Tópicos | Evangélicos

A primeira-dama Michelle Bolsonaro se tornou uma das figuras mais influentes do segmento evangélico nas redes sociais e tem servido como trunfo da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) para neutralizar a rejeição do marido, principalmente entre as mulheres.

A Casa Galileia, organização que promove ações e campanhas sobre os cristãos no Brasil, fez um monitoramento em milhares de publicações de influenciadores evangélicos, de fevereiro a agosto. E identificou que a primeira-dama passou a figurar entre os campeões de engajamento nesse público, não só por publicações próprias, mas, principalmente, pelos assuntos impulsionados por campeões de seguidores.

##RECOMENDA##

Com perfil apenas no Instagram, as publicações de Michelle têm superado 150 mil interações na semana. Seu maior alcance, no entanto, está nos perfis de pastores e políticos de direita que usam a imagem da mulher de Bolsonaro para impulsionar a campanha. As aparições públicas servem de conteúdo para perfis com altos índices de engajamento nas redes sociais, como é o caso do músico Rafael Bitencourt, do pastor Rodrigo Mocellin, da ex-ministra Damares Alves e do portal Pleno News.

Entre os dias 15 e 21 de agosto, Michelle divulgou o "santinho" da campanha à reeleição do marido e atraiu 570.135 interações. Ficou em segundo lugar no ranking de publicações mais influentes entre perfis evangélicos na rede social, liderado pelo vereador Nikolas Ferreira (PL-MG), candidato a deputado federal.

A primeira-dama também aparece ao publicar apoio à candidatura de Damares para o Senado e ser citada como alguém que a campanha do PT "tem que se preocupar mesmo". Em sete meses, 18 publicações de Michelle ficaram entre os 20 posts de influenciadores evangélicos com maior engajamento na rede.

Em geral, a primeira-dama é vista entre os cristãos como "temente a Deus, que equilibra o temperamento difícil e explosivo do seu marido". A autenticidade da fé virou ferramenta da campanha de Bolsonaro, mostra o levantamento.

ALERTA

O estudo identifica que Michelle mergulhou na campanha do marido a partir de junho, quando pesquisas apontaram baixa adesão do eleitorado feminino ao presidente, além de queda do apoio evangélico. Foi quando a campanha começou a focar nesses grupos nos discursos e agenda do candidato à reeleição.

"Michelle Bolsonaro performa o rosto do evangélico conservador e fundamentalista no Brasil, uma esposa crente e sábia que edifica sua casa, é temente a Deus e equilibra o temperamento difícil e explosivo do marido", disse a pesquisadora Andréa Santos, autora do levantamento.

O atual presidente lidera as intenções de voto entre evangélicos, mas a rejeição cresce quando as mulheres são consultadas. Conforme a última pesquisa Datafolha, o presidente tem 49% das intenções de voto entre evangélicos, ante 32% de Lula. O petista tem 47% entre as mulheres, ante 29% de Bolsonaro.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Cerca de uma semana após afirmar que não entraria em pautas religiosas, o candidato do PT à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta sexta-feira (26), que tem "grande interesse em dialogar com os evangélicos". Em encontro com o candidato do PSB ao governo do Rio, Marcelo Freixo, Lula lembrou ações de seus dois governos voltadas àquele público e disse que quer "discutir problemas do Brasil" com eles.

"Eu não sou daqueles que mistura campanha política com religião. Acho que religião é uma coisa e política é outra", reiterou Lula, para depois fazer aceno a essa parcela do eleitorado. "(Mas) as pessoas não sabem que quem criou a lei de liberdade religiosa foi o meu governo. É preciso que a gente diga aos evangélicos, para as pessoas normais - porque alguns pastores não querem dizer -, que o Dia Nacional da Marcha para Jesus, foi feito por nós", afirmou Lula, lembrando ainda outras duas datas criadas durante seu governo e o da ex-presidente Dilma Rousseff dedicadas aos evangélicos.

##RECOMENDA##

Além de Lula e Freixo, o encontro realizado em um hotel em Copacabana, na zona sul da capital fluminense, reuniu o candidato a vice na chapa do petista, Geraldo Alckmin, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o candidato ao senado pelo Rio André Ceciliano (PT)

Em discurso de pouco mais de 11 minutos, Lula afirmou que, se eleito, irá recriar o Ministério da Cultura e criar comitês culturais em cada Estado do País. "Vamos fazer investimento muito forte na cultura, porque o atual governo (a) destruiu", disse o petista.

Freixo

O ex-presidente também aproveitou para demonstrar forte apoio à candidatura de Freixo, vice-líder nas pesquisas de intenção de voto no Estado. "O Rio está na nossa pauta como Estado prioritário para que vocês (Freixo) ganhem a eleição", declarou Lula. "A gente vai fazer tudo o que for preciso para eleger Freixo e Ceciliano no Rio de Janeiro."

Ao entregar seu programa de governo ao candidato do PT à Presidência, Marcelo Freixo pediu à Lula a retomada da indústria naval e do investimento no setor de petróleo e gás no Rio. Ao abordar o tema, Lula aproveitou para fazer uma crítica e um pedido à Federação Única dos Petroleiros (FUP). "A FUP precisa fazer publicidade da Petrobras pro povo, não para os petroleiros", afirmou.

A primeira-dama Michelle Bolsonaro fez, nessa segunda-feira (22), um discurso contra a eleição de candidatos de esquerda e disse, sem provas, que as igrejas serão perseguidas caso um oposicionista vença a disputa à Presidência.

"Orem para aqueles que estão sendo enganados. Os olhos espirituais, ouvidos espirituais, nós estamos vendo o que o comunismo está fazendo nos países, perseguindo igrejas, queimando igrejas católicas, vão perseguir os cristãos do Brasil", declarou durante um culto liderado pela pastora Camila Barros, em Taguatinga, região administrativa do Distrito Federal.

##RECOMENDA##

Michelle Bolsonaro não citou o favorito nas pesquisas de intenção de voto, o petista Luiz Inácio Lula da Silva. Mas aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) têm insistido nesse discurso. O deputado Marco Feliciano (PL-SP) disse, em entrevista à rádio CBN que o petista fecharia igrejas. O ataque fez com o PT entrasse com uma ação na Justiça do DF para fazer com que Feliciano prove o que acusou.

A pastora Camila Barros compartilha do pensamento da primeira-dama de combate às pautas de esquerda. Em entrevista ao portal Comunidade Evangélica Gilgal, em maio, declarou que não é possível uma mulher ser cristã e feminista ao mesmo tempo. "Não dá para ser cristã e feminista ao mesmo tempo. Por mais que as pessoas digam que sim. Não adiante você ter uma ideia, uma filosofia sobre aquilo e achar que isso tem que ser do jeito que você pensa porque o mundo não funciona como você pensa".

