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Seis foguetes foram disparados na madrugada desta sexta-feira (28) contra o aeroporto de Bagdá, sem causar vítimas, mas sim danos a um avião civil, no mais recente de uma série de ataques que os Estados Unidos costumam atribuir a facções pró-iranianas.

Esses atos, que nunca são reivindicados, são geralmente direcionados aos interesses dos Estados Unidos e das tropas da coalizão internacional antijihadista no Iraque, cuja saída é exigida por grupos armados favoráveis ao Irã.

Os seis foguetes caíram no estacionamento e nas pistas. Um avião civil, que estava vazio, foi atingido e danificado.

Uma fonte confirmou que o ataque foi executado com seis drones contra as instalações civis do aeroporto.

A aeronave atingida é um Boeing 767 da companhia aérea iraquiana Iraqi Airways que passava por reparos, segundo outra fonte do aeroporto.

A companhia aérea postou nas redes sociais fotos do avião danificado, que apresentava um enorme buraco perto da cabine. Segundo a empresa, o avião já estava "fora de serviço" e imobilizado em terra. A empresa informou ainda que os voos não serão afetados.

Nenhum grupo assumiu a autoria do ataque até o momento.

Nas últimas semanas, os lançamentos de foguetes, ou ataques com drones, atingiram a denominada e superprotegida "Zona Verde", onde fica a embaixada dos Estados Unidos.

De acordo com uma fonte da coalizão, em 3 de janeiro, os militares dos EUA derrubaram dois drones armados. Estes artefatos teriam como alvo uma zona diplomática americana instalada no aeroporto de Bagdá e bases onde as tropas da coalizão estão estacionadas.

Em 13 de janeiro, três pessoas - incluindo duas crianças - ficaram feridas por um foguete que atingiu uma escola na "Zona Verde".

Ao mesmo tempo, outros dois foguetes caíram no complexo da embaixada dos Estados Unidos, sem deixar feridos.

Em 9 de dezembro, o Iraque anunciou o "fim da missão de combate" da coalizão, que, no entanto, mantém tropas em território iraquiano para tarefas de treinamento e assessoria.

Na prática, cerca de 2.500 soldados americanos e outros mil soldados dos países-membros da coalizão estão mobilizados no Iraque, distribuídos em três bases administradas pelas Forças Armadas iraquianas.

A onda de ataques se intensificou desde o início do ano, com o Irã e vários grupos aliados marcando o segundo aniversário do assassinato do general iraniano Qassem Soleimani e de seu braço direito iraquiano Abu Mehdi al-Muhandis. Ambos foram abatidos por um drone dos EUA no Iraque, em 3 de janeiro de 2020.

Esta sequência de ofensivas também se dá em um tenso contexto pós-eleitoral, caracterizado por negociações intermináveis para formar uma coalizão parlamentar, nomear um primeiro-ministro e compor um novo governo.

Na última terça-feira (25), três foguetes caíram perto da casa do presidente do Parlamento iraquiano, Mohamed al-Halbusi, que renovou seu cargo para um segundo mandato.

Dois homens-bomba se explodiram nesta quinta-feira (21) em um mercado no centro de Bagdá, matando 32 pessoas e deixando mais de 100 feridos, no ataque mais mortal em três anos na capital iraquiana.

Um primeiro homem acionou seu cinto de explosivos no meio de vendedores e compradores num mercado de roupas de segunda mão na Praça Tayaran, informou o Ministério do Interior.

Enquanto uma multidão se formava para tentar ajudar as vítimas, um segundo homem-bomba detonou seus explosivos, acrescentou o Ministério.

Segundo o último balanço comunicado à AFP por uma agência oficial iraquiana, 32 pessoas morreram e 110 ficaram feridas. De acordo com o ministro, todos os mortos registrados até agora morreram no local.

Os médicos dizem que estão sobrecarregados na metrópole de dez milhões de habitantes, onde o Ministério da Saúde anunciou que colocou todo o pessoal médico em alerta máximo.

Na praça, um cruzamento movimentado de Bagdá, poças de sangue eram visíveis, assim como pedaços de roupas rasgadas pelas explosões, observou um fotógrafo da AFP.

Soldados e paramédicos foram enviados à praça, com os primeiros bloqueando o acesso e os segundos ocupando-se em mover corpos ou ajudar feridos, em um balé de ambulâncias com sirenes inebriantes.

Três anos atrás, no mesmo lugar, um ataque semelhante matou 31 pessoas.

- Reunião eleitoral -

O ataque foi parecido com outro realizado na mesma praça em 2018, que deixou 31 mortos há três anos.

Como em 2018, o ataque desta quinta-feira coincidiu com os preparativos das autoridades para a organização das eleições legislativas que no Iraque são geralmente repletas de violência.

As autoridades propuseram adiar as legislativas antecipadas, previstas pra junho, até outubro e, com isso, dar mais tempo à Comissão Eleitoral para que organize as eleições. O adiamento depende do voto do Parlamento.

O presidente iraquiano, Salam Saleh, denunciou no Twitter "tentativas malignas de abalar a estabilidade do país".

"Um ato tão deplorável não vai prejudicar a marcha do Iraque para a estabilidade e prosperidade", disse por sua vez a mssão da ONU no Iraque que, assim como a embaixada dos Estados Unidos, condenou o ataque.

O papa Francisco lamentou "este ato de brutalidade sem sentido". O pontífice pretende visitar o Iraque no início de março.

O Irã também denunciou o ataque, que tem como objetivo “perturbar a paz e a estabilidade do Iraque e servir de pretexto para que estrangeiros permaneçam ali”, disse o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Saeed Khatibzadeh.

- Retirada americana -

O duplo atentado suicida desta quinta ainda não foi reivindicado, mas esse modus operandi é o mesmo utilizado pelo grupo Estado Islâmico (EI), que chegou a ocupar quase um terço do Iraque a partir de 2014 antes de Bagdá declarar vitória sobre os jihadistas no final de 2017.

Desde então, as células jihadistas se refugiaram nas muitas áreas montanhosas e desérticas do país. Até agora, porém, o EI assumiu a responsabilidade apenas por ataques em pequena escala, geralmente realizados à noite contra posições militares em zonas isoladas longe das cidades.

