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Dois dias após ter sido cassado pelo plenário da Câmara, o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) decidiu acelerar a produção do livro onde pretende contar os bastidores da abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Além do livro, Cunha intensificou o encontro com advogados para discutir sua defesa agora que perdeu o foro privilegiado.

Logo que o plenário confirmou a perda do mandato, Cunha anunciou que escreveria um livro contando os bastidores que antecederam sua decisão de autorizar o processo de impedimento da petista. O peemedebista alegou que a sociedade merecia conhecer os detalhes da história recente do País. Não demorou muito e três editoras já manifestaram interesse em publicar o livro. "O livro vai ter um valor histórico, mas não acredito que terá efeito bombástico", disse o vice-líder da bancada do PMDB, Carlos Marun (PMDB-MS).

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Fontes contam que Cunha está superando a tristeza diante da derrota acachapante de 450 votos à favor de sua cassação se ocupando do livro e das conversas com advogados. "Não é o Eduardo Cunha poderoso de tempos atrás, mas continua sendo uma pessoa determinada", afirmou Marun. Ontem, ele recebeu Marun para agradecer pessoalmente o esforço do colega de bancada em sua defesa no plenário. "Vi um ambiente de mágoa", contou Marun.

Cunha fez questão de receber Marun, mas se recusou a receber os "traidores". Um líder de um dos partidos do chamado "centrão" apareceu no prédio onde fica o apartamento funcional ocupado pelo peemedebista. Quando o porteiro anunciou a presença do deputado, Cunha mandou dizer que não o receberia. Segundo fontes, o peemedebista não vai receber seus antigos aliados que votaram favorável a sua cassação.

O peemedebista deve continuar no apartamento funcional de Brasília até o final do prazo de 30 dias dado pela Câmara para que ele deixe o imóvel. Seu gabinete na Casa já foi desocupado e seus funcionários dispensados. Cunha já perdeu o direito a segurança da Polícia Legislativa, uso do carro oficial da Câmara, receberá apenas o salário proporcional aos dias em que ainda tinha mandato e aposentadoria proporcional ao tempo de contribuição. A primeira secretaria da Câmara pediu informações aos técnicos se o peemedebista ainda terá direito ao plano de saúde que é oferecido a ex-parlamentares, uma vez que sua condição hoje é de deputado cassado.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta terça-feira (13) não estar preocupado com possíveis revelações que o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) promete fazer contra políticos. "Não (me preocupa). Acho que é normal. Acontece. A vida é assim", afirmou Maia.

Em entrevista nessa segunda-feira (12) após ter o mandato cassado, Cunha acusou Maia e o governo Michel Temer de terem articulado, junto com o PT, sua cassação. O peemedebista afirmou ainda que seu sucessor não se comportou conforme o regimento interno da Câmara.

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Na avaliação de Cunha, o governo, ao patrocinar a eleição de Maia, agiu em favor da sua perda de mandato. Segundo o peemedebista, a eleição de Maia foi comandada pela "eminência parda" de Moreira Franco, sogro do atual presidente da Câmara e secretário-executivo do Programa de Parcerias de Investimentos.

O deputado cassado ainda negou que tenha intenção de fazer delação premiada porque "só faz delação quem é criminoso", mas anunciou que escreverá um livro sobre o impeachment de Dilma, contando os bastidores do processo e os diálogos com todos os personagens envolvidos.

A imprensa internacional destaca nesta terça-feira (13) a cassação do mandato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), votada na noite da segunda-feira (12) por seus pares na Câmara. A maioria dos jornais estrangeiros descreve o agora ex-deputado carioca como um dos principais líderes do processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff e todos destacam a longa lista de acusações contra ele.

"O Congresso brasileiro expulsou o legislador que liderou o impeachment de Dilma, refletindo que o sistema político continua conturbado", aponta o americano "The New York Times". Já o "Washington Post" lembra que, cassado, Cunha perde o foro privilegiado e agora vai ser julgado por uma instância inferior do Judiciário, "vista como mais dura do que a Corte Suprema, que lidava com o caso até agora".

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O argentino "Clarín" descreve Cunha como um ultraconservador, evangélico e profundo conhecedor dos labirintos regimentais do Congresso, acusado de ter contas não declaradas na Suíça, onde supostamente recebeu subornos milionários. "Cunha sobreviveu politicamente apenas duas semanas a Dilma Rousseff, sua feroz inimiga", aponta o periódico.

Na Europa, o caso ganhou menos destaque. Entre os sites que noticiaram a cassação, o alemão "Der Spiegel" lembra que Cunha "é um dos numerosos políticos e empresários que estão envolvidos no escândalo de corrupção em torno da petrolífera brasileira Petrobras".

Dos 512 deputados em exercício na Câmara, 42 não compareceram à votação da cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na noite desta segunda-feira (12). A maioria desses parlamentares é aliada do peemedebista. Ausências e abstenções eram favoráveis a Cunha.

A maioria dos faltosos é do PMDB. Dos 66 integrantes do partido, dez não apareceram para votar. A maioria deles é aliada de Cunha, como José Priante (PA), Hugo Motta (PB), Soraya Santos (RJ), Washington Reis (RJ), Fernando Jordão (RJ), Fábio Reis (SE) e Rogério Peninha (GO).

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Logo em seguida no ranking dos faltosos, aparecem os deputados do Centrão - grupo de 13 partidos liderados por PP, PSD, PR e PTB e principal base de sustentação de Cunha na Câmara. No PP (47 deputados), PR (42 deputados) e PTB (18 deputados), houve cinco faltas em cada.

