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O governo chinês suspendeu as importações de carne de frango de uma unidade da Bello Alimentos (nome fantasia da marca Frango Bello), de Itaquiraí (MS), e de uma planta da São Salvador Alimentos (nome fantasia Super Frango), em Itaberaí (GO), conforme comunicado no site oficial da Administração Geral de Alfândegas da China (Gacc, na sigla em inglês) publicado nesta segunda-feira, 31.

Os chineses informaram que a interrupção das compras entrou em vigor nesta segunda-feira, sem sinalizar quando os negócios podem ser retomados nem o motivo da decisão.

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O Ministério da Agricultura brasileiro confirmou a suspensão pela China da habilitação para exportações de proteína de frango das duas plantas brasileiras. O governo destacou, porém, que "a área técnica do Ministério da Agricultura discorda da decisão adotada pela autoridade sanitária da China."

Conforme o comunicado, o Brasil "apresentará as informações técnicas para reverter a suspensão" junto à Gacc, o órgão do governo chinês responsável pela habilitação de estabelecimentos exportadores e que também realiza o controle de mercadorias na aduana.

No mês de dezembro, a China havia suspendido as importações de carne de frango da unidade da BRF em Marau (RS). Em agosto, o país havia suspendido também as importações de carne suína e de aves da unidade da BRF em Lucas do Rio Verde (MT).

O país asiático vem suspendendo, desde 2020, as compras de frigoríficos de vários países. A justificativa seria o maior controle sanitário, em razão da pandemia da covid-19.

O Sindicato das Indústrias Frigoríficas do Mato Grosso (Sindifrigo-MT) afirma que frigoríficos do Estado, o maior produtor de carne bovina do País, podem fechar as portas por falta de gado para o abate. Em nota divulgada nesta segunda-feira (16), a entidade afirma que a menor oferta de cabeças de gado tem prejudicado frigoríficos de menor porte, que vendem para o mercado interno e têm menor capacidade de absorver altas de preço do gado.

De acordo com o sindicato, as 33 indústrias frigoríficas mato-grossenses trabalharam com apenas 58,57% da capacidade de abate em 2020. O faturamento aumentou 45% entre 2018 e o ano passado, mas a quantidade de animais abatidos caiu, de 5,3 milhões para 5,1 milhões. Segundo o Sindifrigo-MT, os dois números mostram o encarecimento dos animais tanto para o consumidor final quanto para os frigoríficos.

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"Mesmo com a redução no número de abate, a arrecadação aumentou em 45%, em decorrência dos preços maiores. Bons números a serem comemorados, se não fossem os problemas que atingem a indústria no Estado", diz Paulo Bellincanta, presidente do Sindifrigo-MT, em nota.

O maior problema, de acordo com o texto, é a falta de cabeças de gado para abate, o que aumenta a concorrência por matéria-prima entre as indústrias e eleva mais os preços. A redução do rebanho seria consequência do abate de matrizes e novilhas nos últimos anos, que teria reduzido a capacidade de reposição de cabeças de gado.

Segundo o sindicato, esse contexto favorece frigoríficos exportadores, que vendem a maior parte de seus produtos em dólar e que portanto, teriam uma margem de manobra maior em sua estrutura de custos. A entidade acredita que o equilíbrio entre os dois segmentos viria caso a utilização da capacidade retornasse a patamares próximos a 80%.

O Sindifrigo-MT pede ajuda governamental para evitar a quebra de indústrias menores, sem detalhar quais medidas pleiteia. "O Estado pode e cabe a ele a responsabilidade social de auxiliar uma determinada atividade, atingida por fatores externos, para que ela possa buscar novamente um equilíbrio", diz Bellincanta. "Neste momento se faz urgente uma ação governamental para amenizar e permitir que as pequenas empresas atravessem este período sem danos maiores. Danos que poderiam atingir de pecuaristas a trabalhadores."