Os últimos ataques com muitas vítimas fatais em Bagdá datam de junho de 2019.

O atentado de hoje ocorre no momento em que os Estados Unidos reduzem o número de suas tropas no Iraque para 2.500, uma queda que "reflete o aumento da capacidade do Exército iraquiano", nas palavras do chefe do Pentágono, Christopher Miller.

Essa redução "não significa uma mudança na política dos Estados Unidos", frisou.

"Os Estados Unidos e as forças da coalizão permanecem no Iraque para garantir uma derrota duradoura" do EI.

Os Estados Unidos estão à frente de uma coalizão internacional implantada no Iraque desde 2014 para combater o EI.

Quase todas as tropas dos outros estados membros da coalizão deixaram o país em 2020, no início da nova pandemia de coronavírus.

Quase 30 pessoas foram mortas nesta quinta-feira (21) por dois homens-bomba que se explodiram em um mercado no centro de Bagdá, o ataque mais mortal em três anos na capital iraquiana.

Um primeiro homem acionou seu cinto de explosivos no meio de vendedores e compradores num mercado de roupas de segunda mão na Praça Tayaran, informou o Ministério do Interior.

Enquanto uma multidão se formava para tentar ajudar as vítimas, um segundo homem-bomba detonou seus explosivos, acrescentou o Ministério.

Segundo o último balanço comunicado à AFP por uma agência oficial iraquiana, 28 pessoas morreram e 73 ficaram feridas.

Os médicos dizem que estão sobrecarregados na metrópole de dez milhões de habitantes, onde o Ministério da Saúde anunciou que colocou todo o pessoal médico em alerta máximo.

Na praça, um cruzamento movimentado de Bagdá, poças de sangue eram visíveis, assim como pedaços de roupas rasgadas pelas explosões, observou um fotógrafo da AFP.

Soldados e paramédicos foram enviados à praça, com os primeiros bloqueando o acesso e os segundos ocupando-se em mover corpos ou ajudar feridos, em um balé de ambulâncias com sirenes inebriantes.

Três anos atrás, no mesmo lugar, um ataque semelhante matou 31 pessoas.

- Retirada americana -

Como em 2018, este ataque ocorre enquanto as autoridades iraquianas discutem a organização de eleições legislativas, um evento regularmente acompanhado de violência no Iraque.

Eleições antecipadas para a formação de um novo Parlamento foram prometidas pelo governo para junho.

Mas as autoridades estão atualmente propondo um adiamento até outubro, a fim de dar mais tempo à Comissão Eleitoral para organizar a votação.

No entanto, muitos políticos dizem duvidar da realização de eleições antecipadas - em junho como em outubro - porque a condição sine qua non é a dissolução do Parlamento.

No entanto, apenas os deputados podem votar a sua própria dissolução e nenhum deu qualquer garantia a este respeito.

O duplo atentado suicida desta quinta ainda não foi reivindicado, mas esse modus operandi é o mesmo utilizado pelo grupo Estado Islâmico (EI), que chegou a ocupar quase um terço do Iraque a partir de 2014 antes de Bagdá declarar vitória sobre os jihadistas no final de 2017.

Desde então, as células jihadistas se refugiaram nas muitas áreas montanhosas e desérticas do país. Até agora, porém, o EI assumiu a responsabilidade apenas por ataques em pequena escala, geralmente realizados à noite contra posições militares em zonas isoladas longe das cidades.

Os últimos ataques com muitas vítimas fatais em Bagdá datam de junho de 2019.

O atentado de hoje ocorre no momento em que os Estados Unidos reduzem o número de suas tropas no Iraque para 2.500, uma queda que "reflete o aumento da capacidade do Exército iraquiano", nas palavras do chefe do Pentágono, Christopher Miller.

Essa redução "não significa uma mudança na política dos Estados Unidos", frisou.

"Os Estados Unidos e as forças da coalizão permanecem no Iraque para garantir uma derrota duradoura" do EI.

Os Estados Unidos estão à frente de uma coalizão internacional implantada no Iraque desde 2014 para combater o EI.

Quase todas as tropas dos outros estados membros da coalizão deixaram o país em 2020, no início da nova pandemia de coronavírus.

Em 1º de janeiro, quando o mundo deu boas-vindas a 2020, ninguém imaginava que uma doença nova e altamente contagiosa mudaria os hábitos da sociedade e tiraria milhões de vidas. A partir de março, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a pandemia do coronavírus Sars-CoV-2, o tema tomou conta do noticiário e do dia a dia das pessoas, jogando uma sombra sobre os fatos ocorridos antes da crise sanitária. Relembre abaixo alguns episódios da curta era pré-Covid em 2020:

Janeiro

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O ano começou com ventos de guerra após um ataque aéreo ordenado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, matar o poderoso comandante da Força Quds, unidade especial do Exército dos Guardiães da Revolução Islâmica, general Qassem Soleimani, em 3 de janeiro.

O bombardeio ocorreu em Bagdá, no Iraque, onde o militar iraniano participava de reuniões com milícias locais. Quatro dias depois, uma multidão tomou as ruas de Teerã para acompanhar o funeral de Soleimani e pedir vingança, que chegaria por meio de um ataque de mísseis contra bases americanas no Iraque.

Em 8 de janeiro, enquanto o Irã disparava foguetes para retaliar os EUA, um sistema de defesa antiaérea do país derrubou um Boeing 737 da companhia aérea Ukraine Airlines (UIA), matando as 176 pessoas a bordo.

O Irã atribuiu o abate da aeronave a uma série de erros humanos, cujo "elemento-chave" teria sido o ajuste incorreto de um radar militar em alerta contra possíveis mísseis americanos.

Em 11 de janeiro, a China anunciou a primeira morte causada pelo Sars-CoV-2 em Wuhan (ocorrida alguns dias antes), marco zero da pandemia, mas, embora despertasse preocupação, o vírus ainda era visto como um problema restrito ao gigante asiático.