No PR e no PTB, os líderes do partido não compareceram. Aliados de primeira hora de Cunha, Aelton Freitas (PR-MG) e Jovair Arantes (PTB-GO) se ausentaram da votação. Os deputados Toninho Wandscheer (PROS-PR) e Marcelo Matos (PHS-RJ) estavam licenciados por problemas de saúde.

Cunha teve o mandato cassado nesta segunda-feira por 450 votos favoráveis, 10 contrários e 9 abstenções. Como presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) conduziu os trabalhos, mas não participou da votação.

Veja a lista dos faltosos:

1. EDIO LOPES (PR-RR)

2. HIRAN GONÇALVES (PP-RR)

3. MARCOS REATEGUI (PSD-AP)

4. ROBERTO GÓES (PDT-AP)

5. VINICIUS GURGEL (PR-AP)

6. JOSÉ PRIANTE (PMDB-PA)

7. JOSUÉ BENGTSON (PTB-PA)

8. LINDOMAR GARÇON (PRB-RO)

9. JÉSSICA SALES (PMDB-AC)

10. JUNIOR MARRECA (PEN-MA)

11. GORETE PEREIRA (PR-CE)

12. IRACEMA PORTELLA (PP-PI)

13. HUGO MOTTA (PMDB-PB)

14. ADELSON BARRETO (PR-SE)

15. FABIO REIS (PMDB-SE)

16. PASTOR LUCIANO BRAGA (PMB-BA)

17. CACÁ LEÃO (PP-BA)

18. AELTON FREITAS (PR-MG)

19. LEONARDO QUINTÃO (PMDB-MG)

20. LUIZ FERNANDO FARIA (PP-MG)

21. MARCELO ARO (PHS-MG)

22. RAQUEL MUNIZ (PSD-MG)

23. CRISTIANE BRASIL (PTB-RJ)

24. FELIPE BORNIER (PROS-RJ)

25. FERNANDO JORDÃO (PMDB-RJ)

26. LUIZ CARLOS RAMOS (PTN-RJ)

27. MARCOS SOARES (DEM-RJ)

28. SORAYA SANTOS (PMDB-RJ)

29. WASHINGTON REIS (PMDB-RJ)

30. DR. SINVAL MALHEIROS (PTN-SP)

31. GILBERTO NASCIMENTO (PSC-SP)

32. GUILHERME MUSSI

33. NELSON MARQUEZELLI (PTB-SP)

34. ALEXANDRE BALDY (PTN-GO)

35. JOVAIR ARANTES (PTB-GO)

36. PEDRO CHAVES (PMDB-GO)

37. FERNANDO FRANCISCHINI (SD-PR)

38. TAKAYAMA (PSC-PR)

39. ROGÉRIO PENINHA MENDONÇA (PMDB-SC)

40. SÉRGIO MORAES (PTB-RS)

41. TONINHO WANDSCHEER (PROS-PR)

42. MARCELO MATOS (PHS-RJ)

Quem votou a favor de Cunha:

1. CARLOS ANDRADE (PHS-RR)

2. CARLOS MARUN (PMDB-MS)

3. ANDRÉ ABDON (PP-AL)

4. JOÃO CARLOS BACELAR (PR-BA)

5. WELLINGTON ROBERTO (PR-PB)

6. JÚLIA MARINHO (PSC-PA)

7. PASTOR MARCO FELICIANO (PSC-SP)

8. DÂMINA PEREIRA (PSL-MG)

9. JOZI ARAÚJO (PTN-AP)

10. PAULO PEREIRA DA SILVA (SD-SP)

 

Quem se absteve:

1. ALBERTO FILHO (PMDB-MA)

2. MAURO LOPES (PMDB-MG)

3. SARAIVA FELIPE (PMDB-MG)

4. NELSON MEURER (PP-PR)

5. RÔNEY NEMER (PP-DF)

6. DELEGADO EDSON MOREIRA (PR-MG)

7. LAERTE BESSA (PR-DF)

8. ANDRÉ MOURA (PSC-SE)

9. ALFREDO KAEFER (PSL-PR)

O deputado afastado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) negou na tarde desta segunda-feira, 12, que pretende renunciar ao mandato.

Questionado pela reportagem se procedia a informação de que iria abrir mão do cargo diante da possibilidade de o plenário iniciar a votação do processo de cassação no dia de hoje, o peemedebista foi enfático: "Não. Sem a menor chance".

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Apesar das negativas de Cunha, dentro da Câmara circula, entre alguns parlamentares, a informação de que ele deverá renunciar ao cargo, antes ou durante a sessão, marcada para as 19h.

Em meio aos rumores, integrantes da assessoria técnica da Casa esclareceram aos jornalistas que, caso Cunha apresente um pedido de renúncia, ele continuará com a prerrogativa do foro privilegiado até a conclusão da votação.

A renúncia, no entanto, não interrompe o processo, ou seja, a Câmara ainda assim deve votar a cassação. Mas, diante do impacto da decisão do peemedebista, há a possibilidade de a sessão ser tumultuada por ação de aliados do deputado e obrigue o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a interrompê-la. Assim, Cunha ganharia tempo e continuaria com foro privilegiado até ser marcada nova sessão e a votação definitiva do processo.

