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O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, divulgou uma nota nesta sexta-feira (5) criticando o vazamento de troca de mensagens entre ele e o procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol. As conversas foram publicadas pela revista Veja, a partir de um conteúdo recebido pelo jornal The Intercept. No texto, Moro diz que “não há qualquer elemento que ateste a autenticidade das supostas mensagens”.

O ex-juiz responsável pelos casos da operação na primeira instância de Curitiba elencou na nota cinco itens apontados pela reportagem dos quais contesta, como a eventual interferência em um possível acordo de delação premiada entre o Ministério Público Federal e o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (MDB). Contudo, não cita o trecho em que disse a Dallagnol ter recebido conselhos do apresentador Fausto Silva sobre a postura dos procuradores federais. À revista Veja, Faustão confirmou a conversa. 

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Além disso, no comunicado em sua defesa, Sérgio Moro destaca que “sempre foi e será um defensor da liberdade de imprensa”, mas “repudia-se com veemência a invasão criminosa dos aparelhos celulares de agentes públicos com o objetivo de invalidar condenações por corrupção ou para impedir a continuidade das investigações”. 

Veja o texto na íntegra:

O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, não reconhece a autenticidade de supostas mensagens obtidas por meios criminosos e que podem ter sido adulteradas total ou parcialmente. Lamenta-se que a Revista Veja se recusou a encaminhar cópia das mensagens antes da publicação e tenha condicionado a apresentação das supostas mensagens à concessão de uma entrevista, o que é impróprio. De todo modo, alguns esclarecimentos objetivos:

1 - Acusa a Veja o ministro, então juiz, de quebra de parcialidade por suposta mensagem na qual teria solicitado manifestação urgente do Ministério Público para decidir sobre pedido de revogação de prisão preventiva de José Carlos Bumlai. A prisão preventiva de José Carlos Bumlai foi decretada em 19 de novembro de 2015. Houve pedido de revogação da prisão ao final do mês de dezembro. O recesso Judiciário inicia em 19 de dezembro. Então, a manifestação do Ministério Público era necessária, como é em pedidos da espécie, para decidir o pedido da defesa. A urgência decorre da natureza de pedido da espécie e, no caso em particular, pela proximidade do recesso Judiciário que se iniciaria em 19 de dezembro. Então, a solicitação de urgência, se autêntica a mensagem, teria sido feita em benefício do acusado e não o contrário. Saliente-se que o ministro, como juiz, concedeu, em 18 de março de 2016, a José Carlos Bumlai o benefício de prisão domiciliar para tratamento de saúde, o que foi feito em oposição ao MPF. Os fatos podem ser verificados no processo 5056156-95.2015.4.04.7000 da 13ª Vara Federal de Curitiba.

2 - Acusa a Veja o ministro, então juiz, de quebra de parcialidade por suposta mensagem de terceiros no sentido de que teria solicitado a inclusão de fato e prova em denúncia do MPF contra Zwi Skornicki e Eduardo Musa na ação penal 5013405-59.2016.4.04.7000. Não tem o ministro como confirmar ou responder pelo conteúdo de suposta mensagem entre terceiros. De todo modo, caso a Veja tivesse ouvido o ministro ou checado os fatos saberia que a acusação relativa ao depósito de USD 80 mil, de 7 de novembro de 2011, e que foi incluído no aditamento da denúncia em questão, não foi reconhecido como crime na sentença proferida pelo então juiz em 2 de fevereiro de 2017, sendo ambos absolvidos deste fato (itens 349 e 424, alínea A e D). A absolvição revela por si só a falsidade da afirmação da existência de conluio entre juiz e procuradores ou de quebra de parcialidade, indicando ainda o caráter fraudulento da suposta mensagem.

3 - Acusa a Veja o ministro, então juiz, de ter escondido fatos do ministro Teori Zavascki em informações prestadas na Reclamação 21802 do Supremo Tribunal Federal e impetrado por Flávio David Barra. Esclareça-se que o então juiz prestou informações ao STF em 17 de setembro de 2015, tendo afirmado que naquela data não dispunha de qualquer informação sobre o registro de pagamentos a autoridades com foro privilegiado. Tal afirmação é verdadeira. A reportagem sugere que o então juiz teria mentido por conta de referência a suposta planilha constante em supostas mensagens de terceiros datadas de 23 de outubro de 2015. Não há qualquer elemento que ateste a autenticidade das supostas mensagens ou no sentido de que o então juiz tivesse conhecimento da referida planilha mais de 30 dias antes. Então, é evidente que o referido elemento probatório só foi disponibilizado supervenientemente e, portanto, que o então juiz jamais mentiu ou ocultou fatos do STF neste episódio ou em qualquer outro.

4 - Acusa a Veja o ministro, então juiz, de ter obstaculizado acordo de colaboração do MPF com o ex-deputado Eduardo Cunha. O ocorre que eventual colaboração de Eduardo Cunha, por envolver supostos pagamentos a autoridades de foro privilegiado, jamais tramitou na 13ª Vara de Curitiba ou esteve sob a responsabilidade do ministro, então juiz.