No mesmo dia em que disse que o comunismo queima igrejas, Michelle também participou de um comício da ex-ministra Damares Alves (Republicanos-DF), candidata ao Senado. No evento, a primeira-dama adotou um tom mais comedido e se limitou a fazer elogios a candidata e acusar os governos anteriores ao seu marido de corrupção, mas sem associar Lula a uma intolerância religiosa.

O segmento evangélico é um dos poucos onde Bolsonaro vence Lula, de acordo com a última pesquisa Ipec. O atual presidente tem a preferência de 47% contra 29% que querem o petista.

Para frear as investidas do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) junto ao público evangélico, a campanha à Presidência da República de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu criar contas nas redes sociais direcionadas a esse segmento que corresponde a 30% do eleitorado. A novidade na comunicação do petista foi informada neste sábado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Os perfis criados e apresentados ao TSE foram batizados de "Evangélicos com Lula". Em nota, a assessoria de imprensa da campanha diz que a iniciativa partiu dos próprios religiosos. "Alguns setores evangélicos - tanto dos partidos da coligação quanto de fora dele - nos contataram com interesse em atuar junto a comunidades evangélicas na campanha, e para isso ser possível registramos esses sites e perfis no TSE", afirma a equipe.

##RECOMENDA##

A disputa pelo comando do País tem sido marcada pelos ataques mútuos de Bolsonaro e Lula com teor religioso. Em culto em Belo Horizonte, a primeira-dama Michelle afirmou que o Palácio do Planalto era consagrado a demônios em governos anteriores. Já Lula afirmou na última terça-feira que Bolsonaro estava possuído pelo demônio. Hoje, em comício em São Paulo, o petista defendeu o Estado laico e criticou o uso de igrejas como palanque político e a circulação de "fake news religiosa". No entanto, com a criação dos perfis nas redes sociais, o ex-presidente mostra que não vai ficar de fora dessa disputa pelo público das igrejas.

O pano de fundo é a disputa pelo eleitorado evangélico, que hoje está majoritariamente com Bolsonaro. Na mais recente pesquisa Datafolha, o candidato à reeleição cresceu seis pontos porcentuais e chegou a 49% das intenções de voto entre evangélicos, ante 32% de Lula. O PT está preocupado com o crescimento de Bolsonaro no segmento e discute formas de reagir a isso.

A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discute o que seria uma reação aos avanços do presidente Jair Bolsonaro (PL) e da primeira-dama Michelle sobre o eleitorado evangélico. O temor é que a campanha bolsonarista reforce a alegação de que o petista, se eleito, "fecharia igrejas". A agenda é vista como uma reedição da discussão sobre o "kit gay" da corrida eleitoral de 2018.

Na última semana, Michelle afirmou que o Palácio do Planalto era "consagrado a demônios" antes de 2019 e compartilhou um conteúdo que associava às "trevas" um ritual de candomblé em que Lula participava.

##RECOMENDA##

Nas redes sociais, bolsonaristas divulgaram publicações sobre um falso compromisso de Lula de fechar igrejas se voltar ao poder. A ameaça espalhada a fiéis foi repetida nesta segunda-feira, 15, pelo pastor Marco Feliciano (PL-SP), deputado federal que apoia a reeleição do presidente Jair Bolsonaro, em entrevista ao jornal O Globo. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que estuda acionar a Justiça.

Gleisi declarou que vai estudar "tudo o que é possível". "Não pode é deixar que a campanha vá para fake news, para mentira. Eles não têm o que debater com o povo, o que eles fazem é eleitoreiro", afirmou a dirigente em São Paulo, após reunião com Lula e outros líderes da campanha.

Para o pastor Paulo Marcelo Schallenberger, conselheiro de Lula na comunicação com os religiosos, as mensagens do fechamento de igrejas reeditam o "kit gay", de 2018, quando bolsonaristas alegavam que o então candidato petista, Fernando Haddad, era responsável pela criação de uma cartilha contra a homofobia que, segundo Bolsonaro, estimulava as crianças a se interessarem pelo sexo. Na ocasião, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) chegou a determinar a remoção de seis postagens no Facebook e no YouTube em que o candidato associava o material à gestão de Haddad à frente do Ministério da Educação.

"O 'kit gay' de 2018 vai virar a demonização do presidente Lula, principalmente vinculando a Janja (mulher do ex-presidente) à macumba", afirmou Schallenberge.

Em resposta à ofensiva bolsonarista, o site "Verdade na rede", criado pelo PT, começou a divulgar peças publicitárias reforçando que Lula é católico e que foi responsável por sancionar a lei de liberdade religiosa, em 2003, que instituiu personalidade jurídica às organizações religiosas.

Como mostrou o Estadão, Schallenberger conversou com o vice na chapa do PT, Geraldo Alckmin (PSB), para encaminhar respostas "urgentes". Entre as propostas está a realização de um grande culto pentecostal em São Paulo, com a presença do ex-presidente, que aconteceria na Casa de Portugal, na Liberdade. Schallenberger também sugere a realização de uma live para Lula expor atos da sua gestão na Presidência em favor da liberdade religiosa.

O pastor lista como exemplo, além da lei de 2003, a sanção da lei que institui o dia nacional da Marcha para Jesus no Brasil, de 2009. Na data, a solenidade contou com a participação de representantes de várias igrejas evangélicas, inclusive dos bispos Estevam e Sônia Hernandes, da Igreja Apostólica Renascer em Cristo, e do então senador Marcelo Crivella (ex-PRB).

Gleisi também destacou a lei em sua fala. "Lula governou esse país por oito anos. Quando é que fechou uma igreja, perseguiu evangélicos, um pastor? Foi nossa, foi dele a sanção da lei da liberdade religiosa", disse a petista. "Lula sempre respeitou todas as religiões. Então, vamos enfrentar esse debate com muita tranquilidade e clareza, mostrando para o povo que eles querem ganhar com mentira, com medo sobre a população", acrescentou.

"Essa não é uma disputa religiosa, tem que deixar isso claro. É disputa política. Você disputa projeto para o País. Mas obviamente que nesse bojo a gente tem que esclarecer as mentiras e as fake news. Mas, se precisar, vamos fazer fala específica [para evangélicos], não há problema nesse sentido", disse a presidente da legenda.

Levantamento recente mostra que o Bolsonaro reverteu, em um mês, empate técnico com Lula entre evangélicos em Minas Gerais e, segundo pesquisa Genial/Quaest, está 18 pontos porcentuais à frente.

