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A Procuradoria-Geral da República (PGR) defendeu nesta sexta-feira, 6, que o Supremo Tribunal Federal (STF) declare inconstitucionais os trechos da emenda constitucional que anistia partidos políticos pelo descumprimento de cotas para candidaturas de mulheres e negros.

"As conquistas alcançadas em termos de igualdade de gênero e igualdade racial no campo da participação político-eleitoral não podem ser simplesmente desfeitas, enfraquecidas ou tornadas sem efeitos", diz um trecho do parecer da PGR.

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O texto, promulgado em abril de 2022, proíbe sanções de 'qualquer natureza', inclusive devolução de valores, multa ou suspensão do fundo partidário, aos partidos que não cumpriram a cota em eleições passadas.

A procuradora-geral interina Elizeta Maria de Paiva Ramos, que assina o parecer, afirma que a emenda constitucional viola o princípio da igualdade.

"Os arranjos legislativos que, por qualquer modo, impliquem subrepresentação de mulheres e de negros na política para aquém dos patamares já alcançados, (...) significam inadmissível retrocesso em políticas afirmativas voltadas a assegurar isonomia política de gênero e racial em sua dimensão substantiva ou material", argumenta.

A primeira lei que estabeleceu a reserva de recursos do fundo partidário para incentivar a participação feminina foi aprovada em 2009. A PGR afirma que, desde então, o Congresso tentou 'vários arranjos legislativos' para 'anistiar os partidos políticos faltosos'.

O relator da ação é o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF, que já abriu mão de decidir monocraticamente e informou que pretende levar a ação para julgamento direto no plenário.

O julgamento pode coincidir com a votação de uma nova Proposta de Emenda à Constituição, em debate da Câmara dos Deputados, para perdoar irregularidades de partidos nas eleições, inclusive o descumprimento das cotas.

A Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente da Câmara Municipal de São Paulo convocou o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) e a presidente do Sindicato dos Metroviários e filiada ao PSOL, Camila Lisboa, para que expliquem a greve do metrô da capital ocorrida na última terça-feira, 3. A convocação atende a um requerimento do vereador Rubinho Nunes (União Brasil) e é mais um capítulo na batalha política gerada em torno do tema nos últimos dias e que envolve Boulos, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Foram cinco votos a favor da convocação e apenas dois contra no colegiado. Contudo, a assessoria do deputado diz que a medida é inválida, já que o regimento da Casa não traz essa possibilidade.

No pedido de convocação, o vereador Rubinho Nunes afirmou que a greve impactou a vida dos cidadãos e que houve excessos, por falta de respeito a decisões judiciais acerca das escalas mínimas obrigatórias. Segundo ele, o movimento grevista seria "Ilegítimo e abusivo". Para justificar o pedido de convocação de Boulos, ele afirmou que o deputado tem demonstrado interesse em que não ocorra a privatização.

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Apenas os vereadores Arselino Tatto (PT) e Silvia da Bancada Feminista (PSOL) votaram contra o requerimento. Eles não fizeram questionamentos ao poder da comissão para fazer a convocação. Silvia afirmou, em seu voto, que "a base governista quer fazer politicagem". "Uma coisa é fazer política. É chamar uma audiência pública para discutir os temas que interessam ao povo, à população. E outra é fazer politicagem e querer pegar temas para querer surfar na onda, que é o que o vereador Rubinho Nunes faz nesse movimento", disse Silvia.

Boulos sempre costuma agir à margem da lei, sem ter que dar satisfações de seus atos. É seu estilo na política

Rubinho Nunes

Procurado, o gabinete do deputado Guilherme Boulos informou que não recebeu notificação sobre o assunto e que a convocação não é válida. "Não existe base legal para esse tipo de convocação. Infelizmente, o vereador responsável se mostra pouco preparado para desempenhar sua função", completou a assessoria do parlamentar.

O regimento da Câmara, em seu artigo 46, de fato dá às comissões permanentes a competência apenas para "convocar os Secretários Municipais, os responsáveis pela administração direta ou indireta e os Conselheiros do Tribunal de Contas do Município, para prestar informações sobre assuntos inerentes às suas atribuições". Nem mesmo o plenário teria competência para convocar pessoas fora deste escopo.

Procurado para se manifestar sobre o fato de o regimento não prever convocações de pessoas fora das situações colocadas, o vereador Rubinho Nunes informou, por meio de seu gabinete, que "as convocações podem ser expandidas, por analogia, para deputados, pois há subsídio das Comissões de Inquérito da Casa". E também afirmou que "há a possibilidade de envio de carta convite para ouvir o deputado, que parece temer as explicações ao Legislativo". "Boulos sempre costuma agir à margem da lei, sem ter que dar satisfações de seus atos. É seu estilo na política. Pois agora terá que responder por suas atitudes de forma oficial", apontou Rubinho.

A Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados vai realizar audiência pública na quarta-feira (4) para debater a regulamentação da atividade dos trabalhadores de aplicativos.

A reunião foi motivada por requerimentos apresentados pelas deputadas Erika Kokay (PT-DF) e Flávia Morais (PDT-GO), e pelos deputados Túlio Gadêlha (Rede-PE), Vicentinho (PT-SP), e Alexandre Lindenmeyer (PT-RS).

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"Sem o estabelecimento de regras que garantam direitos e deveres na relação entre
os trabalhadores e as plataformas, os trabalhadores ficam sem vínculo empregatício e reféns da lógica de prestação de serviço, a qual não garante proteções legais básicas, como seguro contra acidentes de trabalho, férias e direito de descanso", justificou Erika Kokay.

"Além disso, as plataformas mantém poder absoluto para despedir ou banir trabalhadores sem qualquer justificativa, o que gera uma insegurança constante", acrescentou.

Estudo
Túlio Gadêlha cita estudo da Universidade Federal do Paraná que examinou 485 decisões da Justiça do Trabalho relacionadas a plataformas como Uber, iFood e Rappi.

Nesses casos:

- 78,14% das decisões não reconheceram a relação de emprego;

- 5,98% das decisões reconheceram; e

- 15,88% não abordaram a questão.

"Essa situação alarmante de informalidade, considerando o agravante da exposição ao trânsito e ao risco de morte, torna urgente o debate para humanizar essa situação, com uma regulamentação que preserve e conceda direitos e garantias a esses trabalhadores", defendeu Gadêlha.

*Da Agência Câmara de Notícias

Na última terça-feira (26) o psicólogo e atual reitor da Universidade Guarulhos (UNG), professor Yuri Neiman, recebeu o Título Honorífico de Cidadão Guarulhense na cerimônia realizada pela Câmara Municipal de Guarulhos. A homenagem foi formalizada por meio do Decreto Legislativo nº 13, de 7 de agosto de 2023, de autoria do vereador Lauri Rocha (PSD), que presidiu a sessão solene. 

Para prestigiar o professor, estavam presentes o vice-prefeito e secretário de Cultura, Professor Jesus, o diretor Marcelo Rosa e o presidente da ONG QG Atitude Jovem, Roney Glauber. Neiman ressaltou sobre a felicidade de ter seu trabalho reconhecido pelo Poder Legislativo Municipal. “Muito me honra estar aqui hoje recebendo esse título. Eu me sinto filho de Guarulhos, e ser declarado filho de Guarulhos por essa Casa é o sentimento do filho que está sendo acarinhado pela mãe. Às vezes, a função de reitor endurece a gente, mas esses momentos nos trazem a doçura de ser educador e nos fazem rever toda a trajetória de educador que nós tivemos”. 

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Yuri Neiman nasceu em 1966, no bairro da Aclimação, em São Paulo. É casado há 32 anos com Rosana e tem um filho, Kauê. Graduou-se em Psicologia Clínica, Escolar e Organizacional pela Faculdade Integrada de Filosofia, Ciências e Letras de Guarulhos (FIG) em 1989, onde posteriormente atuou como docente. Entre 1991 e 2012, manteve consultório clínico a valores sociais na região central da cidade, atuando em psicoterapia de adolescentes e adultos. Em 2022, assumiu a função de reitor na UNG. É pós-graduado em Psicologia Clínica e em Gestão Superior de Alta Performance.  

 

O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados arquivou nesta quarta-feira, 27, por 10 votos a 5, uma representação contra deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA), acusado de importunar sexualmente a deputada Júlia Zanatta (PL-SC).