5 - Acusa a Veja que o ministro, então juiz, de ter comandado a Operação Lava Jato por conta de interferência ou definição de datas para operações de cumprimento de mandados de prisão ou busca e apreensão. Ocorre que, quando se discutem datas de operações, trata-se do cumprimento de decisões judiciais já tomadas, sendo necessário que, em grandes investigações, como a Lava Jato, haja planejamento para sua execução, evitando, por exemplo, a sua realização próxima ou no recesso Judiciário.

O ministro da Justiça e da Segurança Pública sempre foi e será um defensor da liberdade de imprensa. Entretanto, repudia-se com veemência a invasão criminosa dos aparelhos celulares de agentes públicos com o objetivo de invalidar condenações por corrupção ou para impedir a continuidade das investigações. Mais uma vez, não se reconhece a autenticidade das supostas mensagens atribuídas ao então juiz. Repudia-se ainda a divulgação distorcida e sensacionalista de supostas mensagens obtidas por meios criminosos e que podem ter sido adulteradas total ou parcialmente, sem que previamente tenha sido garantido direito de resposta dos envolvidos e sem checagem jornalística cuidadosa dos fatos documentados, o que, se tivesse sido feito, demonstraria a inconsistência e a falsidade da matéria. Aliás, a inconsistência das supostas mensagens com os fatos documentados indica a possibilidade de adulteração do conteúdo total ou parcial delas.

O vazamento de novas conversas trocadas por meio de aplicativos entre o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e o procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol provocou repercussão nas redes sociais nesta sexta-feira (5). No Twitter, a hashtag mais comentada no país é '#MoroSuaCasaCaiu'. 

As mensagens divulgadas em reportagem da revista Veja sugerem que o ex-juiz responsável pelos casos da operação na primeira instância de Curitiba orientou os procuradores, retardou a inclusão de provas em processos e cobrou manifestações no Ministério Público Federal (MPF).

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As conversas também revelam que o ministro foi contra o fechamento de um acordo de delação premiada entre o MPF e o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (MDB), e expressou conselhos dados pelo apresentador Fausto Silva para os procuradores sobre como se portarem diante da imprensa para falar das investigações dos casos de corrupção. 

Deputados e senadores também estão usando a hashtag no microblog para desferir criticas contra o auxiliar do presidente Jair Bolsonaro (PSL). “Revista Veja revela que Moro cometeu sim ilegalidades, além do conluio com o MPF e outros, atuou para evitar delações, crimes que poderiam ser revelados,  esclarecidos e punidos se perderam pelo caminho na atuação seletiva, parcial e criminosa do juiz.#MoroSuaCasaCaiu”, declarou o deputado Ivan Valente (PSOL-SP).

“Fora dos autos (e dentro do Telegram), @SF_Moro pediu à acusação que incluísse provas nos processos que chegariam depois às suas mãos, mandou acelerar ou retardar operações e fez pressão para que determinadas delações não andassem. #MoroSuaCasaCaiu”, comentou o líder do PT no Senado, Humberto Costa.

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Uma nova leva de diálogos do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, com procuradores da força-tarefa da Lava Jato, entre eles Deltan Dallagnol, divulgada nesta sexta-feira (5) aponta que o ex-juiz recomendou que o Ministério Público Federal (MPF) não fechasse um acordo de delação premiada com o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (MDB), preso desde 2016. 

O novo vazamento de mensagens trocadas pelo ministro foi publicado pela revista Veja em parceria com o jornal The Intercept, que iniciou a divulgação das conversas no último dia 9

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Em uma das mensagens, Moro, que foi responsável pelos casos da operação na primeira instância em Curitiba, questiona Dallagnol sobre rumores que teriam surgido sobre uma possível delação de Cunha e exprime: “sou contra”. O diálogo, de acordo com a reportagem, foi registrado em 5 de julho de 2017. 

Veja a conversa:

Moro (às 23:11): Rumores de delação do Cunha... Espero que não procedam

Dallagnol (às 23:14):  Só rumores. Não procedem. Cá entre nós, a primeira reunião com o advogado para receber anexos (nem sabemos o que virá) acontecerá na próxima terça, estaremos presentes e acompanharemos tudo. Sempre que quiser, vou te colocando a par

Moro (às 23:28): Agradeço se me manter informado. Sou contra, como sabe.

Uma possível delação de Eduardo Cunha foi especulada diversas vezes nos bastidores da Lava Jato. Na época em que foi registrada a conversa entre Moro e Dallagnol, divulgada pela Veja e o The Intercept, notícias registraram a possibilidade do emedebista falar sobre os esquemas de corrupção investigados pela operação.  Uma eventual delação dele, segundo políticos, poderia estremecer a atuação de alguns caciques. 

O site The Intercept disse ter tido acesso a trocas de mensagens privadas com  gravações em áudio, vídeos, fotos e documentos judiciais tanto de Moro quanto de procuradores da investigação. 

