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O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski, negou nesta quarta-feira, 20, pedido do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para suspender o depoimento de 11 testemunhas na ação penal que tramita contra ele por corrupção e lavagem de dinheiro. Por meio de um habeas corpus, na semana passada, a defesa de Cunha alegou que a decisão não poderia ter sido proferida em julho, período de recesso.

Lewandowski, que está de plantão durante a pausa do Judiciário, alegou que não viu motivo para urgência na análise do pedido de Cunha. O ministro Luís Roberto Barroso foi sorteado para analisar o habeas corpus e pode ou não voltar a analisar a questão em agosto. Além disso, o presidente do Supremo não reconheceu o pedido por considerar que não cabe um habeas corpus para questionar a decisão de um ministro do STF. Na semana passada, o juiz Paulo Marcos de Farias, auxiliar do ministro Teori Zavascki, marcou o depoimento das testemunhas arroladas pelo Ministério Público Federal (MPF).

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Cinco das 11 pessoas que devem depor são delatoras na Operação Lava Jato. Hoje, está previsto o depoimento do doleiro Alberto Youssef na Justiça Federal em Curitiba. Outro delator da Lava jato, o empresário Júlio Camargo, que acusou Cunha de receber propina, falará à Justiça Federal em São Paulo no dia 8 de agosto.

Férias

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) defendeu na Corte o adiamento dos depoimentos de acusação na ação penal contra Cunha. Para a entidade, as audiências devem ser adiadas por terem sido marcadas para o período de recesso da Corte e por coincidirem com o período de férias dos advogados. Segundo a OAB, "o período das férias dos profissionais é uma das conquistas da Ordem dos Advogados do Brasil". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Apesar do discurso de pacificação, menos de uma semana depois da eleição do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara, a base aliada voltou a divergir sobre o melhor momento para levar ao plenário a cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

De um lado, os líderes do Centrão (PP, PSD, PR, PTB, PSC e partidos nanicos), grupo ligado ao peemedebista, são cautelosos e consideram que não haverá quórum suficiente para a votação em agosto, depois do recesso legislativo.

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Do outro, os partidos do grupo de Maia - DEM, PSDB, PPS e PSB - afirmam que convocarão as bancadas para tentar assegurar um número mínimo para votar a cassação de Cunha em agosto. "O PSB vai cobrar presença, igual escolinha", afirmou o líder do partido, Paulo Foletto (ES). "Virá todo mundo e terá quórum elevado", disse o líder do PPS, Rubens Bueno (PR). Para ele, a ausência da maioria dos deputados neste período seria "desmoralizante".

No meio da pressão, Maia afirmou nesta terça-feira, 19, que poderá pautar o processo entre os dias 8 e 12 de agosto. "Na primeira semana acho difícil, mas a partir da segunda é possível. Eu só não quero dar data porque se não tiver quórum vocês vão ficar me cobrando que eu adiei a votação. Vamos ter uma noção melhor na primeira semana, como vai se construir o quórum para dar uma data objetiva", disse.

A primeira semana de atividades no Congresso vai coincidir com a realização das convenções partidárias, que definirão os candidatos para a disputa municipal. Outro fator que pode influenciar é o início da Olimpíada no Rio. "Não sei se vai ter quórum", afirmou o líder do PTB, Jovair Arantes (GO).

"O presidente falou que se não tiver um quórum de 460, ele não vai colocar para votação (o processo contra Cunha). É um risco, mas acredito que será votado", considerou o líder do PR, Aelton Freitas (MG). O processo foi enviado pela Comissão de Constituição e Justiça à secretaria-geral da Mesa e não há prazo definido para que Maia dê início aos debates no plenário.

Anticorrupção

Outro item que deve entrar na pauta de votações da Câmara no segundo semestre é o projeto das 10 medidas de combate à corrupção encampadas pelo Ministério Público. Segundo Maia, a expectativa é de que as medidas sejam analisadas até 9 de dezembro, Dia Internacional contra a Corrupção. Ao receber um grupo de juízes e procuradores ontem, Maia indicou que o tema será uma de suas prioridades.

A comissão que vai analisar o pacote foi instalada na semana passada, quatro meses após a proposta ser apresentada. "Queremos estar até lá com a matéria votada", disse o relator do projeto no colegiado, Onyx Lorenzoni (DEM-RS).

Anexo

O novo presidente da Câmara desistiu de iniciar as obras de construção do anexo da Câmara. Maia alegou que não é o momento de a Casa utilizar recursos públicos para a construção de um prédio. Maia informou ontem o primeiro-secretário da Mesa Diretora, Beto Mansur (PRB-SP), de que não levará adiante o projeto, bandeira de campanha de Cunha.

A Casa já havia desembolsado R$ 50 mil para os primeiros trabalhos de escavação de solo. Maia afirmou que a modernização do complexo pode ser feita "quando o País estiver voltando a crescer economicamente". "No momento de crise, não cabe esse investimento."

Maia se disse preocupado com a repercussão do gasto. "Neste momento, acho que a sinalização da construção de um anexo não vai cair bem aos ouvidos da sociedade."

Inicialmente, foi cogitada a construção do anexo com a participação privada, mas não houve interesse de empresas e o projeto do "Parlashopping" - que custaria R$ 1 bilhão - foi abandonado. A Mesa Diretora decidiu então gastar R$ 320 milhões do próprio bolso na obra que expandiria a antiga estrutura da Câmara, sem lojas.

Suíça

Recursos de contas atribuídas ao deputado afastado Eduardo Cunha continuarão bloqueados na Suíça. A Justiça do país europeu indicou nesta terça-feira que vai devolver o dinheiro ao Brasil apenas se o parlamentar for condenado ou se houver decisão de um tribunal. Cunha renunciou à presidência da Câmara neste mês. O Supremo Tribunal Federal já havia afastado o parlamentar de suas funções.