Igrejas

A ideia de que Lula fecharia igrejas começou a circular em templos evangélicos e foi encampada pelo deputado federal e pastor Marco Feliciano. Ele também assumiu pregar sobre a pauta em entrevista à Rádio CBN. "Conversamos sobre o risco de perseguição, que pode culminar no fechamento de igrejas. Tenho que alertar meu rebanho de que há um lobo nos rondando, que quer tragar nossas ovelhas através da enganação e da sutileza. A esmagadora maioria das igrejas está anunciando a seus fiéis: 'tomemos cuidado'", afirmou.

Publicações sobre o tema também surgiram nas redes sociais. Neste mês, usuários do Twitter publicaram um vídeo que mostra um cerco policial contra o bispo Rolando Álvarez, na Nicarágua, para colar a imagem de Lula à do presidente nicaraguense Daniel Ortega.

Publicações falsas sobre o tema, no entanto, já começaram a circular nas redes no ano passado. Em fevereiro deste ano, o Estadão Verifica mostrou que era falso um vídeo de 2021 que tentava acusar o PT de intolerância religiosa. No conteúdo, um suposto membro do partido defendia que a esquerda precisa "atacar", "denunciar" e "não deixar abrir" as igrejas porque os fiéis estariam apoiando o presidente Jair Bolsonaro.

Apesar de católico, Jair Bolsonaro (PL) tem o voto evangélico como uma das bases de apoio a sua reeleição. Com o presidente em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, um dos seus deputados mais fiéis, o pastor Marco Feliciano (PL), afirmou que espalha a informação de que a eleição de Lula (PT) repercutiria no fechamento de igrejas. 

De acordo com a CBN, o parlamentar confirmou que reproduz a mentira aos fiéis da sua congregação. "Conversamos sobre o risco de perseguição, que pode culminar no fechamento de igrejas. Tenho que alertar meu rebanho de que há um lobo nos rondando, que quer tragar nossas ovelhas através da enganação e da sutileza. A esmagadora maioria das igrejas está anunciando a seus fiéis: ‘tomemos cuidado’", disse Feliciano. 

##RECOMENDA##

A fala se baseia no fechamento temporário das igrejas e estabelecimentos comerciais como medida sanitária na pandemia. Um jornal chegou a ser distribuído na entrada da Assembleia de Deus do Brás, no centro de São Paulo, com destaque à necessidade de combater a doutrinação progressista.  

No país com mais de 30% da população evangélica, a constituição brasileira veda a perseguição religiosa e o fechamento de igrejas. Em 2003, o próprio ex-presidente Lula regulamentou a liberdade para a expansão de igrejas no Brasil. 

Ainda que Bolsonaro seja líder nas pesquisas entre os evangélicos, com 43% da intenção dos votos, de acordo com levantamento feito pelo Datafolha, divulgado no último dia 29, há quem seja evangélico e seja contrário ao atual presidente da República. A Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito é um dos grupos em Pernambuco que vão na contramão do "modelo" de evangélicos que a sociedade estigmatiza, automaticamente, na maioria das vezes, como conservador e/ou bolsonarista. 

Inclusive, uma pesquisa do PoderData divulgada em maio mostrou que Lula vem crescendo entre os evangélicos, com 33%, e diminuindo a diferença com Bolsonaro que, na época, tinha 44% da ala

##RECOMENDA##

O professor de história e membro da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, Diogo Xavier, que entrou na militância em 2012, contou que houve uma mudança na visão da igreja em relação a política desde então. “No começo, eu percebia que as pessoas achavam que crente não devia se meter em política. A discussão era de que isso era coisa desse reino e nós somos de outro reino. A partir de 2018 que essa chave virou com muita força para colocar o crente como sinônimo de bolsonarista”, observou. 

No entanto, de acordo com ele, nas eleições de 2014 a maior parte da igreja que frequenta votou na ex-presidenta Dilma (PT). “As pautas morais também sempre foram muito fortes, como aborto, LGBT, drogas”, disse. 

Questionado sobre se sentir taxado como bolsonarista, Diogo confessou que, por muita gente já conhecer a sua militância, acontece uma surpresa quando descobrem que ele é evangélico. “Mas tem sim uma questão de acharem que eu sou de direita em locais que não me conhecem”, finalizou. 

Ao relatar que a sua militância se firmou quando entrou na Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, em 2017, a jornalista e candidata a deputada estadual pelo PSOL, Ailce Moreira, explicou o movimento. “Ele surgiu como proposta evangélica progressista ao golpe sofrido pela ex-presidenta Dilma, e como lugar de demarcação de que existem, sim, evangélicos no Brasil que defendem a plenitude de direitos, os direitos humanos, que não estavam a favor do golpe naquela época e desde lá a gente vêm empreendendo ações para estar no combate, hoje, à política do bolsonarismo que tem guiado as igrejas de todo o Brasil”, contou. 

Para ela, diante do cenário brasileiro hoje, não existe nenhuma opção política que “demonstre força suficiente para que o projeto bolsonarista seja derrotado no Brasil, nas urnas e nas ruas”. “O apoio ao ex-presidente Lula não vem de forma acrítica, isenta de se implicar na construção desse projeto. Ele vem por perceber que apenas uma frente ampla é capaz de derrotar o bolsonarismo nas urnas e temos esperança de que, com o tempo, a gente consiga derrotar o bolsonarismo na mente e no coração das pessoas”, salientou. 

Com relação ao estereótipo, a jornalista desabafou sobre o desafio que tem sido se identificar como evangélica. “E, ao mesmo tempo, é muito importante a gente continuar dizendo que não é possível generalizar todas as pessoas que se identificam como evangélicas. O universo evangélico no Brasil é extremamente heterogêneo, de muitos contextos e pessoas diversas, colocando o seu corpo na linha de frente em defesa da vida das pessoas, assim como Jesus Cristo fez. 

De acordo com Ailce, a escola de fé e política da escola Martin Luther King, no bairro de Coqueiral, no Recife, a fé e política são pensadas a partir do evangelho do amor e da justiça. “É totalmente ao contrário do que a gente vê como resultado do governo Bolsonaro, que faz política de morte quando a gente tem o Brasil de volta ao mapa da fome, com 33 milhões de pessoas passando fome, quase 700 mil pessoas mortas por Covid-19, inúmeros escândalos de corrupção e gasto do dinheiro público, inclusive, envolvendo pastores”.

“Essa questão dele [Bolsonaro] se colocar como evangélico, a gente avalia como uma coisa puramente eleitoreira. Ele nunca participou de uma comunidade de fé evangélica. Inclusive, antes da ascensão política dele à Presidência, ele se identificava como católico. Não deixa de ser cristão, mas o discurso evangélico e a forma como ele tem usado a bíblia e as instituições evangélicas para se promover vem junto com o interesse político e eleitoral”, explicou. 