Aquele mês ainda reservaria uma das maiores perdas do ano no esporte: o ex-jogador de basquete Kobe Bryant, morto em um acidente de helicóptero com sua filha, Gianna, na Califórnia, em 26 de janeiro. Outras sete pessoas estavam na aeronave e também faleceram.

No campo político, houve tempo antes da Covid se alastrar para o Reino Unido sacramentar sua saída da União Europeia, em 31 de janeiro, quando teve início o período de transição marcado para acabar no último dia de 2020.

Fevereiro

Em 9 de fevereiro, o filme sul-coreano "Parasita" conquistou quatro estatuetas e foi o grande vencedor da edição de 2020 do Oscar. O longa se tornou o primeiro não falado em língua inglesa a vencer na categoria de melhor filme.

No dia 19 do mesmo mês, nove pessoas morreram em um atentado motivado por xenofobia contra dois bares de narguilé na cidade alemã de Hanau, perto de Frankfurt. O terrorista Tobias Rathjen ainda assassinou sua própria mãe - a 10ª vítima - e se suicidou. Em 29 de fevereiro, quando o coronavírus já se alastrava pela Europa, os Estados Unidos e o grupo terrorista Talibã assinaram um histórico acordo de paz que prevê a retirada das tropas americanas no Afeganistão até a primeira metade de 2021. 

Foto: Pr Ir (via Fotos Publicas)

Da Ansa

Centenas de iraquianos expressaram sua revolta, nesta terça-feira (29), durante o funeral de cinco crianças e duas mulheres de uma mesma família, mortas no dia anterior por um foguete disparado contra o aeroporto de Bagdá, onde soldados americanos estão estacionados.

"Este vilarejo é como um pequeno Iraque. Se o governo não é capaz de protegê-lo, como pode garantir a segurança de todo Iraque?", declarou um dos integrantes do cortejo fúnebre no vilarejo de Al-Bushaaban, a poucos quilômetros do aeroporto de Bagdá.

Esta tragédia representa um novo desafio para o governo de Mustafa al-Kazimi, preso entre seus aliados americano e iraniano, e grupos armados pró-Irã que dizem querer expulsar o "ocupante americano" do Iraque.

Se os ataques com foguetes contra a embaixada americana, comboios de logística iraquianos, ou bases que abrigam soldados americanos são agora quase diários, eles não costumam causar baixas.

Mas o número de vítimas do ataque de segunda-feira à noite é sem precedentes e coloca os grupos armados pró-Irã em uma posição delicada em relação à opinião pública, farta de anos de violência de várias facções armadas no país.

Em um comunicado divulgado na segunda-feira (28), o Exército iraquiano culpou "bandos criminosos e bandos ilegais" que buscam "criar o caos e aterrorizar o povo".

Sinal de que as consequências podem ser pesadas para esses grupos, as contas pró-Irã, que costumam elogiar rapidamente esse tipo de ataque nas redes sociais, permaneceram caladas.

Esse novo ataque aos interesses americanos, o mais recente de uma série desde o início de agosto, ocorre no momento em que Washington ameaça fechar sua embaixada e retirar 3.000 soldados do Iraque, se os foguetes não pararem.

Washington insiste em que Bagdá deve agir contra esses grupos. O Iraque também deve lidar, porém, com seu grande vizinho iraniano, um ferrenho inimigo dos Estados Unidos que arma, financia e apoia várias facções xiitas armadas.

Acompanhado da ameaça de sanções contra personalidades políticas e militares iraquianas, o ultimato dos EUA gerou, esta semana, uma série de comunicados com o objetivo de acalmar a situação.

Em frente à pequena casa de Al-Bushaaban, não muito longe da cratera feita pelo foguete, dos buracos nas paredes deixados por estilhaços e de poças de sangue, dezenas de dignitários tribais recebiam condolências nesta terça.

Vários autoridades e oficiais militares foram ao local para tranquilizar a população. Para as centenas de iraquianos que cercam os caixões, porém, a sensação é que "não estamos em segurança em lugar nenhum" - como afirmaram vários deles em seus relatos à AFP sobre como as crianças morreram, enquanto brincavam na frente de casa.

Dois manifestantes morreram, nesta segunda-feira (27), devido a ferimentos sofridos após serem atingidos por bombas de gás lacrimogêneo em confrontos noturnos com as forças de ordem na Praça Tahrir, em Bagdá, informaram médicos à AFP.

Estes são os primeiros confrontos na praça emblemática da capital iraquiana, epicentro de uma revolta sem precedentes lançada em outubro, desde que o governo de Mustafa Al-Kazimi chegou ao poder no início de maio.

No domingo (, protestos foram registrados em Bagdá e em várias cidades do sul do país para den)unciar a falta de eletricidade, um serviço público que atualmente é oferecido apenas algumas horas por dia, quando as temperaturas ultrapassaram os 50°C no Iraque na semana passada.

Ano após ano, o verão é o momento tradicional de protestos, nascidos, por exemplo, de cortes de energia. Vários ministros perderam seus cargos no passado para satisfazer a pressão popular.

Foi na Praça Tahrir que uma revolta popular sem precedentes começou em outubro, que durou vários meses e deixou mais de 550 mortos, 30.000 feridos e várias dezenas de militantes mortos ou sequestrados.

Kazimi e seu governo assumiram o poder com o compromisso de esclarecer essas mortes e atos de violência.

A alemã Hella Mewis, que trabalha com temas culturais em Bagdá, sequestrada no início desta semana, foi libertada durante a noite - informou o Exército iraquiano nesta sexta-feira (24).

"As forças de segurança conseguiram libertar a ativista Hella Mewis", disse o porta-voz militar iraquiano, Yahya Rasool, em um comunicado.

Ele não deu detalhes sobre as circunstâncias exatas da operação, a força que a executou, ou sobre os autores do sequestro.

De acordo com o porta-voz do Conselho Judicial Supremo do Iraque, o juiz Abdelsattar Bayraqdar, a operação teve o apoio de um tribunal de investigação em Bagdá. "Continuamos a investigar esse crime", acrescentou.

Mewis, que dirigia programas de arte no coletivo iraquiano Tarkib, foi sequestrada na tarde de segunda-feira (20) quando saiu do trabalho.