Cunha é réu em duas ações penais na Corte, além de ser alvo de uma denúncia e três inquéritos relacionados à Lava Jato. À reportagem, o Ministério Público da Suíça confirmou que as contas de Cunha estão congeladas desde abril de 2015, quando ele passou a ser investigado por lavagem e corrupção. Os valores não foram revelados. Cunha nega irregularidades e diz que era usufrutuário da conta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sinalizou que deixará a residência oficial da Casa no próximo final de semana.

O deputado afastado renunciou ao cargo de presidente no último dia 7 de julho tendo a partir de então um prazo de 30 dias para deixar o imóvel, localizado em área nobre de Brasília.

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A intenção de antecipar a saída do imóvel foi comunicada à integrantes da Diretoria Geral da Casa. Caso Cunha necessite realizar o transporte de móveis ou utensílios que ele levou para a residência, isso deverá ser resolvido pelo próprio deputado.

O local deverá ser ocupado pelo deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), eleito para a presidência da Câmara no último dia 15, para um mandato-tampão em vigor até fevereiro de 2017. O peemedebista por sua vez deverá ocupar um apartamento funcional ou se preferir ganhará auxílio moradia para alugar um imóvel como ocorre com os demais deputados. A decisão sobre o novo endereço de Cunha deverá, contudo, passar por um entendimento da Mesa Diretora, uma vez que ele foi afastado do mandato, após determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) ocorrida no último mês de maio.

Mordomias

Ao renunciar à presidência da Câmara, Cunha também perdeu outros benefícios como a utilização de carro oficial, segurança pessoal e a prerrogativa de poder se deslocar para outros Estados por meio de uma aeronave das Forças Aérea Brasileira (FAB).

As mordomias tinham um custo aos cofres públicos de cerca de R$ 541 mil mensais. Conforme revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo em maio, os "custos" do peemedebista foram levantados pelo PSOL na reclamação que o partido protocolou no Supremo, pedindo que a Corte suspendesse o ato da Mesa Diretora que garantiu as regalias a Cunha.

Os gastos foram calculados com base no salário dos servidores à disposição da residência oficial da presidência da Câmara e também com base na média dos gastos de Cunha e sua família com alimentação nos últimos cinco meses.

A jornalista Cláudia Cruz, mulher do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), quer tirar a investigação contra si das mãos do juiz federal Sérgio Moro e transferir para o Rio, "local onde teriam sido praticadas as imaginárias condutas que lhe são imputadas". As justificativas da jornalista são a quebra de sigilo bancário e fiscal autorizada pelo magistrado na Operação Lava Jato e a apuração contra a enteada Danielle Dytz, filha do deputado afastado do PMDB-RJ.

A mulher do ex-presidente da Câmara é ré em ação penal por lavagem de dinheiro de mais de US$ 1 milhão supostamente provenientes de crimes atribuídos ao marido. Cláudia também é acusada de evasão de divisas.

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Segundo a denúncia da força-tarefa da Lava Jato, ela se favoreceu de parte de valores de uma propina de cerca de US$ 1,5 milhão que o marido teria recebido para "viabilizar" a aquisição, pela Petrobras, de 50% do bloco 4 de um campo de exploração de petróleo na costa do Benin, na África, em 2011.

Os recursos que aportaram na conta de Cláudia foram utilizados, por exemplo, para pagar compras de luxo feitas com cartões de crédito no exterior - a investigação mostra que ela adquiriu sapatos, bolsas e roupas de grife com recursos de origem ilícita, segundo a Procuradoria da República.

"Após formulada a acusação, os membros do Ministério Público Federal integrantes da denominada força-tarefa da Operação Lava Jato e signatários da denúncia, tanto na cota introdutória da denúncia, como em entrevista coletiva à imprensa a respeito do tema, mencionaram a continuidade das investigações em face de Danielle Ditz da Cunha, enteada da peticionária, e outras pessoas físicas e jurídicas a ela relacionadas", aponta a defesa de Cláudia Cruz.

Os advogados Pierpaolo Cruz Bottini e Cláudia Vara San Juan Araujo afirmam em petição anexada aos autos nesta quinta-feira, 14, que o pedido de quebra de sigilo de pessoas jurídicas relacionadas à mulher do ex-presidente da Câmara formulado pelo Ministério Público Federal teve origem "em uma suposta incompatibilidade entre o valor dos pagamentos dos cartões de crédito por ela utilizadas e os débitos em suas contas bancárias e em relação à aquisição de dois veículos".

"Claro, portanto, que, as investigações empreendidas em face da peticionária (Cláudia Cruz) extrapolaram a suposta manutenção de ativos no exterior sem declaração às autoridades competentes e o conjecturado recebimento de valores oriundos do pagamento de propina por contratos da Petrobras, para apurar também outras possíveis irregularidades no patrimônio e na movimentação financeira de Cláudia Cordeiro Cruz", sustentam os criminalistas.

Para a defesa, não há como se sustentar a competência da 13ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Curitiba/PR, de titularidade do juiz Sérgio Moro, "para a continuidade das investigações pretendida pelo Ministério Público Federal, em virtude da inexistência de conexão entre os fatos apontados - supostas incompatibilidades patrimoniais da peticionária - e o esquema criminoso da Petrobras".

"Uma vez afastada a conexão probatória e, consequentemente, a prevenção deste d. Juízo, requer-se a aplicação da regra geral de competência prevista no Código de Processo Penal - lugar da infração - com a remessa de todos os procedimentos eventualmente instaurados para dar prosseguimento às apurações em face da Peticionária e das pessoas físicas e jurídicas a ela relacionadas à Seção Judiciária do Rio de Janeiro, local onde teriam sido praticadas as imaginárias condutas que lhe são imputadas - incompatibilidade entre pagamentos de faturas de cartão de crédito e movimentações bancárias e na aquisição de veículos", anota a defesa.

O deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) afirmou nesta quinta-feira, 14, que está sendo cassado pelos colegas por omissão de informação, com um processo baseado em acusações não comprovadas de delatores. O peemedebista voltou a negar que tenha conta no exterior e disse que o relatório contra seu nome no Conselho de Ética é um "falseamento". Ele também retomou o discurso de que a decisão de hoje terá implicações futuras.