O episódio ocorreu em abril durante sessão da Comissão de Segurança Pública. À época, Júlia divulgou nas suas redes sociais uma sequência de fotos na qual Jerry parece abordá-la pelas costas, aproximando o rosto. O parlamentar sempre negou ter cometido qualquer crime.

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A sessão desta quarta foi marcada por troca de insultos. Júlia disse que foi alvo de acusações de parlamentares do PCdoB. A parlamentar ainda chamou Jerry de covarde por não tê-la procurado. "Ele nunca pediu desculpas pelo acontecido e saiu me acusando. Ele e todos os deputados do PCdoB", afirmou a parlamentar. "O senhor é um covarde."

Em outro entrevero, a parlamentar, que se diz contra o feminismo, acusou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) de ser seletiva na defesa das mulheres. Zanatta disse que Feghali a chamou de "fascista".

Na representação, o PL afirmou que "Jerry se aproximou por trás de Zanatta, apoiando seu corpo contra o da colega deputada, posicionou seu rosto em meio aos cabelos da mesma, tocando-a em seu rosto, 'cheirando' seu pescoço".

Jerry argumenta, porém, que disse para Júlia "respeitar os 40 anos de história" da deputada Lídice da Mata (PSB-BA), enquanto a parlamentar do PL discutia com a congressista pessebista.

O relator, Ricardo Maia (MDB-BA), decidiu pelo arquivamento do caso e pediu que Jerry fizesse um pedido de desculpas. Jerry negou tê-la importunado e pediu desculpas "pelos problemas que gerou". "A repercussão que isso tem gerou problemas para a senhora e para mim também", afirmou.

João Leão (PP-BA) fez um apelo ao relator para arquivar o caso. "Quantos cheiros eu já dei em Alice (Portugal, deputada). Eu acho que um caso desse não era para estar aqui no Conselho de Ética", disse. "Eu vou ter muito cuidado aqui na Casa, porque daqui a pouco estou denunciado no Conselho de Ética também."

Deputados comemoraram pelas redes sociais a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que, nessa quinta-feira (21), considerou inconstitucional a tese do marco temporal das terras indígenas. O julgamento terminou em 9 a 2.

A tese do marco temporal estabelecia que a demarcação dos territórios indígenas deveria respeitar a área ocupada pelos povos até a promulgação da Constituição Federal, em outubro de 1988.

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O marco é criticado por advogados especializados em direitos dos povos indígenas, pois segundo eles validaria invasões e violências cometidas contra indígenas antes da Constituição. Já ruralistas defendem que tal determinação serviria para resolver disputas por terra e dar segurança jurídica e econômica.

A presidente da Comissão da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais da Câmara, deputada Célia Xakriabá (Psol-MG), que acompanhou o julgamento no tribunal, destacou a atuação da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, no diálogo com o STF. "Duas vitórias: no ano em que se cria o Ministério dos Povos Indígenas, derruba-se o marco temporal", disse a deputada, nas redes sociais.O deputado Chico Alencar (Psol-RJ) considerou a decisão uma "vitória da vida". "A Corte formou maioria para frear o genocídio indígena proposto pelos ruralistas."

A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) fez coro às críticas ao marco temporal. "Aquela tese jurídica faria com que os povos indígenas que não tinham posse de suas terras na data da promulgação da Constituição perdessem o direito a elas. Vitória dos povos indígenas, do meio ambiente e da democracia!"

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) espera que a decisão contribua para o fim do genocídio indígena. "Vimos nos últimos anos o que a falta de fiscalização em nome da ganância provoca, e o resultado é sempre o mesmo: morte. Dos nossos povos originários, das florestas que eles mantêm de pé bravamente e do próprio futuro da humanidade", afirmou.

Agropecuária
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Pedro Lupion (PP-PR), afirmou que a decisão do STF poderá criar uma “barbárie no campo”, pois não há previsão de indenização para produtores que perderem suas terras. “O que o STF está fazendo é criar uma barbárie no campo. Insegurança jurídica total, sem previsão de indenização, sem garantia para os produtores”, disse o parlamentar, em vídeo divulgado em suas redes sociais.

“Agora nos resta brigar pela modulação de um dos votos [dos ministros do STF] para que pelo menos o produtor tenha o direito de ser indenizado”, declarou.

Projeto no Senado
Lupion disse que, mesmo com a decisão do STF, a frente parlamentar buscará aprovar o projeto do marco temporal no Senado na próxima semana.

O Projeto de Lei 490/07, aprovado na Câmara e em discussão no Senado (PL 2903/23), vai em sentido contrário à decisão do STF. A proposta fixa o marco temporal em 5 de outubro de 1988, dia da promulgação da Constituição.

Para o líder do governo no Senado, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), há grande pressão política e social em relação à questão. Ele afirmou que o governo vai buscar um acordo, com possíveis mudanças no texto que foi aprovado pela Câmara. "Não me parece de bom tom nós confrontarmos uma declaração de inconstitucionalidade do Supremo Tribunal Federal com um projeto de lei que flagrantemente será inconstitucional", opinou Randolfe.

Os senadores Humberto Costa (PT-PE) e Leila Barros (PDT-DF) defenderam o respeito à decisão do STF. Humberto Costa avaliou o projeto como “cheio de vícios de constitucionalidade” e disse que, na prática, inviabiliza a demarcação de novos territórios indígenas.

Randolfe acrescentou que governo e oposição continuam dialogando e negociando.

Na Câmara, deputados contrários ao marco temporal afirmaram que a aprovação do projeto seria uma ameaça aos direitos dos povos indígenas e traria prejuízos à preservação ambiental. Indígenas chegaram a chamar a decisão de genocídio.

*Da Agência Câmara de Notícias

A comissão especial da Câmara sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Anistia avalia um novo texto, que abre brecha para que partidos burlem a cota de gênero e não indiquem mulheres. Nesta quarta-feira, 20, os deputados adiaram novamente a votação da proposta, que busca conceder o maior perdão já registrado a partidos políticos por irregularidades eleitorais. A apreciação deverá ocorrer na próxima semana. Em dois meses de atividade, o colegiado realizou apenas uma audiência pública para debater o tema.

A legislação eleitoral prevê que pelo menos 30% das candidaturas lançadas por um partido político devem ser destinadas ao gênero oposto ao da maioria. Por exemplo, 70% homens e 30% mulheres, ou vice-versa. Na prática, a cota é reservada para mulheres, que sempre são minoria dos candidatos. O texto da PEC mantém essa regra, mas diz que a cota não precisa ser preenchida obrigatoriamente pelas siglas. Ou seja, o partido vai abrir vagas para candidatas mulheres, mas se não tiver número suficiente para cumprir o percentual mínimo, não precisará fazê-lo.

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A PEC é alvo de críticas de dezenas de organizações da sociedade civil, ligadas à transparência eleitoral e ao combate à corrupção. Esses grupos apontam que o novo texto permite que partidos possam indicar uma chapa inteiramente masculina e pode impedir que Justiça Eleitoral recolha até R$ 23 bilhões em sanções impostas às legendas.

O relator, Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP), propõe ainda que seja estabelecido um novo piso de 20% para candidaturas de negros e que a Câmara dos Deputados e demais legislativos estaduais e municipais reservem 20% de suas vagas para parlamentares mulheres a partir de 2026. Em 2024, a representação de mulheres nos legislativos terá que ser de 15%.

Organizações da sociedade civil argumentam que, no fim, os valores mínimos se tornam, no geral, o limite de indicações das siglas. "Já é notório que esses 'pisos' viram 'teto', ou seja, é de se esperar que os partidos só cumpram o repasse mínimo", diz o Pacto Pela Democracia, ONG que atua no campo da transparência eleitoral, em nota.

O grupo argumenta que a PEC "nasceu da constatação de dificuldades concretas vividas pelos partidos políticos" para se adaptar às regras de distribuição de recursos a candidaturas femininas e negras, ainda que esse novo perdão repita uma outra anistia criada pelo Congresso e aprovada em abril de 2022.

Naquela data, o Congresso aprovou a emenda à Constituição que indultou partidos que não usaram os recursos destinados às campanhas femininas na eleição de 2020, propondo novamente o adiamento do cumprimento da porcentagem mínima de 30% do repasse do fundo eleitoral a candidaturas femininas.