"Ela ia de bicicleta, quando dois carros, um deles uma van branca (...) usada por algumas forças de segurança, foram vistos sequestrando-a", disse uma fonte de segurança à AFP.

Policiais de uma delegacia próxima presenciaram o sequestro, mas não intervieram, acrescentou a mesma fonte.

A embaixada alemã em Bagdá ainda não se manifestou sobre o caso.

Uma amiga de Mewis disse à AFP que a artista havia manifestado sua preocupação. após o assassinato de Hisham al-Hashemi, um renomado intelectual iraquiano que havia apoiado os protestos contra o governo, no ano passado.

"Ela também estava muito envolvida nos protestos, por isso ficou nervosa após o assassinato" de Hashemi, afirmou a amiga Dhikra Sarsam.

Protestos contra o governo, considerado corrupto, inepto e comprometido com o Irã, invadiram as ruas de Bagdá e de todo país desde 2019.

Pelo menos 550 pessoas morreram nessas manifestações, em muitos casos baleadas por indivíduos até hoje não identificados. Dezenas de pessoas também foram sequestradas.

A Anistia Internacional classificou esses eventos como "uma crescente campanha letal de assédio, intimidação, sequestro e assassinatos deliberados de ativistas e manifestantes".

Uma facção xiita armada do Iraque enforcou bonecos de papelão do presidente dos Estados Unidos Donald Trump em Bagdá, na véspera do 40º dia de luto pela morte de Abu Mehdi al-Muhandis, chefe dos paramilitares pró-iranianos que morreu em um ataque americano junto com o general iraniano Qassem Soleimani.

No reduto xiita de Sadr City ou na rua Palestina, uma das principais artérias da capital, essas figuras de papelão de Trump ou de soldados americanos são vistas penduradas.

Na praça Al Uathba (centro) foram colocados enormes retratos de Al Muhandis e de Soleimani, que morreram em 3 de janeiro em Bagdá.

"Penduramos essas imagens para marcar o fim do luto", disse à AFP um líder das Brigadas do Hezbollah, a facção mais radical da Hashd al Shaabi.

Essa poderosa coalizão de paramilitares pró-iraniana, da qual Al Muhandis era oficialmente o número dois, mas o líder de fato, anunciou eventos oficiais e populares para terça-feira em Bagdá, especialmente na Zona Verde de Bagdá, onde está a embaixada dos Estados Unidos.

No final de dezembro, milhares de pró-iranianos invadiram a representação diplomática e a sitiaram por mais de 24 horas.

A embaixada emitiu um aviso aos cidadãos por ocasião das comemorações.

Um dos líderes da Hashd, Qais al Jazali, disse no domingo que o grupo decidiu "adiar a resposta militar para dar uma chance ao trabalho político", no que pareceu um sinal de apaziguamento.

O bloco parlamentar da Hashd, o segundo da Assembleia, continua pedindo a expulsão de tropas estrangeiras estacionadas no Iraque no âmbito da coalizão internacional antijihadista.

A morte de Soleimani e de Muhandis no ataque dos Estados Unidos - que segundo fontes norte-americanas visava apenas Soleimani, sem saber que Muhandis também estava no comboio - causou um aumento nas tensões entre os dois grandes aliados de Bagdá.

Também reviveu o sentimento anti-americano no país, e o Parlamento votou pela expulsão dos 5.200 miliatres dos EUA no Iraque.

Os manifestantes tomaram as ruas de Bagdá e de várias cidades do sul do Iraque neste domingo (2) para protestar contra o novo primeiro-ministro, nomeado na véspera, apesar das promessas do chefe de Governo de atender as demandas do movimento que agita o país há quatro meses.

Mohamed Alawi foi designado no sábado (1º) pelo presidente Barham Saleh para formar o governo, uma escolha de consenso após semanas de crise política e duas semanas depois da renúncia de seu antecessor, Adel Abdel Mahdi, em consequência da pressão das ruas.

Desde dezembro, Abdel Mahdi administrava o dia a dia do país em meio às exigências dos manifestantes para que o seu sucessor fosse um nome independente da classe política, que a população considera corrupta e incompetente.

Neste domingo, os iraquianos expressaram sua rejeição ao novo chefe de Governo, um ex-ministro que eles consideram parte do sistema que desejam ver abolido. "Mohamed Alawi rejeitado por ordem do povo", afirmava uma faixa na cidade sagrada de Naja, 180 km ao sul de Bagdá.

A partir de sábado à noite várias avenidas da idade foram bloqueadas pelos manifestantes, que queimaram pneus. Em Diwaniya, os manifestantes invadiram prédios do governo e os os estudantes organizaram protestos.

Na cidade de Al Hilla, os moradores bloquearam as estradas aos gritos de "Alawi não é a escolha do povo".

Alawi, 65 anos, começou a carreira política como deputado após a invasão americana do Iraque em 2003 que levou à derrubada do ditador Saddam Hussein. Foi ministro das Comunicações duas vezes, entre 2006 e 2007 e entre 2010 e 2012, no governo de Nuri al Maliki.

Ele tentou adotar medidas de combate à corrupção, mas nas duas oportunidades terminou pedindo demissão e acusando Maliki de ignorar o problema.

No sábado, durante seu primeiro discurso na televisão pública, prometeu formar um governo representativo e convocar eleições antecipadas. Também disse que justiça será feita para os manifestantes mortos durante os protestos - 480 pessoas morreram, de acordo com um balanço da AFP.

A partir de agora, Alawi terá um mês para formar o governo, que precisa ser aprovado em uma moção de confiança do Parlamento.

No sábado, Moqtada Sadr, um dos políticos mais influentes do país, líder da maior bancada do Parlamento, expressou apoio a Alawi no Twitter e afirmou que sua nomeação era um "passo positivo".

Além disso, o líder xiita, que apoiou os manifestantes desde o início do movimento, pediu a seus simpatizantes neste domingo que estabeleçam uma coordenação com as forças de segurança para a liberação das estradas e a reabertura das escolas.

"A revolução deve se tornar mais prudente e pacífica", escreveu Sadr no Twitter.