Às 16h05, o painel da Câmara já registrava a presença de 218 deputados na Casa e 159 na sessão. Alguns aliados do peemedebista, que integram o chamado Centrão, dão como certo que haverá quórum suficiente para votar o processo de cassação hoje.

Rodrigo Maia tem ressaltado, contudo, nos últimos dias, que só abrirá a sessão caso tenha um quórum mínimo de 420 deputados. Para que Cunha seja cassado é necessário no mínimo 257 votos.

A ordem no Palácio do Planalto é tentar deixar a expectativa diante da votação da cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) "do outro lado da rua", ou seja, na Câmara. Questionado, ao final da cerimônia de ratificação do Acordo de Paris no Palácio do Planalto, sobre como estava acompanhando a "novela" em torno da votação do peemedebista, o presidente Michel Temer limitou-se a dizer: "Perguntem ao Rodrigo Maia", referindo-se ao presidente da Câmara, que estava ao seu lado.

Os dois, entretanto, deixaram o salão sem responder a mais perguntas.

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Os ministros José Serra (Relações Exteriores) e Sarney Filho (Meio Ambiente) também foram questionados durante coletiva de imprensa, por serem parlamentares afastados, se acreditavam que o caso Cunha teria desfecho nesta segunda. No entanto, nenhum dos dois quis se manifestar.

"Prefiro não opinar sobre isso", disse Sarney. "Tenho a mesma opinião", completou Serra.

A Operação Catilinárias apreendeu na casa do ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN) documentos judiciais em nome do ex-presidente da Câmara, deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A PF encontrou com Henrique Alves - ministro nos governos Dilma e Temer - a cópia de um ofício assinado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, uma petição de um escritório de advocacia supostamente contratado por Eduardo Cunha e um requerimento do Ministério Público do Rio.

A Catilinárias, desdobramento da Lava Jato, foi deflagrada em 15 de dezembro de 2015 e atingiu os caciques do PMDB, alvos de mandados de busca e apreensão. O relatório de análise do material apreendido foi finalizado em 11 de julho deste ano.

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O documento destaca que a Federal apreendeu na casa de Henrique Alves uma cópia de um ofício da Procuradoria-Geral da República, de 29 de abril de 2015, "no interesse do Inquérito 3983-DF, em andamento no Supremo Tribunal Federal, endereçado ao Promotor de Justiça de Tutela Coletiva da Cidadania do Rio de Janeiro, Andre Luiz Noira Passos da Costa, cujo teor, em síntese, solicita o compartilhamento das cópias dos autos, ambos em trâmite na 10ª Vara da Fazenda Pública do Rio de Janeiro".

O inquérito, segundo o relatório da PF, trata de investigação referente ao recebimento de vantagens indevidas relacionadas à aquisição de navios-sonda para perfuração de poços de petróleo da Petrobras.

"É cediço que o investigado Eduardo Cunha responde por enriquecimento ilícito e improbidade administrativa nestes processos no âmbito da Justiça Estadual do Rio de Janeiro", anota a Federal.

"Chama atenção este documento estar nas dependências da residência de Henrique Eduardo Alves, já que se trata, em primeira análise, de matéria alheia a sua vida particular ou profissional", prossegue o documento. "Neste caso, acredita-se que, possivelmente, o investigado estivesse podendo fazer algum tipo de intermediação em favor de Eduardo Cunha ou estivesse procurando tomar conhecimento de assuntos relacionados a este. Tal fato também reforça a grande ligação existente entre os investigados, conforme já se verificou no bojo de toda a investigação."

A petição do escritório de advocacia também apreendida na casa de Henrique Alves é de 23 de junho de 2015. O documento é referente a um processo em que o investigado Eduardo Cunha é réu em ação de improbidade administrativa movida pelo Ministério Público do Rio.

"Mais uma vez, reforça a ligação de Henrique Eduardo Alves com Eduardo Cunha, já que se trata de uma via de peça judicial do Escritório de Advocacia possivelmente contratado por Eduardo Cunha e que, estranhamente, fora encontrado nas dependências da residência de Henrique Eduardo Alves. Cumpre destacar que o conteúdo da petição se refere ao pedido formulado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, onde o causídico apresenta razões para o seu indeferimento alegando, inclusive, que o processo estaria sob segredo de justiça, o que robustece a suspeita sobre a origem destes documentos no local objeto da busca e apreensão", registra a PF.

A Polícia Federal sugere que os três documentos sejam retidos com os investigadores "por se tratar de material probatório relevante" e "por ser um documento judicial que, a principio, está sob segredo de Justiça".

A reportagem ligou para o celular de Henrique Alves na sexta-feira, dia 9, mas o telefone estava desligado. No PMDB do Rio Grande do Norte, legenda da qual o ex-ministro é presidente estadual, ninguém atendeu às ligações.

O deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disse já ter falado "algumas vezes" com Michel Temer já na condição de presidente. "É uma conversa natural, temos uma relação", afirmou o ex-presidente da Câmara, que terá sua cassação apreciada pelo plenária da Casa nesta segunda-feira (12). Perguntado pelo repórter Roberto Cabrini, do programa Conexão Repórter, do SBT, sobre o teor dos diálogos com Temer, Cunha preferiu manter sigilo. "Conversas com presidentes a gente não revela, a não ser que parta deles."

Exibido na madrugada desta segunda-feira, o programa apresentado por Cabrini mostrou a rotina do parlamentar nas últimas duas semanas - incluindo o momento em que Cunha dá um leve sorriso ao acompanhar pela televisão, em seu apartamento funcional em Brasília, o desfecho do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 31 de agosto. "Não foi uma vitória pessoal, busquei cumprir o meu dever", afirmou, sobre a deposição da petista.