Essa será a quarta anistia da Câmara a partidos que não cumpriram a cota de candidaturas femininas. Além da PEC do ano passado, legendas tiveram um perdão em 2015 e outro em 2019.

O PT articula para que o relator do texto aumente o percentual de proporcionalidade de representação de mulheres e negros para 30%. Gleisi pede também para que haja uma comissão avaliadora de raça para derrubar a autoafirmação racial. Como mostrou o Estadão, 33 deputados mudaram de cor ao disputar a reeleição em 2022.

Na avaliação da presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), os ajustes valem se o texto regularizar em lei as cotas de gênero e raça. "Eu disse que só votaria a favor dessa PEC se ela realmente trouxesse os avanços necessários para compensar a anistia. Acho que estamos avançando em muitos sentidos nisso", afirmou Gleisi.

Comissão adia votação para a próxima semana

O colegiado adiou por mais uma vez, nesta quarta-feira, a votação da PEC por impasses no texto. Internamente, deputados planejam que a votação ocorra na próxima semana, quando o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), voltará de viagem, para votar a matéria no colegiado e no plenário no mesmo dia.

A proposta em discussão na comissão estabelece que "não serão aplicadas sanções de qualquer natureza" aos partidos que descumpriram a destinação de cotas mínimas de 30% para o financiamento de campanha de mulheres no passado. O mesmo vale para as legendas que violaram a obrigatoriedade de repassar recursos proporcionais ao percentual de candidaturas de pessoas negras. Apenas o PSOL e o Novo orientaram voto contrário à PEC. "É uma anistia ampla, geral, irrestrita e desavergonhada", disse Chico Alencar (PSOL-RJ).

Relator incorpora no texto medidas para proteger o próprio partido

Para impedir multas milionárias - como a de R$ 22 milhões imposta por Alexandre de Moraes ao PL - o texto limitou as sanções financeiras aplicáveis pela Justiça Eleitoral a 10% do montante mensal do Fundo Partidário. A PEC estende a anistia às fundações e aos institutos partidários. O relator, Antonio Carlos Rodrigues, é do PL e faz parte do grupo de membros do partido mais próximo ao presidente da sigla, Valdemar Costa Neto.

A PEC ainda anistia as legendas que apresentaram irregularidades nas prestações de contas realizadas antes da promulgação da emenda constitucional.

O relator ainda incluiu um trecho que impede a perda de mandato e decretação de inelegibilidade, por decisão judicial, que acarrete redução do número de candidatas eleitas. Ou seja, nesse caso, se o partido descumprir a cota de gênero, a Justiça Eleitoral não pode cassar a chapa toda, caso mulheres também tenham se beneficiado e vencido a eleição.

Esse trecho da PEC poderá salvar o PL do Ceará, presidido pelo deputado federal André Fernandes, apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro. A bancada estadual do PL deve ter o mandato cassado por fraude à cota de gênero. Entre eles, está o deputado estadual bolsonarista Carmelo Neto, o mais votado ao cargo em 2022.

A deputada Bia Kicis (PL-DF) elogiou a PEC e pediu para que fosse mantido esse exato trecho, que pode salvar o diretório estadual do seu partido.

Internamente, o PT dialoga com outras legendas para formar maioria e derrubar o parágrafo, por destaque, no plenário da Câmara.

Entenda o trâmite da PEC

O texto precisa passar pela comissão especial para ser votado em plenário, onde serão necessários os votos de 308 deputados em dois turnos para aprovar a PEC. Antes da análise na comissão especial, a proposta já havia sido aprovada, em abril, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.

Na ocasião, o projeto limitou as sanções financeiras aplicáveis pela Justiça Eleitoral a 10% do montante mensal recebido do Fundo Partidário. A medida aprovada naquele momento ainda ampliou a anistia não só aos partidos, mas às suas fundações e aos seus institutos.

Uma comitiva da Comissão de Defesa da Pessoa Idosa da Câmara dos Deputados entregou nesta quarta-feira (20) o Prêmio Zilda Arns 2023 ao Papa Francisco, no Vaticano.

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Comissão do Idoso/Agência Câmara de Notícias

O Prêmio Zilda Arns reconhece pessoas e instituições que contribuíram ativamente para a defesa dos direitos das pessoas idosas. A premiação é conferida anualmente pela Mesa Diretora da Câmara e consiste na entrega de um diploma de menção honrosa.

O prêmio
Criado em setembro de 2017, o prêmio homenageia a pediatra Zilda Arns. Nascida em Forquilhinha, Santa Catarina, em 1934, a médica se notabilizou pela atuação em causas humanitárias e sanitaristas.

Arns foi vítima do terremoto do Haiti ocorrido em janeiro de 2010. Ela estava no país em missão humanitária para implantação de uma Pastoral da Criança na nação caribenha.

Fundadora da Pastoral da Criança e integrante do Conselho Nacional de Saúde, Arns participou da criação da Pastoral da Pessoa Idosa em 2004.

Fazem parte da comitiva que está no Vaticano: o presidente e o vice-presidente da Comissão do Idoso, deputados Aliel Machado (PV-PR) e Castro Neto (PSD-PI), e os deputados Reimont (PT-RJ), Zé Haroldo Cathedral (PSD-RR), Flávia Morais (PDT-GO) e Simone Marquetto (MDB-SP).

*Da Agência Câmara de Notícias

O deputado federal Fernando Rodolfo (PL-PE), presidente da Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara, faltou ao enterro do pai para presidir uma sessão da comissão que debateu sobre o Projeto de lei que visa vetar a união entre pessoas do mesmo sexo, nessa terça-feira (19). 

A informação foi inicialmente divulgada pelo deputado federal Pastor Eurico (PL-PE), aliado do parlamentar, e posteriormente confirmada por Rodolfo em uma entrevista à Rádio Itatiaia. O pai de Fernando, Carlos Fernando dos Santos, de 67 anos, morreu na manhã da segunda-feira (18), em Garanhuns, no Agreste pernambucano, vítima de um câncer. 

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O falecimento do pai do deputado se tornou um assunto em evidência após a repercussão do comentário do pastor. Durante a sessão, todos os parlamentares que tomaram a palavra prestaram suas condolências ao deputado. O funeral estava agendado para a terça-feira (19), enquanto o debate acontecia em Brasília. Por Fernando Rodolfo ser da ala conservadora e contrário à união homoafetiva - ou seja, a favor do projeto -, a repercussão negativa se deu pela possibilidade do parlamentar priorizar a pauta mesmo diante de uma perda familiar. 

O LeiaJá buscou a assessoria de Fernando Rodolfo, que disse não possuir nota sobre o assunto, por se tratar de um momento íntimo ao deputado e de uma decisão pessoal. No entanto, a equipe esclareceu que Rodolfo acompanhou o pai durante os últimos dias enfrentando a doença, e que o legislador também participou do velório de Carlos Fernando, ainda na segunda-feira (18). 

Votação do projeto foi adiada 

Nessa terça-feira (19), a Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara adiou pela terceira vez a votação do PL que visa proibir o casamento homoafetivo no Brasil. A sessão foi marcada pela presença de lideranças do movimento LGBTQIAPN+ e pelo bate-boca entre parlamentares da base do governo e políticos da extrema direita. 

A proposta tem como objetivo estabelecer que a união entre casais do mesmo sexo não seja reconhecida como casamento ou entidade familiar. Caso aprovada, a decisão não anula uniões já oficializadas. 

O deputado federal Marx Beltrão (PP-AL) afirmou, nesta terça-feira (19), que defende o direito ao casamento homoafetivo, durante o debate na Comissão de Previdência e Família, sobre a proibição do casamento civil homoafetivo. Em sua fala, o parlamentar declarou que defende “direito igual para todos”. 

“Sou de direita, tenho família, casado, pai de três filhos e católico atuante. Defendo direito igual para todos; e vejo aqui leões que entre quatro paredes fazem sussurros de gatinho”, exclamou o deputado na sessão. 

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É como eu disse, não estamos aqui discutindo se a religião A ou B deve prevalecer ou não. Estamos discutindo direitos adquiridos, como o que já foi aqui discutido, inclusão ao plano de saúde, herança, divisão de bens, separação, direito sucessório, e o imposto, que todos pagam é igual ao de todos, ninguém paga imposto, aqui, maior do que ninguém, todos temos o mesmo direito, e é isso que a gente tem que debater aqui, o direito das pessoas”, continuou. 