Dezenas de pessoas ficaram feridas neste domingo (26) em confrontos no Iraque entre manifestantes e forças de segurança, que dispararam munição letal em locais centrais da contestação em Bagdá e no sul.

Temendo que o movimento iniciado em outubro perdesse força após uma intervenção violenta das forças de segurança no sábado, os manifestantes voltaram às ruas esta manhã nos principais locais de protesto.

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Quatro manifestantes hostis ao poder foram mortos em Bagdá e no sul, segundo um balanço atualizado, durante os confrontos no sábado com as forças de segurança.

Neste domingo, em Bagdá, as forças de segurança dispararam munição letal para dispersar pequenos protestos nas praças Khallani e Wathba, perto da praça Tahrir, o epicentro da contestação, segundo uma fonte da polícia.

Pelo menos 17 manifestantes ficaram feridos, incluindo seis por balas, de acordo com esta fonte.

Os manifestantes lançaram pedras na polícia de choque e alguns jogaram coquetéis molotov.

Uma marcha estudantil planeja chegar à praça Tahrir à tarde a partir do campus da universidade de Bagdá.

No sul, em Nassiriya, as forças de segurança também dispararam contra os manifestantes, reunidos em grande número depois que a polícia os expulsou das principais artérias que levam ao local principal de protesto, a praça Habbubi.

Pelo menos 50 manifestantes foram feridos por balas e cem receberam atendimento após inalação de gás lacrimogêneo lançado pela polícia, segundo uma fonte médica.

Em Basra, no extremo sul do país, centenas de estudantes protestaram contra o desmantelamento de seu acampamento pela polícia de choque no dia anterior, segundo um correspondente da AFP.

Em Kut, os estudantes montaram novas tendas para substituir as desmontadas no dia anterior.

Na cidade sagrada de Najaf, os estudantes bloquearam a estrada para o aeroporto.

Desde 1º de outubro, o movimento inédito por ser espontâneo, dominado pelos jovens, tem sido marcado pela violência, que deixou pelo menos 470 mortos, a grande maioria deles manifestantes, segundo fontes médicas e policiais.

Depois de denunciar inicialmente a falta de empregos e serviços e a corrupção endêmica, a contestação agora exige eleições antecipadas e um primeiro-ministro independente.

Sob pressão das ruas, o primeiro-ministro Adel Abdel Mahdi renunciou em dezembro, mas continua administrando os assuntos correntes, uma vez que os partidos políticos não chegaram a um acordo sobre um sucessor.

O impasse político foi denunciado no sábado pela representante da ONU no Iraque, Jeanine Hennis-Plasschaert, que declarou que a atual "indecisão era indigna das esperanças dos iraquianos expressadas corajosamente há quatro meses".

Desde sexta-feira, a contestação teme que a retirada do apoio de Moqtada Sadr deixe o campo livre para o poder reprimir o movimento.

Na sexta à noite, o influente líder xiita disse no Twitter que não se envolveria mais no movimento, depois de uma manifestação em Bagdá de milhares de seus apoiadores exigindo a saída dos 5.200 soldados americanos no Iraque.

Seus partidários, que vinham apoiando os protestos até então e eram considerados os mais bem organizados, desmontaram suas tendas instaladas desde outubro em Bagdá e no sul.

Ao menos 27 pessoas ficaram feridas neste domingo (19) em novos protestos contra o governo em Bagdá, capital do Iraque, e também no Sul do país. As manifestações haviam perdido força em meio à escalada de tensões entre Irã e Estados Unidos nas últimas semanas, mas os manifestantes tentam trazer a atenção da opinião pública de volta ao movimento.

Com o recuo na crise regional, ativistas iraquianos deram ao governo um prazo de uma semana para agir em relação às demandas de reforma política. Se o prazo não for cumprido, os manifestantes afirmam que irão aumentar a pressão em novas demonstrações públicas.

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Conflitos entre manifestantes e forças de segurança deixaram ao menos 27 pessoas feridas no centro de Bagdá neste domingo. As forças dispararam bombas de gás lacrimogêneo para dispersar grupos na praça Tayaran e perto da ponte Sinak, ferindo 23 pessoas, de acordo com um ativista e dois médicos. Quatro policiais ficaram feridos após alguns manifestantes jogarem pedras nas forças de segurança.

Três ativistas iraquianos afirmaram que novas manifestações estão planejadas para os próximos dias, uma vez que os manifestantes tentam trazer o foco da atenção pública de volta ao seu movimento de massas.

A onda de manifestações começou em 1º de outubro do ano passado, quando milhares de iraquianos foram às ruas para reclamar da corrupção do governo, de serviços públicos precários e da falta de empregos. Eles demandam ainda o fim do sistema político sectário do país, além de eleições antecipadas e da renúncia da elite no comando do Iraque.

Os protestos se intensificaram no sul do Iraque e na capital do país, Bagdá, neste domingo (19), com manifestantes indignados pela lentidão das reformas bloqueando as ruas com pneus em chamas.

As manifestações para pedir a reforma do sistema no poder sacodem o Iraque desde o começo de outubro, mas, nas últimas semanas, tiveram menos destaque, devido ao recrudecimento da tensão entre os inimigos Irã e Estados Unidos, ambos padrinhos de Bagdá.

Centenas de jovens retomaram hoje o movimento com manifestações na Praça Tahrir de Bagdá e na vizinha Praça Tayaran. Outros queimaram pneus para bloquear estradas e pontes, o que provocou congestionametos em toda a cidade. "Esta é a primeira escalada", declarou um manifestante. "Queremos enviar uma mensagem ao governo: 'Deixem de vacilar'."

As forças de segurança usaram gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes, que responderam lançando pedras. Dez pessoas, entre elas policiais, ficaram feridas em confrontos, informou uma fonte médica.

Na cidade sagrada de Najaf, jovens agitando bandeiras iraquianas também queimaram pneus e iniciaram um protesto sentados na estrada principal que leva a Bagdá.

- Eleições antecipadas e reformas -

Muitos manifestantes também se concentraram hoje nas cidades de Diwaniya, Kut, Amara e Nasiriya, no sul do país, onde a maioria das repartições públicas, escolas e universidades estão fechadas há meses.