O sindicato afirma que a maior parte das empresas não exportadoras do setor em Mato Grosso gasta menos com a folha de pagamento do que com o recolhimento de ICMS, situação vista como anormal. Segundo o Sindifrigo-MT, os frigoríficos empregam 25.560 pessoas no Estado.

Sob pressão de investidores e ONGs, grandes empresas de carne do Brasil estão lançando programas para ampliar o controle do gado que compram das fazendas da Amazônia. JBS, Marfrig e Minerva anunciaram projetos que vão tentar rastrear, desde o nascimento, todos os bovinos adquiridos para evitar comprar produtos que tenham origem em áreas desmatadas.

No caso dos grandes frigoríficos, a maior dificuldade está em garantir a origem do gado dos fornecedores indiretos - ou seja, aqueles que venderam o bezerro ou o boi magro para o fornecedor direto, que comercializa o animal pronto para o abate.

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Os frigoríficos estão cientes de que a compra de gado que, em qualquer momento, tenha sido criado em áreas desmatadas pode afetar a imagem do setor e afugentar investidores e afetar o acesso a crédito. É de olho nesse perigo que essas iniciativas estão sendo criadas.

Ontem, a JBS, uma das maiores empresas do setor de carnes no mundo, lançou o programa Juntos pela Amazônia, que prevê, entre outras iniciativas, o uso da tecnologia Blockchain - a mesma da negociação de criptomoedas - para criar um grande banco de dados de todos os seus fornecedores, diretos e indiretos. "Vamos buscar informações do fornecedor do nosso fornecedor, cruzando os dados com listas do Ibama e análises geoespaciais", disse o presidente global da JBS, Gilberto Tomazoni. "Isso permitirá 100% do controle da cadeia de fornecedores até 2025."

Na semana passada, outra gigante do setor, a Marfrig, havia anunciado iniciativa semelhante. Em outubro, deve entrar em funcionamento uma ferramenta que cruza dados de satélites para localizar a origem e a movimentação de todo o gado abatido pela empresa, de fornecedores diretos e indiretos. Esse trabalho incluirá fazendas de cria (que produzem bezerros), de recria (que adquirem os bezerros e os mantêm até ele virar boi magro) e de engorda (que vendem o gado para o abate).

"Mapas de risco já existem, mas a grande novidade é justamente localizar a fase mais crítica da pecuária (cria e recria), para que possamos ser mais assertivos e fazer as ações voltadas a esta etapa da cadeia produtiva", disse o diretor de sustentabilidade e comunicação corporativa da Marfrig, Paulo Pianez.

Já o Minerva iniciou testes com o Visipec, ferramenta criada pela ONG National Wildlife Federation (NWF) e pela Universidade de Wisconsin-Madison, conta o diretor de sustentabilidade da empresa, Taciano Custódio. "Os criadores do Visipec desenvolveram um software de avaliação que se baseia nas emissões de GTAs (guia de trânsito animal, documento exigido no transporte de animais) e em suas ligações", disse.

Por trás dessas iniciativas está a pressão cada vez maior de investidores nacionais e estrangeiros pela preservação da Amazônia - que, aliás, já afetou a JBS. Em julho, o grupo finlandês Nordea anunciou a exclusão do grupo brasileiro de todos os fundos que administra. Um dos argumentos foi exatamente o risco de desmatamento na cadeia de fornecedores.

Vigilância

Os problemas ambientais da cadeia da carne na Amazônia estão no radar dos bancos brasileiros. Itaú Unibanco, Bradesco e Santander lançaram um plano conjunto para discutir um plano de desenvolvimento sustentável para a Amazônia. E deixaram claro que a questão seria crucial na liberação de crédito. "Não vamos financiar (as empresas) dessa cadeia que estiverem nessas condições. Vamos montar um plano para desestimular o consumo de gado criado em área ilegal", disse o presidente do Itaú, Candido Bracher, ao Estadão.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A futura ministra da Agricultura, Tereza Cristina, quer alterar o processo de inspeção de carnes e derivados produzidos no País, acabando com a fiscalização diária do governo. A medida beneficia principalmente os frigoríficos, hoje submetidos a auditorias diárias feitas pelo servidores públicos do ministério.

