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O ex-ministro da Cultura, Sergio Paulo Rouanet morreu hoje (3) no Rio, aos 88 anos. Ele foi o criador, juntamente com sua mulher, a filósofa de origem alemã Barbara Freitag, da Lei de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet.

A morte foi comunicada pelo Instituto Rouanet,  em nota: “É com muito pesar e muita tristeza que informamos o falecimento do embaixador e intelectual Sergio Paulo Rouanet, na manhã do dia 3 de julho. Rouanet batalhava contra o Parkinson’s, mas se dedicou até o fim da vida à defesa da cultura, da liberdade de expressão, da razão, e dos direitos humanos. O Instituto carregará e ampliará seu grande legado para futuras gerações”.

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A Lei Rouanet, como ficou conhecida, permite que pessoas físicas e jurídicas destinem parte dos recursos que iriam para o pagamento do Imposto de Renda ao financiamento de obras artísticas.

Iluminista

Sergio Rouanet ocupava, há cerca de 30 anos, a Cadeira 13 da Academia Brasileira de Letras (ABL). Na avaliação do ex-presidente da ABL, o professor e poeta Marco Lucchesi, Rouanet foi um dos grandes pensadores do Brasil. “Era um homem de fato de múltiplos talentos. Um grande filósofo, um grande ensaísta, atento às questões da cultura, da política, da poética, atento ao diálogo entre os povos. Podia voar tranquilamente de Kant a Zeca Pagodinho, por exemplo, de cujas músicas gostava”, disse Lucchesi à Agência Brasil.

Segundo Lucchesi, o imortal Sergio Rouanet tinha sensibilidade musical importante, que ficava um pouco esquecida, dentro de obra tão vasta e variada como a dele. “Gostava da ópera de Mozart, de música popular brasileira (MPB). Uma figura, sob qualquer aspecto, admirável, não só sob o ponto de vista intelectual, stricto sensu (em sentido limitado), mas da grande humanidade. Realmente, uma adesão profunda à razão, à humanidade, ele que vinha de estudos iluministas muito importantes, que contribuíram para ampliar o alcance da filosofia no Brasil.

O ex-presidente da ABL disse que, se pudesse resumir a importância de Sergio Rouanet em uma única frase, pegaria o início de uma ária da ópera A Flauta Mágica, de Mozart, que “ele amava, e que diz tudo a respeito dele: “Os raios de sol expulsam a noite”. “Acho que essa é a grande metáfora da obra de Mozart que explica o trabalho de Rouanet: a iluminação, a vontade de clarear, fazer uma nova abertura de processo, de compreensão. Uma saudade imensa de Sergio Paulo. Imensa”, concluiu Lucchesi.

Nascido no Rio de Janeiro, em 23 de fevereiro de 1934, Rouanet foi eleito para a ABL em 23 de abril de 1992, na sucessão de Francisco de Assis Barbosa.

Ainda não há informações sobre velório. O acadêmico deixa a esposa e três filhos: Marcelo, Luiz Paulo e Adriana.

A Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais está ameaçada por um projeto que tramita na Assembleia Legislativa do Estado. Isto porque o texto, de autoria do deputado estadual Coronel Sandro (PSL), prevê a "imediata revogação" da legislação em vigência que dispõe  sobre a concessão de incentivo fiscal com o objetivo de estimular a realização de projetos culturais no Estado e estabelece o funcionamentos do Sistema Estadual de Cultura, o Sistema de Financiamento à Cultura e a Política Estadual de Cultura.

A matéria está aguardando a indicação de relator na Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia de Minas. Na justificativa do texto, o coronel, que é do partido do presidente Jair Bolsonaro, ressalta que no Congresso Nacional já tramita um projeto que revoga a Lei Rouanet e Minas Gerais precisa seguir o mesmo ritmo.

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“O atual momento da vida nacional, com um novo olhar sobre o gasto do dinheiro público, sinaliza para que não seja despendido nenhum centavo que sai do bolso do contribuinte com projetos culturais concentrados nas mãos de poucos e que não atingem a finalidade social pretendida”, observa, ao se justificar o coronel.