O parlamentar, que já havia falado durante a manhã, teve direito a mais dez minutos de fala na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, antes da votação do recurso que vai definir se seu processo de cassação seguirá ao plenário ou deverá retornar para análise do Conselho de Ética da Casa.

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"Estou sendo cassado por vocês no processo do Conselho de Ética única e exclusivamente por omissão intencional de informação. Se a palavra de um delator é o suficiente para a condenação, não precisaríamos ter o processo legal", disse Cunha.

O deputado reafirmou que não mentiu à CPI da Petrobras quando disse que não possuía conta no exterior. Segundo ele, o relator Marcos Rogério (DEM-RO) errou ao concluir que a trust da qual é usufrutuário pode ser considerada conta. "O relatório do Conselho de Ética é um falseamento", afirmou.

O peemedebista argumentou que a rejeição de seu recurso abrirá um precedente "perigosíssimo" na Casa, o que pode fazer com que outros políticas se arrependam no futuro. "Essa casualidade não é boa para ninguém", disse. "Estamos atropelando pela política o andamento do processo legal", completou ele, argumentando que os colegas podem se arrepender da decisão no futuro.

No último pronunciamento previsto para Eduardo Cunha (PMDB-RJ) fazer sua defesa em análise de recurso na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara sobre sua possível cassação, o peemedebista falou que há má-fé no processo e citou "inimizades capitais".

Durante discurso de 20 minutos, Cunha repetiu na manhã desta quinta-feira (14) os argumentos que vem usando para afirmar que a condução do processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética foi injusta, com erros regimentais e decisões políticas.

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O parlamentar voltou a dizer que o processo contra seu nome no Conselho de Ética se baseia apenas em acusações, sem direito de defesa. Ele argumentou que se o mesmo princípio for usado para os colegas que também são alvos de investigação, todos serão cassados.

Ao pedir que os colegas façam um julgamento técnico na CCJ e deixem a avaliação política para o plenário, Cunha mandou um longo recado a seus desafetos. "Aqueles que desejam tanto me punir pelo enfrentamento político que fizeram, aqueles que eu derrotei na eleição de presidente da Câmara, que não se conformam, mas sequer têm votos para disputar uma eleição como ontem e sequer tentam, aqueles que eu efetivamente abri o processo de impeachment e consequentemente querem uma retaliação para buscar uma cabeça para tentar desvalorizar todo o processo de impeachment, aqueles que efetivamente me enfrentaram pelas pautas que foram colocadas e que foram derrotadas, aqueles que acham que a minha retirada da vida pública é a forma de compensar o seu fracasso, esses o façam no plenário, no seu momento apropriado, mas aqui temos de prezar pela juridicidade", disse.

O ex-vice-presidente da Caixa Fábio Cleto, um dos delatores da Operação Lava Jato, e o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) montaram uma planilha na qual discriminavam o pagamento de propinas por empresas beneficiadas com investimentos do FGTS.

Conforme a Procuradoria-Geral da República (PGR), o documento lista as companhias que aceitaram pagar suborno, bem como o porcentual cabível a cada envolvido no esquema. Apontado como operador do peemedebista, o corretor Lúcio Bolonha Funaro aparece nos registros como "Maluco".

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Os dados sobre a contabilidade dos desvios foram apresentados por Cleto à PGR, que ofereceu denúncia contra o parlamentar, o delator e mais três pessoas por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, entre outros crimes. De acordo com a peça de acusação, ainda mantida em sigilo pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Funaro era o responsável por pagar a parte de Cleto no esquema até 2012. Os dois, no entanto, brigaram naquele ano e Cunha pediu que o então vice da Caixa continuasse no cargo para manter o esquema em funcionamento.

"A partir de então, depois de aprovada uma operação em que fora solicitado apoio a Cleto, Cunha avisava sobre o pagamento de propina e o valor que havia cobrado da empresa. Com base nessa informação, Cleto preenchia a planilha de contabilidade com Cunha, conforme o porcentual de cada um dos envolvidos", diz a denúncia.

Na delação, Cleto contou aos investigadores que, quando passou a tratar somente com o deputado, Funaro tinha com ele ainda um saldo a quitar de US$ 434 mil (cerca de R$ 1,4 milhão). "Tendo o parlamentar assumido a dívida com Funaro, a planilha de contabilidade entre Eduardo Cunha e Cleto se inicia com a expressão 'dívidas com Maluco'. Maluco é o apelido de Funaro", afirma a PGR.

Como antecipou o estadão.com.br no dia 1º deste mês, Cleto contou na delação que as empresas pagavam cerca de 1% do valor dos investimentos aprovados pelo FGTS a Cunha. Desse montante, 80% era o que ficava com o deputado e o restante era rateado entre os demais envolvidos.

De acordo com a denúncia, Cleto recebeu US$ 2,1 milhões (cerca de R$ 6,8 milhões) em propinas em contas na Suíça. Outros R$ 520 mil foram pagos em espécie por Cunha ou pessoas por ele indicadas.

Cleto contou que a briga com Funaro se deu porque ele era muito agressivo ao tratar das propinas na Caixa. Numa ocasião, segundo o delator, o corretor teria ameaçado atear fogo em sua casa, com os filhos dentro.

Cleto relatou que, até 2012, Funaro também mantinha uma planilha para discriminar os valores do esquema. O documento, apresentado à PGR, lista valores que o ex-vice da Caixa teria a receber de uma conta encerrada no exterior, em nome da offshore Rockfront, e também das vantagens pagas no esquema do FGTS.

Nos registros de contabilidade entregues à PGR, o próprio Funaro escreve à mão: "saldo que eu te devo", em referência aos US$ 434 mil. Cunha nega recebimento de qualquer vantagem indevida e alega que, se Cleto cometeu irregularidades, deve responder por elas. O deputado desafia seus acusadores a provar a veracidade das delações, bem como sua vinculação com contas no exterior.