Além da negativa diante de Cunha, os novos trechos revelados através da revista sugerem ainda que Moro também cobrou manifestação do MPF sobre a investigação do caso de pecuarista José Carlos Bumlai. Outra conversa também mostra o momento em que Deltan Dallagnol avisa a procuradora Laura Tessler que Moro o havia alertado sobre a falta de uma informação na denúncia de um réu. O acusado em questão é Zwi Skornicki, representante da Keppel Fels, estaleiro que tinha contratos com a Petrobras para a construção de plataformas de petróleo.  

Em nota, o ministério da Justiça e Segurança Pública afirmou que Sérgio Moro "não reconhece a autenticidade de supostas mensagens obtidas por meios criminosos, que podem ter sido adulteradas total ou parcialmente e que configuram violação da privacidade de agentes da lei com o objetivo de anular condenações criminais e impedir novas investigações. Reitera-­se que o ministro sempre pautou sua atuação pela legalidade”.

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O juiz Danilo Pereira Júnior, da 12ª Vara Federal, negou nesta sexta-feira (14), um pedido do Ministério Público Federal que exigia que o ex-ministro Antonio Palocci pagasse US$ 20.439.382,16 (R$ 78, 12 milhões) "sob pena de prisão".

Palocci deixou a cadeia no dia 29 de novembro, após dois anos e dois meses preso - desde setembro de 2016, alvo da Operação Omertà - passando para o regime semiaberto domiciliar.

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Condenado a 9 anos e 10 dias de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), o ex-ministro, beneficiado pela delação que fechou com a Polícia Federal, passou ao cumprir pena provisória em regime prisional semiaberto domiciliar, sob monitoramento de tornozeleira eletrônica.

As declarações dadas pelo ex-ministro dos governos Lula e Dilma, Antonio Palocci, em delação premiada deram um novo fôlego para críticas ao PT na reta final da campanha eleitoral. Liderando as pesquisas de intenções de votos, o candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) afirmou, nesta terça-feira (2), que a sigla “coloca qualquer facção criminosa no bolso”. 

Para Bolsonaro, “é inegável o caráter criminoso do PT”. “Aliança com a ditadura cubana, venezuelana, mensalão, petrolão, tesoureiros presos, marketeiros presos, presidentes presos, e agora um candidato que recebe ordens de um corrupto condenado preso”, listou o presidenciável, fazendo referência ao adversário Fernando Haddad (PT), segundo lugar nas pesquisas, e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde abril deste ano. 

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O candidato do PSL acredita que “o próximo passo dessa facção, assim como de suas linhas auxiliares, será soltar seu líder bandido e torná-lo ministro para obstruir a justiça, outro poder que eles não respeitam”.

“O PT representa o fim da Lava Jato e a volta dos esquemas que ameaçam a democracia”, considerou Jair Bolsonaro.

Na delação, que teve o sigilo retirado pelo juiz Sérgio Moro, Palocci faz uma narrativa minuciosa e explica como foi montado o esquema de propinas e loteamento de cargos atendendo interesses de partidos políticos na Petrobras. Segundo o ex-ministro, Lula tinha conhecimento do esquema investigado pela Lava Jato desde 2007.

O Ministério Público Federal disponibilizou nesta segunda-feira, 28, aos procuradores da República um documento que servirá de parâmetro para a celebração de acordos de delação premiada. Trata-se de uma orientação consolidada pelas Câmaras Criminal (2CCR) e de Combate à Corrupção (5CCR) do MPF. O objetivo é fornecer um guia técnico procedimental para auxiliar o trabalho dos procuradores. O texto tem como base o normativo legal que atualmente disciplina as colaborações, a Lei 12.850/13, e também leva em conta a experiência acumulada pelos membros do Ministério Público Federal ao longo dos últimos anos.

A coordenadora da Câmara de Combate à Corrupção, Mônica Nicida, explica que o documento contém orientações aos procuradores. Ela ressalta que o instrumento não alcança colaborações firmadas pela procuradora-geral da República que, por lei, devem ser homologadas e tramitar nos tribunais superiores.

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"O objetivo é fornecer ferramenta que facilite o trabalho de colegas que oficiam junto à primeira e à segunda instâncias da Justiça Federal, além de contribuir com a segurança jurídica e a transparência do uso desse instrumento que tem sido empregado em todo o país, não apenas em investigações que apuram casos de corrupção", define Mônica, subprocuradora-geral da República.

Ela destaca a existência de colaboração premiada em processos decorrentes de crimes ambientais, tráfico, pedofilia e outros.

As orientações foram elaboradas de forma conjunta pela Comissão Permanente de Assessoramento para Acordos de Leniência e Colaboração Premiada, vinculada à Câmara de Combate à Corrupção, procuradores indicados pela Câmara Criminal e membros do MPF com experiência no tema, ao longo de oito meses.

"O documento sistematiza, de forma clara e didática, o que se vinha fazendo na instituição, e será uma importante ferramenta de auxílio aos colegas", ressaltou a subprocuradora-geral da República Luiza Frischeisen, coordenadora das Câmaras Criminais.