A proposta alega, ainda, que “a receita tributária estadual deve ser destinada na sua integralidade às demandas diretas da população, como saúde, educação, segurança pública, sendo certo que a arte e a cultura não devem ser financiadas com recursos públicos”.

“Sou a favor dos eventos culturais, mas sou contra a utilização de recursos públicos para isso”, afirmou o deputado em entrevista ao Estado de Minas.

A proposta do vice-líder do governo causou reação negativa da Secretaria Estadual de Cultura e de movimentos culturais mineiros. O órgão ressaltou, em nota, a importância da cultura para a economia mineira e disse considerar a Lei de Incentivo à Cultura “uma ferramenta fundamental de apoio e fomento à produção cultural, capaz de gerar empregos e auxiliar a retomada do crescimento econômico em Minas Gerais”.

A Prefeitura do Recife divulgou, nesta terça-feira (17), o recebimento do Bônus Cultural disponível para professores, coordenadores, diretores, auxiliares de desenvolvimento infantil (ADIs), agentes administrativos escolares (AEE), agentes de apoio ao desenvolvimento escolar especial (AADEES) e outros servidores da Secretaria de Educação do Recife.

No valor de R$ 300, o benefício contemplará 6.960 profissionais e é destinado para o acesso a bens culturais, tais como teatro, cinema, museus, compra de livros, entre outros, durante o período do recesso escolar. De acordo com a PCR, o investimento é de mais de R$ 2 milhões e a iniciativa é garantida pela Lei Municipal Nº 17.626.

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Continuando a série de matérias sobre a gestão da Cultura em Pernambuco, iniciada nesta terça (16) com reportagem 'Lei não muda exclusão do brega, diz secretário', o LeiaJá traz, como resultado da entrevista exclusiva com Marcelino Granja, secretário de Cultura, as mudanças que estão sendo gestadas no Sistema de Incentivo à Cultura (SIC) do Estado. Hoje, a maior parte do incentivo público se concentra no Funcultura, que financia - a fundo perdido - R$ 36 milhões a cada edital para os diferentes segmentos culturais e artísticos, com destaque para cinema e música, únicas áreas que têm um edital específico.

Com as mudanças previstas pelo governo, cujo projeto de lei está tramitando na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), novas formas de incentivo serão adicionadas ao Funcultura. Entre elas está o formato de mecenato, em que produtores procuram empresas - após aprovação do projeto pela Secretaria de Cultura - para conseguir recursos para seus projetos. As empresas, por sua vez, têm esses recursos devolvidos via renúncia fiscal. Outra novidade proposta é o CredCultura, que financiará diferentes ações culturais, mas, diferente do Funcultura, os produtores culturais deverão pagar o dinheiro emprestado com juros subsidiados.

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Confira a entrevista com o secretário Marcelino granja, que explica as mudanças no SIC de Pernambuco, que devem ser votado no plenário da Alepe ainda neste semestre:

Está tramitando na Assembleia um projeto de lei com mudanças substanciais no Sistema de Incentivo à Cultura de Pernambuco. Quais são as mudanças que este projeto implementará?

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Dá para falar de prazos para a análise deste projeto pelo plenário da Alepe?

Marcelino Granja – Estamos acatando algumas sugestões que melhoram o texto. Segundo a deputada Teresa Leitão, que é relatora do projeto, até o fim de maio deve ser votado no plenário da Alepe. Aí vai para a sanção. Depois disso tem o processo de regulamentação, que envolve outras questões, por exemplo: para ter o mecenato funcionando precisamos montar uma equipe de profissionais. E tem uma outra coisa que eu ainda não disse: o mecenato de Pernambuco terá uma originalidade. Ele será um fundo, a empresa não vai depositar o recurso diretamente para o produtor cultural, ela vai enviar para uma conta da Secretaria de Cultura e nós vamos destinar o recurso para o produtor. A secretaria da Fazenda terá todo o controle do valor da dedução fiscal, o que previne os riscos de fraude. Vai para um fundo, assim como o Funcultura.

As empresas precisam aderir a esse sistema? Serem cadastradas para poder participar? 