As regras de vigilância sanitária determinam que é função do governo - e não do produtor de carne - fazer a inspeção sanitária diária da carne, desde antes do abate dos animais até a sua produção para consumo. O plano da nova ministra da Agricultura é fazer com que o setor adote "práticas de autocontrole", com protocolos de segurança estabelecidos pelo governo, mas sendo auditados pelo poder público apenas "de tempos em tempos", sem a necessidade de ter um agente do Ministério presente fisicamente, todos os dias, nos frigoríficos do País.

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Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Tereza Cristina disse que essa será uma de suas primeiras medidas. "Simplificação não é precarização. Com responsabilidade e seriedade, vamos dar agilidade e reduzir custos. Com o autocontrole, a responsabilidade é do produtor, seja sobre os equipamentos, seu pessoal ou sobre a qualidade do que tem de sair dali. Ele deve cumprir a regra, o que ele terá de fazer é seguir um protocolo detalhado", declarou a ministra. "A fiscalização do Ministério será uma auditoria feita de tempos em tempos. Se achar que não está bom, vai lá toda semana."

Tereza Cristina diz que o modelo atual limita a autonomia dos frigoríficos. Hoje, segundo ela, a produção não pode ser ampliada para o fim de semana porque os fiscais do ministério não trabalham sábado e domingo e não podem receber hora extra. "Com essa medida, não tem problema nenhum, pode trabalhar sábado, domingo, à noite, três ou quatro turnos", disse. "Isso é o que esse governo novo quer implantar, onde puder. Cada um tem de tomar conta do seu pedaço, com responsabilidade."

O modelo de autocontrole, segundo Cristina, já é utilizado em várias partes do mundo. "É um processo usado em parte da Europa. O ministério faz a fiscalização do animal vivo, para ver se ele está em perfeita condição de saúde para ser consumido. Mas internamente, o controle é da empresa, do frigorífico."

O processo de inspeção de carnes brasileiro esteve no centro das investigações da Operação Carne Fraca, realizada pela Polícia Federal em março de 2017. As investigações apuraram a atuação de auditores fiscais sanitários e suas relações com grandes frigoríficos, levando ao fechamento de algumas plantas pelo País. Delatores confessaram que empresários pagavam mesadas para funcionários do Ministério da Agricultura para que pudessem escolher os fiscais do governo que atuariam dentro das unidades fazendo vista grossa na vigilância. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os bloqueios nas rodovias de 20 estados brasileiros por conta da greve dos caminhoneiros já ameaçam o abastecimento de carne de frango e de porco. Pelos menos 120 dos 180 frigoríficos de todo o país estão paralisados. Ao todo, 175 mil trabalhadores foram mandados para casa e o prejuízo estimado apenas com as exportações que deixaram de ser feitas nestes quatro dias é de US$ 100 milhões, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

O problema ocorre porque os frigoríficos dependem diretamente de combustível e outros insumos para funcionar. A Cooperativa Central Aurora Alimentos informou que vai paralisar totalmente as atividades de suas indústrias de processamento de aves e suínos em Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. A BRF já suspendeu o funcionamento de quatro unidades e nove frigoríficos pelo mesmo motivo.

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Nas granjas, os animais correm o risco de começar a passar fome. Pelo menos um milhão de frangos e porcos estão ameaçados, alerta a World Animal Protection (WAP), uma ONG internacional que cuida do bem-estar dos animais. Segundo a ABPA, "os bloqueios impedem o transporte de ração, animais vivos e cargas refrigeradas".

Os produtores explicaram que o estoque de ração nas granjas não é muito grande; é suficiente apenas para 3 ou 4 dias sem abastecimento regular. "A partir do quinto dia, os produtores já começam a intercalar a alimentação -- dia sim, dia não; dois dias sim, um dia não -- para não ter a falta total", explicou José Rodolfo Ciocca, gerente de agropecuária sustentável da WAP.