A defesa de Funaro afirma que provará, no curso do processo, a inocência de seu cliente.

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara retomou na manhã desta quarta-feira (13) a sessão que debate o processo de cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Com estratégias diversificadas, aliados do parlamentar tentam atrasar os trabalhos do colegiado.

Nesta terça-feira (12), o relator Marcos Rogério (DEM-RO) apresentou complementação de voto, no qual negou solicitação de Cunha para aditamento de recurso. Cunha busca retroceder seu processo de cassação por quebra de decoro parlamentar ao Conselho de Ética, que já decidiu pela aprovação da cassação. A sessão, suspensa após o início da ordem do dia, foi retomada nesta manhã.

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Por volta das 10h30, havia 32 inscritos para debater o tema. Cada membro da CCJ terá 15 minutos para falar, enquanto os não membros terão 10 minutos cada. Depois da discussão, o relator e a defesa de Cunha terão 20 minutos de fala.

Quando o décimo orador concluir sua fala, os adversários de Cunha devem entrar com requerimento para encerramento de discussão. A solicitação está prevista pelo regimento interno da Casa e precisa ser aprovada pelos membros do colegiado.

Aliado de Cunha, João Carlos Bacelar (PR-BA) argumentou que a sessão não poderia ser aberta, já que o quórum de 34 membros não teria sido atingido nos 30 minutos de tolerância após o horário marcado para o início da reunião. O presidente da comissão, Osmar Serraglio (PMDB-PR), negou o pedido. A defesa de Cunha solicitou uma declaração por escrito da decisão.

Hugo Motta (PMDB-PB), também da tropa de choque de Cunha, pediu que a ata da última reunião fosse lida em plenário. O objetivo é retardar o andamento dos trabalho e não votar hoje o recurso de Cunha, já que a expectativa é que ele seja derrotado. Motta entrou na CCJ há poucos dias, na vaga de Leonardo Picciani (PMDB-RJ), que se licenciou para assumir o Ministério do Esporte.

No início da sessão, outro defensor de Cunha, Carlos Marum (PMDB-MS), chegou a perguntar se ainda há possibilidade de pedir vistas ao processo, mas obteve resposta negativa.

Já eram mais de sete da noite da terça-feira (12) e o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) seguia sentado na mesa da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). De costas para o quadro "Tiradentes ante o carrasco", que decora o plenário, o peemedebista passou mais de quatro horas acompanhando a comissão, onde fazia as últimas tentativas de reverter seu processo de cassação. Mas entre acusações de rivais e estratégias de seus apoiadores para ganhar tempo, Cunha era esperado ansiosamente por um declarado fã mirim.

Do lado de fora do plenário, observando pelo vidro escurecido da porta cercada por três seguranças, Gabriel, de seis anos, esperava o momento certo para abraçar e tirar uma foto com quem era, há até pouco tempo, um dos mais poderosos deputados a comandar a Câmara. As palavras são da própria mãe, a advogada Gláucia Oliveira: "É um sonho dele. É fã número um", disse.

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A mãe conta que Gabriel soube de Cunha em um debate sobre o impeachment na escola. Curioso, ouviu do avô as histórias do político. Quando via os jornais, perguntava à mãe: "Por que estão mexendo com o Cunha?". Num tom de quem quer preservar a criança de um trauma, a mãe disse que evita conversar sobre as acusações que pesam sobre os ombros do peemedebista.

A família veio a Brasília para uma consulta médica. Desde que chegou à capital federal no último sábado, Gabriel insistiu para conhecer o parlamentar. Primeiro, foram à residência oficial, um dos últimos direitos de presidente da Casa dos quais Cunha ainda desfruta, depois de renunciar ao cargo. A visita, entretanto, não foi bem sucedida. Nessa terça-feira, Gláucia levou o garoto à Catedral de Brasília. "Ele foi rezar pelo Cunha", disse.

Pelo rádio, ouviram que a CCJ recebia o peemedebista para que ele apresentasse seus argumentos de defesa. Vieram rapidamente à Câmara, chegaram à porta da comissão e, depois de negociar com seguranças e assessores, conseguiram entrar no plenário. Acompanhado também da babá, Gabriel finalmente cumprimentou Cunha, trocou algumas palavras com ele e tirou fotos, que acabaram registradas por toda a imprensa.

A mãe prefere não opinar sobre o futuro do parlamentar. Para ela, que não se posiciona contra ou a favor da cassação, o cenário ainda está indefinido e há espaço para que o deputado afastado se defenda.

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) rejeitou na noite desta terça, 12, um pedido do deputado Carlos Marun (PMDB-MS) para adiar por 10 dias a análise do recurso do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Marun é membro da "tropa de choque" de Cunha.

Foram 11 votos favoráveis ao recurso, 40 contrários e apenas uma abstenção. O placar foi interpretado como uma sinalização de quantos votos existem hoje na CCJ contra o peemedebista.

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Se a sessão for interrompida hoje pelo início da ordem do dia, os trabalhos serão retomados às 9h30 desta quarta-feira (13). A inscrição para discursos de mais parlamentares foi encerrada hoje. Trinta e seis deputados foram inscritos e foram registrados seis votos em separado.

Durante a votação do requerimento de Marun, o relator do processo de cassação no Conselho de Ética, Marcos Rogério (DEM-RO), anunciou que não participará da votação do recurso. Mais cedo, a defesa de Cunha ameaçou judicializar o processo se o relator no conselho participasse da votação.

Ao analisar milhares de mensagens do celular do ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio de Azevedo, a Polícia Federal encontrou mais um pedido de doações do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para seu correligionário Henrique Eduardo Alves (PMDB) no período em que o último era candidato ao governo do Rio Grande do Norte, em 2014.

Cunha já é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por pedir doações para Alves ao presidente de outra empreiteira, a OAS.

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Henrique Alves pediu demissão do Ministério do Turismo em 16 de junho, diante dos avanços da Lava Jato que, em colaboração com a Suíça, identificou uma conta do peemedebista no país europeu e inclusive já o denunciou por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Além disso, ele foi denunciado junto com Eduardo Cunha sob a acusação de participar do esquema de corrupção envolvendo os negócios financiados pelo FI-FGTS.