A votação, proposta pelo deputado federal Pastor Eurico (PL-PE), se tornou acalorado, e foi suspensa. O debate sobre o tema ficou remarcado para a próxima terça-feira (26), e a votação deverá acontecer na quarta-feira (27). 

A proposta da proibição do casamento civil homoafetivo é alvo de polêmicas e críticas. Segundo o autor do projeto, o embasamento da proibição vendo do Código Civil, que não equipara a união homoafetiva com o casamento heteronormativo. No entanto, o texto é considerado inconstitucional perante juristas, diante da existência de uma lei que tem como base jurídica uma decisão dada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 2011. 

 

O Plenário da Câmara dos Deputados fez 1 minuto de silêncio nesta terça-feira (19) para lembrar as vítimas dos desastres no Rio Grande do Sul. A passagem de um ciclone extratropical atingiu diversos municípios e deixou cerca de 50 mortos e alguns desaparecidos.

A homenagem foi feita durante a votação do pedido para incluir na pauta de votações o Projeto de Decreto Legislativo 321/23, que reconhece calamidade pública até 2024 no estado. O objetivo é direcionar mais recursos para o RS.

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A homenagem foi solicitada pelo deputado Marcel van Hattem (Novo-RS). "Foi a catástrofe climática mais grave da nossa história, pessoas que perderam absolutamente tudo e não têm como recomeçar", disse. Ele agradeceu à solidariedade de todos os brasileiros que fizeram doações aos atingidos.

*Da Agência Câmara de Notícias

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira, 19, uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que amplia a isenção de impostos a igrejas e partidos políticos. O novo texto garante que ambos possam não pagar tributos no caso de compras de bens, serviços para formar patrimônio. A PEC ainda passará à discussão em uma comissão especial antes de ir a plenário.

O texto, de autoria do deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), que é bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, justifica a criação da iniciativa pelo "interesse social". "A equidade dessa imunidade (...) sejam religiões ou partidos políticos, estariam fadadas à extinção, algo que contrasta com o pluralismo político e a liberdade de religião", afirmou.

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Apenas o PSOL foi contra a proposta. "A PEC retira essa ideia das finalidades essenciais, passando a dizer que qualquer serviço, acúmulo, patrimônio, obra, gozarão da imunidade tributária. Isso é estender demais, ferindo o próprio princípio da imunidade tributária", afirmou Tarcísio Motta (PSOL-RJ).

Tanto o governo como a oposição foram favoráveis. No PT, o líder do governo, José Guimarães (CE), votou favoravelmente. O líder da oposição, Carlos Jordy (PL-RJ) atacou o governo para defender o posicionamento.

"Prefiro que os recursos fiquem com os templos religiosos do que com o Estado, com o governo atual", afirmou. Além partidos e igrejas, caso o projeto seja sancionado, entidades sindicais dos trabalhadores e instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos também serão contempladas.

"Onde foi que seus tataravós encontraram o amor das suas igrejas, batizaram seus filho e velaram seus mortos?", perguntou Crivella. "Os templos religiosos estão na nossa formação desde o momento em que o conquistador chegou na Bahia, colocou uma cruz e rezou uma missa."

A relatora da PEC, a ex-ministra do Turismo Daniela Carneiro (União-RJ) optou pela admissibilidade do projeto. "A PEC em questão está em plena consonância com os preceitos fundamentais estabelecidos na Constituição Federal" justificou. O relator anterior era Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), que deixou o exercício da atividade para assumir o ministério de Portos e Aeroportos.

O projeto teve amplo apoio de todas as legendas, inclusive do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que esteve ao lado de Crivella no ato de divulgação da proposta.

Grupos religiosos partiram para uma iniciativa para isentar igrejas de impostos em múltiplas frentes. Como mostrou o Estadão em julho, a proposta de reforma tributária aprovada na Câmara autorizou uma emenda que beneficiam igrejas.

Se o texto não sofrer alterações nesse campo no Senado, entidades como organizações beneficentes vinculadas a templos religiosas deixarão de pagar alguns impostos que incidem sobre patrimônio renda e serviços.

A Câmara dos Deputados aprovou a minirreforma eleitoral, projeto que altera o Código Eleitoral, a Lei da Ficha Limpa e fragiliza a transparência eleitoral e a prestação de contas. Além de encurtar a inelegibilidade de candidatos cassados, o texto aprovado promete um "liberou geral" na propaganda e gastos eleitorais com as propagandas cruzadas entre partidos que não são federados nem coligados.

Siglas podem financiar as campanhas umas das outras, o que significa que um candidato a deputado de um partido pode aparecer junto com um candidato de outra legenda, mesmo que rivais. Será permitido, por exemplo, anúncios partilhados de candidatos do PT, de Luiz Inácio Lula da Silva, e do PL, de Jair Bolsonaro.

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A votação foi dividida em duas partes - uma finalizada na quarta-feira, 14, e outra nesta quinta-feira, 15. Na primeira, a Casa aprovou com 367 votos favoráveis, 86 contra e uma abstenção. Nesta quinta-feira, a Câmara deu 345 votos sim, 55 não. Um deputado se absteve. A matéria vai ao Senado.

O texto altera as regras de contagem de tempo para um político condenado ser impedido de disputar eleição e fixa o prazo limite em oito anos. A proposta, que só teve a orientação contrária do Novo e do PSOL, ainda irá ao Senado antes de passar pela sanção ou veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Pela regra atual, um deputado que hoje é cassado na Câmara fica inelegível pelo resto do mandato e por mais oito anos seguidos. Se ele for punido no 1º ano do mandato, por exemplo, fica inelegível por 11 anos.

Pela minirreforma, esse período de inelegibilidade seria de apenas oito anos após a condenação. Para Luís Felipe Medina, membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral (Abradep), a fixação do prazo não ataca o problema. "O texto não mexerá no principal, o tempo que essas demandas judiciais levam para ser julgadas", disse.

O projeto também flexibiliza o prazo de inelegibilidade ao presidente, a governadores e prefeitos que renunciarem aos cargos. O novo texto diz que a contagem de oito anos começa a partir da data da renúncia. Atualmente, o período começa a partir do que seria o fim do mandato do incumbente.

Além da inelegibilidade e da propaganda cruzada, o texto aprovado hoje também fixa o prazo de desincompatibilização, isto é, o período necessário para que algumas profissões precisem abandonar o cargo para poder candidatar-se. No atual modelo, o prazo pode varias entre quatro a seis meses. O texto fixa o período em um semestre.

Organizações planejam recorrer contra a minirreforma no Judiciário

Em pouco menos de dois meses, a Câmara instituiu um grupo de trabalho que produziu os dois projetos que tiveram a urgência aprovada na Câmara nesta quarta-feira. A Câmara deseja que a minirreforma seja sancionada até o dia 6 de outubro deste ano para que ela possa valer para as eleições municipais de 2024.

A presidente do Grupo de Trabalho que deu origem aos projetos é Dani Cunha (União-RJ), filha do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, que teve o mandato cassado em 2016, e o relator é Rubens Pereira Júnior (PT-MA).

Na quarta-feira, 13, Rubens disse que a inelegibilidade era um ponto intocável. "Estamos prestigiando a essência prestação da Ficha Limpa. Ninguém vai tocar nesse ponto", afirmou.

Como mostrou o Estadão, organizações da sociedade civil protestaram contra a velocidade de discussão da minirreforma e apontam problemas que fragilizarão a transparência.

O diretor do Movimento Contra a Corrupção Eleitoral (MCCE), Luciano Santos, afirmou que o grupo irá contestar na Justiça contra o projeto. O coordenador de advocacy do Pacto Pela Democracia, Arthur Mello, disse que a organização tomará "as medidas cabíveis" para contestar a aprovação dos projetos.

União tentou antecipar anistia a partidos em emenda

O União Brasil pediu para adicionar um trecho no texto da minirreforma que poderia anistiaria dívidas pretéritas de partidos políticos. Diferentemente da proposta de emenda à Constituição (PEC) da Anistia - também em tramitação na casa e que pode perdoar até R$ 23 bilhões dos débitos dos partidos - todas as legendas foram contrárias. "Se aprovarmos esse destaque, passaremos uma péssima imagem para a sociedade brasileira através das multas dos partidos", disse o deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB).