Mas há ainda um outro problema. Com a paralisação repentina, os frigoríficos, sem ter como dar vazão a seus produtos, suspendem o abate dos animais. "Começa a haver um acúmulo de animais na granja", explica Ciocca. "Os que já estão aptos para o abate continuam crescendo; isso aumenta a demanda por ração, reduz o espaço físico disponível por animal, gerando estresse e aumentando sua vulnerabilidade a doenças."

Para se ter uma ideia do tamanho do problema, somente a Aurora Alimentos abate cerca de um milhão de frangos e 200 mil porcos por dia. Frigoríficos menores abatem 200 mil frangos diariamente. A produção anual de frango no Brasil é de 6,5 bilhões e a de suínos, 44 milhões.

Os animais que já se encontravam na estrada, em transporte, estão sofrendo com a paralisação, o calor e, eventualmente, a falta de alimentos.

Neste primeiro momento, o problema afeta, primordialmente, a produção de porco e de frango. O gado bovino em geral é criado no pasto, com mais espaço e menos dependente de ração, e os produtores têm como contornar o problema mais facilmente. No entanto, milhares de litros de leite estão sendo jogados fora diariamente porque não há como fazer o transporte e tampouco se pode deixar de ordenhar as vacas sob o risco de desenvolverem doenças.

"Estamos gerando um alerta para autoridades e governos para que se envolvam na elaboração de um plano de contingência nacional para casos como esse", afirmou Ciocca. "São milhares de vidas animais sob nossa tutela e não há um consenso ainda para liberar os caminhões de ração, por exemplo."

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, anunciou hoje (17) a abertura do mercado da Coreia do Sul para a carne suína brasileira. A expectativa do setor é de que o Brasil exporte para o país mais de 30 mil toneladas por ano.

De acordo com o ministro, que se encontra em missão oficial na China, inicialmente apenas quatro frigoríficos credenciados de Santa Catarina exportarão para os coreanos. Mas há a perspectiva de que outros estabelecimentos possam ser habilitados e entrem no mercado coreano.
O ministro Maggi viaja neste sábado (19) para Paris onde recebe da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) o certificado de país livre da febre aftosa com vacinação.

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As negociações com o país asiático para a exportação de carne suína começaram no segundo semestre de 2016. Até a efetivação do anúncio, diversas missões técnicas coreanas foram enviadas ao Brasil para habilitação dos frigoríficos. A última delas ocorreu em abril.

A Coreia do Sul foi o terceiro maior importador mundial de carne suína, atrás apenas do Japão e da China. De acordo com o ministério, no Brasil, Santa Catarina é o principal estado exportador. Em 2017, as exportações brasileiras de carne suína in natura alcançaram US$ 1,47 bilhão, o que representa 592,6 mil toneladas. Desse montante, 40,5% foram vendas a partir de Santa Catarina.

Tanto a JBS quanto o BNDES negam a concentração de recursos no setor de frigoríficos utilizando uma conta diferente: somando os investimentos do banco no setor de carnes nos mercados interno e externo. Em nota, o banco informou que "apoiou o desenvolvimento das mais diversas empresas em diferentes setores" e que os investimentos nos frigoríficos fizeram parte de uma política de governo mais ampla: "O apoio recente do BNDES ao fortalecimento e internacionalização de grupos empresariais brasileiros".

Segundo o banco, a orientação governamental "estabeleceu setores com capacidade de projeção internacional a serem apoiados por vários instrumentos de fomento. Coube (ao banco) o papel de financiador dos setores prioritários". O BNDES lembrou ainda que, apesar de seguir a política do governo, suas decisões "são respaldadas por critérios técnicos e pelas melhores práticas bancárias".