Marcelino Granja – As empresas não precisarão ser previamente cadastradas. A secretaria da Fazenda baixará uma norma dizendo quais faixas de arrecadação e segmentos podem participar. Aí vamos divulgar quais ramos econômicos estão habilitados. O produtor cultural, depois de ter seu projeto aprovado pela comissão, vai até a empresa, que mandará uma carta pra o governo, dizendo que apoia tal projeto com tantos mil reais. A gente aponta a conta do fundo e avisa a Secretaria da Fazenda, que faz o controle. A empresa precisa apenas estar dentro de um dos segmentos apontados pela Fazenda. 

Já existe uma conversa com as empresas no sentido de garantir a participação delas e, com isso, os recursos para os projetos? 

Marcelino Granja - O que nós sempre tivemos foi o feedback de muitas empresas, especialmente as grandes prestadoras de serviço. As grandes empresas como Itaú, Natura, dão esse retorno, de que fazem projetos na Bahia, no Ceará, porque lá tem mecenato, e em Pernambuco não. O sucesso da parceria com as empresas vai depender dos nosso produtores culturais, pois não seremos nós que indicaremos os projetos para elas.Outra característica do mecenato estadual é que arrecada ICMS, que é de arrecadação mensal, não é como o imposto de renda, que é anual. A empresa comprova que depositou o recurso no fundo e é reembolsada no mês seguinte, então ele é mais atrativo para as empresas.

Em comunicado enviado à imprensa, a Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult) e a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) esclareceram detalhes acerca dos editais do Funcultura 2015/2016. Entre outros detalhes, foi informado que há a previsão de que os editais do próximo recebam um aporte no valor total de R$ 35 milhões. 

Na nota de esclarecimento, a Secult e a Fundarpe informaram que, diante de um quadro de queda nas receitas do Estado, não haverá incremento nos valores dos editais, mas que será garantida a execução de várias linhas de ação do Funcultura. Também será feita uma reserva dos recursos para pagamento de débitos de exercícios anteriores, que totaliza um déficit orçamentário em torno de R$ 7 milhões de projetos que estarão em execução ao longo de 2016, 2017 e 2018. Ainda foi informado que o Projeto de Lei que propõe uma série de mecanismos de diversificação dos recursos do SIC ainda não foi aprovado sendo um dos principais objetivos desta lei garantir um valor mínimo de R$ 35 milhões para o Funcultura, que deverá ser coberto pelo tesouro estadual no caso do valor total não ser aportado pelas empresas incentivadoras dos editais.

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Em escuta realizada na última segunda (14) com algumas classes artísticas, teria sido anunciado aos produtores culturais presentes na ocasião o corte de cerca de R$ 3 milhões no orçamento dos editais para o próximo ano. Segundo o jornalista e pesquisador da área de teatro Leidson Ferraz, foi proposto às classes que escolhessem em que linhas de ações deveriam ser feitos os menores cortes. "Mais uma vez o governo nos obriga a engolir goela abaixo uma decisão que é arbitrária. Entendemos toda a problemática do momento mas a gente fica trancafiado nas decisões que o governo nos traz", disse em entrevista ao Portal LeiaJá

Confira o comunicado:

Os editais do Funcultura 2015/2016 somarão R$ 30 milhões para o próximo ano, sendo 2/3 para o Funcultura Geral (antes chamado de Independente), destinado a todas as linguagens e 1/3 para os projetos de Audiovisual.

A previsão para os valores a serem aportados no Funcultura em 2016 é de R$ 35 milhões, já inclusos na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2016. Tendo em vista, no entanto, um quadro de queda expressiva das receitas, em todo estado, a Secult e Fundarpe não irão incrementar valores nos editais e sim garantir a execução de várias linhas de ação do Funcultura, como a informatização e modernização do Funcultura e a contratação de um quadro técnico capaz de desburocratizar o Fundo e tornar mais ágeis os seus procedimentos.

