O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reiterou na manhã desta segunda-feira, 7, que é contra a possibilidade de mudança da meta fiscal do governo. Em entrevista à rádio CBN, o democrata disse entender alguns fatores conjunturais, como a queda da arrecadação e o aprofundamento da crise política após a divulgação da delação da JBS, em meio à retração na atividade econômica. Contudo, chamou atenção para as questões de longo prazo que ainda não foram resolvidas, como os gastos governamentais.
"Precisamos ter a coragem de juntos, em qualquer discussão de meta (fiscal), de colocar na mesa a discussão dos gastos obrigatórios do governo, que ninguém consegue mexer nisso, incluindo a Previdência."
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Na entrevista, Maia defendeu que na discussão sobre eventuais aumentos de gastos é preciso mostrar as soluções de longo prazo para resolver o problema. "Não se pode continuar endividando o Estado brasileiro e a sociedade pagando essa conta sem construir algo de longo prazo."
O deputado lembrou os anos de 2006 e 2007, quando, segundo ele, "começou essa farra de gastos" e o Brasil tinha um superávit de 2,5% a 3% do PIB. "Estamos aí com um déficit primário perto de 2% do PIB, significa que, para voltarmos à realidade de dez anos atrás, vamos precisar zerar os R$ 140 bilhões e colocar mais R$ 150 bilhões ou R$ 200 bilhões, ou seja, temos um problema de cerca de R$ 300 bilhões, que é o tamanho do nosso problema e não é um tamanho pequeno para que a gente não construa boas soluções permanentes. Por isso sempre questiono qualquer mudança de meta para ampliar gastos, porque ampliar gastos vai sempre sinalizar que a dívida pública brasileira pode sair do controle e afastar os investidores do nosso País."
À rádio CBN, Maia falou que a Câmara dos Deputados precisa votar a reforma da Previdência até o mês que vem. Segundo ele, a questão fiscal do País e o déficit da Previdência chegaram num ponto que se houver bom senso, maturidade e responsabilidade (dos parlamentares), no mínimo deve se votar o texto que foi aprovado na comissão. "Não adianta fazer uma reforma da Previdência menor do que isso porque não vai resolver a vida dos brasileiros e o déficit continuará crescendo", disse.
O presidente da Câmara reafirmou que nos próximos dias vai reunir economistas que não são do governo para, em duas semanas, fazer um evento com deputados da base para que eles possam mostrar em números o impacto da reforma na vida das pessoas e o impacto desse déficit. "Trabalharei para aprovar a reforma, que não está tirando direito de ninguém", disse.
E frisou: "pela minha agenda, a Câmara precisa estar votando essa matéria em setembro." Para isso, o parlamentar diz querer estar com a base governista organizada até o final deste mês. Na sua avaliação, outras reformas, como a política, devem ficar para depois da previdenciária, "que é a prioritária".
Na entrevista, o presidente da Câmara disse que no tema Refis o mais importante é o texto acordado, entre relator, líderes, ministério da Fazenda e governo. "Se não conseguir cumprir a palavra acordada vai ficar difícil a relação entre executivo e legislativo. Considero o melhor texto o do governo e espero que possamos cumprir o acordo já firmado porque o mais importante num acordo é a palavra." E continuou: "Vamos convencer os deputados que há um acordo, que é a MP e isso precisa ser honrado." Segundo ele, essa sinalização é muito importante para a sociedade.
No calendário previsto para a Câmara, Maia citou a MP da reoneração da folha de pagamento e a MP da Taxa de Longo Prazo (TLP). "Quero organizar a pauta para que a gente consiga na terça ou no máximo na quarta organizar o texto do Refis para votar, no máximo, na terça da outra semana. A TLP, esperamos que a comissão vote entre amanhã e quarta e na próxima terça-feira, 15, a votação (no plenário)."
Sobre a reforma política, Maia espera ter até quinta os textos aprovados nas comissões para votar o texto na semana que vem, a partir de quarta-feira. "Assim como a da Previdência, a reforma política precisa ter prioridade no parlamento porque são decisivas para o futuro do Brasil", disse.
A respeito do fundo partidário contido na reforma política, o deputado reconheceu que há essa discussão e que o debate é polêmico, mas disse que não se trata apenas disso. No seu entender, é preciso alterar o atual sistema político. Maia disse que o distritão não lhe agrada e que ele prefere o distrital misto.