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O BNDES reforçou que o apoio ao setor de carnes não se restringiu à JBS ou a grandes empresas. "Entre 2005 e 2016, foram contratadas no BNDES R$ 18 bilhões em operações de crédito para mais de 1.700 empresas e cooperativas de abate e fabricação de produtos de carne. O volume representou pouco mais de 1% do valor de todas as operações de crédito aprovadas pelo BNDES."

Na conta do banco entram as operações no Brasil e no exterior. Ele informou que, entre 2005 e 2016, desembolsou em todas as suas operações cerca de R$ 83 bilhões por meio da aquisição da debêntures, ações ou por meio da participação em fundos de investimento, os chamados instrumentos de renda variável. "Desse montante, R$ 12,4 bilhões foram para empresas de abate e fabricação de produtos de carne, cerca de 15% do total.

Atualmente, o setor representa menos de 10% da carteira da subsidiária de participações do BNDESPar", diz a nota. Sobre a delação da JBS, o banco informou que "todos os fatos provenientes de investigações oficiais são objeto de avaliação integral por Comissão de Apuração Interna (CAI)".

A JBS informou que o BNDESPar detém hoje 21,3% de suas ações, com direito a dois assentos no conselho de administração, e negou que essa participação seja fruto de favorecimentos. "De acordo com o Livro Verde, recém-lançado pelo BNDES, entre 2001 e 2016, na lista de maiores clientes do banco, a J&F aparece em 19.º lugar." E concluiu afirmando que "tais investimentos auxiliaram na profissionalização e na melhoria da imagem do setor".

Os frigoríficos Master Carne e Souza Ramos, em Colombo, na região metropolitana de Curitiba (RMC), fecharam as portas e demitiram 280 funcionários - 150 e 130 respectivamente. Eles alegam que com a deflagração da Operação Carne Fraca, na qual ambos os frigoríficos estão envolvidos, as vendas despencaram e centenas de pedidos foram adiados. Na tarde de terça-feira (21), a unidade da BRF, de Toledo, anunciou férias coletivas para seus 1,7 mil funcionários.

O Frigorífico Souza Ramos já esteve envolvido em irregularidades anteriormente por ter supostamente comercializado 14 toneladas de salsichas fora dos padrões e também substituído perus por frangos no fornecimento de merenda escolar no Paraná, em uma operação de 2014. Logo após vencer o contrato, a BRF - que havia perdido - denunciou a empresa por ela não ter o porte necessário para o fornecimento da quantidade exigida.

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Abate

A JBS decidiu suspender temporariamente a compra de bovinos para abate nas 11 plantas frigoríficas da empresa em Mato Grosso. A suspensão foi confirmada pela Associação de Criadores de Gado de Mato Grosso (Acrimat) e começou na terça-feira, em Araputanga e Pontes e Lacerda. A empresa justifica que a medida foi necessária para "evitar estoques".

A empresa tem 15 unidades no Estado, sendo 11 destinadas ao abate bovino. As indústrias de abate processam 21 mil animais por dia. Em nota, a JBS comunicou que "no momento está operando seu abate conforme o previsto nesta semana, no entanto, está avaliando o mercado e vai adotar as medidas necessárias para adequação do volume de produção à demanda de mercado".

Em entrevista à imprensa local, o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari, disse que foi informado "por meio de telefonema que o abate está suspenso durante esta semana porque os compradores do mercado externo estão pedindo prazo para analisar as possibilidades de embargo".

Retração

Para o presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso, Luiz Freitas, os efeitos da Operação Carne Fraca são negativos para toda a cadeia produtiva. Segundo ele, o mercado está retraído.