A emenda mais controversa entre os partidos trata da divisão das sobras. O texto original pretende trazer o modelo 100/10. As sobras são vagas a preencher após a definição de candidatos eleitos pelo quociente partidário no Legislativo, definido a partir de um cálculo de médias.

Neste modelo o candidato precisa uma exigência mínima de 10% do quórum eleitoral tanto na primeira fase de distribuição de vagas e desconsidera a cláusula de exclusão. O partido precisa ter 100%.

Partidos menores afirmam que isso poderá os retirar da disputa, já que podem ter candidatos únicos com votações expressivas, contrariamente ao partido - protestaram, em especial, o PSOL, o Novo e o Podemos. "É um sarrafo altíssimo", afirmou Chico Alencar (PSOL-RJ).

O modelo em vigor, o 80/20, facilitaria a vida deles no certame. O modelo 100/10 prosperou, mesmo com o protesto das legendas menores. A proposta é defendida por Lira.

Em uma derrota para o governo a oposição derrubou, por emenda, a existência de mandatos coletivos, que consiste na divisão de um mandato parlamentar entre várias pessoas, proposta que tem adesão para o PSOL.

Veja os principais pontos da minirreforma:

Flexibilização na transparência

Projeto veda aos candidatos apresentarem dados sobre subcontratados em caso de compra de serviço de empresa terceirizada. Órgãos de controle não saberão quem foi contratado, qual a função desempenhada ou quanto trabalharam. Organizações de transparência eleitoral, como o Pacto Pela Democracia, apontam que o texto abre espaço para a compra de votos.

Projeto protege partidos de punições em caso de não prestação de contas

A minirreforma também pretende trazer uma nova redação para o caso de punições no caso da falta de prestação de contas de partidos. O novo trecho apenas quer punir as legendas com a suspensão de novas cotas do fundo partidário (e não do eleitoral) enquanto perdurar o não-pagamento. Antigamente a legislação permitiria o cancelamento de registro civil caso fique provada a não-prestação de contas à Justiça Eleitoral.

Critérios diferentes nas federações possibilita que partidos possam preencher a cota de gênero sem apresentar candidatas

O porcentual mínimo de candidaturas por gênero, previsto em 30%, deverá ser analisado na lista federação e não em cada partido. Isso quer dizer que é possível cumprir a cota se houver 30% de candidaturas femininas no somatório geral das candidaturas apresentadas pelos partidos, o que significa que uma legenda, individualmente, pode não apresentar nenhuma mulher como candidata, desde que as demais siglas consigam atender a cota de 30% no somatório geral.

O mesmo critério não vale para o caso de sanções. Os partidos individualmente, e não a federação, responderão em caso de infrações passíveis de sanção pela Justiça eleitoral.

Recursos dos partidos não poderão ser dados como garantia

De acordo com o texto, os recursos do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário não poderão mais ser dados em garantia ou bloqueados, veda a determinação judicial de bloqueio dos bens com a única exceção em casos de má administração dos bens.

Neste caso, quem trabalhou ou prestou serviços a um candidato durante o pleito podem ficar sem receber recursos sem serem pagos.

"Nada consta"

O projeto de lei dispensa a apresentação de certidões judiciais de "nada consta" pelos candidatos. Esses documentos acabam revelando a lista de processos quando o político responde a processos judiciais.

Regras para fraude de gênero e ampliação da classificação de violência política

A minirreforma apresentam fatores que caracterizariam fraude à cota de gênero em candidaturas. São estas: a não realização de atos de campanha e a obtenção de votação que revele não ter havido esforço de campanha, com resultado insignificante.

A candidata que desistir da candidatura deverá fazer uma declaração justificada, sem prejuízo de responsabilização da candidata, do partido ou da federação.

O rol de vítimas de violência política contra mulher também será ampliado. Agora, na nova redação, não apenas a candidata, mas a pré-candidata a um cargo, detentora de mandato ou qualquer mulher em razão de atividade partidária política ou eleitoral pode ser enquadrada como vítima de violência política de gênero.

A Câmara dos Deputados aprovou no período da noite da quarta-feira (13) por ampla maioria, projeto que altera a Lei da Ficha Limpa e fragiliza a transparência eleitoral e a prestação de contas, batizado de "minirreforma eleitoral". O texto aprovado proibirá que recursos dos partidos possam ser dados como garantia ou bloqueados e permitirá que siglas em federação desprestigiem candidaturas femininas. Foram 367 votos favoráveis, 86 contra e uma abstenção.

A proposta, fatiada em dois diferentes projetos de lei, foi alvo de contestação de organizações de transparência eleitoral e movimentos anticorrupção eleitoral. Mesmo assim, trechos polêmicos - sobretudo no que afeta a inelegibilidade de candidatos cassados - avançaram.

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A Câmara aprovou o texto principal do primeiro projeto na quarta-feira. O segundo será votado nesta quinta, 14.

A proposta de minirreforma eleitoral altera as regras de contagem de tempo para um político condenado ser impedido de disputar eleição. O relator optou que a data da eleição é o marco inicial para o prazo de máximo de oito anos de contagem para a inelegibilidade. Isso pode encurtar o prazo de um político punido voltar a disputar uma eleição. Atualmente este prazo começa a correr "após o cumprimento da pena".

Tanto o PT, de Luiz Inácio Lula da Silva, como o PL, de Jair Bolsonaro, orientaram voto favorável à minirreforma. Apenas duas legendas orientaram contrariamente: o Novo e o PSOL.

"Este projeto de lei simplesmente está vedando qualquer sanção que envolva dinheiro. Faz com que não tenha penhora, bloqueio. O que a gente está falando aqui é aumento de impunidade para quem faz coisas ilícitas com dinheiro", disse Adriana Ventura (Novo-SP).

A proposta aprovada na Câmara é alvo de críticas de especialistas. "O prazo efetivo de inelegibilidade será menor do que oito anos, pois a condenação transitada em julgado produz o efeito mais amplo da suspensão dos direitos políticos", argumenta o especialista em Direito eleitoral Luiz Carlos dos Santos Gonçalves. "É como se o condenado criminalmente e por improbidade administrativa tivesse, afinal, uma vantagem em relação a outros casos de inelegibilidade."

O relator dos projetos, deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA), alegou que a proposta é um avanço apesar de alterar os prazos de inelegibilidade. "Estamos prestigiando a essência prestação da Ficha Limpa. Ninguém vai tocar nesse ponto", disse.

O deputado Gilson Marques (Novo-SC), porém, contesta a versão e fala que aumentará o novo prazo de inelegibilidade aumentará a impunidade. "Estamos facilitando e até incentivando crimes", refutou.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) foi um dos que defenderam a iniciativa. "O acordo feito foi para corrigir problemas. (Esses problemas) estão sendo tratados, resolvidos, foram exaustivamente debatidos ontem [terça-feira] na reunião da presidência, e está em votação", afirmou.

O PSOL criticou a velocidade da iniciativa. Em pouco menos de dois meses, a Câmara instituiu um grupo de trabalho que produziu os dois projetos que tiveram a urgência aprovada na Câmara nesta quarta-feira.

"O texto da minirreforma eleitoral foi publicado ontem [terça]. Uma minirreforma que aborda vários temas e retrocede em muitos", disse Fernanda Melchionna (PSOL-RS). "Mais uma vez uma mudança nas regras eleitorais, que, infelizmente, não ampliam o controle público, a transparência e o direito de minoria. Ao contrário. Temos muitos retrocessos."

A Câmara deseja que a proposta seja sancionada até o dia 6 de outubro deste ano para que ela possa valer para as eleições municipais de 2024.

Há também textualmente a permissão para que candidatos possam fazer subcontratações durante a campanha, sem prestar contas de quem recebeu o dinheiro. Isso significa que candidatos não precisarão informar dados sobre pessoas subcontratadas por empresa terceirizada que prestará serviços na campanha.

Com isso, não é possível saber quem foi contratado, como os funcionários atuaram e quais os valores foram repassados, o que abre brecha para a distribuição de recursos sem controle. Como mostrou o Estadão, organizações afirmam que a iniciativa pode abrir brecha para a compra de votos.

Outro trecho que preocupam especialistas dificultará a identificação de doadores. Quem fizer doações a candidatos via Pix poderá fazer isso sem ser em uma chave Pix de CPF e os partidos terão que apresentar as informações do doador em até 72h, dificultando o acesso que hoje qualquer brasileiro pode ter sobre quem enviou recursos para apoiar uma candidatura e quanto enviou.