Ela desabafa que, diante do cenário brasileiro hoje, não existe nenhuma opção política que “demonstre força suficiente para que o projeto bolsonarista seja derrotado no Brasil, nas urnas e nas ruas”. “O apoio ao ex-presidente Lula não vem de forma acrítica, isenta de se implicar na construção desse projeto. Ele vem por perceber que apenas uma frente ampla é capaz de derrotar o bolsonarismo nas urnas e temos esperança de que, com o tempo, a gente consiga derrotar o bolsonarismo na mente e no coração das pessoas”, salientou. 

Ao discursar em culto evangélico no auditório da Câmara dos Deputados, o presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, voltou a atacar signatários dos manifestos articulados em defesa da democracia. Para o chefe do Executivo, quem assinou o que chamou de "cartinha" não tomou posição nas restrições sanitárias impostas por governadores no auge da pandemia de Covid-19.

"Vocês todos sentiram um pouco do que é ditadura. E nenhum daqueles que assinam cartinha por aí se manifestaram naquele momento", afirmou o presidente, que critica as medidas de contenção do coronavírus por seus impactos econômicos.

##RECOMENDA##

Na verdade, empresários, banqueiros e juristas - grupo que hoje assina manifesto pela democracia - se pronunciaram publicamente na pandemia, embora não na mesma "trincheira" de Bolsonaro. Em 2021, cerca de 500 representantes desses setores encaminharam ao governo federal carta com cobranças por posturas mais enérgicas no combate à pandemia.

Na terça-feira (2), Bolsonaro afirmou que não precisa assinar o manifesto pela democracia organizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O documento foi articulado em meio aos ataques sem provas do chefe do Executivo sobre o sistema eleitoral brasileiro. A Faculdade de Direito de São Paulo recolhe assinaturas de manifesto de teor semelhante.

Ideologia de gênero

No discurso nesta manhã, Bolsonaro lembrou que se aproximou da bancada evangélica ainda enquanto parlamentar por suas posições contrárias ao que chama de "ideologia de gênero". "Todo dia quando me levanto, me concentro, agradeço pela missão e peço a Deus que meu povo, nosso povo não sinta as dores do comunismo", declarou, sob aplausos de deputados e senadores evangélicos. "Na economia Brasil vai muito bem, mas não podemos esquecer o lado espiritual", defendeu, de olho no processo eleitoral.

O chefe do Executivo costuma associar seu principal adversário na disputa pelo Palácio do Planalto, o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, a um suposto retrocesso na agenda conservadora. "Nós somos a maioria, somos do bem e tenho certeza que venceremos essa batalha. Não por mim nem por vocês, mas pelos nossos filhos", disse o presidente no culto. "Devo muito aos médicos, mas muitos deles me dizem que quem me salvou em Juiz de Fora em 2018 foi a mão de Deus", seguiu, em referência ao episódio da facada.

Ministros do governo e parlamentares da "bancada da Bíblia" marcam presença na cerimônia organizada pelo deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder dos evangélicos no Congresso Nacional, e presidida pelo pastor Cláudio Duarte. O ato religioso acontece semanalmente na Câmara.

Ao reservar a agenda para o culto, Bolsonaro busca fidelizar o eleitorado evangélico que tem sido procurado por seu principal adversário político na disputa pelo Palácio do Planalto, o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Ao mesmo tempo, conselheiros políticos do presidente têm orientado uma expansão na base de apoio, em direção ao Centro político, considerado fiel da balança de qualquer eleição.

Pressionado pela campanha à reeleição a melhorar a interlocução com as mulheres, segmento do eleitorado em que enfrenta grande rejeição, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, nessa quarta-feira (13), a evangélicos que tem aprendido a se aproximar mais das mulheres.

"Não é fácil administrar um país. Tenho aprendido muito nos últimos quatro anos. Inclusive ceder em algum momento, me aproximar mais das mulheres. São a nossa âncora. Nenhum de nós pode ser feliz sem uma mulher ao nosso lado", declarou o presidente em evento da Assembleia de Deus em Imperatriz, município do Maranhão.

##RECOMENDA##

Em um discurso longo em defesa de valores conservadores, Bolsonaro repetiu que família é homem, mulher e prole, o que desconsidera outros arranjos familiares reconhecidos em lei, e voltou a destacar a nomeação de um "terrivelmente evangélico" para o Supremo Tribunal Federal (STF) - no caso, o ministro André Mendonça.

"Indicamos e temos um pastor, que também é ser humano, pode errar. Mas tenham certeza, as pautas conservadoras estarão com ele. O ativismo judicial, acredito, não será aprovado porque este pastor tem poder de pedir vistas a processos. É um freio que colocamos lá dentro", disse o presidente sobre o magistrado.

O pastor Silas Malafaia, tradicional aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), saiu em defesa do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, que também é pastor evangélico e foi preso nesta quarta-feira (22), no âmbito da investigação sobre desvios no MEC, e solto nesta quinta (23).

Contudo, mesmo argumentando a favor do ex-titular da Educação, ele fez questão de ponderar que não há ligação entre a bancada evangélica e Ribeiro, rechaçando vínculo dos aliados religiosos de com o episódio. O caso foi revelado pelo Estadão em março, e expôs a atuação dos pastores Arilton Moura e Gilmar dos Santos, que criaram uma espécie de "gabinete paralelo" no MEC, intermediando a liberação de recursos mediante pagamento de propina. A dupla também foi presa preventivamente, além de outros dois suspeitos.

##RECOMENDA##

"Se tem alguém que tem moral para falar do assunto sou. Eu pedi investigação profunda. Eu, junto da bancada evangélica, pedi o afastamento do ministro para se apurar profundamente", disse. "Agora, algumas coisas (são) estranhas nessas prisões."

Malafaia lembrou que, assim que a denúncia de corrupção foi revelada, o ex-ministro disse ter ele mesmo encaminhado uma denúncia sobre "conversas estranhas" na pasta à Controladoria-Geral da União (CGU).

Em março deste ano, em entrevista à Jovem Pan, Ribeiro afirmou: "Quando, em agosto do ano passado, eu recebi uma denúncia anônima a respeito da possibilidade de que eles (Gilmar dos Santos e Arilton Moura) estariam praticando ação não republicana, imediatamente eu procurei a CGU".

Malafaia, que é líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, também afirmou que os prefeitos que seriam beneficiados pelas verbas do MEC deveriam ter sido presos. Porém, na série de reportagens do Estadão sobre o tema, publicada em março, os prefeitos somente denunciaram a cobrança de propina por parte dos pastores, sem indicar que teriam levado adiante as tratativas ilícitas.