Na terça-feira (21), o presidente da União Democrática Ruralista, Luiz Antonio Nabhan Garcia, já informara que os frigoríficos nacionais haviam reduzido a compra de boi. "Os negócios estão parados", disse, acrescentando que "os frigoríficos não estão comprando e os pecuaristas que estão com estrutura de confinamento para fechar os bois estão apavorados", disse. O representante dos fazendeiros fez contato com frigoríficos e pecuaristas dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul e percorreu fazendas, confirmando a redução nos abates. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Durante reunião plenária da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o deputado estadual Zé Maurício (PP) pediu que a população fizesse uma separação entre profissionais responsáveis e os que não são no que diz respeito à Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal, que investiga um suposto esquema de comercialização irregular, sem fiscalização sanitária, de alimentos produzidos em grandes frigoríficos. 

O deputado disse que não é justo que os que não possuem nenhum envolvimento com o que chamou de “atuação vergonhosa” paguem pelo fato. Ele também declarou que os culpados “devem ser punidos por suas ações”, mas que é preciso paciência e cautela com relação às informações que são divulgadas. A preocupação dele é de que não seja prejudicado o agronegócio brasileiro. 

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“O que vem, de certa forma, repercutindo negativamente para a imagem dos produtos como carne bovina e de frango, produzidos no Brasil, para consumidores nacionais e estrangeiros”, acrescentou. 

Zé Maurício ainda declarou que nenhum estabelecimento pernambucano foi citado na operação. “O que demonstra o comprometimento e responsabilidade dos servidores e empresários do ramo em PE”. 

O presidente Michel Temer disse nesta segunda-feira (20) que os problemas descobertos em frigoríficos pela Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, atingem apenas uma pequena parte do setor. “O agronegócio é para nós uma coisa importantíssima e não pode ser desvalorizado por um pequeno núcleo, uma coisa que será menor: apurável, fiscalizável e punível, se for o caso. Mas não pode comprometer todo o sistema que nós montamos ao longo dos anos. Exportamos para mais de 150 países”, disse a uma plateia de empresários na sede da Câmara Americana de Comércio, na capital paulista.

A operação deflagrada na última sexta-feira (17) atingiu algumas das maiores empesas do ramo alimentício do país, como JBS, BRF e Peccin, acusadas de praticar uma série de fraudes para ocultar o uso de matéria-prima vencida ou de qualidade inferior na fabricação dos produtos.

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Temer destacou que o número de funcionários públicos envolvidos (33) é pequeno em comparação ao tamanho do quadro do Ministério da Agricultura, de mais de 11 mil servidores. “Nós temos sistemas rigorosíssimos de avaliação sanitária aqui no Brasil”, enfatizou o presidente. Os servidores são acusados de receber propina para liberar produtos que não atendiam às normas legais. De acordo com ele, também é pequeno o número de plantas industriais sob suspeita (21), tendo em vista o tamanho do setor, que conta com mais de 4,8 mil estabelecimentos.

O presidente mencionou ainda os diversos encontros que teve nos últimos dias, tanto para se inteirar do assunto, quanto para tranquilizar os países importadores de alimentos brasileiros. “Eu tive várias reuniões em Brasília. Primeiro, com os ministros das áreas envolvidas com essa matéria. Depois, com as associações dos produtores de carne da mais variada espécie e com os embaixadores dos países que importam a carne brasileira. E acabamos, muito fraternalmente, comendo um churrasco na noite de ontem com todos os representantes dos países que lá se achavam”, disse.

Conversa com Trump

Temer comentou sobre o telefonema recebido no último sábado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Foi a segunda conversa telefônica entre os dois. “Ambos concordamos em levar adiante uma agenda de investimentos. Tanto que Sua Excelência disse: 'precisamos fazer logo uma reunião aqui nos Estados Unidos ou no Brasil com empresários brasileiros e americanos'”, disse ao explicitar parte do teor do diálogo.

Para melhorar o comércio bilateral, o presidente disse que tem buscado reduzir os entraves para importações e exportações no Brasil. “Não sem razão que nós estamos reduzindo a burocracia”, enfatizou.