Os manifestantes pedem eleições antecipadas, conforme a reforma na lei eleitoral, um novo premier, que substitua o chefe de governo demissionário Adel Abdel Mahdi, e a prestação de contas de todos os funcionários considerados corruptos.

Mahdi renunciou há quase dois meses, mas os partidos ainda não conseguiram chegar a um acordo sobre seu sucessor. Os manifestantes rechaçam publicamente os nomes que circulam como possíveis substitutos e estão furiosos por não terem sido aplicadas outras medidas de reforma de grande envergadura.

"Começamos hoje a intensificar nosso movimento, porque o governo não atendeu às nossas demandas, em particular formando um gabinete independente, que poderia salvar o Iraque", declarou o manifestante Haydar Kadhim em Nassiriya. "Na última segunda-feira, demos a eles um prazo de sete dias."

Com quase 460 mortos e mais de 25 mil feridos desde 1º de outubro, o movimento de protesto popular, inédito por seu caráter espontâneo, é o maior e mais sangrento no Iraque em décadas.

Duas bombas de morteiro caíram hoje (4) na zona verde de Bagdad, onde está localizada a embaixada dos Estados Unidos,  que foi cercada e atacada na terça-feira (31) por milhares de simpatizantes do regime do Irã, disseram as autoridades iraquianas.

Até agora, não foi identificada a origem do ataque e não há indicações dos danos provocados pelas explosões, que teriam ocorrido numa área onde estão estacionadas as forças militares norte-americanas.

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A embaixada norte-americana em Bagdad aguarda a chegada de centenas de soldados que foram destacados para proteger a sua chancelaria no Iraque, no momento em que cresce o sentimento antiamericano após o ataque aéreo dos Estados Unidos da América (EUA) que vitimou o comandante da força de elite iraniana Al-Quds, Qassem Soleimani.

O general Qassem Soleimani morreu na sexta-feira (3) num ataque aéreo contra o aeroporto internacional de Bagdad, que o Pentágono declarou ter sido ordenado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

No mesmo ataque morreu também Abu Mehdi, número dois da coligação de grupos paramilitares pró-iranianos no Iraque, conhecida como Mobilização Popular (Hachd al-Chaabi), além de mais seis pessoas.

O ataque ocorreu três dias depois de um assalto inédito à embaixada norte-americana que durou dois dias e apenas terminou quando Trump anunciou o envio de mais 750 soldados para o Oriente Médio .

A morte de Soleimani já suscitou várias reações, tendo quatro dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) -- Rússia, França, Reino Unido e China - alertado para o inevitável aumento das tensões na região, pedindo às partes envolvidas que reduzam a tensão. O quinto membro permanente do Conselho de Segurança da ONU são os Estados Unidos.

No Irã, o sentimento é de vingança, com o presidente e os Guardas da Revolução garantirem que o país e "outras nações livres da região" vão vingar-se dos Estados Unidos.

O líder supremo do Irã, o aiatollá Ali Khamenei, prometeu vingar a morte do general e declarou três dias de luto nacional, enquanto o chefe da diplomacia considerou estar em causa "um ato de terrorismo internacional".

Do lado iraquiano, o primeiro-ministro demissionário, Adel Abdel Mahdi, advertiu que este assassinato vai "desencadear uma guerra devastadora no Iraque" e o grande aiatolá Ali al-Sistani, figura principal da política iraquiana, considerou o assassinato do general iraniano Qassem Soleimani "um ataque injustificado" e "uma violação flagrante da soberania iraquiana".

General Sérgio Etchegoyen, que foi ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no governo de Michel Temer e ex-chefe do Estado Maior do Exército, disse que o bombardeio provocado pelos EUA no aeroporto de Bagdá é “um caso extremamente grave” e que coloca os americanos como "xerifes do mundo".

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"A versão americana é de que se estaria preparando um ataque contra alvos americanos. Se os EUA apresentarem provas disso, reduz-se a repercussão. Mas apenas reduz, pois escancara a atitude norte-americana de xerifes do mundo e a visão extraterritorialista de sua legislação", afirmou o general da reserva. 

Em entrevista ao UOL, Etchegoyen explica que a maior preocupação é com relação aos precedentes que o atentado pode refletir no mundo, inclusive no Brasil.

"Na minha opinião, a gravidade resulta dos precedentes que isso pode gerar. Imagina se ele [Donald Trump] decide atacar uma instalação do PCC que refina drogas para os EUA por aqui?", indagou. 

O general ainda classificou o bombardeio dos EUA como "um quadro multifacetado e particularmente complexo" e que o Brasil deve ficar de fora do conflito. 

O atentado, ordenado pelo presidente Donald Trump, resultou na morte do general Qasem Soleimani, chefe da Força Revolucionária da Guarda Quds do Irã. Líderes iranianos prometeram vingança.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta sexta-feira (3) que o general iraniano Qassem Soleimani, morto em um ataque americano em Bagdá, deveria ter sido assassinado "há muitos anos".

"O general Qassem Soleimani matou, ou feriu gravemente, milhares de americanos durante um longo período e tramava matar muitos mais (...) Era direta e indiretamente responsável pela morte de milhões de pessoas", tuitou Trump.

"Deveria ter sido assassinado há muitos anos", completou.

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O chefe paramilitar iraquiano Abu Mehdi Al Muhandis, que morreu nesta sexta-feira (3) em um ataque americano em Bagdá, era o homem do Irã no Iraque e o inimigo número um dos Estados Unidos naquele país há décadas.

Em plena madrugada, ele morreu com seu amigo, o poderoso general iraniano Qasem Soleimani, responsável pelas questões iraquianas dentro da Guarda Revolucionária, o exército ideológico do Irã.

Jamal Jaafar Ibrahimi, seu nome verdadeiro, era o número dois da Hashd Al Shaabi, uma coalizão paramilitar pró-iraniana que faz parte do aparato estatal iraquiano.

Era conhecido pelo nome de Al Muhandis (engenheiro em árabe).

A última vez que foi visto em público foi na terça-feira passada, no funeral de 25 combatentes pró-iranianos que morreram em um ataque aéreo americano.