O pastor ponderou que Milton Ribeiro, assim como a ex-ministra Damares Alves, não foi indicado ao governo pela bancada evangélica, mas pelo próprio presidente. Como mostrou o Estadão, a Frente Parlamentar Evangélica quer desvincular sua imagem da prisão do ex-ministro e manter o apoio ao governo Jair Bolsonaro.

Na prática, o ex-ministro fica isolado após perder a proteção tanto dos evangélicos quanto do próprio presidente, que ontem afirmou que, "se a PF prendeu, tem um motivo".

Malafaia relembrou escândalos dos governos do PT para justificar a defesa que faz do presidente. "Querer comparar corrupção de governo do PT, a maior da história dessa nação e uma das maiores do mundo, com governo Bolsonaro? Bolsonaro está envolvido em quê? Foi incriminado em quê?", questionou.

A bancada evangélica quer isolar politicamente a prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, da Igreja Presbiteriana, e dos pastores Arilton Moura e Gilmar dos Santos, da Assembleia de Deus Cristo Para Todos. Aliada do presidente Jair Bolsonaro, a Frente Parlamentar Evangélica admite o desgaste para a campanha à reeleição, mas seus integrantes pretendem ajudar na reação entre os fiéis. Bolsonaro manteve a programação de participar, no sábado, da Marcha Para Jesus, em Balneário Camboriú (SC).

O deputado Marco Feliciano (PL-SP) foi um dos primeiros a reconhecer que o episódio causa "profundo constrangimento" na comunidade protestante, em especial nas Assembleias de Deus, ramo do qual ele faz parte. "É um dia muito triste para a igreja evangélica de vertente pentecostal."

##RECOMENDA##

O presidente da frente, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), membro da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, disse que "temos de ter maturidade para separar o joio do trigo". Segundo ele, "cada um responde pelos seus atos". O pastor Silas Malafaia, líder da mesma igreja, cobrou mais detalhes da investigação. "Se estão presos por suspeita de corrupção, cadê os prefeitos? Corromperam quem?".

Nesta segunda-feira (6), o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), elaborou jurisprudência para "criminalizar a participação de evangélicos nas eleições".

Isso porque está previsto para acontecer na tarde desta segunda-feira (6), um encontro entre o TSE e representantes de diversas religiões para assinar acordos de cooperação para realizar ações e projetos no sentido de preservar a normalidade e o caráter pacífico das eleições em outubro.

##RECOMENDA##

Segundo assessoria do tribunal, "os termos de cooperação, que não têm prazo de vigência pré-determinado, preveem que as lideranças religiosas se comprometam a promover ações de conscientização sobre a tolerância política, a legitimação do pensamento divergente e exclusão da violência durante as pregações, sermões e homilias, ou ainda em declarações públicas ou publicações que venham a fazer".

Em entrevista ao canal Agromais, da Bandnews, Bolsonaro disse que o ministro "Fachin fala de ‘paz e tolerância nas eleições’, só que, no ano passado, ele tentou criar jurisprudência no TSE criminalizando a participação de religiosos e evangélicos nas eleições. Ou seja, ele cria uma jurisprudência para caçar candidatos evangélicos que, por ventura, viessem disputar as eleições e divulgassem qualquer coisa, segundo ele, rotuladas como fake news”.

Essa afirmação do presidente da República é infundada, uma vez que - em agosto de 2020 -, o plenário do TSE discutiu o abuso de poder religioso como motivo para cassação de políticos. Já que o Tribunal Superior Eleitoral entende que apenas o abuso de poder político e econômico pode resultar na perda do mandato.

A discussão levantada era para definir um novo tipo de abuso que seja punível do ponto de vista eleitoral, um debate considerado pelos magistrados "muito delicado" e "disputado".

O presidente Jair Bolsonaro (PL) continua em sua peregrinação por eventos evangélicos no País enquanto tenta consolidar sua pré-candidatura à reeleição em outubro. Neste sábado, 28, está prevista a presença do presidente na Marcha para Jesus, em Manaus.

Às 14h, no horário da capital amazonense (15h em Brasília), ele deve se reunir com líderes evangélicos da região. O evento público está marcado para as 15 horas locais. Ele deve retornar a Brasília à noite.

##RECOMENDA##

A Marcha para Jesus é organizada por diferentes igrejas no País e reúne principalmente evangélicos pentecostais e neopentecostais. O evento é formado por shows de artistas do segmento e políticos de diferentes partidos em busca de apoio do eleitorado cristão.

As mais recentes pesquisas eleitorais mostram o público evangélico dividido nas eleições, com tendência de apoio maior a Bolsonaro, mas com índices menores de adesão em relação a 2018.

Na pesquisa Datafolha divulgada nesta semana, Bolsonaro tem 39% das intenções de voto entre os evangélicos para o primeiro turno da eleição, enquanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece com 36%, em um empate técnico, segundo a margem de erro, de dois pontos porcentuais.

Há uma semana, Bolsonaro participou da Marcha para Jesus em Curitiba, onde disse que "só Deus" o tira da cadeira de presidente da República. Na sexta-feira, ele esteve em Goiânia na convenção nacional da Assembleia da Deus do Ministério Madureira, em outra articulação de aliança com caciques evangélicos. Aliados também articulam a participação do presidente na Marcha para Jesus em Cuiabá, no dia 18 de junho, em Balneário Camboriú (SC), no dia 25, e em São Paulo, a maior do País, em julho.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem conquistado mais do eleitorado evangélico e conseguiu diminuir a diferença de pontos diante do presidente Jair Bolsonaro (PL). A informação consta na nova pesquisa PoderData, divulgada nessa quarta-feira (25). Bolsonaro ainda lidera entre os evangélicos, com 46% das intenções de voto, estando 13 pontos à frente do adversário petista, que alcançou o favoritismo de 33%.

A simulação foi realizada para o primeiro turno das eleições de outubro. Na pesquisa anterior, realizada de 8 a 10 de maio, Bolsonaro aparecia com 52% entre os evangélicos.

##RECOMENDA##

A nova rodada também mostra que 47% dos eleitores evangélicos aprovam o governo do presidente Jair Bolsonaro. Esse número é exatamente o mesmo registrado na rodada de duas semanas antes. Os que desaprovam a gestão bolsonarista nesse estrato religioso são 44%. A avaliação positiva do governo no grupo evangélico é nove pontos percentuais maior do que entre a população em geral, em que 38% aprovam e 54% desaprovam a administração federal.

1º turno

O levantamento aponta que Lula lidera a corrida eleitoral no primeiro com folga. O petista figura com 43% das intenções de voto contra 35% de Jair Bolsonaro (PL). Na sequência, aparecem Ciro Gomes (PDT), com 5%, André Janones (Avante), com 3%, e Simone Tebet (MDB), com 2%. O ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) foi mantido no estudo porque só desistiu de concorrer na segunda-feira (23). Após o anúncio, o tucano caiu para 1%.