Qualquer que seja o desfecho da Operação Carne Fraca, que investiga irregularidades em frigoríficos brasileiros, o dano às marcas envolvidas no noticiário de ontem está feito, na opinião de especialistas em marcas e marketing consultados pelo Estado. Para evitar problemas maiores, a ordem às empresas - em especial às líderes BRF (dona de Sadia e Perdigão) e JBS (Friboi e Seara) -, é dar explicações convincentes ao consumidor.

"O mercado reagiu muito mal, o que é um sinal de que a notícia divulgada ontem afeta a reputação das empresas", disse Eduardo Tomiya, vice-presidente da Kantar Vermeer. Para Jaime Troiano, presidente da Troiano Branding, as marcas líderes têm a vantagem de ter um "saldo" com o cliente, permitindo que se recuperem de uma crise. "Por outro lado, é surpreendente. São empresas que não deveriam estar envolvidas nesse tipo de problema."

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Tanto BRF quanto JBS buscam agir rapidamente para controlar danos. As empresas divulgaram comunicados, tanto em TV aberta quanto em outras mídias, como jornais, revistas e internet, para dizer aos consumidores que têm confiança em seus processos industriais.

A BRF afirma, em seus anúncios, que "não compactua com nada que coloca em risco sua credibilidade e alta reputação".

Imagem. Como os frigoríficos investem em garotos-propaganda famosos, há também a questão de como a imagem de uma empresa pode afetar a celebridade que a endossa - a lista da JBS já incluiu um contrato milionário com o cantor Roberto Carlos.

Ontem, o ator Tony Ramos, que faz comerciais da Friboi, disse: "Fui surpreendido pela notícia, mas é preciso esperar as investigações. Se concluírem que está tudo em ordem, posso fazer novos filmes (publicitários). Se realmente houver irregularidade, minha posição será outra, claro." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O atual descompasso entre a capacidade de processamento e a oferta escassa de bois gordos tem levado frigoríficos em vários Estados a encerrar suas atividades, informou o presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar. "O plantel bovino diminuiu nos últimos anos, enquanto o número de unidades industriais cresceu", disse o dirigente ao Broadcast Agro, serviço em tempo real da Agência Estado. "Em algum momento esse desajuste cobra o seu preço, pois há unidades em regiões nas quais a disponibilidade de bois é menor, e aí elas não aguentam", acrescentou.

A menor oferta de animais para o abate fez o preço da arroba em São Paulo disparar 25% entre janeiro e dezembro de 2014, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Como os preços da carne no atacado não subiram em igual proporção, a rentabilidade do negócio encolheu. Assim, as empresas enfrentam dificuldades.

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Segundo a Abrafrigo, pelo menos 26 indústrias frigoríficas fecharam as portas ou deram férias coletivas este ano. O número pode ser ainda maior, já que as empresas não repassam dados de suas operações à entidade.

Das unidades afetadas, ao menos 14 estão em Mato Grosso do Sul, que detém o quinto maior rebanho bovino do País, estimado em 20,1 milhões de cabeças pelo Ministério da Agricultura. A Assocarnes, associação de frigoríficos do Estado, diz que só nos últimos três meses três plantas de médio porte, com capacidade para 500 bois por dia, fecharam, com a perda de 1.500 empregos diretos. São elas a Fricap, em Naviraí; a Fribrasil Alimentos, em Caarapó, e a Beef Nobre, em Campo Grande.

"Os proprietários alegam que faltam animais para manter escalas e que não há condições de competir com os grandes grupos do setor", relatou o presidente da Assocarnes, João Alberto Dias. Ele alertou, ainda, que há outras empresas em dificuldades, sem citá-las. "Calculamos pelo nível de suas escalas. Se antes costumavam abater diariamente 500 bois, hoje esse número está em 150 a 200."

Situação parecida ocorre em Mato Grosso, que tem o maior rebanho bovino do País, com 28,4 milhões de cabeças. Ali, pelo menos sete fábricas foram afetadas pelo atual cenário de oferta escassa. Em maio, a JBS encerrou temporariamente as operações em São José dos Quatro Marcos. No mês anterior, a Minerva Foods demitiu pelo menos 320 funcionários de sua fábrica em Mirassol d'Oeste. Procurada pelo Broadcast Agro, a empresa afirmou que os desligamentos fazem parte do processo de integração da unidade, recém-adquirida da BRF, para garantir maior eficiência operacional. São também resultantes do "atual momento de mercado".