Os dados do celular de Otávio Azevedo reforçam as suspeitas sobre a atuação de Cunha junto a empreiteiros e que ele teria repetido o expediente de pedir apoio a Henrique Alves com outros empresários.

Em troca de mensagens no aplicativo Whatsapp em julho de 2014, o Cunha passa ao empreiteiro os dados da conta da campanha de Henrique Alves ao governo do Rio Grande do Norte. Oficialmente, a Andrade Gutierrez doou R$ 100 mil para a campanha do peemedebista, que foi derrotado nas eleições para governador naquele ano. O vencedor foi Robson Faria, do PSD.

Cunha também passa os dados de uma conta que seria do diretório do PMDB no Rio e um CNPJ que seria dele mesmo. Ao final das mensagens, que não têm resposta de Otávio, ele cobra "fez Henrique?". Apesar do silêncio, cerca de duas horas depois o empreiteiro encaminha os dados da conta de Henrique Alves para um outro executivo da Andrade.

Henrique Eduardo Alves é alvo de inquérito justamente pelas trocas de mensagens em que Cunha pede recursos para ele. Para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, as doações recebidas pelo ex-ministro do Turismo seriam, na verdade, propina.

Defesas

Henrique Alves vem negando envolvimento em irregularidades e diz que suas doações foram declaradas e legais. A reportagem telefonou para o celular do peemedebista, mas ele não atendeu. A reportagem também entrou em contato com a assessoria de Cunha, que também não respondeu. O espaço está aberto para a manifestação de ambos.

"A Andrade Gutierrez mantém o compromisso de colaborar com a Justiça. Além disto, tem feito propostas concretas para dar mais transparência e eficiência nas relações entre setores público e privado", manifestou-se a empresa por meio de nota.

A defesa da jornalista Cláudia Cruz, mulher de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), vai tentar desvincular sua cliente da acusação de corrupção passiva da qual o marido é alvo. Na "resposta à acusação" protocolada no final da noite desta segunda-feira, 11, na 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba, os advogados argumentam que na offshore em nome de Cláudia na Suíça não passou o dinheiro que o Ministério Público aponta como sendo oriundo de "práticas ilícitas" de Cunha junto à Petrobras.

Cláudia é denunciada por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. De acordo com o Ministério Público, a jornalista "tinha plena consciência dos crimes que praticava" ao ocultar, dissimular e movimentar mais de US$ 1 milhão "provenientes de crimes praticados por Cunha junto à diretoria Internacional da Petrobrás".

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A defesa da jornalista argumenta que os recursos apontados na denúncia como tendo sido recebidos ilicitamente por Cunha passaram, nessa ordem, pelas contas Orion SP e Netherton Investments, das quais o peemedebista afirma ser usufrutuário, mas não chegaram à Kopek, em nome de Cláudia. "Os valores repassados pela Netherton à Kopek não são aqueles oriundos da Orion SP, que supostamente têm origem em vantagens ilícitas", afirmam.

"Ainda que se tenha por verdadeira e comprovada a corrupção passiva na transação envolvendo o campo de exploração de petróleo em Benin, os valores supostamente auferidos por Eduardo Cunha naquele episódio jamais foram transferidos à conta Kopek".

Para rebater a acusação de evasão de divisas, a defesa anexou parecer do advogado Tadeu De Chiara, professor de Direito Bancário, no qual ele argumenta que parte do valor que Cláudia tinha na conta se referia a uma garantia para o cartão de crédito e que este dinheiro não estava disponível para gastos. Segundo a defesa, Cláudia teria disponível um montante inferior ao US$ 100 mil. Pela regra estabelecida pelo Banco Central, apenas valores acima deste limite devem ser declarados.

Os advogados alegam ainda que houve cerceamento de defesa e constrangimento legal, uma vez que não tiveram acesso à íntegra dos documentos produzidos pelas autoridades suíças. A defesa de Cláudia Cruz pede ainda a suspensão do processo até que as autoridades do país europeu envie os documentos e a anulação da denúncia de lavagem de dinheiro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) renunciou, na última quinta-feira (07), à presidência da Câmara. Ele já estava afastado do cargo desde o dia 5 de maio por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Investigado pela Operação Lava Jato, o deputado possui sérias acusações relacionadas ao esquema de corrupção. Além disso, ele também é investigado pelo Conselho de Ética em um processo que pode resultar em advertência ou até mesmo na cassação de seu mandato. O anúncio da decisão de renunciar à presidência foi feito no Salão Verde da Câmara sob gritos de “fora Cunha”. Os olhos do ex-presidente ficaram cheios de lágrimas e sua voz embargou ao se referir à família, que, de acordo com ele, foi alvo de perseguição.

Confira, no vídeo abaixo, algumas opiniões sobre a renúncia de Cunha: 

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Conhecido na Câmara dos Deputados por ter sido premiado 12 vezes na loteria em 1997, o atual segundo vice-presidente da Casa, Fernando Giacobo (PR-PR), viu na decisão do Supremo Tribunal Federal de afastar o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e agora com a renúncia do peemedebista, uma oportunidade política valiosa. Segundo resume um aliado, "ele sabe a hora que o cavalo passa para pular em cima".

De perfil individualista, Giacobo desafiou a direção do partido e a bancada para chegar à segunda vice-presidência. Nesta semana, tenta viabilizar sua candidatura ao comando da Casa.

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Na escolha para a vice, o PR havia feito uma eleição interna e Lúcio Vale (PR-PA) derrotou seu nome para a indicação oficial do partido. Inconformado, Giacobo lançou candidatura avulsa e, com ajuda de Cunha e da bancada ruralista - ao qual se aproximou no período em que presidiu a Comissão de Agricultura - venceu Vale na votação em plenário.