A experiência acumulada pelo Ministério Público Federal na celebração dos acordos de delação também é destacada pela coordenadora da comissão mista que redigiu o texto, Samantha Dobrowolski.

Ela explica que o documento é baseado "nas boas práticas da instituição".

"As orientações propiciam balizas mais objetivas que dão mais segurança aos membros no desempenho de suas funções típicas, servindo, especialmente, de garantias ao exercício funcional. O documento será útil, principalmente, aos novos procuradores ou aos que nunca atuaram na área criminal ou de combate à corrupção. Também traz mais segurança para a parte que fecha o acordo com o MPF", assinala a procuradora regional da República.

Do ponto de vista prático, Samantha Dobrowolski diz que a ferramenta "traz fluxos procedimentais mais uniformes de negociação, mesmo que não seja possível aplicá-los em todos os casos, já que estão sujeitos a variações inerentes a cada investigação".

Detalhes

De acordo com a orientação conjunta nº 01/2018, o recebimento da proposta para a formalização do acordo de colaboração demarca o início das negociações. Ele também constitui marco de confidencialidade. A divulgação das tratativas iniciais ou de documento que as formalize - até o levantamento de sigilo por decisão judicial - configura violação de sigilo e quebra da confiança e da boa-fé.

No capítulo que trata da fase de instrução da colaboração, o documento ressalta que, desde o início das tratativas, o membro do Ministério Público Federal deve se preocupar em analisar se os fatos apresentados pelo colaborador estão suficientemente corroborados por outros elementos probatórios, inclusive externos, ou se serão passíveis de confirmação, tendo em vista as técnicas de investigação normalmente desenvolvidas.

O documento aborda, entre outros aspectos, orientações relativas aos benefícios concedidos a partir do fechamento do acordo, às obrigações do colaborador e do MPF. Além disso, o texto traz parâmetros relativos à rescisão da colaboração e também tem diretrizes sobre compartilhamento de provas com outras investigações. Documento semelhante foi elaborado pela mesma comissão do MPF, em agosto do ano passado, para orientar os procuradores sobre acordos de leniência.

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) disse que se arrependeu de ter assinado a lei que instituiu a delação premiada, sem tipificação. De acordo com a petista, o instrumento de colaboração com investigações pode virar uma “arma de arbítrio”.  

“Infelizmente eu assinei a lei que criou a delação premiada. Por que infelizmente?  Porque ela foi assinada genericamente, sem tipificação exaustiva. E a vida mostrou que sem tipificação exaustiva, ela pode virar uma arma de arbítrio, de absoluta exceção”, declarou Dilma. 

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O argumento sobre o assunto foi exposto durante a participação dela no Brazil Forum UK, seminário criado por estudantes brasileiros no Reino Unido, sediado na Universidade de Oxford, que aconteceu no último dia 5.

Na ocasião, a ex-presidente também enalteceu o fato de ter sido o PT, alvo de delações premiadas, a endossar a legislação. “Quem assinou? Quem fez as leis? Foi algum outro partido político? Não, foi o meu partido, porque fui eu que assinei”, observou Dilma. 

A petista vem questionando os efeitos das delações premiadas desde que se tornou alvo delas no âmbito da Lava Jato. A última delação firmada citando-a foi a do ex-ministro Antonio Palocci, que disse que Dilma tratou de propinas oriundas de contratos da Petrobras. A ex-presidente contestou o fato e disse que o ex-aliado está fazendo um “esforço desesperado” para sair da prisão e, para isso, tem mentido nos depoimentos.

Com a divulgação do acordo de delação premiada firmado entre a Polícia Federal e o ex-ministro Antônio Palocci, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou, em nota, que o ex-aliado está fazendo um “esforço desesperado” para sair da prisão e, para isso, tem mentido nos depoimentos. Palocci está preso desde setembro de 2016. 

Para sustentar o argumento, Dilma disse que enquanto ministra-chefe da Casa Civil não participou de nenhuma reunião com Palocci, Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras na época, e o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para falar sobre o financiamento da sua campanha. 

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Além disso, a ex-presidente também deixa claro, na nota, que “a tal reunião e outros encontros para tratar de acertos de propinas ou de ‘contratos do pré-sal’ jamais existiram. São peças de ficção”.

“A delação implorada do senhor Antônio Palocci tem um problema central. Não está sustentada em provas. E ele não as têm porque tais fatos jamais ocorreram. (...) No esforço desesperado de obter a liberdade, o senhor Antonio Palocci cria um relato que busca agradar aos investigadores, na esperança de que possam deixá-lo sair da prisão”, declara a petista no texto.

Na nota, Dilma Rousseff também criticou a pressão exercida pelos investigadores da Lava Jato contra os presos e comparou-os aos inquisidores. “A submissão da verdade ao capricho de investigadores obedece à mesma lógica dos inquisidores que cometiam abusos, sobretudo físicos, nos presos, em outros tristes tempos, para arrancar confissões”, observou.  