Então o cortejo seguiu para a embaixada americana em Bagdá, que foi vandalizada.

Abu Mehdi Al Muhandis era conhecido por suas violentas críticas aos Estados Unidos muito antes da invasão de 2003 e subsequente ocupação do Iraque pelos americanos.

"É o exemplo perfeito de como o Irã criou uma rede de tenentes no Iraque", disse à AFP Phillip Smyth, especialista em grupos xiitas armados.

"Está relacionado às principais redes do Irã no Iraque. Não há equivalente, personifica perfeitamente" essas relações, explicou o especialista.

- "Inimigo empedernido" -

O homem, de barba branca, costumava aparecer em público em uniforme militar. Nasceu em 1953 em Basra, imensa cidade rica em petróleo do sul do Iraque, na fronteira com o Irã.

Nos anos 1980, Al Muhandis, que tem dupla nacionalidade iraquiana e iraniana e fala farsi, lutou contra o ditador Sadam Hussein a partir do outro lado da fronteira.

Era na época um alto comandante das brigadas Badr, unidades de combate iraquianas formadas no Irã para combates na guerra contra o Iraque (1980-1988).

Foi acusado de envolvimento nos atentados de 1983 no Kuwait contra as embaixadas da França e dos Estados Unidos, chegando a ser condenado à morte por essas explosões.

Em 2005 foi deputado no Parlamento do Iraque no âmbito do novo sistema imposto pelos Estados Unidos após a morte de Saddam Hussein.

Logo contribuiu para a criação no Iraque das brigadas Kataeb Hezbollah, uma facção da Hashd al Shaabi que Washington considera responsável por uma série de ataque recentes com foguetes contra interesses americanos no Iraque.

Os Estados Unidos acusaram o comandante iraquiano de manter redes de tráfico de armas e de ter participado em atentados contra embaixadas ocidentais e tentativas de assassinatos na região.

Segundo o especialista Michael Knights, é "o inimigo mais empedernido dos Estados Unidos", muito mais que o resto das demais facções pró-iranianas no Iraque.

Apesar de ser oficialmente o número dois, atuava como chefe de operação da coalizão e "trabalhou assiduamente para converter a Hashd Al Shaabi em uma organização que nunca esteve totalmente controlada pelo primeiro-ministro ou sob a liderança das forças regulares", segundo o especialista.

Al Muhandis podia contar com a lealdade dos combatentes da Hashd, bem como importantes recursos provenientes principalmente do trafico no Iraque após a queda do grupo terrorista Estado Islâmico (EI).

Segundo Knigths, Abu Mehdi Al Muhandis era "o sistema nervoso central" da Guarda Revolucionária.

Mas também era um homem discreto. Rompeu o silêncio há poucos meses para acusar os Estados Unidos e Israel de serem responsáveis de ataques aéreos contra várias bases da Hashd.

Milhares de apoiadores dos paramilitares iraquianos pró-iranianos entraram à força na embaixada dos Estados Unidos em Bagdá nesta terça-feira (31), protestando contra os bombardeios americanos no domingo.

Os ataques mataram 25 combatentes das brigadas do Hezbollah, um grupo armado xiita iraquiano das Forças de Mobilização Popular, uma coalizão paramilitar dominada por facções pró-Irã integradas ao exército iraquiano.

Os milhares de manifestantes e apoiadores das Forças de Mobilização Popular, que participaram da procissão fúnebre dos combatentes abatidos, conseguiram atravessar os postos de controle da Zona Verde de Bagdá, em meio a fortes medidas de segurança, e onde ficam a embaixada e instituições iraquianas, informaram os jornalistas da AFP.

Eles organizaram uma manifestação em frente à sede diplomática e fizeram uma oração em memória dos combatentes, e depois conseguiram atravessar a primeira barreira do gigantesco complexo altamente vigiado.

Foi então que as forças americanas lançaram granadas dentro do edifício.

Duas horas após o início do ataque, o primeiro-ministro iraquiano, o demissionário Adel Abdel Mahdi, pediu aos manifestantes que deixassem o complexo e alertou que "as forças iraquianas proibirão estritamente qualquer ataque à representação diplomática".

Antes de atacar a embaixada, os manifestantes queimaram instalações de segurança dentro do recinto, arrancaram câmeras de vigilância, atiraram pedras nas torres dos guardas e cobriram o vidro blindado de bandeiras das Forças de Mobilização Popular e das brigadas do Hezbollah.

Alguns manifestantes fizeram pichações nas paredes, com slogans como "Não aos Estados Unidos" ou "Fechado por ordem das brigadas de resistência".

Alguns dos principais líderes das Forças de Mobilização Popular participaram dos protestos, apesar de já terem colaborado com autoridades americanas, disseram jornalistas da AFP.

No Twitter, o presidente Donald Trump acusou o Irã de "orquestrar" o ataque à embaixada de Washington em Bagdá e pediu ao Iraque que use suas forças para proteger as instalações diplomáticas de seu país.

"Agora o Irã está orquestrando um ataque contra a embaixada dos EUA no Iraque. Eles serão totalmente responsabilizados. Além disso, esperamos que o Iraque use suas forças para proteger a embaixada", escreveu.

- Cresce o sentimento antiamericano -

Os Estados Unidos realizaram os ataques em resposta à morte, na sexta-feira, de um empreiteiro americano no décimo primeiro ataque de foguete em dois meses contra instalações dos Estados Unidos no Iraque.

Embora o ataque não tenha sido reivindicado, Washington o atribuiu às brigadas do Hezbollah.

O atentado de Washington alimentou o sentimento antiamericano entre os apoiadores pró-Irã no Iraque, país abalado desde 1º de outubro por uma revolta popular contra o governo iraquiano, acusado de corrupto e incompetente, e contra o Irã, cada vez mais influente no país.

As forças americanas, que invadiram o Iraque em 2003 e derrubaram o ditador Saddam Hussein, se retiraram do país em 2011. No entanto, em 2014 eles retornaram ao Iraque no âmbito da coalizão internacional contra o grupo jihadista Estado Islâmico (EI).