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Foi Cunha quem acatou, como presidente da Câmara, em dezembro do ano passado, a denúncia que resultaria no impeachment. Ele também presidiu a sessão da Casa, em 17 de abril, que autorizou a ida do processo para o Senado e que destitui Dilma provisoriamente. "Não sinto orgulho, sinto que cumpri minha obrigação de dar curso à denúncia. Foi o coletivo da Câmara e do Senado que concluiu pela culpa da presidente."

Duas semanas depois de liderar a sessão que tirou Dilma do Palácio do Planalto, Cunha foi afastado do cargo de deputado pelo Supremo Tribunal Federal por suspeita de participar de esquemas de arrecadação de propinas em obras investigadas pela Operação Lava Jato. No início de julho, ele renunciou ao cargo de presidente da Câmara.

Na entrevista a Cabrini, o parlamentar negou diversas vezes ter recebido propina ou participado de qualquer esquema irregular. "Eu não sou corrupto", afirmou. Sobre acusações de que estaria envolvido em esquema que viabilizou, em 2006, a construção de um navio-sonda, Cunha disse que, à época, fazia oposição ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Nunca vi ninguém beneficiar a oposição."

Os diversos delatores que apontaram o deputado afastado como beneficiário de propina, segundo ele, são "mentirosos", já que seus depoimentos seriam contraditórios. "Não recebi US$ 5 milhões, nem um, nem zero." Além disso, disse Cunha, "palavra não é comprovante".

Ele usou o exemplo de outro peemedebista que é alvo de denúncias para exemplificar a fragilidade dos relatos de colaboradores da Justiça. "O (presidente do Senado) Renan Calheiros, por exemplo, tem 11 inquéritos abertos contra ele. No entanto, não houve denúncia."

Cunha voltou a descartar que fará acordo de delação premiada, em caso de cassação. "Só faz delação quem cometeu crime. Eu não cometi crime, não tenho o que delatar." Quanto à votação de sua cassação, disse que não pensa na hipótese. "Confio plenamente nos meus pares que vão me julgar."

Sobre as contas que possui no exterior, o ex-presidente da Câmara voltou a alegar que são recursos provenientes de sua atividade privada, de "30 anos atrás".

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin rejeitou na noite deste domingo (11) o pedido feito pela defesa do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para que fosse suspenso o processo político-disciplinar que pode levar à sua cassação nesta segunda-feira (12). Os advogados do peemedebista queriam que o processo fosse suspenso provisoriamente até que o STF se pronunciasse sobre o formato da votação.

Em uma cartada final para reverter o cenário desfavorável que se desenha na Câmara dos Deputados, a defesa de Cunha impetrou um mandado de segurança na sexta-feira (9). Os advogados de Cunha querem que o plenário da Câmara vote um projeto de resolução e possa apresentar destaques, o que poderia contribuir para a proposição de uma pena mais branda.

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Fachin também solicitou que a Câmara dos Deputados prestasse informações sobre o processo de Cunha dentro de um prazo de dez dias.

Ao citar o processo de impeachment de Dilma Rousseff, os advogados de Cunha pedem "isonomia" e ressaltam que a apresentação de destaques naquela ocasião reafirmou "a legitimidade deste instrumento para a efetividade do exercício dos poderes inerentes à competência processante dos parlamentares em condição de juiz natural".

Na votação fatiada do impeachment de Dilma, os senadores votaram pela cassação do mandato da petista, mas mantiveram o seu direito de exercer funções públicas.

Na quinta-feira (8), por 10 votos a 1, o plenário do STF negou um outro recurso de Cunha que pedia a suspensão do processo de cassação na Câmara. A alegação da defesa era de que o processo contra o peemedebista também deveria ter sido suspenso depois que o deputado foi afastado do mandato.

Segundo a defesa de Cunha, o deputado afastado está sofrendo um "linchamento". "Contra o meu cliente vale tudo. É o nome na capa, não é como um cidadão brasileiro. Jamais fariam isso com outro cidadão brasileiro", disse o advogado Marcelo Nobre durante o julgamento.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), demonstrou nesta quinta-feira, 8, confiança de que haverá quórum suficiente na próxima segunda-feira, 12, para votar o pedido de cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Analisando o resultado das enquetes com os parlamentares sobre as intenções de voto, Maia afirmou não ver motivos para que menos de 470 deputados compareçam à sessão. "Os resultados estão muito contundentes. Não acho que um deputado que declarou voto vai para outro caminho", observou.

Maia destacou que é papel dos parlamentares comparecerem à sessão de cassação e disse que vai resolver o caso Cunha na segunda-feira. "Será votado no dia 12 de setembro. Eu garanto a todos os brasileiros que temos essa votação garantida na segunda-feira", enfatizou o deputado, que não votará, apenas presidirá a sessão.

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O presidente reiterou a posição da terceira secretaria, que hoje anunciou o desconto no salário dos deputados que faltarem por motivo de campanha eleitoral. Ele lembrou que nem viagens oficiais estão sendo liberadas nesta data. "Você acha que eu vou fazer uma sessão dessa e liberar deputado para viagem?", pontuou.