Para as federações, a minirreforma propõe diferentes critérios para os partidos. Quando eles infrigirem alguma regra, a sanção é individualizada a uma legenda, mas quando for necessária preencher a cota de 30% de candidaturas femininas, a conta é feita de forma global, de modo que uma sigla possa não apresentar nenhuma mulher candidata, contanto que os demais partidos compensem.

A pressão de organizações da sociedade civil, conseguiram garantir a eliminação de outras passagens polêmicas no texto, como a que garantiria a possibilidade de punir compra de votos e gastos ilícitos de campanha apenas com multa de R$ 10 mil a R$ 150 mil, uma passagem que abria brecha para partidos não serem obrigados a repassarem valores do fundo eleitoral para negros.

Mesmo assim, outros trechos suprimidos migraram para outras iniciativas na Câmara. Um artigo retirado impedia que sejam aplicadas sanções de perda de mandato de candidatas ou candidatos que não tenham preenchido a cota de gênero caso a decisão implique na redução no número de candidatas eleitas é um dos casos. A iniciativa migrou para a proposta de emenda à Constituição (PEC) da Anistia. A passagem permite que, desde que haja uma única mulher eleita a mais, a fraude não trará nenhuma consequência.

Essa PEC, outro front criado pelos partidos para contornar irregularidades cometidas por eles mesmos. O texto concederá a maior anistia já vista para partidos e políticos que cometeram irregularidades eleitorais. O valor pode chegar a quase R$ 23 bilhões.

Veja os principais pontos da minirreforma:

Flexibilização na transparência

Projeto veda aos candidatos apresentarem dados sobre subcontratados em caso de compra de serviço de empresa terceirizada. Órgãos de controle não saberão quem foi contratado, qual a função desempenhada ou quanto trabalharam. Organizações de transparência eleitoral, como o Pacto Pela Democracia, apontam que o texto abre espaço para a compra de votos. Doações por Pix poderão ser feitas em chaves que não o CPF e as instituições financeiras tem até 72h para apresentar mais informações sobre doações feitas.

Projeto protege partidos de punições em caso de não prestação de contas

A minirreforma também pretende trazer uma nova redação para o caso de punições no caso da falta de prestação de contas de partidos. O novo trecho apenas quer punir as legendas com a suspensão de novas cotas do fundo partidário (e não do eleitoral) enquanto perdurar o não-pagamento. Antigamente a legislação permitiria o cancelamento de registro civil caso fique provada a não-prestação de contas à Justiça Eleitoral.

Critérios diferentes nas federações possibilita que partidos possam preencher a cota de gênero sem apresentar candidatas

O porcentual mínimo de candidaturas por gênero, previsto em 30%, deverá ser analisado na lista federação e não em cada partido. Isso quer dizer que é possível cumprir a cota se houver 30% de candidaturas femininas no somatório geral das candidaturas apresentadas pelos partidos, o que significa que uma legenda, individualmente, pode não apresentar nenhuma mulher como candidata, desde que as demais siglas consigam atender a cota de 30% no somatório geral.

O mesmo critério não vale para o caso de sanções. Os partidos individualmente, e não a federação, responderão em caso de infrações passíveis de sanção pela Justiça eleitoral.

Recursos dos partidos não poderão ser dados como garantia

De acordo com o texto, os recursos do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário não poderão mais ser dados em garantia ou bloqueados, veda a determinação judicial de bloqueio dos bens com a única exceção em casos de má administração dos bens.

Neste caso, quem trabalhou ou prestou serviços a um candidato durante o pleito podem ficar sem receber recursos sem serem pagos.

'Boca de urna' nas redes

O texto apresentado permite a propaganda eleitoral no dia da eleição, mas veda o impulsionamento pago dos anúncios para alcançar mais público. O especialista em Direito eleitoral Alberto Rollo vê aqui uma "boca de urna" em ambientes digitais, ainda que não textualmente legalizada.

"Fazer propaganda na internet no dia da eleição não deixa de ser boca de urna na internet. O eleitor abre as redes sociais e vê propaganda eleitoral, é uma boca de urna diferente, mas é uma boca de urna", afirmou.

'Nada consta'

O projeto de lei dispensa a apresentação de certidões judiciais de "nada consta" pelos candidatos. Esses documentos acabam revelando a lista de processos quando o político responde a processos judiciais.

Regras para fraude de gênero e ampliação da classificação de violência política

A minirreforma apresentam fatores que caracterizariam fraude à cota de gênero em candidaturas. São estas: a não realização de atos de campanha, a não realização de despesas de campanha, ausência de repasse de recursos financeiros e obtenção de votação "que revele não ter havido esforço de campanha, com resultado insignificante".

A candidata que desistir da candidatura deverá fazer uma declaração justificada, sob pena de responsabilização caso comprovada alguma alegação falsa.

O rol de vítimas de violência política contra mulher também será ampliado. Agora, na nova redação, não apenas a candidata, mas a pré-candidata a um cargo, detentora de mandato ou qualquer mulher em razão de atividade partidária política ou eleitoral pode ser enquadrada como vítima de violência política de gênero.

Partidos podem não precisar destinar uma quantidade mínima de recursos para candidaturas negras

As CPIs da Americanas, do MST e a da Manipulação dos Resultados no Futebol, que funcionam simultaneamente, foram prorrogadas por uma semana pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e devem encerrar os trabalhos no dia 21.

Instaladas em maio, as comissões deveriam ser concluídas nesta quinta, 14, mas foram prorrogadas para compensar "a semana em que foi feito esforço concentrado para a aprovação da reforma tributária em plenário", segundo a assessoria da Câmara.

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De acordo com o regimento da Casa, cada comissão de inquérito pode funcionar por 120 dias, prorrogáveis por até metade, para conclusão dos trabalhos.

As CPIs

A CPI do MST, composta majoritariamente por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) e da Frente Parlamentar da Agropecuária, ganhou força para ser instaurada após, em abril deste ano, ativistas do MST invadirem o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Alagoas, que é comandado por um primo de Lira.

A CPI do Futebol foi motivada por investigações do Ministério Público que encontraram apostadores que tinham contato com jogadores de futebol para manipular cenários, como ganhar cartões amarelos, para garantir que os investidores fossem premiados com as apostas.

Já a CPI das Americanas foi instaurada para investigar os R$ 20 bilhões de inconsistências no balanço, que a empresa detectou em janeiro deste ano, o que levou a companhia a entrar em recuperação judicial e também afetou os bancos com os quais tinha dívidas.

Apresentado nesta terça-feira (12), pela deputada Dani Cunha (União Brasil-RJ), o projeto da chamada minirreforma eleitoral abranda punições impostas a políticos e a partidos que cometerem irregularidades, flexibiliza regras de transparência e prevê brechas para que as legendas descumpram as cotas definidas para candidaturas de mulheres e de pessoas negras.

A proposta, fatiada em dois projetos de lei, deve ser votada no plenário pelos deputados nesta quarta (13). A minirreforma avançou na Câmara em poucos meses porque o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), deseja que as novas regras sejam aplicadas para as eleições municipais do ano que vem. Para isso, o texto precisa ser sancionado até o dia 6 de outubro deste ano. Caso passe na Câmara, o projeto seguirá para o Senado.

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Mesmo diante de questionamentos e protestos de partidos e de organizações de transparência eleitoral, o grupo de trabalho que elaborou o texto final da minirreforma - o colegiado é comandado por Dani Cunha e tem como relator o deputado Rubens Pereira Junior (PT-MA) - manteve trechos controversos.

Um deles abre a possibilidade para que candidatos que praticarem compra de votos ou que realizarem gastos ilícitos durante a campanha se livrem da cassação e preservem o mandato. Nesses casos, o texto prevê uma opção de punição mais branda: o pagamento de multa que pode variar de R$ 10 mil a R$ 150 mil.

No trecho que trata da compra de votos, a mudança proposta é sutil. Atualmente, a lei impõe como punições cassação do diploma e multa. No texto apresentado ontem, a conjunção "e" foi substituída pela "ou". Assim, o candidato condenado pela prática de compra de votos passaria a ser punido com apenas uma das sanções, conforme entendimento da Justiça Eleitoral.