Como todos os antigos aliados de Cunha que decidiram disputar o mandato-tampão na presidência, Giacobo hoje afirma que nunca foi alinhado ao peemedebista. Durante a campanha de eleição para a Mesa Diretora, porém, distribuiu santinhos ao lado de Cunha. Na ocasião, o então líder da bancada Bernardo Santana (PR-MG) reclamou ao peemedebista do desconforto de ver seu liderado ao lado dele, uma vez que o partido havia decidido apoiar o petista Arlindo Chinaglia (PT-SP), então candidato do governo. Cunha respondeu que quem havia distribuído o material de campanha tinha sido o próprio Giacobo.

A relação com o PR, ao qual é filiado desde 2007, foi marcada por disputas, principalmente no Paraná. Ao tomar a direção estadual do partido, Giacobo quase foi expulso da sigla, mas conseguiu um salvo-conduto para mudar de partido sem correr o risco de a legenda pedir o mandato na Justiça Eleitoral. Não mudou porque, como havia conquistado o cargo na Mesa Diretora, se trocasse de legenda poderia perder a segunda vice-presidência.

Loteria. Enquanto Cunha presidia a Câmara com "mão de ferro", Giacobo - em seu quarto mandato de deputado federal - mantinha a fama de "festeiro", notívago e namorador. Quando questionado sobre a "sorte" na loteria, conta que era empresário e ganhou os R$ 124 mil em 1997 porque fez um bolão, comprou 2 mil bilhetes e, destes, 12 foram premiados.

Giacobo passou a ser notado no plenário quando o primeiro vice-presidente, Waldir Maranhão (PP-MA), desistiu de presidir as sessões e ele assumiu o comando das votações. No primeiro momento, os líderes partidários contavam com a experiência do primeiro secretário Beto Mansur (PRB-SP) para presidir as sessões no lugar de Maranhão, mas Giacobo mandou um recado: na ausência de Cunha e Maranhão, ele presidiria as sessões.

Nestes dois meses de ausência de Cunha em plenário, Giacobo comandou a maior parte das poucas sessões realizadas e provou ao PR que é o candidato mais viável para suceder o peemedebista. Agora é considerado o candidato oficial da bancada, embora nomes como Milton Monti (PR-SP) ameacem sua candidatura.

Desconfiança

Mesmo com o apoio do partido, Giacobo terá de vencer a desconfiança do Palácio do Planalto. A derrota do governo na votação da urgência constitucional do projeto sobre a renegociação da dívida dos Estados com a União é atribuída a ele e ao líder do governo, André Moura (PSC-SE), que teriam decidido encerrar a sessão cedo demais, impedindo os governistas de chegar a tempo para votar e garantir vitória ao Executivo. Tudo o que o Planalto não quer é um presidente da Câmara que não saiba a hora de colocar projetos em votação. "Não sou governo, não sou oposição, sou presidente na hora em que me sento lá", respondeu ao Estado, negando ter atrapalhado o Planalto.

Nos corredores da Casa, há quem diga que a derrota foi um recado de Giacobo ao governo porque estaria insatisfeito com a demora na nomeação de seus indicados, principalmente na diretoria de Itaipu. O parlamentar nega. "Para Temer, a vitória de Giacobo é a pior coisa que pode acontecer. Ele vai tirar o couro", comentou um deputado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com aval do Planalto, deputados fecharam neste domingo, 10, acordo para antecipar a eleição à sucessão na Câmara para as 19h desta quarta-feira (13). O acordo ainda precisa ser referendado hoje, em reunião da Mesa Diretora da Casa.

Em encontro com integrantes do Centrão, na casa do líder do PSD na Câmara, Rogério Rosso (PSD-DF), um dos favoritos na disputa, deputados decidiram pressionar o presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-PE), a rever sua decisão de convocar a eleição para a quinta-feira. Segundo parlamentares presentes nesta reunião, Maranhão concordou com a mudança da data.

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A negociação passou também pelo deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que integra a antiga oposição e deve ir para a disputa contra Rosso. Maia tem apoio de Maranhão e negocia aliança com o PT. Maia diz que foi procurado pelo líder do governo, André Moura (PSC-SE). "Eu não defendi nem terça, nem quinta, e sim um meio termo", afirmou Moura.

Na prática, Maia se tornou o principal interlocutor do presidente interino da Câmara nas negociações. Ao longo do dia, o deputado chegou a atender o telefone de Maranhão diversas vezes.

O ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, também conversou com Maia em busca de um acordo. "Eu falei com o Rodrigo e com o André Moura e fiz uma ponderação: não é bom que a eleição seja na quinta, às vésperas do recesso parlamentar", disse Geddel ao jornal O Estado de S. Paulo.

Sem conseguir unificar a base aliada em torno de um único candidato, o Planalto operou para antecipar a eleição por avaliar que, quanto mais tempo passar, o racha será maior. Na semana passada, Maranhão disse ao presidente em exercício Michel Temer que gostaria de permanecer no cargo.

Impasse

O impasse sobre a sucessão na Câmara começou após a renúncia de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), há quatro dias, quando Maranhão decidiu convocar a eleição para quinta-feira. Líderes do Centrão propuseram, então, que a disputa ocorresse dois dias antes, na terça.

A proposta foi interpretada como uma manobra, já que neste dia está prevista a reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para decidir se acata recurso de Cunha contestando o parecer que recomenda sua cassação. Diante do imbróglio, surgiu a ideia da eleição na quarta-feira.

Criticado por negociar apoio do PT, Maia jantou com o presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), no fim de semana, no Rio. O PSDB é um dos partidos que podem apoiá-lo.

O deputado do DEM disse ao Estado que Temer avalizou sua iniciativa de conversar com diversas siglas e negou o mal estar entre partidos da base. O Centrão, por sua vez, aponta a influência de Moreira Franco na operação para alavancar a candidatura de Maia.

Contrariado com esses rumores, Moreira postou no Twitter que o governo não deve atuar na sucessão de Cunha. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A demonstração de emoção e o aparente choro do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) durante seu pronunciamento de renúncia do comando da Câmara dos Deputados, às 13h30, agitou as redes sociais com um sem-fim de memes. Na hora seguinte, o tema se manteve em primeiro lugar dos mais comentados no microblog Twitter no País.