“Lamentável é que a ‘confissão’ sem provas tenha se tornado o retrato desses nossos tempos, em que, a cada dia, o Estado de Exceção vai corroendo a frágil democracia e suas instituições”, completou. 

A delação de Palocci foi divulgada pelo jornal O Globo nessa quinta-feira (28). Segundo a reportagem, a fase de tomada dos depoimentos já foi concluída e os benefícios que serão concedidos a Palocci acertados, mas a colaboração segue em sigilo e ainda não foi homologada pela Justiça. 

Os depoimentos e documentos apresentados pela defesa do ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil, de acordo com fontes ouvidas pelo jornal, seriam  suficientes para a abertura de novos inquéritos, operações e até mesmo prisões.

O ex-empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, pivô dos mensalões mineiro e do PT, assinou acordo de delação premiada com a Polícia Civil de Minas Gerais. A proposta, entretanto, ainda precisa ser homologada pela Justiça do Estado.

De acordo com informações da corporação, a delação envolve supostas irregularidades cometidas em estatais mineiras como a Cemig e a Copasa entre os anos de 1998 e 2014. O acordo negociado com a Polícia Civil, segundo informado pela própria corporação, não envolve pessoas com foro privilegiado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, disse hoje (15) que a redução do número de autoridades com direito a foro privilegiado é um equívoco e que “não vai funcionar”. “Na verdade, daqui a pouco, vamos estar lamentando a supressão do foro por prerrogativa de função”, afirmou Gilmar, após reunião com os presidentes dos tribunais regionais eleitorais, no Rio de Janeiro.

“O Brasil tem um índice quase negativo de persecução criminal; 8% dos homicídios são revelados. Isso é da Justiça criminal que estamos falando. Uma justiça que funciona mal, uma das piores justiças, agora vai receber os políticos. É um tipo de populismo. Não vai funcionar. Eu sou mau profeta. Aquilo que eu falo acontece”, disse Gilmar.

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Para ele, a questão do foro privilegiado precisa de mudanças, mas o tema deve ser tratado pelo Congresso Nacional. “Quando o constituinte pensou nisto, ele não imaginou que nós teríamos 300, 400 casos de investigação de parlamentar no Supremo. Isso se tornou insuportável para o Supremo”, afirmou.

No dia 23 de novembro, o ministro do STF Dias Toffoli pediu vista do processo que trata da restrição ao foro privilegiado – juridicamente chamado de foro por prerrogativa de função – para parlamentares.

Até o momento, oito integrantes da Corte se manifestaram a favor de algum tipo de restrição na competência da Corte Suprema para julgar crimes praticados por deputados e senadores. No entanto, há divergências sobre a situação dos processos que já estão em andamento. Não há data para retomada do julgamento.

Delação premiada

O ministro, que ainda não participou do julgamento sobre a manutenção da autorização legal para que a Polícia Federal (PF) possa negociar delações premiadas, disse que o assunto deve ser rediscutido. “É um tema muito importante [e é preciso] que haja uma definição. Pelo que estou percebendo, o tribunal está mantendo o papel do Ministério Público e está submetendo isso a uma apreciação judicial rigorosa."

Gilmar Mendes destacou que esta é a oportunidade de discutir tanto a questão da Polícia Federal quanto da delação como um todo, como ela vem se fazendo. "Porque há muita polêmica em torno disso”, disse o ministro, citando o exemplo de pessoas que hoje cumprem pena sem condenação, mas apenas com acordo feito pelo Ministério Público.

O STF adiou para fevereiro do ano que vem, após o fim do recesso do Judiciário, o término do julgamento. Até o momento, a Corte tem maioria tem 6 votos a 1 a favor das delações negociadas pela PF, mas todos com divergências.

Revista Veja

Sobre uma reportagem da edição de hoje (15) da revista Veja sobre supostos repasses de patrocínios da JBS, empresa de Joesley Batista, para o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), do qual é sócio, Gilmar limitou-se a dizer que não tem função de direção na instituição. “Sou apenas um sócio-cotista.” Perguntado sobre encontros com o empresário, o ministro disse que participa de reuniões com várias pessoas a toda hora. “Isso não tem significado.”

O empresário Wesley Batista, um dos donos da JBS, negou, nesta quarta-feira (8), ter descumprido as cláusulas do acordo de colaboração premiada que firmou com o Ministério Público para as investigações da Lava Jato. Ele está sendo ouvido pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga a JBS e se disse injustiçado por estar preso enquanto as pessoas que delatou estão soltas.

“Estamos vendo colaboradores sendo punidos e perseguidos pelas verdades que disseram. Isso fez o Brasil se olhar no espelho, mas como ele não gostou do que viu, temos delatores presos e delatados soltos”, declarou. Batista falou também que não vai responder perguntas de deputados e senadores. “Mas tão logo seja resolvida a pendência relativa à minha colaboração, me coloco à disposição para dar as informações necessárias”, disse.

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O irmão de Joesley Batista pontuou ainda que não está arrependido de ter firmado o acordo com a justiça e descreveu o processo de delação como uma decisão “difícil e solitária” e classificou a reviravolta dos benefícios que obteve com a colaboração como um “retrocesso”. “Na condição que me encontro, descobri que o processo é imprevisível e inseguro”, julgou.