Críticas

Entidades da sociedade civil que atuam nos campos do combate à corrupção eleitoral e da transparência afirmam que o debate sobre a minirreforma com mudanças para o pleito do ano que vem exige mais tempo, além de uma maior participação de especialistas e da população. A proposta atenua, ainda, punição em casos de falta de prestação de contas e de candidatos considerados fichas-sujas.

O Pacto Pela Democracia e o Movimento Contra a Corrupção Eleitoral criticaram a proposta. "Iremos tomar as medidas cabíveis para que esse tipo de passo para trás, esse retrocesso na transparência, não seja aplicado nas eleições", afirmou o coordenador de Advocacy do Pacto Pela Democracia, Arthur Mello. Ele vê no projeto risco de danos "à integridade eleitoral, à participação eleitoral e à democracia".

'Panfleteiros'

Outro ponto polêmico da minirreforma eleitoral estabelece que candidatos não precisarão informar dados sobre pessoas subcontratadas por empresa terceirizada que prestar serviços à campanha. Dessa forma, não seria possível identificar quem foi contratado, a função que esses funcionários desempenharam e que valores foram repassados. Na prática, o dispositivo afrouxa o controle da Justiça Eleitoral e de outros órgãos de fiscalização sobre a distribuição de recursos recebidos pelos partidos políticos.

"É a farra dos panfleteiros", criticou Arthur Mello, do Pacto Pela Democracia. "Isso pode facilitar a compra de votos, uma vez que não vai haver a documentação de quem foram os subcontratados para desempenhar o serviço."

Destinado às legendas em anos eleitorais para bancar as campanhas de seus candidatos, como viagens, cabos eleitorais e material de divulgação, o fundo eleitoral em 2022 foi de R$ 4,9 bilhões, um recorde. Para 2024, os parlamentares articulam furar esse teto.

Cotas

A minirreforma eleitoral em curso no Legislativo também é alvo de contestações por afetar candidaturas femininas e negras, abrindo margem para que os partidos possam manejar os recursos destinados para esses grupos como quiserem. A jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) define que o repasse para essas candidaturas tem de ser proporcional. Isto é, se há 40% de candidaturas negras, 40% da verba deve ser destinada ao grupo. Nesta minirreforma, não há referência sobre o valor a ser destinado a cotas raciais.

Na reunião dos integrantes do grupo de trabalho da minirreforma realizada anteontem, o PSOL protestou, pedindo a alteração do texto. No entanto, não houve mudanças significativas na versão final.

No caso de candidaturas de mulheres, o porcentual mínimo de 30% deverá, pelo novo texto, ser analisado por federação, e não mais por partido. Assim, seria possível cumprir a cota determinada pela Justiça Eleitoral se houver 30% de mulheres no somatório geral das candidaturas apresentadas pelas legendas que integram a federação partidária.

"Dirigentes partidários alegam que, na lei, os partidos detêm autonomia para realizar suas ações. A questão de cotas não é uma prerrogativa de partido", afirmou o presidente do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, Luciano Santos. "A questão de cotas é uma política pública de inclusão, acima dos partidos. É a Lei Eleitoral. Não dá para alegar autonomia dos partidos e deixar por conta deles como se aplica e qual o porcentual."

'Boca de urna'

O texto elaborado pelo grupo de trabalho permite, ainda, a propaganda eleitoral nas redes sociais no dia da eleição, mas veda o impulsionamento pago dos anúncios para alcançar mais público. Especialista em Direito Eleitoral, Alberto Rollo disse considerar a prática "boca de urna" em ambiente digital. "Fazer propaganda na internet no dia da eleição não deixa de ser boca de urna na internet. O eleitor abre as redes e vê propaganda eleitoral, é uma boca de urna diferente, mas é uma boca de urna", afirmou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma comissão especial da Câmara deve aprovar, nesta quarta-feira (13), uma proposta de emenda constitucional que prevê a maior anistia já concedida a partidos e políticos que cometeram irregularidades eleitorais. Esse é o quarto indulto promovido pelo Congresso Nacional em menos de 30 anos, mas o texto, desta vez, é o mais amplo. A proposta é alvo de críticas de dezenas de organizações da sociedade civil, de transparência eleitoral e de combate à corrupção.

O texto das entidades diz que não incidirão sanções "de qualquer natureza" para partidos que apresentaram irregularidades na prestação de contas das legendas apresentadas antes da promulgação da emenda constitucional. Isso quer dizer que todas as multas e recolhimentos de valores podem ser perdoados.

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O montante pode chegar a quase R$ 23 bilhões. O cálculo das organizações considera apenas as contas pendentes de julgamento, "correspondentes à soma dos valores de Fundo Partidário e total de receitas eleitorais informadas pelos diretórios nacionais dos partidos no período 2018 a 2023, corrigida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)". Segundo as organizações, seriam atingidas mais de 232 mil prestações de contas.

Limite

A proposta, que já passou pelo crivo da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, em abril, limita as sanções financeiras aplicáveis pela Justiça Eleitoral a 10% do montante mensal recebido do Fundo Partidário.

O projeto também pretende anistiar os partidos que não cumpriram as cotas de candidaturas de pessoas negras e de mulheres. Esse trecho da proposta repete a estratégia adotada em outra anistia, de abril de 2022.

Naquela data, o Congresso aprovou emenda à Constituição que perdoou partidos que não usaram os recursos destinados às campanhas femininas na eleição de 2020, propondo novamente o adiamento do cumprimento da porcentagem mínima de 30% do repasse do fundo eleitoral a candidaturas femininas.

O novo texto ainda estabelece que siglas devem ceder 20% dos recursos do fundo eleitoral a candidatos negros. A jurisprudência atual do TSE diz que o repasse há de ser proporcional. Isto é, se há 40% de candidaturas negras, 40% dos recursos devem ser destinados ao grupo. Em 2022, pretos e pardos compuseram 49,49% de todos os pleitos.

'Exequível'

O relator da PEC na Comissão Especial, deputado Antônio Carlos Rodrigues (PL-SP), justificou a medida por ser "exequível". "É um sistema simples, de fácil compreensão por todos, e, principalmente, exequível", afirmou.

Segundo ele, a PEC nasceu "da constatação de dificuldades vividas pelos partidos" para se adaptar a regras de distribuição de recursos e que as siglas "enfrentaram e continuam enfrentando dificuldades no cumprimento das regras de ações afirmativas". Neste caso, nas próximas eleições, candidaturas de pessoas negras deverão receber metade do montante previsto na atual legislação caso a PEC seja aprovada.

Na carta enviada ontem por mais de 50 organizações da sociedade civil ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o grupo afirma que a aprovação da proposta seria uma "inaceitável irresponsabilidade" do Congresso. "A PEC promove o exato oposto (da transparência, integridade e equidade nos partidos). Aprová-la, portanto, configuraria uma inaceitável irresponsabilidade do Congresso", diz o documento. "Reitera-se que, aprovada desse modo, a proposta consolidará a total impunidade aos partidos políticos pelo descumprimento de determinações legais."

A PEC teve o apoio de líderes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro. Cinco parlamentares do PT são titulares da comissão especial. Apenas o PSOL e o Novo fizeram oposição à pauta. "A PEC 9 é uma anistia dada pela Câmara dos Deputados para perdoar partidos que desrespeitaram as regras que eles mesmos votaram", disse o deputado Tarcísio Motta (PSOL-RJ).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados arquivou nesta terça-feira, 12, uma representação contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) após ter xingado e ameaçado agredir o deputado Marcon (PT-RS) durante uma discussão na Casa em abril deste ano.

Na ocasião, o petista afirmou que a facada sofrida por Bolsonaro na campanha de 2018 foi "fake". O filho do ex-presidente reagiu: "Olha o que este veado está falando aqui! Não houve sangue? Desde quando a faca foi fake? Vocês tentaram matar o meu pai e agora querem me tirar do sério. Te enfio a mão na cara e perco o mandato com dignidade, seu filho da puta."

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O relator do processo, deputado Josenildo (PDT-AP), afirmou que Eduardo Bolsonaro agiu no "calor da emoção". A representação foi arquivada por 12 votos a um. O único contrário foi o deputado Chico Alencar (PSol).

Acusado pela oposição de quebrar o decoro parlamentar, Eduardo não esteve presente na sessão.