A montagem mais usada era a de Cunha recebendo a estatueta do Oscar de melhor ator. Jacarés aos prantos também não faltaram. A inovação ao longo da tarde veio com os GIFs. Um momento de angústia interpretado pela cantora Gretchen em um vídeo foi bastante replicado. Não ficaram de fora frases como "Tchau, querido".

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Se no Twitter foi difícil achar frases de apoio ao peemedebista, em seu perfil no Facebook elas fluíam em grande quantidade. Um dos comentários de agradecimento obteve, até o início da noite, 764 aprovações: "Sem ele não haveria Impeachment, ele foi brilhante sim!!! Sempre terá minha admiração e respeito, pois Independente de qualquer coisa, foi o único que teve a coragem de peitar o PT!!!".

Como este, outros mais de 1.500 usuários reagiram à postagem de Cunha com a íntegra de sua carta de renúncia, que trazia palavras como sofrimento, sofro, sofri e sofrendo. Poucas interações traziam comemorações. Suas postagens que negavam "categoricamente" sua renúncia, inclusive, foram apagadas da rede, como a que dizia: "Em resumo, desminto de novo o Estadão hj, na versão divulgada de que teria sido procurado com proposta de renúncia", escreveu ele em 13 de junho no Twitter.

A liderança de Cunha no microblog na tarde desta quinta-feira durou apenas três horas. Com o início da partida de futebol França e Alemanha, às 15h30, o deputado afastado caiu para terceiro, subiu para o segundo e se acomodou em terceiro às 20h. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A renúncia do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), alvejado pela Operação Lava Jato, foi vista pela presidente afastada Dilma Rousseff e por ex-ministros como uma "jogada" para tentar salvar o mandato dele. Em conversas reservadas, Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dirigentes do PT avaliaram que Cunha fez acordo com o presidente em exercício Michel Temer e também com o PSDB, para costurar o arquivamento do pedido de cassação.

O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, advogado de Dilma, disse que vai anexar o pronunciamento de Cunha no processo de defesa da presidente afastada. Ao renunciar, Cunha afirmou pagar "um alto preço por ter dado início ao impeachment" da petista.

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"O discurso dele cai como uma luva para demonstrar que esse processo foi, o tempo todo, movido por desvio de poder e vingança", afirmou Cardozo, que foi advogado-geral da União. "Está evidente a má-fé nos atos de Cunha", disse.

O então presidente da Câmara dos Deputados só aceitou a denúncia contra Dilma, em dezembro do ano passado, depois que o PT anunciou que não o apoiaria no Conselho de Ética.

A bancada do PT na Câmara vai agora trabalhar para dividir a base aliada de Temer no Congresso. A estratégia avaliada nos bastidores pelos petistas consiste em dar apoio a um candidato competitivo, que possa derrotar o nome de preferência do Palácio do Planalto.

O problema é que o PT também está rachado. Uma ala defende até mesmo o aval à candidatura do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) para se contrapor ao avanço de Rogério Rosso (PSD-DF), nome ligado a Cunha. No diagnóstico dos petistas, a renúncia de Cunha foi uma manobra que passou pelo Palácio do Planalto.

"Trata-se de uma jogada para salvar o mandato de um dos chefes do golpe e rearticular a base do governo ilegítimo de Temer", afirmou o ex-ministro das Relações Institucionais Ricardo Berzoini. "Há várias fissuras nessa base e, evidentemente, a renúncia tem o objetivo de amenizar a campanha pela cassação do mandato de Cunha", disse Berzoini. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Para o Palácio do Planalto, a renúncia de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara dos Deputados e a convocação das eleições para a sua sucessão foram "o melhor dos mundos" na tentativa de driblar a crise econômica, com votação de medidas importantes pelo Congresso.

A ideia do Planalto é não interferir diretamente na escolha do sucessor de Cunha, principalmente porque todos os postulantes ao cargo, até agora, são de partidos da base do governo.

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Aliados do presidente em exercício Michel Temer esperam que as candidaturas, que hoje somam 13, se afunilem. "Quem tiver capacidade de buscar o consenso em seu partido, sairá na frente, neste processo de sucessão, assim como o partido que tiver capacidade de aglutinar mais legendas em torno do seu candidato, certamente poderá liderar o processo", disse um interlocutor direto de Temer, salientando que a hora é de "aguardar um pouco os acontecimentos para saber para onde a maré vai levar e vai esperar afunilar as candidaturas".

No Planalto, a avaliação é de que "o momento do governo tem de ser de observação para que não saia "chamuscado ou até derrotado" nesse período. A intenção é ter tempo de sentir o pulso dos acontecimentos, aguardando as negociações dos partidos em torno dos nomes. "Há uma divisão muito grande entre os partidos da base aliada e, se o Planalto entrar opinando neste momento, pode acabar prejudicado", disse outro interlocutor presidencial, lembrando que "o momento é de muita conversa, de muito diálogo".

'Fiador'

Em várias conversas mantidas com integrantes do Planalto, Cunha queria o governo como "fiador" de que não teria o seu mandato cassado. O governo, no entanto, de acordo com interlocutores de Temer, alegou que não teria como orientar votos de aliados para salvar o peemedebista, ainda mais quando há uma forte pressão da opinião pública pedindo sua saída definitiva do cenário político.

Os movimentos do governo Temer eram, em todos os momentos, de demonstrar que Cunha não estava sendo abandonado, mas que também não estava tão próximo assim do governo.

Cunha, que é do PMDB, sempre foi aliado do governo, que reconhece que ele foi importante no processo de afastamento da presidente Dilma Rousseff, mas Temer, que chegou a receber Cunha no Palácio do Jaburu há dez dias, sabia que a derrocada do agora ex-presidente da Câmara era iminente.