No início de junho, a JBS suspendeu abates em Ariquemes (RO), alegando "aumento da ociosidade na indústria nacional". Já a Marfrig decidiu transformar em um centro de armazenagem e distribuição uma de suas fábricas em Promissão (SP). Além disso, paralisou, em janeiro, sua unidade em Rio Verde (GO).

Para a Abrafrigo, a queda na atividade industrial, somada à melhora na oferta de animais, deve promover ajuste no mercado do boi, mas a reversão do ciclo pecuário não deve ocorrer em breve. "O processo de retenção de vacas para aumentar o rebanho e ganhos de produtividade com o melhoramento genético são processos lentos", explica o presidente da entidade, Péricles Salazar.

"A oferta de bois pode melhorar no ano que vem, mas ainda não acreditamos em queda de preços", afirma o analista da Scot Consultoria Hyberville Neto. O consultor acrescenta que a desvalorização do boi, por si só, não garante que a situação da indústria vá melhorar, já que as empresas são muito suscetíveis a variações de juros e de preços de insumos. "A possibilidade de mais plantas fecharem ou pelo menos suspenderem abates este ano não é tão remota", avalia.

A senadora e presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Kátia Abreu (PSD-TO), defendeu, neste sábado (21), a produção nacional de insumos, principalmente fertilizantes. "Fomentar o mercado de insumos é questão de segurança nacional. Somos uns dos principais importadores de fertilizantes. Acho que o Brasil precisa produzir pelo menos 50% do que se consome em insumos e fertilizantes", disse, após sua participação no Fórum Nacional de Agronegócios, promovido pelo LIDE - Grupo de Líderes Empresariais. Ela também cobrou agilidade no registro de defensivos agrícolas.

Quanto à safra, a senadora discordou que os recursos do Plano Safra 2013 e 2014 não estariam sendo disponibilizados ao produtor. "Desconheço. Mas temos um problema burocrático no País. É muito diferente o que é anunciado do que chega operacionalmente ao produtor. Até chegar no produtor parece uma eternidade e está difícil superar isso".

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O governo chinês deve habilitar nas próximas semanas sete frigoríficos brasileiros (dois de suínos e cinco de aves), os quais estarão aptos à exportação para aquele país. A informação foi obtida pelo secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura (Mapa), Célio Porto, que ontem se reuniu em Pequim com representantes da Administração Geral de Qualidade, Inspeção e Quarentena (AQSIQ, em inglês) da China.

Por meio de nota, o Ministério da Agricultura informa que a liberação dos frigoríficos depende apenas de uma carta da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), comprovando que foram feitos os ajustes apontados pelas missões chinesas. Com a habilitação das sete plantas, o Brasil passará a ter cinco frigoríficos de suínos e 30 de aves autorizados a exportar para a China.

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O ministério informa que nove frigoríficos aguardam visita das autoridades chinesas para serem credenciados para exportar carne bovina. O Brasil já enviou os documentos exigidos há um ano e as autoridades chinesas se posicionarão em breve, diz o governo.

Milho

Na reunião com as autoridades chinesas o secretário Célio Porto também conversou sobre o protocolo de exportação de milho, pois o Brasil pretende se tornar um grande exportador do cereal para o país asiático, como já acontece com a soja. O governo explica que os chineses fizeram a análise de risco para identificar possíveis pragas que não existem no país e o Brasil precisará apresentar um certificado sanitário com as medidas de mitigação que serão realizadas antes do embarque. O secretário diz que já foi apresentada uma contraproposta e dentro de 30 dias o governo brasileiro deverá ter uma resposta positiva das autoridades chinesas.

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