Também é necessária uma reserva destes recursos para pagamento de débitos de exercícios anteriores, quando foram laçados editais que somaram R$ 33,5 milhões/ano, durante cinco anos, quando o Fundo estadual contou apenas com os R$ 30 milhões/ano. Ao final deste ano de 2015, a execução do Funcultura atingirá os R$ 30 milhões, recorde de execução em toda sua história, mas restará um déficit orçamentário em torno de R$ 7 milhões, de projetos que estarão em execução ao longo de 2016, 2017 e 2018.

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Em escuta realizada nesta segunda (14), no Espaço Pasárgada, na Boa Vista, região central do Recife, a Secretaria Estadual de Cultura e a Fundarpe reuniu produtores dos segmentos de audiovisual, artesanato e artes cênicas para abrir um diálogo acerca das linhas de ação dos editais 2015/2016 do Funcultura (Geral e Audiovisual). Na reunião, teria sido anunciado um corte de cerca de R$ 3 milhões no orçamento dos editais para o próximo ano, gerando revolta nos representantes das categorias presentes.

O jornalista e pesquisador da área de teatro Leidson Ferraz falou ao Portal LeiaJá sobre a reunião desta segunda e o possível corte no Funcultura. "No ano passado, quando saiu o edital 2014/2015, a gente já teve que readequar o orçamento para as linhas de ação não saírem tão prejudicadas. Tivemos que fazer um remanejamento por conta do orçamento que já estava muito enxuto", disse. Ele ressaltou que o Funcultura é o principal fomento para aqueles que fazem cultura em Pernambuco e que, há muitos anos, artistas e produtores precisam trabalhar com valores pequenos de financiamento diante de uma quantidade grande de produção. "A gente não concorda com este corte. Mais uma vez o governo nos obriga a engolir goela abaixo uma decisão que é arbitrária. Entendemos toda a problemática do momento mas a gente fica trancafiado nas decisões que o governo nos traz. O primeiro corte que é feito é na cultura", lamentou o jornalista. 

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Ainda sobre a escuta, Leidson contou que foi proposto às classes que escolhessem em que linhas de ações deveriam ser feitos os menores cortes: "A única possibilidade que existe é que o corte seja igualitário para todos", explicou. Ele também falou de um estudo que está sendo feito para que, no próximo edital, os valores destinados para cada área específica não sejam mais remanejados para outras em caso de falta de inscritos: "Isso era algo que lutávamos há muito tempo para não haver briga entre as linguagens". Por fim, o pesquisador lembrou que toda a classe artística sairá perdendo com mais um aperto no orçamento dos editais: "O que a gente pode fazer é 'botar a boca no trombone' para que as pessoas saibam o que esta acontecendo. Até que ponto existe realmente um olhar do governo Paulo Câmara para o setor cultural? Ele prometeu que iria ampliar o Funcultura", disse.

Procurada pelo Portal LeiaJá, a assessoria da Fundarpe não enviou, até o fechamento desta matéria, infoemações a respeito da possível redução no orçamento.  

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Com Felipe Mendes

As contas do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura) dão indícios de que estão no vermelho. Existe um grande atraso nos repasses da edição de 2013/2014, cujo valor ainda não repassado aos produtores independentes beira a casa dos R$ 17 milhões, e ainda não existe data definida para liquidação. Mas o problema com a maior (se não a única) ferramenta de incentivo cultural do Estado pode ser muito mais grave: em 8 anos, apenas 7 editais foram lançados, levantando dúvida quanto ao destino do dinheiro referente a um ano fiscal inteiro do fundo, cujos recursos são garantidos por lei e depositados diretamente na conta do Funcultura.

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A possível manobra fiscal teria sido feita a partir de 2009, quando o Funcultura passou a contemplar 'duas cabeças', deixando de levar em consideração o período fiscal, que tem início em 1° janeiro e termina em 31 de dezembro de cada ano em questão. Em 2008, por exemplo, os trâmites do edital, entre inscrição e divulgação dos projetos selecionados, foram finalizados no mesmo ano. Já em 2009, quando passou a ser divulgado como 2009/2010, as inscrições dos projetos independentes ocorreram entre setembro e outubro de 2009 e a lista dos aprovados só saiu em abril de 2010.