Os irmãos Batista estão presos, suspeitos de usar informações privilegiadas para obter lucro com compra de dólares e venda de ações da própria JBS antes da divulgação do acordo de colaboração que fizeram com o Ministério Público. Caso sejam confirmadas as suspeitas eles podem perder os benefícios do acordo. 

O presidente da CPMI, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), avisou que os parlamentares vão fazer as perguntas que quiserem, mesmo com a recusa de Batista de responder.

O Ministério Público Federal em São Paulo (MPF-SP) acusa os irmãos Joesley e Wesley Batista, empresários do grupo J&F, de terem lucrado R$ 238 milhões ao comprar e vender ações das próprias empresas, além de dólares, enquanto negociavam um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Eles foram denunciados hoje (10) pelo órgão pelos crimes de uso indevido de informação privilegiada e manipulação do mercado, uma vez que realizaram as transações sabendo que a gravidade dos fatos apontados na delação poderiam abalar o mercado financeiro.

“Fazendo uso dessas informações, os irmãos Batista fizeram movimentações atípicas no mercado financeiro, atestadas pela Comissão de Valores Imobiliários [CVM] e por perícia da Polícia Federal”, explicou a procuradora Thaméa Danelon. Do valor lucrado, R$ 100 milhões foram adquiridos com a compra de dólares. A outra parte foi obtida por meio da compra e recompra de ações da JBS. “Neste caso não houve lucro, mas eles deixaram de perder”, apontou a procuradora. Wesley pode pegar até 18 anos de prisão e Joesley até 13 anos. Além disso, os irmãos podem ter que pagar multa de até três vezes o valor lucrado.

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O procurador Thiago Lacerda destaca que a denúncia se sustenta porque há um “contexto probatório”. “Primeiro que eles não negam que deram a ordem [para a compra e venda das ações e dos dólares]. Segundo que a CVM já havia detectado movimentação estranha com a queda da bolsa, foi a maior desde 2008 e a valorização de dólar, em um dia, foi a maior desde 2009. São fatos que, somados a uma movimentação atípica, mesmo para dentro dos quadros da empresa, fica muito claro, inclusive apontado por laudos periciais, de que são responsáveis sim”, apontou.

Segundo a denúncia do MPF, as operações ilegais de venda e compra de ações ocorreram entre 31 de março e 17 de maio. A conversa com o presidente Michel Temer foi gravada por Joesley no dia 7 de março e no dia 28 do mesmo mês os denunciados assinaram termo de confidencialidade com a PGR. No dia 3 de maio, o acordo de delação premiada foi assinado e posteriormente homologado no dia 11 pelo Supremo Tribunal Federal (STF). No dia 17, véspera do fim do sigilo do acordo pelo STF, as informações foram vazadas para a imprensa.

Prisão

Os irmãos Batista estão presos desde 9 de setembro na carceragem da Superitendência da Polícia Federal em São Paulo. “A prisão não só não perde sentido, como ganha mais força de ser mantida. São pessoas, posso até pesar nos termos, mas que fizeram com bastante desfaçatez”, disse Lacerda.

A procuradora Thaméa acrescenta que a prisão se justifica para evitar que novos crimes sejam cometidos. “No que depender do Ministério Público, eles vão continuar presos, porque soltos vão continuar cometendo crimes e cooptando agentes públicos. Para garantia da ordem pública, MPF entende que devem permanecer presos”, declarou.

Procurada pela  Agência Brasil, a assessoria de imprensa de Joesley e Wesley Batista não retornou até a publicação da reportagem.

Os procuradores referiram-se aos irmãos Batista como “criminosos contumazes”, tendo em vista que se mantiveram cometendo crimes no curso de negociações de acordos de delação. “Os grandes poderosos estão acostumados com impunidade. Praticam crimes por dez, 15 anos e não tem punição efetiva. A crença na impunidade levou os denunciados a praticar crimes no mercado financeiro”, apontou a procuradora.

Para Thaméa, não houve falha na condução da negociação pela PGR. “Embora o colaborador assine uma colaboração premiada, onde se compromete a não praticar crimes, agora não é possível impedir que os crimes sejam cometidos. Esse crime foi praticado no calar da noite, pois, em princípio, as operações passam anonimamente, mas foi pega pela Comissão de Valores Imobiliários”, explica.

As ações ordinárias da JBS, dona da Friboi, fecharam em alta na terça-feira, de 1,05%, um dia após o divulgação de resultados da companhia. O grupo anunciou queda de 98% de seu lucro, para R$ 309,8 milhões no segundo trimestre. As vendas líquidas caíram 4,6%, para R$ 41,6 bilhões.

Em teleconferência, o presidente da JBS, Wesley Batista, afirmou que espera melhores resultados para a companhia para o segundo semestre. Os resultados do segundo trimestre foram afetados, segundo ele, pela variação do câmbio. O grupo JBS e a holding J&F, da família Batista, entraram no olho do furacão em 17 de maio, quando vieram à tona as delações dos irmãos Joesley e Wesley Batista.