O deputado admitiu que regimento interno da Casa tem lacunas e sabe que o grupo aliado de Cunha vai usar essas brechas, assim como a Mesa usará o histórico das votações de cassação (que prevê votação do parecer do Conselho de Ética e não um projeto de resolução). "Fazer defesa no mérito e organizar a defesa com base no regimento é legítimo, não significa que o plenário e a presidência vão aceitar", emendou. Maia ressaltou que não tomará decisões monocráticas, que em princípio as questões de ordem serão indeferidas, mas ainda assim não poderá negar ao deputado afastado o direito de fazer os questionamentos. Aos jornalistas, o presidente disse que nenhuma manobra para proteger Cunha recairá sobre ele.

Segundo Maia, as questões de ordem devem ser apresentadas na primeira hora da sessão. Ele acredita que entre os pedidos a serem colocados estão o efeito suspensivo da votação até que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) defina se a votação será do parecer ou do projeto de resolução. "Olhando o que tem, o caminho que ele vai ter é esse, pedir o efeito suspensivo com o apoiamento do plenário. Terá de ter voto do plenário", afirmou.

Maia não soube prever quanto tempo durará a sessão, mas ressaltou que os trabalhos acabarão "quando o processo for encerrado".

A Secretaria Geral da Mesa Diretora da Câmara (SGM) considera impossível estimar a duração da sessão de cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), marcada para a próxima segunda-feira (12), às 19h. Sessões de votação da perda do mandato parlamentar costumam não se estender porque poucos parlamentares discursam devido ao constrangimento da situação. Com a quantidade de questões de ordem que poderão ser levantadas e as tentativas de mudança do rito da votação, a expectativa, no entanto, é que a sessão se prolongue.

Para a sessão ser aberta, são necessários 257 deputados presentes no plenário. Pela programação inicial, o relator do processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética, Marcos Rogério (DEM-RO), falará por 25 minutos. O mesmo tempo será concedido ao advogado do peemedebista, Marcelo Nobre. Cunha também poderá discursar pelos mesmos 25 minutos. Como o peemedebista está fora do exercício do mandato, não terá outras oportunidades para se manifestar no plenário, explicou a SGM.

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Segundo a Secretaria, após a exposição das partes, cada parlamentar inscrito poderá falar por até 10 minutos. É nessa parte da votação que é esperada a apresentação de questões de ordem. Aliados de Cunha já avisaram que usarão o mecanismo regimental para tentar que o plenário vote um projeto de resolução (e não o parecer do Conselho de Ética) e assim aprovar uma medida punitiva mais branda.

Segundo a SGM (que coordena os trabalhos de votação no plenário da Casa), outro fator que pode prolongar a sessão será as manifestações de deputados que disputam as eleições municipais. Para ganhar votos no eleitorado, alguns parlamentares podem usar a oportunidade para exibir publicamente sua posição sobre a punição a Cunha. "Eles certamente vão avaliar o efeito eleitoral disso", comentou o secretário-adjunto da Mesa, Fernando Saboia.

Para cassar Eduardo Cunha são necessários 257 votos favoráveis. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já informou que abrirá a votação com pelo menos 420 deputados presentes no plenário.

O deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) confirmou na manhã desta quinta-feira (8) por meio de sua assessoria, que vai comparecer à sessão de votação de seu pedido de cassação, marcada para às 19h da próxima segunda-feira, dia 12, na Câmara. O peemedebista pretende usar o tempo que puder para defender o seu mandato.

Na sessão, o primeiro a falar será o relator do processo de cassação no Conselho de Ética da Casa, deputado Marcos Rogério (DEM-RO). Ele terá direito a 25 minutos. Em seguida, a palavra será aberta à defesa. O advogado de Cunha e o deputado afastado terão, cada um, também 25 minutos para falar.

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Após as falas, começará a votação, que será por meio eletrônico e aberta. Não estão previstos encaminhamentos de votos de líderes partidários, como ocorre em votações de projetos. Deputados poderão, porém, fazer questões de ordem durante toda a sessão, questionando o trâmite da votação.

Dos 513 deputados, apenas 511 votarão. Cunha, que está afastado, não vota. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), só poderá votar em caso de empate. Para que o peemedebista tenha o mandato cassado, são necessários 257 votos favoráveis à perda de mandato.

A Câmara dos Deputados publicou nesta quinta-feira (8) no Diário Oficial da União (DOU) edital de notificação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sobre a realização de sessão no plenário da Casa na próxima segunda-feira (12) às 19h. A sessão é destinada a votar o processo de cassação do mandato de Cunha.

Nos últimos dias, a Secretaria-Geral da Câmara tentou notificar o parlamentar pessoalmente, mas não conseguiu e, por isso, decidiu pelo aviso no veículo oficial. A publicação é uma etapa burocrática exigida em processos de perda de mandato parlamentar.

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De acordo com o edital, a palavra será facultada a Cunha e ao seu advogado por até 25 minutos, cada. Depois da inclusão da representação contra Cunha na pauta plenária, a matéria terá preferência sobre os demais itens da Ordem do Dia de todas as sessões deliberativas até a conclusão da votação.

Votos

Os dados mais recentes de levantamento realizado pelo Grupo Estado mostram que os votos a favor da cassação de Cunha já somam 237 e os votos contrários estão em 2. Até as 21h desta quarta-feira, 7, havia ainda 65 deputados que não quiseram responder ao levantamento e 26 que se disseram indecisos.