Em 2010, no entanto, não foi realizado nenhum edital. Considerando o período de 2008 a 2015, quando, teoricamente, deveriam ter sido executados 8 editais, foram lançados apenas 7. E não há planos do lançamento de mais um edital para compensar o hiato.

A possível ausência de um edital tem sido questionada pelos produtores. “Desde que eles (Fundarpe) passaram a executar dois anos em um único edital, tivemos um ano perdido. Deixamos de apresentar projetos e executar trabalhos que divulgam a cultura do nosso Estado”, afirma o pesquisador teatral e jornalista Leidson Ferraz.

“O Funcultura era para ser lançado no começo do ano, para consequentemente liberar os recursos e ao longo dele o projeto ser executado. Eles mudaram o método de lançamento dos editais e, aparentemente, temos um ano sem execução”, comenta Marcelo Sena, diretor da Cia Etc. de dança.

Segundo o produtor Thiago Dantas, que recentemente realizou um levantamento referente aos atrasos do edital 2013/2014 do Funcultura, provando que a maior parte dos recursos teve empenhos cancelados e não foi executada, existe um hiato no que se refere à execução financeira do referido edital. “O Funcultura está com um atraso de quase dois anos de edital. O lançamento do formato com duas cabeças, durante a gestão de Luciana Azevedo, gerou um hiato de um ano sem execução de recurso do Funcultura. Na gestão anterior, o valor liberado para o Fundo tinha que ser executado no mesmo ano fiscal”, pontua Thiago.

De acordo com o consultor especialista de mercado cultural Leonardo Salazar, quando o edital inclui dois anos, está contrariando o exercício fiscal, que é anual. “Eles estão completamente atrasados no calendário. Não existe uma periodicidade no lançamento dos editais. Isso acaba se transformando numa bola de neve, porque antes de finalizar um edital, a Fundarpe lança outro, gerando atrasos nos repasses e a necessidade de fazer o processo bianual, pois não existe dinheiro em caixa”, ressalta.

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O próprio superintendente executivo do Funcultura, Gustavo Araújo, reconheceu durante reunião com produtores que protestavam contra o atraso nos repasses do fundo, na última quinta (9), que os atrasos nos repasses são motivados pela execução simultânea de editais antigos e atuais. “Nós temos o Funcultura sendo executado com editais sobrepostos. Há projetos de 2011/2012 funcionando paralelamente aos editais de 2012/2013 e 2013/2014. Essa situação atípica nos leva a fazer 'priorizações'”, afirmou o gestor. Ele ainda explica que o cancelamento dos empenhos foi realizado pela Secretaria da Fazenda estadual, e não 'estaria no âmbito da Secretaria de Cultura'.

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Para Leonardo Salazar, os atrasos no Funcultura e os moldes atuais dos editais representam ausência de compromisso com a cultura e com os recursos do Estado. “Isso demonstra uma grande falta de planejamento. Se você se propõe a executar uma coisa e não consegue, acaba deixando transparecer a incompetência da gestão”, pontua.

Sobre a modificação do processo de lançamento do edital e execução do Funcultura, a Fundarpe defende que o calendário foi modificado apenas por questões burocráticas. “Em 2010, o calendário dos editais foi modificado, pois eram lançados em janeiro de cada ano. Ocorre que os editais, a partir de então, foram lançados no final de dezembro de cada ano e todo processo de inscrição, análise e publicação dos resultados é realizado no ano seguinte. Por este motivo,  a Fundarpe passou a titular o edital com o ano de seu lançamento, mais o ano de sua execução”, respondeu a assessoria de comunicação da Fundarpe através de email.

Pode-se ver, no entanto, no quadro acima, que o edital 2010/2011, por exemplo, teve seu resultado divulgado apenas no dia 21 de outubro de 2011, o que inviabiliza sua realização naquele mesmo ano. Isso significa que a execução deste edital só pode ter sido feita em 2012. O mesmo acontece com os editais subsequentes: o resultado do 2011/2012 saiu em 19 de outubro de 2012; o do 2012/2013 em 13 de setembro de 2013; o de 2013/2014 em 12 de setembro de 2014.