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A empresa colocou diversos ativos à venda após a delação. Além das operações de carne da América do Sul, negociadas para o Minerva, o grupo se desfez de Vigor e Alpargatas. Agora, negocia o frigorífico Moy Park, a Eldorado (de celulose) e ativos de confinamento de gado nos EUA, além da Âmbar, de energia. Batista disse que o grupo não pretende se desfazer de mais ativos.

Segundo ele, a empresa não desistiu de fazer a abertura de capital da JBS Foods International na Bolsa de Nova York (Nyse). Batista disse que o projeto deverá ocorrer a partir de 2018.

A companhia, que negociou acordo de leniência e concordou em pagar R$ 10,3 bilhões ao Ministério Público Federal (MPF), está em conversas para concluir medida parecida com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ).

Assembleia

O braço de participações do BNDES, o BNDESPAr, acionista do grupo, convocou para o dia 1.º de setembro Assembleia Geral Extraordinária da JBS e se manifestou que tem intenção de votar favoravelmente para uma ação civil contra os irmãos Batista. A JBS preferiu não fazer "manifestações de qualquer acionista antecipadamente à AGE". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Superada a discussão sobre a relatoria do caso JBS, mantida com o ministro Edson Fachin, o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre os acordos de delação premiada deverá se concentrar, nesta quarta-feira (28), na discussão sobre a possibilidade de revisão das cláusulas de colaborações já homologadas. Entre os ministros que já votaram, Ricardo Lewandowski foi o único a se manifestar favorável à possibilidade de revisão.

O julgamento será retomado com o voto de Gilmar Mendes, dois dias depois de o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentar denúncia contra Michel Temer. Gilmar fez duras críticas à atuação do Ministério Público na semana passada, quando começou a discussão sobre os limites de atuação do magistrado nos acordos de delação. "A Procuradoria pode muito. Mas pode tudo? É isso que a lei autoriza?", questionou Gilmar. "Me parece que nós temos de esclarecer o que se pode fazer, sob pena de ficarmos em platitudes."

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No STF, a expectativa é de que Gilmar faça um voto longo e contundente. Ele já reconheceu que o caso da JBS é ainda mais delicado", por causa da concessão de imunidade penal aos delatores. Como informou o Estado no sábado, integrantes da Corte dizem acreditar que o STF vai impedir a revisão de acordos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Supremo Tribunal Federal (STF) deve decidir nesta quarta-feira (21) sobre a validade dos acordos de delação da JBS firmados com o Ministério Público. Na sessão, prevista para começar às 14h, os ministros vão discutir os limites da atuação dos juízes que são responsáveis pela homologação das delações premiadas.

O julgamento foi motivado por uma questão de ordem apresentada pelo ministro Edson Fachin, relator dos processos que tiveram origem nas delações da empresa. Os questionamentos sobre a legalidade dos acordos da JBS foram levantados pela defesa do governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, um dos citados nos depoimentos dos executivos da empresa.

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As delações premiadas assinadas com investigados na Operação Lava Jato e nas investigações envolvendo a JBS estão baseadas na Lei 12.850/2013, conhecida como Lei das Organizações Criminosas. De acordo com o Artigo 4º da norma, o acordo deve ser remetido ao juiz para homologação. Cabe ao juiz verificar a regularidade, legalidade e voluntariedade da delação.

A questão que deverá ser debatida é a possibilidade de o magistrado avaliar o mérito das acusações, não só o cumprimento das formalidades para homologação, além dos benefícios concedidos pelo Ministério Público aos delatores.

Em maio, as delações da JBS foram homologadas por Edson Fachin. Em um dos depoimentos, Joesley Batista confirmou  que a empresa usou doações oficiais para pagar propina a políticos, que deram contrapartidas para beneficiar a empresa. Em depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR), o empresário explicou como funcionava o esquema de compra de políticos e confirmou que foram repassados recentemente cerca de R$ 500 milhões a agentes públicos.

Em meio à polêmica do uso da delação premiada contra o presidente Michel Temer, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes defendeu a utilização do instrumento, mas afirmou que o delator não pode ser visto como um "salvador da pátria".

Para ele, está implícito que quem faz um acordo de delação decide colaborar com a Justiça para receber algum benefício. Ele pontuou, no entanto, que esse benefício tem de ser definido de acordo com a "eficácia" das informações prestadas.

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"Se não serviu nada, não terá diminuição de pena. Serviu, mas não foi uma Brastemp, terá o perdão de um terço da pena. Ajudou muito, desbaratou a organização criminosa, perdão de dois terços da pena", disse Moraes.

O ministro, no entanto, reiterou que ninguém pode ser condenado com base só na delação premiada. "O delator tem interesse em delatar, ele quer benefícios, então ele que prove, ele que aponte provas", disse.