Estavam previstos na pauta desta terça-feira do Conselho de Ética outros cinco casos, que têm como alvos deputados de esquerda: Sâmia Bomfim (PSol-SP), Célia Xakriabá (Psol-MG) e Talíria Petrone (PSol-RJ), Erika kokay (PT-DF) e Fernanda Melchionna (Psol-RS). Todos esses casos foram protocolados pelo Partido Liberal (PL), sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro, depois de as parlamentares chamarem de "assassinos" os deputados que votaram a favor do Marco Temporal.

Dois desses casos, contra Talíria Petrone e Erika Kokay, foram arquivados. O restante ficou para a próxima sessão.

A Câmara dos Deputados aprovou, nessa terça-feira (5), um projeto de lei que aborda normas sobre renegociação das dívidas dos estudantes no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e cria um teto de 27,5% para aporte das universidades ao Fundo Garantidor do Fies (FG-Fies), uma espécie de fiador de alunos inadimplentes.

As medidas foram incluídas em uma matéria que tratava inicialmente sobre a retomada de obras inacabadas na área da educação, a pedido do ministro da Educação, Camilo Santana. O texto foi aprovado de forma simbólica e segue para análise do Senado.

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O parecer, apresentado pela relatora, deputada Flávia Morais (PDT-GO), define que estudantes com dívidas vencidas e não pagas até o dia 30 de junho de 2023 poderão negociá-las por meio de transação.

O parecer também estabelece um teto de 27,5% para as contribuições das universidades privadas ao FG-FIES após o quinto ano da entidade mantenedora no fundo. O FG-Fies é bancado por recursos da União e das mantenedoras de instituição de ensino.

Durante a votação, Flávia explicou que a medida que impõe um teto para as mantenedoras terá um impacto orçamentário de R$ 168 milhões em 2023, "que será absorvido no âmbito das dotações orçamentárias consignadas no FNDE". Já a renegociação de dívidas no FIES pode gerar um incremento de receita na ordem de R$ 108 milhões, "tendo em vista as perdas já provisionadas pelo Tesouro para contratos inadimplentes".

Renegociação

A relatora estabeleceu três diferentes modalidades para atender os beneficiários na renegociação de dívidas. Para os estudantes com dívidas vencidas e não pagas por mais de 90 dias, a proposta prevê desconto da totalidade dos encargos e de até 12% do valor principal, caso seja feito o pagamento à vista. Se o débito for quitado de forma parcelada, o estudante poderá adotar 150 parcelas mensais e sucessivas, com desconto de 100% de juros e multas.

Para os estudantes com dívidas vencidas e não pagas por mais de 360 dias, e que estejam inscritos no CadÚnico ou que tenham sido beneficiários do Auxílio Emergencial 2021, haverá desconto de até 99% do valor da dívida, inclusive no valor principal, se for feita a quitação integral do débito.

Os alunos que tiveram os débitos vencidos e não pagos por mais de 360 dias, mas não se enquadrarem em programas sociais do governo, poderá ter desconto de até 77% do valor consolidado da dívida, inclusive principal, se for feito o pagamento integral da dívida.

Teto

O principal embate durante a discussão do projeto foi a criação de um teto para as contribuições das universidades e faculdades privadas ao fundo garantidor após o sexto ano de adesão ao "Novo Fies", editado em 2017, durante o governo do ex-presidente Michel Temer.

A lei aprovada em 2017, que entrou em vigor em 2018, estabelecia que até o quinto ano do contrato da mantenedora no "Novo Fies"- ou seja, em 2022 -, os repasses às instituições, por inadimplência de estudantes, teriam descontos de até 25% até o quinto ano. Com o fim do teto a partir deste ano, os descontos poderiam chegar a 100% em alguns casos.

Já o parecer agora aprovado estabelece um novo auxílio às universidades a partir deste ano. De acordo com o texto, as faculdades terão que bancar sozinhas até 27,5% das inadimplências. O governo entrará com auxílio nos casos que ultrapassarem este patamar.

"O governo manda um total do financiamento para as mantenedoras. Quando tem inadimplência até esse percentual, as mantenedoras não vão receber. Quando não tem esse percentual, o governo fica com todo esse dinheiro. Até 27,5% do valor, a mantenedora vai ficar sem receber. Se 40% dos alunos não pagarem, o governo já ajuda com uma parte da inadimplência", explicou a relatora.

Aldir Blanc

O texto aprovado inclui ainda um artigo que estabelece que, durante o período de vigência do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), parte dos recursos oriundos da Lei Aldir Blanc, aprovada em 2022 durante a pandemia e que prevê auxílio financeiro ao setor cultural, poderão ser destinados para a construção, ampliação, reforma e modernização de espaços culturais.

Segundo o parecer, o Ministério da Cultura poderá condicionar até 30% do valor do total dos recursos da Lei à aplicação em políticas e programas nacionais de cultura específicos, sendo, no máximo, 10% do valor total dos recursos para obras vinculadas ao PAC e, no mínimo, 10% para o fortalecimento da Política Nacional de Cultura Viva.

"Como já passou esse momento (da pandemia), artistas já estão fazendo shows, já tem condições de atuar no mercado, a importância disso desse momento é de fortalecer políticas públicas para cultura", justificou a relatora.

A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira, 5, o projeto de lei do Desenrola, programa de renegociação de dívidas do governo, que trata também dos juros do rotativo do cartão de crédito. A votação foi simbólica. Apenas o partido Novo se manifestou contrariamente ao projeto.

O Desenrola é o programa do governo federal que facilita a renegociação de dívidas de consumidores com bancos. Durante a tramitação da medida provisória, houve articulação para determinar um limite para as taxas cobradas pelas operadoras no crédito rotativo, acionado quando a fatura não é paga integralmente em dia.

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O parecer, apresentado pelo relator, deputado Alencar Santana (PT-SP), inclui um artigo para limitar os juros do rotativo do cartão de crédito e do parcelado com juros a 100% caso o setor financeiro não apresente uma proposta de autorregulação em 90 dias.

O texto, no entanto, não trata do fim do parcelamento de compras sem juros, modalidade apontada pelos bancos como responsável pelas altas taxas - que chegaram em junho a 437% ao ano. Os bancos pressionaram pela inclusão da medida no parecer, mas o relator resistiu.

"Os emissores de cartão de crédito, como medida de autorregulação, devem submeter à aprovação do Conselho Monetário Nacional, por intermédio do Banco Central do Brasil, limites para os juros e encargos financeiros cobrados sobre o saldo devedor da fatura de cartão de crédito nas modalidades de crédito rotativo e de crédito parcelado", diz o relatório.

Até junho, a taxa do rotativo era de 437% ao ano e do parcelado com juros, de 196,1% ao ano. Desde 2017, depois de 30 dias de permanência no rotativo, os bancos são obrigados a transferir a dívida para o parcelado com juros, mas não foi suficiente para baixar as taxas.

Conforme avaliações de técnicos da equipe econômica, o parcelado com juros não conta apenas com a renegociação das dívidas do rotativo, que se fossem consideradas individualmente, teriam taxa média muito parecida com a modalidade com juros mais cara do mercado de crédito no Brasil atualmente. Por isso, somente acabar com o rotativo, não resolveria o problema dos juros abusivos totalmente.

A substituição do rotativo pelo parcelamento de faturas é praticamente um consenso entre agentes de mercado, e o estabelecimento de um limite de juros já vinha sendo discutido. O modelo é o mesmo adotado pelo Reino Unido, que limita os juros de determinadas modalidades a uma porcentagem do valor da dívida do cliente.

De acordo com uma fonte, o cenário mais provável em discussão entre agentes do setor é o da limitação dos juros a 100% do valor da dívida, mas a questão ainda está em aberto. Entretanto, essa fonte considera que o texto do relator ficou confuso, e que esse é um ponto que não deveria ser fruto de autorregulação.

O setor financeiro chegou à conclusão de que o fim do crédito rotativo vai ajudar a reduzir a inadimplência nos atrasos do cartão de crédito, mas os bancos tentam convencer o varejo a limitar o parcelado sem juros.

Publicamente, bancos e associações do setor de cartão descartam acabar com o produto. Alencar afirmou, no entanto, que não há sentido em limitar o parcelado e definiu o mecanismo como "conquista da sociedade brasileira". O tema não consta em seu parecer.

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