Para o Planalto, a saída de Cunha da Presidência da Câmara foi "um alívio", mas o governo sabe que tem um complicado xadrez a enfrentar pela frente, ainda mais que já recebeu sinais de que o PMDB também vai pressionar por um candidato. Os dois principais nomes da legenda para o cargo, neste momento, são Osmar Serraglio (PR), e o líder Baleia Rossi (SP).

O fato de Cunha ter declinado sua preferência por Rogério Rosso (PSD-DF) acabou por prejudicar a sua imagem.

'Sem preferência'

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou que o governo "não tem preferência nem rejeição" por nenhum candidato para suceder Cunha. "O que interessa é unidade de sua base de sustentação, de nenhuma forma o governo vai procurar interferir (no processo de sucessão)", disse, durante coletiva do anúncio da meta fiscal de 2017.

Padilha ressaltou que Temer tem se caracterizado por uma postura de quem "defende a independência e harmonia entre Poderes. "Ele quer que o governo seja pautado por essas premissas", pontuou o ministro, reforçando que questões do Legislativo devem ser resolvidas no Legislativo. O ministro acrescentou que durante o tempo de afastamento de Cunha, por exemplo, as votações na Câmara foram conduzidas com "absoluta normalidade". Ele não citou a derrota de ontem, quando o governo não conseguiu aprovar a urgência para o projeto que trata da renegociação das dívidas dos Estados com a União. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após anunciar sua renúncia à presidência da Câmara, o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) protocolou um aditamento ao seu recurso na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara pedindo uma nova apreciação do processo que responde no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar.

Com o pedido, a sessão da comissão marcada para a segunda-feira, na qual deveria ser votado parecer sobre o recurso, foi adiada para terça-feira, mesmo dia marcado para a eleição do novo presidente da Câmara.

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O argumento utilizado pelo peemedebista no aditamento é que, ao deixar o comando da Casa, sua condição foi alterada "profundamente", por isso a necessidade da revisão do resultado do Conselho de Ética.

Na petição protocolada ontem, o deputado afastado diz que o exercício do cargo foi uma das razões de aprovação do pedido de cassação e que agora as circunstâncias mudaram, já que ele volta a ser apenas um deputado.

Aliado de Cunha, o presidente da CCJ, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), justificou o adiamento da sessão pela necessidade de obter mais tempo para analisar o aditamento. "Queremos evitar nulidade."

Logo após a renúncia, parlamentares avaliaram que a decisão de Cunha poderia sensibilizar membros da CCJ a votar a favor do parecer de Ronaldo Fonseca (PROS-DF) - que acatou um dos itens do recurso -, o que faria o processo voltar ao Conselho de Ética. "A Casa tem que entender como um gesto positivo", disse o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), outro aliado de Cunha. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os partidos do Centrão atropelaram a decisão do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), e conseguiram antecipar a disputa pela presidência da Casa para a próxima terça-feira (12). Inicialmente, Maranhão havia estabelecido que a data seria na quinta-feira. A mudança no calendário foi definida em reunião realizada no fim da tarde de ontem comandada pelo líder do governo, André Moura (PSC-SE), e o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), aliados do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Até ontem, eram 14 candidatos a sucessão do peemedebista.

"Ficou decidido pela maioria dos líderes que representam 280 deputados, segundo a contabilidade feita, que o processo de eleição se dará na terça-feira às 13h59min, porque já havia uma sessão convocada. Essa decisão é permitida pelo regimento da Casa e agora obviamente vamos cumprir o que foi determinado pelos líderes", afirmou Moura após a reunião.

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O atropelo dos líderes tem como base o artigo 67 do regimento interno da Câmara, que prevê que uma sessão extraordinária pode ser convocada pelas lideranças partidárias que representem no mínimo 257 deputados. Na reunião que decidiu a data da eleição, havia lideranças que contabilizavam 280 parlamentares, contra 143 que votaram contra o adiantamento da eleição.

São candidatos pelo PSB Hugo Leal (RJ), Júlio Delgado (MG) e Heráclito Fortes (PI); pelo PMDB, Osmar Serraglio (PR) e Marcelo Castro (PI), pelo PSDB, Antônio Imbassahy (BA); pelo DEM, Rodrigo Maia (RJ) e José Carlos Aleluia (BA), pelo PSD, Rogério Rosso (DF); pelo PP, Esperidião Amin (SC); pelo SD, Carlos Manato (ES); pelo PRB, Beto Mansur (SP); pelo PR, Fernando Giacobo (PR) e pelo PTB, Cristiane Brasil (RJ).

Entre os nomes cotados, Rogério Rosso é um dos que mais agrada aos partidos do Centrão, por se tratar de um perfil conciliador e com capacidade de unir os partidos da base governista. Além do líder do PSD, são considerados fortes Rodrigo Maia e Fernando Giacobo, este último atual vice-presidente e que vem presidindo a maior parte das sessões plenárias no lugar de Maranhão.

A data escolhida pelos líderes coincide com a reunião da Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) que analisaria o recurso de Cunha. Com a manobra, a sessão no colegiado deve ser adiada, prorrogando um desfecho para o processo do deputado afastado. Caso haja o novo adiamento, a previsão é de que a CCJ só vote o recurso do peemedebista em agosto, após o recesso Legislativo.

A decisão provocou a revolta dos partidos contrários ao peemedebista (Rede, PSDB, DEM e PSB), que se retiraram da reunião dos líderes como forma de protesto. Legendas da oposição (PT, PSOL e PC do B) não participaram do encontro.

"Estão achando que a gente é bobo. Quem é que não percebe que isso é uma manobra? Isso é evidente", afirmou o líder da Rede, Alessandro Molon (RJ).

Lideranças próximas de Cunha negam manobra para salvá-lo. Eles alegam que, com a renúncia, o processo da CCJ virou secundário e que o objetivo é acabar com a falta de comando na Câmara.

Planalto

Após a decisão de adiantar a eleição na Câmara, Maranhão esteve no Palácio do Planalto na noite de ontem para apelar ao presidente em exercício Michel Temer. A informação no Planalto, porém, é de que Temer não deve interferir. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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