Atualmente, existem 5.200 soldados americanos no Iraque. Nos três anos de guerra contra o grupo EI, os americanos lutaram ao lado dos militantes das Forças de Mobilização Popular.

Mas agora as fontes americanas dizem que as Forças de Mobilização Popular - que têm unidades nascidas para combater a ocupação americana - representam uma ameaça para os Estados Unidos ainda mais importante que o grupo EI.

- Campo de batalha -

Bagdá anunciou que convocaria o embaixador americano - atualmente, fora do país, segundo uma fonte diplomática - e Washington acusou o Iraque de não saber proteger seus soldados e diplomatas presentes no país "a convite do governo".

Por seu lado, o executivo iraquiano respondeu que "as forças americanas agiam de acordo com suas prioridades políticas e não as dos iraquianos".

No entanto, o primeiro-ministro iraquiano admitiu que o Pentágono o havia alertado dos ataques antes que eles ocorressem e que o governo "tentou advertir os comandantes", aparentemente em vão.

Agora, Bagdá teme que seus dois aliados (e inimigos um do outro), Estados Unidos e Irã, usem o Iraque como campo de batalha.

No exterior, Teerã e seu aliado libanês, o Hezbollah, disseram que os ataques dos Estados Unidos significam "apoio ao terrorismo".

Enquanto isso, os aliados de Washington no Golfo denunciaram os ataques às bases americanas no Iraque e apontaram que o Irã e as facções que colaboram com ele são uma "força de desestabilização" contra a qual qualquer país "tem o direito de se defender".

A Arábia Saudita condenou o que chamou de ataques terroristas" contra as forças americanas no Iraque.

"A Arábia Saudita seguiu com grande preocupação o ressurgimento de ataques terroristas no Iraque ... dos quais os mais recentes foram os de milícias terroristas apoiadas pelo regime iraniano contra as forças americanas presentes no Iraque", afirmou a agência de notícias oficial SPA.

Manifestantes iraquianos invadiram as instalações da embaixada de Washington em Bagdá nesta terça-feira (31), enfurecidos pelo bombardeio dos Estados Unidos contra uma facção pró-iraniana que matou cerca de 25 combatentes iraquianos, informaram jornalistas da AFP.

As forças de segurança lançaram gás lacrimogêneo para dispersar a multidão, que conseguiu chegar ao primeiro recinto do complexo de alta segurança, ignorando as chamadas por megafone para que se afastassem da embaixada.

Os manifestantes estavam vestidos com o uniforme de combatentes das Forças de Mobilização Popular, uma coalizão de paramilitares dominados por facções xiitas pró-iranianas às quais pertencem as brigadas do Hezbollah, a facção atacada nos atentados.

Algumas mulheres com bandeiras iraquianas e forças de mobilização popular também participaram do protesto, que exibiam faixas com os dizeres "O Parlamento deve expulsar as tropas dos EUA, se não, as expulsaremos" ou "Fechem a embaixada dos EUA em Bagdá". Também gritavam slogans como "Os Estados Unidos são o grande Satanás".

Os atentados, que Washington ordenou em retaliação pela morte de um empreiteiro americano em um ataque com foguete contra uma base no Iraque, alimentaram o sentimento antiamericano no país.

O ataque com foguetes não foi reivindicado, mas os Estados Unidos culparam a facção xiita das brigadas do Hezbollah.

As Forças de Mobilização Popular, que ajudaram o poder iraquiano na luta contra os jihadistas, foram integradas ao exército do país.

Milhares de seguidores de Asaib Ahl Al Haq, uma das facções armadas pró-Irã mais poderosas do Iraque, desfilaram neste sábado (14) em Bagdá, pisando na bandeira dos Estados Unidos, num protesto contra as sanções impostas por Washington contra líder do grupo.

Há uma semana, Qais Al Jazali, chefe de Asaib e inimigo jurado dos Estados Unidos desde a invasão do Iraque em 2003, declarou ironicamente que era uma "honra" ser objeto destas sanções e que Washington deveria ter feito isso "há mais tempo".

Atualmente, ele está proibido de acessar o território dos Estados Unidos e não pode realizar transações financeiras no país.

No sábado, Jazali mobilizou seus seguidores no coração de Bagdá, na Praça Ferdaous - onde ficava a estátua do ditador Saddam Hussein que as tropas americanas derrubaram - e eles marcharam sobre enormes bandeiras americanas.

As principais ruas da cidade foram bloqueadas. Ao longo do trajeto da passeata, os manifestantes colocaram forcas onde estavam penduradas as imagens do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e de Mohamed bin Salman, príncipe herdeiro da Arábia Saudita, grande inimigo do Irã.

"Denunciamos a decisão injusta" de sancionar Qais Al Jazali, é "uma interferência contra uma personalidade nacionalista", disse à AFP Mahmud Al Rubaye, membro da liderança política de Sadiqun, o partido de Asaib no Parlamento.

Asaib Ahl Al Haq (A liga dos virtuosos, em árabe) é um dos principais componentes do Hashd Al Shaabi, uma coalizão formada para combater o grupo do Estado Islâmico, que agora faz parte das forças de segurança.

Milhares de iraquianos voltaram às ruas em Bagdá e no sul do país, neste domingo (8), apesar da violência que deixou mais de 450 mortos em dois meses, com uma mensagem clara: "Querem nos assustar de todas as maneiras, mas ainda estamos aqui", afirmou uma manifestante.

Na sexta-feira (6), 20 manifestantes e quatro policiais foram mortos perto da emblemática Praça Tahrir, durante um ataque realizado por homens armados – ainda não identificados, segundo as autoridades –, em um estacionamento de vários andares ocupados pelos manifestantes.

Desde o lançamento, em 1º de outubro passado, do primeiro movimento de protesto espontâneo no país há décadas, os manifestantes exigem uma nova Constituição e uma nova classe política. A atual liderança no poder, imutável por 16 anos, fez o equivalente ao dobro do PIB desse país rico em petróleo desaparecer com a corrupção.

No total, cerca de 450 pessoas morreram de forma violenta desde o início dos protestos, e aproximadamente 20.000 ficaram feridas, segundo um balanço feito pela AFP com base em fontes médicas e serviços de segurança.

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