2º turno

Segundo o PoderData, na segunda fase da disputa, Lula tem uma vantagem de 11 pontos percentuais sobre Bolsonaro no segundo turno. O presidenciável soma 50% das intenções de voto contra 39% de Bolsonaro. Na pesquisa anterior, realizada entre os dias 10 e 12 de maio, Lula aparecia com 49% e Bolsonaro, 38%.

A pesquisa realizada pelo PoderData coletou dados entre 22 e 24 de maio de 2022, por meio de ligações para celulares e telefones fixos. Foram três mil entrevistas em 301 municípios das 27 unidades da Federação. A margem de erro é de dois pontos percentuais. O intervalo de confiança é de 95%. O registro no TSE é BR-05638/2022.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) recuperou parte da preferência entre os eleitores evangélicos e voltou a superar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entre esse público, segundo pesquisa XP/Ipespe divulgada nesta quarta-feira (6). O chefe do Executivo, que chegou a perder do petista por cinco pontos em um levantamento de março, agora tem 40% das intenções de voto dessa denominação religiosa, contra 33% do ex-presidente.

O levantamento ainda não considera eventuais impactos das declarações de Lula em defesa do aborto. Bolsonaro, que tem os evangélicos como uma de suas principais bases eleitorais, busca alicerce nas chamadas "pautas de costumes" para manter a aprovação desse público.

##RECOMENDA##

Segundo acredita o pastor Henrique Vieira, que posou com Lula após o festival Lollapalooza e faz campanha para o petista nas redes sociais, a defesa do aborto pode não ser determinante para a retirada do apoio de parte dos evangélicos ao petista, já que, segundo ele, outras questões devem se impor entre os religiosos, como "desemprego e inflação".

Ainda segundo a pesquisa Ipespe, o ex-presidente tem maior vantagem sobre Bolsonaro na região Nordeste, onde o petista tem a maioria da preferência (52%), contra 23% do atual chefe do Planalto. Bolsonaro vence Lula em somente uma região, o Sul, por 39% contra 34%.

O atual presidente da República tem 36% das intenções de voto entre os homens, o que representa empate técnico - ou seja, dentro da margem de erro - com Lula, que tem 39%. O petista tem 24 pontos porcentuais de vantagem entre as mulheres (48% contra 24%).

O Ipespe ouviu mil eleitores entre os dias 2 e 5 de abril. A margem de erro do levantamento é de 3,2 pontos porcentuais, para mais ou para menos, e o código do registro na Justiça Eleitoral é BR-03874/2022.

Na tentativa de reforçar laços com os evangélicos após os atritos na esteira da crise no Ministério da Educação (MEC), o presidente Jair Bolsonaro recebeu nesta terça-feira, 5, no Palácio do Planalto, o presidente da Frente Parlamentar Evangélica, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), e o pastor José Wellington Costa Junior, da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil. O encontro ocorreu fora da agenda.

Foi a própria bancada evangélica que mais pressionou Bolsonaro para a demissão de Milton Ribeiro do MEC. A queda veio dez dias após o Estadão revelar a existência de um gabinete paralelo que atuava no ministério. O grupo, capitaneado por pastores, cobrou propina até em barras de ouro para a liberação de verbas e intermediava encontros com o então ministro. Ribeiro também era pastor. Líderes de igrejas viram desgaste para os evangélicos e exigiram a saída do titular da Educação.

##RECOMENDA##

Sóstenes afirmou que ele e Costa Junior foram convidar Bolsonaro para a Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB), que deve reunir até 100 mil pastores em Cuiabá, entre os próximos dias 18 e 21. "É a maior convenção de pastores do Brasil", resumiu o presidente da Frente Parlamentar Evangélica.

O deputado disse que Bolsonaro confirmou presença no encontro, no dia 19. Negou, porém, que tenha tratado com o presidente sobre a crise no MEC ou a sucessão na pasta. Disse, ainda, não haver atritos do governo com os evangélicos. "Para mim, é página virada", observou.

Os evangélicos são o pilar dos planos de reeleição de Bolsonaro e, por isso, o presidente tem interesse em manter a melhor relação possível com as igrejas. Em 8 de março, o chefe do Executivo promoveu uma recepção no Palácio da Alvorada para líderes de igrejas pentecostais e neopentecostais que o apoiam.

As negociações para manter o Republicanos, partido que abriga pastores licenciados da Universal do Reino de Deus, na aliança eleitoral também foi planejada por Bolsonaro como forma de garantir o apoio dos evangélicos mais conservadores.

Após duras negociações que envolveram a filiação de Damares Alves e Tarcísio de Freitas, o Republicanos bateu o martelo e estará ao lado de Bolsonaro na busca por novo mandato. O partido também fechou com o PL no Rio Grande do Sul e terá o vice-presidente Hamilton Mourão, recém-filiado à legenda, como candidato ao Senado na chapa de Onyx Lorenzoni (PL), candidato ao governo gaúcho.

Após reclamar de "falta de espaço" na campanha de Bolsonaro e no próprio governo, o Republicanos havia ameaçado apoiar outro candidato nas eleições. Para não perder a legenda no "tripé da reeleição" - como o governo costuma chamar o pacto entre PL, Progressistas e Republicanos -, Bolsonaro cedeu. Com isso, os ex-ministros Tarcísio de Freitas, que será candidato ao governo de São Paulo, e Damares Alves, que agora planeja concorrer a deputada federal, se filiaram ao Republicanos. Pastora pentecostal, Damares confidenciou a interlocutores, porém, que prefere integrar a coordenação da campanha de Bolsonaro a ser candidata, justamente para virar o elo com os evangélicos no comitê da reeleição.

A "fritura" do ministro da Educação, Milton Ribeiro, cresceu nas últimas horas nos bastidores do Palácio do Planalto. Integrantes do Centrão, da bancada evangélica e da coordenação da campanha de Jair Bolsonaro (PL) elevaram o tom e pedem a cabeça de Ribeiro o quanto antes, para blindar não apenas o presidente, mas o próprio segmento religioso, incomodado com as denúncias de corrupção na pasta, reveladas pelo Estadão.

O nome mais cotado para assumir o ministério é o do atual presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Marcelo Lopes, uma indicação pessoal do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. Lopes foi chefe de gabinete de Ciro no Senado.

##RECOMENDA##

Como mostrou o Estadão em uma série de reportagens, o Ministério da Educação (MEC) abriga um gabinete paralelo, com dois pastores que controlam a agenda de Ribeiro e indicam prefeituras para a liberação de verbas. Dez prefeitos já denunciaram que pastores atuaram na intermediação de recursos ou para facilitar o acesso direto a Ribeiro. Três deles admitiram que ouviram pedido de propina em troca da liberação de verbas para escolas.