Mudança

A mudança no formato dos editais aconteceu no mesmo período em que estourou o 'escândalo dos shows fantasmas'. Em Maio de 2010, a bancada de oposição da Assembleia Legislativa de Pernambuco levantou um possível esquema de favorecimento relacionado à produção de Shows, entre os meses de janeiro de 2009 e abril de 2010, cujo saldo foi de R$ 36,2 milhões. Segundo os deputados, os repasses teriam sido realizados por meio de empenhos fracionados, beneficiando familiares de integrantes do Governo do Estado.

Na época, os parlamentares ainda questionaram a similaridade entre as despesas do possível esquema de favorecimento e os recursos do Funcultura de 2009, que tinha valor orçado em R$ 24 milhões e não foi executado no ano em curso. Em resposta, a então presidente da Fundarpe, Luciana Azevedo, afirmou que a oposição estava levando a população ao equívoco. "A lógica apresentada pela bancada de oposição de fracionamento de despesas é maliciosamente equivocada, a fim de induzir a sociedade ao erro de interpretação da própria lei", rebateu na época, por meio de nota.

O relator do processo no Tribunal de Contas do Estado isentou a ex-gestora de responsabilidade no caso e decidiu pela aplicação de uma multa por negligência, no que foi acompanhado por outros conselheiros. Informações de bastidores no período davam conta de que a gestão de Luciana Azevedo teria deixado, ao sair, um rombo de milhões na Fundarpe, na casa dos dois dígitos, o que a ex-gestora também negou. O valor seria condizente com o montante anual destinado ao Funcultura.

O produtor Thiago Dantas afirma que a empresa de consultoria Sapiens irá fazer uma nova auditoria para apurar a ausência da execução de um edital do Funcultura. Ele também ressaltou que o novo formato do processo, unindo dois anos em edital único, prejudica os produtores. “Essa temporalidade estendida ao longo de dois anos para executar um ano de edital prejudica e muito quem trabalha com cultura. Há um problema sério de gestão do Fundo, o qual não pode ser usado para gasto de uso corrente, que não seja por edital do Funcultura”, explica.

Apesar da Lei do Funcultura utilizar em vários trechos o ano fiscal como base, em nenhum momento a norma explicita que o Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura deve ser executado anualmente, ou lançar um edital por ano.

Segundo a legislação, o Funcultura é um mecanismo de natureza financeira e contábil, com prazo indeterminado de duração, criado com a finalidade de incentivar e estimular a cultura pernambucana, mediante a persecução dos objetivos do Sistema de Incentivo à Cultura (SIC). O Fundo recebe contribuições do SIC; dotações orçamentárias; doações de pessoas físicas ou  jurídicas, entidade e organizações públicas ou privadas, de capital nacional ou estrangeiro; rendimentos de aplicações financeiras; arrecadações de multas; saldos remanescentes de aplicações financeiras; recursos remanescente do Fundo de  Incentivo à Cultura; e saldos do exercício anterior do próprio Funcultura.

No dia 1° de agosto passado, o deputado estadual Betinho Gomes (PSDB) encaminhou à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) o Projeto de Lei (2058/2014), que incorpora as emendas parlamentares como receitas legais do Fundo de Incentivo à Cultura do Estado (Funcultura) e faz outras alterações na Lei 12.310/2002, que cria o Funcultura. A proposta, que ainda será votada na Comissão de Constituição, Legislação e Justiça (CCLJ) para depois passar pelas outras comissões permanentes Alepe, traz alguns detalhes considerados como retrocessos pela classe artística envolvida com o Fundo. É que no Projeto de Lei de Betinho Gomes não estão presentes as áreas culturais Artes Integradas, Formação e Capacitação e Gastronomia, conquistas da sociedade garantidas por lei e presentes no Artigo 6° da lei original. Além disso, há uma mudança no Artigo 7°, a qual fará com que o Funcultura passe a ser gerido pela Secretaria de Cultura do Estado (Secult/PE), em substituição à Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), atual gestora do Fundo. A matéria, no entanto, ainda não seguiu para votação.