Sobre a Operação Lava Jato, Moraes afirmou que, mesmo com os acordos de delações, "nós não vamos nunca recuperar todo o dinheiro que foi desviado" da Petrobras. Segundo ele, é preciso "aproveitar o momento" para evitar que um novo escândalo como esse aconteça, "porque senão o que acontece é que acaba faltando dinheiro para tudo".

A Petição 7.003 requerida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e acatada pelo ministro Edson Fachin, que trata da delação da empresa JBS, não cita Paulo Câmara, nem o prefeito Geraldo Julio. Em vídeo divulgado ontem, o diretor da JBS Ricardo Saud declara que foi negociado um pagamento de propina na campanha de 2014 com o então candidato a governador de Pernambuco e o prefeito do Recife. 

A decisão de Fachin não determina a abertura de inquérito e nem determina encaminhamentos a órgãos do MP e do Poder Judiciário. 

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Segue a íntegra da PETIÇÃO 7.003:

 

O senador Fernando Bezerra Coelho emitiu uma nota, na noite desta sexta-feira (19), sobre o depoimento do diretor da JBS Ricardo Saud que declarou, em delação premiada, negociações envolvendo pagamento de propina na campanha de 2014. Além de FBC, o empresário citou ainda o governador Paulo Câmara (PSB) e o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB).

"O Fernando Bezerra foi beneficiado. Essa nota fiscal aqui de R$ 1 milhão foi para ele", afirma Saud. A nota divulgada através da sua assessoria de imprensa nega envolvimento na transação.

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"A defesa do senador, representada pelo advogado André Luiz Callegari, afirma que todas as doações para a campanha de Fernando Bezerra Coelho ao Senado foram devidamente declaradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral. A defesa do parlamentar, que não teve acessos aos referidos autos, repudia as declarações unilaterais divulgadas e ratifica que elas não correspondem à verdade", diz o comunicado.

 

 

A JBS Veículos, uma das redes de concessionárias de carros mais antigas do Recife, usou suas redes sociais para esclarecer que não é a empresa ligada à delação premiada que revelou esquemas de corrupção envolvendo o presidente Michel Temer (PMDB) e o senador Aécio Neves (PSDB). O comunicado também está na home da página oficial da empresa.

A JBS envolvida na maior crise do atual governo federal é a rede de frigoríficos de Goiás, dos irmãos Joesley e Wesley Batista que afirmam ter gravações que indicam o pagamento de propina. Na nota, a empresa pernambucana diz que "é uma empresa familiar" e que "atua há 26 anos com os mais sólidos valores éticos e morais, sem qualquer vínculo político ou partidário".

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A delação de Antonio Palocci é dada como certa entre petistas desde a semana passada. Na abertura da etapa paulista do 6.º Congresso Nacional do PT, a "traição" do ex-ministro era um dos assuntos principais. Em tom que variava entre a indignação e a resiliência, petistas comentavam que Palocci iria entregar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em troca do acordo com o Ministério Público Federal.

A certeza dos petistas vem de recados dados por pessoas próximas ao ex-ministro da Fazenda (Lula) e Casa Civil (Dilma Rousseff) e também pela lógica da exclusão. Segundo eles, Lula é o único alvo que a Lava Jato ainda não conseguiu alcançar e Palocci, dada a proximidade com o ex-presidente até bem pouco tempo atrás, poderia preencher lacunas que dariam mais solidez às denúncias contra Lula.

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A indignação dos petistas com o ex-ministro aumenta diante das suspeitas que pesam contra Palocci. Ao contrário do ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto, preso por supostamente operar o esquema de caixa 2 do PT, Palocci é acusado de enriquecimento pessoal.

Sob a condição de sigilo, petistas dizem que o ex-ministro quer preservar seu patrimônio, em grande parte acumulado no período dos governos do partido, ao tentar o acordo de delação premiada.

Preso político

Mesmo assim o PT estadual de São Paulo aprovou um texto no qual Palocci, Vaccari e José Dirceu são tratados como "presos políticos". Segundo dirigentes, foi uma tentativa de acalmar o ex-ministro.

Dado o amplo acesso que Palocci tinha a Lula, correligionários avaliam que o estrago da delação será grande, podendo levar à inviabilização da candidatura do petista à Presidência em 2018.

‘Não sei’

Já no entorno de Lula a torcida é para que o ex-ministro poupe o ex-presidente. Um ex-auxiliar do círculo mais próximo ao petista disse esperar que Palocci diga somente a "verdade".

E a "verdade", segundo essa fonte, é que o "ex-presidente Lula sempre disse para ele cuidar desse negócio (de dinheiro para campanhas), que não queria saber de onde veio o dinheiro e que o PT que se virasse para financiar seus candidatos".

De acordo com interlocutores de Lula, Palocci e depois Guido Mantega foram encarregados de gerenciar o caixa 2 petista justamente para preservar e blindar o ex-presidente.

Outra certeza petista é que a delação de Palocci vai ampliar muito o escopo da Lava Jato trazendo para o olho do furacão setores do empresariado nacional com quem o ex-ministro tinha grande proximidade e que até então passaram ilesos pelas investigações de Curitiba. O principal deles é o setor financeiro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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