Ribeiro é pastor presbiteriano e bastante próximo de Bolsonaro e da primeira-dama, Michelle. Foi indicado para o cargo pelo novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, antes mesmo de ele ocupar a vaga na Corte. Mendonça é pastor e "terrivelmente evangélico", como costuma dizer o presidente.

Embora Bolsonaro tenha dito que bota "a cara toda no fogo" por Ribeiro, aliados do presidente afirmam que a situação se tornou insustentável com a avalanche de notícias negativas, porque ele perde o discurso de que não há corrupção no governo às vésperas de colocar a campanha na rua.

No diagnóstico do comitê da campanha, Bolsonaro não pode ter a imagem comprometida com mais uma crise no momento em que começa a ganhar fôlego nas pesquisas de intenção de voto, diminuindo a diferença para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu maior adversário. De acordo com informações do blog da jornalista Andréia Sadi, confirmadas pelo Estadão, a bancada evangélica vai pedir apoio de André Mendonça para convencer Bolsonaro e o ministro de que ele deve deixar o cargo.

A posição de Bolsonaro ainda é a de manter Ribeiro em banho-maria para aguardar novos desdobramentos do caso, como a investigação do ministro autorizada na quarta-feira pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Mas não se sabe até quando o presidente aguentará a pressão e o fogo amigo. Na avaliação de líderes do Centrão ouvidos pela reportagem, o fato de as denúncias só crescerem, a crise ganhou novo patamar.

Integrantes de diferentes denominações religiosas argumentam, nos bastidores, que Bolsonaro precisa dar uma resposta "à altura", porque o escândalo também pode manchar a imagem dos próprios evangélicos que apoiam um segundo mandato para o presidente. "O ministro tem que sair e responder às denúncias fora do cargo. Acredito na honestidade dele, mas vai ter que provar", disse ao Estadão/Broadcast um líder religioso, com trânsito livre no Planalto, sob a condição de anonimato.

O presidente da Frente Parlamentar Evangélica, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), afirmou que as explicações dadas por Ribeiro até agora não foram suficientes. "Nós não seremos complacentes caso fique comprovado, depois do devido processo legal, com atos ilegais de quem quer que seja", destacou o deputado na quarta-feira, 23.

A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, disse que Ribeiro é uma das pessoas" mais honradas" que já conheceu. Mesmo assim, ao participar de transmissão ao vivo pelas redes sociais ao lado de Bolsonaro, na quinta-feira, 24, afirmou que em sua pasta as emendas parlamentares saem "sem propina" e sem pedágio.

Até mesmo militares do governo acham que Ribeiro precisa tomar a iniciativa de pedir demissão. Uma das ideias avaliadas por integrantes do governo é a saída do ministro na reforma ministerial, que deve ocorrer na próxima semana. Neste caso, ele deixaria o MEC com o discurso de que vai concorrer a uma cadeira de deputado federal. Antes, porém, precisa se filiar a algum partido.

Pela lei eleitoral, integrantes de cargos públicos que querem ser candidatos devem abdicar de suas funções até 2 de abril. A saída de Ribeiro ao lado de outros ministros seria uma maneira de o Planalto responder à pressão pela dispensa, após o escândalo, sem que ele ficasse exposto ao constrangimento de perder o cargo no auge da crise, como mostrou o Estadão.

Para dirigentes do Centrão - grupo formado por Progressistas, PL e Republicanos -, militares e dirigentes da campanha da reeleição, no entanto, não é mais possível esperar porque a crise ficou incontrolável. Há uma percepção de que o escândalo agora atinge o presidente, com investigações abertas em várias frentes e mais cobranças do Supremo Tribunal Federal (STF). Procurado, o ministro Ciro Nogueira não quis se manifestar.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, nessa terça-feira (8), que está ansioso para "entregar o bastão" e ser livre para fazer atividades cotidianas de seu interesse, como ir à praia e pescar. Entretanto, o mandatário disse temer o rumo que o País teria seguido na pandemia se outra pessoa estivesse em seu lugar no Planalto.

Possivelmente fazendo referência ao Partido dos Trabalhadores (PT), que chegou à disputa do segundo turno em 2018 com Fernando Haddad, o chefe do Executivo disse haver "uma ideologia, uma gangue, uma quadrilha" tentando "roubar a liberdade" da população.

##RECOMENDA##

"Eu não vejo a hora de um dia entregar o bastão da Presidência para poder ir à praia, tomar um caldo de cana na rua, voltar a pescar na baía de Angra, ter paz", afirmou, ponderando que, segundo ele, o País teria consequências ruins se outra pessoa ocupasse seu cargo. As declarações foram feitas durante encontro com líderes evangélicos no Palácio da Alvorada.

"Mas eu creio que uma coisa fala por tudo isso aí: quem estaria no meu lugar se a facada fosse fatal? Como estaria o Brasil com essa pandemia? Nem vou falar sobre desvios; se alguém entrar nessa casa e me roubar tudo, vou ficar chateado (...), mas isso você pode recuperar; mas se esse partido, essa ideologia, essa gangue, essa quadrilha roubar a nossa liberdade, aí complica a situação", continuou o presidente.

Bolsonaro também disse haver "milhares" de pessoas melhores que ele para a Presidência da República. "Existe gente melhor do que eu? Milhares, mas, na oportunidade do momento, o nome que sai é o meu".

Na tarde desta terça-feira, no Alvorada, Bolsonaro promoveu uma recepção a chefes de igrejas pentecostais e neopentecostais na residência oficial, ao lado da primeira-dama Michelle Bolsonaro e de ministros. O movimento serviu como uma espécie de oficialização do apoio das igrejas presentes à reeleição do presidente. A aproximação partiu de uma iniciativa da Presidência da República, depois que líderes religiosos manifestaram distanciamento do presidente, dizendo que não queriam se engajar na campanha, como revelou o Estadão.

Num intervalo de menos de 24 horas, o presidente Jair Bolsonaro transformou os palácios do Planalto e da Alvorada em palco de encontros de viés eleitoral, para agradar a aliados religiosos, acenar a mulheres e até reunir pecuaristas mobilizados para doar dinheiro a sua futura campanha. O último deles foi um amplo ato de apoio de líderes evangélicos, um setor que ainda tem questões a resolver com o presidente - como o respaldo de parte do governo à aprovação dos jogos de azar no Congresso - e sofre intenso assédio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ex-juiz Sergio Moro (Podemos), virtuais adversários na disputa eleitoral.