Um total de 181 parlamentares não foi encontrado. A maioria deles pertence às bancadas do PMDB, PP, PSD e PR, partidos que tradicionalmente apoiavam Cunha. Para o ex-presidente da Casa ter o mandato cassado, são necessários pelo menos 257 votos, a maioria absoluta dos 513 deputados.

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, negou liminar no Mandado de Segurança 34327, impetrado pelo deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) com o objetivo de suspender a representação que recomenda a cassação do seu mandato por quebra de decoro parlamentar.

O relator entendeu que "não ficou evidenciada a plausibilidade jurídica do pedido (fumus boni iuris), um dos requisitos para a concessão da tutela de urgência". As informações foram divulgadas no site do Supremo.

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De acordo com o relator, o STF "somente deve interferir em procedimentos legislativos para assegurar o cumprimento da Constituição Federal, proteger direitos fundamentais, resguardar os pressupostos de funcionamento da democracia e das instituições republicanas e preservar os direitos das minorias".

"Nenhuma das hipóteses ocorre no presente caso", apontou Barroso, em análise preliminar.

O ministro rebateu a alegação de Eduardo Cunha de que não poderia ser processado por quebra de decoro, pois está afastado do exercício das atividades parlamentares por decisão do Supremo na Ação Cautelar 4070.

Barroso ressaltou que o ex-presidente da Câmara "continua sendo o titular do mandato e está sendo processado por atos que teriam sido praticados em seu exercício".

Segundo relator, a suspensão do exercício do mandato em sede de decisão cautelar não gera direito à paralisação do processo de cassação.

O ministro afastou também o argumento de que o relator do processo no Conselho de Ética e Decoro da Câmara estaria impedido por integrar o mesmo bloco parlamentar de Cunha. Isso porque, segundo Barroso, "a aferição do momento relevante para fins de impedimento por identidade de bloco parlamentar não é questão que autorize a intervenção do STF, por não ter natureza constitucional, nem estar relacionada a direitos de minorias parlamentares ou a condições de funcionamento do regime democrático".

"A matéria controvertida cinge-se à interpretação de dispositivos internos da Câmara. Veja-se que o artigo 58 da Constituição remete a disciplina da composição de órgãos internos do Legislativo ao 'respectivo regimento ou [a]o ato de que resultar sua criação'. Nesse contexto, a questão deve, em princípio, ser resolvida pela própria instância parlamentar, sem intervenção do Judiciário", afirmou Barroso.

Em relação à justificativa do parlamentar de que o aditamento à representação influenciou no resultado da votação do Conselho de Ética, o ministro argumentou que não pode ser revista judicialmente a alegada contrariedade entre as decisões dos colegiados da Câmara e as soluções dadas a questões de ordem pela Presidência da Casa.

"É o próprio Parlamento, e não o Judiciário, que deve definir qual a sua manifestação final quando haja eventuais divergências entre seus órgãos internos, no caso, entre a Presidência e a Comissão de Constituição e Justiça. A não ser quando haja ofensa constitucional, violação a direitos de minorias ou comprometimento das condições de funcionamento do sistema democrático, o que não é o caso", salientou o ministro na decisão liminar.

Sobre a votação nominal da representação no Conselho de Ética, questionada pelo deputado, o ministro assinalou que a discussão sobre o caráter da votação e sua ordem tem natureza eminentemente regimental, e não constitucional. "Seria de se ressalvar apenas interpretações manifestamente irrazoáveis, comprometedoras de direitos de minorias ou das condições de funcionamento do sistema democrático, o que, igualmente, não ocorre", ponderou.

Barroso rebateu a alegação de que a sessão em que foi aprovado o parecer do relator teria sido instalada sem a presença da maioria absoluta dos membros que compõem a Comissão de Constituição e Justiça.

Ele observou que, segundo o Regimento Interno da Câmara, na votação, serão colhidos primeiramente os votos dos membros titulares presentes e, em seguida, os dos suplentes dos partidos dos titulares ausentes.

"Portanto, os suplentes são dos partidos, e não propriamente dos titulares ausentes. Desse modo, a premissa do argumento segundo a qual haveria um suplente para cada titular simplesmente não é verdadeira. Além disso, o artigo 58, parágrafo 1º, da Constituição se refere à representação proporcional dos partidos ou blocos na composição das Mesas e de cada Comissão, e não ao quórum de instalação das sessões, o que impõe a rejeição das teses do impetrante", concluiu.

O deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) entregou nesta semana aos deputados carta na qual tenta reforçar sua defesa no processo de cassação de mandato do qual é alvo e cujo julgamento final no plenário da Câmara está marcado para 12 de setembro. No documento, o peemedebista diz que já foi punido politicamente ao ter de renunciar à presidência da Câmara, em julho, e diz que a cassação vai "destruir" a vida dele e da família.

Cunha distribuiu entre 300 e 400 cartas, de acordo com a assessoria de imprensa. Elas foram entregues nos gabinetes dos parlamentares na Câmara entre terça-feira, 30, e quarta-feira, 31. Com a votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) no Senado e a campanha eleitoral municipal, porém, muitos parlamentares não tinham sequer lido a carta, quando abordados pela reportagem.

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Na primeira parte do documento, com três páginas, Cunha pede que os deputados se atenham ao mérito da representação que pede sua cassação. Ele lembra que será julgado sob acusação de ter mentido à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras em 2015, de que não possuía contas secretas no exterior; e não por outras acusações contra ele, que ainda serão julgadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O deputado afastado diz que "não há dúvida" de que sua situação política se agravou após ele aceitar a abertura do processo de impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff (PT), em 2 de dezembro do ano passado. "TODOS SABEM QUE SEM A MINHA DETERMINAÇÃO E SEM A MINHA ATUAÇÃO JAMAIS ESTE PROCESSO TERIA SIDO ABERTO", escreveu em caixa alta de texto.

