos, 24. Ele é responsável por criar os molhos e temperar as carnes dos sanduíches. O estabelecimento fica na Rua Coronel José Duarte, sem número, no centro da cidade.
Para o pai de Heitor, que também foi investidor da TelexFree, é importante que usuários desse tipo de empresa resolvam investir o que ganham. “Nós não podemos nos acomodar. É muito importante sempre trabalhar e buscar gerar mais dinheiro”, opina.
De acordo com o economista Djalma Silva Guimarães, o caso de Heitor é uma exceção. “É um sistema de ganhar dinheiro fácil. O usuário vai vendo o dinheiro crescendo e investe cada vez mais. O rapaz utilizou o que ganhou de maneira correta. É importante também ter um plano de negócio para o empreendimento dar certo. É preciso ter vocação para ser empreendedor”, complementa.
Segundo Guimarães, além do empreendedorismo, existem outros meios para aplicar o que se ganhar nessas possíveis pirâmides financeiras. “Quem não quer empreender pode, por exemplo, aplicar o dinheiro em um título de previdência privada”, indica o economista.