Em contato com a Secult/PE e Funcultura, a resposta obtida pela reportagem foi de que ainda não há um parecer em relação ao caso. Os órgãos apenas informaram que ainda emitirão um parecer sobre o assunto. 

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Emendas parlamentares e PEC no Funcultura

De acordo com o parlamentar Betinho Gomes, a proposta foi criada após a polêmica envolvendo as emendas parlamentares voltadas para apresentações e shows musicais divulgadas pela imprensa. “Pensamos nisso no intuito de que a Alepe possa discutir uma boa iniciativa e superar esse episódio”, sugere Betinho.

Segundo ele, o Projeto de Lei 2058/2014 foi criado com o único objetivo de alterar o artigo 5° da Lei 12.310/2002, que fala do financiamento do Funcultura. “Antes não estava previsto a inclusão de emendas parlamentares neste processo, então fizemos essa alteração”, comenta o deputado. “Outra coisa que fiz foi um projeto de Emenda Constitucional (PEC), e essa é mais complexa porque requer maioria absoluta, para alterar a lei que cria o Orçamento Impositivo. A ideia é que toda emenda voltada para a área da cultura seja obrigatoriamente encaminhada ao Funcultura, gerando um mecanismo de controle que abre espaço para outros produtores”, argumenta Betinho. A PEC, que conta com coautoria de Terezinha Nunes (PSDB), vai de encontro com o que normalmente acontece, quando a verba pode ser repassada para prefeituras ou contratação de shows de artistas específicos. 

Opinião da classe artística

Para o produtor cultural Antônio Gutierrez, realizador de eventos como o Continuum, festival que conta com recursos aprovados na linha Artes Integradas do Funcultura, o deputado deveria ter convocado os segmentos culturais para um debate antes de colocar a matéria em votação. “Não conheço o projeto nem o parlamentar, mas um Estado que tem uma cultura diversificada e com tantas linguagens não pode passar por esse retrocesso. Talvez o deputado nem saiba direito o que é o Funcultura”, opina Gutierrez. Em paralelo, Leidson Ferraz, pesquisador cultural das artes cênicas e que já teve projetos aprovados no Funcultura, também faz uma reflexão parecida sobre o caso. “Eu acho que ele deve ter enviado o projeto com base em algo antigo. Tem gente que nem sabe que existem estes novos itens. Acho que se é uma conquista da sociedade, só tenho a lamentar, mas acredito que foi falha de atenção dele”, pontua Leidson.

Música terá Funcultura específico, afirma secretário

A professora, chef de cozinha e pesquisadora Ana Cláudia Frazão é outra produtora cultural que lamenta a falta de atenção de Betinho Gomes na hora de propor um novo projeto de lei para o Funcultura. “Hoje quando pensamos na representação de Pernambuco, a gastronomia é uma dessas áreas de destaque. É contraditório tirar algo que não é só apenas uma conquista da sociedade, mas um dever do Governo do Estado que tem que apoiar o segmento. Ele (o deputado) deve ter sido muito mal informado, e a assessoria nem deve ter tido o cuidado de fazer uma pesquisa mais aprofundada. Acho que tem que convocar os produtores para que isso seja resolvido antes que aconteça um desastre”, opinou Ana Cláudia, que de 2008 até hoje tem ao menos um projeto aprovado por ano no Funcultura, na área de gastronomia. 

Correção por parte do deputado

Sobre as alterações no Artigo 6° da Lei 12.310/2002, que tratam das áreas culturais que podem receber recursos auferidos pelo Funcultura, Betinho Gomes admite a falta de atenção na hora de montar o Projeto de Lei 2058/2014. “O projeto não tem o objetivo de mudar nada além da linha de financiamento do Fundo. Vou checar essa informação e aproveitar que a matéria ainda não foi votada para alterar o texto. Agradeço inclusive o alerta da reportagem sobre o caso”, comenta o deputado estadual. Já em relação ao Artigo 7° do Projeto de Lei 2058/2014, o parlamentar declara que não haverá grandes mudanças, já que a Secult/PE é a atual responsável pela Fundarpe. A relatoria do projeto de lei ficou sob responsabilidade do deputado estadual Antonio Moraes (PSBD) e a expectativa é que a proposta seja analisada pelo CCLJ até o dia 23 de setembro deste ano. 