O peemedebista afirma que "não é justo que pague com mandato cassado e perca meus direitos políticos por ter tido a coragem de conduzir o processo de impeachment do governo e do partido que estavam destruindo nosso País". "O que peço é que tome sua decisão com a isenção sobre a sua gravidade, cuja consequência é tamanha, a ponto de destruir a minha vida e principalmente a da minha família", escreveu.

Punição

Cunha avalia que a "punição política por algo que não fiz" "já foi o afastamento do meu mandato de maneira inconstitucional, o que me obrigou a renunciar à presidência da Casa e ver o sofrimento da minha família com chacotas, mentiras e acusações falsas". "É importante que você compreenda que nada passará impune, mesmo com a manutenção do meu mandato. Nada do que eventualmente tenha feito de errado ficará impune e, se for condenado, a Constituição já prevê a perda do mandato".

Na carta, o deputado afastado pede ainda aos parlamentares que deixem seus eleitores do Rio de Janeiro o julgarem. "Não há punição maior do que aquela oriunda das urnas. Se meus eleitores não estiverem mais se sentindo representados por mim, eles poderão 'cassar' meu mandado, bastando que não me elejam novamente", escreve. E conclui a primeira parte da carta dizendo confiar "que Deus vá te iluminar, dando a direção certa, para que tenha a sabedoria e o entendimento".

Em uma segunda parte anexa à carta, Cunha detalha em seis páginas todos os acontecimentos que envolvem o seu processo. Ele explica desde um "cenário geral" de sua trajetória política, passando pela tramitação dos inquéritos dos quais é alvo, o processo no Conselho de Ética da Câmara e a denúncia sobre a posse de contas secretas no exterior até seu afastamento do mandato. E reitera que está à disposição para esclarecer dúvidas "ao vivo".

Responsável por deflagrar o pedido de impeachment de Dilma Rousseff (PT), o ex-presidente da Câmara e deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) comemorou nesta quarta-feira, 31, por meio de nota, a cassação do mandato da petista. O Senado aprovou a saída dela por 61 votos a 20.

"Como protagonista do processo, (...) vejo que todos meus atos foram confirmados por sucessivas votações, tanto na Câmara quanto no Senado, atestando a lisura dos meus atos", afirmou o peemedebista. Ele disse lamentar que uma "democracia tão jovem" tenha de passar pelo trauma de mais um impeachment de presidente da República.

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Para Cunha, as tentativas de Dilma e da defesa dela, "através de afirmações falsas de me atribuir qualquer culpa no processo", visa esconder o fato de que, na avaliação do peemedebista, não houve razões suficientes para inocentá-la do crime de responsabilidade que motivou a cassação.

"O Brasil passou e passa por momentos delicados, em que as práticas do governo afastado, além de terem sido repudiadas pela sociedade, obtiveram enfim a punição prevista no nosso ordenamento constitucional", afirmou o ex-presidente da Câmara e algoz de Dilma Rousseff.

O deputado afastado disse esperar que o fim do processo possa virar uma "página negra" da história do Brasil, "com o afastamento das nefastas práticas do governo afastado". "E desejamos sucesso ao novo governo que se instala a partir de hoje de forma definitiva", concluiu.

Em decisão unânime, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou nesta terça-feira, 30, a queixa-crime apresentada pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) contra o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ).

Cunha acusava o deputado do PSOL de cometer os crimes de difamação, injúria e calúnia durante a votação do impeachment na Câmara, em abril. Na ocasião, Jean Wyllys disse que a sessão estava sendo conduzida "por um ladrão". "Eu quero dizer que eu estou constrangido de participar dessa farsa sexista, dessa eleição indireta, conduzida por um ladrão, urgida por um traidor, conspirador, apoiada por torturadores, covardes, analfabetos políticos e vendidos", afirmou.

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Em seu voto, o relator do caso, ministro Gilmar Mendes, disse que essas declarações estavam ligadas ao exercício do mandato de deputado e que, por isso, Jean Wyllys poderia contar com a prerrogativa da imunidade parlamentar. "Cobra-se que o ato, para ser tido como imune à censura penal e cível, tenha sido praticado pelo congressista em conexão com o exercício de seu mandato. Apurado que o acontecimento se inclui no âmbito da imunidade material, não cabe sequer indagar se o fato objetivamente poderia ser considerado crime", explicou.

O entendimento do relator foi seguido pelos demais integrantes da Turma, como os ministros Teori Zavascki e Dias Toffoli.

Líderes da oposição estenderam no plenário da Câmara dos Deputados um banner com abaixo-assinado de "compromisso público" de que haverá "presença maciça" de suas bancadas na sessão de 12 de setembro, que votará a cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Apesar de o texto ter chegado ao plenário pelas mãos de deputados da atual oposição, lideranças de partidos que integram a base do governo também endossaram a iniciativa.

Trata-se de mais uma ofensiva para tentar garantir a votação, uma vez que o dia marcado cai numa segunda-feira, que normalmente registra baixo quórum na Casa. Além disso, adversários de Cunha temem o movimento articulado por partidos como o PMDB de esvaziar o plenário em 12 de setembro para provocar o adiamento da votação da cassação para depois das eleições municipais, quando as chances de Cunha se salvar são maiores.

