Elevar a eficiência da economia para promover a retomada do crescimento foi o tema central de um conjunto de palestras realizado ontem (6) no Insper, instituto de ensino e pesquisa que é referência em economia e negócios. O evento marcou o lançamento oficial do site "Por quê? - Economês em Bom Português", criado para simplificar o entendimento do mundo dos números e das finanças.
Três palestras defenderam que, em paralelo ao ajuste das contas públicas, no curto e no longo prazos, o País precisa implementar uma terceira agenda, dedicada a promover o crescimento. Na avaliação do economista José Alexandre Scheinkman, professor da Columbia University, nos Estados Unidos, um caminho certeiro é elevar a produtividade. Em outras palavras: fazer com que trabalhadores, empresas e governo no Brasil sejam capazes de produzir mais e melhor com o que já dispõem - ou até com menos.
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A produtividade, na maioria dos setores no Brasil, não apenas estagnou, como até andou para trás. Na indústria de transformação e na construção civil, por exemplo, a produtividade piorou 1% ao ano, de 2000 a 2009. "Se não entendermos a produtividade, nada mais vai funcionar", disse Scheinkman. Para recuperar o tempo perdido, ele indica algumas medidas, como aumentar a integração do Brasil à economia global, fomentar a competição e elevar investimentos em pesquisa e desenvolvimento.
Outra vertente, de longo prazo, é aperfeiçoar a educação. "Precisamos descobrir porque não sabemos educar", disse o economista Ricardo Paes de Barros, um dos mais respeitados estudiosos do tema, que tem feito pesquisas para identificar o que há de errado nas escolas e com os professores.
Como boa parte das medidas depende do poder público, Ana Carla Abrão, secretária da Fazenda do governo de Goiás, reforçou a necessidade de União, Estados e municípios também perseguirem a eficiência, o que não é muito fácil, dada a pesada estrutura dos entes públicos. "Hoje, 75% da receita do Estado de Goiás, gerada por 6,6 milhões de habitantes, é gasta no pagamento do salário de 110 mil servidores: essa excrescência não ocorre apenas em Goiás, mas em todo o País", disse.
Para o economista Marcos Lisboa, presidente do Insper, não haverá como desatar os nós da recessão se o governo não aprimorar a capacidade de implementar ações no tempo certo e da maneira correta: "Você precisa de humildade para implantar políticas públicas: primeiro, deve testá-la, depois, implementá-la com cautela, porque um diagnóstico apressado pode levar ao erro", disse. Exemplo: "De 2011 a 2014, o governo apostou tudo que, gastando mais, faria o País crescer. Pois é: deu errado", disse Lisboa.
Economês
O site Por Quê - Economês em Bom Português foi criado pela Bei Editora. Segundo Marisa Moreira Salles, uma das fundadoras da Bei, a fonte de inspiração do site foi a campanha eleitoral do ano passado, pautada em temas econômicos importantes, mas obscuros para o brasileiro médio. "A maioria dos eleitores não entendeu o debate e, quando isso acontece, as pessoas ficam perdidas num mar de informação, algumas, não raro, mal-intencionadas", disse Marisa.
Pela proposta do site, o público deve interagir, enviando dúvidas e sugestões, até sobre qual é a melhor alternativa para que o tema de sua preferência seja abordado. A equipe do site recorre a várias ferramentas: blog, vídeos e até músicas. Tomas Alvim, também fundador da Bei, explica que a proposta é avançar ainda mais. "O próximo passo será oferecer palestras e cursos, onlines e presenciais", disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.