 

Produtores culturais cadastrados no Sistema de Incentivo à Cultura 2011 (SIC Recife) foram informados nesta última quinta (2) que o edital daquele ano foi anulado. A notícia chegou por e-mail com uma cópia da resolução administrativa publicada no Diário Oficial do Recife do dia 24 de dezembro do ano passado, data que foi divulgada a decisão assinada por Leda Alves, secretaria de Cultura, de anular o SIC 2011.

Segundo a resolução, o Conselho Municipal de Política Cultural decidiu pelo cancelamento do SIC 2011 durante Sessão Plenária realizada no dia 5 de setembro de 2013. O argumento para a anulação é que no edital não consta o valor da renuncia fiscal (mecenato).

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Em entrevista concedida ao Leia Já no final do ano passado, Roberto Lesa, presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife (FCCR) chegou a anunciar mudanças no formato do SIC em 2014. “Não posso ainda adiantar se vai ser nesse mesmo formato que vem sendo discutido, (...) mas acredito que a gente tem sim novidade para o próximo ano”, comentou Lessa, sem mencionar diretamente a anulação do SIC 2011. 

Ainda de acordo com o documento oficial, o material inscrito ficará disponível para devolução pelo período de seis meses a partir da publicação da resolução.

O Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura) divulgou, na manhã desta quarta-feira (18), as novidades para o edital Funcultura Independente 2013/2014. Serão investidos cerca de R$ 22 milhões nas mais diversas áreas culturais, desde o teatro às artes visuais.

Em coletiva realizada no Teatro Arraial, Marcelo Canuto, secretário de cultura de Pernambuco, anunciou que novas linhas de ações serão oficializadas, como hip hop, design e moda. "O Funcultura é um marco na política cultural de Pernambuco hoje. Nós somos o Estado brasileiro que mais investe nessa área”, completou. Canuto ainda destacou o projeto de lei, já enviado à Assembleia Legislativa, que garante o orçamento e a transparência do Funcultura. 

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Outra novidade é a criação de linhas para aplicativos digitais sobre os patrimônios materiais e imateriais. O Estado também se tornou pioneiro na questão da acessibilidade. “A cultura tem o papel indutor para a garantia de direitos”, afirmou Laura Gomes, secretária de desenvolvimento social e direitos humanos de Pernambuco. 

Laura também destacou que algumas produções culturais já são pioneiras na questão da acessibilidade. A Paixão de Cristo de Nova Jerusalém incluiu a áudio descrição no espetáculo de 2013, por exemplo. “O fundamental é lançar a acessibilidade como mais uma garantia de democratização na nossa sociedade”, completou o secretário Marcelo Canuto.

O edital Funcultura 2014 já está disponível no site da Fundarpe. As inscrições e atualizações de cadastro dos produtores culturais devem ser feitas até 31 de janeiro de 2014. Em janeiro, o edital será disponibilizado em Libras e com áudio descrição. Ainda neste mês, serão oferecidas oficinas de capacitação e formação para produtores de todo o Estado. Para o cadastro de projetos, o período será de 14 de fevereiro a 17 de março de 2014.

O edital de Artes Visuais do Recife foi publicado no Diário Oficial da cidade nesta quinta-feira (12). A iniciativa da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura do Recife busca selecionar ações que envolvam formação, produção e difusão a exemplo de exposições, curadorias e cursos. Ao todo são oferecidas 24 bolsas, variando entre mil a 15 mil reais, o que totaliza um investimento de R$ 141 mil.

Também são oferecidas duas bolsas para curadoria e montagem de exposições para o projeto Amplificadores e para o Projeto Fachada do Murilo La Greca. As inscrições podem ser feitas por pessoas físicas ou jurídicas até o dia 31 de janeiro de 2014. 

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O edital de Artes Visuais do Recife e seus anexos estão disponíveis no site da Prefeitura do Recife.

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