Ana Paula Maciel, a bióloga do Greenpeace que ficou dois meses presa e depois mais 40 dias sob custódia do governo russo, voltou enfim neste sábado, 28, ao Brasil. Ela desembarcou às 7h05, vinda de Frankfurt, em São Paulo.
Ainda atordoada da viagem, que levou 12 horas, Ana Paula posou para os fotógrafos com um urso polar de pelúcia e uma bandeira com a frase "salve o Ártico" estampada. Ela falou com a imprensa, que a aguardava no aeroporto de Guarulhos, e disse que o voo foram as "12 horas para sua liberdade".
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"Foram 12 horas de viagem no avião da minha liberdade. Eu passei tantas vezes 12 horas na solitária que 12 horas no avião foi barbada dessa vez", lembrou a bióloga ao desembarcar. Ela deixou a Rússia cem dias após a realização de um protesto contra a exploração de petróleo no Ártico que levou à prisão de 28 ativistas e dois jornalistas, em 19 de setembro.
A bordo do navio Artic Sunrise, eles haviam se aproximado de uma plataforma de petróleo empresa Gazprom e tentado colocar uma faixa no local. Na época, o Greenpeace alegou que o protesto foi pacífico e que o navio estava em águas internacionais. Ana Paula garantiu que, apesar do desgaste da prisão, o protesto valeu a pena. "Muitas mais pessoas sabem os problemas que estão acontecendo no Ártico e a gente (do Greenpeace) vai continuar denunciando. Continuar mostrando", afirmou.
Acusações
A promotoria russa acusou os ativistas de pirataria, o que podia gerar até 15 anos de prisão. Depois a acusação foi aliviada para vandalismo, que poderia levar a 7 anos de prisão. Por causa da reação internacional, os "30 do Ártico", como ficaram conhecidos os 28 ativistas e dois jornalistas detidos, começaram a ser libertados em 20 de novembro.
Ana Paula foi a primeira a sair da prisão e obteve o visto para regressar ao Brasil na sexta-feira, 27. "A minha vida mudou, foi uma tremenda injustiça o que aconteceu, uma tentativa frustrada de calar os protestos pacíficos e a liberdade de expressão", declarou no desembarque em São Paulo nesta sexta. "Recebi a anistia por um crime que eu não cometi e espero que o mundo tenha aprendido com isso. A gente não vai parar até eles nos devolverem o nosso navio."
Todos os 26 ativistas não russos estão autorizados a deixar o país, garantiu o Greenpeace. Pelo menos 14 deles, contando com Ana Paula, já foram embora. O restante deve partir até o fim do domingo. Após desembarcar em São Paulo, a ativista brasileira segue para Porto Alegre, onde passará o Réveillon com a família.