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"A data é temerária", disse o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), um dos idealizadores do abaixo-assinado. "A gente está preocupado (com o quórum), por isso essa iniciativa", afirmou.

Até agora, já assinaram os líderes de PT, PSDB, PSB, DEM, PDT, PCdoB, PPS, PSOL e Rede. Outros deputados também fizeram questão de assinar o documento, como Maria do Rosário (PT-RS) e Henrique Fontana (PT-RS). A liderança do PMDB, partido de Cunha, não endossou o compromisso até o momento.

O banner foi estendido em frente à mesa da Presidência da Casa, no plenário. Entusiastas da iniciativa posaram para fotos junto ao documento e chegaram a pedir que registrassem em vídeo o momento da assinatura.

"Por respeito à sociedade e cumprindo nosso dever, nós, líderes partidários, garantimos a presença maciça de nossas bancadas na sessão marcada para o dia 12/9, que apreciará a REP nº 01/2016 do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, com pedido de cassação do mandato do deputado Eduardo Cunha", diz o texto.

Após a adesão inicial, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pediu aos parlamentares que retirassem a faixa daqui alguns minutos. "Já ficou público o comprometimento da maioria dos líderes", justificou.

Às vésperas da Câmara dos Deputados decidir pela cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o Supremo Tribunal Federal (STF) começou a ouvir nesta terça-feira, 30, testemunhas de defesa do réu, acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por um suposto esquema de dinheiro desviado na compra de navios-sonda da Petrobras.

Pela manhã, um juiz instrutor do gabinete do ministro Teori Zavascki, relator da ação penal, ouviu o deputado Pedro Pinheiro Chavez (PMDB-GO). À tarde, são esperados os deputados Manoel Alves da Silva Junior (PMDB-PB) e Carlos Henrique Sampaio (PMDB-SP).

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Em março deste ano, o STF aceitou a primeira denúncia contra Cunha, por suposto recebimento de propina pela venda de navios-sonda da Petrobras. A estatal alega que o deputado afastado enriqueceu com recursos "oriundos da sangria" de corrupção instalada na empresa.

"Não vou fugir da verdade", disse à reportagem o deputado Manoel da Silva Junior, enquanto aguarda a oitiva. "Vou colaborar no que for possível dentro daquilo que for indagado", completou.

Amanhã, está prevista a oitiva de mais cinco deputados federais: Flaviano Baptista de Melo (PMDB-AC), Washington Reis de Oliveira (PMDB-RJ), Hugo Motta (PMDB-PB), Fernando Jordão (PMDB-RJ) e José Saraiva Felipe (PMDB-MG). Ao todo, 17 testemunhas de defesa deverão ser ouvidas no STF até esta quarta-feira, 31.

Propina

O ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró afirmou ao juiz federal Sérgio Moro que Eduardo Cunha "apoiou" o lobista Fernando Baiano, apontado como operador de propinas do PMDB, no recebimento de parte de uma propina relativa à contratação de uma segunda sonda da Petrobras.

Em junho, o STF transformou Eduardo Cunha, pela segunda vez, em réu da Operação Lava Jato. Os 11 ministros da Corte entenderam, por unanimidade, que há elementos suficientes para aceitar a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) de que o peemedebista manteve contas secretas na Suíça abastecidas com dinheiro desviado de contratos da Petrobras.

O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) rebateu as acusações da presidente afastada, Dilma Rousseff, contra ele no julgamento do impeachment. Segundo Cunha, Dilma "segue mentindo contumazmente".

A presidente afastada citou o deputado diversas vezes em sua fala inicial e também durante respostas aos parlamentares. Ela o acusa de ter deflagrado o processo de impeachment por vingança, após ter "chantageado deliberadamente" membros de seu partido a fim de evitar a sua cassação.

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Cunha afirmou que Dilma "esquece" que a acusação de que houve desvio de poder na abertura do processo já foi decidida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que "reafirmou a lisura" de seu ato. O deputado defendeu que a sua escolha de aceitar a denúncia contra Dilma foi confirmada na comissão especial e no plenário da Câmara, além de estar sendo confirmada pelo Senado Federal. "Ao que parece, está sendo comprovado que decretos autorizados pela presidente foram editados sem autorização legislativa, o que configura crime de responsabilidade."

Cunha voltou a afirmar que foi Dilma quem o chantageou para que ele não abrisse o processo de impeachment. "As tentativas de barganhas partiram do governo dela e por mim não foram aceitas", acusou. O deputado também disse que Dilma mentiu ao dizer que ele deu curso a pautas bombas ao comandar a Casa, que não votava projetos do governo e que em 2015 a Câmara estava parada.

"Desafio a mostrar qual foi a pauta bomba votada e qual projeto do governo não foi votado (...) Em 2015 foram votadas 28 medidas provisórias , 6 projetos oriundos do governo, incluindo o da Repatriação, assim como mais de 30 acordos internacionais, além de outras dezenas de proposições, o que tornou 2015 o ano recorde de apreciação de projetos", declarou Cunha.

"A presidente afastada segue mentindo contumazmente, visando a dar seguimento ao papel de personagem de documentário que resolveu exercer", provocou, fazendo referência às três equipes cinematográficas que registram o interrogatório. "Ela mente se utilizando da técnica fascista de que uma mentira é repetida exaustivamente até se tornar verdade."

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