Pela manhã, Bolsonaro participou de cerimônia do Dia Internacional da Mulher, onde cometeu gafe. Afirmou que hoje em dia as mulheres estão "praticamente integradas à sociedade". "Assim como a mulher foi feita do homem, assim também o homem nasce da mulher e tudo vem de Deus", disse durante a solenidade no Palácio do Planalto.

##RECOMENDA##

Nesta segunda (7), sem registro em agenda, Bolsonaro se reuniu com produtores rurais. Colocou ao seu lado no encontro, o administrador de fazenda em Rondônia Bruno Scheid, apontado por ruralistas como porta-voz de pedidos de doação para a campanha do presidente.

Posteriormente, a conversa foi registrada pelo Planalto como encontro com o Movimento Ação Voluntária Amigos da Pecuária. Eles se mobilizam para arrecadar doações à campanha de Bolsonaro. Segundo Scheid, a reunião não teve pauta de reivindicações, mas serviu para manifestar o "apoio do agro ao presidente e agradecer o que o governo tem feito pelo setor".

Na tarde desta terça (8), no Alvorada, Bolsonaro promoveu uma recepção a chefes de igrejas pentecostais e neopentecostais na residência oficial, ao lado da primeira-dama Michelle Bolsonaro e de ministros. O movimento serviu como uma espécie de oficialização do apoio das igrejas presentes à reeleição do presidente. A aproximação partiu de uma iniciativa da Presidência da República, depois que líderes religiosos manifestaram distanciamento do presidente, dizendo que não queriam se engajar na campanha, como revelou o Estadão.

"É a oficialização do apoio das grandes igrejas ao presidente, embora já estejam com ele, entendo que é isso", resumiu o bispo Robson Rodovalho, líder da Igreja Sara Nossa Terra.

Ausências

Apesar da mobilização e dos 25 discursos de chefes de igrejas, não aparecem os nomes mais proeminentes da cúpula da Assembleia de Deus Ministério do Belém, da Universal do Reino de Deus e da Internacional da Graça.

Entre os parlamentares evangélicos, discursou o deputado Marcos Pereira (SP), presidente do Republicanos, partido que não decidiu ainda pela aliança com Bolsonaro e se queixa do Planalto. Embora seja bispo licenciado da Universal, ele não foi apresentado como representante da igreja. "Duas bandeiras nos unem a todos aqui, a bandeira do Senhor e a bandeira do Brasil", disse o parlamentar.

Diante da hesitação de religiosos em embarcar na campanha, Agenor Duque, da Igreja Apostólica Plenitude do Trono de Deus, cobrou que eles 'não se vendam". "Vejo alguns na linha do meio, estamos no meio de uma guerra, não é esquerda contra direta, é o céu contra o inferno", disse Duque. "Não vamos negociar nossa fé, não vamos nos vender."

O encontro com religiosos tomou cerca de duas horas da agenda do presidente e mobilizou a estrutura da Presidência. "Nosso desafio é não permitir que o espinheiro governe o Brasil", disse o apóstolo Estevam Hernandes, da Igreja Renascer em Cristo. Chefe de uma das maiores igrejas presentes, Samuel Câmara, da Assembleia de Deus em Belém, a maior da região Norte, destacou também o acesso que o presidente deu ao religiosos no governo. "Os olhos de Deus estão sobre o senhor, presidente. Ao final de tudo virão, como vieram, os votos que sufragaram o presidente."

Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, disse que a presença dos evangélicos era demonstração de apoio contra "o império da safadeza e da corrupção".

'Gangue'

Em longo discurso, Bolsonaro falou contra o aborto e a "desconstrução da heteronormatividade", da família. Disse que forças tentam inviabilizar o governo, mas que não vai ceder. "Se esse cara, esse partido, essa gangue, essa quadrilha roubar a nossa liberdade aí complica a situação. Eu dirijo a nação para o lado que os senhores assim o desejarem."

A movimentação das pré-campanhas para arrecadar recursos a seus candidatos entrará na mira do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No comando do TSE, Edson Fachin afirmou que o atual estágio da corrida eleitoral impõe restrições ainda maiores à busca por financiamento e garantiu consequências a quem atuar fora das regras eleitorais.

"Neste momento em que se vive pré-campanha, os limites legais de comportamento são bem mais elevados. Há um conjunto de vedações, não apenas aquelas aplicadas ao período da campanha, mas um conjunto expressivo de vedações", afirmou em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.

Marcelo Weick, professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), observou que nesta fase de pré-campanha a única movimentação permitida para a captação de recurso é por meio dos partidos políticos, mediante prestação de contas na Justiça Eleitoral.

De acordo com a Lei Eleitoral, é vedado a agentes públicos "ceder ou usar, em benefício de candidato, partido político ou coligação, bens móveis ou imóveis pertencentes à administração direta ou indireta da União". Para Weick, os encontros no Planalto - dedicado exclusivamente a atividades de trabalho da Presidência da República - podem, eventualmente, ser considerados crimes eleitorais. "No Alvorada não tem problema, ele (Bolsonaro) tem essa ressalva, inclusive no período eleitoral."

O presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu líderes evangélicos no Palácio da Alvorada, nessa terça-feira (8), e afirmou que dirige o Brasil para o lado que os pastores desejarem. Em troca, os presidentes das igrejas garantiram apoio nas eleições.  

O encontro de 2h não tinha tema definido e sequer constava na agenda oficial, mas serviu para Bolsonaro confirmar o apoio político de 24 congregações evangélicas. Diferente de outras reuniões, dessa vez, o evento foi transmitido no Facebook.

##RECOMENDA##

"Seria muito fácil estar do outro lado. Mas, como eu acredito em Deus, se fosse para estar do outro lado, nós não seríamos escolhidos. Eu falo 'nós' porque a responsabilidade é de todos nós. Eu dirijo a nação para o lado que os senhores assim o desejarem", declarou o presidente a cerca de 280 convidados, entre parlamentares da bancada evangélica e ministros.  

Em determinado momento do discurso, Bolsonaro chorou ao falar da facada na campanha de 2018 e agradeceu a presença dos líderes religiosos. "Agradeço do fundo do meu coração essa manifestação de preocupação com o futuro da nossa pátria, do nosso Brasil", complementou.

O encontro misturou orações e discursos políticos. O presidente da Igreja Comunitária das Nações, JB Carvalho, comparou o brasileiro a Donald Trump e afirmou “Jair Bolsonaro é a resposta à oração da igreja”. 

Outro que se posicionou contra a vitória de outros candidatos foi o presidente da Renascer em Cristo, Estevam Hernandes. Ele apontou que o desafio das igrejas evangélicas é “não permitir que o ‘espinheiro’ governo o Brasil”.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando